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Biologia

Distúrbios alimentares e dietas

Resumo

Distúrbio alimentar é qualquer transtorno que causa prejuízo a saúde, relacionada a nutrição do indivíduo. A
alimentação é importante para obter nutrientes para geração de energia e manutenção do metabolismo.

Distúrbios alimentares
O hipotálamo é uma estrutura cefálica responsável pelo controle de diferentes partes do nosso metabolismo,
incluindo as sensações de fome e saciedade.

Hipotálamo, em verde escuro, e hipófise, em rosa, na região central do encéfalo humano.

Algumas doenças relacionadas com a alimentação estão relacionadas ao controle nervoso, mas também
podem ser agravadas ou mesmo causadas por fatores psicológicos. Dentre elas podemos podemos citar a
anorexia e a bulimia, onde neurônios anorexigênios são mais ativos, e a compulsão alimentar, onde neurônios
orexigênicos são mais ativos.

• Anorexia: O indivíduo evita ou até mesmo deixa de comer com objetivo de perder peso, mesmo que não
haja necessidade. Como há redução da alimentação, também há redução do consumo de glicose, e o
corpo deixa de ter energia para realizar as atividades metabólicas. Pode haver perda de densidade óssea
e massa muscular, além de redução na produção de hormônios. Em casos mais graves afeta o coração
e os rins, podendo também levar a falencia de diversos órgãos e a morte.

• Bulimia: Após a alimentação, se força o vômito ou mesmo há uso de laxantes para retirar de maneira
forçada o alimento do corpo, com o pensamento de não ganhar o peso do alimento ingerido. Pode gerar
problemas em todo o sistema digestivo, como gastrites, além de desidratação, corrosão dos dentes e
também perda de nutrientes. Em casos mais intensos, pode gerar câncer na faringe.

Na bulimia nervosa, ocorre a perda de controle alimentar, ingerindo uma grande quantidade de alimentos, não
necessariamente saudáveis, enquanto na anorexia nervosa, a pessoa deixa de se alimentar, também fazendo
de tudo para perder massa corporal (mesmo que já não a tenha). Ambos os casos podem estar relacionados
a fatores psicológicos, com uma baixa auto-estima.

• Compulsão alimentar: O indivíduo come descontroladamente. Há risco de obesidade, hipertensão e


diabetes.

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Existem outros distúrbios que podem estar associados a fatores psicológicos e dieta: a vigorexia é uma
obsessão pelo corpo perfeito, com prática exagerada de exercícios e a ortorexia é um controle obsessivo pela
qualidade e calorias ingeridas.

Esquema mostrando a influência da ação de neurônios anorexigenos, na região do hipotálamo lateral, levando a perda de peso, e a
ação de neurônios orexigenos, na região do hipotálamo medial, levando ao aumento do peso.
Fonte: Escola Médica UNIFENAS. Disponível em: https://unifenasresumida.blogspot.com/2012/04/controle-da-fome.html

Outras regiões do corpo ajudam no controle hormonal da alimentação. A grelina, produzida no estômago, dá
a sensação de forme, e a leptina, produzida no tecido adiposo branco, reduz a sensação de fome. Esses
hormônios também podem se relacionar a atividade neuronal do hipotálamo, influenciando nos distúbios
anteiormente citados.

Dietas
Existem diferentes tipos de dietas, e é importante lembrar antes de tentar qualquer uma delas que cada
metabolismo reage de uma forma diferente às mudanças nos hábitos alimentares. Além disso, as pessoas
possuem diferentes tipos de metabolismo, logo não é recomendado seguir uma dieta baseado em resultados
de outras pessoas ou apenas em buscas rápidas na internet. Dentre as dietas mais conhecidas, podemos
citar:
• Controle calórico: visa reduzir o consumo de calorias, com um aumento de exercícios, para utilizar as
reservas energéticas do corpo (carboidratos e lipídios) e assim perder peso.
• Cetogênia: com restrição ou mesmo exclusão de consumo de carboidratos. Pode gerar cansaço e mau
hálito, e mesmo lesões hepáticas e aumento do colesterol.
• Jejum intermitente: não se alimentar por um grande período de horas.

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Metabolismo
Dois conceitos são importantes para entender a nutrição:

• Subnutrição: Quando há baixa ingestão de moléculas orgânicas. Costuma ser causada pela falta de
alimentação.
• Desnutrição: Quando há baixa ingestão por tempo prolongado de nutrientes essenciais, aqueles não
produzidos pelo nosso organismo, como aminoácidos, vitaminas, sais minerais e alguns lipídios.
Costuma ser causado por uma dieta pouco diversa.

A glicose é a principal molécula utilizada no metabolismo energético. Ela é absorvida pelas células com a
ação do hormônio insulina, podendo ser utilizada diretamente para o metabolismo ou então ser armazenada
na forma de glicogênio no fígado e no músculo. Quando a quantidade de glicose é baixa no sangue, o
hormônio glucagon é liberado, fazendo com que o glicogênio do fígado se quebre e libere moléculas de
glicose para o metabolismo. O glicogênio muscular é utilizado apenas pelas células musculares, não sofrendo
com a ação do glucagon.

Metabolismo da glicose no fígado, com a ação dos hormônios pancreáticos insulina e glucagon.

Sobre as vitaminas, podemos citar algumas hipovitaminoses, problemas causados pela carência de
vitaminas:

Vitaminas Hipovitaminose Alimentos


Lipossolúveis
A Cegueira noturna, pele e mucosas secas Alimentos alaranjados, fígado
D Raquitismo, osteoporose Fígado, ovo, manteiga, cogumelo
E Problemas neuromusculares e cardiovasculares Fígado, ovo, azeite, cereais, banana
K Hemorragias Legumes, carne de vaca, ovo
Hidrossolúveis
C Falta de apetite, escorbuto Espinafre, frutas cítricas
B1 Fadiga, beribéri, paralisia muscular, perda de equilíbio Farinhas, ovo, carne de vaca
B2 Fotofobia, anemia, inflamações Fígado, espinafre, ovo
B3 Pelagra (dermatite, diarréia e demência) Cereais, soja, peixe, fígado

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B6 Fadiga, vômito, vertigem Banana, fígado, carne de aves, feijão


B12 Anemia perniciosa Carne, ovo, cevada, cereais, leveduras

Quanto mais diversa a alimentação, menos riscos de desnutrição.

Proteínas
A carência de proteínas provoca atrofiamento (falta de desenvolvimento) dos músculos, aumento do ventre
(através da retenção de líquidos), diminuição na resistência às doenças e atraso intelectual. Já o excesso de
proteínas pode provocar problemas renais e inflamações nas articulações.

Carboidratos
A carência de carboidratos pode provocar emagrecimento, falta de força e fadiga muscular e afeta o
funcionamento do cérebro. Já o excesso de carboidratos no corpo pode provocar obesidade, doenças
cardiovasculares, diabetes, etc.

Lipídios
A carência de lipídios no organismo pode causar a dermatite (eczema), uma sensação de frio acentuada, a
diminuição na produção de alguns hormônios, o comprometimento no revestimento da célula nervosa
(bainhas de mielina) e a diminuição na produção de vitaminas lipossolúveis. Já a o excesso causa obesidade,
colesterol elevado, complicações cardiovasculares, doenças degenerativas (como a esclerose múltipla).

Sais minerais
• Sódio: A carência deste sal causa câimbras, desidratação, tonturas e hipotensão arterial. Já o excesso
pode causar retenção de líquido, pressão arterial alta, aumenta a probabilidade de sofrer AVE (acidente
vascular encefálico), reduz a densidade óssea (pode causar osteoporose), aumento no risco de pedras
nos rins.

• Cálcio: A falta de cálcio no organismo pode causar deformação óssea, osteoporose, fraturas, fraqueza
muscular. Já o excesso pode causar o aparecimento de cálculos renais ou insuficiência renal.

• Ferro: A carência de ferro predispõe a fadiga crônica, por causa de quantidade reduzida de oxigênio para
os tecidos, o que é chamado de anemia. O excesso é tóxico, causando lesões nos tecidos e também
distúrbios gastrointestinais.

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Exercícios

1. Diferencie os nutrientes energéticos, os construtores e os reguladores, presentes na maioria dos


alimentos que consumimos diariamente. Classifique depois, segundo este critério, os seguintes
nutrientes: carboidratos, lipídios, proteínas, vitaminas e sais minerais.

2. Analise a informação nutricional contida no rótulo de dois alimentos, considerando que um deles será
totalmente ingerido por uma pessoa que sofre de hipertensão arterial.

a) Por qual dos dois alimentos um hipertenso (pressão alta) deveria optar? Justifique a sua resposta.
b) Explique a importância de proteínas e de açúcares para a nossa saúde.
c) Dos lipídios que constam no rótulo, qual(is) o consumo deveria(m) ser evitado(s)? Justifique a sua
resposta.

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3. As questões a seguir tratam de alimentação e saúde humana.


a) Um dos maiores problemas de saúde pública no mundo é a obesidade. Considerando
separadamente as populações masculina e feminina, em qual faixa etária houve maior
crescimento proporcional de obesos entre 1975 e 2009, de acordo com os gráficos abaixo?
Sabendo que os carboidratos constituem aproximadamente 50% da dieta diária recomendada pelo
Ministério da Saúde, explique a necessidade desse nutriente e por que ele pode causar obesidade.

Pesquisa de orçamentos familiares, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Disponível em


www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal. Acessado em 15/10/2017.

b) O consumo diário de frutas, hortaliças e legumes é considerado altamente benéfico para a saúde
humana. Um estudo realizado no Hospital do Câncer de Barretos (SP) indicou que as hortaliças da
família das crucíferas (brócolis, couve-flor, couve, agrião, rúcula, entre outras), após passarem por
processamento enzimático no organismo, liberam sulforafano e indol-3-carbinol, substâncias
capazes de inibir a proliferação celular. O que é o câncer? Por que as hortaliças da família das
crucíferas são consideradas importantes na prevenção dessa doença?

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4. O índice de massa corpórea (IMC) é uma medida que permite aos médicos fazer uma avaliação
preliminar das condições físicas e do risco de uma pessoa desenvolver certas doenças, conforme
mostra a tabela abaixo.

Considere as seguintes informações a respeito de João, Maria, Cristina, Antônio e Sérgio.

Os dados das tabelas indicam que


a) Cristina está dentro dos padrões de normalidade.
b) Maria está magra, mas não corre risco de desenvolver doenças.
c) João está obeso e o risco de desenvolver doenças é muito elevado.
d) Antônio está com sobrepeso e o risco de desenvolver doenças é muito elevado.
e) Sérgio está com sobrepeso, mas não corre risco de desenvolver doenças.

5. Nos últimos anos, a obesidade tem crescido consideravelmente entre crianças e adolescentes em
nosso país, tornando-se um problema nutricional altamente significativo, visto que pode trazer
consequências drásticas à saúde.
Considerando a conduta a ser tomada diante de erros alimentares e/ou comportamentais, assinale a
alternativa correta.
a) Erro alimentar: doces, salgadinhos e fast-food;
Conduta: controlar a quantidade, porém liberando nos finais de semana, feriados e ocasiões
especiais.

b) Erro comportamental: Comer rápido;


Conduta: Aumentar a quantidade de alimento por garfada para estimular o tempo de mastigação.

c) Erro alimentar: sobremesas;


Conduta: se desejado, comer diariamente, porém em quantidades limitadas.

d) Erro Alimentar: nenhuma fruta e hortaliça;


Conduta: incentivar a experimentar pequenos pedaços; experimentar novas formas de preparo.

e) Erro comportamental: líquidos durante as refeições;


Conduta: Estimular o consumo de líquidos imediatamente antes de cada refeição.

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6. A tirinha abaixo faz referência ao consumo de vegetais. A celulose, carboidrato encontrado na parede
das células vegetais, confere rigidez e firmeza às plantas. A digestão desse carboidrato é difícil, sendo
raros os organismos que possuem a enzima celulase necessária à sua quebra. Nos seres humanos,
por exemplo, pela falta dessa enzima, a celulose forma as fibras vegetais, que não são digeridas nem
absorvidas pelo tubo digestório.

a) Explique por que uma alimentação rica em fibras vegetais é importante para a saúde.

b) Além de fibras, muitos vegetais são ricos em micronutrientes, como as vitaminas e os sais
minerais. A consequência da carência desses nutrientes pode ser considerada um fator para o
desenvolvimento de várias doenças. Cite três problemas que ocorrem pela deficiência de
vitaminas A, C e do ferro, assim como em que tipo de alimentos é possível encontra-los.

7. A nutricionista Valéria Ribeira, da Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais, avaliou o padrão
alimentar de 185 calouros da instituição, dos quais 85% moram sozinhos ou em repúblicas. Comprovou
o desmazelo típico da fase dos 18 anos. A maioria deles despreza alguma refeição principal (57%),
rejeita hortaliças (79%) e só 25% consomem frutas cinco ou mais vezes por semana. Cerca de 57%
levam vida sedentária e a maioria consome álcool.
Revista "Época" - 26/03/2003

Esse modo de vida pode provocar várias alterações no equilíbrio do organismo. Dentre essas alterações
NÃO se pode citar:
a) o aumento do risco de infarto, pela combinação de ingestão de álcool e hábito sedentário.
b) a desnutrição, por não realizar refeições principais regularmente.
c) a diminuição dos movimentos peristálticos, por falta de fibras vegetais obtidas das hortaliças.
d) as hipovitaminoses, como conseqüência da falta de frutas, importantes fontes de vitaminas.
e) a diminuição da massa muscular, por falta de proteínas obtidas dos vegetais.

8. Na desnutrição energético-proteica grave podem ocorrer alterações hormonais importantes (dentre as


quais a redução da produção de insulina) que leva aos seguintes efeitos metabólicos.
a) Redução da síntese de proteína muscular, redução da lipogênese e prejuízo no crescimento;
b) Aumento da síntese de proteína visceral, aumento da produção de hormônio do crescimento,
redução da síntese de colágeno;
c) Redução da lipólise, redução do volume sanguíneo e prejuízo no crescimento;
d) Aumento da produção de hormônio do crescimento, redução da lipogênese e redução da oxidação
da glicose;
e) Aumento da síntese de proteína visceral, redução da oxidação da glicose, redução do volume
sanguíneo.

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Gabarito

1. Gabarito em aula.

2. Gabarito em aula.

3. Gabarito em aula.

4. C
Cristina possui IMC 15, logo está classificada em magreza; Maria possui IMC 20, e está dentro da
normalidade; João possui IMC 35 e está classificado como obeso, com risco elevado de doenças; Antônio
possui IMC 28, e tem as mesmas condições que João; Sérgio tem IMC 45, e está com obesidade grave e
risco de desenvolver doenças é muitíssimo elevado.

5. D
Não fazer consumo de vegetais caracteriza um comportamento que pode influenciar o desenvolvimento
da obesidade. Sendo assim, é importante estimular o consumo de frutas e hortaliças.

6.
a) As fibras vegetais são importantes para formar o bolo fecal, fazendo com que o alimento passe de
maneira mais lenta pelo intestino, permitindo a absorção de nutrientes e água com maior eficiência.

b) Vitamina A: deficiência causa a cegueira noturna. Pode ser encontrada em alimentos alaranjados,
como cenouras. Vitamina C: deficiência causa o escorbuto. Pode ser encontrado em alimenros
cítricos, como limão e laranja. Ferro: deficiência causa anemia ferropiva. Pode ser encontrado em
carnes vermelhas e vegetais verde escuro, dentre outros.

7. E
As maiores fontes de proteínas podem ser de origem animal, através das carnes, ou dos vegetais, através
das leguminosas. O texto não menciona sobre esses alimentos, logo, pelas informações fornecidas, a
diminuição da massa muscular não é um dos problemas que ocorrerão inicialmente por esta dieta
deficiente.

8. A
Com uma menor ingestão de alimentos energéticos-proteicos, o indivíduo perderá nutrientes provenientes
de carboidratos e proteínas, o que irá reduzir a massa muscular, não haverá formação de estoque de
lipídios (lipogênese) pois este será utilizado no metabolismo energético e também haverá alterações na
produção de hormônios proteicos, como a insulina citada no enunciado, e como o GH, hormônio do
crescimento, que também possui constituição proteica.

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