Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
6º DOMINGO DA PÁSCOA
MARCELO NOGUEIRA
1/5/2016
1
LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C
6º DOMINGO DA PÁSCOA
DEHONIANOS
Na liturgia deste domingo sobressai a promessa de Jesus de acompanhar de
forma permanente a caminhada da sua comunidade em marcha pela história:
não estamos sozinhos; Jesus ressuscitado vai sempre ao nosso lado.
No Evangelho, Jesus diz aos discípulos como se hão de manter em comunhão
com Ele e reafirma a sua presença e a sua assistência através do “paráclito” – o
Espírito Santo.
A primeira leitura apresenta-nos a Igreja de Jesus a confrontar-se com os
desafios dos novos tempos. Animados pelo Espírito, os crentes aprendem a
discernir o essencial do acessório e atualizam a proposta central do Evangelho,
de forma que a mensagem libertadora de Jesus possa ser acolhida por todos os
povos.
Na segunda leitura, apresenta-se mais uma vez a meta final da caminhada da
Igreja: a “Jerusalém messiânica”, essa cidade nova da comunhão com Deus, da
vida plena, da felicidade total.
SALESIANOS MISSIONÁRIOS DA AMAZÔNIA
(http://isma.org.br/homilia-dominical/vi-domingo-da-pascoa-ano-c/)
Assim, ontem e hoje, cada profeta recebe a palavra a seu modo, mas há nela
sempre um encontro muito pessoal e um comportamento com Deus. A palavra
do profeta passa a ser palavra de Deus, ou seja, o profeta fala em nome de
Deus.
O profeta sempre transmite um recado de Deus e não uma decisão ou uma
reflexão própria: “Ouvi, céus, escuta, terra, porque o Senhor fala: criei filhos e
os fiz crescer, mas eles se rebelaram contra mim (cf Is 1,2) ”.
Muitas são as outras formas de ser colocada a Palavra de Deus, como por
exemplo, ameaça, julgamento e castigo, norma, lei, mandamentos, fidelidade,
amor. Em tudo devemos “deixar viver na observância da palavra de Deus” (cf Sl
119,17).
Palavra de Deus dinâmica, viva e concreta que deve ser vivida com amor e com
grande carinho espiritual, em perfeita comunhão com Deus.
Falar do “caminho” de Jesus é falar de uma vida gasta em favor dos irmãos,
numa doação total e radical, até à morte. Os discípulos são convidados a
percorrer, com Jesus, esse mesmo “caminho”. Paradoxalmente, dessa entrega
(dessa morte para si mesmo) nasce o Homem Novo, o homem na plenitude das
suas possibilidades, o homem que desenvolveu até ao extremo todas as suas
potencialidades.
A Segunda Leitura (cf. Ap 21,10-14.22-23) nos apresenta o esplendor da nova
Jerusalém. A nova Jerusalém, vista pelo visionário, é, como a Igreja, fundada
sobre o alicerce dos Apóstolos e dos Profetas. Ela é totalmente diferente do
mundo que conhecemos agora: ela é santa, repleta de presença de Deus e do
Cordeiro. A esta realidade deve aspirar a História que fazemos. Por isso, é bom
observarmos nessa Leitura os nomes das doze tribos de Israel e dos doze
Apóstolos, símbolos do novo povo de Deus fundamentado nos apóstolos. A
ausência do Templo – uma ideia cara ao Novo Testamento, já que o Cristo
substituiu o Templo de Jerusalém pelo seu corpo ressuscitado (cf. Jo 2,18-22).
Sua iluminação: a glória de Deus e o Cordeiro, a sua lâmpada. Não se deve
explicar muito estas imagens. Importa captar o que elas querem sugerir, num
espírito global. É uma cidade que tem doze portas com os nomes das doze
tribos, para acolhê-las no dia em que elas forem reunidas dos quatro ventos,
para existirem na paz messiânica, tendo por centro só e exclusivamente Deus e
o cordeiro. É a cidade para viver na presença de Deus e de Cristo. E isto é a paz.
7
LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C
São João nos garante que as limitações impostas pela nossa finitude, as
perseguições que temos de enfrentar por causa da verdade e da justiça, os
sofrimentos que resultam dos nossos limites, não são a última palavra; nos
espera, para além desta terra, a vida plena, face a face com Deus. Esta certeza
tem de dar um sentido novo à nossa caminhada e alimentar a nossa esperança.
A Igreja em marcha pela história não é, ainda, essa comunidade messiânica da
vida plena de que fala esta leitura; mas tem de apontar nesse sentido e
procurar ser, apesar do pecado e das limitações dos homens, um anúncio e
uma prefiguração dessa comunidade escatológica da salvação, que dá
testemunho da utopia e que acende no mundo a luz de Deus. A humanidade
necessita desse testemunho.
O Novo Testamento retoma a riqueza do Antigo Testamento no sentido de
centrar na pessoa de Jesus de Nazaré, profeta e legislador, juiz e revelação de
Deus, pois “A Palavra se fez carne e habitou entre nós! ” (cf Jo 1,14).
Há uma fundamental diferença entre a Palavra dos Profetas e a Palavra de
Jesus. No Antigo Testamento a Palavra era dirigida ao profeta, que falava em
nome de Deus. Cristo, no Novo Testamento, é a palavra de Deus e fala com
autoridade divina a ponto de identificar sua pessoa e sua palavra. Acolher a
palavra de Deus é aceitar a pessoa de Jesus, crendo e fazendo de sua palavra
CAMINHO, VERDADE E VIDA. O discípulo de Jesus não procura os próprios
interesses, mas a realização do projeto de Jesus. O projeto de Jesus é a
comunhão da criatura com o Criador. Deus se manifesta nessa comunhão, em
que não somos meros espectadores, mas participantes: Deus em nós e nós em
Deus!
Em miúdos, Deus todo Poderoso se fez tão próximo de nós, fazendo de nós,
comunidade crente, o seu espaço de vida e de luz, não podemos deixar de
louvá-lo e agradecê-lo por esta maravilha que ele operou.
Um dia os templos materiais desaparecerão: “Não vi nenhum templo nela, pois
o seu templo é o Senhor, o Deus todo-poderoso e o Cordeiro”, conforme nos
ensina a segunda leitura de hoje retirada do Livro do Apocalipse.
A cidade santa, Jerusalém, que descia do céu, de junto de Deus, com a glória de
Deus, representa a Igreja, toda ela impregnada da glória de Deus e do Cordeiro.
Verdadeiramente o Cordeiro imolado e glorioso nos mereceu a graça de
podermos participar desta maravilhosa realidade. Por isso graças e louvores
sejam dadas a todo momento, ao Senhor da Vida e da História, Amém, Aleluia!
8
LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C
Fonte: http://liturgia.catequisar.com.br/homilia-do-6o-domingo-da-pascoa-c/
9
LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C
Palavra do Senhor.
10
LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C
Graças a Deus.
11
LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C
AMBIENTE (DEHONIANOS)
A entrada maciça de crentes gentios na comunidade cristã (sobretudo após a
primeira viagem missionária de Paulo e Barnabé) vai trazer a lume uma
questão essencial: deve impor-se aos crentes de origem pagã a prática da Lei
de Moisés? Não se trata, aqui, de um problema acidental ou secundário, de
uma medida disciplinar ou de puros costumes, mas de algo tão fundamental
como saber se a salvação vem através da circuncisão e da observância da
“Torah” judaica, ou única e exclusivamente por Cristo. Dito de outra forma:
Jesus Cristo é o único Senhor e salvador, ou são precisas outras coisas além
d’Ele para chegar a Deus e para receber d’Ele a graça da salvação?
A comunidade cristã de Antioquia (onde o problema se põe com especial
acuidade) não tem a certeza sobre o caminho a seguir. Paulo e Barnabé acham
que Cristo basta; mas os “judaizantes” – cristãos de origem judaica, que
conservam as práticas tradicionais do judaísmo – defendem que os ritos
prescritos pela “Torah” também são necessários para a salvação. Decide-se,
então, enviar uma delegação a Jerusalém, a fim de consultar os Apóstolos e os
anciãos acerca da questão. Estamos por volta do ano 49.
MENSAGEM (DEHONIANOS)
Este texto começa por pôr a questão e por apresentar os passos dados para a
solucionar: Paulo, Barnabé e alguns outros (também Tito, de acordo com Gal
2,1) são enviados a Jerusalém para consultar os Apóstolos e os anciãos (vers. 1-
2). A questão é de tal importância que se organiza a reunião dos dirigentes e
animadores das comunidades, conhecida como “concílio apostólico” ou
“concílio de Jerusalém”. Essa assembleia vai, pois, discutir o que é essencial na
proposta cristã (e que devia ser incluído no núcleo fundamental da pregação) e
o que é acessório (e que podia ser dispensado, não constituindo uma verdade
fundamental da fé cristã).
O texto que nos é proposto hoje interrompe aqui a descrição dos
acontecimentos. No entanto, sabemos (pela descrição dos “Atos”) que nessa
“assembleia eclesial” vão enfrentar-se várias opiniões. Pedro reconhece a
igualdade fundamental de todos – judeus e pagãos – diante da proposta de
salvação, que a Lei é um jugo que não deve ser imposto aos pagãos e que é
“pela graça do Senhor Jesus” que se chega à salvação (cf. Act 15,7-12); mas
Tiago (representante da ala “judaizante), sem se opor à perspectiva de Pedro,
procura salvar o possível das tradições judaicas e propõe que sejam mantidas
12
LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C
Palavra do Senhor.
Graças a Deus.
16
LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C
AMBIENTE (DEHONIANOS)
Continuamos a ler a parte final do livro do “Apocalipse”. Nela, João apresenta-
nos o resultado da intervenção definitiva de Deus no mundo: depois da vitória
de Deus sobre as forças que oprimem o homem e o privam da vida plena,
nascerá a comunidade nova e santa, a criação definitiva de Deus, o novo céu e
a nova terra.
A liturgia do passado domingo apresentou-nos um primeiro quadro dessa nova
realidade; hoje, a mesma realidade é descrita através de um segundo quadro –
o da “Jerusalém messiânica”.
MENSAGEM (DEHONIANOS)
É, ainda, a imagem da “nova Jerusalém que desce do céu” que nos é
apresentada. Já vimos na passada semana que falar de Jerusalém é falar do
lugar onde irá irromper a salvação definitiva, o lugar do encontro definitivo
entre Deus e o seu Povo.
Na apresentação desta “nova Jerusalém”, domina o número “doze”: na base da
muralha há doze reforços salientes e neles os doze nomes dos Apóstolos do
“cordeiro”; a cidade tem, igualmente, doze portas (três a nascente, três ao
norte, três ao sul e três a poente), nas quais estão gravados os nomes das doze
tribos de Israel; há, ainda, doze anjos junto das portas. O número “doze” indica
a totalidade do Povo de Deus (doze tribos + doze Apóstolos): ela está fundada
sobre os doze Apóstolos – testemunhas do “cordeiro” – mas integra a
totalidade do Povo de Deus do Antigo e do Novo Testamento, conduzido à vida
plena pela acção salvadora e libertadora de Cristo. As portas, viradas para os
quatro pontos cardeais, indicam que todos os povos (vindos do norte, do sul,
de este e do oeste) podem entrar e encontrar lugar nesse lugar de felicidade
plena.
Num desenvolvimento que a leitura de hoje não conservou (vers. 15-17),
apresentam-se as dimensões dessa “cidade”: 144 côvados (12 vezes doze),
formando um quadrado perfeito. Trata-se de mostrar que a cidade (perfeita,
harmoniosa) está traçada segundo o modelo bíblico do “santo dos santos” (cf.
1 Re 6,19-20): a cidade inteira aparece, assim, como um Templo dedicado a
Deus, onde Deus reside de forma permanente no meio do seu Povo.
É por isso que a última parte deste texto (vers. 22-23) diz que a cidade não tem
Templo: nesse lugar de vida plena, o homem não terá necessidade de
17
LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C
Palavra da Salvação.
Glória a vós, Senhor.
_____________________
* 15-26: Advogado é alguém que defende uma causa. Jesus envia o Espírito Santo como advogado da
comunidade cristã. O Espírito é a memória de Jesus que continua sempre viva e presente na comunidade. Ele
ajuda a comunidade a manter e a interpretar a ação de Jesus em qualquer tempo e lugar. O Espírito também
leva a comunidade a discernir os acontecimentos para continuar o processo de libertação, distinguindo o que é
vida e o que é morte, e realizando novos atos de Jesus na história.
* 27-31: Jesus fala de paz e alegria no momento em que sua morte está para acontecer. Paz é a plena
realização humana. Ela só é possível se aquele que rege uma sociedade desumana for destituído de poder. A
morte de Jesus realiza a paz. Todo martírio é participação nessa luta vitoriosa de Jesus e, portanto, causa de
paz e alegria.
.
19
LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C
Orai sem cessar: “No meu coração conservo as tuas ordens, Senhor! ” (Sl
119,11)
Fonte: Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
(https://amigoespiritual.wordpress.com/2013/05/06/guardara-minha-palavra-jo-1423-29-texto-de-antonio-
carlos-santini-da-comunidade-catolica-nova-alianca/)
AMBIENTE (DEHONIANOS)
Continuamos no contexto da “ceia de despedida”. Jesus, que acaba de fundar a
sua comunidade, dando-lhe por estatuto o mandamento do amor (cf. Jo 13,1-
17;13,33-35), vai agora explicar como é que essa comunidade manterá, após a
sua partida, a relação com Ele e com o Pai.
Nos versículos anteriores ao texto que nos é proposto, Jesus apresentou-Se
como “o caminho” (cf. Jo 14,6) e convidou os discípulos a percorrer esse
mesmo “caminho” (cf. Jo 14,4-5). O que é que isso significa? Jesus, enquanto
esteve no mundo, percorreu um “caminho” – o da entrega ao homem, o do
serviço, o do amor total; é nesse “caminho que o homem” – o Homem Novo
que Jesus veio criar – se realiza. A comunidade de Jesus tem, portanto, que
percorrer esse “caminho”. A metáfora do “caminho” expressa o dinamismo da
vida que é progressão; percorrê-lo, é alcançar a plena maturidade do Homem
Novo, do homem que desenvolveu todas as suas potencialidades, do homem
recriado para a vida definitiva. O final desse “caminho” é o amor radical, a
solidariedade total com o homem. Nesse “caminho”, encontra-se o Pai. Os
discípulos, no entanto, estão inquietos e desconcertados. Será possível
percorrer esse “caminho” se Jesus não caminhar ao lado deles? Como é que
eles manterão a comunhão com Jesus e como receberão dele a força para
doar, dia a dia, a própria vida?
MENSAGEM (DEHONIANOS)
Para seguir esse “caminho” é preciso amar Jesus e guardar a sua Palavra (cf. Jo
14,23). Quem ama Jesus e O escuta, identifica-se com Ele, isto é, vive como Ele,
na entrega da própria vida em favor do homem… Ora, viver nesta dinâmica é
estar continuamente em comunhão com Jesus e com o Pai. O Pai e Jesus, que
são um, estabelecerão a sua morada no discípulo; viverão juntos, na intimidade
de uma nova família (vers. 23-24).
Para que os discípulos possam continuar a percorrer esse “caminho” no tempo
da Igreja, o Pai enviará o “paráclito”, isto é, o Espírito Santo (vers. 25-26). A
palavra “paráclito” pode traduzir-se como “advogado”, “auxiliador”,
21
LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C
COMENTÁRIOS (FRANCISCANOS)
VIVER NA PRESENÇA DE CRISTO E DE DEUS
A nova Jerusalém é a “morada de Deus com os homens”, dizia-nos a utopia que
escutamos domingo passado. Mas uma utopia serve para mostrar o sentido da
realidade presente. Hoje, a liturgia insiste na presença da utopia de Deus: a
“inabitação” de Deus nos homens não acontece apenas na utópica Nova
Jerusalém, mas em cada um que guarda a palavra do Cristo, seu mandamento
de amor. Pois a palavra do Cristo não é sua, mas a do Pai que o enviou (Jo
13,24; evangelho).
Os discípulos não entenderam isso logo. Por isso, grande parte dos primeiros
anos do cristianismo decorreu em “tensão escatológica”: aguardava-se a vinda
de Cristo com o poder do alto, a Parusia, como instauração do Reino de Deus.
Só aos poucos, os cristãos começaram a entender que a nova criação já tinha
iniciado, na própria comunhão do amor fraterno, testemunho do amor de
Cristo a todos os homens. Esta compreensão, esta “memória esclarecida” de
Cristo é uma das realizações, talvez a mais importante, do Espírito Santo.
Neste tempo intermediário, não devemos ficar com medo ou tristes porque
Cristo não está conosco. Ele permanece conosco, neste Espírito, que nos faz
experimentar a inabitação em nós dele e do Pai – portanto, muito mais do que
significa sua presença na terra, pois o Pai vale mais do que a presença física de
Cristo (14,28). Ele permanece conosco também no dom messiânico que ele nos
deixa, a “paz”, porém, não como o mundo a concebe (14,27). Escrevendo isso,
Jo parece polemizar com a ideia de paz dos tratados políticos (3) e também
com o conceito judaico da paz messiânica, a realização de um Reino de Deus
mundano, dirigido pelas mesmas leis e mecanismos que dirigiram os reinos até
agora, portanto, uma paz que prepara a guerra …
Antes de ver o que é, no concreto, a inabitação de Deus e de Cristo entre nós
hoje, é bom olhar para a sugestiva descrição da nova Jerusalém, na 2ª leitura
(cf. dom. pass.). Observemos alguns detalhes: os nomes das doze tribos de
Israel e dos doze apóstolos, símbolos do novo povo de Deus fundamentado
sobre os apóstolos; a ausência do templo – ideia cara ao N.T., já que Cristo
substituiu o templo de Jerusalém pelo de seu corpo ressuscitado (cf. Jo 2,18-22
etc.); sua “iluminação”: a glória de Deus, e o Cordeiro, sua lâmpada. Não se
deve explicar muito essas imagens, importa captar o que querem sugerir, num
espírito global. É uma cidade que tem doze portas com os nomes das doze
24
LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C
tribos, para acolhê-las no dia em que elas forem reunidas dos quatro ventos,
para viverem na paz messiânica, tendo por centro só e exclusivamente Deus e
o Cordeiro. É a cidade para viver na presença de Deus e Cristo. E isto é a paz.
Nossa comunidade cristã deve ser a antecipação da Jerusalém celeste. Tendo
Cristo por centro e luz, certamente haverá unidade e comunhão entre seus
habitantes. A 1ª leitura de hoje pode ilustrar isso. O conflito na comunidade era
grave, certamente tão grave quanto hoje o conflito entre os defensores da
cristandade e os de uma Igreja-testemunha, despojada, que vai ao encontro
dos mais pobres. O problema era análogo: a Igreja devia ser concebida como
uma instituição acabada, à qual os outros se deveriam agregar? Neste caso, ela
podia conservar suas instituições tradicionais, que eram judaicas. Ou seria a
Igreja um povo a ser constituído ainda, aberto para a forma que o Espírito lhe
quisesse dar? Para este fim, Paulo e Barnabé procuraram a união dos irmãos
em redor daquilo que o Espírito tinha obrado junto com eles. Conseguiram.
Não esforçaram em vão (cf. Gl 2,2). O “Concílio dos Apóstolos”, como se
costuma chamar este episódio (At 15), confirmou a prática de admitir pagãos
sem passar pelas instituições judaicas (circuncisão, sábado etc.). Apenas, em
nome da mesma união fraterna, os cristãos do paganismo deviam abster-se de
quatro coisas que eram realmente tabus para os judeu-cristãos; não respeitar
isso seria tornar a vida em comunidade impossível. A caridade fraterna acima
de tudo!
Na caridade fraterna, Deus e “o Cordeiro” moram conosco. A cidade de Deus
não é uma grandeza de ficção científica, nem uma cristandade
sociologicamente organizada. Ela é uma realidade interior, atuante em nós e,
naturalmente, produzindo também modificações no mundo em que vivemos.
Ela é obra do Espírito de Deus que nos impele.
(3) - Cf.a pax romana, ideologia da supremacia romana no mundo mediterrâneo no tempo de Cristo e
dos primeiros cristãos.
MENSAGEM (FRANCISCANOS)
ONDE O AMOR E A CARIDADE, DEUS AÍ ESTÁ
É comum ouvir-se que a Igreja é opressora, mera instância de poder. Isso vem
do tempo em que, de fato, a Igreja e o Estado disputavam o poder sobre a
população. E os meios de comunicação se esforçam por manter essa imagem,
como se nunca tivesse acontecido um Concílio Vaticano II, como se nunca
tivessem existido o Papa João XXIII, Dom Hélder Câmara… Disse um psicólogo:
“A sociedade precisa de manter viva a imagem de uma Igreja opressora para
poder se revoltar contra quando pode revoltar-se contra o pai … “
A liturgia de hoje nos faz ver a Igreja de outra maneira. Claro, ela ainda não é
bem como deveria ser, aquela “noiva sem ruga nem mancha” que é a
Jerusalém celeste da 2ª leitura. Mas quem ama acredita que a pessoa amada é
muito melhor por dentro do que parece por fora. Por isso, se amamos a Igreja,
acreditamos que em sua realidade mais profunda ela é, mesmo, a noiva sem
ruga nem mancha … Vista com os olhos do Apocalipse, a Igreja é a morada de
Deus, a Jerusalém nova, em que não existe mais templo, porque Deus e Jesus –
o Cordeiro – são o seu templo. Seu santuário é Deus mesmo, não algum edifício
para lhe prestar culto. Deus está no meio de seu povo. Isto basta.
A 1ª leitura descreve um episódio da Igreja que manifesta isso. Os apóstolos
tiveram uma discussão sobre a necessidade de conservar-se os ritos judaicos na
jovem Igreja, no momento em que ela estava saindo do mundo judeu e
abrindo-se para outros povos, na Ásia e na Europa. Depois de oração e
deliberação, os apóstolos chegaram à conclusão de que, para ser cristão, não
era preciso observar o judaísmo (que tinha sido a religião de Jesus). Somente
fossem observados alguns pormenores, para não escandalizar os cristãos de
origem judaica. Os apóstolos reconheceram que o antigo culto do templo se
tinha tornado supérfluo. O evangelho de hoje nos faz compreender por quê:
“Eu e o Pai viremos a ele e faremos nele a nossa morada”, diz Jesus a respeito
de quem acredita nele (João 14,23). Os fiéis são a morada de Deus. A Igreja,
enquanto comunhão de amor, é a morada de Deus.
Não precisamos de templo concebido como “estacionamento da santidade”. O
povo simples sente isso intuitivamente, quando arruma um galpão ou um pátio
para servir de salão comunitário e capela e tudo, lugar de oração, de
celebração, de reunião, para refletir e organizar sua solidariedade e sua luta
por mais fraternidade e justiça. Sabe que não é nos templos de pedra que Deus
26
LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C
habita, mas no coração de quem ama e vive seu amor na prática. “Onde o amor
e a caridade, Deus aí está”.
Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes
27
LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C
SANTO DO DIA
São José Operário, protetor e modelo de
todos os trabalhadores
Revela com sua vida que o Deus que trabalha
sem cessar na santificação de Suas obras, é o
mais desejoso de trabalhos santificados
A Igreja, providencialmente, nesta data civil
marcada, muitas vezes, por conflitos e
revoltas sociais, cristianizou esta festa, isso na
presença de mais de 200 mil pessoas na Praça
de São Pedro, as quais gritavam alegremente: “Viva Cristo trabalhador, vivam
os trabalhadores, viva o Papa! ” O Papa, em 1955, deu aos trabalhadores um
protetor e modelo: São José, o operário de Nazaré.
O santíssimo São José, protetor da Igreja Universal, assumiu este compromisso
de não deixar que nenhum trabalhador de fé – do campo, indústria, autônomo
ou não, mulher ou homem – esqueça-se de que ao seu lado estão Jesus e
Maria. A Igreja, nesta festa do trabalho, autorizada pelo Papa Pio XII, deu um
lindo parecer sobre todo esforço humano que gera, dá à luz e faz crescer obras
produzidas pelo homem: “Queremos reafirmar, em forma solene, a dignidade
do trabalho a fim de que inspire na vida social as leis da equitativa repartição
de direitos e deveres. ”
São José, que na Bíblia é reconhecido como um homem justo, é quem revela
com sua vida que o Deus que trabalha sem cessar na santificação de Suas
obras, é o mais desejoso de trabalhos santificados: “Seja qual for o vosso
trabalho, fazei-o de boa vontade, como para o Senhor, e não para os homens,
cientes de que recebereis do Senhor a herança como recompensa… O Senhor é
Cristo” (Col 3,23-24).
São José Operário, rogai por nós!
28
LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C
MARTIROLÓGIO ROMANO
1. São José Operário, que, como carpinteiro de Nazaré, ajudou com o seu
trabalho Maria e José e iniciou o Filho de Deus no trabalho humano.
Por isso, neste dia em que se celebra a festa do trabalho em muitas
terras, os trabalhadores cristãos veneram São José como seu exemplo e
protetor.
2. Comemoração de São Jeremias, profeta, que, no tempo de Joaquim e
de Sedecias, reis de Judá, preanunciando a destruição da Cidade Santa
e a deportação do povo, sofreu muitas tribulações; por isso a Igreja o
considerou como figura de Cristo padecente. Além disso, profetizou a
nova e eterna Aliança que havia de consumar-se em Cristo Jesus, pelo
qual o Pai omnipotente escreveria a sua lei no íntimo do coração dos
filhos de Israel, de modo que Ele mesmo fosse o seu Deus e eles fossem
o seu povo.
3. No território de Viviers, na hodierna França, Santo Andéolo, mártir. (†
data inc.)
4. Na Hispânia meridional, a comemoração dos santos Torcato, bispo de
Guádix, e outros seis bispos de diversas cidades, a saber: Ctesifonte em
Berja, Segundo em Ávila, Indalécio em Almeria, Cecílio em Elvira,
Hesíquio em Carcesa e Eufrásio em Andújar. († data inc.)
5. Em Auxerre, na Gália, hoje na França, Santo Amador, bispo, que
procurou erradicar da sua cidade as superstições pagãs e instituiu o
culto dos santos mártires. († 418)
6. Em Auch, na Aquitânia, também na atual França, Santo Orêncio, bispo,
que se esforçou por exterminar na sua cidade os costumes dos pagãos
e estabelecer a paz entre os Romanos e o rei dos Visigodos em
Toulouse. († c. 440)
7. Na Bretanha Menor, também na hodierna França, São Brioco, bispo e
abade, natural do País de Gales, que fundou um mosteiro no litoral da
Armórica, posteriormente elevado à dignidade de sede episcopal. († c.
500)
8. Em Saint-Maurice-en-Valais, na Récia, atualmente na Suíça, o
sepultamento de São Segismundo, rei da Borgonha, que, convertido da
heresia ariana à fé católica, ali instituiu um grupo de cantores para
entoar salmos ininterruptamente diante dos sepulcros dos mártires,
expiou com penitência, lágrimas e jejuns um delito cometido e
31
LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C
19. Em Roma, dia natal de São Pio V, cuja memória é celebrada na véspera
deste dia. († 1572)
20. Na fortaleza de San-Tay, no Tonquim, hoje no Vietnam, Santo
Agostinho Schoeffler, presbítero da Sociedade das Missões Estrangeiras
de Paris e mártir, que, depois de três anos de ministério apostólico, foi
metido no cárcere e, por ordem do imperador Tu Duc, decapitado no
chamado Campo das Cinco Geiras, assim recebendo a graça do martírio
que todos os dias pedia a Deus. († 1851)
21. Em Nam-Dinh, também no Tonquim, São João Luís Bonnard, presbítero
da mesma Sociedade e mártir, que, condenado à morte por ter
batizado vinte e cinco crianças, foi decapitado e assim alcançou a coroa
do martírio. († 1852)
22. Em Milão, na Itália, São Ricardo (Hermínio Filipe) Pampúri, que, depois
de ter exercido generosamente a medicina na vida secular, ingressou
na Ordem Hospitaleira de São João de Deus e, passados cerca de dois
anos, adormeceu piedosamente no Senhor. († 1928)
23. Em Vladimir, cidade da Rússia, o Beato Clemente Steptyckyj, presbítero
e mártir, que foi prior do mosteiro estudita da cidade de Univ e, no
tempo dum regime hostil a Deus, perseverando firme na fé, mereceu
habitar nas moradas celestes. († 1951)