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2016

6º DOMINGO DA PÁSCOA

MARCELO NOGUEIRA
1/5/2016
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LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C

6º DOMINGO DA PÁSCOA
DEHONIANOS
Na liturgia deste domingo sobressai a promessa de Jesus de acompanhar de
forma permanente a caminhada da sua comunidade em marcha pela história:
não estamos sozinhos; Jesus ressuscitado vai sempre ao nosso lado.
No Evangelho, Jesus diz aos discípulos como se hão de manter em comunhão
com Ele e reafirma a sua presença e a sua assistência através do “paráclito” – o
Espírito Santo.
A primeira leitura apresenta-nos a Igreja de Jesus a confrontar-se com os
desafios dos novos tempos. Animados pelo Espírito, os crentes aprendem a
discernir o essencial do acessório e atualizam a proposta central do Evangelho,
de forma que a mensagem libertadora de Jesus possa ser acolhida por todos os
povos.
Na segunda leitura, apresenta-se mais uma vez a meta final da caminhada da
Igreja: a “Jerusalém messiânica”, essa cidade nova da comunhão com Deus, da
vida plena, da felicidade total.
SALESIANOS MISSIONÁRIOS DA AMAZÔNIA
(http://isma.org.br/homilia-dominical/vi-domingo-da-pascoa-ano-c/)

Pe. Antônio de Assis Ribeiro


1. Introdução:
Jesus, despedindo-se dos seus discípulos, recomenda-lhes a prática do Amor
(Evangelho – João 14,23-29). Do Amor brota a fidelidade, o dever da promoção
da comunhão na comunidade e a saudável resolução dos seus possíveis
conflitos comunitários (I leitura – At 15,1-2.22-29). A contemplação da absoluta
da harmonia do paraíso (a Jerusalém Celeste), através da Fé e da Esperança,
nos ajuda a nos comprometer a sermos bons cidadãos (II leitura – Ap 21,10-
14.22-23).
2. A prática do Amor à Igreja:
a. Zela pela comunhão doutrinal: o Amor à Igreja deve traduzir-se em zelo
pela fidelidade doutrinal para assegurar a comunhão eclesial. A narração
do conflito doutrinal em Antioquia e o seu processo de resolução nos
trazem lições bem práticas para a nossa vida pessoal e a vida da Igreja
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como comunidade sempre sujeita a embates de teológicos, pastorais,


morais, etc. que podem gerar cismas como já aconteceu no passado. A
comunidade, através de seus zelosos líderes, deve ser guardiã da sã
doutrina. Caso contrário, caindo no subjetivismo, se desvia totalmente da
verdade recebida. Jesus manifestou a seus interlocutores a convicção de
comunhão com o Pai dizendo: “Minha doutrina não vem de mim, mas
daquele que me enviou” (Jo 7,16). Paulo em Roma enfrentou pregadores
avulsos, sem habilitação, formação e mandato para a pregação: “Irmãos,
peço que vocês tomem cuidado com aqueles que provocam divisões e
obstáculos contra a doutrina que vocês aprenderam” (Rm 16,17). A
condição para assegurar a fidelidade doutrinal é a sintonia com a Palavra
de Deus: “ela é útil para ensinar, para refutar, para corrigir, para educar na
justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, preparado para toda
boa obra” (cf. 2Tm 3,17-18).
b. Busca o diálogo como via para resolver os problemas: outro aspecto muito
significativo que emerge do texto é o processo de resolução do problema.
A comunidade animada pela fé, ancorada na sã doutrina, deve também
consequentemente, assumir uma serena via de resolução dos problemas
pastorais através da escuta da realidade, do confronto honesto, do estudo
aprofundado, do diálogo esclarecedor…
3. O amor vivido nos conduz ao Paraíso
Na II leitura o evangelista João nos apresenta o fim da história e a Jerusalém
Celeste, o paraíso (cf. Ap 21,9-10): a realização da plena comunhão entre Deus
e a humanidade (figura dos esposos); é a celebração da Aliança total sem mais
possibilidade de nenhuma ruptura dessa relação porque as limitações humanas
já não existem mais. Somos convidados a sonhar com a Jerusalém Celeste! No
mundo em que vivemos profundamente tentado pelo ateísmo, agnosticismo
(crença somente nos recursos da razão humana), pela indiferença religiosa,
materialismo e idolatrias, a alma humana vive sufocada gerando cada vez mais
múltiplas patologias psíquicas causando terríveis prejuízos ao sentido da vida
de milhões de pessoas. O Sonho Céu ou paraíso, seja como for, que está
profundamente vivo dentro de quem tem fé, é o motor movente de
superações e a fonte consoladora do enfrentamento das adversidades deste
mundo. É por isso que, se for coerente conforme as recomendações de Jesus
no evangelho, a fé faz uma grande diferença na vida de uma pessoa; pois a
consciência de cidadania celeste a fará também digno cidadão terreno.
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4. Mais que sentimento, o amor é uma experiência!


No Evangelho (Jo 14,23-29), somos convidados a refletir sobre a “praticidade”
do Amor. No seu processo de despedida, Jesus insiste na prática do
mandamento do amor. Por isso pede para olharem para o seu comportamento.
Bem antes de Jesus, sobretudo no mundo grego, surgiram muitos filósofos que
deixaram grandes ideias, mas não fizeram discípulos como Jesus. No caso de
Jesus, era totalmente diferente: não se dedicou ao pensar e nem à crítica
social, mas sim ao dar significado à vida das pessoas; não foi escritor e nem
sacerdote, mas sintetizou em sua vida a necessidade da superação das palavras
vazias e intenções estéreis e fez do cuidado da dignidade da pessoa humana, o
critério do verdadeiro sacerdócio (servir!). Jesus nos convida hoje a fazermos
esforços para superarmos a estagnação no excesso de palavras, teorias,
conceitos, ideias, sonho sem inquietudes, louvores e cultos sem compromisso
com o Reino do Deus da Vida, oração sem compromissos… A fé deve traduzir-
se em práxis transformadora (cf. Tg 2,14-26). Na parábola do Bom Samaritano,
conclui seu lindo discurso com estas palavras: «Vá, e faça a mesma coisa. » (Lc
10,37).
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Homilia do 6º domingo da páscoa – C


Homilia do Bom Pastor, escrita por: Padre Wagner Augusto Portugal.

“Anunciai com gritos de alegria, proclamai até os extremos da


terra: o Senhor libertou o seu povo, aleluia! ”. (cf. Is 48,20).
Este domingo vai nos antecipar as meditações próprias do domingo de
Pentecostes sobre o Espírito Santo. João chama pelo “Paráclito”, ou seja, pelo
“assistente judicial” no processo do cristão com o mundo, pois o “mundo”
indiciou o Cristo e seus discípulos diante do Tribunal de Pôncio Pilatos. Nesta
situação, precisamos do Advogado que vem de Deus mesmo e que toma o
lugar do Cristo, já que seu testemunho vem da mesma fonte, que é o Pai.
Graças a este Paráclito a despedida de Jesus não nos coloca numa situação de
órfãos. Jesus anuncia para breve seu desaparecimento deste mundo; o mundo
não mais o verá. Mas os fiéis o verão, pois eles estão nele, como ele está neles.
Tudo isso, com a condição de guardar sua palavra, observar seu mandamento
de amor: na prática da caridade, ele fica presente no meio de nós e seu Espírito
nos assiste. E o próprio Pai nos ama.
A Primeira Leitura (cf. At. 15,1-2.22-29) apresenta o Concílio de Jerusalém.
Nesse primeiro Concílio é narrada a conversão de Cornélio (cf. At 10), a
atividade de Paulo e Barnabé (cf. At 13-14): o delicado problema da jovem
Igreja, da admissão dos pagãos, sem que passem pelo judaísmo, ou seja, sem
que sejam circuncidados conforme prescrevia a antiga lei judaica. O Concílio
dos Apóstolos vê com clareza que não a Lei, mas Cristo é que salva. Todavia,
recomenda certas normas práticas para que não sejam feridas as sensibilidades
específicas dos cristãos vindos do judaísmo; pois é para a fraternidade que
Jesus nos salvou.
A questão de cumprir ou não os ritos da Lei de Moisés é uma questão
ultrapassada, que hoje não preocupa nenhum cristão. Mas este episódio da
primeira leitura vale, sobretudo, pelo seu valor exemplar. Nos leva o episódio a
pensar, por exemplo, em rituais ultrapassados, em práticas de piedade vazias e
estéreis, em fórmulas obsoletas, que exprimiram num certo contexto, mas já
não exprimem o essencial da proposta cristã. O essencial do cristianismo não
pode ser vivido sem o concretizar em formas determinadas, humanas e, por
isso, condicionadas e finitas. Mas é necessário distinguir o essencial do
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acessório; o essencial deve ser preservado e o acessório deve ser


constantemente atualizado. É necessário ter presente que o essencial é Cristo e
a sua proposta de salvação. Essa é que é a proposta revolucionária que temos
para apresentar ao mundo. O resto são questões cuja importância não nos
deve distrair do essencial. Devemos, também, ter consciência da presença do
Espírito na caminhada da Igreja de Jesus.
Vivemos um clima de despedida de Jesus. Mais do que despedidas, temos
presentes vários ensinamentos. Jesus afirma que se manifesta a todos
indistintamente e não somente aos apóstolos. Os judeus queriam o Messias
político e repleto de politicagem. Jesus vem na contramão. Determina o fim do
monopólio e das oligarquias e quer ser o salvador de todos, sem exceção, de
todos, pagãos e crentes, de todos os seres humanos.
Jesus hoje nos ensina que a experiência de Deus é a experiência do amor. Do
amor em íntima união com Deus, e isso só pode acontecer quando observamos
e vivemos na prática os santos Evangelhos.
Hoje o Evangelho (cf. Jo 14,23-29) fala que nós devemos “guardar a Palavra”. O
que é “guardar a Palavra”? Guardar as palavras de Jesus é guardar a Palavra de
Deus. Não se trata de coisa decorada, mas vivificada, vivida e colocada em
prática. A Bíblia diria: gravada e fincada no coração.
Como está a nossa relação com a Palavra de Deus? Uns se escandalizam com
ela. Outros a admiram. Outros, simplesmente, a rejeitam. Outros, ainda, são
indiferentes. Muitos tentam adaptar a palavra de Deus. Outros a deturpam
escancaradamente. Alguns são infiéis na divulgação e na vivência da Palavra
santa.
Graças a Deus muitos vivem e guardam a PALAVRA DE DEUS, não a letra, mas o
espírito que vivifica a vida. Deus monta morada e tenda em nosso meio pela
vivência de sua palavra que é de salvação.
O que é guardar a palavra de Deus? É pura e simplesmente viver o AMOR E A
PARTILHA. Só ama aquele que sabe acolher a Palavra de Deus e colocá-la em
prática a serviço da solidariedade, da partilha e da paz!
Deus já havia feito uma aliança com o povo do Antigo Testamento. O Deus do
Antigo Testamento é um Deus que dialoga, que fala, que se manifesta, que
delega a palavra a outros, que faz dela um ensinamento, uma doutrina, uma
lei. É um Deus que se torna vivo e presente pela Palavra da Salvação.
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Assim, ontem e hoje, cada profeta recebe a palavra a seu modo, mas há nela
sempre um encontro muito pessoal e um comportamento com Deus. A palavra
do profeta passa a ser palavra de Deus, ou seja, o profeta fala em nome de
Deus.
O profeta sempre transmite um recado de Deus e não uma decisão ou uma
reflexão própria: “Ouvi, céus, escuta, terra, porque o Senhor fala: criei filhos e
os fiz crescer, mas eles se rebelaram contra mim (cf Is 1,2) ”.
Muitas são as outras formas de ser colocada a Palavra de Deus, como por
exemplo, ameaça, julgamento e castigo, norma, lei, mandamentos, fidelidade,
amor. Em tudo devemos “deixar viver na observância da palavra de Deus” (cf Sl
119,17).
Palavra de Deus dinâmica, viva e concreta que deve ser vivida com amor e com
grande carinho espiritual, em perfeita comunhão com Deus.
Falar do “caminho” de Jesus é falar de uma vida gasta em favor dos irmãos,
numa doação total e radical, até à morte. Os discípulos são convidados a
percorrer, com Jesus, esse mesmo “caminho”. Paradoxalmente, dessa entrega
(dessa morte para si mesmo) nasce o Homem Novo, o homem na plenitude das
suas possibilidades, o homem que desenvolveu até ao extremo todas as suas
potencialidades.
A Segunda Leitura (cf. Ap 21,10-14.22-23) nos apresenta o esplendor da nova
Jerusalém. A nova Jerusalém, vista pelo visionário, é, como a Igreja, fundada
sobre o alicerce dos Apóstolos e dos Profetas. Ela é totalmente diferente do
mundo que conhecemos agora: ela é santa, repleta de presença de Deus e do
Cordeiro. A esta realidade deve aspirar a História que fazemos. Por isso, é bom
observarmos nessa Leitura os nomes das doze tribos de Israel e dos doze
Apóstolos, símbolos do novo povo de Deus fundamentado nos apóstolos. A
ausência do Templo – uma ideia cara ao Novo Testamento, já que o Cristo
substituiu o Templo de Jerusalém pelo seu corpo ressuscitado (cf. Jo 2,18-22).
Sua iluminação: a glória de Deus e o Cordeiro, a sua lâmpada. Não se deve
explicar muito estas imagens. Importa captar o que elas querem sugerir, num
espírito global. É uma cidade que tem doze portas com os nomes das doze
tribos, para acolhê-las no dia em que elas forem reunidas dos quatro ventos,
para existirem na paz messiânica, tendo por centro só e exclusivamente Deus e
o cordeiro. É a cidade para viver na presença de Deus e de Cristo. E isto é a paz.
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São João nos garante que as limitações impostas pela nossa finitude, as
perseguições que temos de enfrentar por causa da verdade e da justiça, os
sofrimentos que resultam dos nossos limites, não são a última palavra; nos
espera, para além desta terra, a vida plena, face a face com Deus. Esta certeza
tem de dar um sentido novo à nossa caminhada e alimentar a nossa esperança.
A Igreja em marcha pela história não é, ainda, essa comunidade messiânica da
vida plena de que fala esta leitura; mas tem de apontar nesse sentido e
procurar ser, apesar do pecado e das limitações dos homens, um anúncio e
uma prefiguração dessa comunidade escatológica da salvação, que dá
testemunho da utopia e que acende no mundo a luz de Deus. A humanidade
necessita desse testemunho.
O Novo Testamento retoma a riqueza do Antigo Testamento no sentido de
centrar na pessoa de Jesus de Nazaré, profeta e legislador, juiz e revelação de
Deus, pois “A Palavra se fez carne e habitou entre nós! ” (cf Jo 1,14).
Há uma fundamental diferença entre a Palavra dos Profetas e a Palavra de
Jesus. No Antigo Testamento a Palavra era dirigida ao profeta, que falava em
nome de Deus. Cristo, no Novo Testamento, é a palavra de Deus e fala com
autoridade divina a ponto de identificar sua pessoa e sua palavra. Acolher a
palavra de Deus é aceitar a pessoa de Jesus, crendo e fazendo de sua palavra
CAMINHO, VERDADE E VIDA. O discípulo de Jesus não procura os próprios
interesses, mas a realização do projeto de Jesus. O projeto de Jesus é a
comunhão da criatura com o Criador. Deus se manifesta nessa comunhão, em
que não somos meros espectadores, mas participantes: Deus em nós e nós em
Deus!
Em miúdos, Deus todo Poderoso se fez tão próximo de nós, fazendo de nós,
comunidade crente, o seu espaço de vida e de luz, não podemos deixar de
louvá-lo e agradecê-lo por esta maravilha que ele operou.
Um dia os templos materiais desaparecerão: “Não vi nenhum templo nela, pois
o seu templo é o Senhor, o Deus todo-poderoso e o Cordeiro”, conforme nos
ensina a segunda leitura de hoje retirada do Livro do Apocalipse.
A cidade santa, Jerusalém, que descia do céu, de junto de Deus, com a glória de
Deus, representa a Igreja, toda ela impregnada da glória de Deus e do Cordeiro.
Verdadeiramente o Cordeiro imolado e glorioso nos mereceu a graça de
podermos participar desta maravilhosa realidade. Por isso graças e louvores
sejam dadas a todo momento, ao Senhor da Vida e da História, Amém, Aleluia!
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Fonte: http://liturgia.catequisar.com.br/homilia-do-6o-domingo-da-pascoa-c/
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Decidimos, o Espírito Santo e nós, não vos impor nenhum fardo,


além das coisas indispensáveis.
Primeira Leitura dos Atos dos Apóstolos 15,1-2.22-29
Naqueles dias, Paulo e Barnabé
1
Chegaram alguns da Judéia e ensinavam aos irmãos de Antioquia, dizendo:
'Vós não podereis salvar-vos, se não fordes circuncidados, como ordena a Lei
2
de Moisés.' Isto provocou muita confusão, e houve uma grande discussão de
Paulo e Barnabé com eles. Finalmente, decidiram que Paulo, Barnabé e alguns
outros fossem a Jerusalém, para tratar dessa questão com os apóstolos e os
anciãos.
22
Então os apóstolos e os anciãos, de acordo com toda a comunidade de
Jerusalém, resolveram escolher alguns da comunidade para mandá-los a
Antioquia, com Paulo e Barnabé. Escolheram Judas, chamado Bársabas, e Silas,
23
que eram muito respeitados pelos irmãos. Através deles enviaram a seguinte
carta: 'Nós, os apóstolos e os anciãos, vossos irmãos, saudamos os irmãos
vindos do paganismo e que estão em Antioquia e nas regiões da Síria e da
Cilícia.
24
Ficamos sabendo que alguns dos nossos causaram perturbações com
palavras que transtornaram vosso espírito. Eles não foram enviados por nós.
25
Então decidimos, de comum acordo, escolher alguns representantes e
mandá-los até vós, junto com nossos queridos irmãos Barnabé e Paulo,
26
homens que arriscaram suas vidas pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo.
27
Por isso, estamos enviando Judas e Silas, que pessoalmente vos transmitirão
a mesma mensagem.
28
Porque decidimos, o Espírito Santo e nós, não vos impor nenhum fardo, além
29
destas coisas indispensáveis: abster-se de carnes sacrificadas aos ídolos, do
sangue, das carnes de animais sufocados e das uniões ilegítimas. Vós fareis
bem se evitardes essas coisas. Saudações!'

Palavra do Senhor.
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Graças a Deus.
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AMBIENTE (DEHONIANOS)
A entrada maciça de crentes gentios na comunidade cristã (sobretudo após a
primeira viagem missionária de Paulo e Barnabé) vai trazer a lume uma
questão essencial: deve impor-se aos crentes de origem pagã a prática da Lei
de Moisés? Não se trata, aqui, de um problema acidental ou secundário, de
uma medida disciplinar ou de puros costumes, mas de algo tão fundamental
como saber se a salvação vem através da circuncisão e da observância da
“Torah” judaica, ou única e exclusivamente por Cristo. Dito de outra forma:
Jesus Cristo é o único Senhor e salvador, ou são precisas outras coisas além
d’Ele para chegar a Deus e para receber d’Ele a graça da salvação?
A comunidade cristã de Antioquia (onde o problema se põe com especial
acuidade) não tem a certeza sobre o caminho a seguir. Paulo e Barnabé acham
que Cristo basta; mas os “judaizantes” – cristãos de origem judaica, que
conservam as práticas tradicionais do judaísmo – defendem que os ritos
prescritos pela “Torah” também são necessários para a salvação. Decide-se,
então, enviar uma delegação a Jerusalém, a fim de consultar os Apóstolos e os
anciãos acerca da questão. Estamos por volta do ano 49.
MENSAGEM (DEHONIANOS)
Este texto começa por pôr a questão e por apresentar os passos dados para a
solucionar: Paulo, Barnabé e alguns outros (também Tito, de acordo com Gal
2,1) são enviados a Jerusalém para consultar os Apóstolos e os anciãos (vers. 1-
2). A questão é de tal importância que se organiza a reunião dos dirigentes e
animadores das comunidades, conhecida como “concílio apostólico” ou
“concílio de Jerusalém”. Essa assembleia vai, pois, discutir o que é essencial na
proposta cristã (e que devia ser incluído no núcleo fundamental da pregação) e
o que é acessório (e que podia ser dispensado, não constituindo uma verdade
fundamental da fé cristã).
O texto que nos é proposto hoje interrompe aqui a descrição dos
acontecimentos. No entanto, sabemos (pela descrição dos “Atos”) que nessa
“assembleia eclesial” vão enfrentar-se várias opiniões. Pedro reconhece a
igualdade fundamental de todos – judeus e pagãos – diante da proposta de
salvação, que a Lei é um jugo que não deve ser imposto aos pagãos e que é
“pela graça do Senhor Jesus” que se chega à salvação (cf. Act 15,7-12); mas
Tiago (representante da ala “judaizante), sem se opor à perspectiva de Pedro,
procura salvar o possível das tradições judaicas e propõe que sejam mantidas
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algumas tradições particularmente caras aos judeus (cf. Act 15,13-21). Na


realidade, há acordo quanto ao essencial. Embora o texto de Lucas não seja
totalmente explícito, percebe-se a decisão final: não se pode impor aos gentios
a lei judaica; só Cristo basta. Assim dá-se luz verde à missão entre os pagãos. É
a decisão mais importante da Igreja nascente: o cristianismo cortou o cordão
umbilical com o judaísmo e pode, agora, ser uma proposta universal de
salvação, aberta a todos os homens, de todas as raças e culturas.
O nosso texto retoma a questão neste ponto. Nos vers. 22-29 da leitura de hoje
apresenta-se o “comunicado final” da “assembleia de Jerusalém”: a práxis
judaica não pode ser imposta, pois não é essencial para a salvação… No
entanto, pede-se a abstenção de alguns costumes particularmente
repugnantes para os judeus.
É de destacar, ainda, a referência ao Espírito Santo do vers. 28: a decisão é
tomada por homens, mas assistidos pelo Espírito. Manifesta-se, assim, a
consciência da presença do Espírito, que conduz e que assiste a Igreja na sua
caminhada pela história.
ATUALIZAÇÃO (DEHONIANOS)
Considerar, para a reflexão, as seguintes linhas:
• A questão de cumprir ou não os ritos da Lei de Moisés é uma questão
ultrapassada, que hoje não preocupa nenhum cristão; mas este episódio
vale, sobretudo, pelo seu valor exemplar. Faz-nos pensar, por exemplo,
em rituais ultrapassados, em práticas de piedade vazias e estéreis, em
fórmulas obsoletas, que exprimiram num certo contexto, mas já não
exprimem o essencial da proposta cristã. Faz-nos pensar na imposição de
esquemas culturais – ocidentais, por exemplo – que muitas vezes não
têm nada a ver com a forma de expressão de certas culturas… O
essencial do cristianismo não pode ser vivido sem o concretizar em
formas determinadas, humanas e, por isso, condicionadas e finitas. Mas
é necessário distinguir o essencial do acessório; o essencial deve ser
preservado e o acessório deve ser constantemente atualizado. Quais são
os ritos e as práticas decididamente obsoletos, que impedem o homem
de hoje de redescobrir o núcleo central da mensagem cristã? Será que
hoje não estamos a impedir, como outrora, o nascimento de Cristo para
o mundo, mantendo-nos presos a esquemas e modos de pensar e de
viver que têm pouco a ver com a realidade do mundo que nos rodeia?
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• É necessário ter presente que o essencial é Cristo e a sua proposta de


salvação.
• Essa é que é a proposta revolucionária que temos para apresentar ao
mundo. O resto são questões cuja importância não nos deve distrair do
essencial.
• Devemos também ter consciência da presença do Espírito na caminhada
da Igreja de Jesus. No entanto, é preciso escutá-lo, estar atento às
interpelações que Ele lança, saber ler as suas indicações nos sinais dos
tempos e nas questões que o mundo nos apresenta… Estamos
verdadeiramente atentos aos apelos do Espírito?
• É preciso aprender com a forma como os Apóstolos responderam aos
desafios dos tempos: com audácia, com imaginação, com liberdade, com
desprendimento e, acima de tudo, com a escuta do Espírito. É assim que
a Igreja de Jesus deve enfrentar hoje os desafios do mundo.
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Salmo - 66, 2-3.5.6.8 (R. 4)


R. Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor, que todas as nações vos
glorifiquem!
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Que Deus nos dê a sua graça e sua bênção, e sua face resplandeça sobre nós!
3
Que na terra se conheça o seu caminho e a sua salvação por entre os povos.

R. Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor, que todas as nações vos


glorifiquem!
5
Exulte de alegria a terra inteira, pois julgais o universo com justiça; os povos
governais com retidão, e guiais, em toda a terra, as nações.
R. Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor, que todas as nações vos
glorifiquem!
6
Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor, que todas as nações vos
glorifiquem!
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Que o Senhor e nosso Deus nos abençoe, e o respeitem os confins de toda a
terra!
R. Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor, que todas as nações vos
glorifiquem!
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Mostrou-me a cidade santa descendo do céu.


Segunda Leitura do Livro do Apocalipse de São João 21,10-14.22-23
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Um anjo me levou em espírito a uma montanha grande e alta. Mostrou-me a
11
cidade santa, Jerusalém, descendo do céu, de junto de Deus, brilhando com a
glória de Deus. Seu brilho era como o de uma pedra preciosíssima, como o
brilho de jaspe cristalino.
12
Estava cercada por uma muralha maciça e alta, com doze portas. Sobre as
portas estavam doze anjos, e nas portas estavam escritos os nomes das doze
tribos de Israel.
13
Havia três portas do lado do oriente, três portas do lado norte, três portas do
lado sul e três portas do lado do ocidente.
14
A muralha da cidade tinha doze alicerces, e sobre eles estavam escritos os
nomes dos doze apóstolos do Cordeiro.
22
Não vi templo na cidade, pois o seu Templo é o próprio Senhor, o Deus Todo-
poderoso, e o Cordeiro.
23
A cidade não precisa de sol, nem de lua que a iluminem, pois a glória de Deus
é a sua luz e a sua lâmpada é o Cordeiro.

Palavra do Senhor.
Graças a Deus.
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AMBIENTE (DEHONIANOS)
Continuamos a ler a parte final do livro do “Apocalipse”. Nela, João apresenta-
nos o resultado da intervenção definitiva de Deus no mundo: depois da vitória
de Deus sobre as forças que oprimem o homem e o privam da vida plena,
nascerá a comunidade nova e santa, a criação definitiva de Deus, o novo céu e
a nova terra.
A liturgia do passado domingo apresentou-nos um primeiro quadro dessa nova
realidade; hoje, a mesma realidade é descrita através de um segundo quadro –
o da “Jerusalém messiânica”.
MENSAGEM (DEHONIANOS)
É, ainda, a imagem da “nova Jerusalém que desce do céu” que nos é
apresentada. Já vimos na passada semana que falar de Jerusalém é falar do
lugar onde irá irromper a salvação definitiva, o lugar do encontro definitivo
entre Deus e o seu Povo.
Na apresentação desta “nova Jerusalém”, domina o número “doze”: na base da
muralha há doze reforços salientes e neles os doze nomes dos Apóstolos do
“cordeiro”; a cidade tem, igualmente, doze portas (três a nascente, três ao
norte, três ao sul e três a poente), nas quais estão gravados os nomes das doze
tribos de Israel; há, ainda, doze anjos junto das portas. O número “doze” indica
a totalidade do Povo de Deus (doze tribos + doze Apóstolos): ela está fundada
sobre os doze Apóstolos – testemunhas do “cordeiro” – mas integra a
totalidade do Povo de Deus do Antigo e do Novo Testamento, conduzido à vida
plena pela acção salvadora e libertadora de Cristo. As portas, viradas para os
quatro pontos cardeais, indicam que todos os povos (vindos do norte, do sul,
de este e do oeste) podem entrar e encontrar lugar nesse lugar de felicidade
plena.
Num desenvolvimento que a leitura de hoje não conservou (vers. 15-17),
apresentam-se as dimensões dessa “cidade”: 144 côvados (12 vezes doze),
formando um quadrado perfeito. Trata-se de mostrar que a cidade (perfeita,
harmoniosa) está traçada segundo o modelo bíblico do “santo dos santos” (cf.
1 Re 6,19-20): a cidade inteira aparece, assim, como um Templo dedicado a
Deus, onde Deus reside de forma permanente no meio do seu Povo.
É por isso que a última parte deste texto (vers. 22-23) diz que a cidade não tem
Templo: nesse lugar de vida plena, o homem não terá necessidade de
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mediações, pois viverá sempre na presença de Deus e encontrará Deus face a


face. Diz-se ainda que toda a cidade estará banhada de luz: a luz indica a
presença divina (cf. Is 2,5;
24,23; 60,19): Deus e o “cordeiro” serão a luz que ilumina esta comunidade de
vida plena.
Após a intervenção definitiva de Deus na história nascerá, então, essa nova
“cidade” construída sobre o testemunho dos apóstolos; cidade de portas
abertas, ela acolherá todos os homens que aderirem ao “cordeiro”; nela, eles
encontrarão Deus e viverão na sua presença, recebendo a vida em plenitude.
ATUALIZAÇÃO (DEHONIANOS)
Ter em conta as seguintes indicações para reflexão:
• Já o dissemos a propósito da segunda leitura do passado domingo: o
profeta João garante-nos que as limitações impostas pela nossa finitude,
as perseguições que temos de enfrentar por causa da verdade e da
justiça, os sofrimentos que resultam dos nossos limites, não são a última
palavra; espera-nos, para além desta terra, a vida plena, face a face com
Deus. Esta certeza tem de dar um sentido novo à nossa caminhada e
alimentar a nossa esperança.
• A Igreja em marcha pela história não é, ainda, essa comunidade
messiânica da vida plena de que fala esta leitura; mas tem de apontar
nesse sentido e procurar ser, apesar do pecado e das limitações dos
homens, um anúncio e uma prefiguração dessa comunidade escatológica
da salvação, que dá testemunho da utopia e que acende no mundo a luz
de Deus. A humanidade necessita desse testemunho.
• Ainda que esta realidade de vida plena, de felicidade total, só aconteça
na “nova Jerusalém”, ela tem de começar a ser construída desde já nesta
terra. Deve ser essa a tarefa que nos motiva, que nos empenha e que nos
compromete: a construção de um mundo de justiça, de amor e de paz,
que seja cada vez mais um reflexo do mundo futuro que nos espera.
18
LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C

O Espírito Santo vos recordará tudo o que eu vos tenho dito.


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 14,23-29
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos:
23
'Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós
viremos e faremos nele a nossa morada.
24
Quem não me ama, não guarda a minha palavra. E a palavra que escutais não
é minha, mas do Pai que me enviou.
25
Isso é o que vos disse enquanto estava convosco.
26
Mas o Defensor, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ele vos
ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito.
27
Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se
perturbe nem se intimide o vosso coração.
28
Ouvistes que eu vos disse: 'Vou, mas voltarei a vós`. Se me amásseis, ficaríeis
alegres porque vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu.
29
Disse-vos isto, agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós
acrediteis.

Palavra da Salvação.
Glória a vós, Senhor.
_____________________
* 15-26: Advogado é alguém que defende uma causa. Jesus envia o Espírito Santo como advogado da
comunidade cristã. O Espírito é a memória de Jesus que continua sempre viva e presente na comunidade. Ele
ajuda a comunidade a manter e a interpretar a ação de Jesus em qualquer tempo e lugar. O Espírito também
leva a comunidade a discernir os acontecimentos para continuar o processo de libertação, distinguindo o que é
vida e o que é morte, e realizando novos atos de Jesus na história.

* 27-31: Jesus fala de paz e alegria no momento em que sua morte está para acontecer. Paz é a plena
realização humana. Ela só é possível se aquele que rege uma sociedade desumana for destituído de poder. A
morte de Jesus realiza a paz. Todo martírio é participação nessa luta vitoriosa de Jesus e, portanto, causa de
paz e alegria.

.
19
LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C

GUARDARÁ MINHA PALAVRA


Entre os judeus – e Jesus era um deles, é bom lembrar… -, o verbo “guardar”
tem ressonâncias muito especiais. No vocabulário técnico da tradição rabínica,
“receber”, “guardar” e “transmitir” eram os verbos reveladores do homem
justo e fiel. O grande dom de Deus ao povo escolhido era a Torah, a Lei
intermediada por Moisés no Sinai. O israelita fiel se orientava por ela,
recebendo a Lei, guardando-a e transmitindo com integridade, sem lhe alterar
sequer um iode, a menor de todas as letras.
Trazendo tudo isto para nosso tempo, diríamos que a virtude em questão é a
obediência. Esta palavra, de origem latina, significa um ob-audiência, ou seja, a
atitude de quem fica de frente para quem está falando, pronto a lhe obedecer.
Assim como o filho que ouve as ordens e conselhos do pai.
Neste Evangelho, Jesus associa a obediência ao amor. Começa por dizer que o
Pai amará quem acolhe fielmente a Palavra dele, manifestada por Jesus. Isto é,
a obediência suscita o amor. Mas o Mestre acrescenta: “Quem não me ama
não guarda as minhas palavras”, o que deixa claro que é por amor que alguém
se vê motivado a obedecer. O filho obedece ao Pai porque o ama. O tão
esquecido “temor de Deus” – dom do Espírito Santo – não significa outra coisa,
a não ser isto: “A última coisa que desejo neste mundo é entristecer meu Pai,
que tanto me ama. Minha obediência é minha resposta de amor a quem me
ama assim! ”
Vivemos um tempo de rebeldia. Poucos desejam obedecer. Mesmo nos
Institutos de vida consagrada, a obediência foi a tal ponto atenuada e reduzida,
em nome da responsabilidade e da liberdade de consciência, que acontecem
arrepios quando falamos do carisma de nossa querida Comunidade Católica
Nova Aliança: “obediência incondicional e amorosa à Igreja”.
– “À Igreja?!” – Estranhou uma freira, fazendo careta. “Nós devemos obedecer
é a Deus! ” Como se fosse possível obedecer a Deus, a quem não vemos, sem
obedecer à Igreja, que fala em nome de Deus…
A marca registrada dos santos não foi o milagre, os dons excepcionais ou as
experiências místicas. Tudo isto, se aconteceu, veio como consequência de
uma vida inteiramente submetida à vontade de Deus.
Como anda nossa obediência à voz de Deus que fala pela Igreja?
20
LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C

Orai sem cessar: “No meu coração conservo as tuas ordens, Senhor! ” (Sl
119,11)
Fonte: Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
(https://amigoespiritual.wordpress.com/2013/05/06/guardara-minha-palavra-jo-1423-29-texto-de-antonio-
carlos-santini-da-comunidade-catolica-nova-alianca/)

AMBIENTE (DEHONIANOS)
Continuamos no contexto da “ceia de despedida”. Jesus, que acaba de fundar a
sua comunidade, dando-lhe por estatuto o mandamento do amor (cf. Jo 13,1-
17;13,33-35), vai agora explicar como é que essa comunidade manterá, após a
sua partida, a relação com Ele e com o Pai.
Nos versículos anteriores ao texto que nos é proposto, Jesus apresentou-Se
como “o caminho” (cf. Jo 14,6) e convidou os discípulos a percorrer esse
mesmo “caminho” (cf. Jo 14,4-5). O que é que isso significa? Jesus, enquanto
esteve no mundo, percorreu um “caminho” – o da entrega ao homem, o do
serviço, o do amor total; é nesse “caminho que o homem” – o Homem Novo
que Jesus veio criar – se realiza. A comunidade de Jesus tem, portanto, que
percorrer esse “caminho”. A metáfora do “caminho” expressa o dinamismo da
vida que é progressão; percorrê-lo, é alcançar a plena maturidade do Homem
Novo, do homem que desenvolveu todas as suas potencialidades, do homem
recriado para a vida definitiva. O final desse “caminho” é o amor radical, a
solidariedade total com o homem. Nesse “caminho”, encontra-se o Pai. Os
discípulos, no entanto, estão inquietos e desconcertados. Será possível
percorrer esse “caminho” se Jesus não caminhar ao lado deles? Como é que
eles manterão a comunhão com Jesus e como receberão dele a força para
doar, dia a dia, a própria vida?
MENSAGEM (DEHONIANOS)
Para seguir esse “caminho” é preciso amar Jesus e guardar a sua Palavra (cf. Jo
14,23). Quem ama Jesus e O escuta, identifica-se com Ele, isto é, vive como Ele,
na entrega da própria vida em favor do homem… Ora, viver nesta dinâmica é
estar continuamente em comunhão com Jesus e com o Pai. O Pai e Jesus, que
são um, estabelecerão a sua morada no discípulo; viverão juntos, na intimidade
de uma nova família (vers. 23-24).
Para que os discípulos possam continuar a percorrer esse “caminho” no tempo
da Igreja, o Pai enviará o “paráclito”, isto é, o Espírito Santo (vers. 25-26). A
palavra “paráclito” pode traduzir-se como “advogado”, “auxiliador”,
21
LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C

“consolador”, “intercessor”. A função do “paráclito” é “ensinar” e “recordar”


tudo o que Jesus propôs. Trata-se, portanto, de uma presença dinâmica, que
auxiliará os discípulos trazendo-lhes continuamente à memória os
ensinamentos de Jesus e ajudando-os a ler as propostas de Jesus à luz dos
novos desafios que o mundo lhes colocar. Assim, os crentes poderão continuar
a percorrer, na história, o “caminho” de Jesus, numa fidelidade dinâmica às
suas propostas. O Espírito garante, dessa forma, que o crente possa continuar a
percorrer esse “caminho” de amor e de entrega, unido a Jesus e ao Pai. A
comunidade cristã e cada homem tornam-se a morada de Deus: na ação dos
crentes revela-se o Deus libertador, que reside na comunidade e no coração de
cada crente e que tem um projeto de salvação para o homem.
A última parte do texto que nos é proposto contém a promessa da “paz” (vers.
27). Desejar a “paz” (“shalom”) era a saudação habitual à chegada e à partida.
No entanto, neste contexto, a saudação não é uma despedida trivial (“não vo-la
dou como a dá o mundo”), pois Jesus não vai estar ausente. O que Jesus
pretende é inculcar nos discípulos apreensivos a serenidade e evitar-lhes o
temor. São palavras destinadas a tranquilizar os discípulos e a assegurar-lhes
que os acontecimentos que se aproximam não porão fim à relação entre Jesus
e a sua comunidade. As últimas palavras referidas por este texto (vers. 28-29)
sublinham que a ausência de Jesus não é definitiva, nem sequer prolongada. De
resto, os discípulos devem alegrar-se, pois a morte não é uma tragédia sem
sentido, mas a manifestação suprema do amor de Jesus pelo Pai e pelos
homens.
ATUALIZAÇÃO (DEHONIANOS)
A reflexão deste texto pode contemplar as seguintes linhas:
 Falar do “caminho” de Jesus é falar de uma vida gasta em favor dos
irmãos, numa doação total e radical, até à morte. Os discípulos são
convidados a percorrer, com Jesus, esse mesmo “caminho”.
Paradoxalmente, dessa entrega (dessa morte para si mesmo) nasce o
Homem Novo, o homem na plenitude das suas possibilidades, o homem
que desenvolveu até ao extremo todas as suas potencialidades. É esse
“caminho” que eu tenho vindo a percorrer? A minha vida tem sido
doação, entrega, dom, amor até ao extremo? Tenho procurado despir-
me do egoísmo e do orgulho que impedem o Homem Novo de aparecer?
 A comunhão do crente com o Pai e com Jesus não resulta de momentos
mágicos nos quais, através da recitação de certas fórmulas, a vida de
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LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C

Deus bombardeia e inunda incondicionalmente o crente; mas a


intimidade e a comunhão com Jesus e com o Pai estabelecem-se
percorrendo o caminho do amor e da entrega, numa doação total aos
irmãos. Quem quiser encontrar-se com Jesus e com o Pai, tem de sair do
egoísmo e aprender a fazer da sua vida um dom aos homens.
 É impressionante essa pedagogia de um Deus – o nosso Deus – que nos
deixa ser os construtores da nossa própria história, mas não nos
abandona. De forma discreta, respeitando a nossa liberdade, Ele
encontrou formas de continuar conosco, de nos animar, de nos ajudar a
responder aos desafios, de nos recordar que só nos realizaremos
plenamente na fidelidade ao “caminho” de Jesus.
 O cristão tem de estar, no entanto, atento à voz do Espírito, sensível aos
apelos do Espírito; tem de procurar detectar os novos caminhos que o
Espírito propõe; tem de estar na disposição de se deixar questionar e de
refazer a sua vida, sempre que o Espírito lhe dá a entender que ela está a
afastar-se do “caminho” de Jesus. Estamos sempre atentos aos sinais do
Espírito e disponíveis para enfrentar os seus desafios?
23
LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C

COMENTÁRIOS (FRANCISCANOS)
VIVER NA PRESENÇA DE CRISTO E DE DEUS
A nova Jerusalém é a “morada de Deus com os homens”, dizia-nos a utopia que
escutamos domingo passado. Mas uma utopia serve para mostrar o sentido da
realidade presente. Hoje, a liturgia insiste na presença da utopia de Deus: a
“inabitação” de Deus nos homens não acontece apenas na utópica Nova
Jerusalém, mas em cada um que guarda a palavra do Cristo, seu mandamento
de amor. Pois a palavra do Cristo não é sua, mas a do Pai que o enviou (Jo
13,24; evangelho).
Os discípulos não entenderam isso logo. Por isso, grande parte dos primeiros
anos do cristianismo decorreu em “tensão escatológica”: aguardava-se a vinda
de Cristo com o poder do alto, a Parusia, como instauração do Reino de Deus.
Só aos poucos, os cristãos começaram a entender que a nova criação já tinha
iniciado, na própria comunhão do amor fraterno, testemunho do amor de
Cristo a todos os homens. Esta compreensão, esta “memória esclarecida” de
Cristo é uma das realizações, talvez a mais importante, do Espírito Santo.
Neste tempo intermediário, não devemos ficar com medo ou tristes porque
Cristo não está conosco. Ele permanece conosco, neste Espírito, que nos faz
experimentar a inabitação em nós dele e do Pai – portanto, muito mais do que
significa sua presença na terra, pois o Pai vale mais do que a presença física de
Cristo (14,28). Ele permanece conosco também no dom messiânico que ele nos
deixa, a “paz”, porém, não como o mundo a concebe (14,27). Escrevendo isso,
Jo parece polemizar com a ideia de paz dos tratados políticos (3) e também
com o conceito judaico da paz messiânica, a realização de um Reino de Deus
mundano, dirigido pelas mesmas leis e mecanismos que dirigiram os reinos até
agora, portanto, uma paz que prepara a guerra …
Antes de ver o que é, no concreto, a inabitação de Deus e de Cristo entre nós
hoje, é bom olhar para a sugestiva descrição da nova Jerusalém, na 2ª leitura
(cf. dom. pass.). Observemos alguns detalhes: os nomes das doze tribos de
Israel e dos doze apóstolos, símbolos do novo povo de Deus fundamentado
sobre os apóstolos; a ausência do templo – ideia cara ao N.T., já que Cristo
substituiu o templo de Jerusalém pelo de seu corpo ressuscitado (cf. Jo 2,18-22
etc.); sua “iluminação”: a glória de Deus, e o Cordeiro, sua lâmpada. Não se
deve explicar muito essas imagens, importa captar o que querem sugerir, num
espírito global. É uma cidade que tem doze portas com os nomes das doze
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LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C

tribos, para acolhê-las no dia em que elas forem reunidas dos quatro ventos,
para viverem na paz messiânica, tendo por centro só e exclusivamente Deus e
o Cordeiro. É a cidade para viver na presença de Deus e Cristo. E isto é a paz.
Nossa comunidade cristã deve ser a antecipação da Jerusalém celeste. Tendo
Cristo por centro e luz, certamente haverá unidade e comunhão entre seus
habitantes. A 1ª leitura de hoje pode ilustrar isso. O conflito na comunidade era
grave, certamente tão grave quanto hoje o conflito entre os defensores da
cristandade e os de uma Igreja-testemunha, despojada, que vai ao encontro
dos mais pobres. O problema era análogo: a Igreja devia ser concebida como
uma instituição acabada, à qual os outros se deveriam agregar? Neste caso, ela
podia conservar suas instituições tradicionais, que eram judaicas. Ou seria a
Igreja um povo a ser constituído ainda, aberto para a forma que o Espírito lhe
quisesse dar? Para este fim, Paulo e Barnabé procuraram a união dos irmãos
em redor daquilo que o Espírito tinha obrado junto com eles. Conseguiram.
Não esforçaram em vão (cf. Gl 2,2). O “Concílio dos Apóstolos”, como se
costuma chamar este episódio (At 15), confirmou a prática de admitir pagãos
sem passar pelas instituições judaicas (circuncisão, sábado etc.). Apenas, em
nome da mesma união fraterna, os cristãos do paganismo deviam abster-se de
quatro coisas que eram realmente tabus para os judeu-cristãos; não respeitar
isso seria tornar a vida em comunidade impossível. A caridade fraterna acima
de tudo!
Na caridade fraterna, Deus e “o Cordeiro” moram conosco. A cidade de Deus
não é uma grandeza de ficção científica, nem uma cristandade
sociologicamente organizada. Ela é uma realidade interior, atuante em nós e,
naturalmente, produzindo também modificações no mundo em que vivemos.
Ela é obra do Espírito de Deus que nos impele.
(3) - Cf.a pax romana, ideologia da supremacia romana no mundo mediterrâneo no tempo de Cristo e
dos primeiros cristãos.

Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes


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LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C

MENSAGEM (FRANCISCANOS)
ONDE O AMOR E A CARIDADE, DEUS AÍ ESTÁ
É comum ouvir-se que a Igreja é opressora, mera instância de poder. Isso vem
do tempo em que, de fato, a Igreja e o Estado disputavam o poder sobre a
população. E os meios de comunicação se esforçam por manter essa imagem,
como se nunca tivesse acontecido um Concílio Vaticano II, como se nunca
tivessem existido o Papa João XXIII, Dom Hélder Câmara… Disse um psicólogo:
“A sociedade precisa de manter viva a imagem de uma Igreja opressora para
poder se revoltar contra quando pode revoltar-se contra o pai … “
A liturgia de hoje nos faz ver a Igreja de outra maneira. Claro, ela ainda não é
bem como deveria ser, aquela “noiva sem ruga nem mancha” que é a
Jerusalém celeste da 2ª leitura. Mas quem ama acredita que a pessoa amada é
muito melhor por dentro do que parece por fora. Por isso, se amamos a Igreja,
acreditamos que em sua realidade mais profunda ela é, mesmo, a noiva sem
ruga nem mancha … Vista com os olhos do Apocalipse, a Igreja é a morada de
Deus, a Jerusalém nova, em que não existe mais templo, porque Deus e Jesus –
o Cordeiro – são o seu templo. Seu santuário é Deus mesmo, não algum edifício
para lhe prestar culto. Deus está no meio de seu povo. Isto basta.
A 1ª leitura descreve um episódio da Igreja que manifesta isso. Os apóstolos
tiveram uma discussão sobre a necessidade de conservar-se os ritos judaicos na
jovem Igreja, no momento em que ela estava saindo do mundo judeu e
abrindo-se para outros povos, na Ásia e na Europa. Depois de oração e
deliberação, os apóstolos chegaram à conclusão de que, para ser cristão, não
era preciso observar o judaísmo (que tinha sido a religião de Jesus). Somente
fossem observados alguns pormenores, para não escandalizar os cristãos de
origem judaica. Os apóstolos reconheceram que o antigo culto do templo se
tinha tornado supérfluo. O evangelho de hoje nos faz compreender por quê:
“Eu e o Pai viremos a ele e faremos nele a nossa morada”, diz Jesus a respeito
de quem acredita nele (João 14,23). Os fiéis são a morada de Deus. A Igreja,
enquanto comunhão de amor, é a morada de Deus.
Não precisamos de templo concebido como “estacionamento da santidade”. O
povo simples sente isso intuitivamente, quando arruma um galpão ou um pátio
para servir de salão comunitário e capela e tudo, lugar de oração, de
celebração, de reunião, para refletir e organizar sua solidariedade e sua luta
por mais fraternidade e justiça. Sabe que não é nos templos de pedra que Deus
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LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C

habita, mas no coração de quem ama e vive seu amor na prática. “Onde o amor
e a caridade, Deus aí está”.
Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes
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LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C

SANTO DO DIA
São José Operário, protetor e modelo de
todos os trabalhadores
Revela com sua vida que o Deus que trabalha
sem cessar na santificação de Suas obras, é o
mais desejoso de trabalhos santificados
A Igreja, providencialmente, nesta data civil
marcada, muitas vezes, por conflitos e
revoltas sociais, cristianizou esta festa, isso na
presença de mais de 200 mil pessoas na Praça
de São Pedro, as quais gritavam alegremente: “Viva Cristo trabalhador, vivam
os trabalhadores, viva o Papa! ” O Papa, em 1955, deu aos trabalhadores um
protetor e modelo: São José, o operário de Nazaré.
O santíssimo São José, protetor da Igreja Universal, assumiu este compromisso
de não deixar que nenhum trabalhador de fé – do campo, indústria, autônomo
ou não, mulher ou homem – esqueça-se de que ao seu lado estão Jesus e
Maria. A Igreja, nesta festa do trabalho, autorizada pelo Papa Pio XII, deu um
lindo parecer sobre todo esforço humano que gera, dá à luz e faz crescer obras
produzidas pelo homem: “Queremos reafirmar, em forma solene, a dignidade
do trabalho a fim de que inspire na vida social as leis da equitativa repartição
de direitos e deveres. ”
São José, que na Bíblia é reconhecido como um homem justo, é quem revela
com sua vida que o Deus que trabalha sem cessar na santificação de Suas
obras, é o mais desejoso de trabalhos santificados: “Seja qual for o vosso
trabalho, fazei-o de boa vontade, como para o Senhor, e não para os homens,
cientes de que recebereis do Senhor a herança como recompensa… O Senhor é
Cristo” (Col 3,23-24).
São José Operário, rogai por nós!
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LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C

SÃO JOSÉ OPERÁRIO


Cardeal Orani Tempesta
No dia 1º de maio, Dia de São José Operário, comemoramos o Dia do
Trabalhador. São João Paulo II, em sua encíclica sobre o trabalho humano —
Laborem exercens —, recordou com muita clareza que a Igreja é a favor da luta
pela justiça. Com efeito, pregando o respeito pelos direitos humanos, a Igreja
não pode deixar de se engajar, a seu modo, repudiando os métodos violentos,
numa luta pela justiça. Assim faz a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil –
CNBB –, assim cada batizado é chamado a fazer. E é o que cada um é chamado
a fazer em nome do Evangelho de Jesus Cristo.
Para celebrar este dia, de modo próprio, a Igreja, pela ação do Romano
Pontífice Pio XII, introduziu a Festa de São José Operário. A solenidade do Pai
Adotivo de Jesus ocorre no dia 19 de março, quando ele é focalizado como
Padroeiro da Igreja e dos Agonizantes (da Igreja, que é o Corpo de Cristo, de
quem ele foi na Terra o Pai de Criação; e dos Agonizantes, porque São José teve
na hora de sua morte a presença de Cristo e de Maria). A 1º de maio nos é
apresentado o Homem do Trabalho, pobre, que ganhou o pão de cada dia com
o suor de seu rosto. O exemplo de São José é contemplado pelo do próprio
Jesus, que até os 30 anos de idade trabalhou também como operário.
A Igreja ensina a dignidade do trabalho humano, qualquer que ele seja. Cristo
dignificou o trabalho por seu exemplo. São Paulo nos fala, na Carta aos
Tessalonicenses, que quem não trabalha não deve comer, enunciando assim
uma obrigatoriedade do trabalho.
Sinteticamente podemos dizer que o pensar da Igreja acerca do trabalho
consiste em que o trabalho dignifica o homem e deve aperfeiçoá-lo e deve ser
uma contribuição para a sociedade. Quem trabalha se realiza, constrói a
sociedade e presta um serviço aos irmãos e irmãs. Existem, porém, os que
exploram seus semelhantes formando uma sociedade injusta e perversa. Além
disso, existem as situações de “trabalho escravo”, ainda hoje, que tiram toda a
beleza da dignidade humana. Portanto, ao lado de tanta beleza da importância
do trabalho não podemos nos esquecer das situações injustas. E neste tempo,
especificamente em nosso país, o grande número de desempregados, que não
têm como sustentar sua família devido à situação de crise nacional.
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LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C

Toda sociedade e nosso Brasil dependerá de se integrar à dignidade do


trabalho ou não na ‘civilização do trabalho’, como dizia Alceu Amoroso Lima.
Afinal, o trabalho é a base da sociedade, pois o trabalho não é apenas uma
condição de sobrevivência, mas uma forma necessária de realização da
personalidade.
O Santo Padre, o Papa Francisco, nos convida neste Ano Santo Jubilar da
Misericórdia a vivermos gestos concretos de compaixão. Precisamos viver a
solidariedade e promover a geração de emprego e renda. Lembra o Papa
Francisco, profeticamente, que: “Eu gostaria de estender a todos o convite à
solidariedade e, aos chefes do setor público, convidá-los ao encorajamento, a
fazer de tudo para dar um novo impulso ao emprego; isso significa se
preocupar com a dignidade da pessoa, mas, acima de tudo, vos exorto a não
perderem a esperança; São José também teve momentos difíceis, mas nunca
perdeu a confiança e soube superá-los, na certeza de que Deus não nos
abandona. E agora gostaria de falar especialmente a vocês, meninos e meninas,
a vocês jovens: se esforcem em suas tarefas diárias, no estudo, no trabalho,
nas relações de amizade, contribuindo com os outros, o vosso futuro também
depende de como vocês vão viver esses preciosos anos de vida. Não tenham
medo do compromisso, do sacrifício e não olhem para o futuro com medo,
mantenham viva a esperança: há sempre uma luz no horizonte ”.
Reflitamos sobre a dignidade do trabalho humano, consagrado pelo exemplo
de São José Operário e do próprio Cristo, e nos preparemos para a luta pela
justiça social! A luta pela justiça, na qual todos nós devemos estar
empenhados, sem deixar de ser luta, não é uma luta contra os outros. Que São
José interceda por todos os trabalhadores e por aqueles que ainda não têm um
trabalho, mas buscam sem cansar para suster a dignidade humana.
Nestes tempos de tantos obstáculos, a solidariedade entre os cristãos deve ser
concretizada em gestos que ajudem a minimizar as dificuldades dos
desempregados, a luta pela melhoria do país para que volte a ter emprego para
seus filhos, a busca de dignidade do trabalho para todos. Este Dia do
Trabalhador, de modo especial, nos empenha seriamente em um tempo de
compromisso sério com a dignidade do trabalho e na luta pela justiça social.
Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
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LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C

MARTIROLÓGIO ROMANO
1. São José Operário, que, como carpinteiro de Nazaré, ajudou com o seu
trabalho Maria e José e iniciou o Filho de Deus no trabalho humano.
Por isso, neste dia em que se celebra a festa do trabalho em muitas
terras, os trabalhadores cristãos veneram São José como seu exemplo e
protetor.
2. Comemoração de São Jeremias, profeta, que, no tempo de Joaquim e
de Sedecias, reis de Judá, preanunciando a destruição da Cidade Santa
e a deportação do povo, sofreu muitas tribulações; por isso a Igreja o
considerou como figura de Cristo padecente. Além disso, profetizou a
nova e eterna Aliança que havia de consumar-se em Cristo Jesus, pelo
qual o Pai omnipotente escreveria a sua lei no íntimo do coração dos
filhos de Israel, de modo que Ele mesmo fosse o seu Deus e eles fossem
o seu povo.
3. No território de Viviers, na hodierna França, Santo Andéolo, mártir. (†
data inc.)
4. Na Hispânia meridional, a comemoração dos santos Torcato, bispo de
Guádix, e outros seis bispos de diversas cidades, a saber: Ctesifonte em
Berja, Segundo em Ávila, Indalécio em Almeria, Cecílio em Elvira,
Hesíquio em Carcesa e Eufrásio em Andújar. († data inc.)
5. Em Auxerre, na Gália, hoje na França, Santo Amador, bispo, que
procurou erradicar da sua cidade as superstições pagãs e instituiu o
culto dos santos mártires. († 418)
6. Em Auch, na Aquitânia, também na atual França, Santo Orêncio, bispo,
que se esforçou por exterminar na sua cidade os costumes dos pagãos
e estabelecer a paz entre os Romanos e o rei dos Visigodos em
Toulouse. († c. 440)
7. Na Bretanha Menor, também na hodierna França, São Brioco, bispo e
abade, natural do País de Gales, que fundou um mosteiro no litoral da
Armórica, posteriormente elevado à dignidade de sede episcopal. († c.
500)
8. Em Saint-Maurice-en-Valais, na Récia, atualmente na Suíça, o
sepultamento de São Segismundo, rei da Borgonha, que, convertido da
heresia ariana à fé católica, ali instituiu um grupo de cantores para
entoar salmos ininterruptamente diante dos sepulcros dos mártires,
expiou com penitência, lágrimas e jejuns um delito cometido e
31
LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C

encontrou a morte no território de Orléans, onde foi afogado num


poço pelos adversários. († 524)
9. Numa ilha da Bretanha Menor, atualmente na França, São Marculfo,
eremita, depois monge e abade do mosteiro de Nanteuil. († c. 558)
10. Em Llanelwy, no País de Gales, Santo Asafo, abade e bispo da sede
posteriormente designada com o seu nome. († s. VI f.)
11. Em Gap, na Provença, região da Gália, hoje na França, Santo Arísio,
bispo, célebre pela sua paciência nas adversidades, pelo zelo contra os
simoníacos e pela caridade para com os monges romanos enviados à
Inglaterra. († 604)
12. No território de Montauban, na Gália Narbonense, também na actual
França, o passamento de São Teodardo, bispo de Narbonne, que
restaurou a sua igreja catedral e resplandeceu pelo seu diligente
magistério. Atingido pela enfermidade, retirou-se num mosteiro, onde
entregou a sua alma a Deus. († 893)
13. Em Fossombrone, no Piceno, hoje nas Marcas, região da Itália, o Beato
Aldebrando, bispo, ilustre pela sua vida austera e espírito apostólico. (†
1170)
14. Em Arouca, localidade de Portugal, a Beata Mafalda de Portugal,
virgem, cuja memória se celebra em Portugal no dia 20 de junho,
juntamente com a das suas irmãs Sancha e Teresa. († 1257)
15. Em Montaione, na Etrúria, hoje na Toscana, região da Itália, o Beato
Vivaldo de São Geminiano, eremita da Ordem Terceira de São
Francisco, insigne pela austeridade de vida, paciência e caridade na
assistência aos enfermos. († c. 1320)
16. Em Castello di Valle d’Ístria, cidade da Ístria, hoje Bale, cidade da
Croácia, o Beato Juliano Cesarello, presbítero da Ordem dos Menores,
que andava por cidades e aldeias anunciando a palavra de Deus e
acalmando as discórdias dos cidadãos. († c. 1349)
17. Em Forli, na Emília, hoje na Emília-Romanha, região da Itália, São
Peregrino Laziósi, religioso da Ordem dos Servos de Maria, que, em
consonância com a sua condição de servo da Mãe de Deus, se tornou
insigne na piedade para com o seu Filho Jesus e na solicitude pelos
pobres. († 1345)
18. Em Moncel, no território de Beauvais, na França, a Beata Petronila,
virgem, primeira abadessa do mosteiro das Clarissas deste lugar. (†
1355)
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LITURGIA – 01 de maio de 2016 – ANO C

19. Em Roma, dia natal de São Pio V, cuja memória é celebrada na véspera
deste dia. († 1572)
20. Na fortaleza de San-Tay, no Tonquim, hoje no Vietnam, Santo
Agostinho Schoeffler, presbítero da Sociedade das Missões Estrangeiras
de Paris e mártir, que, depois de três anos de ministério apostólico, foi
metido no cárcere e, por ordem do imperador Tu Duc, decapitado no
chamado Campo das Cinco Geiras, assim recebendo a graça do martírio
que todos os dias pedia a Deus. († 1851)
21. Em Nam-Dinh, também no Tonquim, São João Luís Bonnard, presbítero
da mesma Sociedade e mártir, que, condenado à morte por ter
batizado vinte e cinco crianças, foi decapitado e assim alcançou a coroa
do martírio. († 1852)
22. Em Milão, na Itália, São Ricardo (Hermínio Filipe) Pampúri, que, depois
de ter exercido generosamente a medicina na vida secular, ingressou
na Ordem Hospitaleira de São João de Deus e, passados cerca de dois
anos, adormeceu piedosamente no Senhor. († 1928)
23. Em Vladimir, cidade da Rússia, o Beato Clemente Steptyckyj, presbítero
e mártir, que foi prior do mosteiro estudita da cidade de Univ e, no
tempo dum regime hostil a Deus, perseverando firme na fé, mereceu
habitar nas moradas celestes. († 1951)

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