Você está na página 1de 423
iui aaeree ae | (6-083:6/6-35 wee 835646 WEN | aes BB ‘ Fundamentos de Enfermagem de Satide Mental Kathy Neeb, RN, BA Instructor, Practical Nursing Program Minneapolis Technical College Minneapolis, Minnesota ESCOLA SUPERIOR 33 aettoa 2 of oeg-e8 Lusociéncia J DE DEV: Zz 2 FA. Davis Company 1915 Arch Street Philadelphia, PA 19103 Copyright © 1997 por F. A. Davis Company Produtor de Enfermagem: Robert G. Martone Editor de Enfermagem: Alan Sorkowitz Produtor de Edigdo: Roberta Massey Designer da Capa: Steven Ross Morrone Direitos reservados para a Lingua Portuguesa ®, 2000 LUSOCIENCIA - Ediges Técnicas e Cientificas, Lda. Titulo do original em Inglés: Fundamentals of Mental Health Nursing Titulo em Portugués: Fundamentos de Enfermagem de Satide Mental Tradugdo e Reviséo Técnica: Gabriela Mouga Fernandes Maria da Graca Vinagre Olga Ferreira Sofia Fonseca Ribeiro Fotocomposi¢ao: Lusociéncia Impresséo e acabamento: SIG - Sociedade Industrial Grafica, Lda. 2685-466 CAMARATE, LUSOCIENCIA ~ Edigdes Técnicas e Cientificas, Lda., Rua Dario Cannas, 5-A ~ 2670-427 LOURES ‘Telefone: 21 983 98 40 — Fax: 21 983 98 48 ISBN: 972-8383-14-2 Depésito Legal n.° 147 517/00 A medida que 6 disponibilizada nova. informaco através de investigacao essencial ou clinica, as terapias e a terapéutica medicamentosa ficam sujeitas a alteragdes. O autor ¢ o editor desenvolveram todos os esforgos para que este livro seja rigoroso, actualizado e de acordo com os padrdes aceites no momento da sua publicagao. © autor e os editores nao sdo responsaveis por erros ou omissdes ou por consequén. cias da aplicagao deste livro, e nao concedem garantia, implicita ou explicita, relati vamente aos contetidos do livro. Qualquer pratica descrita neste livro deve ser apli- cada pelo leitor de acordo com os padrées de exerc{cio profissional aplicaveis em cada situagdo. Recomenda-se ao leitor que, antes da administracdo de terapéutica, verifi- que e procure sempre as alteraghes e nova informagéo sobre o produto. Isto é parti- cularmente importante quando se utilizam medicamentos novos ou de uso pouco frequente. Reservados todos os direitos. Este livro estd protegido por copyright. Nenhuma parte pode ser reproduzida, armazenada em sistema de processamento, ou transmitida Sob qualquer forma ou meio, incluindo 0 electrénico, meeénico, fotocdpia, gravagao, sem autorizacao prévia e escrita do editor. Este livro 6 dedicado as pessoas especiais da minha vida: Aos meus pais Greg e Lila: Jé partiram mas nAo serdo esquecidos. Obrigada! Aos formadores, utentes, estudantes e colegas que tém sido, até hoje, parte da minha carreira: Aprendi com cada um de voces. A minha irmé e irméos, Beth, Paul, e Dave: A propésito ... alguém chegou a responder ao pica-pau ? Aos outros familiares e amigos: Nos vivemos, rimos, e crescemos juntos (Mary... talvez agora eu vd para o Norte!) Ao Squeaker e ao Zoomer : A minha “familia peluda de quatro patas” que tao pacientemente se aninhou junto a minha cadeira do computador ( e ocasionalmente se sentaram no teclado) durante o decorrer deste projecto... e a0 seu ante- cessor, Kirby John. Ao Mike: Pelo seu gosto extraordindrio quanto a autores e quanto a miisi- ca, pela sua alma, sabedoria, pelo seu insight e humor e, como sempre, por me ter dado todas as respostas certas! As Ex." Tradutoras e Revisoras Técnicas, ao pessoal da Fotocomposigéo, bem como a todos os que deram o melhor do seu esforgo para que este livro possa servir aos Profissionais de Saude a quem se destina como elemento de trabalho ou de estudo, os meus sinceros agradecimentos, O Editor By Prefacio Ja hé alguns anos que os meus estudantes na pratica de enfermagem, tem vindo a trabalhar com livros sobre enfermagem de satide mental. A informagao nesses documentos, embora interessante e concreta, tem mostrado ser especifica e muito além do ambito do exereicio do licensed practical /vocational nurse. ‘Muitos dos estudantes neste nfvel de preparacdo nao tém a oportu- nidade de ter uma experiéncia clinica em savide mental e, de facto, mui- tos deles nao sao colocados em unidades psiquidtricas. Aquilo que o LPN/ LVN experiéncia no campo da satide mental 6, efectivamente, aprendido, durante o trabalho por turnos, em servigos de medicina e cirurgia. Como tal, um dos objectivos deste livro 6 fornecer a informagao essencial na drea da satide mental que possa ser utilizada, com maior facilidade e rigor, pelo enfermeiro em servigos de medicina e cirurgia. A Psicologia € 0 estudo da mente. Existem muitas subdivisdes ¢ especialidades nesta drea. S40 mais de 50 as terapias e as teorias relativas ao desenvolvimento da personalidade. O cérebro é um érgéo extraordindrio, a sua influéncia na satide e na doenga 6 enorme. & importante que os enfermeiros reconhegam a ligagdo mente-corpo, exis- ‘ ~ tente em cada pessoa. As variagées no diagnéstico e tratamento das perturbagdes de satide mental serdo tantas quantos os doentes que as apresentam. Este livro tenta esclarecer algumas das relagdes mais comuns entre as doengas fisicas/perturbagées psicoldgicas e os respectivos pro- cessos de tratamento. Muitos dos capftulos apresentam situagées ou estudos de caso ficticios, pelo que, qualquer semelhanga com uma determinada situagéo individual, ser pura coincidéncia. Ao realizar os exercicios propostos, os estudantes terdio a oportunidade de simular cuidados a prestar aos utentes em situagdes com os quais se confron- taro durante a sua pritica clinica. © segundo objectivo deste livro consiste em transmitir a ideia de como sao ilimitadas as possibilidades no mundo da psicologia. Nao é uma ciéncia pura; sio muitas as teorias e poucas as respostas abso- lutas, As possibilidades s&o infinitas. E importante alargar os horizon- tes do pensamento; estar aberto a diferentes ideias e potenciais que esto presentes no todo dos individuos com quem trabalhamos. Pro- curar-se-4 desenvolver 0 pensamento conceptual e abstracto, questio- nando “E se ...?” vil Le viii * Fundamentos de Enfermagem de Satide Mental Optei por “personalizar” muito este texto e filo por duas razdes. Em primeiro lugar, desejo que o livro surja como uma conversa ou uma agradavel leitura e discussdo. Em segundo lugar, desejo condu- zir-vos, enquanto estudantes, a constatagdo de que sao ( ou virdo a ser, em breve) enfermeiros! Muito em breve, as situacdes e acgdes aqui apresentadas serao experienciadas no decorrer da vossa pratica de enfermagem; ao personalizar 0 texto e os exercicios de pensamento critico, espero que cada um de vés, se coloque na situagao de “enfer- meiro virtual’ | ~ E domo se tratasse de uma jornada na grande viagem da psicolo- gia. E tima excurséo dificil, desafiante e extremamente interessante. Quero desejar a cada leitor uma agraddvel viagem! Para o formador, este livro poderé ser complementado com mate- rial especifico também disponivel em versio informatizada. Ethel Avery, Rn, MSN, EdS Instructor H. Council Trenholm State Technical College Montgomery, Alabama Sharon M, Erbe, RN, BSN, MSN(o) Nursing Coordinator WSWHE BOCES Hudson Falls, New York Gloria Ferritto, RN, BSN, PHN Assistant Director, Vocational Nursing Program Maric College Vista California Frances Francis, RN, ADN, BS Pratical Nursing Instructor Hazard Regional Technology Center Hazard, Kentucky Nancy TT. Hatfield, RN, BSN, MA Instructor, Pratical Nursing Program Career Enrichment Center Albuquerque Public Schools Albuquerque, New Mexico Christine D. Herdlick, RN, Ba Nursing Instructor Marshalltown Community College Marshalltown, Iowa Phyllis Lilly, Rn, BSN Instructor Isabella Graham Hart School of Pratical Nursing Rochester General Hospital Rochester, New York X * Fundamentos de Enfermagem de Satide Mental Betty Richardson, RN, PhD, LPC, LMFT, CS, CNAA Instructor, Practical Nursing Program Austin Community College ‘Austin, Texas Judy Stauder, RN, MSN Coordinator Practical Nursing Program of Canton City Schools Canton, Ohio Capitulo wow ko oe naa 10 ay 12 13 14 15, 16 a7 18 19 20 21 » 22 Sumario Histéria da Enfermagem de Satide Mental Bases da Comunicagao A Eitica e a Lei Psicologia do Desenvolvimento ao Longo do Ciclo de Vida Influéncias Socioculturais em Satide Mental Coping e Mecanismos de Defesa Processo de Enfermagem em Satide Mental Tratamento das Perturbagdes de Saude Mental Alteragdes da Satide Mental Perturbagdes de Ansiedade Perturbagdes do Humor Perturbagées da Personalidade Esquizofrenia Perturbagdes Mentais Organicas (Delirium e Deméncia) O Perturbagdes Somatoformes Perturbagdes Relacionadas com 0 Abuso de Substancias Téxicas Perturbagées do Comportamento Alimentar Suicidio Populagéo Idosa Os Sem-abrigo Vitimas de Abuso Perturbagées Dissociativas 13° 41 103 115 139 177 185 199 213 227 241 257 267 (285 297 325 329 345 a xii + Fundamentos de Enfermagem de Satide Mental Bibliografia Apéndice A Respostas e Justificagbes Apéndice B Lista Parcial de Instituigdes de Ajuda a Individuos em Risco de Satide Mental Apéndice C — Organizagdes que Apoiam a Pratica de Enfermagem Apéndice D Classificagéo do DSM-IV Apéndice E Padres da Pratica de Enfermagem Glossério 361 385, 387 389 405 41 Capituto 1 Histéria da Enfermagem de Satide Mental OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM 1, Identificar os principais autores na area da enfermagem de satide mental. 2, Conhecer os principios basicos ou teorias dos principais autores em enfermagem de saude mental. 3. Definir trés tipos de instituig6es de tratamento. 4, Identificar trés dos avangos na area da enfermagem de satide mental 5. Identificar as principais leis e suas especificidades que influenciam a enfermagem de satde mental. TERMOS CHAVE ‘American Nurses Association National League of Nursing Centros Privados de Tratamento Nurse Practice Act Desinstitucionalizagao Padrées de Cuidados Hospicio Psicotrépico Hospital Os Pioneiros Durante séculos, as pessoas tém atribuido significados muito diferen- tes aos enfermeiros'. Temos que agradecer as enfermeiras que cozi- nharam, limparam e prestaram assisténcia aos que combateram nas nossas batalhas. Muito antes de conhecermos 0 que eram os microorganismos aer6bios ou-anaerébios, j4 as enfermeiras sabiam quando abrir ou 1 NT: opta-se pela tradugdo do termo nurse pela palavra enfermeiro seguin- do assim 0 uso comum em portugués. No entanto, neste capitulo utilizar-se-4 enfermeiras quando referente as pioneiras da profissio. 2 * Fundamentos de Enfermagem de Satide Mental fechar as janelas. As enfermeiras ajudaram as mulheres a dar a luz e cuidaram dos seus filhos quando as maes estavam incapacitadas ou morriam durante ou apés 0 parto. As primeiras hospedeiras de voo foram enfermeiras. Durante séculos, os enfermeiros tém-se ocupado a cuidar de pessoas, mas nem sempre o fizeram tao tranquilamente. Quem foram os enfermeiros que correram riscos? Quem foram os que falaram em nome do utente e da profissdo? Nos tempos em que a enfermagem era considerada como sendo apenas “uma profissdo de mulheres” e quando as mulheres nao eram politicamente activas, a maioria dos pioneiros foram mulheres. Florence Nightingale Florence Nightingale (1820-1910) tem sido apelidada como a fundado- ra da enfermagem. A sua histéria e os seus contributos sao suficien- temente numerosos para escrever muitos volumes. Nasceu num am- biente de bem-estar e recebeu uma educacio elevada . Era muito nova quando se apercebeu que queria ser enfermeira, 0 que nao agradou aos seus pais. As condigdes nos hospitais eram més e os seus pais queriam que ela seguisse a vida como esposa, mie e mulher da socie- dade. Florence trabalhou duramente para aprender a arte e a ciéncia de enfermagem. Com o seu apelo para ajidar os soldados britanicos na guerra da Crimeia, tornou-se respeitada no mundo como enfermeira e gestora. Nao foi uma tarefa facil, pois muitos soldados em Scutari desconsideravam a sua inteligéncia e fizeram o possivel para minimizar o valor do seu trabalho. Mas gragas as suas observagées e persisténcia a relagdo entre as condigdes sanitarias e os aspectos curativos passou a ser considerada. Passados 6 meses da sua estadia em Scutari, a taxa‘de mortalidade baixou de 42,7% para 2,2% (Donahue, 1985, p. 244). Ela defendeu uma iluminagao, dieta, higiene e recriagéo adequadas; compreendeu, mesmo nessa altura, que a mente e 0 corpo actuam em conjunto e que os aspectos da higiene precedentes das técnicas de assepsia actuais, foram a maior barreira para a infecedo e os grandes responsdveis pela promogéo da cura. Observava e registava cuidadosamente as mudan- gas na situagao de satide dos soldados, um cuidado que a tornou co- nhecida como “ The Lady with the Lamp” ( do poema “Santa Filomena”, H.W. Longfellow). Acima de tudo foi uma defensora da melhoria dos cuidados e condigées nos hospitais militares e civis da Gra-Bretanha. Entre os seus livros citam-se Notes on Hospitals (1858), que dizia respei- to relacdo entre as condigées sanitdrias e as instalagées; Notes on Nursing (1859), que foi o livro de enfermagem mais respeitado da época; e Notes on Matters Affecting the Health Efficiency and Historia da Enfermagem de Saude Mental * 3 Hospital Administration of the British Army (1857) (Donahue, 1985, p. 248). © primeiro programa formal de ensino para enfermeiras, na Nightingale School for Nurses,, teve inicio em 1860. Os objectivos da escola eram preparar enfermeiras para trabalhar em hospitais, para trabalhar com os pobres, e para ensinar . Daqui resultou que os estu- dantes cuidavam das pessoas em suas casas, uma ideia que ainda hoje continua a ter adesdo e a criar oportunidades profissionais para os enfermeiros. Florence Nightingale morreu com 90 anos de idade. Que modelo! Dorothea Dix Dorothea Dix (1802-1887) nao era de facto enfermeira, mas uma edu- cadora. Acreditava que as pessoas nao precisavam de viver em sofri- mento e que a sociedade, em geral, tinha a responsabilidade de ajudar os menos afortunados. A sua principal preocupacéo consistiu em cui- dar dos criminosos e dos doentes mentais. Nao sé lutou, nos Estados Unidos e no Canada, pelo aperfeigoamento dos padrées de cuidados para os doentes mentais como também foi ainda mais longe ao sugerir que os governos tivessem um papel activo prestando ajuda através do financiamento, alimentagdo, abrigo, e outras areas de necessidades. Ela compreendeu que muitos criminosos eram também doentes men- tais, uma teoria que ainda hoje é sustentada em diversos estudos. Gragas aos esforgos de Dorothea Dix, 32 estados desenvolveram hos- picios ou “hospitais psiquidtricos” destinados ao tratamento de doen- tes mentais. Existe um monumento em sua honra e em honra dos seus esforgos no Women’s Heritage Trial em Boston. Linda Richards Enquanto Dorothea Dix trabalhava para obter ajuda politica no cam- po da satide mental, a enfermeira Linda Richards (1841-1930) Iutava para obter uma formacdo de nivel superior em enfermagem. Foi a primeira a obter o titulo de American-trained nurse, e em 1880 fundou uma escola para ensinar a especialidade dos cuidados aos doentes mentais. Por volta 1890, mais de 30 hospicios no pais, tinham fundado escolas para enfermeiras. Linda Richards foi das primeiras enfermei- ras que ensinou e trabalhou seriamente no planeamento e desenvol- vimento dos cuidados de enfermagem. Em cooperagéo com a American Nurses Association(ANA) e com a National League for Nursing, ela contribuiu para o desenvolvimento de livros técnicos especializa- dos para enfermeiras, estabelecendo objectivos para o ensino da enfer- magem e para os cuidados aos doentes. 4» Fundamentos de Enfermagem de Satide Mental Harriet Bailey O primeiro livro técnico dirigido a enfermagem psiquidtrica foi escrito em 1920 por Harriet Bailey. Mary Mahoney Mary Mahoney (1845-1926) é considerada por muitos como sendo a primeira enfermeira profissional negra. Os seus contributos residem principalmente nos cuidados domicilidrios e na promogo da aceita- gdo dos negros no campo da enfermagem. Um prémio em seu nome % dado anualmente na convencao da ANA a alguém que tenha traba- Thado para promover a igualdade de oportunidades para minorias étnicas em enfermagem. Durante a sua carreira foi necessdrio abrir escolas de enfermagem sé para estudantes negros porque eram ex- clufdos das escolas para populagao caucasiana. Duas dessas escolas foram o Spelman Seminary em Atlanta, e o Tuskegee Institute, em Alabama. ‘$6 em 1937 as experiéncias clinicas em satide mental comegaram a ser integradas na formagao dos enfermeiros. Hoje, estas experién- cias so indispensdveis a formagdo nos cursos de professional e registered nursing, mas os estudantes de practical ou vocational nursing apenas contactam com a teoria de satide mental ou fazem curtas expe- riéncias de observagdo em situagdo clinica. Em 1955, a teoria relacio- nada com a enfermagem de satide mental tornou-se um requisito para a obtencdo de licenga de exereicio para todos os enfermeiros. Hildegard Peplau A Dr-* Hildegard Poplau é considerada uma enfermeira de vanguarda no seu tempo. Ela defende que a enfermagem é multifacetada e que 0 enfermeiro deve contribuir para a educagao e a promogéo do bem estar, bem como prestar cuidados aos doentes. No seu livro Interpersonal Relations in Nursing (1952), ela reuniu algumas teorias interpessoais da psiquiatria e fundiu-as com teorias da enfermagem e da comunica- go. Afirma que a enfermeira trabalha na sociedade, nao somente num hospital ou num centro de satide, e que deve utilizar todas as oportu- nidades para educar 0 ptiblico e adoptar modelos de desempenho de satide fisica e mental. Peplau propde que enfermeiro seja: 1. Pessoa de recurso — fornece informagao 2. Conselheiro — ajuda os doentes a explorar os seus pensamentos e sentimentos Historia da Enfermagem de Satide Mental + 5 3. Substituto ~ pelo desempenho do seu papel, ou por outros meios, ajuda 0 doente a analisar e identificar sentimentos do passado 4, Apoio técnico — coordena servigos profissionais (Peplau, 1952) Além disso, a autora defende a construgdo de uma relagao tera- peutica de colaboragdo entre o enfermeiro e 0 doente. Ela perspectiva quatro estadios nesta relagdo (Peplau, 1952): 1. Orientagao - 0 doente sente necessidade e desejo de procurar ajuda. 2. Identificagéo - sao identificadas as expectativas e percepgdes re- lativas relagéio enfermeiro-doente. 3. Exploragdo- 0 doente comega a revelar motivagao pelo processo de resolugdo de problemas, mas podem notar-se alguns compor- tamentos de desafio; 0 doente pode sentir necessidade de “testar” o empenho do enfermeiro perante a sua situacao pessoal. 4, Resolugao- a atengao centra-se no desenvolvimento da capacidade de auto-responsabilizagao e revela crescimento pessoal do doente. Em 1954, 0 primeiro curso de enfermagem de nivel graduado foi desenvolvido pela Dr.* Peplau na Rutgers University e destinava-se & formagéo de enfermeiros especialistas em enfermagem psiquidtrica. Hattie Bessent No inicio dos anos 80, o National Institute of Mental Health concedeu financiamentos para a educagio e investigacado de um pequeno nume- ro de enfermeiros que optaram por pés-graduagées ao nivel de Masters e Physicianate, O mérito pelo desenvolvimento e gestéo desse progra- ma foi atribuido a Hattie Bessent. As Instituigées Em toda a parte existem pessoas que tém doengas mentais; os dados estat{sticos indicam que um em cada trés americanos vird a ter algu- ma perturbagéo mental em determinada altura da sua vida. Os “pio- neiros” compreenderam que as perturbagbes de satide mental sao di- ferentes das doengas médico-cirigicas. Perceberam que a mente de cada pessoa 6 verdadeiramente tnica e que como tal os enfermeiros necessitavam de formagdo e treino especfficos para aquelas perturba- ges. Visando satisfazer aquelas necessidades, foram tomadas medi- das para a melhoria da qualidade dos cuidados desses doentes. No entanto, isso ndo bastava e tornou-se evidente que, muitas vezes, as 6 + Fundamentos de Enfermagem de Satide Mental pessoas com perturbagées mentais eram melhor atendidas em institui- gOes especializadas. Hospicios Estas instituigdes especializadas cram designadas como hospicios e Webster define-as como “1. local de seguranga, reftigio; 2. primeiro nome de uma instituicéio para doentes mentais, érffios, idosos...” (Merrian- Webster, 1979). Os doentes eram frequentemente tratados abaixo dos padrées humanos, encontravam-se sob custédia da instituigao mas eram, com frequéncia, pesadamente medicados. Os cuidados fisicos e de alimen- taedo eram minimos e os doentes eram, muitas vezes, postos & disposi¢go para vérias formas de experimentagdo e investigagdo. Hospitais Com o evoluir das instituigdes de tratamento, o termo “hospicio” e as conotagées a ele associadas tornaram-se impopulares. Até a aprovacao do Community Mental Health Act, em 1963, grande parte do aloja- mento destes doentes cabia aos servigos hospitalares estatais. Hoje, este tipo de instituigao é intitulada de hospital, ou centro de trata- mento, ou pode ser ainda conhecida pela sua denominagio especifica, tal como o Betty Ford Center . Os hospitais recebem os doentes com necessidades psicolégicas de acordo com a dimensao da prépria insti- tuigdo e seus recursos. Para respeitarem os regulamentos relativos as questées de satide mental, as comunidades mais pequenas podem atender estes doentes nos “servigos de urgéncia” e depois encaminhé- los para outros servigos ou hospitais, As comunidades suficientemen- te grandes para suportarem programas de satide mental podem pres- tar cuidados no domicflio, assim como em consultas externas manten- do a continuidade de cuidados. Nas dreas metropolitanas prestam-se cuidados, muitas vezes, através de diferentes opgées que incluem hos- pitais e centros privados de tratamento. Instituigées privadas Centros privados de tratamento podem ser designados centros de desintoxicagio, centros de crise, ou termos semelhantes. Eles prestam cuidados varidveis no momento da crise ou em estadias mais tradicio- nais de 21 dias. Isto depende, em grande parte, da dimensiio e neces- sidades da comunidade, Voltaremos a debater algumas questées acer- ca dos tipos de instituigdes de tratamento, mais adiante, na secgdo “As Leis” onde serao abordados. Histéria da Enfermagem de Satide Mental * 7 Os Avangos Ao longo do século XIX e infcio do século XX , foram feitos progressos no que diz respeito ao desenvolvimento humano e tratamento eficaz das doengas mentais. Os enfermeiros, com todo o conhecimento dispo- nivel & profisséio, sempre foram pensadores de vanguarda proporcio- nando cuidados especializados as pessoas que, desafortunadamente, apresentam uma perturbagdo de alguma forma diferente de outras que ocupam os hospitais, tais como a tuberculose, a varicela ou a gripe. Contudo, havia uma grande diferenga na medida em que exis- tiam medicamentos para ajudar o tratamento dessas doencas. Até entéo, nao tinha sido descoberta ajuda farmacologica para as pessoas com perturbagées emocionais, comportamentais ou cerebrais. Eis que vieram os anos 50. Terapéutica Psicotrépica Os investigadores encontravam-se entdéo a experimentar combinagdes de quimicos ¢ os seus efeitos nas pessoas. Em 1955 foi descoberto, um grupo de medicamentos psicotrépicos, as fenotiazinas, tendo 0 efeito de acalmar e tranquilizar as pessoas. Abriu-se um mundo de possibi- lidades para as pessoas que apresentam determinadas perturbagées mentais e para aqueles que delas cuidam! Subitamente, era possfvel, até certo ponto, controlar o comportamento e, os doentes eram capazes de ser mais independentes. Outras formas de terapia tornaram-se mais eficazes porque os doentes tinham maior capacidade de concen- tragdo. Alguns melhoraram de tal forma que j4 nao se justificava a continuagao do seu internamento e dependéncia de outros. Entre a década de 50 e a de 70, 0 ntimero de doentes hospitalizados com doengas mentais nos Estados Unidos diminuiu, aproximadamente para metade, principalmente devido a utilizagéo dos medicamentos psico- trdpicos. Desinstitucionalizagao A utilizagao das fenotiazinas tornou-se tao eficaz que os hospitais estatais assim como outras instituigdes dedicadas ao tratamento de pessoas com perturbagies mentais assistiram a um grande dectinio nas admissées. Tornou-se caro gerir estes grandes edificios e continuar a empregar pessoal. A combinagao destes efeitos assim como as novas leis referentes aos cuidados com doentes mentais resultou num movi- mento chamado desinstitucionalizagao, Pessoas que anteriormente tinham necessitado de longas estadias hospitalares eram agora capa- zes de deixar as instituigdes e regressar as suas comunidades e as 10 + Fundamentos de Enfermagem de Saide Mental to. Infelizmente, com as actuais perturbagdes nos seguros e no sistema de prestagiio de cuidados de satide, os beneficios em termos de sade mental so, muitas vezes, os primeiros a ser reduzidos ou eliminados. A Patient Bill of Rights Em 1980, a imagem do doente estava a mudar. O Movimento dos Direitos Civis dos anos 60 estava a abrir caminho para o reconhe- cimento dos direitos a todos os grupos populacionais. Os doontes estavam a comegar a ser identificados como “clientes/utentes” que adquiriam/obtinham servigos de satide fornecidos por profissionais de satide. Pessoas muito jovens ou muitos idosas, pessoas com certas dificuldades fisicas, intelectuais ou de comunicacdo tornaram-se poli- ticamente reconhecidas como “vulneraveis.” O resultado foi o desen- volvimento da Patient Bill of Rights (Declaracao dos Direitos dos Doentes), que serd discutida com mais detalhe no Capitulo 3. 1 Conceitos Chave e . A enfermagem de satide mental tem uma historia longa e rica. Ela evoluiu desde as competéncias mais rudimentares, anterio- res a Florence Nightingale, até & enfermagem especializada que temos hoje. po . Os utentes que apresentam uma perturbacdo mental s4o trata- dos em diferentes instituigdes, dependendo do diagnéstico e da disponibilidade de cuidados naquela comunidade em particular. ~ . Os anos 50 foram importantes para toda a organizacio da satide mental, Foram desenvolvidos os primeiros medicamentos psico- trépicos, tornando possivel que as pessoas regressassem as suas casas e comunidades (desinstitucionalizagao). Estes medicamen- tos permitiram também que outras formas de tratamento fossem utilizadas com maior eficdcia. 4. Os enfermeiros de qualquer nivel de preparagao sto parte inte- grante da equipe de cuidados de satide. As observagoes, registos e capacidades de relagdo interpessoal so instrumentos impor- tantes na eficdcia dos cuidados ao doente. 5. Uma série de leis dos tiltimos 50 anos tém proporcionado dinhei- ro, formacao, investigacao e aperfeicoamento dos euidados aos doentes mentais. Com as dificuldades nos seguros e organizagao dos cuidados de satide nos anos 90, existe uma tendéncia para reduzir 0 dinheiro e servigos destinados ao tratamento dos doen- tes mentais. | gn tenn p j i | | | } | | i Hist6ria da Enfermagem de Saude Mental + 11 Referéncias Donahue, MP (1985). Nursing, the Finest Art. St. Louis: CV Mosby. Merriam-Webster (1979). Webster’s New World Dictionary. New York: Merriam- Websier. Peplau, HE (1952). Interpersonal Relations in Nursing. New York : GP Putnam’s sons, GQrncnans CRITICO EXERCICIOS 1. Os “pioneiros” eram pessoas que corriam riscos. Uma das responsabili- dades profissionais da enfermagem é tentar restituir algo 4 nossa profis- so. Como é que pode tornar-se num pioneiro? Que direcgao deve tomar a enfermagem como um todo para se fortalecer enquanto profisséo? Que critérios serao importantes para decidir qual o nivel de formagao do enfermeiro para ser especialista em satide mental? 2. As leis dizem que as pessoas com perturbagées mentais devem ser tratadas usando a alternativa menos restritiva. A desinstitucionalizagéo permite a estas pessoas viver entre nés em comunidade. Considere o seguinte cenério: a sua cidade acaba de adquirir a casa ao lado da sua, € planeia transformd-la num centro de dia para mulheres que tenham cometido abuso de menores. Vocé é mae de uma crianga com 3 anos de idade e 6 também enfermeira de satide mental. O que faria? O que pensa sobre esta situagdo? Quais sao os seus sentimentos face a situagao? 3. A sua entidade empregadora anunciou que a instituigao vai mudar de politica quanto ao seguro de satide. Sera proporcionada uma certa verba para utilizar em beneficios no seguro de satide. Os trés servigos entre os quais pode escolher propéem cobertura familiar ou servigos de satide mental. Vocé 6 pai solteiro tem dois filhos pré escolares, e foi-Ihe diagnosticada uma depressao bipolar para a qual necesita de medica- a0, terapia e hospitalizagao periddica. O que escolheria? 4 Questionario de Avaliagéo 1. objectivo principal da desinstitucionalizagao é: ‘A. Deixar todos os doentes mentais tomarem conta de si pré- prios. B, Devolver o maximo possivel de pessoas vida “normal” C. Manter todas as pessoas mentalmente doentes fechadas em instituigdes. D. Fechar todos os hospitais comunitérios. 12 * Fundamentos de Enfermagem de Sade Mental 2. Outra descoberta dos anos 50 que assistiu ao movimento da | desinstitucionalizagao foi: y A. O Community Mental Health Centers Act. | B. O Nurse Practice Act ©. O desenvolvimento da medicagéio psicotropica D. A terapia por electrochoques 3. O conjunto de regras que dita o ambito da prdética de enfermagem chama-se: a) National League of Nursing b) American Nurses Association ¢) Patient Bill of Rights. d) Nurse Practice Act Capitulo 2 Bases da Comunicacéo OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM 1. Identificar trés elementos necessarios a comunicagao. 2. Diferenciar a comunicagao eficaz da ineficaz 8. Identificar seis tipos de comunicagéo 4, \dentificar cinco obstdculos para a comunicagao. 6. .. Identificar obstaculos mais frequentes & comunicagéio terapéutica 6. Identificar técnicas mais frequentes de comunicagao terapéutica 7. Identificar cinco técnicas aumentativas/alternativas de comunicagao 8. Definir termos chave TERMOS CHAVE Afasia Ineficaz Agressiva Laringectomia Assertiva Mensagem Comunicagao Nao verbal Deficiéncia auditiva Obstaculo Deficiéncia visual Receptor Disfasia Terapéutica Eficaz Verbal Emissor Os seres humanos comunicam. Tudo o que fazemos ou dizemos tem uma mensagem ou significado, Por vezes, as palavras e as acces tém diferentes significados para diferentes pessoas. Por exemplo: A Sara e o Jaime encontram-se de manha para uma reuniao. Os olhos da Sara 13 14 + Fundamentos de Enfermagem de Satide Mental esto vermelhos ¢ inchados, e ela esta estranhamente calada. O Jaime pergunta-lhe se tem algum problema e ela responde, “nao, estd tudo bem”. O Jaime observou algumas mudangas na sua aparéncia e no comportamento de Sara, mas esta comunicou verbalmente que nada de errado se passava. O que é que esta a ser realmente comunicado? ‘As pessoas comunicam de forma diferente consoante a cultura, 0 sexo ou quando apresentam alguma deficiéncia como a deficiéncia auditiva. Os profissionais de satide comunicam de modo diferente das pessoas do meio empresarial. Nés comunicamos a todo o momento em tudo 0 que fazemos. A comunicagiio é um processo ininterrupto. Teoria da Comunicagao Emissor, Receptor e Interpretagéo da Mensagem A comunicagao é um processo que requer trés elementos: um emissor (Sara), uma mensagem, e um receptor (Jaime). Isso significa que 0 emissor apenas é parcialmente responsével pela comunicagao. A Sara néo consegue controlar totalmente a interpretagéio que o Jaime faz da sua mensagem. Como se viria a confirmar a Sara é vitima de graves alergias. Ela tinha visitado uma amiga que tem gatos e como é alér- gica a estes animais, a vermelhiddo e o inchaco dos olhos eram as manifestagbes dessa alergia. Ela simplesmente ndo quis preocupar 0 Jaime, durante a reunido, com o seu problema optando assim por responder que “estava tudo bem”, © que 6 que pensou que estava a ser comunicado no exemplo dado? Em que é que baseou a sua opiniao? O que é que foi mais “relevante” para si: as palavras da Sara ou o seu comportamento e aparéncia? Qual é o perigo de colocar esta hipétese acerca da mensa- gem da Sara? E muito importante para o emissor e para o receptor a dupla verificagao da mensagem. Em enfermagem, isto é ainda mais impor- tante, pois ao utilizarmos a linguagem “profissional”; quando trata- mos da satide e seguranca dos nossos utentes, temos de estar muito seguros de que nao existem mensagens “confusas” ou “perdidas”. Tipos de Comunicagao Comunicagao Verbal e Escrita A comunicagao verbal 6 0 proceso de troca de informagdo através da palavra escrita ou falada. E por isso, a parte objectiva do processo. No exemplo anteriormente dado, a resposta dada pela Sara que “est tudo bem” é um exemplo de comunicagao verbal. A competéncia que o enfer- Bases da Comunicagao + 15 meiro desenvolve em dreas de comunicagdo escrita e verbal é extrema- mente importante no desempenho da sua actividade profissional. Comunicagao Nao verbal Comunicagao nao verbal é um pouco mais subtil. Consiste nas nossas acgdes, tom de voz, 0 modo como usamos 0 nosso Corpo, as nossas expressées faciais e por ai em diante. ¥ a parte subjectiva do processo. ‘A comunicacéio nao verbal é atribufda 70 por cento da mensagem que enviamos. © velho ditado é verdadeiro: Uma imagem vale por mil palavras. Comunicagao Agressiva e Assertiva Bstas duas palavras sao por vezes utilizadas indiferentemente na cul- tura Americana. No entanto tém significados diferentes. Comunicagao Agressiva ‘A comunicagao agressiva 6 a comunicagéo sem auto-responsabiliza- cdo. Afirmagées agressivas comecam frequentemente com a palavra “ty, ‘Tanto a comunicagdo agressiva, como o comportamento agressi- yo, tém por objectivo ofender o outro. E uma forma de utilizagao do mecanismo de defesa de projeccao ou culpabilizagdo, tentando respon- sabilizar a outra pessoa pela interacgao. EXEMPLO: “Tu pdes-me furiosa quando ndo ajudas nas tarefas domésticas” Comunicagao Assertiva Por outro lado, a comunicagao assertiva implica o proprio. Afirmagies assertivas comegam muitas vezes com a palavra “eu”. Elas expressam pensamentos e sentimentos com autenticidade. EXEMPLO: “Eu fico furiosa quando tu ndo ajudas nas tarefas domésticas” © comportamento e a comunicagao assertivos séio também téenicas importantes no desenvolvimento pessoal. As pessoas optam por pensar ou sentir de uma certa maneira; os outros nao tém o poder de nos 16 + Fundamentos de Enfermagem de Satide Mental fazer pensar ou sentir aquilo que néo queremos pensar ou sentir. Ter a capacidade de dizer “eu penso” ou “eu sinto” mantém-nos em con- trolo das nossas emogies, permitindo ainda uma expresso autentica e aberta dos sentimentos que temos resultantes do comportamento de outra pessoa, Todavia os sentimentos e pensamentos pertencem a pr6- pria pessoa e néo a mais ninguém. Comunicagao Social As pessoas alteram frequentemente o estilo de comunicaciio de acordo com quem a esté a receber. Por exemplo, os adolescentes habitualmen- te comunicam de forma diferente quando se dirigem ao seu grupo de pares ou, quando comunicam com os seus pais. Assim também os enfermeiros comunicam de modo diferente com os seus utentes ou quando est&o com a sua familia e amigos. A comunicagao social 6 a interacgao do dia-a-dia utilizada entre pessoas conhecidas. Utilizamos expressdes de calao ou giria e podemos ser menos literais e intencionais nas nossas interacgdes sociais. Muito simplesmente, a comunicagao social tem um objectivo diferente do que tem a comunicagéo profissional. Comunicagao Terapéutica ‘A comunicacdo terapéutica 6 uma linguagem propria. Ela requer a utilizagéo de novos métodos de comunicagéo e novos modos de escuta. A comunicagao terapéutica é intencional: Nos estamos a tentar iden- tificar as necessidades do utente. Por vezes, e por diversas razdes, 0 utente tem dificuldades em partilhar as suas necessidades ou preo- cupagées. Nessas alturas cabe ao enfermeiro tentar identificar o proble- ma utilizando as técnicas de comunicagao terapéutica e uma escuta “activa” e “intencional” (uma “escuta entre linhas”). As técnicas indi- viduais e os seus obstaculos serdo discutidos no final deste capitulo. Obstaculos 4 Comunicagao Comunicar é algo que os seres humanos frequentemente tém como certo até ao momento em que deixam de o poder fazer! Quem ndo teve a experiéncia de tentar atender o telefone durante um grave episddio de laringite? Jé alguma vez tentou assinar um cheque quando tinha o brago engessado? Lembra-se de tentar ler os sinais de transito de- pois do ultimo exame oftalmolégico? Estas séo situagdes incémodas mas, a maior parte das vezes, séo temporérias. Entao como seré para os seus utentes e colegas para quem estas sao situagdes permanentes?

Você também pode gostar