Você está na página 1de 41

CUIDADOS NA SAÚDE DO

IDOSO
Técnico/a Auxiliar de Saúde e Geriatria

Formadora: Enf. Sara Ferreira


AGENDA
• O processo do envelhecimento
b) Dimensões biofisiológicas do envelhecimento
humano;
c) Dimensões psicológicas do envelhecimento;
d) Contexto social do envelhecimento;
e) Preconceitos, mitos e estereótipos associados ao
processo de envelhecimento:
i. Comportamentos e atitudes;
ii. Estereótipos.

2
Objetivos
• Caracterizar os princípios fundamentais do
processo de envelhecimento tendo em conta as
dimensões:
o biofisiológicas:;
o Psicológicas;
o Sociais.

3
O processo do envelhecimento
b) Dimensões biofisiológicas do envelhecimento humano
• As modificações fisiológicas que se produzem no decurso do
envelhecimento resultam de interações complexas entre os
vários fatores intrínsecos e extrínsecos e manifestam-se
através de mudanças estruturais e funcionais.

4
O processo do envelhecimento
ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS ALTERAÇÕES FUNCIONAIS
Sistema cardiovascular
Células e tecidos Sistema respiratório
Composição global do corpo e Sistema renal e urinário
peso corporal
Músculos, ossos e articulações Sistema gastrointestinal
Pele e tecidos subcutâneos Sistema nervoso e sensorial
Tegumentos Sistema endócrino e metabólico
Ritmos biológicos e sono
Sistema imunitário

5
O processo do envelhecimento
• Com todo este leque de alterações, há inevitavelmente
entidades patológicas que se tornam mais frequentes
nos idosos.

• Apesar de uma importante parcela deste grupo etário


relatar estar bem de saúde e de se verificar alguma
variabilidade de opinião relativamente às alterações
mais prevalentes nos idosos, persiste a ideia que a
maioria dos problemas de saúde são de carácter
crónico e que, portanto, vão perdurar 15, 20 ou mais
anos.

6
O processo do envelhecimento
• Outra ideia comum, e que tem sido confirmada por vários
estudos, é que em relação a outras faixas etárias os idosos
consomem muito mais do nosso sistema de saúde e que
este maior custo não tem revertido em seu benefício.

• Isto leva-nos a pensar que o modelo existente de


assistência aos idosos não se adequa à satisfação das suas
necessidades. Os problemas de saúde dos mais velhos,
além de serem de longa duração, requerem pessoal
qualificado, equipas multidisciplinares, equipamentos
próprios e exames complementares mais esclarecedores.

7
O processo do envelhecimento
• O conhecimento desta problemática permite-nos
perceber que os clássicos modelos de promoção,
prevenção, recuperação e reabilitação, não podem ser
mecanicamente transportados para os idosos sem que
significativas e importantes adaptações sejam
executadas.

• Nesta perspetiva, torna-se urgente que as instituições


promotoras de saúde se organizem no sentido de
responder adequadamente às necessidades de saúde
da população idosa.

8
O processo do envelhecimento
c) Dimensões psicológicas do envelhecimento
• O processo de envelhecimento envolve alterações ao nível
dos processos mentais, da personalidade, das motivações,
das aptidões sociais e aos contextos biográficos do sujeito.

9
O processo do envelhecimento

• Quer isto dizer que o envelhecimento, do ponto de vista


psicológico, vai depender de fatores de ordem genética,
patológica (doenças e/ou lesões), de potencialidades
individuais (processamento de informação, memória,
desempenho cognitivo, entre outras), com interferências do
meio ambiente e do contexto sociocultural.

10
O processo do envelhecimento
• Segundo esta perspetiva, é necessário perceber a importância
das formas de compensação, que cada um de nós utiliza/prepara
para fazer face às perdas associadas ao envelhecimento, pois
estas vão influenciar significativamente a qualidade de vida e o
bem-estar psicológico do idoso. E é importante perceber que os
aspetos psicológicos que influenciam o envelhecimento
evidenciam-se nas alterações no desempenho cognitivo, afetivo e
social dos sujeitos, assim como na diminuição da motivação.
• Por isso ,tanto a tolerância ao stress, como os laços afetivos, a
espontaneidade e o otimismo podem minimizar os aspetos
negativos deste processo inevitável.

11
O processo do envelhecimento

O envelhecimento gera assim, para além das alterações no corpo,


mudanças que podem resultar em:
• Dificuldade de se adaptar a novos papéis;
• Falta de motivação e dificuldade de planear o futuro;
• Necessidade de trabalhar perdas orgânicas, afetivas e sociais;
• Dificuldade de se adaptar às mudanças rápidas;
• Baixa auto-estima e auto-conceito;
• Sinais de patologia.

12
O processo do envelhecimento
• É importante neste âmbito
referir a emoção no
contexto da velhice. A
emoção é uma reação
súbita de todo o nosso
organismo, com
componentes fisiológicas,
cognitivas e
comportamentais que
permite ao sujeito se
libertar das suas tensões.

13
O processo do envelhecimento
• Emoções de Fundo
São detetadas através de
pormenores como a
velocidade dos movimentos
ou até a contração dos
músculos faciais, pois
comporta interferências de
incitadores internos. Estas
podem ser relatadas como o
entusiasmo, tensão, calma,
bem-estar e mal-estar

14
O processo do envelhecimento
• Emoções Primárias
São universais e estão associadas a estados físicos.
Podem ser relatadas como a alegria, tristeza, felicidade,
medo, cólera, surpresa, raiva e repugnância.

15
O processo do envelhecimento
• Emoções Sociais
Emergem devido à
relação sociocultural e
podem manifestar-se
como a simpatia,
compaixão, embaraço,
vergonha, culpa,
orgulho, inveja, ciúme,
admiração e desprezo.

16
O processo do envelhecimento
Caraterísticas do envelhecimento emocional

• Redução da tolerância a estímulos.


• Vulnerabilidade à ansiedade e depressão.
• Acentuação de traços obsessivos.
• Sintomas hipocondríacos, depreciativos ou de
passividade.
• Conservadorismo de carácter e de ideias (rigidez
mental).
• Atitude hostil diante do novo.
• Diminuição da vontade, das aspirações, da iniciativa.
• Estreitamento da afetividade.

17
O processo do envelhecimento
• É frequente que os idosos associem à idade avançada a
melancolia e a tristeza devido a perdas afetivas,
económicas, sociais e doenças crónicas.

18
O processo do envelhecimento
d) Contexto social do envelhecimento

É comum ouvir que o estatuto do idoso na sociedade se alterou


significativamente nos últimos anos, estando conotado de
forma negativa, sendo o seu papel descurado e desvalorizado.

As comparações sociais vão traduzir-se numa hierarquia que


pode ser de indivíduos no mesmo grupo (por exemplo, a
família), ou dos vários grupos na sociedade (os jovens e os
idosos, a população ativa profissionalmente e a inativa).

19
O processo do envelhecimento
• Quando se fala do estatuto do idoso,
refere-se uma posição hierárquica que este
ocupa no meio em que se movimenta. Se
esta for elevada, a sua identidade social é
positiva e tida como modelo.
• É esperado que a pessoa (ou grupo) se
comporte de determinada forma,
assegurando funções específicas. A uma
alteração de estatuto poderá corresponder
uma modificação considerável no papel
que a pessoa desempenha para as redes
sociais em que se movimenta.

20
O processo do envelhecimento
• Segundo a importância e repercussão que envelhecer tem
numa determinada sociedade, assim são atribuídos em termos
sociais diferentes significados ao que é ‘ser novo’ ou ‘ser
velho’.
• Esses significados diferem de cultura para cultura e de época
para época, o que conduz ao surgimento de diferentes
interpretações sobre a velhice.

21
O processo do envelhecimento
• Essas interpretações, construídas socialmente, têm relevância nas
relações pessoais e sociais, tornando-se num indicador que diferencia os
indivíduos: implicam a identificação ou a atribuição de caraterísticas
relacionadas com a idade que um indivíduo deverá possuir.

• Esse processo funciona como uma ‘ferramenta de diagnóstico social’,


com a qual se inferem as competências sociais, cognitivas, crenças
religiosas e capacidades funcionais que devem estar presentes no
indivíduo em função da sua faixa etária.

22
O processo do envelhecimento
O indivíduo é, deste modo, caracterizado em várias dimensões:

• Dimensão cognitiva.
• Dimensão ideológica/normativa.
• Dimensão interaccional.
• Dimensão coletiva.

23
O processo do envelhecimento

Dimensão cognitiva

• Qual o tipo de raciocínio,


de preocupações e de
sensibilidade do indivíduo.

24
O processo do envelhecimento
Dimensão ideológica/normativa

• Quais as obrigações e deveres que


deverá ter. A maioria das sociedades
possui ‘relógios sociais’, normas
relativas a acontecimentos que
devem ocorrer no ciclo vital do
indivíduo e que regulam em que
altura da vida deve realizar
determinada ação ou deixar de
exercer uma outra (entre os 20 e os
30 anos deve casar, ter filhos, assumir
responsabilidades).

25
O processo do envelhecimento
Dimensão interaccional

• Qual o tipo de relações que deve estabelecer com os


indivíduos da sua e outras faixas etárias.

26
O processo do envelhecimento
Dimensão coletiva

• Qual a possibilidade de ser admitido ou não numa determinada


organização em função da idade (aos 40 anos pertencer a uma
coletividade para adolescentes ou a um de grupo de
reformados).

27
O processo do envelhecimento
• Será o posicionamento do indivíduo
nestas quatro dimensões (consequente
da sua idade cronológica) que
determinará a sua idade em termos
sociais (se ‘ainda é novo para’ ou se ‘já
é velho para’, na sociedade em que
vive).

• Esse mesmo posicionamento


influenciará, também, a forma como o
indivíduo se perceciona, resultante da
comparação que faz entre si e os outros
indivíduos do seu grupo etário.

28
O processo do envelhecimento
e) Preconceitos, mitos e estereótipos associados ao processo de
envelhecimento
i) Comportamentos e atitudes

• Nas sociedades ocidentais, as atitudes sociais em relação aos idosos


são predominantemente negativas, resultando na formação de
preconceitos e que tendem a relegar os idosos a condições de
incapacidade, improdutividade, dependência e senilidade, assumidas
como caraterísticas comuns da velhice.

29
O processo do envelhecimento
As atitudes que se tomam face ao idoso e á velhice são sobretudo
de negatividade e em parte são responsáveis pela:

• Imagem que eles têm de si próprios.


• Das condições e circunstâncias que envolvem o envelhecimento.

30
O processo do envelhecimento
As atitudes negativas face aos idosos existem em todos os níveis
sociais: intervenientes, beneficiários, governantes etc.

A falta de conhecimento científico dos profissionais da educação e


da saúde, bem como a falta de esclarecimento às pessoas sobre os
fatos inerentes ao envelhecimento, impedem a transformação de
atitudes e de comportamentos em relação à velhice.

31
O processo do envelhecimento
Enquanto que anteriormente:
• O idoso tinha um papel preponderante na estrutura social.
• O idoso era considerado um depósito de sabedoria e cultura.
• O idoso para além da autoridade familiar, era o transmissor de usos
e costumes de geração em geração.
• O idoso era respeitado e venerado por todos e mesmo depois de
abandonar a sua atividade profissional, que mantinha até quase ao
fim da vida, continuava a gozar de elevado “ Estatuto Social”

32
O processo do envelhecimento
Hoje verifica-se que:

• O idoso perde o seu estatuto social.


• O idoso perde o lugar na família.
• O idoso é visto como um ser indesejável numa sociedade de
competição e de consumo.
• O idoso é considerado um ser consumidor, porque não produz.
• Os idosos são afastados dos planos sociais, culturais,
económicos e políticos.

33
O processo do envelhecimento
e) Preconceitos, mitos e estereótipos associados ao processo de
envelhecimento
ii) Estereótipos
• O desconhecimento sobre o envelhecimento, por parte da
sociedade, conduz a falsas perceções que acabam por associar a
velhice à doença, ao aborrecimento, ao egoísmo, à dependência, à
perda de estatuto social, às rugas e cabelos brancos que acabam por
levar os idosos à solidão, acelerando o processo de envelhecimento.

34
O processo do envelhecimento
• A Gerontologia tem vindo,
recentemente, nas suas investigações, a
dissipar alguns destes estereótipos face
ao idoso, enquanto pessoa frágil,
dependente, pobre, assexuado,
esquecido, infantil, e contribuído para
uma descrição mais realista do que é o
adulto na última fase do ciclo vital.
• Os mitos e estereótipos relativos à
terceira idade são muitos e apresentam-
se em frases, expressões que estão tão
enraizados que por vezes se tornam
numa realidade.

35
O processo do envelhecimento
Alguns dos mitos da velhice por parte da sociedade estão associados:

• Ao processo cronológico: progressivo, contrastando com a vitalidade de alguns


idosos.
• À improdutividade: alguns idosos ainda mostram ter capacidade para fazer
grandes obras.
• À senilidade: confundir velhice com doença.
• À inexistência de interesse e desejo sexual: realização de casamentos e vida a dois.
• Ao estado serenidade: conflitos e angústias/força e vontade de acompanhar a
família.
• À deterioração da inteligência: o idoso apresenta várias formas de pensar e
nostalgia.
• À desvinculação com o futuro: alguns têm interesse em aprender coisas novas,
úteis.
• Ao isolamento e alienação: gosto pela convivência intergeracional
e pela socialização.
• À inutilidade do viver: colaboração com os outros e com a comunidade,
pela descoberta.

36
O processo do envelhecimento
ESTEREÓTIPOS LIGADOS AOS IDOSOS
NEGATIVOS POSITIVOS
o Doença o Sabedoria
o Morte o Amabilidade
o Solidão o Generosidade
o Perda de Memória o Solidariedade
o Diminuição de Habilidades o Bondade
Físicas e Sensoriais

37
38
https://www.facebook.com/watch/?v=3608215
35442750

39
Material de Apoio
• PROGRAMA NACIONAL PARA A SAÚDE DAS
PESSOAS IDOSAS: https://www.dgs.pt/documentos-e-
publicacoes/programa-nacional-para-a-saude-das-pessoas-idosas-pdf.aspx

• ESTRATÉGIA NACIONAL PARA O


ENVELHECIMENTO ATIVO E SAUDÁVEL 2017-
2025: https://www.sns.gov.pt/wp-content/uploads/2017/07/ENEAS.pdf

40
Autorização de
Funcionamento nº21

41

Você também pode gostar