Caderno Sistematizado
Direito Financeiro
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DIREITO FINANCEIRO
APRESENTAÇÃO................................................................................................................................ 5
INTRODUÇÃO AO DIREITO FINANCEIRO ....................................................................................... 6
1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS ....................................................................................................... 6
2. ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO ..................................................................................... 6
CONCEITO............................................................................................................................ 6
ASPECTOS ........................................................................................................................... 7
ELEMENTOS ........................................................................................................................ 7
3. CONCEITO ................................................................................................................................... 7
4. OBJETIVO .................................................................................................................................... 8
5. FONTES MATERIAIS ................................................................................................................... 8
6. FONTES FORMAIS ...................................................................................................................... 8
PRIMÁRIAS ........................................................................................................................... 8
6.1.1. Constituição Federal ...................................................................................................... 8
6.1.2. Leis ................................................................................................................................. 8
6.1.3. Princípios........................................................................................................................ 9
SECUNDÁRIAS..................................................................................................................... 9
6.2.1. Decretos ......................................................................................................................... 9
6.2.2. Jurisprudência ................................................................................................................ 9
7. COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE DIREITO FINANCEIRO ...................................... 11
8. ORÇAMENTO PÚBLICO ........................................................................................................... 12
CONCEITO.......................................................................................................................... 12
NATUREZA JURÍDICA ....................................................................................................... 13
CONTROLE ABSTRATO DE CONSTITUCIONALIDADE ................................................. 13
CLASSIFICAÇÃO DE ORÇAMENTOS .............................................................................. 14
PODER DE INICIATIVA EM ORÇAMENTO PÚBLICO ..................................................... 16
VEDAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS........................................................................................ 17
ORÇAMENTO AUTORIZATIVO x ORÇAMENTO IMPOSITIVO ....................................... 19
ORÇAMENTO IMPOSITIVO E A TRANSFERÊNCIA DE RECURSOS ............................ 22
9. PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS .............................................................................................. 23
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ............................................................................................ 23
PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE ................................................................................... 24
PRINCÍPIO DA ANUALIDADE (PERIODICIDADE) ........................................................... 25
PRINCÍPIO DA UNIDADE (TOTALIDADE) ........................................................................ 25
PRINCÍPIO DO ORÇAMENTO BRUTO ............................................................................. 25
PRINCÍPIO DA EXCLUSIVIDADE ...................................................................................... 26
PRINCÍPIO DA ESPECIFICAÇÃO OU DISCRIMINAÇÃO ................................................ 26
PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DE ESTORNOS DE VERBAS ............................................. 27
PRINCÍPIO DA QUANTIFICAÇÃO ..................................................................................... 27
PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO ............................................................... 28
PRINCÍPIO DA NÃO AFETAÇÃO DAS RECEITAS........................................................... 28
PRINCÍPIO DA UNIDADE DE CAIXA ................................................................................ 28
LEIS ORÇAMENTÁRIAS ................................................................................................................... 30
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................................... 30
2. INICIATIVA LEGISLATIVA DAS LEIS ORÇAMENTÁRIAS ...................................................... 32
3. PLANO PLURIANUAL (PPA) ..................................................................................................... 33
PREVISÃO LEGAL E CONCEITO...................................................................................... 33
Olá!
O Caderno Sistematizado de Direito Financeiro possui como base as aulas do Prof. Ricardo
Alexandre, do Curso G7 Jurídico, complementadas com as aulas do Professor Renério Castro.
Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina
+ informativos + súmulas + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você
faça uma boa prova.
Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito
importante!! As bancas costumam repetir certos temas.
1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
Nos últimos anos o Direito Financeiro ganhou importância no Brasil. Como exemplo, cita-se
o impeachment da Presidente Dilma que foi baseado no descumprimento de regras de Direito
Financeiro. Igualmente, ganha relevância diante das inúmeras crises financeiras que os Estados
brasileiros passam, a exemplo do RS, do RN, do RJ.
De acordo com Ayres de Brito, “a lei orçamentária é a segunda norma materialmente mais
importante do ordenamento jurídico, estando abaixo apenas da Constituição Federal”. Justifica-se
tal afirmação pelo fato de que o Estado existe com a finalidade de proporcionar o bem comum (cada
povo define o que entende por bem comum). No Brasil, o art. 3º da CF, estabeleceu o que se
considera bem comum, embora tenha feito de forma bastante ampla, não com regras precisas.
CONCEITO
Destaca-se que, para a construção do bem comum, o Estado precisa obter recursos e
despendê-los nas suas atividades fins (aparelhamento da segurança pública, construção de escola,
pagamento de água, luz e telefone, etc.).
Por exemplo, o Direito à Saúde é uma necessidade humana de natureza coletiva prevista
na Constituição, quando uma pessoa necessita de algum medicamento e não possui condições
financeiras, o Estado deve atuar adquirindo recursos (fontes de receita), fazendo a gestão
(orçamentos públicos) e despendendo recursos para comprar o medicamento
ASPECTOS
• Despesas que serão realizadas para a obtenção do bem comum, conforme definido na
Constituição e na legislação infraconstitucional, principalmente nas Leis Orçamentárias;
• Receitas que serão obtidas para financiar os gastos, também disciplinadas por lei.
ELEMENTOS
Obs.: Regra de Ouro – é uma regra que visa limitar o endividamento do Estado. Para melhor
compreensão, compare as seguintes situações hipotéticas:
1ª Situação: Pedro realiza um empréstimo no Banco a fim de viajar de férias para a Europa.
Perceba que Pedro terá uma diminuição em seu patrimônio, já que terá que pagar o empréstimo da
viagem que lhe agregou experiência de vida. Por outro lado, João, embora tenha que pagar o
empréstimo contraído, terá incorporado ao seu patrimônio um apartamento, ocorrendo uma
despesa de capital (aquela em que não há diminuição do patrimônio).
Com os exemplos acima fica mais fácil compreender a Regra de Ouro, segundo a qual o valor das
operações de crédito (empréstimos) não pode ser superior as despesas de capital.
Salienta-se que o Sistema Financeiro Nacional não faz parte da atividade financeira do
Estado, é tema de Direito Econômico.
3. CONCEITO
4. OBJETIVO
Como visto, o objeto do Direito Financeiro é a atividade financeira do Estado que envolve a
captação de receitas, a realização de despesas e a criação de crédito público, sempre em
consonância com a lei (orçamentária).
5. FONTES MATERIAIS
Trata-se dos fatos financeiros, dos acontecimentos econômicos e sociais, investigados pela
ciência das finanças.
6. FONTES FORMAIS
PRIMÁRIAS
A CF é fonte primária do Direito Financeiro, possui um Capítulo que trata Das Finanças
Públicas, dispõe sobre a repartição de receitas, em seus arts. 70 a 75 e arts. 157 a 169.
6.1.2. Leis
• Lei Ordinária, a exemplo da Lei Orçamentária Anual (LOA), Lei Diretrizes Orçamentárias
(LDO) e Lei sobre o Plano Plurianual, são de iniciativa do Poder Executivo (de cada
Estado, Município) e aprovadas pelo respectivo legislativo, cuja matéria é vedada à
medida provisória;
Contudo, a partir do julgamento das ADI 4048 e 4049, o STF passou a prever que não se
admite a criação de medida provisória em matéria orçamentária, salvo nos casos extraordinários
em que há realmente relevância e urgência. Ademais, não pode ser usada para abrir créditos
suplementares
• Resolução do Senado Federal - são atos para disciplinar matérias, não passam por veto
do presidente da República.
6.1.3. Princípios
SECUNDÁRIAS
6.2.1. Decretos
Dispõem acerca da forma que a lei será cumprida, não sendo aptos para a criação de novas
leis.
6.2.2. Jurisprudência
As decisão dos Tribunais Superiores que tratam acerca do Direito Financeiro são fontes
secundárias.
Ressalta-se que os precedentes sobre Direito Financeiro recaem sobre duas premissas,
quais sejam:
• Limitação de Recursos
• Escolhas Trágicas
Diante da limitação de recursos públicos, cabe ao agente público fazer escolhas (trade-off)
sobre o local em que será investido os recursos, tendo em vista que as necessidades são infinitas
Tudo isso deve ser feito dentro da ótica da reserva do possível, ou seja, deve-se realizar as
políticas públicas dentro do que é possível para o Estado, o impossível não se faz. Desta forma, as
políticas públicas priorizadas não podem deixar de lado o que já está previsto constitucionalmente.
A intangibilidade dos direitos fundamentais deve ser conciliada com o orçamento público e
suas limitações de recursos.
A falta de dotação orçamentária não pode ser intransponível, diante das garantias
constitucionais.
A proteção zero às garantias constitucionais não pode ser considerada pelo Poder Judiciário.
Nesse sentindo:
A competência para legislar sobre Direito Financeiro é concorrente entre a União, Estados
e DF.
CF, Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
II – orçamentário;
Contudo, alguns temos atinentes ao Direito Financeiro, nos termos do art. 163 da CF, devem
ser tratados por meio de Lei Complementar.
Por outo lado, as questões pertinentes a orçamento, nos termos do art. 165 da CF, são
regulamentados por leis ordinárias. Contudo, é possível que lei complementar estabeleça as regras
para as leis orçamentárias.
8. ORÇAMENTO PÚBLICO
CONCEITO
Inicialmente, salienta-se que houve uma evolução conceitual acerca de orçamento público,
que passou de uma simples previsão e autorização de despesas (concepção clássica) à
programação de atividade financeira do Estado (concepção moderna).
Baleeiro (clássica) – Orçamento é o ato pelo qual o Poder Executivo prevê e o Poder
Legislativo autoriza, por certo período de tempo, a execução das despesas destinadas ao
funcionamento dos serviços públicos e outros fins adotados pela política econômica ou geral do
país, assim como a arrecadação das receitas já criadas em lei.
NATUREZA JURÍDICA
Segundo Gastin Jèze, trata-se de um ato-condição, considerado uma lei apenas em sentido
formal (receitas e despesas já decorrem de outras normas). Prevalece no Brasil.
Em suma: o orçamento é lei em sentido formal (ato que passa pelo processo legislativo
constitucionalmente estabelecido), que a prevê receitas e autoriza despesas. Não é lei em sentido
material (prevê situações gerais e abstratas).
Obs.: Em regra, a lei orçamentária apenas autoriza a despesa, não cria direito subjetivo a ser
assegurado por via judicial. De acordo com o STF, “o simples fato de ser incluída no orçamento
uma verba de auxílio a esta ou àquela instituição não gera, de pronto, direito a esse auxílio (...) a
previsão de despesa, em lei orçamentária, não gera direito subjetivo a ser assegurado por via
judicial”.
Até 2010, o STF entendia que, como a lei orçamentária é uma lei de efeitos concretos, não
seria possível controle de constitucionalidade.
Em 2010, houve mudança de entendimento, assim o PPA, LDO, LOA podem ser objeto de
controle abstrato de constitucionalidade.
CLASSIFICAÇÃO DE ORÇAMENTOS
a) Orçamento Tradicional
Caracteriza-se por ser uma peça meramente contábil, ou seja, não havia nenhum
planejamento de como seriam obtidas as receitas e realizadas as despesas.
Tratava-se de uma lei de meios, sem finalidade pública, que se limitava apenas a prever as
receitas e as despesas.
b) Orçamento de Desempenho
• Ausência de vinculação ao exercício anterior como parâmetro para o valor inicial mínimo
do gasto;
d) Orçamento Programa
Abaixo reproduzimos a tabela feita pelo Professor Renério Castro acerca das diferenças
entre o orçamento tradicional e o orçamento programa:
e) Orçamento Participativo
São características:
• População participa, mas o Poder Público não fica vinculado (a obrigação se dá quanto
a realização da consulta, mas não na obediência à essa consulta)
De acordo com o art. 84, XXIII, da CF, compete privativamente ao Presidente da república
enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as
propostas de orçamento.
Deve-se respeitar o Princípio da Simetria, ou seja, o art. 84, XXIII da CF, é norma de
observância obrigatória pelos Estados, pelo DF e pelos Municípios.
O art. 167 da CF traz inúmeras vedações, que devem ser observadas, em relação ao
orçamento público. Vejamos:
Observações:
Tanto as despesas públicas quanto as receitas públicas devem estar previstas na lei
orçamentária. Caso um despesa ultrapasse o valor previsto, deve haver crédito adicional.
Visa limitar o endividamento do Estado. O valor das operações de crédito (empréstimos) não
pode ser superior as despesas de capital, salvo quando houver aprovação da maioria absoluta do
Congresso Nacional.
Apenas em relação a impostos (não tributo). Contudo, a própria CF traz algumas exceções
(lei não pode criar), são elas:
Por exemplo, a LOA autoriza gastar R$4.000.000,00 para pavimentar a Avenida XX. A
decisão de pavimentar é uma faculdade do Executivo, mas se decidir executar estará limitado ao
valor de R$4.000.000,00.
Após a EC 86/2015, foi introduzido o orçamento impositivo. Logo, uma parte do orçamento
no Brasil deverá ser executada impositivamente, o Chefe do Executivo está vinculado, salvo nos
casos de impedimento de ordem técnica. Observe os parágrafos introduzidos no art. 166:
Art. 166,
§ 9º As emendas individuais ao projeto de lei orçamentária serão aprovadas
no limite de 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da receita corrente
líquida prevista no projeto encaminhado pelo Poder Executivo, sendo que a
metade deste percentual será destinada a ações e serviços públicos de
saúde. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)
§ 10. A execução do montante destinado a ações e serviços públicos de
saúde previsto no § 9º, inclusive custeio, será computada para fins do
cumprimento do inciso I do § 2º do art. 198, vedada a destinação para
Observações:
1) Será impositiva apenas a parte proveniente das emendas individuais ao projeto de lei
orçamentária;
2) Apenas 1,2% da receita corrente liquida (estimativa de tudo que o ente irá receber);
Por exemplo, Deputado Federal João, de SC, possui direito de indicar as emendas
individuais ao orçamento, que somada com todos os demais parlamentares, deve chegar a 1,2%
da receita corrente líquida. Além disso, João possui o direito de se reunir com outros Deputados
Federais e Senadores de seu Estados e, conjuntamente, criam as emendas da bancada do Estado
de SC, que será limitada a 1% da receita corrente líquida do ano anterior.
Art. 166,
§ 12. A garantia de execução de que trata o § 11 deste artigo aplica-se
também às programações incluídas por todas as emendas de iniciativa de
bancada de parlamentares de Estado ou do Distrito Federal, no montante
de até 1% (um por cento) da receita corrente líquida realizada no
exercício anterior. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 100,
de 2019)
§ 13. As programações orçamentárias previstas nos §§ 11 e 12 deste artigo
não serão de execução obrigatória nos casos dos impedimentos de
ordem técnica. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 100, de
2019)
§ 14. Para fins de cumprimento do disposto nos §§ 11 e 12 deste artigo, os
órgãos de execução deverão observar, nos termos da lei de diretrizes
orçamentárias, cronograma para análise e verificação de eventuais
impedimentos das programações e demais procedimentos necessários à
viabilização da execução dos respectivos montantes. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 100, de 2019)
Perceba, portanto, que as emendas (individual + bancada parlamentar) até o limite de 2,2%
(1,2% + 1%) são impositivas.
Importante consignar ainda que os recursos oriundos das emendas parlamentares não
integrarão a base de cálculo da receita corrente líquida para fins de aplicação de despesa com
pessoal (máximo que se pode gastar). Por exemplo, o Município possui o limite de 60% da sua
receita para gastar com o pessoal (ativo e inativo), caso receba recursos de emenda parlamentar,
não poderá utilizar para aumentar seu gasto com as despesas pessoais.
Por fim, o §20 do art. 166 da CF, introduzido pela EC 100/2019, busca evitar o abandono de
obras em razão da falta de recursos. Por exemplo, a bancada do Estado de SP não pode abandonar
a implementação de previsões orçamentárias até que a obra prevista seja concluída
No final de 2019, foi editada a EC 105/2019 (entrou em vigor em 1º de janeiro de 2020) que
inclui o art. 166-A à Constituição Federal para autorizar a transferência de recursos federais a
Estados, ao Distrito Federal e a Municípios mediante emendas ao projeto de lei orçamentária anual.
O art. 166-A trata das emendas que Deputados Federais e Senadores poderão apresentar
à lei orçamentária anual transferindo recursos do orçamento da União para os Estados, Distrito
Federal e Municípios. Este artigo prevê que as emendas individuais impositivas poderão repassar
esses recursos por meio de duas espécies diferentes de transferências:
1) Transferência especial;
1 Disponível em https://www.dizerodireito.com.br/2019/12/ec-1052019-autoriza-transferencia-de.html
Obs.: antes da EC 105/2019, era necessária a celebração do convênio ou outro instrumento, o que
tornava mais burocrática essa transferência. Com a dispensa do convênio, os entes terão maior
liberdade para definir o destino dessas verbas;
Destaca-se que pelo menos 70% das transferências especiais deverão ser aplicadas em
despesas de capital (§ 5º). Despesas de capital são os gastos realizados pela Administração Pública
com:
• Investimentos;
• Inversões financeiras e
Percentual mínimo de 60% das transferências especiais relativas ao ano de 2020 deverão
ser executadas no 1º semestre, nos termos do art. 2º da EC 105/2019
Segundo os parlamentares, o objetivo dessa previsão é “evitar que, num ano eleitoral, haja
contingenciamento de tais recursos como forma de pressão político-partidária”.
9. PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Observe o disposto no inciso V do art. 167 da CF, o qual foi utilizado como um dos
fundamentos do impeachment de Dilma Rousseff, que, em tese, abriu créditos suplementares
descumprindo a autorização legislativa existente. Isto porque na lei orçamentária de 2015 ficou
autorizado a abertura de créditos suplementares, desde que compatíveis com a metas fiscais.
Contudo, no entender dos parlamentares, a Presidente abriu créditos suplementares que eram
incompatíveis com a meta fiscal pré-estabelecida.
PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE
Trata-se de princípio expresso na Lei 4.320/1964, segundo o qual a lei orçamentária deve
conter todas as receitas, inclusive de operações de crédito (empréstimos) autorizadas em lei, bem
como todas as despesas.
São exceções:
• Outras entradas compensatórias (recurso que entra no cofre público já marcado para
sair), no ativo e passivo financeiros, como, por exemplo, depósitos e cauções.
Salienta-se que não impede a cobrança de tributo não previsto no orçamento o fato de
determinado tributo não estar previsto na lei orçamentária, não impede o Poder Público de cobrar
esse tributo ao longo do exercício financeiro (não se aplica a anterioridade orçamentária)
Sumula STF 66: É legítima a cobrança do tributo que houver sido aumentado
após o orçamento, mas antes do início do respectivo exercício financeiro.
Em cada entidade federativa deve existir apenas um orçamento, a fim de evitar autorizações
paralelas.
Salienta-se que não é sinônimo de unidade documental, eis que a CF (art. 165, §5º) prevê
suborçamentos (fiscal, investimento e seguridade social).
O Estado deve discriminar todas as receitas e despesas sem deduções (não apenas os
valores líquidos), o intuito é dar transparência a toda atividade financeira do Estado.
PRINCÍPIO DA EXCLUSIVIDADE
Por isso, o art. 165, §8º da CF passou a prever que a lei orçamentária deve conter matéria
exclusivamente orçamentárias: previsão de receita e autorizações de despesas, salvo quando se
tratar de:
• Operações de crédito
CF, art. 165, § 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho
(contrabando legislativo) à previsão da receita e à fixação da despesa, não
se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos
suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por
antecipação de receita, nos termos da lei.
Por conta da crise financeira dos Estados, os Tribunais de Justiça passaram a determinar o
pagamento das verbas alimentares (salário do funcionalismo público), com o bloqueio das dotações
orçamentárias, mitigando o princípio da proibição de estornos de verbas.
Diante disso, o STF, na ADPF 405, afirmou que quando o recurso está escriturado para
determinada despesa não cabe ao Poder Judiciário fazer o estorno de despesas.
PRINCÍPIO DA QUANTIFICAÇÃO
Importante, aqui, lembrar da Regra de Ouro que limita as operações de créditos às despesas
de capital, especialmente os investimentos.
A lei a que se refere o §3º, de acordo com o STF, deve ser nacional, só a União poderia criar
a exceção (art. 43, §1º da LRF).
LEIS ORÇAMENTÁRIAS
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Como visto acima, todo Estado possui como finalidade básica a consecução do bem comum
das pessoas que estão em seu território. A definição de bem comum varia de sociedade para
sociedade.
A lei orçamentária quando autoriza que o Estado gaste determinada quantia em certa
atividade, só torna legítimo o gasto quando, de maneira direta ou indireta, contribuir para a
consecução do bem comum (art. 1º da CF e art. 3º da CF).
O art. 3º da constituição demostra o que é o bem comum, e isso interfere diretamente na lei
orçamentária.
Ressalta-se que a LDO, o PPA e a LOA são leis ordinárias que regulamentam os preceitos
constitucionais. Do ponto de vista jurídico, tecnicamente, não existe hierarquia entre elas, assim
entende o STF. Contudo, do ponto de vista material, quanto ao seu conteúdo verifica-se certa
hierarquização, tendo em vista que, na prática, o plano plurianual será priorizado pela LDO e esta,
por sua vez, pela LOA . Ou seja, devem estar em consonância.
PPA =
LDO = PRIORIZAÇÃO LOA = EXECUÇÃO
PLANEJAMENTO
Aplica-se o Princípio da Simetria, assim os demais entes federativos devem seguir a mesma
sistemática para a elaboração.
Obs.: Não esquecer que prazos, exercício financeiro, vigência, elaboração e organização deve ser
estabelecido por Lei Complementar, nos termos do art. 169, §9º da CF.
A CF não determinada o prazo para que o envio da proposta, tão somente afirma que cabe
a lei complementar dispor sobre os prazos. Não há, em âmbito federal, uma lei complementar que
disponha sobre o prazo, por isso se aplica o ADCT (art. 35). Salienta-se que no âmbito dos
Municípios e dos Estados pode haver previsão de prazos diferentes.
ADCT, Art. 35. O disposto no art. 165, § 7º, será cumprido de forma
progressiva, no prazo de até dez anos, distribuindo-se os recursos entre as
A maioria dos serviços públicos (saúde, segurança pública, educação etc.) são prestados e
administrados pelo Poder Executivo. Por isso, possui a maior fatia do orçamento público, com
prerrogativa de propor as leis orçamentárias.
Obs.: Não confundir a proposta de orçamento próprio com a proposta de lei orçamentária. A lei
orçamentária é única e será proposta pelo Chefe do Executivo, mas cada ente irá propor o seu
orçamenta ao executivo. De posse das propostas, o executivo consolida-as e encaminha um projeto
de PPA, um projeto de LDO e um projeto de LOA, cada um ao seu tempo.
Assim, perceba que Poder Executivo possui autonomia para propor a lei orçamentária, tendo
em vista que está mais próximo da prestação dos serviços públicos, de atendimento à população.
Contudo, não poderá dizer qual será a dotação exata para os demais órgãos e poderes.
Além disso, não pode o Poder Executivo interferir acrescentando ou retirando qualquer parte
da Lei Orçamentária, pois acarretaria a interferência da autonomia dos demais poderes
O STF entendeu que todo o dispositivo está se referindo aos territórios. Assim não existiria
iniciativa privativa do Presidente da República em matéria tributária, a sua iniciativa privativa é para
tão somente para as propostas dos territórios. Nesse sentindo, é o entendimento do STF
Perceba, portanto, que a matéria tributária em geral pode ser proposta por qualquer
parlamentar, inclusive quando se refere a benefícios fiscais (deixa-se de arrecadar).
CF, Art. 150, § 6º: Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo,
concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos,
taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica,
federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima
enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do
disposto no art. 155, § 2.º, XII, g.
A União fará o PPA por região, estabelecendo diretrizes, objetivos e metas (DOM) para as
despesas de capital, incluindo as que delas decorrerem, bem como para as despesas relativas aos
programas de duração continuada (dura mais de dois exercícios financeiros).
Já as despesas relativas aos programas de prestação continuada são aquelas que duram
mais de um exercício financeiro, por isso precisam estar previstas no plano plurianual.
Obs.: As despesas com programas de duração continuada não se confundem com as despesas de
caráter continuado, a exemplo da contratação de funcionários públicos.
Além disso, conforme prevê o art. 167, §1º da CF, todo investimento que ultrapassar um
exercício financeiro, para ser iniciado, deverá ser incluído no PPA.
PRAZO DE DURAÇÃO
O PPA possui duração de quatro anos, traça os objetivos e metas do governo durante aquele
exercício de quatro anos. Vigora durante os três anos do mandato do executivo atual e mais um
ano no mandato subsequente. Na prática, no primeiro ano de seu mandato o Chefe do Executivo
executará as leis orçamentárias aprovadas pelo seu antecessor.
A intenção foi evitar a descontinuidade administrativa por parte dos governantes que, ao
iniciarem o mandato, possuem interesses políticos e querem executar o seu próprio plano de
governo, não se importando em dar continuidade ao que já foi iniciado pelo seu antecessor.
O projeto de PPA será encaminhado pelo Poder Executivo em até quatro meses antes do
encerramento do primeiro exercício financeiro (31/08 prazo final para enviar o PPA ao Congresso)
e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa (22/12).
Obs.: Em relação ao prazo de envio do projeto de PPA, não se aplica o Princípio da Simetria.
Portanto, cada Estado e Município podem estabelecer prazos diferenciados para o envio e
aprovação do seu PPA.
A lei de responsabilidade fiscal consagrou outras funções para a LDO, não previstas na
Constituição Federal (tem caído muito nas provas), estão dentro de um novo conceito. A ideia é que
a LDO seja criadora de limites para a edição da lei orçamentária anual, a fim de evitar situações de
crise.
Em suma, a intenção do legislador é que a LDO direcione o Estado para uma situação de
equilíbrio, com isso deve apresentar metas fiscais para serem cumpridas
O Anexo de Metas Fiscais a que o §1º se refere é o da LDO, em que há a fixação das metas
que devem ser cumpridas pelo Estado.
Por fim, há o anexo de riscos fiscais em que o Poder Público fará um mapeamento de riscos
que podem afetar as contas públicas.
Como visto anteriormente, a LOA traz dotações que serão utilizadas no exercício
subsequente, sendo aplicada apenas a tal período.
Contudo, o ciclo orçamentário inicia-se no exercício anterior (oito meses e meio antes do
término do ano civil: 15 de abril), fazendo a previsão do que será trabalhado em todo o exercício
subsequente. A antecedência justifica-se pelo fato de a LDO ter que ser aprovada antes da LOA,
tendo em vista que orientará sua elaboração.
Desta forma, perceba que os fatos orçamentários, relativos ao exercício, não terminam com
o fim do ano, já que a fiscalização da execução do orçamento não dura só o exercício, passará
ainda pelo crivo do Tribunal de Contas, após o término do exercício para a prestação de contas
CONCEITO
A LOA é o orçamento, por isso, na prática, recebe uma atenção maior dos parlamentares.
Contudo, a rigor o orçamento não tem vida própria, deve estar em consonância com a LDO e com
o PPA, por isso, há hierarquia lógica entre PPA, LDO e LOA:
DURAÇÃO DA LOA
ORÇAMENTOS DA LOA
A Lei de Responsabilidade Fiscal consagra que a LOA deverá sem compatível com o PPA
e com a LDO, devendo:
Destaca-se que na renúncia de receita o ente federativo renuncia a receita através de anistia,
isenção, subvenção, subsídio.
O projeto de LOA deve ser enviado até 4 meses antes do encerramento do primeiro exercício
financeiro (31/08) e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa (22/12).
Perceba que são os mesmos prazos previstos para o PPA. Novamente, aqui, não se aplica
o princípio da simetria.
Por fim, como já mencionado, a LOA possui vigência anual, inicia em de 01 de janeiro e
termina em 31 de dezembro.
Note que não é a proposta do ano passado, mas sim a proposta da lei orçamentária do ano
vigente.
Existe uma discussão quanto à criação de despesas para que o Poder Executivo as execute.
Os projetos de PPA, a LDO e LOA são de iniciativa privativa do Poder Executivo. No entanto,
o parlamento não está obrigado a aprovar o que foi apresentado, haverá discussão e poderá haver
alterações ou acréscimos de despesas, por meio de emendas autorizadas pela Constituição.
Importante frisar que não existe objeção ao fato de o parlamentar colocar certa despesa para
o Executivo executar, já que na LOA estão as dotações orçamentárias. Além disso, a partir do
momento em que a Constituição Federal autorizou o parlamento a fazer emendas ao projeto de lei
orçamentária, autorizou a criação de despesas para o executivo executar.
As alterações da LOA poderão ser feitas por emendas (art. 166, §3º), e devem ser
compatíveis com o PPA e com a LDO. Além disso, tais alterações devem estar acompanhadas de
previsão de recursos necessários para sua realização, tendo em vista que todo o orçamento anual
já está comprometido com a realização das despesas necessárias.
Art. 166,
§ 3º As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o
modifiquem somente podem ser aprovadas caso:
I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes
orçamentárias;
O Presidente da República não pode fazer alterações nas propostas orçamentárias dos
órgãos autônomos. Contudo, pode propor modificações à Comissão Mista, desde que a matéria
ainda não tenha sido discutida e votada.
De acordo com o STF (ADI 5468), o relatório da Comissão Mista de Planos, Orçamentos
Públicos e Fiscalização (CMO) do Congresso Nacional, mercê de ostentar confessadamente
motivação ideologicamente enviesada, não vincula, per si, a apreciação pelas Casas Legislativas
do Parlamento Federal.
Observe o disposto no art. 12 da LRF que prevê que os órgãos com autonomia para proposta
de seu orçamento próprio necessitam de informações que lhes deem suporte a sua elaboração.
Desta forma, o Poder Executivo deve apresentar as estimativas de arrecadação de receitas, até
trinta dias antes do prazo final para a apresentação do projeto de lei orçamentária.
Indaga-se: o Poder Executivo pode interferir nas propostas apresentadas por cada poder?
CF, Art. 99, § 4º: Se as propostas orçamentárias de que trata este artigo forem
encaminhadas em desacordo com os limites estipulados na forma do § 1º, o
Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins de consolidação
da proposta orçamentária anual.
Em regra, o Poder Executivo não pode alterar. Contudo, há limites que devem ser fixados
em conjunto e, caso sejam desrespeitados, o Poder Executivo poderá fazer cortes ou alterações
nos projetos parciais.
Como vimos, a LDO apresenta os limites que devem ser respeitados, por sua vez, a LOA
deve estar em consonância com tais limites, sob pena ser considerada inconstitucional. Perceba
que, com isso, de certa forma, o Poder Executivo estará fazendo um controle prévio de
constitucionalidade, quando os limites não forem respeitados, tendo em vista que se trata apenas
de um projeto.
Estando os projetos, apresentados pelos demais órgão, dentro dos limites legais, o Poder
Executivo não poderá interferir, salvo se fizer objeção quando ao mérito, ou seja, discordar do que
foi proposto.
Para solicitar alterações das propostas encaminhadas pelo demais poderes, o Poder
Executivo só poderá fazê-la através de propostas de emenda, encaminhadas à Comissão Mista
Permanente (formada por 40 membros: 30 Deputados e 10 Senadores), antes de iniciada a votação
sobre a parte que pretende alterar.
A discussão é feita nas duas Casas do Congresso Nacional, porém os votos são contados
em separado. Ademais, deve ser aprovada por maioria simples na Câmara dos Deputados e por
maioria simples no Senado.
8. CRÉDITOS ADICIONAIS
CRÉDITOS SUPLEMENTARES
São créditos que ampliam/reforçam dotações que já existiam, mas foram insuficientes.
Lei 4.320/64
Art. 40. São créditos adicionais, as autorizações de despesa não computadas
ou insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento.
• Dotação orçamentária deve estar fixada no orçamento (LOA), porém, o crédito não
foi suficiente para atender o respectivo gasto;
• Não podem ser reabertos no exercício financeiro seguinte. Sua vigência está adstrita
ao ano de sua abertura.
• Um mesmo projeto de lei não pode versar sobre mais de uma espécie de crédito
adicional. Assim, o Executivo não pode, em único projeto de lei, solicitar a abertura
de um crédito suplementar e um especial;
CRÉDITOS ESPECIAIS
Lei 4.320/64
Art. 40. São créditos adicionais, as autorizações de despesa não computadas
ou insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento.
Por exemplo, não havia previsão orçamentária para pavimento de ruas. Constatada a
necessidade, será possível a criação de crédito especial.
A lei autoriza, mas os créditos suplementares e especiais são abertos por meio de decreto.
Lei 4.320/1964
Art. 42. Os créditos suplementares e especiais serão autorizados por lei e
abertos por decreto executivo.
• Caso o projeto tenha sido totalmente concluído e ainda haja saldo, os saldos
remanescentes dos créditos abertos nos últimos quatro meses do exercício
financeiro poderão ser reabertos por Decreto do Executivo;
• Não se aplica aos casos de despesas urgentes e imprevisíveis. Essa previsão é para
os créditos extraordinários (art. 167, § 3º da CF);
• Existe a necessidade de autorização legislativa prévia para a sua abertura. Não pode
ser na própria LOA (diferença importante para o crédito suplementar).
CRÉDITOS EXTRAORDINÁRIOS
A vigência dos créditos extraordinários ocorre dentro do exercício financeiro em que foram
abertos, salvo se forem promulgados nos quatro últimos meses do ano, casos em que serão
incorporados ao exercício subsequente.
Para a criação de créditos extraordinários deve ser demonstrada a existência de uma das
situações de imprevisibilidade e urgência: guerra, comoção interna e/ou calamidade pública (caso
do Covid-19), estarão sujeitos ao controle de constitucionalidade. De acordo com o STF:
• Abertos por Medida Provisória na União e nos Estados onde existe previsão de
edição de MP em suas constituições.
• Nos Municípios e nos Estados onde não existe previsão de edição de MP, a abertura
será por Decreto do Poder Executivo.
• Não há necessidade de autorização legislativa prévia para a sua abertura e não pode
ser autorizado na própria LOA. Assim, a autorização legislativa é a posteriori.
RECEITAS PÚBLICAS
1. CONCEITO
O Direito Financeiro ocupa-se com a administração das receita e despesas do Estado. Aqui,
analisa-se a receita do ponto de vista financeiro e não tributário.
O Estado possui diversas fontes de arrecadações de receitas. Contudo, sua maior fonte
provém da arrecadação dos tributos, os quais possuem destinação predefinida (excluindo os
impostos), limitando a sua utilização, a exemplo da Cide-combustíveis.
Com as privatizações a receita tributária ganhou uma importância maior, pois o Estado
utiliza-se da realização de diversos contratos para a exploração de seu patrimônio, alugando
imóveis ou criando empresas que geram receitas públicas.
2. CLASSIFICAÇÃO
QUANTO À AMPLITUDE
Destaca-se que quando a lei trata de receitas de capital, considera a constituição de dívidas
(operações e crédito) como receitas de capital, e sendo assim, possui correspondência no passivo,
o que para a doutrina não pode ser considerado receita.
2.2.1. Originárias
Trata-se de receitas obtidas com a utilização de regras do direito privado, o Estado está no
mesmo patamar. Por isso, é uma classificação quanto ao regime jurídico.
Como exemplo, citam-se aluguéis, receitas empresariais (lucros da CEF, por exemplo).
2.2.2. Derivadas
O Estado, nas receitas derivadas, usa seu poder de império para arrecadar. Utiliza suas
prerrogativas de direito público para arrecadar parte do patrimônio alheio, a exemplo das receitas
oriundas de tributos, multas de trânsito.
2.2.3. Transferidas
Os recursos, aqui, não decorrem de uma relação que se estabelece entre Estado e
particulares, mas sim em virtude de relações entre os entes da Federação.
QUANTO À PERIODICIDADE
2.3.1. Ordinárias
2.3.2. Extraordinárias
O crédito orçamentário é uma autorização para gastos, abrir créditos não significa ter o
dinheiro para usá-lo. Em caso de guerra, o Estado precisará criar o tributo, mas também precisará
No caso de guerra, o crédito a ser utilizado não precisa de justificativa que apontem a sua
origem, apenas será retirado do crédito orçamentário. Perceba que a medida provisória autoriza o
gasto, mas para efetivamente usar o dinheiro, ele precisa existir nos cofres públicos,
consequentemente, podem ser criados tributos (empréstimos compulsórios e imposto extraordinário
de guerra).
Quanto à criação de tributos, deve-se observar se o tributo pode ser instituído por medida
provisória, tendo em vista há tributos que são reservados à lei complementar, a exemplo do
empréstimo compulsório.
Destaca-se que, em caso de guerra, apenas o imposto extraordinário de guerra pode ser
criado por medida provisória.
“Ainda que não previstas no orçamento” - mesmo que a receita não tenha sido prevista no
orçamento é orçamentária.
O ideal é saber se o estado pode ou não contar com aquela receita para as despesas
públicas. Existem receitas que circulam nos cofre públicos, mas que não poderão ser contabilizadas
para fazer face as despesas que serão realizadas. Ex.: empréstimo consignado.
2.4.1. Orçamentária
2.4.2. Extraorçamentária
Obs1.: A Lei 4320 é de 1964. À época, adotava-se a divisão tripartite dos tributos: impostos, taxas
e contribuições de melhoria. As receitas de contribuições são as que chamamos de contribuições
especiais (sociais, de intervenção no domínio econômico e as corporativas)
Obs2.: A lei 4320/64 não classificou o empréstimo compulsório sequer como receita corrente
2.1.1. Corrente
2.1.2. De capital
O CTN foi editado segundo a teoria da tripartição de tributos, assim, tributos são: taxas,
impostos e contribuições de melhoria. Quando o CTN se refere a empréstimos compulsório, deve-
se subentender que são uma subespécie de um dos seus tributos, nesse caso um imposto
restituível.
Obs.: A Lei Kandir regulamentou a isenção tributária para as exportações, prevendo compensação
para os estados exportadores e ICMS isento em virtude das exportações. Já o FUNDEB compõe a
RCL dos entes federativos que o recebem (estados e municípios)
• Regime de Caixa: não importa o dia do fato gerador da receita, mas sim tudo que foi
arrecado (para receitas)
PREVISÃO DE RECEITAS
Salienta-se que a receita não pode ser prevista aleatoriamente, ou seja, de forma abstrata.
É necessário que a metodologia seja adequada, deve ser o mais real e precisa possível, nos termos
do art. 12 da LRF, in verbis:
• Por declararão – o contribuinte fornece os dados ao Poder Público, que irá fazer o
cálculo
ARRECADAÇÃO
A arrecadação é recebimento dos numerários pelo Poder Público, bem como seu
recolhimento aos cofres públicos.
Destaca-se que a competência prevista no art. 7º, do CTN, é para criar ou instituir o tributo,
sendo uma competência INDELEGÁVEL. Por outro lado, pode-se delegar, para pessoas de direito
público apenas, a competência para arrecadar, fiscalizar e executar
De acordo com a Lei 4.320/64, “receber os valores” não é delegação de competência, por
isso pode passar tal atribuição às instituições financeiras.
Perceba que todo Ente Federado deve instituir os tributos de sua competência, não se
restringindo apenas aos impostos, bem como deve ter meios para que sejam arrecadados.
Para parte da doutrina, a competência para criar tributos é uma faculdade dos entes
federativos. Por isso, indaga-se: poderia uma lei obrigar sua instituição? É preciso distinguir o Direito
Tributário do Direito Financeiro.
A instituição de ICMS é uma obrigação. Caso o ente deseje conceder isenção a determinada
mercadoria, precisará de autorização dos outros entes, mediante a instituição de convênio. A
autorização deve ser dada, por unanimidade dos presentes que participam da reunião do CONFAZ
(Conselho Nacional de Política Fazendária).
7. RENÚNCIA DE RECEITA
A medida compensatória deve ser lançada juntamente com a renúncia da receita, para que
possa gerar seus efeitos.
Salienta-se que o art. 150, §6º da CF autoriza a concessão de benefícios fiscais, por lei
específica.
O STF já flexibilizou o dispositivo acima, entendendo que se instituído em uma lei, com
correlação temática, poderá ser aceito, dispensando a necessidade de criação de lei específica para
tratar somente da isenção. Por exemplo, uma lei que cria um programa habitacional para facilitar o
Para que uma renúncia de receita seja considerada autorizada e de acordo com a
responsabilidade na gestão do dinheiro público é necessário que o ato legal da qual decorra a
renúncia:
O novo regime fiscal foi incorporado ao Ato das Disposições Transitórias como instrumento
de controle de gastos públicos, através da Emenda Constitucional 95/16, que ficou conhecida como
a “PEC do fim do mundo” e tem vigência até 2036.
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O crédito público é também chamado de dívida pública, tendo em vista que sempre que se
adquire recurso (crédito público) haverá aumento da dívida pública (o crédito precisa ser pago).
Importante consignar que o crédito público é uma forma de receita pública de capital,
conforme visto acima.
2. CONCEITO
Trata-se do procedimento em que o Estado obtém recursos monetários para aplicá-los aos
gastos públicos. Em contrapartida há obrigação de restituí-los nos prazos e condições fixados.
Segundo Carlos Alberto de Moraes Ramos, citado pelo Professor Renério Castro,
“denomina-se crédito público o procedimento de que o Estado lança mão para captar, por meio de
empréstimo, recursos monetários de quem deles dispõe e aplicá-los aos gastos públicos, tanto para
custear investimentos como para antecipar receita, assumindo, em contrapartida, a obrigação de
restituí-los nos prazos e condições fixados”
Não confundir:
3. NATUREZA JURÍDICA
Há quatro teorias que tentar explicar a natureza jurídica do crédito público: ato de soberania,
ato legislativo, contrato civil e contrato administrativo (prevalece).
• Risco para os credores, tendo em vista que o Poder Público poderia alegar a
soberania para deixar de pagar a dívida pública;
A Teoria do Contrato Civil afirma que o empréstimo público é um mero contrato civil (contrato
da Administração).
4. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
Apenas lei complementar poderá tratar de dívida pública, estabelecendo as regras gerais
(não se exige lei complementar para emissão de cada título), nos termos do art. 163 da CF.
CF
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da
República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor
sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:
(...)
XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal.
Art. 52 – Compete privativamente ao Senado Federal:
(...)
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
(precisa de lei para autorizar cada operação)
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o
montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios;
VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito
externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público
federal;
5. CLASSIFICAÇÃO
FLUTUANTE
FUNDADA OU CONSOLIDADA
LRF
Art. 29
I - dívida pública consolidada ou fundada: montante total, apurado sem
duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federação, assumidas em
virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações
de crédito, para amortização em prazo superior a doze meses;
(...)
§ 3º Também integram a dívida pública consolidada as operações de crédito
de prazo inferior a doze meses cujas receitas tenham constado do orçamento.
Prevista no art. 29, II da LRF, é contraída através da emissão de títulos, não inclui as
oriundas de outras formas de empréstimos.
Salienta-se que Estados e Municípios, a partir de 2014, não podem mais emitir títulos da
dívida mobiliária, conforme prevê o art. 11 da LC 148/14.
Art. 11. É vedada aos Estados, ao Distrito federal e aos Municípios a emissão
de títulos da dívida pública mobiliária.
Obs.: É possível, contudo, que os municípios emitam título da divida para pagamento de
desapropriação de imóveis urbanos, nos termos do art. 182 da CF.
C
Art. 182 (...)
§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área
incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do
solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu
adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no
tempo;
1) Um ente federativo não pode emprestar dinheiro para outro. Por exemplo, Município não
pode emprestar para o Estado;
4) Cita-se, como exemplo da proibição do art. 36, o Bolsa Família. A União repassa o
dinheiro para CEF que irá disponibilizar para os beneficiários. Não pode a CEF efetuar
o pagamento sem que a União repasse o valor. Caso faça, seria como se a CEF fizesse
um empréstimo para a União, o que é vedado, já que se trata de uma instituição
financeira estatal controlada pelo Ente da Federação.
Considerações:
LRF Art. 29
(...)
§ 4º Para fins de verificação do atendimento do limite, a apuração do
montante da dívida consolidada será efetuada ao final de cada quadrimestre.
(...)
§ 7º Os precatórios judiciais não pagos durante a execução do orçamento em
que houverem sido incluídos integram a dívida consolidada, para fins de
aplicação dos limites.
DESPESAS PÚBLICAS
1. CONCEITO
Como visto, o Estado existe para consecução do bem comum, ou seja, atender as
necessidades públicas, para isso é necessário que gaste recursos (despesas públicas).
Segundo Harrison Leite, despesas públicas “são o conjunto de gastos realizados pelo Poder
Público para a consecução de suas atividades principais, com objetivo de financiar as ações do
governo, sempre com foco na satisfação das necessidades públicas”.
2. CLASSIFICAÇÃO
QUANTO À ORIGEM
• Extraorçamentária - são valores que circulam nos cofres públicos, devolvido pelos
gestores. Não constam na lei orçamentaria e nos créditos adicionais Entraram como
receitas extraorçamentárias. Por exemplo, o empréstimo consignado feito pelo
servidor público e a antecipação de receita orçamentária (ARO).
Poderão ser:
• Estadual – Estados
• Municipal – Municípios
Imagine, por exemplo, que o Município de Salvador requer participação da União, mediante
convênio, para realizar uma obra, deixando 80% da despesa para a União e 20% para sua
colaboração. A competência da fiscalização, para o controle externo, dependerá da origem de cada
recurso, ainda que a obra seja inteiramente realizada pelo Município.
QUANTO À REGULARIDADE
Segundo Renério Castro, “são aquelas que satisfazem necessidade pública imprevisível e
urgente, sendo realizadas pelo Estado mesmo que nos orçamentos não figurem verbas destinadas
à sua efetivação. Para sua realização é necessária a abertura de crédito extraordinário ”
• Especiais – decorrem de fatos previsíveis, mas o Estado não sabe quando ocorrerá,
ou seja, o Estado tem certeza da sua realização, porém não possui condições de
prever o momento real de sua execução.
Como ensina Carlos Roberto Miranda Gomes, citado pelo Professor Renério Castro, “a
despesa especial é aquela realizada para atender necessidades novas surgidas no correr do
exercício financeiro que, embora possa até ser previsível, não é estimável a priori”
Importante consignar que as despesas especiais devem estar previstas no anexo de risco
fiscal da LDO.
Lei 4.320/1964, Art. 12. A despesa será classificada nas seguintes categorias
econômicas:
DESPESAS CORRENTES
Transferências de capital
2.4.1. Correntes
a) Despesa de custeio – embora não retorne o valor para os cofres públicos, há certa
contrapartida. É o caso, por exemplo, do pagamento de salário, o servidor irá
desempenhar suas funções em prol da administração pública.
2.4.2. De capital
Em regra, recebem por contrapartida o aumento de patrimônio ou ganho aos cofres públicos.
Exemplos: compra ou construção de um prédio.
Exemplos: auxílio para obra pública, amortização da dívida pública (pagamento do principal)
AUTORIZAÇÃO
EMPENHO LIQUIDAÇÃO PAGAMENTO
ORÇAMENTÁRIA
Importante consignar que acerca das fases da despesa pública há duas correntes.
1ªC (clássica) – a despesa pública possui três fases: empenho, liquidação e pagamento;
2ª C (moderna) – a despesa pública é formada por quatro fases: fixação na LOA, emprenho,
liquidação e pagamento.
Obs.: a licitação ou a contração não é fase de despesa pública, mas sim procedimento
administrativo essencial para a realização das despesas.
EMPENHO
Lei 4.320/1964
Art. 58. O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente
que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de
implemento de condição.
Importante consignar que o empenho não garante, por si só, que haja o dinheiro disponível
para pagar. Há hipótese em que há dotação orçamentária (autorização legal para o gasto), mas não
há valores disponíveis para realizar determinada despesa.
Características gerais:
Art. 59. O empenho da despesa não poderá exceder o limite dos créditos
concedidos.
Art. 61. Para cada empenho será extraído um documento denominado "nota
de empenho" que indicará o nome do credor, a representação e a importância
da despesa bem como a dedução desta do saldo da dotação própria.
b) Empenho por estimativa – impossível prever o montante exato. Será feita uma estimativa
do gasto para o exercício financeiro. Por exemplo, gasto com energia elétrica das
escolas.
Por fim, importante consignar que o empenho poderá ser anulado total ou parcialmente nos
seguintes casos:
LIQUIDAÇÃO
PAGAMENTO
Art. 5º Todos os valores, preços e custos utilizados nas licitações terão como
expressão monetária a moeda corrente nacional, ressalvado o disposto no
art. 42 desta Lei, devendo cada unidade da Administração, no pagamento
das obrigações relativas ao fornecimento de bens, locações, realização de
obras e prestação de serviços, obedecer, para cada fonte diferenciada de
recursos, a estrita ordem cronológica das datas de suas exigibilidades,
salvo quando presentes relevantes razões de interesse público e mediante
prévia justificativa da autoridade competente, devidamente publicada.
Como visto, existem basicamente dois regimes contábeis, além do misto, nos termos do art.
35 da Lei 4.320/64:
5. RESTOS A PAGAR
Conforme já visto, com o empenho, o Poder Público cria uma obrigação futura de
pagamento. Em regra, fica pendente a implementação de condição futura, como a entrega ou
prestação do serviço. O que for empenhado, mas não pago até 31 de dezembro (princípio da
anualidade), será considerado restos a pagar, conforme disposto no art. 36 da Lei 4.320/1964
Destaca-se que os restos a pagar devem ser pagos no exercício financeiro seguinte, sob
pena de serem convertidos em despesas de exercícios anteriores.
Em suma:
Empenho
PROCESSADOS executado e
liquidado
RESTOS A PAGAR
Empenho
NÃO
executado e não
PROCESSADOS
liquidado
Por fim, com os restos a pagar em final de mandato busca-se evitar que o gestor
irresponsável, buscando agradar o eleitorado que deixará com o fim do seu mandato, constitua o
que se conhece popularmente como “herança maldita” para o seu sucessor, diante do acúmulo de
despesas.
São as despesas empenhadas e que não foram pagas no exercício financeiro seguinte.
Imagine, por exemplo, uma despesa de 2018, que se tornou restos a pagar em 2019,
somente paga em 2020 como despesa de exercícios anteriores.
Despesas de exercícios
encerrados não processados
em época própria
ANTERIORES
Compromissos reconhecidos
após o encerramento do
exercício correspondente
7. LIMITAÇÃO DE EMPENHO
Trata-se da famosa “tesourinha” dos gastos públicos, que busca limitar o empenho e a
movimentação financeira que ultrapasse a meta de resultado primário ou nominal.
Excepcionalmente, com a grave crise no estado do Rio de Janeiro, o STF permitiu que o
Poder Executivo limitasse os repasses aos demais poderes, para que estes participassem do
mesmo esforço comum de ajustes de gastos, a fim de não inviabilizar apenas os serviços essenciais
à população.
Trata-se do ato pelo qual um ente federativo passa recursos financeiros para outro, poderá
ser obrigatória, automática ou voluntária.
TRANSFERÊNCIA OBRIGATÓRIA
Corresponde aos recursos em que o repasse foi determinado pelo constituinte, está prevista
na CF.
TRANSFERÊNCIA AUTOMÁTICA
TRANSFERÊNCIA VOLUNTÁRIA
Art. 25. Para efeito desta Lei Complementar, entende-se por transferência
voluntária a entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente da
Federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira, que não
decorra de determinação constitucional, legal ou os destinados ao Sistema
Único de Saúde.
§ 1o São exigências para a realização de transferência voluntária, além das
estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias:
- existência de dotação específica;
II - (VETADO)
III - observância do disposto no inciso X do art. 167 da Constituição;
IV - comprovação, por parte do beneficiário, de:
a) que se acha em dia quanto ao pagamento de tributos, empréstimos e
financiamentos devidos ao ente transferidor, bem como quanto à prestação
de contas de recursos anteriormente dele recebidos;
b) cumprimento dos limites constitucionais relativos à educação e à saúde;
c) observância dos limites das dívidas consolidada e mobiliária, de operações
de crédito, inclusive por antecipação de receita, de inscrição em Restos a
Pagar e de despesa total com pessoal;
d) previsão orçamentária de contrapartida.
§ 2o É vedada a utilização de recursos transferidos em finalidade diversa da
pactuada.
§ 3o Para fins da aplicação das sanções de suspensão de transferências
voluntárias constantes desta Lei Complementar, excetuam-se aquelas
relativas a ações de educação, saúde e assistência social.
Importante consignar que não há determinação legal para a transferência voluntária (há para
transferência automática), bem como a verba não será destinada ao SUS (se for para o SUS, será
transferência automática)
O limite e endividamento é de 200% da receita corrente líquida para estados e DF; 120% da
receita corrente líquida para municípios.
O princípio da intranscendência subjetiva significa que não podem ser impostas sanções e
restrições que superem a dimensão estritamente pessoal do infrator e atinjam pessoas que não
tenham sido as causadoras do ato ilícito.
Existem julgados do STF afirmando que se a irregularidade no convênio foi praticada pelo
gestor anterior e a gestão atual, depois que assumiu, tomou todas as medidas para ressarcir o
erário e corrigir as falhas (ex.: apresentou todos os documentos ao órgão fiscalizador, ajuizou ações
de ressarcimento contra o antigo gestor etc.), neste caso, o ente (Estado ou Município) não poderá
ser incluído nos cadastros de inadimplentes da União.
Assim, segundo esta acepção, o princípio da intranscendência subjetiva das sanções proíbe
a aplicação de sanções às administrações atuais por atos de gestão praticados por administrações
anteriores.
Segundo o Min. Luiz Fux, “não se pode inviabilizar a administração de quem foi eleito
democraticamente e não foi responsável diretamente pelas dificuldades financeiras que
acarretaram a inscrição combatida”.
Logo, deve-se aplicar o princípio da intranscendência subjetiva das sanções, impedindo que
a Administração atual seja punida com a restrição na celebração de novos convênios ou
recebimento de repasses federais. Nesse sentido: STF. 1ª Turma. AC 2614/PE, AC 781/PI e AC
2946/PI, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 23/6/2015 (Info 791).
O STJ comunga também desse entendimento exigindo sempre que a gestão sucessora
tenha tomado as providências cabíveis à reparação dos danos eventualmente cometidos. Por isso,
editou a súmula 615:
A União (Ministério do Turismo) celebrou um convênio com o Estado do Mato Grosso. Ocorre
que o Estado-membro deixou de cumprir algumas obrigações previstas no ajuste. A União notificou
o Estado-membro determinando que ele regularizasse as pendências, sob pena de lhe serem
aplicadas sanções. Apesar disso, o Estado-membro não sanou os vícios apontados.
2 Disponível em
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/4670c07872d5314c6ad6ffa633d4a059
Obs.: esses cadastros são instrumentos de consulta, por meio dos quais se pode verificar se os
Estados-membros ou Municípios estão com débitos ou outras pendências perante o Governo
federal. Se houver, por exemplo, um atraso do Estado ou do Município na prestação de contas de
um convênio com a União ou suas entidades, essa informação passará a figurar nestes sistemas.
Com isso, o ente devedor fica impedido de contratar operações de crédito, celebrar convênios com
órgãos e entidades federais e receber transferências de recursos. Em uma alegoria para que você
entenda melhor (não escreva isso na prova!), seria como se fosse um “Serasa” de débitos dos
Estados e Municípios com a União, ou seja, um cadastro federal de inadimplência.
O Estado do Mato Grosso ajuizou, então, ação cível originária, no STF, contra a União,
pedindo a retirada de seu nome de tais cadastros até que seja concluído o processo de Tomada de
Contas Especial. O autor alegou, dentre outros argumentos:
Como a atual administração não tomou essas medidas, não se pode dizer que a inclusão do
Estado nos cadastros restritivos tenha violado o princípio da intranscendência subjetiva das sanções
financeiras. Não violou.
O segundo argumento do Estado-membro foi acolhido pelo STF? Houve violação ao devido
processo legal?
SIM. O cadastro restritivo não deve ser feito de forma unilateral e sem acesso à ampla defesa
e ao contraditório. Isso porque, muitas vezes, a inscrição pode ter, além de motivação meramente
financeira, razões políticas. Assim, ao poder central (União) é possível suspender imediatamente o
repasse de verbas ou a execução de convênios, mas o cadastro deve ser feito nos termos da lei,
ou seja, mediante a verificação da veracidade das irregularidades apontadas. Isso porque o
cadastro tem consequências, como a impossibilidade da repartição constitucional de verbas das
receitas voluntárias.
Desse modo, o STF determinou que a União se abstenha de proceder à inscrição do Estado-
membro no SIAFI, no CADIN e no CAUC, até o exaurimento da Prestação de Contas Especial,
observados os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório. STF. Plenário. ACO
2892 AgR/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
11/9/2019 (Info 951).
Perceba que se o ente federativo assumir uma obrigação superior a dois exercícios
financeiros, será considerada uma despesa obrigatória de caráter continuado. Cita-se, como
exemplo, a contratação de servidor público.
É o caso, por exemplo, das nomeações de servidores públicos, o Poder Público deve
demonstrar que a nomeação é possível e não desequilibrará as contas públicas.
Imagine, por exemplo, que Poder Público crie um programa especial de erradicação da
violência doméstica, com vigência de quatro anos. Chegando perto do vencimento, decide renovar
por mais quatro anos o programa. A prorrogação será considerada uma nova despesa de caráter
continuado, sendo necessário, por exemplo, o cumprimento do previsto no art.16, I.
Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como despesa
total com pessoal: o somatório dos gastos do ente da Federação com os
ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos,
funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer
espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e
variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões,
inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de
qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas
pelo ente às entidades de previdência.
§ 1º Os valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra que se referem
à substituição de servidores e empregados públicos serão contabilizados
como "Outras Despesas de Pessoal".
§ 2º A despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada no
mês em referência com as dos onze imediatamente anteriores, adotando-se
o regime de competência.
Servidores ativos e inativos, civis e militares Inativos, desde que pago com recursos
próprios da previdência social
O limite das despesas com pessoal em relação à receita corrente líquida será de:
União 50%
Estados 60%
Distrito
Federal 60%
Municípios 60%
LRF Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a
despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da
Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a
seguir discriminados:
I - União: 50% (cinqüenta por cento);
II - Estados: 60% (sessenta por cento);
III - Municípios: 60% (sessenta por cento).
§ 1o Na verificação do atendimento dos limites definidos neste artigo, não
serão computadas as despesas:
I - de indenização por demissão de servidores ou empregados;
II - relativas a incentivos à demissão voluntária;
III - derivadas da aplicação do disposto no inciso II do § 6o do art. 57 da
Constituição;
IV - decorrentes de decisão judicial e da competência de período anterior ao
da apuração a que se refere o § 2o do art. 18;
V - com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e Roraima,
custeadas com recursos transferidos pela União na forma dos incisos
XIII e XIV do art. 21 da Constituição e do art. 31 da Emenda Constitucional
no 19;
VI - com inativos, ainda que por intermédio de fundo específico, custeadas
por recursos provenientes:
a) da arrecadação de contribuições dos segurados;
b) da compensação financeira de que trata o § 9o do art. 201 da Constituição;
c) das demais receitas diretamente arrecadadas por fundo vinculado a tal
finalidade, inclusive o produto da alienação de bens, direitos e ativos, bem
como seu superávit financeiro.
§ 2o Observado o disposto no inciso IV do § 1 o, as despesas com pessoal
decorrentes de sentenças judiciais serão incluídas no limite do respectivo
Poder ou órgão referido no art. 20.
Destaca-se que no cálculo da Receita Corrente Líquida (RCL), subtrai-se o valor referente
aos repasses obrigatórios que a União faz aos Estados e Municípios.
A limitação ao ente federado, contudo, não é suficiente para garantir que os gastos não
ultrapassem os limites. Por isso, a legislação estabeleceu limites também para cada um dos poderes
dos entes federados, conforme se pode observar na tabela a seguir.
PODER
LEGISLATIVO 2,5 3 6
PODER JUDICIÁRIO 6 6 -
MINISTÉRIO
PÚBLICO 0,6 2 -
Total 50 60 60
Obs.: Os Tribunais de Contas, ainda que autônomos, integram o Poder Legislativo e com ele
dividem os limites acima, de acordo com as peculiaridades locais.
Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá exceder os
seguintes percentuais:
I - na esfera federal:
a) 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para o Legislativo, incluído
o Tribunal de Contas da União;
b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;
c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cento) para o Executivo,
destacando-se 3% (três por cento) para as despesas com pessoal
decorrentes do que dispõem os incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e
o art. 31 da Emenda Constitucional no 19, repartidos de forma proporcional à
média das despesas relativas a cada um destes dispositivos, em percentual
da receita corrente líquida, verificadas nos três exercícios financeiros
imediatamente anteriores ao da publicação desta Lei
Complementar;
d) 0,6% (seis décimos por cento) para o Ministério Público da União;
II - na esfera estadual:
a) 3% (três por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do
Estado;
b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;
c) 49% (quarenta e nove por cento) para o Executivo;
d) 2% (dois por cento) para o Ministério Público dos Estados;
III - na esfera municipal:
a) 6% (seis por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do
Município, quando houver;
b) 54% (cinquenta e quatro por cento) para o Executivo.
LIMITE ALERTA
O alerta feito pelo Tribunal de Contas possui o único efeito de aviso ao gestor.
LIMITE PRUDENCIAL
LRF, Art. 22. A verificação do cumprimento dos limites estabelecidos nos arts.
19 e 20 será realizada ao final de cada quadrimestre.
Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e
cinco por cento) do limite, são vedados ao Poder ou órgão referido no art. 20
que houver incorrido no excesso:
I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de
remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou de
determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão prevista no inciso X
do art. 37 da Constituição;
II - criação de cargo, emprego ou função;
III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa;
IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a
qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou
falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança;
V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no inciso II do § 6º
do art. 57 da Constituição e as situações previstas na lei de diretrizes
orçamentárias.
LRF, Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão referido no
art. 20, ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, sem prejuízo das
medidas previstas no art. 22, o percentual excedente terá de ser eliminado
nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro,
adotando-se, entre outras, as providências previstas nos §§ 3º e 4o do art.
169 da Constituição.
§ 1º No caso do inciso I do § 3º do art. 169 da Constituição, o objetivo poderá
ser alcançado tanto pela extinção de cargos e funções quanto pela redução
dos valores a eles atribuídos.
Destaca-se que o STF entendeu não aplicável a redução, por conta da irredutibilidade
salarial, conforme ADI 2.238 – a demissão será a única solução permitida quanto aos cargos
comissionados.
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Seu objetivo é limitar as despesas totais de um determinado exercício não se tomando por
base as receitas, mas as despesas do exercício anterior, corrigidas pela inflação. Em 2019, por
exemplo, o limite geral de gastos será aqueles de 2018, corrigidos pela inflação no período.
Nenhuma despesa específica está limitada pelo teto, como saúde ou educação, mas apenas
as despesas totais da União.
2. ÂMBITO DE APLICAÇÃO
Os arts. 106 e 107 do ADCT estabelecem o âmbito de aplicação dos limites de gastos.
Art. 106. Fica instituído o Novo Regime Fiscal no âmbito dos Orçamentos
Fiscal e da Seguridade Social da União, que vigorará por vinte exercícios
financeiros, nos termos dos arts. 107 a 114 deste Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias.
ADCT, art. 107, § 1º Cada um dos limites a que se refere o caput deste artigo
equivalerá:
I - para o exercício de 2017, à despesa primária (exclui despesas financeiras)
paga no exercício de 2016, incluídos os restos a pagar pagos e demais
operações que afetam o resultado primário, corrigida em 7,2% (sete inteiros
A base não é o montante pago no exercício anterior, já será, portanto, conhecido o limite
quando do envio do PLOA – até 31/08.
Refere-se ao orçamento impositivo, estabelecendo que deve estar sujeito aos limites de
gastos estabelecidos pelo Novo Regime Fiscal, a partir do exercício financeiro de 2018.