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salvo exceção prevista pela lei.
• Apresentação

Estamos cercados de informações de como devemos nos alimentar


e de como devemos alimentar nossos filhos: “isso pode, isso não pode,
isso faz mal, meu filho come desde sempre e nunca teve problema”.
São muitas as informações e nem sempre sabemos se são confiáveis.
Acreditamos que como mãe ou pai, você não tenha tanto tempo
disponível para buscar essas informações, você precisa dar banho, co-
locar para dormir, levar à escola, ao futebol, ainda tem os serviços da
casa, o trabalho, a fila do banco... São tantas coisas que às vezes não
sobra tempo para pesquisar se esse ou aquele alimento é bom ou não
para a saúde do seu filho.
Pensando na sua vida atarefada e principalmente na saúde dos
pequenos, resolvemos juntar nesse e-book algumas informações bá-
sicas e muitíssimo importantes que vão te ajudar nesse processo. Para
a elaboração desse material, contamos com a ajuda de profissionais de
saúde e estudantes de nutrição. Além da Nutrição em si, abordaremos
assuntos que fazem parte desse universo novo que é cuidar de uma
criança como os primeiros cuidados com o recém-nascido, com os
primeiros dentinhos, depressão pós parto, alimentação para crianças
especiais, entre outros.
Montamos esse material de linguagem fácil e tentaremos explicar
da forma mais simples como algumas escolhas certas podem evitar
vários problemas de saúde futuramente.
Esperamos que você goste do conteúdo e que de alguma forma
consigamos ajudar você e sua família a terem uma vida mais saudável.
– Nathieli Lima e Lucas Guimarães.
Tìtulo:
Nutrição: da Gestação à Infância

Coordenadores:
Nathieli Lima
Lucas Guimarães

Projeto Gráfico, Capa e Diagramação:


Matheus Matos

Designer Gráfico:
Matheus Matos
mathr.matos@gmail.com

Revisão:
Samara Fernandes
fernandes.samara.unb@gmail.com

ISBN:
978-85-913928-5-8

Editora:
Editora JRG
editorajrg.com
• Sumário

• Sobre os Autores........................................................................................08

• Como amenizar os sintomas indesejáveis


e manter o peso adequado na gestação...................................................14

• Nutrientes essenciais para


uma gestação saudável................................................................................28

• Exercício Físico na Gestação: futura


mamãe em forma e saudável......................................................................34

• Gestação de Gemelares............................................................................40

• Depressão Pós-Parto.................................................................................45

• Primeiros Cuidados ao Berço..................................................................50

• Os Primeiros 1000 dias............................................................................78

• Cuidados com a mama e amamentação................................................91

• Importância do aleitamento materno exclusivo................................101

• Fórmulas Infantis......................................................................................106
• Cuidados com os primeiros dentinhos.................................................111

• Alimentação em cada fase.....................................................................120

• Alergias e Intolerâncias Alimentares....................................................127

• Alimentação para Crianças Especiais...................................................132

• Cuidados com a Alimentação da Criança


em Tratamento Quimioterápico...............................................................143

• Receitinhas.................................................................................................156
Sobre os Autores
Como amenizar os sintomas indesejáveis e manter o peso
adequado na gestação
Lucas Costa Guimarães
Nutricionista pela UNIFOR - MG
Mestre em Ciências dos Alimentos pela UFLA
Pós-graduando em Fitoterapia - AVM
Professor da Universidade Paulista - UNIP Campus Brasília
Professor da Faculdade Sena Aires
Nutricionista ambulatorial na Clínica Simetria - Brasília DF

Deyvid Henrique Costa Medeiros


Graduando em Nutrição – cursando o 5° semestre – Universidade Paulista UNIP - DF

Nutrientes essenciais para uma gestação saudável


Mateus Câmara Dias
Graduando em Nutrição – cursando o 6° semestre – Universidade Paulista – UNIP

Exercício Físico na Gestação: futura mamãe em forma e saudável


Prof. Dr. Alexandre Gonçalves
Fisiologista do Exercício
Graduado em Educação Física pela UFU
Doutor em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília - UnB
Pós doutorando em Ciências da Saúde pela UFU

Gestação de Gemelares
Lydiane Guimarães Silva
Nutricionista – CRN/1-11328

9 Nutrição da gestação à infância


Depressão Pós-Parto
Adrielly Demschinski
Psicóloga pela Faculdades Iesgo – CRP-09/010887

Primeiros Cuidados ao Berço


Paula Frassineti Guimarães de Sá
Bacharel em Química pela Universidade de Brasília - UnB
Bacharel em Enfermagem e Obstetrícia pela Universidade de Brasília - UnB
PhD em Química/Bioquímica pela University of Rhode Island / USA
Consultora Técnica e Sócia da Elion Consultoria e Assessoria em Pesquisa Clínica
e Desenvolvimento Humano
Professora dos cursos de Farmácia, Odontologia, Biomedicina e Enfermagem da UNIP
Recentemente aceita com aluna de post-Doc no Departamento de Pós-Gradua-
ção da UnB, sob a orientação do prof. Dr. Pedro Sadi Monteiro
Mãe de 4 filhos

Os Primeiros 1000 dias


Dra. Ana Marily Soriano Ricardo Gomes - CRM- 13276/DF
Graduada na Universidade Federal de Alagoas
Residência Médica em Neonatologia no HMIB
Responsável Técnica da Clinep
Coordenadora médica da Neonatologia da Maternidade Brasília
Médica da Secretaria de Saúde do DF

10 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com a mama e amamentação
Kelvin de Oliveira Araújo
Graduando em Nutrição cursando o 8º semestre - Uniplan

Importância do aleitamento materno exclusivo


Nathieli de Lima Vieira
Graduanda em Nutrição cursando o 7º semestre – UNIP - DF

Fórmulas Infantis
Fernanda Ribas Travassos
Nutricionista Pelo UniCeub - CRN/1 - 8461
Pós-graduada em nutrição pediátrica, escolar e na adolescência.

Cuidados com os primeiros dentinhos


Mayza Teixeira Miranda
Cirurgiã-Dentista – CRO 10.026
Especialista em Ortodontia - Hodos Uningá Brasília - DF

Alimentação em cada fase


Nathieli de Lima Vieira
Graduanda em Nutrição cursando 7º semestre – UNIP- DF

Alergias e Intolerâncias Alimentares


Mateus Câmara Dias
Graduando em Nutrição – cursando 6° semestre – UNIP DF

11 Nutrição da gestação à infância


Alimentação para Crianças Especiais
Daniel Rodrigues de Almeida Rocha
Graduando em Nutrição – cursando o 8º semestre -UNIP DF

Cuidados com a Alimentação da Criança em Tratamento Quimioterápico


Jassanara Taveira Dias
Nutricionista CRN/1 - 9805
Especialista em Nutrição Clínica e Terapia Nutricional pelo Ganep
Especialista em Nutrição Esportiva Funcional pela VP
Especialista em Nutrição Clínica pelo Programa de Residência da SES DF

Receitinhas
Ana Barbosa de Albuquerque Ribeiro.
Chefe de cozinha com especialização em administração em cozinha pela Escola
Superior de Turismo de Baleares Palma de Mallorca Espanha
Estudante de nutrição oitavo semestre UNIP noturno

12 Nutrição da gestação à infância


Como amenizar os
sintomas indese-
jáveis e manter o
peso adequado na
gestação
Lucas Guimarães e Deyvid Costa
Como amenizar os sintomas indesejáveis
e manter o peso adequado na gestação Lucas Guimarães, Deyvid Costa

O bom estado nutricional se obtém através da busca de um es-


tilo de vida saudável, proporcionando saúde, reduzindo a possibili-
dade de ocorrer defeitos do crescimento fetal, reduzindo os riscos
no parto e desenvolvimento de doenças crônicas no pós-parto.
O principal fator para uma gestação considerada saudável no
contexto nutricional, é o ganho de peso adequado gerado pelo con-
sumo de uma variedade de alimentos saudáveis, que devem ser
consumidos baseados na necessidade de cada gestante, de acordo
com as orientações dietéticas.
A utilização de suplementos vitamínicos e minerais deve ser
orientada por um nutricionista, verificando cada caso de acordo
com a necessidade individual, priorizando também a utilização
e manuseio seguro dos alimentos.Durante a gravidez, uma boa
nutrição materna é fator essencial para que tanto a mãe quanto o
bebê mantenham o peso adequado. O aumento do peso materno
durante a gestação pode influenciar o peso do bebê ao nascer. A
criança que nasce com baixo peso, tem tendência a desenvolver
obesidade e síndrome metabólica na fase adulta.¹
É muito comum a queixa de sintomas indesejados por mulhe-
res no período gestacional. A náusea no primeiro trimestre ocorre
pela mudança do ritmo gástrico de onda lenta. As náuseas lenta
e moderada aumentam no jejum, dessa forma, a utilização de re-
feições com predominância de proteínas reduz a náusea e o ritmo
gástrico, sendo mais eficaz que a utilização de carboidratos e re-
feições gordas e não-calóricas.¹
A pirose (azia) é uma das reclamações mais comuns durante as
últimas semanas da gestação. Esse sintoma é causado pelo refluxo

15 Nutrição da gestação à infância


Como amenizar os sintomas indesejáveis
e manter o peso adequado na gestação Lucas Guimarães, Deyvid Costa

do conteúdo gástrico na porção inferior do esôfago, estimulado de-


vido à pressão do útero sobre o estômago, provocando desconforto,
azia e mal- estar à mulher.² O tratamento utilizado para amenizar
esse sintoma é aumentar o fracionamento das refeições e diminuir
as quantidades de alimentos de cada refeição, caso haja necessi-
dade, tratamento à base de antiácidos (com indicação médica),
evitar alimentos como café, chá preto, doces, alimentos gorduro-
sos, álcool, fumo, alimentos picantes que trazem irritabilidade à
mucosa gástrica e deitar apenas depois do período de duas horas
após a refeição.³
Outro desconforto comum entre as gestantes é o ptialismo
(hipersalivação), se trata de um fenômeno precoce na gestação,
verificado nos primeiros meses. O aparecimento dos sintomas
ocorre entre duas a três semanas com ausência da menstruação,
podendo durar até o período do parto e/ou pós-parto. A saliva é
produzida em quantidade anormal. A sua causa ainda é incerta,
provavelmente, as alterações hormonais desempenham um papel
importante. A azia e náusea podem fazer com que as glândulas
salivares produzam mais saliva para o revestimento e proteção do
esôfago, para que não ocorra irritação da boca e da garganta em
decorrência dos vômitos. Deve ser orientado à gestante que este é
um sintoma normal no início da gestação, sendo assim, ela deve
realizar a deglutição da saliva e tomar líquidos para evitar uma
desidratação pela produção excessiva, principalmente em tempos
quentes.³
A constipação é um fator fisiológico devido à decorrência do
relaxamento da musculatura lisa, diminuindo a contração mus-

16 Nutrição da gestação à infância


Como amenizar os sintomas indesejáveis
e manter o peso adequado na gestação Lucas Guimarães, Deyvid Costa

cular através da ação da progesterona, podendo agravar à medida


que a gestação evolui. Durante o período gestacional ocorre uma
maior absorção de água pelo intestino grosso, além de aumentar
a lentidão da passagem do bolo fecal favorecendo a constipação.²
A utilização de alimentos ricos em fibras auxilia na motivação in-
testinal, favorecendo com que o bolo fecal percorra normalmente
no intestino grosso. O ideal é fazer um fracionamento das refeições
para melhor absorção de nutrientes.³
O ganho de peso ideal durante a gestação tem sido motivo de
debate há décadas, isso ocorre devido ao fato de que a gestação
é um período no qual os cuidados são direcionados, ao mesmo
tempo, à mãe e ao feto.5
Diversos estudos foram realizados tendo como objetivo reduzir
o ganho de peso excessivo, principalmente nas mulheres com obe-
sidade pré-gestacional, ainda não foram capazes de definir limites
seguros de velocidade de ganho de peso durante a gravidez, bem
como na perda de peso após o parto.
As recomendações nutricionais na obesidade gestacional tam-
bém são controversas em relação aos estudos já realizados. De
acordo com a American Dietetic Association, recomenda-se uma
ingestão calórica extra de 340 kcal no 2º trimestre e de 452 kcal no
3º trimestre, seguindo o guia alimentar americano, a fim de evitar
dietas desbalanceadas e perda de peso.1 Em uma revisão de diversos
estudos que tratam do assunto, concluiu-se que as recomendações
alimentares, para mulheres com sobrepeso e obesidade gestacional,
deve considerar uma ingestão calórica mínima diária de 1.500 kcal.
Um adicional de 100 kcal/dia é geralmente suficiente, podendo

17 Nutrição da gestação à infância


Como amenizar os sintomas indesejáveis
e manter o peso adequado na gestação Lucas Guimarães, Deyvid Costa

este aumentar para 200 kcal/dia ao final da gestação, sendo re-


comendado a restrição de carboidratos simples (açúcares, doces,
farinhas brancas, etc.) e mantendo o consumo de frutas, verduras
e carboidratos integrais, realizando as três refeições principais no
dia (café da manhã, almoço e jantar), além de um ou dois lanches
entre as refeições principais. A fonte de proteína pode vir da carne
(preferencialmente carnes magras) e dos laticínios. O consumo
de manteigas e óleos vegetais deve ser restrito e é recomendada a
suplementação vitamínica, principalmente de ácido fólico.6
O sobrepeso e a obesidade são agravos crescentes na população
mundial, tendo como consequência, o desenvolvimento de diversas
patologias. No Brasil, a elevação da prevalência de sobrepeso e obesi-
dade já é observada desde meados da década de 70.9, 7
Nas mulheres com 20 anos ou mais a prevalência de obesidade é
maior do que nos homens e mais frequente naquelas com baixa ren-
da.9 Em um estudo realizado com mulheres não-obesas nos Estados
Unidos, verificou-se que aquelas que tiveram ou planejavam ter filhos
eram de 3 a 4 vezes mais propensas a tornarem-se obesas em 5 cinco
anos, do que as que não tiveram ou não planejavam ter filhos.7
A obesidade materna está associada a diversos desfechos ne-
gativos na gestação, dentre eles a pré-eclâmpsia, hipertensão na
gestação, diabetes gestacional, a indução do parto, cesarianas, nati-
morto, morte perinatal, macrossomia, pré-termo, anomalias congê-
nitas, risco de obesidade da criança e desenvolvimento de diabetes
tipo 2.10, 11, 12 Assim como as gestantes que iniciam a gravidez obesas,
aquelas com sobrepeso têm risco aumentado para complicações
na gestação.13 Mesmo as que iniciam a gestação eutróficas, quan-

18 Nutrição da gestação à infância


Como amenizar os sintomas indesejáveis
e manter o peso adequado na gestação Lucas Guimarães, Deyvid Costa

do ganham peso além do recomendado, podem apresentar riscos


semelhantes aos observados nas obesas e nas com sobrepeso.14, 15
Durante a gestação as necessidades nutricionais mater-
nas aumentam, para suprir a demanda da mãe e do feto, e
o ganho de peso gestacional é resultado de complexas e im-
portantes alterações fisiológicas, como o aumento do volu-
me sanguíneo, de células vermelhas, rendimento cardíaco,
água corporal, taxa de filtração glomerular e diminuição da
motilidade gastrointestinal.16, 17
Com o objetivo de adaptar-se às modificações fisiológicas da
gestação, principalmente as que geram uma modificação no peso,
o organismo materno distribui o peso adquirido em diferentes re-
giões do corpo, conforme descrito na Gravura 1.

19 Nutrição da gestação à infância


Como amenizar os sintomas indesejáveis
e manter o peso adequado na gestação Lucas Guimarães, Deyvid Costa

Gravura 1 – fonte: Google, com adaptações.

Apesar de ser cientificamente comprovado o aumento das ne-


cessidades maternas durante a gestação, de forma alguma deve ser
adotado na alimentação o dito popular de “comer por dois”, visto
que essa conduta pode aumentar significativamente o peso, tra-
zendo agravos tanto para a saúde materna quanto fetal. É evidente
que haverá um aumento no consumo alimentar durante o período
gestacional e consequentemente um aumento no consumo total
de quilocalorias diárias, porém se faz necessário um acompanha-
mento nutricional eficaz no pré-natal para adequação do adicional
de quilocalorias a serem consumidas durante esse período, visto
que esse adicional durante a gestação, não ultrapassa 500 kcal.
Baseado nisso, a FAO/WHO recomenda que as gestantes eutrófi-
cas tenham um acréscimo no consumo energético de 360 kcal/dia

20 Nutrição da gestação à infância


Como amenizar os sintomas indesejáveis
e manter o peso adequado na gestação Lucas Guimarães, Deyvid Costa

no segundo trimestre e de 475 kcal/dia no terceiro trimestre. Nas


gestantes desnutridas deve haver um acréscimo energético desde
o primeiro trimestre de 360 kcal/dia.18
O ganho de peso adequado de acordo com a recomendação do
IOM (2009) representado na Figura 1, é associado com o bom estado
de saúde da mãe e do bebê durante a gestação e após o parto.19

Figura 2 - Recomendação de ganho ponderal segundo as faixas de IMC no início da gestação (20,21,22)

Com o objetivo de orientar as gestantes para o consumo de ali-


mentos saudáveis, bem como manterem o ganho de peso adequa-
do, o Ministério da Saúde, publicou, em 2011, os dez passos para
alimentação saudável na gestação:
1. Faça pelo menos três refeições (café da manhã, almoço e jantar) e
dois lanches saudáveis por dia, evitando ficar mais de três horas sem
comer. Entre as refeições, beba água, pelo menos 2 litros.
2. Inclua diariamente nas refeições alimentos do grupo de ce-

21 Nutrição da gestação à infância


Como amenizar os sintomas indesejáveis
e manter o peso adequado na gestação Lucas Guimarães, Deyvid Costa

reais (arroz, milho, pães e alimentos feitos com farinha de trigo


e milho), tubérculos, como as batatas, e raízes, como a mandioca
– também conhecida como macaxeira, aipim. Dê preferência aos
alimentos na sua forma mais natural, pois são boas fontes de fi-
bras, vitaminas e minerais.
3. Procure consumir diariamente pelo menos três porções de le-
gumes e verduras como parte das refeições e três porções ou mais
de frutas nas sobremesas e lanches. Não se esqueça do feijão com
arroz. Esse prato brasileiro é uma combinação completa de pro-
teínas e excelente para a saúde.
5. Consuma diariamente leite e derivados e carnes, aves, peixes ou
ovos. Retire a gordura aparente das carnes e a pele das aves antes
da preparação, tornando esses alimentos mais saudáveis.
6. Diminua o consumo de gorduras. Fique atenta aos rótulos dos
alimentos e prefira aqueles livres de gorduras trans.
7. Evite refrigerantes e sucos industrializados, biscoitos rechea-
dos e outras guloseimas no seu dia-a-dia.
8. Diminua a quantidade de sal na comida. Evite consumir ali-
mentos industrializados com muito sal (sódio) como hambúrguer,
charque, salsicha, linguiça, presunto, salgadinhos, conservas de
vegetais, sopas prontas, molhos e temperos prontos.
9. Evite o fumo e o consumo de álcool, pois prejudicam a
sua saúde, o crescimento do feto e aumentam o risco de
nascimento prematuro.
10. Pratique, seguindo orientação de um profissional de saúde, al-
guma atividade física. A alimentação saudável, a atividade física
e a prática corporal regular são aliadas fundamentais no controle

22 Nutrição da gestação à infância


Como amenizar os sintomas indesejáveis
e manter o peso adequado na gestação Lucas Guimarães, Deyvid Costa

do peso, redução do risco de doenças e melhoria da qualidade de


vida. Torne o seu dia-a-dia mais ativo sempre com a orientação do
profissional da saúde.
A gordura saturada é encontrada predominantemente nos
produtos de origem animal (manteiga, banha, toucinho e carnes
e seus derivados, leite e laticínios integrais), embora alguns óleos
vegetais sejam ricos nesse tipo de gordura (óleo de côco).23 Porém,
as principais fontes de ácidos graxos trans são encontrados em
alimentos industrializados como: gorduras vegetais hidrogenadas,
margarinas sólidas ou cremosas, cremes vegetais, biscoitos e bola-
chas, sorvetes cremosos, pães, batatas fritas comerciais preparadas
em fast food, pastéis, bolos, tortas, massas, dentre outros que con-
tenham gordura vegetal hidrogenada entre seus ingredientes.25,26,27
O açúcar deve ser consumido com muita moderação, devido
às evidências da associação entre açúcares, cárie dentária e obe-
sidade. A Organização Mundial da Saúde recomenda que o con-
sumo de açúcares na dieta não exceda os 10% do valor energético
total.28 Aumente o consumo de frutas, verduras e legumes, pois são
alimentos pobres em gorduras e açúcares, porém, ricos em densi-
dade energética, além de terem alta concentração de água e fibras
dietéticas, contribuindo para aumentar a saciedade e reduzir a
ingestão de alimentos.29
O consumo de fibras é de extrema importância na gestação e
no pós-parto, pois ajuda no controle do peso, diminui o risco de
diabetes e doenças coronarianas, reduz a constipação, o risco de
pré-eclâmpsia e promove uma alimentação rica em nutrientes e
com baixa densidade energética.30, 24

23 Nutrição da gestação à infância


Como amenizar os sintomas indesejáveis
e manter o peso adequado na gestação Lucas Guimarães, Deyvid Costa

• Referências

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cy Outcome, 2008.
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co em centro de atendimento à mulher do município de
dourados, 2012.
3. Queiroz, A. A. Conhecendo as alterações da gestação para um
melhor cuidar no pré-natal, 2012.
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chelle l; Hooper, Forrest G; Chung O; Hasler, William l. Protein
meals reduce nausea and gastric slow wave dysrhythmic activity
in first trimester pregnancy,1999.
5. Siega-Riz AM, Viswanathan M, Moos MK, Deierlein A,
Mumford S, Knaack J, Thieda P, Lux LJ, Lohr KN. A syste-
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ethnic, and socioeconomic differences in the incidence of obesity
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8. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. De-
partamento de Atenção Básica. Obesidade / Ministério da Saúde,

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Como amenizar os sintomas indesejáveis
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Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica.


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9. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Indicado-
res IBGE: Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009: Antro-
pometria e Estado Nutricional de Crianças, Adolescentes e Adul-
tos no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.
10. Ramachenderan J, Bradford J, McLean M. Maternal obesity
and pregnancy complications: a review. Aust N Z J Obstet Gynae-
col. 2008; 48: 228-235.
11. Dood JM, Grivell Rm, Crowther CA, Robinson JS. Antenatal in-
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tic review of randomised trials. BJOG 2010; 117:1316-1326.
12. Johnson J, Clifton RG, Roberts JM, Myatt L, Hauth JC, Spong
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men. Am J Public Health. 2001;91:436–440.
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controversial. Am J Clin Nutr. 2000; 71: 1233S–1241S.
16. Ribeiro LC, Devicenzi MU, Garcia JN, Sigulem DM. Nutrição e Ali-
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25 Nutrição da gestação à infância


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sease. Geneva: World Health Organization; 2003. (WHO
Technical Report Series 916)
19. Kinnunen TI, Luoto R, Gissler M, Hemminki E, Hilakivi-Clarke
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Health 2004; 4: 7.
20. Institute of Medicine, National Academy of Sciences. Dietary
Reference Intakes for Energy, Carbohydrate, Fiber, Fat, Fatty Acids,
Cholesterol, Protein, and Amino Acids. Washington, DC: National
Academies Press; 2009.
21. FAO/WHO/UNU Consulation. (WHO Technical Report Series
no. 724) Geneva, Switzerland: World Health Organization, 1985.
22. Institute of Medicine, National Academy of Sciences. Weight
gain during pregnancy: Reexamining the guidelines. National
Academies Press: Washington DC, 2009.
23. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). : 57.ª Assembleia
Mundial de Saúde: Wha 57.17 8.ª sessão plenária de 22 de Maio de
2004 (versão em português, tradução não oficial). [S.l.], 2004.
24. INSTITUTE OF MEDICINE (IOM). Dietary reference intakes
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tein, and amino acids (macronutrients). Washington, DC. Natio-
nal Academy Press, 2005
25. Willett, W.C. Types of dietary fat and risk of coronary heart
disease: a critical review. J. Am. Coll. Nutr.; 20 (1): 5-19, 2001.

26 Nutrição da gestação à infância


Como amenizar os sintomas indesejáveis
e manter o peso adequado na gestação Lucas Guimarães, Deyvid Costa

26. Ascherio A, Katan MB, Zock PL, Stampfer MJ, Willett WC.
Trans fatty acids and coronary heart disease. N Engl J Med 1999;
340:1994-8.
27. Chiara, V. L.; Sicheri, R.; Carvalho, T. S. F. Trans fatty acids of
some foods consumed in Rio de Janeiro, Brazil. Revista de Nutri-
ção, Campinas, v. 16, n. 2, p. 227-233, 2003.
28. Dieta, nutrición y prevención de enfermedades crónicas: Informe
de una Consulta Mixta de Expertos OMS/ FAO. OMS, Serie de Infor-
mes Técnicos, nº 916. Genebra, Organização Mundial da Saúde, 2003.
29. Rolls, B.J.; Bell, E.A.; Castellanos, V.H.; Chow, M.; Pelkman, C.L.;
Thorwart, M.L. Energy density but not fat content of foods affec-
ted energy intake in lean and obese women. Am. J. Clin. Nutr., v.69,
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Dietetic Association: Nutrition and lifestyle for a healthy preg-
nancy outcome. J Am Diet. Assoc. 108, 553-561. 2008.

27 Nutrição da gestação à infância


Nutrientes esseciais
para manutenção da
saúde mãe e filho

Mateus Câmara

28 Nutrição da gestação à infância


Nutrientes essenciais para manutenção da saúde mãe e filho Mateus Câmara

O estado nutricional da mãe reflete na saúde do seu filho,


isso é visto em mães que procuram um nutricionista para ade-
quar sua alimentação antes da gravidez. A procura de uma ali-
mentação saudável orientada é capaz de reduzir significati-
vamente a chance da mãe desenvolver doenças hipertensivas,
diabetes gestacional e obesidade, ao passo que, para o bebê, re-
duz o risco de doenças crônicas não transmissíveis como dia-
betes, hipertensão, dislipidemia no decorrer de sua vida. Nes-
te capítulo serão abordados todos os nutrientes essenciais
para uma gestação saudável.
A cultura popular de acreditar que na gestação “come-se por
2“ dizendo que a gestante necessita de uma grande quantidade em
calorias ainda é muito comum, porém não é verdade. O aumento
calórico de uma gestante para uma não-gestante é da ordem de
100kcal a 180kcal, ou seja, não é um aumento muito grande se
comparado ao indivíduo normal, porém o que realmente muda
são as quantidades de alguns nutrientes específicos usados para o
desenvolvimento adequado do bebê. É preciso sempre atentar-se
para a qualidade do alimento em valor nutritivo e não em valor
calórico, pois raramente alimentos saudáveis ou naturais terão
uma alta quantidade de calorias. Além disso, os alimentos indus-
trializados possuem uma quantidade mínima de nutrientes em
comparação ao valor calórico.
As proteínas são de fundamental importância na gestação, pois
são elas que vão manter a estrutura muscular da gestante bem
como construir as estruturas proteicas do bebê. A baixa ingestão
de proteína pode levar a síndrome hipertensiva conhecida como

29 Nutrição da gestação à infância


Nutrientes essenciais para manutenção da saúde mãe e filho Mateus Câmara

pré-eclâmpsia. Exemplos de fontes destes alimentos são os peixes


como sardinha, tilápia, atum, que além de serem ricos em proteí-
nas, têm uma boa absorção. Nestes é possível encontrar um nu-
triente chamado ácido docosaexaenoico (DHA), que exerce função
de desenvolver o cérebro e a parte cognitiva do bebê, outras ótimas
fontes são o ovo de galinha, o frango e a carne vermelha magra.
Muitas gestantes fazem o uso de dietas restritivas para per-
da de peso durante a gestação, isso é muito perigoso, visto que
o principal nutriente restringido nesse tipo de dieta é o carboi-
drato, a restrição deste pode levar a prematuridade, tal qual re-
duzir a ingestão de nutrientes que encontramos nos alimentos
que possuem carboidratos, a gestante deve se atentar ao tipo
de carboidrato ingerido, reduzir a ingestão de doces, açúcares
e de alimentos processados que contém pouca quantidade de
alimento, porém alta quantidade de carboidrato.
Os melhores carboidratos para serem ingeridos são os tubércu-
los, como a batata doce, a mandioca, o inhame, o cará e o arroz inte-
gral, pois eles possuem uma maior quantidade de fibras reduzindo
assim a velocidade em que o açúcar chega ao sangue. Não podemos
deixar de lado as frutas como a maçã, pêra, laranja, pois além de ri-
cas em vitaminas e minerais, possuem fibras que ajudam na regula-
ção do intestino e auxiliam na nutrição das bactérias benéficas que
vivem no intestino. As gorduras não podem ser restringidas, pois
nelas além de encontrarmos vitaminas especificas, também ajudam
na absorção das mesmas. As gorduras são fontes de ácidos graxos
ômega 3, 6 e 9, sendo o ácido graxo ômega 3, encontrado nos peixes
e óleos, essencial no desenvolvimento cerebral do bebê.

30 Nutrição da gestação à infância


Nutrientes essenciais para manutenção da saúde mãe e filho Mateus Câmara

Em relação a vitaminas nós temos duas classes: as lipossolú-


veis que são as vitaminas A, D, E, K e as vitaminas hidrossolú-
veis que são do complexo B e a vitamina C. Todas essas têm fun-
ções distintas, porém primordiais no desenvolvimento do feto,
bem como da manutenção do estado nutricional da mãe. As vi-
taminas lipossolúveis são melhores absorvidas quando ingeridas
juntamente com uma fonte de gordura, como os óleos, e é possí-
vel encontrar estes nutrientes nas hortaliças verdes escuras, de
cor laranja e vermelha, que possuem vitamina A, vitamina E e
é encontrada nos azeites e em castanhas.
Já as vitaminas hidrossolúveis são facilmente encontradas em
frutas como laranja, maçã, melancia, tomate, pêra e também em
diversas hortaliças como rúcula, espinafre, brócolis e couve flor,
por exemplo. Gestantes devem dar uma atenção maior para algu-
mas vitaminas, como a vitamina A e a vitamina B9 ou ácido fólico,
pois estas agem na formação dos órgãos do bebê, a vitamina A
atua na formação do sistema imunológico do bebê, já a vitamina
B9 atua na formação do sistema nervoso, durante a gestação a sua
necessidade aumenta, a deficiência pode causar má formação do
sistema nervoso, bem como anemia.
As fontes proteicas são também ricas em um mineral chama-
do ferro, este tem papel fundamental na prevenção de anemias e
como consequência previne o baixo peso de recém-nascidos, mas
não para por aí, o ferro desempenha função de desenvolver a ca-
pacidade cognitiva do bebê, desenvolvimento físico e cerebral, tor-
nando-se um nutriente de extrema atenção a todas as gestantes.
Para prevenir a anemia por falta de ferro, denominada anemia fer-

31 Nutrição da gestação à infância


Nutrientes essenciais para manutenção da saúde mãe e filho Mateus Câmara

ropriva, a gestante deve alimentar-se de quantidades adequadas de


proteínas principalmente de origem animal, como a carne vermelha,
juntamente com uma boa ingestão de alimentos ricos em vitamina
C, os alimentos cítricos são ricos neste nutriente, a vitamina C atua
melhorando a absorção do ferro.
O assunto sobre nutrição na gestação não se esgota apenas nes-
te capítulo, uma gestação saudável, tanto para o bebê, como para
a gestante, deve ser acompanhada por um nutricionista, para ade-
quar as quantidades nutricionais em relação a sua característica,
determinando suas quantidades nutricionais, com isso trazendo
apenas benefícios para sua saúde principalmente após o parto, fa-
cilitando o reestabelecimento da sua forma física após a gravidez,
visto que alimentação saudável e qualidade de vida andam juntas,
por isso devem ser continuadas pelo resto da vida.

• Referências

1. BÁRBARA C.A, SARAIVA, et al. Iron deficiency and anemia are


associated with low retional levels in children aged 1 to 5 years.
Jornal de pedriatria. v.90 p.593, 2014.
2. ERIN E QUANN, Victor L Fulgoni and Nancy Auestad. Consu-
ming the daily recommended amounts of dairy products would
reduce the prevalence of inadequate micronutriente intake in the
United States: diet modelling study based on NHANES 2007-2010.
Journal clinical nutrition v.29 p.32-41, 2016.
3. SILVA, Luciane Valente, et al. Micronutrientes na gesta-
ção e lactação. Revista brasileira de saúde materno infantil.

32 Nutrição da gestação à infância


Nutrientes essenciais para manutenção da saúde mãe e filho Mateus Câmara

v.7, p.237-244, 2007.


4. SIMPSON, JL et al. Micronutrients and women of reproductive
potential: required dietary intake and aconsequences of dietary
dificiency or excess. Part I – folate, vitamin b12, vitaminb6. v.21,
n.12, p.1323-1343, 2010.
5. TRUMBO, Paula, et al. Dietary reference intakes for energy, car-
bohydrate, fiber, fat, fatty acids, cholesterol, protein and amino acids.
Journ of the american dietetic association. v.102, n.11, 2002.

33 Nutrição da gestação à infância


Exercício físico na
gestação: futura
mamãe em forma e
saudável
Alexandre Gonçalves
Exercício físico na gestação: futura mamãe em forma e saudável Alexandre Gonçalves

• Orientações Iniciais

Segundo posicionamento oficial da Sociedade Brasileira de


Medicina do Esporte, exercícios físicos para gestantes são reco-
mendados, desde que haja completa ausência de anormalidade,
de acordo com avaliação médica especializada.
Devido às dificuldades de realização de pesquisas científicas
com mulheres grávidas (por razões éticas), preconiza-se que a fu-
tura mãe deva realizar atividades leves a moderadas, em que o
batimento cardíaco não ultrapasse o limite de 120 batimentos por
minuto (bpm) para mãe sedentária ou até 140 bpm para a mãe
que se encontrava com prática regular de atividade física antes da
gravidez. Esta intensidade garante um melhor aporte de oxigena-
ção ao feto, uma vez que se tem aumento do fluxo sanguíneo para
todo o corpo sem que haja diminuição de fluxo na região uterina.
Exercícios que ultrapassem essas recomendações podem ocasionar
menor fluxo de sangue no útero, e consequentemente, sofrimento
fetal e riscos à gestação.
Outro fator que poderá levar o feto ao sofrimento é a elevação
excessiva da temperatura corporal da gestante. Assim, recomenda-
-se que a prática de exercícios físicos seja realizada em ambiente
bastante arejado, que se mantenha hidratada e evite os horários
de pico de calor ao longo do dia.
Assim, tomados os devidos cuidados, a adoção da prática regular
de exercícios físicos no período pré-natal poderá auxiliar na preven-
ção de algumas doenças como hipertensão arterial sistêmica (HAS),
obesidade materna, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, dentre outras.

35 Nutrição da gestação à infância


Exercício físico na gestação: futura mamãe em forma e saudável Alexandre Gonçalves

• Que exercícios praticar?

Exercícios aeróbios de intensidades moderadas são os mais in-


dicados. Entre eles destacamos: caminhada, natação e hidroginás-
tica. Contudo, exercícios de força para tonificação da musculatura
também podem ser incrementados ao programa da grávida, desde
que tomados os devidos cuidados quanto à postura a ser adotada
e a intensidade das cargas, que devem ser ajustadas à condição
individual de cada mulher.
Também são sugeridos exercícios de alongamentos para aliviar
as tensões sobre a coluna vertebral, provocadas pelo crescimento da
barriga e pela mudança do centro de gravidade do corpo da gestante.
Além disso, estes exercícios têm a função de preparar a musculatura
específica para o parto, de preferência, natural.
Atualmente, outras modalidades de exercícios também
podem ser consideradas pela gestante, como yoga e pilates.
O importante na prática de exercício físico é a regularidade.
Assim, a gestante deve procurar uma modalidade que lhe pro-
porcione mais prazer e dessa forma terá maior aderência ao
programa de exercício.

• O bom senso deve predominar

Apesar de exercícios para gestantes saudáveis serem recomen-


dados e muito benéficos, alguns alertas são importantes. Primeiro
de tudo é fundamental que os exercícios sejam acompanhados por
um Profissional de Educação Física devidamente habilitado. Este

36 Nutrição da gestação à infância


Exercício físico na gestação: futura mamãe em forma e saudável Alexandre Gonçalves

profissional irá elaborar um programa de exercícios mais coerente


com as características individuais, tanto físicas quanto clínicas, da
gestante, fazendo com que a futura mamãe tenha toda a segurança
necessária ao se exercitar.
Deve-se destacar, que entre outras coisas, a importância do
cuidado com a escolha do tipo de exercício, volume (quantidade) e
intensidade (esforço que a gestante irá ter que realizar), pois, a grá-
vida desenvolve maior instabilidade articular devido ao aumento
da expressão do hormônio relaxina, o qual age sobre os ligamentos,
deixando-os mais frouxos, tornando a mulher mais susceptível a
lesões articulares.
Assim, um programa de exercício físico bem orientado por um
profissional de educação física especializado irá proporcionar, com
certeza, à futura mamãe, uma gestação mais tranquila e com maior
qualidade para ela e o filho.
Portanto, para elaboração de programas de exercícios físicos
durante a gestação, vale a velha máxima: “bom senso não faz mal
a ninguém”. Ressaltamos isto porque o período da gravidez não é
momento de iniciar treinamento físico vigoroso. Neste momento
da vida da mulher, os exercícios físicos deverão ter como objetivo
proporcionar um melhor bem-estar para a mãe e seu futuro bebê.

• Recomendações gerais para realização de um


programa de exercícios para gestantes

Aqui fazemos um resumo das principais recomendações a fu-


tura mamãe realizar seu programa de exercício com segurança:

37 Nutrição da gestação à infância


Exercício físico na gestação: futura mamãe em forma e saudável Alexandre Gonçalves

• Obter liberação médica antes de iniciar os exercícios;


• Procurar um profissional de educação física especializado para
elaborar e acompanhar o programa de exercícios;
• O programa de exercícios deverá considerar a individualidade
da gestante;
• O programa de exercícios deverá ter componentes aeróbio, de tonifi-
cação, flexibilidade leve, pré-natais específicos e de respiração;
• A intensidade deve ser prescrita individualmente, considerando o
histórico prévio da grávida quanto a prática de exercícios;
• Evitar aumentos excessivos da temperatura corporal;
• Cuidados com a postura. Deve-se evitar a posição de decúbito
dorsal, principalmente no último trimestre de gestação;
• Manter a hidratação antes, durante e após a sessão de exercícios;
• Evitar exercícios se estiver manifestando sinais de cansaço;
• Diante de qualquer anormalidade, interrompa o programa de
exercícios e procure seu médico imediatamente.

• Referências

1. CHAVES, Neto H. Sá RAM. Obstetrícia Básica. 2 ed. São Paulo:


Atheneu, 2007.
2. CORREA, HPC. Dias AC, Fasolo E, Albergaria MB, Dantas EHM.
Análise do comportamento da coluna lombar no ciclo grávido puer-
peral. Fitness & Performance Journal 2003; 2(2): 83-89.
3. MONTENEGRO, CAB, Rezende Filho J. Obstetrícia Fundamen-
tal. 11 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
NEVES, C. Medina JL, Delgado JL. Alterações endócrina e imuno

38 Nutrição da gestação à infância


Exercício físico na gestação: futura mamãe em forma e saudável Alexandre Gonçalves

modulações na gravidez. Arq Med 2007; 21(5/6):175-82.


4. VELLOSO, EPP., Reis ZSN, Pereira MLK, Pereira AK. Resposta ma-
terno fetal resultante da prática de exercício físico durante a gravi-
dez: uma revisão sistemática. Rev Med Minas Gerais 2015; 25(1): 93-99.
5. WOLFE LA, Weissgerber TL. Clinical physiology of exercise in preg-
nancy: a literature review. J Obstet Gynaecol Can. 2003; 25(6):473-83.
6. ZAVORSKY, GS. Longo LD. Exercise guidelines in pregnancy:
new perspectives. Sports Med. 2011; 41(5):345-60.

39 Nutrição da gestação à infância


Gestação gemelar/
Prenhez múltipla

Lydiane Guimarães
Gestação gemelar/ Prenhez múltipla Lydiane Guimarães

A presença simultânea de dois ou mais conceptos constitui a ges-


tação múltipla, classificada em dupla ou gemelar, tripla, quadrupla
e assim sucessivamente. Existe uma maior incidência de gestações
gemelares ao redor do mundo devido ao uso de medicamentos indu-
tores de ovulação, também decorrente das técnicas de reprodução
assistida e pela idade avançada materna.
A gestação múltipla pode ser univitelina, monozigótica, re-
sultado da fertilização de um único óvulo dividindo-se o zigoto
antes ou depois da implantação no útero. Nesse caso os gêmeos
tem o mesmo genótipo, ou seja, o sexo é obrigatoriamente o
mesmo, o grupo sanguíneo, as características físicas e as tendên-
cias patológicas também. Na gestação monozigótica, segundo as
evidências, dobra sua incidência com a utilização de indutores
da ovulação, e são mais raras.
Gestações dizigóticas ou bivitelinos são resultantes da fe-
cundação de dois óvulos e a placentação é necessariamente
dicoriônica (duas placentas), os gêmeos podem ser ou não do
mesmo sexo, e não apresentam semelhança genética. A inci-
dência dos bivitelinos varia com a etnia, sendo maior entre os
nigerianos, menor entre os asiáticos e é mais comum entre as
mulheres mais velhas de 35 – 40 anos.
O primeiro sinal para o início de uma suspeita de gestação
gemelar é o tamanho uterino aumentado para idade gestacio-
nal. O exame de ultrassom pode confirmar, sendo feito entre
6 e 9 semanas onde já é possível a discreta distinção de um ou
mais sacos gestacionais, podendo ser também confirmada com
ausculta dos batimentos cardíacos.

41 Nutrição da gestação à infância


Gestação gemelar/ Prenhez múltipla Lydiane Guimarães

Durante a gestação a mulher está em atividade metabóli-


ca alta, portanto, uma alimentação equilibrada vai garantir o
aporte nutricional adequado para um bom desenvolvimento
do bebê, assegurando também as reservas necessárias para o
momento do parto e do pós-parto, além da lactação.
É importante destacar que em uma gestação múltipla as ne-
cessidades são maiores. O volume sanguíneo materno aumenta
cerca de 50% a 60% contra 40% a 50% nas gestações únicas, o
que resulta na diminuição dos níveis de hemoglobina, glicose,
albumina, proteínas e algumas vitaminas.
Com essa demanda aumentada e por alguns outros fatores
existem complicações mais frequências em gestações gemelares,
como a prematuridade, que é o nascimento antes da 37ª semana,
a anemia materna proveniente de uma maior demanda de ferro
e ácido fólico, por isso a necessidade de suplementação e acom-
panhamento periódico principalmente no início da gestação.
Outras complicações são êmese e hiperêmese gravídica,
esses enjoos e episódios de vômito são mais comuns até a 20ª
semana de gestação, quadros constipação intensa, CIR – Cres-
cimento intrauterino restrito, dispneia (falta de ar), edema (in-
chaço), polidramnia (aumento do líquido amniótico) algumas
estratégias nutricionais podem trazer alívio ou prevenir alguma
dessas complicações.

42 Nutrição da gestação à infância


Gestação gemelar/ Prenhez múltipla Lydiane Guimarães

43 Nutrição da gestação à infância


Gestação gemelar/ Prenhez múltipla Lydiane Guimarães

Nas gestações gemelares as demandas energéticas são maiores,


principalmente a partir da 20ª semana, por isso existe a indicação
de aumentar em 150kcal em cima do cálculo da necessidade de uma
gestação única. Entretanto, é de extrema importância ressaltar que
o profissional nutricionista precisa avaliar a gestante para analisar
a conduta individualmente, o ganho de peso deve ser acompanha-
do, assim como a qualidade dos alimentos consumidos, pois ficar
muito abaixo ou acima do peso indicado pode trazer sérios riscos
a saúde da mãe e da criança.

Referências

1. KRAUSE, M. MAHAN, LK. Alimentos, nutrição e dietoterapia.


São Paulo: Ed. Rosca, 13ª ed, 2013.
2. MONTENEGRO, C.A.B., FILHO, J.R. Obstetrícia Fundamental.
Rio de Janeiro, 11ª ed. Guanabara Koogan 2008.
3. NEME, B. Obstetrícia Básica. São Paulo: Ed. Sarvier, 3ª ed. 2005.
4. OMS. Diretriz: Suplementação diária de ferro e ácido fólico em
gestantes. Genebra: Organização Mundial da Saúde; 2013.
5. VITOLO, M.R. Nutrição da gestação ao envelhecimento. Rio de
Janeiro: Ed. Rubio. 2ª ed. 2014.

44 Nutrição da gestação à infância


Depressão pós-parto

Adrielly Demschinski
Depressão pós-parto Adrielly Demschinski

Fonte: http://alomae.prefeitura.sp.gov.br/o-que-e-depressao-pos-parto/

• O que é Depressão Pós-Parto?

Muitas vezes a mulher acontece de ter, mas não é identificado


ou visto como um problema que precisa de um cuidado especial. A
depressão pós-parto (DPP) atinge cerca de 15% das mulheres após
terem dado à luz. Durante os primeiros dias após o parto e de ama-
mentação é o período onde surgem os sintomas.
Trata-se de um distúrbio de humor que pode ser moderado
ou severo. Muito semelhante à situação de depressão. Após o
parto, a realidade de agora ser mãe e responsável por uma crian-
ça, passa a preocupar a mulher de modo exagerado ou fazer com
que esta tenha compulsão por determinadas coisas. Sentimento
de tristeza, de desamparo, de angústia, de insatisfação, chorar
com frequência, desinteresse sexual, alterações alimentares e
no sono são alguns sintomas. Pode acontecer também de ter

46 Nutrição da gestação à infância


Depressão pós-parto Adrielly Demschinski

desejos ruins sobre a criança, pensamentos agressivos, mesmo


amando seu filho, sente desejo de beliscá-lo, abandoná-lo ou
deixa-lo cair. Tudo isso também gera na mãe uma grande tris-
teza, insatisfação, irritabilidade e fragilidade emocional, pois
há o sentimento de culpa por ter desejos ruins sobre seu filho.
Não há uma causa fixa a respeito do que causa a DPP, são
vários fatores envolvidos, entre eles mudança física vinda da
gravidez e do parto, fatores emocionais, estilo de vida, falta de
apoio familiar, abandono, histórico de depressão.
Os profissionais especialistas que podem diagnosticar uma
depressão pós-parto são: Psicólogo. Psiquiatra, Endocrinologista
e Ginecologista e Obstetra.

Fonte: https://temosquefalarsobreisso.wordpress.com/2015/10/20/sinto-que-meu-filho-me-rejeita/

• Consequências futuras na criança

Há um grande número de pesquisas que mostram o quanto a


depressão pós-parto está ligada aos problemas cognitivos e socioe-
mocionais em crianças. De acordo com a duração da DPP, a afetivi-

47 Nutrição da gestação à infância


Depressão pós-parto Adrielly Demschinski

dade e cuidados à criança são afetados, gerando assim um prejuízo


no desenvolvimento cognitivo e social nos primeiros anos da criança.
Pesquisas apontam uma grande associação entre a depres-
são pós-parto e problemas futuros de desenvolvimento, trans-
tornos de conduta, comprometimento da saúde física, inse-
gurança e também episódios depressivos. Há também efeitos
sobre a criança em seu desenvolvimento cognitivo, problemas
com a linguagem e atenção.

• Cuidados e tratamentos

Segundo Schmidt (2005), o reconhecimento do estado de-


pressivo é o primeiro passo para uma intervenção. Assim
que a mãe assume sua situação e admite que precisa de auxí-
lio, o trabalho feito pelo profissional torna-se bem mais fácil.
Quando mais cedo for identificado, menos o relacionamento
mãe-bebê é prejudicado.
Normalmente os antidepressivos são os mais utilizados no
tratamento a depressão pós-parto. Para que seja evitada uma
recaída ou retorno dos sintomas, o médico pode passar o remé-
dio por até um ano. Nos casos em que as crises se prolongam,
o tratamento pode levar anos.
Com um acompanhamento psicológico vinculado ao trata-
mento medicamentoso, é possível recuperar-se da depressão
pós-parto em pouco tempo e tendo um resultado positivo.

48 Nutrição da gestação à infância


Depressão pós-parto Adrielly Demschinski

• Referências

1. ALMEIDA, Natália Maria de Castro, & Arrais, Alessandra da Ro-


cha. (2016). O Pré-Natal Psicológico como Programa de Prevenção
à Depressão Pós-Parto. Psicologia: Ciência e Profissão, 36(4), 847
863. https://dx.doi.org/10.1590/1982-3703001382014
2. CARLESSO, Janaína Pereira Pretto, Souza, Ana Paula Ramos de,
& Moraes, Anaelena Bragança de. (2014). Análise da relação entre
depressão materna e indicadores clínicos de risco para o desen-
volvimento infantil. Revista CEFAC, 16(2), 500-510. https://dx.doi.
org/10.1590/1982-0216201418812
3. BROCCHI, Beatriz Servilha, Bussab, Vera Silvia Raad, & David,
Vinícius. (2015). Depressão pós-parto e habilidades pragmáticas:
comparação entre gêneros de uma população brasileira de baixa
renda. Audiology - Communication Research, 20(3), 262-268. ht-
tps://dx.doi.org/10.1590/2317-6431-ACR-2015-1538
4. MORAIS, Maria de Lima Salum e, Fonseca, Luiz Augusto Mar-
condes, David, Vinicius Frayze, Viegas, Lia Matos, & Otta, Emma.
(2015). Fatores psicossociais e sociodemográficos associados à de-
pressão pós-parto: Um estudo em hospitais público e privado da
cidade de São Paulo, Brasil. Estudos de Psicologia (Natal), 20(1),
40-49. https://dx.doi.org/10.5935/1678-4669.20150006
5. SCHMIDT, Eluisa Bordin; PICCOLOTO, Neri Maurício e MULLER,
Marisa Campio. Depressão pós-parto: fatores de risco e repercus-
sões no desenvolvimento infantil. PsicoUSF [online]. 2005, vol.10,
n.1, pp. 61-68. ISSN 1413-8271.

49 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros
Cuidados ao Berço

Paula Frassineti
Os Primeiros Cuidados ao Berço Paula Frassineti

“Amar é um cuidar que se ganha em se perder.”


Luís de Camões

O cuidado dispensado a crianças no primeiro ano de vida é fun-


damental para o desenvolvimento do pequeno organismo que, após
um curto período de adaptação às condições de vida extrauterina,
precisa desenvolver capacidades fundamentais para a sua sobre-
vivência e desenvolvimento nas etapas subsequentes. Ao mesmo
tempo, é nesse período que se estabelecem vínculos afetivos e o
fortalecimento de laços que se perpetuarão e refletirão no desen-
volvimento emocional e cognitivo ao longo de toda a vida.
De forma impressionante, no primeiro ano de vida, o bebê tem,
normalmente, o seu peso triplicado e a sua estatura duplicada. É o
que denominamos crescimento somático. Contudo, cada tecido e
cada órgão tem velocidades distintas de crescimento e maturação.
Sendo assim, observamos nos bebês o crescimento neural, reproduti-
vo e linfoide. Harmoniosamente os quatro processos de crescimento
se desenvolvem na medida exata e de forma coordenada, tornando
o indivíduo apto para as respostas fisiológicas, que irão auxiliá-
-lo na sua sobrevivência. Essas somente se aprimorarão nas fases
subsequentes do desenvolvimento.
Dessa forma, ao final de um ano, os bebês são capazes de segu-
rar objetos, reconhecer pessoas, mastigarem alimentos, balbuciar
frases, sentarem sem a ajuda de terceiros e se deslocarem dentro
do ambiente em que se encontram, quer seja engatinhando, quer
seja se segurando em diferentes objetos presentes no ambiente. A
figura 1 apresenta, de forma resumida, as expectativas de desen-

51 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros Cuidados ao Berço Paula Frassineti

volvimento físico estabelecidos para os primeiros 12 meses de vida.

Figura 1: Representação das etapas de desenvolvimento observadas nos primeiros.


(Adaptado de http://www.momjunction.com/articles/simple-tips-to-nurture-faster-ba-
by-boy- growth_0082300/#gref)

A manutenção da saúde de bebês é o reflexo do estabelecimento


de uma rotina de cuidados adequados e da provisão de um ambien-
te propício ao desenvolvimento das aptidões estabelecidas para a
idade. Ela é uma tarefa que exige de pais e cuidadores uma atenção
diferenciada e o conhecimento de algumas estratégias básicas que au-
xiliam em rotinas de cuidado. Sendo assim, o presente capítulo foi or-
ganizado considerando, de forma resumida, os principais cuidados a
serem dispensados aos bebês nas diferentes etapas do desenvolvimento
observadas no primeiro ano de vida.
Antes do nascimento, a vida do feto depende exclusivamen-
te do organismo da mãe. Contudo, logo nas primeiras horas após o

52 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros Cuidados ao Berço Paula Frassineti

nascimento, o organismo do recém-nascido (RN) adapta as suas


respostas fisiológicas para que seja garantida a sua viabilidade sem
o auxílio da placenta. As adaptações imediatas dessa fase são as
respiratórias (distribuição de oxigênio para todas as células), cir-
culatória (distribuição do sangue para todos os tecidos) e térmica
(controle da temperatura corporal).
Cabe ressaltar que, para a grande parte dos RN, esse processo de
transição ocorre sem maiores intercorrências e antes de 24 horas eles
são conduzidos aos quartos ou enfermarias de suas mães, as quais tam-
bém estão vivenciando um processo de adaptação imposto pela nova
condição da maternidade. Dentro do ambiente hospitalar, a segurança
de se estar próxima a uma equipe multiprofissional que a assiste nas
necessidades iniciais, favorecem a autoconfiança. Para tal, é fundamen-
tal que a mãe se sinta confortável de conversar com os profissionais de
saúde que ali se encontram (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e
nutricionistas) e que esses sejam capazes de tranquilizá-la e auxiliá-la
nesse período de transição para que, após a alta, ela possa prover ao RN
os cuidados adequados.

• O primeiro desafio: o estabelecimento da amamentação

É consenso que o aleitamento materno (AM) consiste no modo


mais natural e seguro de alimentação para crianças de até dois
anos. Dada a sua importância, o Fundo das Nações Unidas para
a Infância (UNICEF), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e
órgãos de proteção à criança declararam que o AM é um com-
portamento básico para a sobrevivência infantil. Preconiza-se,

53 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros Cuidados ao Berço Paula Frassineti

portanto, que o leite materno deve ser ofertado ao bebê de ma-


neira exclusiva até o sexto mês de vida, perdurando até os dois
anos de idade ou mais.
Dadas as peculiaridades do leite humano, visto tratar-se de um
alimento vivo que apresenta uma composição química peculiar. A
combinação de proteínas, lipídeos, carboidratos, minerais, vitami-
nas, enzimas e células vivas faz com que o leite materno apresente
diversos benefícios nutricionais, imunológicos, econômicos, psico-
lógicos e emocionais reconhecidos e inquestionáveis.
Após o nascimento do bebê, a composição e a quantidade de
leite variam de acordo com as necessidades do RN. O colostro é
a primeira “forma de apresentação” do leite materno. Ele é um li-
quido amarelado e espesso produzido e secretado no período pós-
-parto. Apesar de ter um aspecto diferente do leite denominado de
“maduro”, o colostro é reconhecidamente importante para a boa
adaptação fisiológica do RN à vida extrauterina. Sendo assim, é
importante que tão logo for possível, ele seja ofertado ao bebê. Cabe
ressaltar que o ato de sugar, um dos reflexos primitivos observa-
dos no RN. Sendo assim, será instintivo que ao lhe ser ofertada a
mama, ele a sugará.
A experiência da primeira amamentação causa um certo des-
conforto para a maioria das mulheres, principalmente no início da
mamada. Estudos revelam que alguns fatores contribuem para tal.
O mal posicionamento do bebê ou a pega incorreta são apontados
como as principais causas de mamilos machucados e muito dolorosos,
os quais contribuem para a desistência da amamentação.
Importante considerar que nesse processo temos dois aprendi-

54 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros Cuidados ao Berço Paula Frassineti

zes que precisam se adaptar à nova realidade: mãe e bebê. Sendo


assim, paciência, tranquilidade e persistência são fundamentais.
Após o estabelecimento das rotinas da mamada, tudo transcorrerá
normalmente.
Cabe lembrar que a opção pelo AM é sempre uma decisão da mãe,
sendo esta fortemente influenciada por padrões culturais e sociais.
Contudo, segundo a UNICEF, o período pós -parto pode ser definitivo
para contribuir ou não para o estabelecimento do AM.
A Figura 2 apresenta, de forma resumida, algumas dicas para o
posicionamento adequado do bebê e a pega correta, considerados
essenciais para o estabelecimento do AM.

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Os Primeiros Cuidados ao Berço Paula Frassineti

Figura 2: Dicas para o posicionamento adequado e a pega correta para o estabelecimento


do AME (fonte: http://guiamamae.com/checklist-da-amamentacao/)

• Amamentação: será que tenho leite suficiente?

Ao longo dos meses, é muito comum as mães de primeira via-


gem se queixarem de que estão produzindo pouco leite ou que o
leite “fraco”. Muitas vezes, tal percepção é fruto da insegurança

56 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros Cuidados ao Berço Paula Frassineti

materna quanto a sua capacidade de nutrir plenamente seu bebê.


Contudo, é importante lembrar que a maioria das mulheres tem
condições biológicas para produzir leite suficiente para atender à
demanda de seus filhos.
O grande problema é que essa insegurança, com frequência,
é reforçada por pessoas próximas. Com isso o choro do bebê e as
mamadas frequentes (que fazem parte do comportamento nor-
mal em bebês pequenos) são interpretadas como sinais de fome.
Na amamentação, o volume de leite produzido é variável
de acordo com a quantidade que a criança mama e da frequên-
cia com que mama. Quanto maior o volume de leite e quanto
maior a frequência das mamadas, maior será a produção de
leite. Normalmente, toda mãe tem a capacidade de produção
de leite maior que o que o seu bebê necessita. Para se ter uma
ideia, estudos indicam que mães que mantém a amamentação
exclusiva conseguem manter uma produção média de cerca de
800mL por dia no 6º mês.
Sendo assim, durante as consultas de acompanhamento e
crescimento e desenvolvimento (CD) o pediatra ou a enfermei-
ra responsável farão a avaliação do ganho de peso da criança e
poderão auxiliar na manutenção de uma amamentação eficaz.
Se for o caso, suplementos poderão ser prescritos.

• Cuidados Essenciais com o Coto Umbilical

O coto umbilical nada mais é do que a parte do cordão umbili-


cal que permanece presa ao corpo do RN por um período médio de

57 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros Cuidados ao Berço Paula Frassineti

sete dias. Os cuidados com o coto umbilical são cercados de mitos


e crenças que contribuem ainda mais para a insegurança de mães,
principalmente as de primeira viagem. Algumas práticas, tais como
a de enfaixar o coto, colocar moeda, utilizar preparados caseiros
(folhas de arruda, de fumo, banha de galinha) não são recomenda-
das, sendo nocivas para o bebê.
Vale lembrar que o coto umbilical é uma porta de entrada
para diversas infeções. Dentre elas, o tétano neonatal é uma de
maior preocupação. Pela gravidade da doença, além da limpeza
correta do coto umbilical, o Ministério da Saúde recomenda
a vacinação antitetânica a todas as mulheres em idade fértil,
grávidas ou não, com idades entre 10 e 49 anos.
Deve-se aqui considerar que a OMS, baseada em estudos
diversos, sugere que o melhor cuidado com o coto umbilical é
mantê-lo limpo e seco, não havendo necessidade de uso de an-
tissépticos ou ligaduras (“dry cord care” – cuidado seco). Con-
tudo, havendo qualquer tipo de sujidade é recomendável a sua
limpeza com água potável. Em locais onde há precariedade de
condições sanitárias adequadas, sugere-se a limpeza com água
fervida e uso de antissépticos tópicos. Os mais comuns são o
álcool 70% e a solução de clorexidina 4%. Ambos com excelente
eficácia e tolerância, sendo o primeiro mais acessível.
Abaixo, os procedimentos recomendados para a limpeza do
coto umbilical:
• Lavar bem as mãos com água e sabão antes de cuidar do coto
umbilical, para evitar que os micróbios presentes nas mãos en-
trem no coto umbilical e causem doenças ao bebê;

58 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros Cuidados ao Berço Paula Frassineti

• Suspender com uma das mãos o coto umbilical e com a ou-


tra mão passar um pano lavado e passado a ferro, gazes, al-
godão ou cotonete molhado em álcool a 70% em toda a base
do coto umbilical;
• Utilizar outro pano lavado e passado a ferro, algodão ou cotone-
te quando estes estiverem sujos, sempre que necessário;
• Lavar também o coto umbilical com álcool a 70 % (encontrado
nos Postos de Saúde ou farmácias);
A limpeza do coto deve ser diária, podendo ser realizada várias
vezes. Recomenda-se que esta seja feita após o banho e a troca de
fraldas, até que a ferida umbilical esteja completamente cicatrizada.
Lembrando que não se deve usar gazes e nem tampouco
faixas para cobrir o coto umbilical. A fralda deve ser sempre
colocada abaixo do dele, para que ele fique sempre seco. Caso
se observe qualquer alteração (vermelhidão, umidade em
volta do coto umbilical, secreção e mal cheiro) deve-se procu-
rar um serviço de saúde, o mais rápido possível, para que seja
dado o tratamento adequado.
O mito gerado pelo cuidado com o coto umbilical faz com
que, em algumas regiões do nosso país, o primeiro banho do
RN seja adiado para após a queda do coto. Contudo, não há
nenhuma evidência que tal atitude previne a infecção do coto
umbilical ou reduzam o tempo de sua cicatrização.
Importante considerar que após a queda do coto, pode ser
que a região do umbigo permaneça inchada e continue a vazar
um líquido. Essa é uma condição denominada de granuloma
umbilical e desaparece rapidamente com o tratamento adequa-

59 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros Cuidados ao Berço Paula Frassineti

do. Sendo assim, é muito importante que ela seja informada


ao profissional de saúde na primeira consulta do bebê, a qual
ocorre normalmente no décimo dia de vida.
Também pode surgir uma saliência logo abaixo do umbigo
conhecida como hérnia umbilical. Geralmente, trata-se de uma
condição que não causa maiores problemas e costuma desapa-
recer até o quinto ano de vida.

• Os cuidados na hora do banho

Considerando que a manutenção da temperatura corporal do RN


é fundamental para a sua adaptação à vida extrauterina, o primeiro
banho é dado no hospital somente após a estabilização dos sinais
vitais do bebê. Isso ocorre, normalmente, nas primeiras quatro horas
de vida. Sendo assim, recomenda-se que o primeiro banho ocorra
não antes das 6 primeiras horas de vida.
O banho por imersão é o preferível, visto que provoca menos
perda de calor. Deve-se utilizar somente água fervida ou soro
fisiológico, numa temperatura de 37ºC. O banho deve ter uma
duração máxima de 5 minutos, pois, no início, é considerado um
estressor para muitos bebês. Sendo assim, é normal que alguns
bebês chorem bastante nos primeiros banhos e isso costuma a
aumentar o medo de algumas mães de estarem machucando-
-os ou maltratando-os. Sendo assim, vale novamente lembrar
que se trata de um aprendizado mútuo, que exige paciência,
persistência e tranquilidade.
Para o RN a termo (aquele que nasce no tempo previsto),

60 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros Cuidados ao Berço Paula Frassineti

são recomendados banhos diários ou em dias alternados. É


importante lembrar que neste período, os bebês não são ex-
postos à sujidade, visto que praticamente a mãe ou cuidador
permanecem mais em contato direto com ele. Bebês prematu-
ros devem ser banhados com água potável ou fervida, ou soro
fisiológico, de 4/ 4 dias.
Algumas recomendações importantes para o sucesso do banho:
1. Local adequado: escolher um ambiente deve ser fechado, com
uma temperatura agradável e sem correntes de ar;
2. Material necessário: algodão, sabonete neutro, fralda de pano,
toalha macia, cotonete, álcool 70%, óleo mineral, banheira com
água morna. Deve-se checar a temperatura da água, antes de se
despir o bebê. O uso de baldes de imersão é uma prática que vem
sendo adotada. Cabe à mãe a decisão em relação ao uso da ba-
nheira ou do balde;
3. Passo a passo (banho com banheira):
I. Despir o bebê, mantendo-o de fralda e enrolado em
uma toalha.
II. Acomodá-lo em um dos antebraços, cuja mão deve apoiar
a cabeça e proteger os ouvidos.
III. Lavar o rosto do bebê somente com água.
IV. Utilizar um chumaço de algodão embebido com sabone-
te neutro para lavar o couro cabeludo e os cabelos. Enxaguar
jogando a água para trás.
V. Levar o bebê ao trocador e secar o rosto e os cabelos. Com
o auxílio de um cotonete, secar a borda das orelhas e do nariz.
VI. Retirar a fralda. Se a região da fralda estiver suja, limpar

61 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros Cuidados ao Berço Paula Frassineti

com algodão embebido em óleo mineral antes de colocá-lo na água.


VII. Colocar o bebê imerso na água, colocando a palma da
mão não dominante na cabeça e no tronco do RN. Molhar o
corpo do bebê do pescoço para baixo, aproveitando para lavar
bem e cuidadosamente a região do cordão umbilical.
VIII. Virar o bebê e lavar as costas e as partes íntimas.
IX. Retirar o bebê da água e enrolá-lo em uma toalha macia.
X. Secar cuidadosamente o bebê e fazer a limpeza e secagem
do coto umbilical (conforme descrito anteriormente)
XI. Colocar a fralda e colocar primeiramente a roupa que
cobrirá o tronco.
XII. Finalizar a colocação da roupa e cobrir o bebê com um
cueiro ou manta, conforme indicado na Figura 3.

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Os Primeiros Cuidados ao Berço Paula Frassineti

Figura 3: Técnica sugerida para a dobradura de mantinhas/cueiros.


(Fonte: http://www.minhasdikas.com/2011/04/saquinho-de-dormir-para-bebe.html)

Idealmente, recomenda-se que o banho seja dado ao fim da


tarde, pelo seu efeito relaxante. Na tabela apresentada na pági-
na seguinte, são descritos alguns banhos utilizados em algumas
situações especiais.

63 Nutrição da gestação à infância


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64 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros Cuidados ao Berço Paula Frassineti

• Trocas de Fraldas e Cuidados com a pele

A pele, considerada o maior órgão do corpo humano, tem diver-


sas funções que vão além da proteção. Dessa forma, a manutenção
da sua integridade é essencial em todas as fases da vida. Após o
nascimento, diversos mecanismos contribuem para a maturação
da função de barreira atribuída à pele, a qual é fundamental para
a adaptação do bebê à vida extrauterina.
Assim, quanto menos interferentes forem utilizados no
processo, mais rápido ele ocorrerá. Deve-se também consi-
derar que muitos dos produtos disponibilizados no mercado
de cosméticos não foram desenvolvidos para esta faixa etá-
ria. Essa é a razão pela qual o seu uso deve ser mínimo nos
primeiros meses de vida.
É recomendado que a troca de fraldas seja realizada antes
das mamadas ou quando houver presença de fezes, cujos pro-
dutos agridem e lesionam a pele do bebê. A limpeza do local
deve ser feita somente com água morna, previamente fervida.
O surgimento de dermatite das fraldas, vulga assadura, é ex-
tremamente influenciado pela umidade da pele. Sendo assim, a
região das fraldas deve ser seca por completo antes de se colocar
a fralda limpa. Vale ressaltar que a umidade torna a pele não
somente susceptível a lesões, mas contribui para a sua coloni-
zação por microorganismos diversos.
A fragilidade cutânea do RN restringe a utilização de de-
terminados produtos de higiene, principalmente no primeiro
mês de vida. Sendo assim, recomenda-se a utilização de fraldas

65 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros Cuidados ao Berço Paula Frassineti

superabsorventes, as quais devem ser selecionadas de acordo


com o poder aquisitivo dos pais e a adaptação do RN às mesmas.
A utilização de emolientes, principalmente os formulados
à base de óxido de zinco ou de petrolato, auxiliam na proteção
cutânea e auxiliam na prevenção das assaduras. Os primeiros
são bastante populares, pois além de efetivos, são de baixo custo.
A presença de descamação e placas avermelhadas podem ser
indicativas de uma infecção fúngica. Caso ocorra, é necessá-
rio que o RN seja avaliado por um médico para que se tenha o
diagnóstico e o tratamento adequados.

• Cuidados com o ambiente: ruídos, luminosidade e visitas

O ambiente de referência do RN após o nascimento é, sem dú-


vida, o seu berço. É comum que as mães queiram decorá-lo com
bichinhos, almofadas e outros objetos. Contudo, é preciso lembrar
que ele passou os últimos 9 meses dentro do útero materno, o qual
era um ambiente calmo, silencioso, escuro e com uma temperatura
bastante confortável. Sendo assim, sugere-se que nas primeiras 8
semanas a sua adaptação a um mundo cheio de ruídos, claridade
e informações visuais desconhecidas seja feita de forma gradual.
Abaixo, algumas dicas para auxiliar nesse período de adaptação:
I) Evite colocar bichinhos de pelúcia dentro do berço do
bebê ou outros objetos que possam causar alergias ou provo-
car acidentes desnecessários. Haverá o momento certo em
que ele vai se interessar mais por brinquedos e você pode-
rá explorá-los, inclusive, para incentivar o desenvolvimento

66 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros Cuidados ao Berço Paula Frassineti

motor e cognitivo do seu bebê;


II) Os lençóis e roupas devem ser lavadas com sabão neutro e,
preferencialmente, secadas ao sol. Utilize uma bacia ou um balde
para lavar separadamente as roupas do RN;
III) Evite pintar a parede do quarto com cores fortes, utilizando
tons mais claros.
IV) Dê preferência às roupas de algodão, de cor clara ou tons
pastel. Os tecidos sintéticos e coloridos, os quais são popularmente
comercializados pelo seu baixo valor, apresentam um maior po-
tencial alergênico.
O quarto do bebê deve ser mantido limpo e arejado, recebendo,
preferencialmente a luminosidade da manhã. Posicione o berço,
de forma tal, que o bebê consiga visualizar a janela. Observar as
cores naturais e os efeitos da claridade no quarto pode se tornar
uma atividade curiosa para o pequeno ser que se encontra num
momento único de descoberta.
Lembre-se que além de um ambiente com luminosidade ade-
quada, é muito importante que se mantenha um ambiente calmo
e limpo. Ruídos são sons que incomodam bastante o RN. Estudos
demonstram que estes provocam diversas alterações comportamen-
tais nas crianças que se evidenciam na vida adulta.
A limpeza do quarto, o que inclui berço e outras superfícies,
dever ser diária e pode ser realizada com uma solução de vinagre e
água (1 xícara de vinagre em 3,5 L de água). Outras dicas para o uso
do vinagre como solução de limpeza são encontradas em diversos
sites, como os descritos abaixo:

67 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros Cuidados ao Berço Paula Frassineti

• http://pt.wikihow.com/Usar-Vinagre-Para-Limpeza-Dom%-
C3%A9stica;
• https://blogdamamaesustentavel.wordpress.com/2014/03/05/
vinagre-para-o-chao/
• http://www.saltoaltoemamadeiras.com.br/lavando-a-roupinha-
-do-bebe-e-o-vinagre-como-solucao/

• Visitas ao bebê

As visitas nas primeiras semanas ocorrem com maior frequên-


cia, cabendo aos pais, educadamente informar aos parentes e ami-
gos que nem sempre o bebê estará “disponível”. Sugere -se manter
nas proximidades do berço um frasco com álcool gel, devendo ser
solicitado aos visitantes que desejem segurar o bebê que o utilizem
ou lavem as mãos. Deixe por perto um cueiro ou uma fralda de
pano a ser utilizado para colocar sobre a roupa do visitante.
Pessoas resfriadas, gripadas, tossindo ou com qualquer doença
infectocontagiosa não devem se aproximar do bebê. Muitas ve-
zes, a mãe não se sente confortável em solicitar que o visitante se
aproxime do RN. Contudo, tal atitude é fundamental para que se
evitem doenças para as quais o organismo do bebê ainda não se
encontra preparado para resistir/combater. Lembre-se de que fir-
meza e educação quando demonstradas são atitudes que evitam
constrangimentos desnecessários.

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Os Primeiros Cuidados ao Berço Paula Frassineti

• Uso de chupetas

O uso de chupetas é uma prática que, apesar de cultural, vem


sendo desaconselhada por diversos motivos. Abaixo, foram destaca-
dos alguns. Novamente, cabe aos pais a decisão final quanto à sua
utilização. Dados apontam que o desmame precoce tem maior pro-
babilidade de ocorrência em crianças que usam chupetas. Contudo,
os mecanismos dessa associação permanecem sob investigação. Um
dos aspectos investigados refere-se à frequência da amamentação.
Estudos indicam que crianças que usam chupetas são amamenta-
das com menos frequência e isso contribui para uma redução na
produção de leite.
Outro aspecto a ser considerado refere-se à ocorrência de outras
condições indesejadas. Candidíase oral (“sapinho”), otite (“infecção de
ouvido”) e alterações no palato (“céu da boca”) são observadas mais
frequentemente em crianças que usam chupetas.

• Posicionamento do bebê no berço

Nas primeiras semanas de vida, o RN costuma dormir de


18-21h, sendo estas horas igualmente intervaladas nos espaços
do dia e da noite. Normalmente, os estados de vigília são raros
e ocorrem antes das mamadas. Segundo a Pastoral da Crian-
ça, nem todos os pais colocam os bebês para dormir na posi-
ção recomendada, apesar de existirem evidências que cuida-
dos adequados durante o sono reduzem em 70% os riscos de
morte súbita de crianças.

69 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros Cuidados ao Berço Paula Frassineti

Atualmente, é consensual entre diversos profissionais (Sociedade


Brasileira de Pediatria, Sociedade Brasileira de Enfermeiras Pediá-
tricas, Sociedade Americana de Pediatria) que os bebês devem ser
colocados no berço em decúbito dorsal (“de barriguinha para cima”),
visto que a associação entre a síndrome da morte súbita do lactente
ocorre mais frequentemente em bebês que dormem de bruços.
Contudo, apesar de tal situação, as mães ainda são orientadas
na alta hospitalar a colocarem os bebês lateralizados nos berços,
com medo de que que os bebês se sufoquem, em caso de regurgi-
tamento, se forem colocados em decúbito dorsal.

• Transporte Seguro

Toda criança deve ser conduzida em cadeirinha apropriada


para o seu tamanho e peso desde o momento que sai do hospital.
A cadeirinha deve ser acoplada ao banco traseiro, com o encosto
voltado para o banco do passageiro, para que ela permaneça no raio
de visão do motorista (Figura4). Sob nenhuma hipótese, o bebê dever
ser retirado da cadeirinha, enquanto o veículo se encontra em mo-
vimento. Se necessário, pare o veículo em um local seguro e atenda
à demanda do bebê, confortando-o.
Contudo, ele deve ser recolocado na cadeirinha tão logo se per-
ceba que se encontra bem. Muitos pais ainda resistem ao uso das
cadeirinhas, mesmo estas sendo obrigatórias no Brasil. Mais uma
vez é preciso considerar que o seu uso é embasado por diversos
estudos e essa deve ser uma prática absorvida por todos, visto que
dados demonstram a sua efetividade. É preciso também considerar

70 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros Cuidados ao Berço Paula Frassineti

a questão relacionada à higienização da cadeirinha. Sugere -se a


limpeza semanal com álcool 70% ou uma solução preparada com
1L de água e uma colher de sopa de água sanitária (hipoclorito de
sódio), a qual deve ser aplicada e deixar que seque naturalmente.

Figura 4: Correto posicionamento da cadeirinha utilizada no transporte de RN.


Fonte: http://pediatrics.aappublications.org/content/123/5/1424

• Vacinação

Permitir que o seu filho receba as vacinas previstas no calen-


dário vacinal estabelecido em nosso país representa uma das mais
genuínas expressões de cuidado para com ele. Vale lembrar que
todas as vacinas elencadas no calendário atual foram estabelecidas
pelo Ministério da Saúde, seguindo os pressupostos de segurança
da OMS e contaram com a participação das sociedades brasileiras
de Imunizações (SBIm) e de Pediatria (SBP) na sua elaboração.
São poucas as vacinas conferem proteção vitalícia somente

71 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros Cuidados ao Berço Paula Frassineti

com uma dose. Boa parte delas necessitam de doses de reforço


adicionais para que se garanta a imunidade e proteção desejada.
Esta é a razão pela qual, é possível identificar algumas vacinas,
como a tríplice bacteriana (DPT), que o esquema de reforço é
mantido inclusive na vida adulta, a cada 10 anos.
O calendário atual de vacinação encontra-se ao final
deste capítulo.
Todo bebê, logo após o nascimento (nas 24h), recebe a pri-
meira dose da vacina contra Hepatite B. Esta é uma vacina que
confere imunidade somente se administrada em três doses, as
quais são previstas para o nascimento, após 1 mês e aos seis
meses de vida. Após o recebimento de todas as doses o bebê
terá proteção vitalícia contra a doença.
As reações mais comuns a essa vacina são a febre, a dor e a
vermelhidão no local da vacina. Isto significa que a vacina está
conseguindo estimular a produção de anticorpos no organismo.
Geralmente, essas reações não fazem mal e são transitórias,
apesar de incômodas. Caso necessário, converse com o pediatra
sobre a necessidade de utilizar um analgésico ou um antitér-
mico, se a febre ultrapassar 38ºC. Contudo, normalmente, não
há necessidade. Reações mais intensas devem ser comunicadas
imediatamente a um profissional de saúde.
Uma outra vacina que causa bastante angústia nas mães é a
BCG. Esta é uma vacina de dose única, a qual confere proteção
vitalícia contra a forma mais grave de tuberculose. A sua ad-
ministração é feita no bracinho direito e deve ser realizada no
posto de saúde na primeira semana de vida (4- 10 dias). No local

72 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros Cuidados ao Berço Paula Frassineti

da BCG vai aparecer uma bolha de pus, a qual evolui para uma
vermelhidão e a formação de uma crosta. Por último, aparece
no local o que é denominado de cicatriz vacinal. Se uma criança
aos 6 meses não apresentar a cicatriz, ela deverá ser revacinada.
Outra vacina que causa dúvidas nas mães é a que protege
a criança de gastroenterites graves provocadas pelo Rotavírus.
É importante lembrar que, por ser uma vacina administrada
pela via oral, a criança tende a cuspir ou regurgitar após a dose.
Contudo, estudos mostram que não há necessidade de repetir
a dose. Vale lembrar que que a amamentação não interfere na
absorção da vacina. Estudos também indicam que não há au-
mento de reações adversas/efeitos colaterais quando a vacina
é administrada com as demais.
No que se refere aos efeitos indesejados, algumas vacinas
são mais “reatogênicas” do que outras. É preciso uma atenção
mais cuidadosa para algumas reações, pois é bem provável que
a ocorrência delas indique a necessidade de uma avaliação/
intervenção profissional. Abaixo são destacadas algumas delas:
• Gritos ou choro persistente, inconsolável, por 3 horas ou mais
nas primeiras 48 horas após a vacinação;
• Reações de convulsão (com ou sem febre), ocorrendo até o tercei-
ro dia após a vacina;
• Colapso ou estado semelhante a choque nas primeiras 48 horas;
Atualmente, o Ministério da Saúde tem disponível um aplicativo
denominado Vacinação em Dia capaz de gerenciar todas as ca-
dernetas de vacinação cadastradas pelo usuário, o qual permite
o acompanhamento das datas de todas as vacinações planejadas.

73 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros Cuidados ao Berço Paula Frassineti

Esse aplicativo também contém informações completas sobre to-


das as vacinas disponibilizadas pelo SUS e uma função na qual o
usuário recebe lembretes sobre as campanhas sazonais de vaci-
nação promovidas pelo Ministério da Saúde. Uma das vantagens
do aplicativo é a possibilidade de poder enviar para o e-mail do
usuário todos os calendários de vacinação cadastrados no apli-
cativo, o que permite a impressão dos mesmos. Para mais infor-
mações basta acessar seguinte endereço eletrônico: http://www.
aplicativos.gov.br/aplicativos/vacinacao-em-dia-1.

Fonte: https://encryptedtbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTxhBydGcFo2wakE_QTe-
ZwANgJlKb1B2DaXIMnDlMjloVnFEXQIew

74 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros Cuidados ao Berço Paula Frassineti

• Considerações Finais

O primeiro ano de vida é uma experiência única e fantástica


tanto para você quanto para o bebê. Os cuidados ora apresentados
são pequenos atalhos que facilitam a caminhada que se iniciou
desde o momento em que as energias do universo propiciaram o
encontro de ambos.
Você vai perceber que ao longo do tempo, o seu amor vai
nutrir a confiança, a qual vai permitir que as transições viven-
ciadas por ambos ocorram de forma suave e tranquila. Utilize
a sua intuição e se disponibilize a aprender com esse novo ser
que escolheu você para ajudá-lo nessa etapa.
Como mãe de quatro pessoas incríveis e enfermeira, eu ga-
ranto que com cada um dos meus filhos eu vivenciei um apren-
dizado diferente, mesmo depois tomando consciência de erros
cometidos em algumas das etapas. Contudo, mesmo assim, foi
sempre possível encontrar alternativas para melhorar as nos-
sas experiências de aprendizado contínuo por meio do diálogo
com amigas, grupos de mães e profissionais de saúde. Você vai
perceber que mesmo com tantas informações disponibilizadas
pela internet, é muito importante que você escolha e confie
nos profissionais de saúde que os acompanharão vocês nesse
maravilhoso processo de adaptação.

“O saber se aprende com os mestres. A sabedoria, só com o cor-


riqueiro da vida. ”
Cora Coralina

75 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros Cuidados ao Berço Paula Frassineti

• Referências

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2. http://www.dailymontessori.com/montessori-age-0-6-months/
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máticas e Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido: guia
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8. LINHARES, E.F A saúde do coto umbilical.- 3ª.ed.- Jequié: UESB, 2011.
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9. FERNANDES, Juliana Dumet; MACHADO, Maria Cecília Ri-

76 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros Cuidados ao Berço Paula Frassineti

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org/content/123/5/1424, Acesso em 30 de novembro de 2016)

77 Nutrição da gestação à infância


Os primeiros
1000 Dias

Dra. Lily
Os Primeiros 1000 Dias Dra. Lily

Não vai haver uma fase mais importante do que essa na vida
do seu filho. É no comecinho da vida que se pode influenciar o que
será do resto dela. É nesse período que cada célula do corpo está
sendo formada e programada.
Pesquisas recentes mostram que o período da gravidez (270
dias) e os primeiros dois anos (730 dias) de vida de uma crian-
ça são fundamentais para determinar a saúde física e mental
para a vida toda. São os anos fundamentais para a prevenção
de problemas de saúde, para o desenvolvimento dos sistemas
nervoso e imunológico e até para garantir que ele tenha uma
boa alimentação quando se tornar adulto.

• Descubra por que esse tempo é tão importante e


quais cuidados você precisa ter

Em 2008, a revista The Lancet1, uma das mais antigas e conheci-


das revistas médicas do mundo, publicou uma série de estudos sobre
desnutrição materna e infantil que identificou a necessidade de se
focar no período que vai desde a concepção até o fim do segundo
ano de vida da criança, criando o conceito dos primeiros mil dias,
no qual a boa nutrição e o crescimento saudável teriam benefícios
que se prolongariam por toda a vida. Desde esta publicação, o con-
ceito dos primeiros mil dias tem sido amplamente utilizado.
Cinco anos depois (2013) a revista The Lancet lançou uma
nova série com o intuito de reavaliar a situação da desnutri-
ção materna e infantil e examinar os problemas crescentes de
sobrepeso e obesidade nas mulheres e crianças e suas conse-

79 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros 1000 Dias Dra. Lily

quências.2 Além disso, essa nova série apresenta um novo qua-


dro conceitual que mostra os meios para se alcançar um ótimo
crescimento e desenvolvimento fetal e infantil.3
Graças a estas publicações que estudaram a relação entre
a qualidade de vida do bebê, desde a concepção, e uma vida
adulta saudável, sabe-se, por exemplo, que aquilo que a mulher
come durante os nove meses ajuda a determinar o paladar e o
olfato do bebê – ele sente o sabor pelo líquido amniótico –, e
que filhos de mães que tiveram diabetes gestacional também
têm mais chances de desenvolver a doença, por exemplo. Que o
baixo peso ao nascer (menos de 2,5 kg) deixa a criança mais vul-
nerável a desenvolver algumas doenças crônicas na fase adul-
ta, como hipertensão arterial e diabetes (porque o organismo
dela entende que deve armazenar mais energia em forma de
gordura do que uma criança que nasceu com o peso normal).
Os estudos também sugerem que a genética não é soberana na
determinação do potencial de crescimento e desenvolvimento
do indivíduo: cerca de 20% dos nossos genes são influenciados
por fatores hereditários, enquanto a maior parte deles, até 80%,
é influenciada por fatores ambientais como: medicamentos, es-
tresse, infecções, exercícios e a nutrição. Ou seja, a criança tem
um potencial genético, mas isso é mediado pelo ambiente. Os
pais têm papel decisivo nesta etapa do desenvolvimento. 4,5,6,7,8

80 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros 1000 Dias Dra. Lily

• Você já imaginou que suas primeiras decisões têm


a possibilidade de influenciar a saúde, as atividades
físicas e as habilidades de aprendizado do seu filho?

Uma alimentação adequada durante a gestação, associada ao


aleitamento materno, à correta introdução da alimentação com-
plementar e à manutenção de bons hábitos alimentares, é requisito
básico para o crescimento e desenvolvimento infantil.
Os pesquisadores e cientistas estão cada vez mais seguros de
que uma boa nutrição e o cuidado com a saúde nos primeiros 1000
dias têm um papel protetor, que ajuda a garantir um futuro no
qual as habilidades cognitivas, motoras e sociais estimularão a
saúde e o potencial máximo do adulto. Os primeiros dois anos são
os mais significativos para o desenvolvimento do cérebro. O bebê
nasce com o cérebro desenvolvido na área sensorial (olfato, tato
e audição), mas nesse período passa pelas maiores modificações
cognitivas, adquire as habilidades motoras mais amplas (como o
andar) e mais finas (como conseguir pegar pequenos objetos).9,10,11,12
Esse período é considerado um intervalo de ouro, que pode
mudar radicalmente o destino da criança, não apenas em termos
biológicos (crescimento e desenvolvimento), mas também em ques-
tões intelectuais e sociais.12
Em princípio, a possibilidade de fazer uma criança que nasce
com boa saúde crescer desse modo e assim permanecer por déca-
das exige a adoção de medidas aparentemente simples: oferecer
proteção e aconchego ao bebê e alimentá-lo adequadamente. A ali-
mentação apropriada inclui uma dieta equilibrada da mãe na gra-

81 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros 1000 Dias Dra. Lily

videz, o aleitamento materno exclusivo nos seis primeiros meses de


vida e, a partir daí, a amamentação acompanhada de água, sucos,
chás, papinhas e alimentos sólidos ricos em proteínas, vitaminas e
sais minerais, como recomenda a Organização Mundial da Saúde
(OMS).12 No intuito de priorizar as intervenções que teriam maior
potencial de salvar vidas, alguns autores e organizações sugerem
seis intervenções nutricionais13: suplementações de ferro e ácido
fólico na gravidez; aleitamento materno; alimentação complemen-
tar; suplementação de vitamina A para crianças; uso de zinco em
episódios diarreicos; e garantia de água, saneamento e de práticas
de higiene adequadas para as famílias.

• Gestação

Entre os determinantes mais importantes da nutrição infantil


destaca-se a nutrição materna, tendo em vista que muitas crianças
nascem desnutridas porque suas mães são desnutridas,14 o que
mostra a importância da nutrição de mulheres em idade fértil.
Na gestação, quando uma mãe escolhe se alimentar de uma
forma saudável, já está fazendo uma programação genética para
a saúde do seu filho na vida adulta.
As necessidades de ferro durante a gravidez estão aumentadas
devido à expansão da massa de eritrócitos para se ajustar ao cresci-
mento fetal e placentário e à perda de sangue que ocorre no parto.
A deficiência de ferro diminui a síntese materna de hemoglobina e
o transporte de oxigênio e contribui para desfechos desfavoráveis,
14
como nascimento prematuro e baixo peso ao nascer. No entan-

82 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros 1000 Dias Dra. Lily

to, dificilmente consegue-se atingir uma ingestão adequada desse


mineral apenas com a dieta, é necessária sua suplementação.15
O folato tem um papel importante na síntese de DNA e, desse
modo, sua necessidade durante a gravidez encontra-se aumen-
tada devido à expansão de volume sanguíneo e ao crescimento
do tecido materno, assim como para garantir o crescimento e de-
senvolvimento adequados do feto. A deficiência de folato durante
a gravidez, especialmente em torno da época da concepção, está
fortemente correlacionada com o aumento do risco de defeitos do
tubo neural, como a espinha bífida, a segunda causa mais comum
de anemia no período gestacional.16
Estudo recente mostrou que a suplementação de ácido fólico
reduziu significativamente as taxas de pré-eclâmpsia materna e
de recém-nascidos pequenos para a idade gestacional.17 Pesquisas
sugerem que a suplementação de ferro e ácido fólico durante a
gravidez reduz as chances de morte no parto e também contribui
para o desenvolvimento intelectual das crianças.18 Um estudo fei-
to na Coreia do Sul mostrou que a suplementação de ácido fólico
reduziu significativamente as taxas de pré-eclâmpsia materna e
de recém-nascidos pequenos para a idade gestacional.17

• 0 a 6 meses

O leite materno é considerado o alimento ideal para a nutrição


infantil, pois contém todos os nutrientes essenciais para o cres-
cimento e desenvolvimento da criança. O colostro destaca-se por
conter substâncias que fornecem proteção contra infecções e doen-

83 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros 1000 Dias Dra. Lily

ças imunomediadas e estimulam também a maturação do sistema


imunológico da mucosa intestinal do lactente.18
Há evidência de que quanto maior o atraso no início do aleita-
mento materno, maiores as chances de morte de recém-nascidos
no período neonatal causada por infecções.19 Por outro lado, o alei-
tamento materno na primeira hora de vida demonstrou redução
na taxa de mortalidade neonatal em 22%.20 Durante esse período
sensível, o efeito protetor do aleitamento materno fornecido no
colostro pode estar relacionado a vários mecanismos, que incluem
a colonização intestinal por bactérias específicas encontradas no
leite materno e a capacidade de o leite materno produzir fatores
imunológicos bioativos adequados para o recém-nascido.21 O alei-
tamento materno exclusivo é recomendado até os seis meses de
vida da criança e sua continuação até os dois anos, ao completar
os mil dias.22 São muitos os benefícios relacionados ao aleitamento
materno, como redução na morbimortalidade por diarreias e in-
fecções respiratórias, diminuição do risco de obesidade na infância
e de hipertensão, diabetes e hipercolesterolemia na vida adulta.22
Experimentos com roedores indicam que a substituição do
leite materno por outros alimentos – outros tipos de leite, in-
clusive – nessa fase do desenvolvimento altera o paladar e ins-
tala no organismo um desequilíbrio hormonal que pode durar
a vida toda e favorecer o ganho de peso. Já a nutrição correta
reduz o risco de desenvolver na idade adulta obesidade e doen-
ças cardiovasculares, atestam estudos populacionais conduzi-
dos em cinco países em desenvolvimento (Brasil, África do Sul,
Guatemala, Filipinas e Índia). Ainda segundo esses trabalhos, o

84 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros 1000 Dias Dra. Lily

aleitamento exclusivo favorece o desempenho intelectual.23

• 6 a 24 meses

A alimentação complementar refere-se à introdução de novos


alimentos na dieta da criança. Deve ter início a partir dos seis meses
em concomitância com o aleitamento materno, o qual deve con-
tinuar até os dois anos. Deve fornecer quantidades suficientes de
água, energia, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais, com varie-
dade de todos os grupos de alimentos, os quais devem ser correta-
mente higienizados e seguros à criança. O aleitamento materno não
deve ser reduzido com a introdução da alimentação complementar.
Os alimentos devem ser oferecidos com uma colher ou xícara, evi-
tar a mamadeira por ser uma fonte de contaminação e influenciar
negativamente o aleitamento.22
A vitamina A deve ser suplementada em crianças de seis a 59
meses, devido a sua deficiência afetar, em nível mundial, apro-
ximadamente 190 milhões de crianças em idade pré-escolar, a
maioria localizada nas regiões da África e Sudoeste da Ásia.24 A
falta de água potável e saneamento adequado em muitas partes
do mundo contribui para que a diarreia continue como princi-
pal causa de morte entre lactentes e crianças em países de bai-
xa e média renda. A suplementação com zinco mostrou-se capaz
de reduzir a duração e gravidade dos episódios de diarreia, assim
como a probabilidade de infecções subsequentes. Os benefícios
em crianças com diarreia devem-se ao fato de esse mineral parti-
cipar da síntese proteica, do crescimento e diferenciação celular,

85 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros 1000 Dias Dra. Lily

da função imunitária e do transporte intestinal de água e eletró-


litos.25 Lavar as mãos com sabão é uma das mais efetivas e ba-
ratas ações para prevenir diarreia e pneumonia,26 doenças ainda
responsáveis por elevada mortalidade no mundo.
Os benefícios da alimentação adequada no início da vida não
são apenas físicos. Em outro estudo, publicado em fevereiro no
Journal of Nutrition, Victora e colaboradores analisaram o desem-
penho escolar de 7.945 crianças da Índia, da Guatemala, das Filipi-
nas, do Brasil e da África do Sul. As que apresentaram crescimen-
to saudável na gestação, indicador de dieta materna adequada, e
nasceram com peso superior ao da média tiveram mais chance de
sucesso. Cada 500 gramas a mais de peso ao nascer representaram
2,5 meses a mais de escolaridade na vida adulta e risco 8% menor de
repetir uma série. Mesmo as crianças que no parto tinham menos
de 2,5 quilos, peso inferior ao desejável, conseguiram bom desen-
volvimento intelectual quando, com dieta adequada, alcançaram
o ritmo normal de crescimento e recuperaram o peso ideal para a
idade até o segundo ano de vida. Nesse período, elas ganharam em
média 9 quilos, e cada 700 gramas que cresceram além da média
significaram cinco meses a mais de escolaridade.27
Quanto mais estímulos a criança tiver, maior será o número de
ligações entre os neurônios, aumentando a capacidade de apren-
dizado e levando o cérebro a fazer novas conexões. Mais estímulo,
porém, não significa alfabetizar seu filho aos 4 anos, por exemplo.
O caminho está na simplicidade. Brincar de tinta, jogar bola e aju-
dá-lo a dar os primeiros passos são maneiras de fazer com que isso
aconteça. Por isso não causa espanto o resultado de uma pesquisa

86 Nutrição da gestação à infância


Os Primeiros 1000 Dias Dra. Lily

recente feita pela Universidade Federal de Pelotas (RS), com 3.855


crianças, aos 2 e aos 4 anos, que mostrou que as que têm contato
com livros, visitam outras pessoas ou brincam em parques ou pra-
ças nos primeiros 720 dias de vida apresentam melhores resultados
em testes específicos de memória, inteligência e cognição.28

Intervenções nutricionais, segundo estágios do ciclo de vida, nos 1000 Dias


(modificada de Save the children).14

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90 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com
as mamas e
amamentação

Kelvin Araújo
Cuidados com as mamas e amamentação Kelvin Araújo

• Benefícios da Amamentação

A gestação é certamente uma das fases que mais agregam ex-


periências a vida de uma mulher. Neste período o corpo feminino
passa por diversas mudanças físicas e psicológicas, onde através
de orientações de profissionais capacitados e sua própria intuição,
se adapta a essas diferentes mudanças. Sendo este um momento
muito especial, a gestante merece atenção, tranquilidade e acompa-
nhamento especializado, tanto na preparação para o parto, quanto
nos cuidados relacionados ao aleitamento materno. O leite ma-
terno contém células que atuam no sistema imunológico do bebê
além de conter quantidades suficientes de macro nutrientes para os
primeiros meses de vida.
É de conhecimento geral os inúmeros benefícios agrega-
dos ao aleitamento materno, desde os direcionados ao bebê
ou mãe. Inúmeros estudos por todo o mundo tendem a evi-
denciar tal fato, e em uma revisão pública, em 2016, na revista
The Lancet verificou que em 113 estudos já publicados em dife-
rentes períodos, países e classificações de renda, que o maior
o período de amamentação está associado a uma redução de
26% na chance de desenvolver excesso de peso ou obesidade
(VICTORA et. al., 2016).
Amamentar transmite amor e carinho, fortalece os laços entre
a mãe e o bebê, além de diminuir as chances de a mãe ter câncer de
mama e de ovário. Porém, algumas complicações podem aparecer
dificultando assim a amamentação. Nesse capítulo, apresento as
dificuldades mais comuns encontradas nesse processo. É impor-

92 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com as mamas e amamentação Kelvin Araújo

tante conhecê-las antes para que caso passe por isso, você não se
desespere e saiba como agir em cada caso.
Primeiramente, vamos entender a anatomia:
GUYTON em 2008 define as diversas partes da glândula ma-
mária da seguinte forma:
• Lóbulos e os alvéolos: Cada mama contém centenas de lóbulos
e cada lóbulo é dividido em pequenos sacos, os chamados de alvéo-
los, onde estes são revestidos por células glandulares que formam
o epitélio secretor. É esse epitélio que secreta o leite.
• Ducto galactóforo: O ducto que sai dos lóbulos e se junta a ou-
tros, para originar ductos mais robustos, cerca de quinze grandes
ductos galactóforos se abrem na superfície do mamilo.
• Seios galactóforos (ampolas): são dilatações circulares dos duc-
tos galactóforos existentes antes de seu término no mamilo.
As mamas são órgãos glandulares, susceptíveis a estímulos, es-
pecialmente no mamilo e na aréola. De acordo com BARACHO em
2007, o tecido glandular é constituído por um conjunto de ductos
ramificados que drenam grupos de alvéolos, que formam a unidade
básica do sistema secretor.
As mamas são ligeiramente assimétricas e possuem textura ma-
cia. O formato e o tamanho estão relacionados com a quantidade de
tecido adiposo do indivíduo na parte do tórax, podem ser hemisfé-
ricas, cônicas ou cilíndricas. (CARVALHO; TAMEZ, 2005).
Certo. Agora que entendemos como são as mamas e temos uma
noção de como elas trabalham, vamos falar das complicações que
podem acontecer.
Uma das formas de favorecimento ao aleitamento materno, é

93 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com as mamas e amamentação Kelvin Araújo

estimular desde os primeiros momentos após o nascimento. Sabe-


-se a amamentação na primeira hora de vida é indicada desde que
ambos, bebê e mãe, estejam em pelas condições. Não é aconselhado
a separação do bebe após o parto, pois é um fator que possivelmente
dificultará a amamentação na primeira hora de vida, o que eleva
as chances de desmame precoce, principalmente quando se é ad-
ministrado formulas lácteas, pois os recém-nascidos apresentam
padrões de transição comportamental entre os primeiros 30 e 60
minutos após o nascimento, conhecido como período inicial de
transição neonatal ou período de reatividade (TALLES et. al., 2015).

• Desmame precoce e não amamentação

O Ministério da Saúde expõe alguns fatores que podem levar


ao desmame precoce.
Leite empedrado ou peito ingurgitado, acontece habitualmen-
te na maioria das mulheres entre o terceiro ao quinto dia após o
parto, onde as mamas ingurgitadas são dolorosas, avermelhadas
e em algumas situações a mulher pode ter febre. A melhor manei-
ra de prevenir é amamentando o mais breve possível logo após o
parto. Assim, além do esvaziamento da mama, o bebê já começa a
aprender a sugar, logo o uso de bombas elétrica ou manual não é
indicado. Antes da próxima mamada, deve-se massagear a mama
a fim de tornar a área da pega mais amolecida e mais fácil para o
bebê. Pode-se também fazer uso de compressas quentes ou frias, mas
essas devem ser bem orientadas por um profissional de saúde, pois
há um procedimento para cada caso.

94 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com as mamas e amamentação Kelvin Araújo

Fissuras ou rachaduras ocorrem quando a pele não está em


condições de receber todas as mudanças ocasionadas com a vinda
do bebê, o posicionamento ou a pega durante o ato da amamenta-
ção geralmente estão incorretos (BRASIL, 2006). A dica aqui é que
nas últimas semanas gestacionais a mãe tome sol nas áreas dos
mamilos a fim de fortalecer a pele. E sempre que estiverem muito
cheios, a mãe deve fazer a ordenha antes da criança mamar para
facilitar a pega.

• Mastite

A Mastite é um processo inflamatório que pode ocorrer na


mama durante o período de amamentação, decorrente de fissuras
ocasionadas no próprio tecido da mama ou internas nos ductos
de transporte do leite. Estas fissuras são a porta de entrada para
as bactérias agentes causadores da infecção, a Escherichia coli e
Streptococcus (não-hemolítico).
Qualquer fator que favoreça a estagnação do leite materno pre-
dispõe ao aparecimento de mastite, incluindo mamadas com horá-
rios regulares, redução no número de mamadas, uso de chupetas
ou mamadeiras, não esvaziamento completo das mamas, freio de
língua curto, criança com sucção falha, produção excessiva de lei-
te, separação entre mãe e bebê e desmame vigoroso (OMS, 2000).
Recomenda-se que se apenas uma mama estiver com mastite,
o bebê deve mamar primeiramente no lado não afetado. Quando
as duas mamas estiverem comprometidas, o leite deve ser retirado
com auxílio de bombas ou manualmente para que a produção do

95 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com as mamas e amamentação Kelvin Araújo

leite não diminua. Uso de massagens na mama podem contribuir


na diminuição da a sensibilidade.
Hipogalactia é a produção insuficiente de leite que pode ser
causada por falhas nas técnicas de amamentação ou estresse ma-
terno. Deve-se analisar se o bebê está sugando corretamente, por
tempo suficiente (verificar se ele adormece logo que começa a ma-
mar, se for o caso, mãe deve acariciar e conversar com ele para que
se mantenha acordado e mame mais), o estímulo deve ser cons-
tante: quanto mais o bebê mama, mais leite a mamãe vai produzir.
A mãe deve tomar muita ÁGUA – sim, água e não outros líquidos.

• Ordenha Manual

Muitas mães, ao iniciar o seu retorno ao trabalho ou a suas


atividades comuns antes do parto, tendem a sentir dificuldades
para amamentar, seja pela falta de tempo ou por estar longe do
bebê. Desta forma a ordenha do leite materno tende a ser a melhor
opção, pois assim é possível continuar o aleitamento materno e
continuar a proporcionar ao bebê todas as vantagens que ele o traz
(BRASIL, 2010). Durante a fase de amamentação, algumas ações
podem trazer mais conforto para a lactante. Ordenha, estocagem,
massagens e sentir-se confortável são algumas opções para facili-
tar esta fase da vida.
O processo de ordenha é muito importante em situações onde o
bebê não consegue mamar, para manter ou aumentar a produção
de leite quando o bebe não está sugando, além de poder encami-
nhar para bancos de leite. A ordenha manual, além de não promo-

96 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com as mamas e amamentação Kelvin Araújo

ver custos, é menos traumática e dolorosa, possui menor risco de


contaminação, pode ser realizada sempre que necessário, além de
ser rápida e eficaz quando já se tem experiência.
O primeiro passo para realização da ordenha manual é estimu-
lar o leite a fluir, estar confortável e pensar sobre o bebê, aquecer
as mamas, massagear as costas e mamas. Em seguida deve-se posi-
cionar os dedos no limite da aréola da mama, a fim de pressionar
os ductos com o polegar e indicador, e com os outros dedos apoiar
o restante da mama. Comprimir levemente a mama na direção
do tórax e finalizar o processo de extração, com a saída do leite
materno pelo mamilo. Pode-se então revezar entre uma mama e
outra, e ao final da ordenha, aplicar as últimas gotas retiradas na
região mamilo-areolar (BRASIL, 2010).

• Armazenamento

Realizar a ordenha e armazenar o leite materno é uma das saí-


das para mães que trabalham fora e não podem amamentar em
algum período do dia. Para armazenamento seguro do leite materno
algumas regras devem ser seguidas, onde o frasco deve ser de vidro
incolor com tampa plástica de rosca, deve ser higienizado e quando
estiver seco, manter o frasco bem fechado.
Antes de iniciar a ordenha, deve-se cobrir os cabelos, região do
nariz e boca, lavar bem as mãos e mama. Ambientes confortáveis,
e limpos são ideais para manter a integridade biológica do leite
materno, evitando assim locais como banheiros ou que tenham a
presença de animais domésticos.

97 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com as mamas e amamentação Kelvin Araújo

Ao iniciar o processo de ordenha, os primeiros jatos ou gotas


devem ser desprezados, contatos com a mão da mãe não devem
acontecer, o leite deve ser despejado diretamente no frasco. Após
a coleta não esquecer de realizar a higienização da bomba caso te-
nha sido utilizada. Identificar o frasco com nome e data da coleta
é de extrema importância.
O tempo de armazenamento em geladeira deve ser de até 12
horas e em freezer ou congelador até 15 dias após a coleta. É im-
portante coletar em cada vidro apenas o volume aproximado para
cada refeição. O descongelamento do leite materno pode ser realizado
lentamente em refrigerador e utilizado em até 12 horas após o descon-
gelamento, outra maneira é utilizar o banho-maria agitando levemente
para misturar todos os componentes, e quando realizar algum destes
processos deve-se descartar o leite não consumido (OMS, 2009).
Estimular o bebê a mamar, seja com o cheiro e gosto do leite, é
uma ótima opção para esvaziar mama e facilitar a pega. O apren-
dizado da ordenha deve ser iniciado no pré-natal e retomado no
puerpério (primeiros dias pós-parto).

• Referências

1. GUYTON, A. Fisiologia Humana. 6ª ed. Rio de Janeiro: Guanaba-


ra Koogan, 2008.
2. BRASIL. Ministério da Saúde. Como ajudar as mães a amamen-
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3. BARACHO, E. Fisioterapia Aplicada à Obstetrícia, Uroginecologia e
Aspectos de Mastologia. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.

98 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com as mamas e amamentação Kelvin Araújo

4. CARVALHO, M. R.; TAMEZ, R. N. Amamentação: Bases Científi-


cas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
5. SILVA, S. M.; CHEMIN, S.; MURA, J. D. P. Tratado de Alimenta-
ção, Nutrição e Dietoterápica. 2° edição. São Paulo-SP: Editora
roca LTDA, 2011.
6. CARVALHO, A. P. et al. Conhecimento sobre amamentação: com-
paração entre puérperas adolescentes e adultas. Revista Paul Pedia-
tria 2006; 24 (2): 121-126. Disponível em: < http://www.redalyc.org/
pdf/4060/406038916006.pdf >. Acesso em: 21 de novembro de 2016.
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Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Pré-Natal e
puerpério: Atenção qualificada e humanizada. Série A. Normas e
Manuais Técnicos. Série Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos.
Caderno n. 5. Brasília: DF, 2006.
8. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Mastitis. Causes and ma-
nagement. Geneva: World Health Organization; 2000.
9. BRASIL. Ministério da Saúde. Cartilha para a mãe trabalhadora
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10. VICTORA C. G., BARROS A. D., FRANÇA G. V. A., BAHL R.,
ROLLINS N. C., HORTON S., KRASEVEC J., MURCH S., SANKAR
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mecanismos, e efeitos ao longo da vida. Epidemiol. Serv. Saúde,
Brasília, 2016. Disponível em: <http://scielo.iec.pa.gov.br/pdf/ess/
v25n1/Amamentacao1.pdf>. Acesso em 28/11/2016
11. TALES J.M., BONILHA A. L. L., GONÇALVES A. C., SANTO L.
C.E., MARIOT M. D. M., revista eletrônica de enfermagem. Ama-
mentação no período de transição neonatal em hospital Amigo da

99 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com as mamas e amamentação Kelvin Araújo

Criança. Jan 2015. Disponível em:<http://www.lume.ufrgs.br/bits-


tream/handle/10183/115573/000964004.pdf?sequence=1>. Acesso
em: 24 de novembro de 2016.
12. BRASIL. Ministério da Saúde. Cartilha para a mãe trabalhado-
ra que amamenta. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.
13. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Fundo das Nações
Unidas para a Infância. Iniciativa hospital amigo da criança: re-
vista, atualizada e ampliada para o cuidado integrado. Módulo
3 – Promovendo e Incentivando a Amamentação em um Hospital
Amigo da Criança: Curso de 20 horas para Equipes de Maternida-
de. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009. Disponível em:
<http://www.redeblh.fiocruz.br/media/modulo3_ihac_alta.pdf>.
Acesso em 28/11/2016

100 Nutrição da gestação à infância


Importância do
aleitamento
materno exclusivo

Nathieli Lima
Importância do aleitamento materno exclusivo Nathieli Lima

Esse capítulo trata de um fator muito importante para o cresci-


mento de desenvolvimento das crianças nos primeiros meses de vida:
a amamentação. De forma mais específica, ele vai mostrar a impor-
tância do aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de vida.
Quando se fala em aleitamento materno exclusivo, é exata-
mente isso: EXCLUSIVO – o bebê irá se alimentar somente do leite
materno. Sem necessidade de água, chás ou sucos até mesmo nos
dias quentes. Aleitamento materno exclusivo e em livre demanda
– sempre que o bebê quiser.
Esta é a forma mais eficiente de se conseguir um bom desenvol-
vimento fisiológico, imunológico, psicológico e emocional de uma
criança no seu primeiro ano de vida. Isso porque além de ser um
alimento completo com todos os nutrientes e anticorpos que o bebê
precisa, ele também proporciona o contato direto entre mãe e filho.
Assim que nascem, os bebês não têm a visão totalmente de-
senvolvida e a capacidade focal não passa de 30 centímetros. Exa-
tamente a distância até os olhos da mãe no momento da ama-
mentação. Isso não é lindo? Durante a amamentação o bebê
pode ver com clareza o rosto da mãe e suas expressões faciais.
A amamentação estabelece uma ligação mais íntima entre a
mãe e o bebê, satisfazendo de modo mais amplo as necessida-
des emocionais de ambos, oferecendo ao bebê uma maior ga-
rantia do equilíbrio interno. Esse momento confere segurança
emocional aos dois.
“O leite da mãe não flui como um líquido excretado. É uma res-
posta a um estímulo, e o estímulo é o ver, o sentir o cheiro de seu
bebê e o som de seu choro que indica a necessidade. É tudo uma

102 Nutrição da gestação à infância


Importância do aleitamento materno exclusivo Nathieli Lima

mesma coisa, o cuidado que a mãe tem com seu bebê e a alimen-
tação periódica se desenvolve como se fossem um meio de comu-
nicação entre os dois – uma canção sem palavras” (apud Klaus e
Kennell, 2000, p.97).
Além de oferecer proteção imunológica, maior desenvolvimen-
to mental e maior equilíbrio emocional, o aleitamento proporciona
o desenvolvimento correto dos ossos e músculos faciais devido ao
esforço feito pelo bebê no momento da amamentação. Amamentar
não é fácil. Nem para a mãe, nem para o bebê. A mãe sente-se pres-
sionada para conseguir fazer tudo certo, tenta se adaptar à nova
rotina, ainda está acima do peso, tem medo de que não consiga
cuidar direito do filho. O bebê está em um ambiente totalmente
novo e agora ele precisa fazer coisas que antes era automático
como respirar e comer. Uma criança que é amamentada no peito,
aprende a respirar apenas pelo nariz, evitando assim problemas
como inflamações de garganta, pneumonias e outras doenças. Além
disso, vários estudos apontam que o aleitamento materno tem um
efeito protetor contra a obesidade infantil.
A amamentação é um momento lindo, mas é cercado de cren-
ças e palpites. Quem nunca ouviu dizer que o leite de fulana é fra-
co e que o bebê não está crescendo por isso. Aí fazem fórmulas e
mingaus, chás e tudo mais que possa “acabar com a fome daquele
coitado”. O que não sabem é que o trato gastrointestinal e os rins
da criança ainda não estão totalmente preparados para processar
outros alimentos além do leite materno. O organismo ainda não é
capaz de metabolizar outras substâncias e, como o tubo digestivo
tem uma alta permeabilidade, causa uma hipersensibilidade que

103 Nutrição da gestação à infância


Importância do aleitamento materno exclusivo Nathieli Lima

pode trazer como consequência as temidas alergias e intolerâncias


alimentares. Não existe leite fraco. O leite materno está sempre a
mudar e adapta-se às necessidades de um bebê em crescimento. O
seu conteúdo altera-se durante o dia e ao longo dos meses. E não
importa a fase, ele vai ser sempre perfeito para o seu bebê.
Algumas mulheres acham que não estão produzindo leite su-
ficiente e introduzem logo algum outro tipo de leite (seja de vaca,
de cabra, em pó, etc.) por medo que seu bebê fique com fome. Isso
faz com que o bebê fique saciado e não tente mais pegar o peito.
Quanto antes você oferecer a mamadeira, mais ele vai resistir a
mamar no peito, pois com a mamadeira é muito mais fácil. O ideal é
que assim que o bebê completar os 6 meses de vida, você já ofereça
outros líquidos em copinhos próprios para a adaptação, assim não
precisará usar mamadeira. Isso vai ajudar o seu filho a desenvolver
melhor a coordenação motora.
Não há nenhuma vantagem em iniciar precocemente a alimen-
tação complementar (com outros alimentos) antes do período indi-
cado (6 meses de vida). Pelo contrário, a absorção de alguns nutrien-
tes do leite materno fica prejudicada. Por outro lado, a introdução
tardia de novos alimentos também não é ideal. A criança precisa
desenvolver habilidades e conhecer a textura dos alimentos para
se adaptar às refeições da família.
Existem ainda alguns alimentos que não devem ser ofertados de
maneira alguma às crianças abaixo de 2 anos de idade. Alimentos
industrializados contém corantes, aromatizantes, conservantes que
não são apropriados para quem ainda está se desenvolvendo. Essas
substâncias são reconhecidas como invasores e o sistema imunoló-

104 Nutrição da gestação à infância


Importância do aleitamento materno exclusivo Nathieli Lima

gico reage para proteger o organismo. Se a criança consome apenas


o leite materno, as chances de desenvolver alergias e intolerâncias
alimentares são mínimas (mas ainda há possibilidade).

• Referências

1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Política de Saúde. Or-


ganização Pan Americana da Saúde. Guia alimentar para crianças
menores de dois anos / Secretaria de Políticas de Saúde, Organiza-
ção Pan Americana da Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2002.
2. VITOLO, M. R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. São
Paulo: Rubio, 2008.

105 Nutrição da gestação à infância


Fórmulas infantis

Fernanda Ribas
Fórmulas infantis Fernanda Ribas

A alimentação das crianças sempre foi uma preocupação para


o desenvolvimento destas e está relacionada com características
individuais e culturais, com o objetivo principal de fornecer a quan-
tidade necessária e adequada de nutrientes.
O leite materno contém todos os macronutrientes e mi-
cronutrientes para o desenvolvimento da criança, com carac-
terísticas individuais, por isso, cada criança recebe o adequa-
do para o desenvolvimento dela, seja em gorduras, açúcares,
proteínas e vitaminas.1, 3
A Organização Mundial da Saúde (OMS), preconiza que o alei-
tamento materno exclusivo seja até os seis primeiros meses de
vida, e de forma complementar até os dois anos de vida. O leite
materno, além do vínculo mãe e bebê, possui características únicas
para o desenvolvimento da criança, uma delas é o colostro, o qual
é considerado a primeira vacina da criança, por possuir anticorpos
específicos. O leite materno também possui fatores de proteção con-
tra patologias, tais como: alergias, pneumonias, meningites, otites
entre outras, além de ser completo e adequado em nutrientes.2, 3
Entretanto, ocorrem alguns fatores onde o aleitamento ma-
terno não pode ser ofertado e dessa maneira, a fórmula infantil
deve ser utilizada. Culturalmente no passado utilizávamos o leite
de vaca, porém com base cientifica, podemos compreender que o
leite de vaca não é inadequado para esta situação, e com isso foram
criadas as fórmulas infantis.1, 2, 3
As fórmulas infantis possuem a característica de substituição
ao leite materno quando a criança não puder se alimentar do mes-
mo. Os nutrientes e a adequação em sua composição nas fórmulas

107 Nutrição da gestação à infância


Fórmulas infantis Fernanda Ribas

infantis devem seguir as recomendações do Codex Alimentarius,


criado pelas Nações Unidas, em que o desenvolvimento se deu atra-
vés de análises cientificas dos alimentos. As fórmulas infantis pos-
suem diversas características, tais como: fórmula para prematuros,
sem lactose, de soja, hidrolisadas (podendo ser parcialmente ou
por completo), antirregurgitação, partida e segmento.4
A fórmula para prematuros geralmente não é vendida em
comércio (farmácias, mercados ou distribuidoras). Por serem as
crianças associadas ao risco de vida, essas fórmulas são vendidas
a ambientes hospitalares, cujo o conceito é recuperar a saúde deste
recém-nascido prematuro.4
As fórmulas de partida e segmento são para crianças de zero a
seis meses de vida e de seis a doze meses de vida, respectivamente.
Essas fórmulas são para crianças saudáveis, sem doenças ou aler-
gias associadas.2, 3, 4
As fórmulas sem lactose e de soja, são para crianças cujo pos-
suem alguma alteração na absorção de proteínas animais.2, 4
Fórmulas antirregurgitação são para que crianças com refluxo
(de leve a intenso), sua característica é de gerar um gel após ser con-
sumida. Dessa maneira, a fórmula antes de ser consumida, contém
a mesma característica das outras, como um leite. Após entrar em
contato com a acidez do estomago a mesma forma um “gel” que
reduz o refluxo. Se qualquer fórmula possuir uma característica
espessa ou grossa antes de ser consumida (como uma consistência
de purê), está inadequada ao consumo.1, 3
Fórmulas hidrolisadas (parcialmente ou por completo), são para
crianças que possuem alguma doença ou alergia associada à sua saúde,

108 Nutrição da gestação à infância


Fórmulas infantis Fernanda Ribas

dessa maneira os nutrientes estão mais fáceis de serem absorvidos.1, 2


Abaixo estão tabelas conforme os segmentos de fórmulas infan-
tis até os dois anos de idade. As tabelas foram descritas da seguin-
te forma: na primeira linha como estão classificados, na segunda
linha o nome do produto no mercado (por ordem alfabética) e na
terceira linha o laboratório que fabrica as fórmulas. Vale ressaltar
que para as fórmulas serem administradas deve-se ter prescrição
de um nutricionista.2, 3

109 Nutrição da gestação à infância


Fórmulas infantis Fernanda Ribas

• Referências

1. FEFERBAUM, Rubens; SILVA, Ana Paula da; MARCO, Denise. Nu-


trição enteral em pediatria. São Caetano do Sul: Yendis, 2012.
2. PALMA, Domingos; OLIVEIRA, Fernanda Luisa Ceragioli; ES-
CRAVIDAO, Maria Arlete Meil Schimith. Guia de nutrição clínica
na infância e na adolescência. São Paulo: Manole, 2012.
3. WEFFORT, Virgínia Resende Silva; LAMOUNIER, Joel Alves.
Nutrição em pediatria: da neonatologia à adolescência. São Pau-
lo: Manole, 2010.
4. BRASIL, ANVISA. Perguntas e respostas dobre fórmulas in-
fantis. Brasília, 2014. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.
br/documents/33916/2810640/Formulas+infantis/b6174467-e-
510-4098-9d9a-becd70216afa>

110 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com os
primeiros dentinhos

Mayza Teixeira

111 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com os primeiros dentinhos Mayza Teixeira

• Qual a época certa para o nascimento dos


primeiros dentinhos?

O período de formação dos primeiros dentinhos é um


processo que se inicia ainda na fase intrauterina e se com-
pleta com a total erupção (nascimento) dos dentes na boca.
Para o bebê, essa é uma fase de inquietação e de novas sensa-
ções, momento em que é imprescindível que os pais fiquem
calmos e tomem as medidas necessárias para minimizar o
desconforto das crianças.
Em geral, o aparecimento dos dentes se inicia com os incisivos
(dentes da frente) quando os bebês têm, em média, 6 meses de vida
e se encerra aos 3 anos com o nascimento dos molares (dentes mais
robustos da parte de trás), quando já estão presentes na boca os 20
dentes decíduos (de leite), como ilustrado abaixo.

Essas idades são estimativas de quando normalmente os dentes


nascem, podendo esse tempo variar para mais ou menos meses. É
muito comum bebês já terem dentinhos aos 3 meses ou que somente
apresentem algum sinal de nascimento após de 1 ano de idade, o que

112 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com os primeiros dentinhos Mayza Teixeira

é considerável normal e individual de cada ser.


Porém, há bebês que já apresentam dentes ao nascimento (den-
tes natais), ou às vezes, esses aparecem 30 dias após o nascimento
(dentes neonatais). Nesses casos, em que os dentes surgem muito
precocemente ou mesmo quando aparecem muito tempo depois
do estimado, os pais devem procurar um profissional, preferen-
cialmente um Odontopediatra.7
Em situações normais, a primeira consulta ao Odontopediatra
deve ser realizada durante o primeiro ano de vida, preferencial-
mente por volta dos 6 meses. A frequência das visitas ao dentista
dependerá do risco que o paciente apresentar para desenvolver al-
guma doença, o que será determinado pelo profissional. No entanto,
dos 12 aos 36 meses, o ideal é que haja consultas trimestrais para o
acompanhamento do desenvolvimento da primeira dentição.1

• Sinais associados ao nascimento dos dentes de leite:

O nascimento dos dentes é um processo natural ao desenvol-


vimento humano, mas alguns distúrbios podem aparecer nesse
período. Geralmente ocorre alteração no humor e o bebê pode ficar
mais agitado e choroso como consequência do incômodo gerado pela
coceira e rompimento da gengiva. Os sinais mais comuns ou fatores
que podem surgir concomitantemente ao nascimento dos dentes são:
• Inflamação gengival: acontecem devido à movimentação dentá-
ria deixando inchaço na região;
• Irritação e choro: decorrente da coceira gerada pela pressão do
dente contra a gengiva;3

113 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com os primeiros dentinhos Mayza Teixeira

• Sono comprometido;4
• Perda de apetite;4
• Ligeiro aumento da temperatura corporal4: temperatura baixa,
não caracterizada como febre, é comum no período de 4 a 19 dias
antes e depois do dia da erupção do dente.11
• Salivação excessiva: ocorre por causa da maturação das glândulas
salivares que acontece no mesmo período do nascimento dos den-
tes. Essa maturação aumenta a viscosidade da saliva e acaba por di-
ficultar a sua deglutição, fazendo com que o bebê comece a babar.9
• Alterações intestinais: podem estar associadas ao fato de crianças
levaram dedos e objetos à boca devido ao desconforto gengival, e não
têm causa direta com o processo de nascimento;5
É importante que os pais saibam que os sinais e sintomas asso-
ciados à erupção de dentes decíduos não são graves, alguns bebês
sequer apresentam sinais. Esses sintomas são temporários e de-
saparecem em algumas semanas, assim que os dentes irrompem
na cavidade bucal.
A presença de febre, vômito ou diarreia não estão associadas à
erupção de dentes, podem ser sintomas de alguma doença. A associa-
ção da manifestação desses sintomas com o nascimento dos dentes
pode contribuir para o adiamento da tomada de decisão clínica em
casos de doenças de maior gravidade, como gastroenterites, infecções
urinárias ou otites, ou pode estimular o uso excessivo de medicamen-
tos mascarando assim uma sintomatologia que pode ser importante
para um diagnóstico preciso.4

114 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com os primeiros dentinhos Mayza Teixeira

• Como aliviar os sintomas do bebê?

Existem algumas medidas que podem ser usadas pelos pais


para diminuir o desconforto dos seus bebês.
• Mordedor gelado: como a gengiva está irritada, o frio é bastante
tranquilizador. Colocar o mordedor na geladeira e dar ao bebê
pode ajudar a aliviar os sintomas.
• Picolé de leite materno (tetolé): congelar o leite em forminhas de
picolé pode ser uma ótima alternativa.
• Fralda de pano molhada com água gelada: caso o bebê não aceite
mordedores, cubinhos ou picolés.
• Dedeira: usada pelos pais para massagear a gengiva e diminuir a
coceira. Importante: a dedeira não serve para a higienização dos
dentes, não substitui a escova.
• Pomadas anestésicas tópicas: estão disponíveis nas farmácias.
Quando estas são utilizadas, os pais são aconselhados a aplicá-las de
maneira correta e por isso devem ser orientados pelo profissional.11
• Analgésicos sistêmicos: No caso de irritabilidade persistente que
comprometa o sono e a alimentação, os analgésicos sistêmicos,
podem ser fornecidos com critério. Os pais devem saber que isso
consiste em uma medida temporária e sempre com a indicação
do odontopediatra.11

115 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com os primeiros dentinhos Mayza Teixeira

• Como e quando começar a escovar os dentinhos?

A prática de bons hábitos de higiene dentária deve começar


antes de nascer o primeiro dentinho. Após o bebê se alimentar,
ou, no mínimo, à noite, depois da última amamentação, a língua,
a parte interna da boca e a gengiva precisam ser higienizadas. Os
pais devem molhar a ponta da fralda ou de uma gaze em água
filtrada ou fervida e começar a limpeza oral, esfregando-se todas
as superfícies da boca de tal forma que se removam os detritos
alimentares. Tal ato deve se tornar um hábito diário, assim o bebê
irá se acostumar.6
Com o nascimento dos dentes de leite a higiene do bebê deve
ser feita com o uso de uma escova dental convencional com cabeça
pequena e cerdas bem macias que permitam alcançar facilmente
todas as partes da boca.5
Crianças de todas idades podem usar creme dental com flúor,
mas em pequenas quantidades que sejam seguras quanto ao risco
de desenvolver fluorose e o benefício anticárie seja mantido. A
frequência de escovação deve ser limitada a duas vezes ao dia e
os pais devem ensinar a criança a não engolir a espuma do creme
dental.2 Até os 4 anos de idade a quantidade de creme dental deve
ser a equivalente a um grão de arroz cru e, nas crianças mais jovens,
que possuem apenas 4 a 8 dentes irrompidos (cerca de 12 meses
de idade) essa quantidade ainda pode ser reduzida pela metade.10

116 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com os primeiros dentinhos Mayza Teixeira

Quantidade equivalente a um grão de arroz cru.8

Os dentes de leite são temporários, por volta dos 6 anos eles co-
meçam a ser substituídos pelos dentes permanentes, mas precisam
ser bem higienizados pois exercem papel importante nessa fase de
desenvolvimento. Fazem a trituração e mastigação dos alimentos,
auxiliam na fala, preservam o espaço para os próximos dentes e
ajudam no crescimento equilibrado dos ossos e músculos da face.
Bebês e crianças, principalmente durante o primeiro ano de
vida, podem ter um tipo de cárie que evolui muito depressa e pode
atingir vários dentes de uma só vez, destruindo-os rapidamente, a
chamada cárie de mamadeira. A causa mais comum desse proble-
ma é a amamentação frequente durante a noite associada à falta
de limpeza dos dentes após essa mamada. Muitas mães deixam
as crianças dormirem enquanto estão mamando, esse hábito deve
ser evitado a fim de que escovem os dentes antes de adormecerem.
Cuidar bem dos dentinhos do bebê é essencial, pois a cárie pode ata-
cá-los tão logo comecem a nascer, fazendo-se necessária a higiene
após a mamada noturna.2
Caso a criança faça uso de chupetas ou bicos, assim que os
primeiros dentes surgirem, substitua-os pelos mordedores. O
seu uso em excesso pode deixar os dentes “tortos” e prejudicar a

117 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com os primeiros dentinhos Mayza Teixeira

mastigação, a deglutição (ato de engolir), a fala, a respiração e o


crescimento da face.2

• Referências

1. Associação Brasileira de Odontopediatria. Manual de Referên-


cias para Procedimentos Clínicos em Odontopediatra. 2009 www.
abodontopediatria.org.br
2. BRASIL. Ministério da Saúde. Mantenha seu sorriso: fazendo a higie-
ne bucal corretamente. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. (Cartilha).
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diatria Clin Integr. 2010;10(2):163-167.
4. Ferreira FV, Machado MVS, Ardenghi TM, Praetzel JR. Mani-
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decíduos: Estudo retrospectivo. Pesqui Bras Odontopediatria Clin
Integr. v. 9, n. 2, p. 235-239, 2009.
5. Figueiredo, M. C; Faustino-Silva, D. D. Efetividade de dedeira de gaze
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6. Massao JM. Filosofia da clínica de bebês da Unigranrio-RJ. Rev
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8. Oliveira, B. H. de; Santos, A. P. P. dos; Nadanovsky, P. Uso de den-
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sam saber? Residência Pediátrica. v. 2, n. 2, p. 12-19, 2012.

118 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com os primeiros dentinhos Mayza Teixeira

9. Paula F De, Silva B. Erupção dental: sintomatologia e tratamen-


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10. Tenuta LM, Chedid SJ, Cury JA. Uso de Fluoretos em Odontope-
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11. Wong, D. L. Whaley & Wong Enfermagem Pediátrica- Ele-
mentos essenciais à intervenção efetiva. 5.ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1999.

119 Nutrição da gestação à infância


Alimentação
em cada fase

Nathieli Lima
Alimentação em cada fase Nathieli Lima

Grande parte dos problemas relacionados à obesidade e à ou-


tras patologias associadas, como diabetes tipo II, hipertensão,
doenças cardiovasculares e hipercolesterolemia (colesterol alto),
encontra-se na formação dos hábitos alimentares. As crianças são
completamente dependentes dos pais e responsáveis para se ali-
mentar, e cabe a vocês formarem bons hábitos.

• Até aqui tudo certo. Mas e na prática? O que fazer


para estimular os tais hábitos alimentares saudáveis?

Introdução Alimentar
Deve-se primeiramente fazer a adequada introdução de novos
alimentos no primeiro ano de vida. O ser humano tem uma prefe-
rência inata por sabores doces. Desde o período pré-natal somos
estimulados pelas substâncias químicas presentes no líquido am-
niótico, o que nos deixa propensos a gostar de sabores adocicados,
mesmo se forem de alimentos desconhecidos. Então, quando forem
introduzir outros alimentos depois do período de aleitamento ma-
terno exclusivo, sugiro que as primeiras papinhas sejam feitas de
preparações com legumes e não frutas, para que o bebê não tenha
preferência por alimentos doces no começo dessa transição.
Os legumes devem ser devidamente higienizados, cozi-
dos inteiros e se possível com as cascas para depois serem cor-
tados ou amassados, pois assim perderão menos nutrientes
durante o preparo. Se o seu bebê não consumiu nenhum ou-
tro alimento além do leite materno, ele não conhece ou-
tros sabores, sendo assim, não há necessidade de colocar sal

121 Nutrição da gestação à infância


Alimentação em cada fase Nathieli Lima

ou açúcar nas preparações, pois ele não vai sentir falta. Tente
adiar ao máximo o contato do seu filho com essas substâncias.
Uma hora ele vai ingerir alimentos com muito sal ou doces, mas
quanto mais tarde melhor.
O seu filho raramente vai gostar de um determinado vegetal na
primeira vez que você oferecer. Talvez não aceite na segunda vez,
nem na terceira, nem na quarta. É normal. Da próxima vez ofereça
de outra forma. Por exemplo, se você fez uma papinha com batata,
cenoura e abóbora e ele não gostou, tente fazer com apenas um
desses vegetais e observe se ele aceita dessa forma. Acrescente caldi-
nho de feijão, algumas ervas e temperos suaves. É preciso oferecer
o mesmo alimento de formas variadas pelo menos de 12 a 15 vezes
até que a criança aceite. Não desista! Lembre-se que ele depende
de você para se alimentar e o seu exemplo é fundamental para que
seja despertado o interesse de experimentar novos alimentos.

• Fase pré-escolar e escolar (de 2 a 10 anos)

A partir dos 2 anos de idade, a criança começa a mostrar as suas


preferências, fazendo escolhas nem sempre benéficas. Tendem a
comer apenas o que gostam e são resistentes ao experimentar no-
vos alimentos. Por isso é necessário que os pais ensinem aos filhos
o que e quanto devem comer, estabelecendo uma rotina alimentar,
estando presentes durante as principais refeições e se alimentando
de forma adequada para que os filhos vejam e queiram seguir esse
exemplo. A oferta de alimentos tem que ser feita de forma firme, mas
não dura, para que comer não se torne uma experiência desagradável.

122 Nutrição da gestação à infância


Alimentação em cada fase Nathieli Lima

Nessa idade a criança brinca muito e acaba se esquecendo das


suas necessidades. Ela raramente vai te pedir água, ou mesmo para
ir ao banheiro. Mais uma vez volto a falar da rotina alimentar.
Você tem que ficar atento e sempre ofertar água e as refeições nas
horas certas e nunca deixar a criança substituir refeições por ma-
madeira, pois a saciedade causada pelo leite (ou outro conteúdo
da mamadeira) impede a vontade de conhecer outros alimentos.
Manter horários certos para que a criança faça as refeições
é fundamental para que ela se alimente bem. Se vocês têm o
costume de almoçar ao meio dia, a refeição anterior a esse pe-
ríodo tem que acontecer no máximo até às 10:00 da manhã,
e com alimentos leves para que a criança não fique saciada
até a hora do almoço.
O ideal é que aproximadamente 30 minutos depois que a crian-
ça acorde, ela tome o café da manhã, que duas ou três horas depois
faça um pequeno lanche e depois almoce. À tarde é recomendado
que ela faça mais dois lanches e depois jante. Claro que esses ho-
rários vão depender de cada criança, pois algumas acordam cedo,
outras tarde. Aqui vale o seu bom senso.

• E o que ofertar nessas refeições?

O cardápio deve ser variado, como alimentos de todos os gru-


pos, como diferentes texturas, sabores e formas.
Grupo 1: cereais (aveia, arroz, milho), massas, pães, raízes
e tubérculos. São fontes de energia e devem ser consumidos
seis vezes ao dia.

123 Nutrição da gestação à infância


Alimentação em cada fase Nathieli Lima

Ex: Café da manhã: 1 fatia de pão


Lanche da manhã: 1 fatia pequena de bolo
Almoço: arroz
Lanche 1: torrada
Lanche 2: vitamina com aveia
Jantar: macarrão
(o cardápio está montado apenas com os alimentos do grupo 1
para demonstrar como devem ficar divididos durante o dia, mas
precisa conter alimentos de todos os grupos)
Grupo 2: legumes e verduras. São fontes de vitaminas, minerais
e fibras e devem ser consumidos três vezes ao dia.
Ex: saladas, cremes, purês, refogados.
Grupo 3: frutas. Também são fontes de vitaminas, minerais e
fibras e devem ser consumidos três vezes ao dia.
Ex: batidas com leite, em cubinhos, em sucos.
Grupo 4: leite, iogurte e queijos. São fontes de proteínas de
alto valor biológico e ricos em cálcio, que atuam na construção dos
músculos e ossos. Devem ser consumidas três porções ao dia.
Ex: vitaminas, mingau, sanduíche de queijo.
Grupo 5: feijão, lentilha, ervilha, grão de bico e soja. São fonte
de proteína e ferro e devem ser consumidas pelo menos uma vez ao
dia. Lembrando que sempre que oferecer um alimento desse grupo,
é interessante ofertar também uma fonte de vitamina C (laranja,
limão, acerola, goiaba) para que o ferro contido neles seja melhor
absorvido pelo organismo.
Grupo 6: carnes e ovos. São proteínas de alto valor biológico,
ferro e vitamina B12. Consumir três porções ao dia.

124 Nutrição da gestação à infância


Alimentação em cada fase Nathieli Lima

Grupo 7: doces e gorduras. Devem ser consumidos modera-


damente, e não devem servir como recompensa ou punição por
alguma coisa. Não devem ficar expostos, nem ao alcance para que
a criança mesma se sirva.
“Não é maldade não deixar que o filho coma batata frita e tome
refrigerante. Maldade é deixa-lo fazer isso todos os dias” . – Gabriela
Kapim, Nutricionista Infantil.
Agora que sabemos como montar cada refeição ao longo do dia,
vem uma parte muito importante e que pode ser difícil: introduzir
novos alimentos nas refeições do seu filho.
A forma mais eficaz de se fazer isso, é possibilitando que as
crianças conheçam e tenham contato com os alimentos. Você pode
levá-lo até a uma horta para que ele mesmo os colha, ou ainda pode
levá-lo às compras. Faça-o sentir o cheiro, a textura, observar as
cores. Não torça o nariz para nenhum alimento para que o seu filho
não faça o mesmo. Leve seu filho para a cozinha e peça ajuda na
hora do preparo. Coisas simples, como lavar as folhas para a sala-
da, colocar a mesa antes das refeições. Invente formas diferentes
de preparar os alimentos, faça lanches divertidos. Essas pequenas
atitudes aumentarão o interesse da criança pelo alimento e farão
com que pelo menos queiram experimentar.

125 Nutrição da gestação à infância


Alimentação em cada fase Nathieli Lima

• Referências

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126 Nutrição da gestação à infância


Alergias e
intolerâncias
alimentares

Mateus Câmara
Alergias e intolerâncias alimentares Mateus Câmara

Primeiramente é necessário definir alguns conceitos, como a


diferença entre alergia alimentar e intolerância alimentar. Quando
a pessoa possui uma intolerância alimentar, geralmente pode ser
tratada apenas restringindo aquele alimento que causa o sintoma,
a intolerância não está relacionada a processos imunológicos. En-
tretanto, alergia alimentar está relacionada a processo alergênico,
dependendo do grau pode ser fatal, exigindo necessariamente a
restrição total do alimento que cause a reação. Dificilmente uma
intolerância alimentar será fatal ou causará grandes reações ad-
versas, em comparação à alergia.
Uma organização de alimentação e agricultura estabeleceu que
o amendoim, soja, peixe, mariscos, leite, ovos, nozes, castanhas e
trigo são os alimentos alergênicos mais comuns no mundo todo,
comumente chamado de “grupo dos oito”.
Isso não quer dizer que a ingestão destes alimentos para quem
não possui alergia vão desencadear algum sintoma. É comum ver
pessoas que não possuem doença celíaca (alergia ao glúten), para-
rem de fazer a ingestão de alimentos fontes de glúten por questão
de “modismos”, se a pessoa não possui nem alergia, nem intole-
rância a algum tipo de alimento, o mesmo não causará efeitos
adversos. Entretanto, para crianças recém-nascidas que começa-
ram a introdução alimentar, é indicado ficar atento ao oferecer
um desses alimentos descritos anteriormente, pois podem causar
algum sintoma característico.
Mas como saber qual alimento está causando tais sintomas?
Simples, quando for introduzir alimentos novos, e ou alimentos
que podem causar alguma reação alérgica ou até mesmo alguma

128 Nutrição da gestação à infância


Alergias e intolerâncias alimentares Mateus Câmara

intolerância, ofertar o alimento separadamente e prestar atenção


se a criança apresentar alguns sintomas clássicos como, diarreia,
náusea, vômitos ou cólica abdominal. Quando for dar um alimento
que a criança nunca comeu, não dar em grandes quantidades e de
preferência isoladamente ou junto a algum alimento que você já
tenha ofertado anteriormente.
Muita gente não repara, é necessário atentar-se aos aditivos
químicos que possuem nos alimentos industrializados, o ideal será
sempre você preparar a alimentação do seu filho com alimentos
naturais, visto que alguns aditivos colocados para dar sabor ou
para dar cor e, até mesmo para manter a validade mais prolon-
gada, podem causar reações parecidas com a das intolerâncias e
alergias, e claro, preparar a papinha do seu filho com alimentos
naturais, que necessitem ser preparados, acaba sendo muito mais
nutritivo e saboroso além de você saber com precisão quais são as
preferências do seu filho.
De maneira geral, é preciso prestar atenção em alguns sin-
tomas, para ficar mais fácil o diagnóstico precoce de uma aler-
gia alimentar. O corpo, após uma reação alérgica a algum ali-
mento, exibe alguns sinais, no caso da pele são vermelhidão,
coceira, bolhas vermelhas, porém não são apenas na pele, pode
ser encontrado sinais respiratórios, como asma, dificuldade
em respirar, rinite.
Já a intolerância a lactose é a mais comum encontrada em be-
bês. A lactose é o açúcar do leite, indivíduos que possuem intole-
rância a lactose, não possuem uma enzima encontrada no intes-
tino chamada lactase. Esta enzima tem a capacidade de quebrar

129 Nutrição da gestação à infância


Alergias e intolerâncias alimentares Mateus Câmara

a lactose fazendo com que ela seja absorvida. Porém em pessoas


que não possuem esta enzima, não conseguem quebrar a lactose,
fazendo com que esse açúcar do leite fique fermentando no intes-
tino da pessoa, formando assim gases e como defesa o corpo tenta
jogar líquidos para o intestino tentar digerir este açúcar, este é um
dos motivos dessa intolerância causar a diarreia líquida. Um dos
sintomas mais comuns na intolerância a lactose são, distensão ab-
dominal por causa da grande quantidade de gases, diarreia líquida
e dor abdominal. Hoje no mercado podemos encontrar fórmulas
infantis sem lactose, leite sem lactose e iogurtes, porém lembre-se,
ao ver zero lactose não significa que é zero açúcar, o que a indús-
tria faz é colocar a enzima lactase dentro do produto deixando a
lactose já quebrada pronto para ser absorvida.
Ao falar de alergia, a mais comum de todas que é a ao glúten
ou doença celíaca. O glúten é uma proteína encontrada nos cereais
como, trigo, centeio, cevada, triticale e em grãos semelhantes. Os
sintomas mais comuns dessa alergia são diarreia, distensão abdo-
minal, perda de peso, anemia, fraqueza, déficit no crescimento, mas
qual o motivo de tantos sintomas, bom um dos sinais mais comuns
são alterações do intestino inteiro, diminuindo assim a absorção
dos outros nutrientes, como proteínas vitaminas e minerais, ou
seja, quando a criança é alérgica ao glúten, seu intestino é poten-
cialmente agredido diminuindo a capacidade de absorção destes
nutrientes descritos anteriormente. Além de ocorrer a diarreia,
que é um sinal de má absorção. Por isso que a retirada completa do
glúten nesses casos se faz necessário, sempre se atentar a rotula-
gem dos alimentos, ver se possuem glúten ou não, principalmente

130 Nutrição da gestação à infância


Alergias e intolerâncias alimentares Mateus Câmara

a aveia, existem aveias que possuem glúten, então é preciso, nes-


se caso, sempre olhar o rotulo com muita atenção. Fora isso, se a
criança ficar longe de alimentos que possuem glúten, ela poderá
crescer normalmente, brincar, estudar ter uma vida normal.
Por fim, o ideal será sempre procurar um médico caso a crian-
ça tenha uma reação alérgica a algum alimento, fazendo os testes
adequados para você ter certeza do que está causando os sintomas,
após diagnosticado uma intolerância ou uma alergia alimentar é
indicado, procurar um nutricionista para pode adequar a dieta
do seu filho, e não faltar nenhum nutriente para o crescimento e
desenvolvimento dele.

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131 Nutrição da gestação à infância


Alimentação
para crianças
especiais

Daniel Rodrigues
Alimentação para crianças especiais Daniel Rodrigues

O alimento é essencial para ser humano, não só como fonte de


energia para funcionamento dos órgãos, mas também como uma
fonte de conforto pessoal e social. Uma alimentação saudável é
essencial para equilíbrio do corpo, pois é fonte de vitaminas e mi-
nerais. (MONTEIRO, 1995) Crianças especiais assim como qual quer
pessoa necessita de uma alimentação saudável e equilibrada para
terem menos risco de desenvolver doenças, mais no caso de crian-
ças especiais a alimentação devia possuir um maior cuidado por
estarem mais suscetíveis para desenvolver doenças. (VANZ, 2008).
Algumas delas tem dificuldade ou não possuem uma forma
clara de se comunicar com pais e responsáveis por não falarem,
escutarem ou possuir algum atraso mental com que faz com que
a criança não se comunique, até mesmo o próprio fato de serem
crianças e não terem muita maturidade. Tudo isso faz com que a
alimentação e o habito alimentar se torne responsabilidade dos
pais e responsáveis. (FISBERG, 2000)
A criança tende como natural a copiar a alimentação das pes-
soas mais próximas dela, a imitar o que os pais consumem, tendo
em vista tal situação, os pais e responsáveis tendem a dar bons
exemplos, comer frutas e verduras diariamente para que a crian-
ça veja e se adapte, facilitando, assim, o consumo das mesmas e,
consequentemente, facilitando a construção de bons hábitos ali-
mentares. (FISBERG, 2000; BATISTA, 2006)
Pesquisas cientificas nos mostram que pais de crianças espe-
ciais oferecem alimentos não saudáveis para crianças como conso-
lo pelos seus problemas, por comodidade e por falta de renda e/ou
conhecimento. (GIARETTA; GHIORZI, 2009). Isso acaba transfor-

133 Nutrição da gestação à infância


Alimentação para crianças especiais Daniel Rodrigues

mando e modificando o hábito alimentar da criança, fazendo com


que esta não queira mais se alimentar de frutas, verduras, alimen-
tos mais saudáveis. Estudos nos mostram que algumas crianças
com Síndrome do Espectro do Autismo, hiperatividade, Síndrome
de Down, possuem pré-disposição para alguns alimentos, de acordo
não só com a doença mais pelo convívio, pela interação social em
que esse alimento foi ofertado. (SALLIS; GLANZ, 2006)
Por exemplo, se os pais ou responsáveis de uma criança os le-
vam para uma festa de um coleguinha, aonde a criança vê um
ambiente feliz, as pessoas se divertindo, brincadeiras e desenhos,
oferecem a ele comidas típicas de festa como bolo, refrigerante,
salgadinhos fritos, balas e doces, alimentos com grande quantidade
de açúcar e gordura, qual quer pessoa sentira prazer, felicidade,
não só pelo alimento, que se torna reconfortante para criança,
mas o espaço potencializa esse efeito, isso faz com que a criança
veja e associe aquele alimento a um bem estar, o próprio corpo
consegue fazer esse alimento ser prazeroso para alguns liberando
hormônios do prazer em condições normais, mais sua condição
de criança especial associado à uma alimentação habitual em casa
com alimentos não saudáveis, muda e transforma gradualmente
seu hábito alimentar.
O exemplo ilustra uma forma de mudança e construção de hábito
de uma criança, mas não é padronizada para todos, pois dependem
de vários fatores, a grande questão é o que responsável e os pais são
os principais agentes nesta construção. (WUO, 2006)
Dentro da formação de hábitos alimentares saudáveis, a busca
por profissionais como nutricionista pode desempenhar uma gran-

134 Nutrição da gestação à infância


Alimentação para crianças especiais Daniel Rodrigues

de ajuda para responsáveis e pais. O nutricionista é um profissional


especializado em alimentação saudável, dará dicas e formas de
você adicionar um alimento saudável na vida da sua criança, tra-
zendo mais saúde e prevenindo doenças. Nutricionistas possuem
ferramentas de avaliação do estado nutricional, (especializadas
para esta população), avaliação do padrão alimentar, técnicas e
dietas que iram diagnosticar e ensinar a introdução de alimentos
essenciais na alimentação do seu filho e família. (ALLEN, 2004)
A necessidade de uma equipe multidisciplinar, com médicos,
psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, etc., também é de gran-
de ajuda, pois assim como mencionado anteriormente, o ato de
comer influencia em diversas áreas no ser humano, fazendo assim
um acompanhamento geral. A ajuda da equipe provavelmente pro-
porcionará melhores resultados, potencializando a prevenção de
doenças. (CARDOSO, 2014)
Dentro da categoria de crianças especiais existe uma doença
que vem surgindo com maior incidência, o Transtorno do Espec-
tro do Autismo, mais conhecida popularmente como autismo. O
autismo é uma doença de diversos fatores de origem. (KLIN, 2006).
Com isso podemos ver crianças autistas com sintomas e modos di-
ferentes, cada um com sua especificidade de ser. (DOURADO, 2012).
Mais autores publicaram três características clássicas de autistas.
Que são: Dificuldade de interação social, interesse restrito a deter-
minada forma de agir, movimentos repetitivos e resistência a mu-
danças. (BAIRD, et al, 2003). Hoje em dia o autismo não possui uma
cura, mas sendo diagnosticada e tratada com antecedência, pode
se evitar um agravo das complicações que ela gera na criança. Den-

135 Nutrição da gestação à infância


Alimentação para crianças especiais Daniel Rodrigues

tre essas complicações a diminuição do sistema imune, processos


inflamatórios, carência nutricional, irritabilidade e agressividade.
O tratamento proposto varia de acordo com a conduta adotada
pelo profissional que o acompanha e a necessidade de cada criança.
Mais estudos nos mostram que alimentos industrializados ricos
em adoçantes, corantes, ingredientes artificiais, açúcares, proteínas
alergênicas e aditivos podem piorar o estado de saúde da criança.
(MARCELINO, 2010; LE, 2010). Tais alimentos devem ser evitados
não só para autistas mais para crianças especiais em geral. Devem
sempre preferir alimentos naturais e evitar leite de vaca e glúten
por possuírem proteínas alergênicas e suplementar pro-bióticos.
(MILLWARD, 2008). Essas mudanças de habito alimentar podem
melhorar a função cerebral, a memória, o aprendizado, a atenção, o
humor, o crescimento e o sono, protegendo assim de neurotoxinas,
melhora do sistema imune e a função gastrointestinal. (HOLLON, 2015)
A restrição de proteínas alergênicas contidas no leite de vaca e
derivados, junto com o glúten pode ser uma conduta a ser utilizada,
mas que tem que ser avaliada por um nutricionista. Em conjunto
com essas práticas há quem defenda, perante estudos científicos,
a suplementação de vitaminas do complexo B, principalmente B9,
B12, para a diminuição do estresse oxidativo, vitamina C e o mi-
neral selênio como poderoso antioxidante. (JAMES, et al., 2009;
HAKOOZ, HAMDAN, 2007; CHEN, 2006; RODRIGUES, 2010).
Assim como já mencionado, essas vitaminas e minerais devem
ser suplementados perante uma avaliação de um profissional que
acompanhe o paciente. Seguindo a linha da alimentação saudável
será possível atender às necessidades da criança. Crianças espe-

136 Nutrição da gestação à infância


Alimentação para crianças especiais Daniel Rodrigues

ciais possuem uma maior disposição para ter algumas doenças, e a


alimentação é fundamental para melhorar e prevenir as mesmas.
Atualmente, um dos grandes problemas de saúde pública mundial
é o aparecimento das doenças crônicas não transmissíveis, que en-
globam diversas doenças como obesidade, diabetes, hipertensão ar-
terial, dislipidemia entre outras. As pesquisas mostram que muitas
dessas doenças tem surgido na população pelo modo de vida e há-
bitos, como uma das principais causas do surgimento das mesmas.
(MONTEIRO, 1995; CARDOSO, 2014)
Com surgimento da tecnologia, as pessoas mudaram seu com-
portamento, alterando assim seu ritmo de trabalho e alimentação,
consumindo maiores quantidades de alimentos industrializados e
praticando menos atividade física, possuindo menos tempo para
alimentação em família. Essas mudanças de comportamento so-
cial e alimentar são um dos fatores para o surgimento de doenças
crônicas não transmissíveis.
Estudos científicos na área de alimentação para pessoas es-
peciais mostram que muitos possuem deficiência em nutrientes
essenciais para bom funcionamento do corpo, como fibras, vitami-
nas e minerais. Nutrientes esses como: vitaminas do complexo B,
vitamina D, cálcio, ferro e zinco, são comuns em exames de sangue
(bioquímico) deficiência. (MARCOS; VANZ, 2008)
Esses nutrientes podem ser medidos no organismo pelo con-
sumo mostrado em estudos que se baseiam em recordatórios ali-
mentares, uma ferramenta dos profissionais e cientistas utilizam
para saber a quantidade e a frequência de consumo de alimentos
no dia a dia da criança. Mas também através de exames de sangue.

137 Nutrição da gestação à infância


Alimentação para crianças especiais Daniel Rodrigues

A deficiência então pode estar relacionada tanto pelo baixo


consumo de alimentos ricos nestes nutrientes, como pode estar
relacionado ao erro no metabolismo ocasionado pela doença que
a criança possui. (VANZ, 2008)
E quando falamos em baixo consumo de alimentos ricos nestes
nutrientes precisamos sempre lembrar da importância da alimen-
tação adequada, pois muitas crianças especiais, possuem resistên-
cias ou dificuldade ao comer determinado alimento por causa da
cor, temperatura, consistência, habito de não estar familiarizado
com o alimento, dificuldades motoras ou hipotonia muscular, en-
tre outros. Os responsáveis deixam de dar o alimento por causa
da não aceitação da criança, por ser mais cômodo, pela falta de
tempo de ficar na mesa, para dar o alimento a criança ou pela
condição financeira e cultural em que aquela família vive. Atre-
lado à uma deficiência de uma alimentação saudável, possuindo
um habito de consumo de alimentos ricos em açúcar e gordura e
pobre em nutrientes aumentam as chances do desenvolvimento
de doenças. (BELINCHON, 2001)
Baseado na prevenção de doenças crônicas não transmis-
síveis, o Ministério da Saúde elaborou um guia para população
brasileira para alimentação saudável e nele explicita claramen-
te a importância da alimentação na prevenção de doenças. O
material ressalta a importância de uma alimentação a base de
alimentos naturais, como frutas e verduras e evitando alimen-
tos industrializados, por serem ricos em sódio (sal), gorduras e
conservantes. (BRASIL, 2014). O guia de alimentação saudável
para população brasileira é um bom material de fácil acesso,

138 Nutrição da gestação à infância


Alimentação para crianças especiais Daniel Rodrigues

para reeducação alimentar, da criança e família. (BRASIL, 2014).


Os responsáveis e pais por uma criança, sendo ela especial ou
não, possui diversos obstáculos e dificuldades, mas é preciso lem-
brar que este ser é seu dependente e que com sua ajuda, para en-
sinar, educar e dar uma boa alimentação, podendo, dessa forma,
mudar e ensinar. Com educação sobre uma boa alimentação, os
pais poderão proporcionar a mudança de vida, mesmo que apre-
sentando as dificuldades diversas que cada família tem, é a melhor
forma de demonstração de carinho e preocupação, que você possa
ter. A construção social saudável entorno de qual quer criança
torna-se um fator determinante no aparecimento de complicações
seja de qual quer origem que ela possa ter. (INCAO, 1992)

• Referências

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142 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com a Ali-
mentação da Crian-
ça em Tratamento
Quimioterápico
Jassanara Taveira
Cuidados com a Alimentação da
Criança em Tratamento Quimioterápico Jassanara Taveira

O câncer pode ser definido como uma doença multicausal


crônica, caracterizada pelo crescimento descontrolado e dissemi-
nação de células anormais, as quais se reproduzem até formar
uma massa de tecido conhecida como tumor. Conforme dados do
Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que, no ano de 2016
e 2017, são esperados 600 mil novos casos de neoplasias no Brasil,
exceto tumores de pele não-melanoma. De modo que, espera – se
que ocorram aproximadamente 12.600 casos novos de câncer em
crianças e adolescentes até os 19 anos. O câncer infanto-juvenil
(crianças e adolescentes entre 0 e 19 anos) é um conjunto de doen-
ças que apresenta características próprias, principalmente com
relação à histopatologia e ao comportamento clínico. É conside-
rada uma doença rara, correspondendo entre 1% e 3% de todos os
tumores malignos na maioria das populações.
A alimentação nesses pacientes é influenciada tanto por fato-
res psicológicos e emocionais quanto por fatores relacionados ao
tratamento e à doença. Nos casos de desnutrição, modificações no
apetite e na ingestão alimentar são fatores muito presentes. Esse
consumo desordenado pode resultar em diversas complicações
metabólicas e outras manifestações graves, que podem aumentar
tanto a morbidade e a mortalidade dos pacientes quanto resultar
numa piora da resposta ao tratamento.
A intervenção e o acompanhamento nutricional têm como
objetivo promover o crescimento e o desenvolvimento normal
da criança, melhorar a resposta imunológica, aumentar a to-
lerância do paciente ao tratamento e melhorar a sua qualidade
de vida. A intervenção nutricional é importante em qualquer

144 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com a Alimentação da
Criança em Tratamento Quimioterápico Jassanara Taveira

etapa do tratamento, porém é mais eficaz quando iniciada pre-


cocemente. A alimentação saudável é de suma importância na
resposta ao tratamento oncológico, visto que, quando o pacien-
te se alimenta corretamente irá se sentir melhor e mais for-
te, além de manter ou recuperar o peso, tolerar melhor os tra-
tamentos e os efeitos colaterais, diminuir o risco de infecção
e melhorar a cicatrização.
Alguns quimioterápicos utilizados levam à anorexia (falta de
apetite) causando alterações no paladar, provocando também o apa-
recimento de aftas, inflamação de mucosas (em boca, bochechas,
lábios, gengivas, estômago, esôfago) interferindo na ingestão alimen-
tar, devido ao desconforto e dor severa. Provocam ainda, frequentes
episódios de náuseas, vômitos e alterações gastrointestinais como
diarreia e constipação (intestino preso). Quanto maior a dosagem
do quimioterápico utilizado, maior serão os efeitos colaterais.
É comum que em algum momento do tratamento oncológi-
co, haja redução da ingestão alimentar e recusa de determinados
alimentos. Diante disso, é importante lembrar que mesmo com
todos esses sintomas, deve-se insistir na alimentação por via oral
e procurar um profissional capacitado que possa auxiliar durante
esse processo de luta contra a doença.

145 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com a Alimentação da
Criança em Tratamento Quimioterápico Jassanara Taveira

• Orientações Nutricionaais para Pacientes


Pedriátricos com Sinais e Sintomas ausados pela
Terapia Antineoplásica

Anorexia (falta de apetite)

Estar ciente da importância e necessidade da alimentação no


processo de recuperação, apesar da inapetência; Modificar a con-
sistência da dieta conforme a aceitação da criança; Aumentar o
fracionamento da dieta e reduzir o volume por refeição, oferecendo
de 6 a 8 refeições ao dia; Aumentar a densidade calórica das re-
feições e, quando necessário, utilizar complementos nutricionais
hipercalóricos ou hiperproteicos (conforme orientação nutricio-
nal); Aumentar a variedade de legumes e carnes nas preparações;
Melhorar a apresentação dos pratos; Utilizar temperos naturais
nas preparações; Oferecer os alimentos preferidos do paciente; Pro-
porcionar ambientes agradáveis para as refeições /Evitar cobrança
excessiva de ingestão alimentar.

Disgeusia (alteração/perda do paladar) e Disosmia (alte-


ração do olfato)

Estar ciente da importância e necessidade da alimentação no


processo de recuperação, apesar da disgeusia e da disosmia; Esti-
mular a ingestão de alimentos mais prazerosos para aqueles em
que a disgeusia está aumentada; Aumentar o fracionamento da
dieta e reduzir o volume por refeição, oferecendo de 6 a 8 refeições

146 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com a Alimentação da
Criança em Tratamento Quimioterápico Jassanara Taveira

ao dia; Modificar a consistência dos alimentos conforme aceitação,


liquidificando-os quando necessário; Quando necessário, utilizar
complementos nutricionais com flavorizantes e aromas (conforme
orientação nutricional); Preparar pratos visualmente agradáveis e
coloridos; Lembrar do sabor dos alimentos antes de ingeri-los; Dar
preferência a alimentos com sabores mais fortes; Dar preferência
aos alimentos em temperaturas extremas para estimular outros
sentidos; Utilizar ervas aromáticas e condimentos nas preparações.

Náuseas e Vômitos

Estar ciente da importância e necessidade da alimentação no


processo de recuperação, apesar das náuseas e dos vômitos; Ofe-
recer uma segunda vez a refeição, aproximadamente 20 minutos
após a primeira oferta; Aumentar o fracionamento da dieta e redu-
zir o volume por refeição, oferecendo de 6 a 8 refeições ao dia; Dar
preferência a alimentos mais secos; Dar preferência a alimentos
de consistência branda (cozidos, mais macios, porém inteiros ou
picados); Preparar pratos visualmente agradáveis e coloridos; Evi-
tar jejuns prolongados; Mastigar ou chupar gelo 40 minutos antes
das refeições; Evitar preparações que contenham frituras e alimen-
tos gordurosos; Evitar preparações com temperaturas extremas,
mas dar preferência aos alimentos gelados; Evitar preparações e
alimentos muito doces; Evitar beber líquidos durante as refeições,
ingerindo-os em pequenas quantidades nos intervalos; Manter a
cabeceira elevada (45°) durante e após as refeições (caso a criança
esteja acamada ou deite após a refeição); Realizar as refeições em

147 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com a Alimentação da
Criança em Tratamento Quimioterápico Jassanara Taveira

locais arejados, evitando locais fechados onde possa se propagar


o cheiro da refeição; Deixar o paciente longe da cozinha durante o
preparo das refeições; Evitar o consumo de alimentos muito con-
dimentados, gordurosos e doces; Ingerir alimentos cítricos (ex.:
suco e picolé de limão ou maracujá).

Xerostomia (boca seca)

Estar ciente da importância e necessidade da alimentação no


processo de recuperação, apesar da xerostomia; Estimular a inges-
tão de alimentos mais prazerosos; Adequar os alimentos conforme
aceitação, ajustando a consistência; Quando necessário, utilizar
complementos nutricionais industrializados com flavorizantes
cítricos (conforme orientação nutricional); Dar preferência a ali-
mentos umedecidos; Preparar pratos visualmente agradáveis e
coloridos; Utilizar gotas de limão nas saladas e bebidas; Ingerir
líquidos junto com as refeições para facilitar a mastigação e a de-
glutição; Adicionar caldos e molhos às preparações; Usar ervas
aromáticas como tempero nas preparações, evitando sal e condi-
mentos em excesso; Mastigar e chupar gelo feito de água, água de
coco e suco de fruta adoçado; Utilizar goma de mascar ou balas
sem açúcar com sabor cítrico para aumentar a produção de saliva
e sentir mais sede.

148 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com a Alimentação da
Criança em Tratamento Quimioterápico Jassanara Taveira

Mucosite (inflamação de mucosas) e úlceras orais (feridas


na região da boca)

Estar ciente da importância e necessidade da alimentação no


processo de recuperação, apesar de mucosite e úlceras orais; Mo-
dificar a consistência da dieta de acordo com o grau de mucosite;
Evitar consumir alimentos secos, duros ou picantes; Consumir ali-
mentos em temperatura ambiente, fria ou gelada; Reduzir a quan-
tidade de sal utilizada nas preparações; Consumir alimentos mais
macios e pastosos; Consumir alimentos com mais caldo; Evitar vege-
tais frescos crus; Evitar líquidos e temperos muito fortes ou picantes.

Disfagia (Dificuldade de engolir)

Estar ciente da importância e necessidade da alimentação no


processo de recuperação, apesar da disfagia; Procurar ajuda de
um Fonoaudiólogo, logo que os primeiros sintomas começarem a
aparecer; Modificar a consistência da dieta conforme aceitação,
de acordo com as orientações do fonoaudiólogo e a capacidade do
paciente; Em caso de disfagia a líquidos, semilíquidos e pastosos,
utilizar espessantes; Em caso de disfagia a alimentos sólidos, inge-
rir pequenos volumes de líquidos junto às refeições para facilitar
a mastigação e a deglutição; Evitar ingerir alimentos secos; Dar
preferência a alimentos umedecidos; Preparar pratos visualmen-
te agradáveis e coloridos; Consumir/Ofertar preparações de fácil
mastigação/deglutição, conforme tolerância; Mastigar bastante
antes de deglutir, nos casos de disfagia para alimentos sólidos.

149 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com a Alimentação da
Criança em Tratamento Quimioterápico Jassanara Taveira

Odinofagia (Dor ao engolir)

Estar ciente da importância e necessidade da alimentação no


processo de recuperação, apesar da odinofagia; Modificar a consis-
tência da dieta de acordo com a aceitação do paciente (intensidade
da dor); Aumentar o fracionamento da dieta e reduzir o volume
por refeição, oferecendo de 6 a 8 refeições ao dia; Quando neces-
sário, utilizar complementos nutricionais com flavorizantes não
cítricos (conforme prescrição nutricional); Evitar alimentos secos
e duros; Consumir alimentos em temperatura ambiente fria ou ge-
lada; Diminuir a quantidade de sal utilizado nas preparações; Dar
preferência a alimentos na consistência pastosa (carnes macias,
bem cozidas, picadas, desfiadas ou moídas) ou liquidificados; Ofer-
tar papas de frutas e sucos não ácidos; Mastigar bem os alimentos,
evitando a aerofagia (deglutição excessiva de ar, decorrente da in-
gestão apressada de alimentos ou devida a certos estados ansiosos,
e cujo sintoma principal é a eructação – arrotos); Evitar consumir
condimentos ácidos que possam irritar a mucosa.

Esofagite (Inflamação do esôfago)

Estar ciente da importância e necessidade da alimentação no


processo de recuperação, apesar da esofagite; Modificar a consis-
tência da dieta de acordo com a aceitação do paciente (intensidade
da dor); Aumentar o fracionamento da dieta e reduzir o volume por
refeição, oferecendo de 6 a 8 refeições ao dia; Quando necessário,
utilizar complementos nutricionais com flavorizantes não cítricos

150 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com a Alimentação da
Criança em Tratamento Quimioterápico Jassanara Taveira

(conforme orientação nutricional); Evitar consumir alimentos se-


cos e duros; Consumir alimentos em temperatura ambiente; Pre-
parar/ofertar uma dieta hipolipídica (com pouca quantidade de
gorduras) e pobre em fibras insolúveis; Diminuir a quantidade de
sal utilizada nas preparações; Dar preferência a alimentos na con-
sistência pastosa (carnes macias, bem cozidas, picadas, desfiadas
ou moídas) ou liquidificados; Ofertar papas de frutas e sucos não
ácidos; Mastigar bem os alimentos evitando a aerofagia; Manter
cabeceira elevada (45°) durante e após as refeições (caso a criança
esteja acamada ou deite após a refeição); Evitar a ingestão de café,
refrigerantes ou qualquer bebida gaseificada; Evitar utilizar con-
dimentos ácidos que possam irritar a mucosa.

Saciedade precoce

Estar ciente da importância e necessidade da alimentação no


processo de recuperação, apesar da saciedade precoce; Modificar a
consistência da dieta, se necessário, dando preferência a alimentos
abrandados (cozidos e mais macios); Aumentar o fracionamento da
dieta e reduzir o volume por refeição, oferecendo de 6 a 8 refeições
ao dia; Aumentar a densidade calórica das refeições (conforme
orientação nutricional); Dar preferência à ingestão de legumes cozi-
dos e frutas sem casca e bagaço; Priorizar sucos mistos de legumes
com frutas, ao invés de ingerir separadamente na forma in natu-
ra; Dar preferência à ingestão de grãos em geral liquidificados ou
somente o caldo da sua preparação; Não ingerir líquidos durante
as refeições; Utilizar ervas aromáticas e condimentos nas prepara-

151 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com a Alimentação da
Criança em Tratamento Quimioterápico Jassanara Taveira

ções; Utilizar carnes magras, cozidas, picadas, desfiadas ou moídas;


Evitar alimentos e preparações hiperlipídicas (ricas em gorduras);
Manter cabeceira elevada (45°) durante e após as refeições (caso a
criança esteja acamada ou deite após a refeição); Evitar a ingestão
de café, refrigerantes ou qualquer bebida gaseificada.

Trismo (Constrição mandibular devido à contratura invo-


luntária dos músculos mastigatórios)

Estar ciente da importância e necessidade da alimentação no


processo de recuperação, apesar do trismo; Adequar a consistência
dos alimentos de acordo com a aceitação do paciente; Utilizar artifí-
cios para facilitar a ingestão (canudos, seringas, colheres, squeezes).

Enterite (inflamação na mucosa do intestino)

Estar ciente da importância e necessidade da alimentação no


processo de recuperação, apesar da enterite; Aumentar o fracio-
namento da dieta e reduzir o volume por refeição, oferecendo de
6 a 8 refeições ao dia; Quando necessário, utilizar complemen-
tos nutricionais com fórmula pobre em resíduo, isenta de glú-
ten, lactose e sacarose (conforme prescrição nutricional); Ofertar
dieta pobre em resíduos, glúten e sacarose; Ofertar dieta isen-
ta de lactose e cafeína; Ofertar dieta pobre em fibras insolúveis
e adequada em fibras solúveis.

152 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com a Alimentação da
Criança em Tratamento Quimioterápico Jassanara Taveira

Diarreia

Estar ciente da importância e necessidade da alimentação no


processo de recuperação, apesar da diarreia; Aumentar o fraciona-
mento da dieta e reduzir o volume por refeição, oferecendo de 6 a
8 refeições ao dia; Quando necessário restringir lactose, sacarose,
glúten, cafeína (conforme orientação nutricional); Evitar alimentos
flatulentos e ricos em açúcar e gorduras; Ofertar uma dieta pobre
em fibras insolúveis e adequada em fibras solúveis; Ingerir líquidos
isotônicos entre as refeições, em volumes proporcionais às perdas
(água de coco, Gatorade).

Constipação

Estar ciente da importância e necessidade da alimentação no


processo de recuperação, apesar da constipação intestinal; ofertar/
consumir alimentos ricos em fibras e com características laxati-
vas; utilizar quando necessário módulo de fibra dietética mista
(conforme orientação nutricional); ingerir no mínimo 02 litros
de água diariamente.

Neutropenia

Não se deve utilizar/consumir probióticos; Sempre higienizar,


antes do consumo, todas as frutas e verduras com sanitizantes e dar
preferência aos alimentos orgânicos; Utilizar água potável, fervida
ou mineral em embalagens não reutilizáveis; Ingerir condimentos

153 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com a Alimentação da
Criança em Tratamento Quimioterápico Jassanara Taveira

e grãos somente cozidos; Ofertar/ Consumir leite esterilizado ou


pasteurizado e derivados somente pasteurizados; Consumir carnes
e ovos somente bem cozidos; Não consumir oleaginosas (castanhas,
amêndoas, nozes); Não consumir chás em sachês ou de folhas secas,
mesmo que tenham sido fervidos; Ofertar/consumir preparações
produzidas por estabelecimentos que tenham todos os cuidados
adequados à segurança alimentar; Ofertar/consumir os alimentos
industrializados e processados (biscoitos, sucos líquidos, iogurtes...)
em embalagens para consumo individual imediato; Evitar consumo
de carnes industrializadas; Evitar a ingestão de alimentos embuti-
dos (presunto, salsicha, salame, mortadela, etc.), Preferencialmente
ofertar/consumir as frutas cozidas (maçã, pêra, abacaxi, etc.), ex-
ceto as de casca mais grossa (melancia, banana, melão).

• Referências

1. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José Alen-


car Gomes da Silva. Consenso nacional de nutrição oncológica: pa-
ciente pediátrico oncológico / Instituto Nacional de Câncer José Alen-
car Gomes da Silva. – Rio de Janeiro: Inca, 2014. 88p.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José
Alencar Gomes da Silva. Coordenação Geral de Ações Estratégicas.
Coordenação de Prevenção e Vigilância. Estimativa 2016: Incidên-
cia de Câncer no Brasil – Rio de Janeiro: Inca, 2015.
3. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José
Alencar Gomes da Silva. Coordenação Geral de Gestão Assisten-
cial. Hospital do Câncer I. Serviço de Nutrição e Dietética. Consen-

154 Nutrição da gestação à infância


Cuidados com a Alimentação da
Criança em Tratamento Quimioterápico Jassanara Taveira

so nacional de nutrição oncológica / Instituto Nacional de Câncer


José Alencar Gomes da Silva, Coordenação Geral de Gestão Assis-
tencial, Hospital do Câncer I, Serviço de Nutrição e Dietética; or-
ganização Nivaldo Barroso de Pinho. – 2. ed. rev. ampl. atual. – Rio
de Janeiro: INCA, 2015. 182p.
4.Oliveira T. A importância do acompanhamento nutricional para
pacientes com câncer. Rev Prática Hosp. 2007;51:150-4.
5. Tartari RF, Busnello FM, Nunes CHA. Perfil Nutricional de
Pacientes em Tratamento Quimioterápico em um Ambula-
tório Especializado em Quimioterapia. Revista Brasileira de
Cancerologia 2010; 56(1): 43-50.

155 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas

Ana Barbosa
Receitinhas Ana Barbosa

• Papinha de Abóbora com Carne Moída

Imagem meramente ilustrativa. Fonte: Google

Ingredientes

200g de abóbora japonesa


100g de carne moída (patinho moído duas vezes)
1 colher de sopa de cebola ralada
1 colher de chá de salsinha picada
1 colher de chá de tomate picado sem pele e sem sementes
1 colher de café de óleo
400ml de água

157 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

Modo de Preparo

Em uma panela, coloque a carne moída, o tomate, a cebola e a


salsinha. Refogue por três minutos, acrescente a água e o óleo,
tampe a panela e deixe cozinhar por 10 minutos. Retire a tam-
pa, verifique a água, se tiver com pouco caldo, acrescente mais
um pouco de água, coloque a abóbora e deixe cozinhar até que
fique bem macia. Quando estiver cozida, desligue o fogo. Retire
da panela e amasse a abóbora juntamente com a carne e o cal-
do com um garfo até que tenha uma consistência de papinha.
Sirva a papinha morna.

Observação

Você pode trocar a carne moída por frango desfiado. A papinha


pode ser congelada por até 30 dias.

Nutrientes

Rica em fibras, vitaminas (A, C, E, K e do complexo B) e minerais


(ferro, cálcio, magnésio, fósforo, manganês, zinco, fibras, proteí-
na, carboidrato e lipídios).

158 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

• Papinha de Legumes de Frango

Imagem meramente ilustrativa. Fonte: Google

Ingredientes

1 batata pequena sem casca cortada em cubos


1 cenoura pequena sem casca cortada em cubos
1 folha de couve (retire o talo e corte-o em tiras bem finas)
1 colher de sopa de cebola ralada
1 colher de chá de salsinha picada
1 colher de chá de tomate cortado em cubos, sem pele e sem sementes
100g de frango sem pele e sem gordura, cortado em cubos
500ml de água

159 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

Modo de Preparo

Em uma panela coloque o frango, a cebola e o tomate. Refogue


por três minutos, acrescente a água e tampe. Quando começar a
ferver, coloque em fogo baixo e deixe cozinhar por 10 minutos.
Em seguida, acrescente o restante dos ingredientes, verifique o
nível da água e, se necessário, acrescente mais um pouco. Tampe
a panela até que todos os ingredientes estejam bem cozidos. Des-
ligue o fogo e, com um garfo, amasse bem a papinha para deixá-la
homogênea. Sirva a papinha morna.

Observação

O frango pode ser substituído por carne vermelha magra. A papi-


nha pode ser congelada por até 30 dias.

Nutrientes

Rica em fibras, vitaminas (C, A, E, K, do complexo B e betacarote-


no) e minerais (ferro, cálcio, magnésio, fósforo, potássio, selênio,
fibras, carboidrato, lipídios e proteína).

160 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

• Papinha de Mandioca com Carne

Imagem meramente ilustrativa. Fonte: Google

Ingredientes

100g de carne moída (patinho moído duas vezes)


100g de mandioca cortada em cubos
1 colher de chá de cebola ralada
1 colher de chá de salsinha picada
1 colher de café de óleo
1 colher de sopa de tomate picado sem pele e sem sementes
300ml de água

161 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

Modo de Preparo

Coloque em uma panela a carne, o tomate, a cebola e a salsinha.


Refogue por três minutos. Depois, acrescente a água e deixe cozi-
nhar por mais 10 minutos. Em seguida, coloque a mandioca e o
óleo. Verifique a água e, se necessário, acrescente um pouco mais.
Deixe cozinhar até que a mandioca e carne estejam bem macias,
então retire do fogo e, com um garfo, amasse bem até obter uma
papinha homogênea. Sirva morna.

Observação

A receita pode ser feita em panela de pressão e a carne pode ser


substituída por peixe ou frango. A papinha pode ser congelada
por até 30 dias.

Nutrientes

Rica em fibras, vitaminas (A, C e do complexo B), fibras e mi-


nerais (ferro, cálcio, fósforo e zinco), lipídios (ômega 3),
proteína e carboidrato.

162 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

• Papinha de Inhame com Carne

Imagem meramente ilustrativa. Fonte: Google

Ingredientes

100g de inhame
100g de carne moída (patinho moído duas vezes)
1 colher de sopa de tomate picado sem pele e sem sementes
1 colher de sopa de cebola ralada
1 colher de chá de salsinha picada
1 colher de café de azeite
300ml de água

163 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

Modo de Preparo

Em uma panela de pressão, coloque a carne com a cebola, o toma-


te, a salsinha e refogue por 3 minutos. Acrescente o inhame, a água
e o óleo, depois tampe a panela e cozinhe por 10 minutos em fogo
baixo. Desligue o fogo, retire a tampa da panela e coloque o con-
teúdo em um recipiente de vidro. Amasse com um garfo até que
forme uma papinha homogênea. Sirva morna.

Observação

A carne pode ser substituída por peixe ou frango. A papinha pode


ser congelada por até 30 dias.

Nutrientes

Rica em fibras, vitaminas (S, C, do complexo B), fibras e mi-


nerais (ferro, cálcio, fósforo e manganês e cobre), lipídios,
proteína e carboidrato.

164 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

• Papinha de Batata Baroa e Peixe

Imagem meramente ilustrativa. Fonte: Google

Ingredientes

100g de filé de peixe (linguado ou merluza) cortado em cubos


100g de batata Baroa descascada cortada em cubos
1 colher de chá de salsinha picada
60ml de leite de coco fresco
1 colher de café de óleo
200ml de água

165 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

Modo de Preparo

Em uma panela, cozinhe a batata Baroa com a água por aproxima-


damente 10 minutos ou até que fique bem macia. Retire do fogo e
amasse com um garfo a batata Baroa com a água que foi cozida.
Reserve. Use uma panela para colocar o peixe e os demais ingre-
dientes, exceto o leite de coco. Tampe a panela e leve-a ao fogo bai-
xo, deixe cozinhar por aproximadamente 10 minutos. Observe o
líquido que vai sendo liberado do peixe e, se necessário, acrescen-
te um pouco de água. Em seguida, coloque o leite de coco e deixe
cozinhar por mais 3 minutos. Retire do fogo e misture com o purê
de batata Baroa amassado. Sirva a papinha morna.

Observação

Peixe é recomendado para crianças a partir de 6 meses. Dê prefe-


rência ao peixe de água salgada (mar), pois é mais saboroso. O pei-
xe pode ser substituído por frango. A papinha pode ser congelada
por até 30 dias.

Nutrientes

Rica em fibras, vitaminas do complexo B, fibras e minerais (cál-


cio, fósforo, magnésio, manganês, potássio, cobre, zinco e iodo),
lipídios (ômega 3), proteína e carboidratos.

166 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

• Papinha de Pêra Assada.

Imagem meramente ilustrativa. Fonte: Google

Ingredientes

1 pêra madura limpa


3 colheres de sopa de água filtrada

167 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

Modo de Preparo

Corte a pêra ao meio e retire as sementes e o talo. Coloque a pêra


em uma panela com a casca para baixo, acrescente a água e deixe
cozinhar em fogo baixo por aproximadamente 10 minutos, com a
panela tampada. Ao longo do cozimento, vá gotejando água para
que a pêra não queime. Quando a polpa da pêra estiver bem ma-
cia, desligue o fogo e retire a fruta da panela. Use uma colher para
separar a polpa da pêra e dispense a casca. Amasse a polpa com
um garfo formando um purê. Sirva a papinha fria ou resfriada.

Observação

A papinha tem validade de 1 (um) dia na geladeira e pode ser con-


gelada por até 30 dias.

Nutrientes

Rica em fibras, vitaminas B2, C e E, fibras, minerais (potássio e


cobre) e carboidratos.

168 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

• Papinha de Banana com Abacate

Imagem meramente ilustrativa. Fonte: Google

Ingredientes

¼ de abacate maduro
1 banana ouro
3 colheres sopa de leite materno (ou a fórmula que estiver usando)
¼ de limão

169 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

Modo de Preparo

Amasse bem com um garfo o abacate e a banana. Acrescente o lei-


te materno ou a fórmula, acrescente 4 gotinhas de suco de limão
e sirva imediatamente.

Observação

A papinha deve ser consumida imediatamente.

Nutrientes

Rica em fibras, vitaminas B2, C e E, fibras, minerais (potássio e


cobre) e carboidratos.

170 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

• Papinha de Maçã com Goiaba

Imagem meramente ilustrativa. Fonte: Google

Ingredientes

½ maçã gala madura


½ goiaba madura
¼ de limão

171 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

Modo de Preparo

Lave bem a maçã e a goiaba, seque-as e descasque-as. Amasse as


frutas bem, acrescente 1 colher de café de suco de limão (4 gotas)
e peneire a papinha para retirar as sementes.

Observação

A papinha deve ser consumida imediatamente.

Nutrientes

Rica em fibras, vitaminas A, C e do complexo B, fibras, minerais


(ferro, fósforo e cálcio) e carboidrato.

172 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

• Papinha de Pêssego e Amora

Imagem meramente ilustrativa. Fonte: Google

Ingredientes

1 pêssego grande
5 amoras

173 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

Modo de Preparo

Lave bem as frutas, descasque o pêssego e dispense a semente.


Coloque em um pratinho o pêssego junto com as amoras, depois
amasse-os bem usando um garfo, até que forme uma papinha ho-
mogênea. Sirva a mistura fria.

Observação

A papinha deve ser consumida imediatamente ou ao longo do dia,


desde que mantida em geladeira.

Nutrientes

Rica em fibras, vitaminas C, A, E e do complexo B, fibras, mi-


nerais (magnésio, cobre, manganês, cálcio, ferro e selênio)
e carboidrato.

174 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

• Papinha Tutti Frutti

Imagem meramente ilustrativa. Fonte: Google

Ingredientes

1 banana ouro
3 morangos
1 maçã pequena

175 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

Modo de Preparo

Lave bem as frutas, retire as cascas da banana e da maçã. Junte a


banana e os morangos em um pratinho e use um garfo para amas-
sar a combinação até formar um purê. Sirva a mistura fria.

Observação

A papinha deve ser consumida imediatamente ou ao longo do dia,


desde que mantida em geladeira.

Nutrientes

Rica em fibras, vitaminas B, K, E, C, A e do complexo B, fibras, mine-


rais (ferro, cálcio, magnésio, zinco e fósforo) e carboidrato.

176 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

• Leite de Coco

Imagem meramente ilustrativa. Fonte: Google

Ingredientes

300g de coco seco ralado (1 coco seco)


1l de água filtrada

177 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

Modo de Preparo

Coloque a água em uma panela para aquecer, sem deixá-la ferver.


Quando a água estiver quente e sem ferver, coloque-a no liquidifi-
cador junto com o coco e bata bem. Desligue o liquidificador e coe
a mistura em uma peneira fina ou use um pano, espremendo-o
bem para retirar todo o líquido. Armazene o leite de coco em um
recipiente de vidro.

Observação

O leite pode ser consumido em até 5 (cinco) dias, se conservado


em geladeira. Pode ser congelado por até 30 dias.

Nutrientes

Rico em fibras, vitaminas C, E e do complexo B, fibras, minerais


(potássio, magnésio, cálcio, fósforo, ferro, selênio e sódio), proteí-
na e carboidrato.

178 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

• Leite de Gergelim

Imagem meramente ilustrativa. Fonte: Google

Ingredientes

300g de gergelim
1l de água filtrada

179 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

Modo de Preparo

Coloque o gergelim de molho em 500ml de água por 12 ho-


ras. Escorra a água e dispense-a. Agora que o gergelim está la-
vado, coloque-o de molho novamente com os 500ml de água
restantes por mais 12 horas. Depois disso, coloque o gergelim
com a água no copo do liquidificador, bata bem e coe a mistu-
ra em uma peneira fina ou use um pano, espremendo-o bem
para retirar todo o líquido. Armazene o leite de gergelim em um
recipiente de vidro.

Observação

O leite pode ser consumido em até 3 (três) dias, se conservado em


geladeira. Pode ser congelado por até 30 dias.

Nutrientes

Rico em fibras, vitaminas E e do complexo B, fibras e minerais


(cálcio, magnésio, zinco, cobre, manganês).

180 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

• Leite de Castanha de Caju

Imagem meramente ilustrativa. Fonte: Google

Ingredientes

500g de castanha de caju


2 L de água filtrada

181 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

Modo de Preparo

Coloque as castanhas de caju de molho em 1 litro de água por 8


horas. Depois, jogue fora a água e coloque as castanhas no liquidi-
ficador com o litro de água restante. Bata bem, e, em seguida, coe
a mistura em uma peneira fina ou use um pano, espremendo-o
bem para retirar todo o líquido. Armazene o leite de castanhas de
caju em um recipiente de vidro.

Observação

O leite pode ser consumido em até 3 (três) dias, se mantido em ge-


ladeira. Pode ser congelado por até 30 dias.

Nutrientes

Rico em fibras, vitaminas C, E, K e do complexo B, fibras, minerais


(potássio, magnésio, cálcio, fósforo, ferro, selênio e sódio), proteí-
na e carboidrato.

182 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

• Leite de Amêndoas

Imagem meramente ilustrativa. Fonte: Google

Ingredientes

500g de amêndoas
2 L de água

183 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

Modo de Preparo

Coloque as amêndoas de molho em um litro de água por 8 horas.


Depois descarte a água, coloque as amêndoas no liquidificador e
bata com o litro de água restante. Bata bem. Desligue o liquidifi-
cador e coe em uma peneira fina ou use um pano, espremendo-o
bem para retirar todo o líquido. Armazene o leite de coco em um
recipiente de vidro.

Observação

O leite pode ser consumido em até 3 (três) dias, se mantido em ge-


ladeira. Pode ser congelado por até 30 dias.

Nutrientes

Rico em fibras, vitaminas E, B2 e minerais (cálcio, magnésio, fós-


foro, manganês e cobre), proteína e carboidrato.

184 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

• Pizza de Tapioca

Imagem meramente ilustrativa. Fonte: Google

Ingredientes

1 disco de tapioca
100g de frango cozido e desfiado
60g de mozarela fatiada (mais ou menos 4 fatias)
4 fatias finas de tomate
4 folhas de manjericão
Orégano para polvilhar

185 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

Modo de Preparo

Coloque o disco de tapioca em uma frigideira, depois o frango


desfiado, cobrindo o disco de tapioca. Depois coloque as fatias de
tomate em cima do frango e adicione as fatias de mozarela co-
brindo os tomates. Polvilhe o orégano, tampe a frigideira e colo-
que no fogo por aproximadamente 4 minutos ou até que a moza-
rela derreta. Retire a pizza da frigideira, coloque-a em um prato,
corte-a em 4 fatias e sirva quente.

Observação

Convide as crianças para ajudarem no preparo.

Nutrientes

Rico em fibras, vitaminas, minerais, carboidrato, lipídios e proteína.

186 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

• X-Salada

Imagem meramente ilustrativa. Fonte: Google

Ingredientes

200g de fraldinha moída duas vezes (use uma carne com um pou-
co de gordura)
2 colheres sopa de cebola ralada
1 dente de alho amassado
1 colher de chá de salsa picada
1 colher de café de sal
4 pães de hambúrguer
4 folhas de alface lavadas
4 fatias de tomate
4 fatias de mozarela

187 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

Modo de Preparo

Corte os pães. Em um recipiente plástico, coloque a carne moída,


a cebola, o alho a salsinha e o sal. Misture bem todos os ingre-
dientes, divida em quatro partes iguais e faça os hambúrgueres
modelando com a mão ou em forma própria. Em uma frigideira
antiaderente untada com óleo, coloque os hambúrgueres para as-
sar. Quando os estiverem assados, retire-os da frigideira monte
o sanduíche: nos pães, coloque a carne em seguida a mozarela,
depois a alface e, por fim, o tomate.

Observação

Convide as crianças para ajudarem no preparo, principalmente


na hora de temperar a carne, dividi-la, moldá-la em hambúrgue-
res usando as mãos e durante a montagem. O queijo pode ser der-
retido antes de ser colocado no hambúrguer.

Nutrientes

Rico em fibras, vitaminas, minerais, carboidrato, lipídios


e proteína.

188 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

• Salada de Frutas

Imagem meramente ilustrativa. Fonte: Google

Ingredientes

1 manga lavada descascada e cortada em cubos


6 morangos lavados e cortados em cubos
2 bananas cortadas em rodelas
1 mamão papaia descascado e cortado em cubos
20 uvas lavadas sem sementes e cortadas ao meio
2 quiuís descascados e cortados em cubos
500ml de suco de laranja

189 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

Modo de Preparo

Depois de misturar as frutas, coloque-as em recipientes indivi-


duais. Use uma jarra com o suco de laranja para preencher os re-
cipientes. Sirva a salada de frutas fria ou gelada.

Observação

Convide as crianças para ajudarem no preparo.

Nutrientes

Rico em carboidrato, fibras, vitaminas e minerais.

190 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

• Picolé de Frutas

Imagem meramente ilustrativa. Fonte: Google

Ingredientes

1l de suco de laranja
3 quiuís descascados e cortados em fatias ao meio (meia lua)
5 morangos fatiados
1 amora por picolé
1 uva sem semente e cortada ao meio por picolé

191 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

Modo de Preparo

Numa forma própria para picolés, coloque as frutas e complete a


forma com o suco de laranja. Ponha para congelar e, quando esti-
ver pronto, sirva para as crianças.

Observação

Convide as crianças para ajudarem no preparo.

Nutrientes

Rico em carboidrato, fibras, vitaminas e minerais.

192 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

• Sanduíche de Forno

Imagem meramente ilustrativa. Fonte: Google

Ingredientes

8 fatias de pão de fôrma (sem casca)


4 fatias de mozarela
4 fatias de presunto
4 fatias de tomate
200ml de molho de tomate
50g de mozarela ralada
Orégano a gosto

193 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

Modo de Preparo

Forre o fundo de uma assadeira com 4 fatias de pão e regue com


um pouco do molho de tomate cada fatia. Depois, coloque uma
fatia de presunto, uma de mozarela e uma de tomate em cada fa-
tia de pão. Cubra tudo com as outras fatias de pão, regue os san-
duíches com o resto do molho de tomate e polvilhe a mozarela
ralada juntamente com o orégano. Leve ao forno preaquecido por
10 minutos. Quando os sanduíches estiverem dourados, retire-os
do forno e sirva-os.

Observação

Convide as crianças para ajudarem no preparo, principalmente


na hora de preencher o fundo da fôrma com os pães.

Nutrientes

Rico em carboidrato, fibras, vitaminas, minerais, lipídios,


fibras e proteína.

194 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

• Crepioca (Zero Lactose)

Imagem meramente ilustrativa. Fonte: Google

Ingredientes

2 colheres de polvilho doce


100g de frango cozido e desfiado
1 colher sopa de tomate picado
Cheiro-verde a gosto
2 ovos

195 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

Modo de Preparo

Em um recipiente, misture os ovos e o polvilho. Quando a mis-


tura estiver homogênea, despeje-a em uma frigideira antiade-
rente previamente aquecida. Deixe assar por aproximadamen-
te 5 (cinco) minutos ou até que fique assada. Use o restante dos
ingredientes para rechear a massa. Sirva a crepioca quente
acompanhada de salada.

Nutrientes

Rico em carboidratos, lipídios, minerais, fibras, vitaminas


e proteína.

196 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

• Penne ao Forno (Zero Lactose)

Imagem meramente ilustrativa. Fonte: Google

Ingredientes

500g de penne cozido al dente


300ml de molho de tomate
100g de mozarela zero lactose ralada
10 folhas lavadas de manjericão fresco

197 Nutrição da gestação à infância


Modo de Preparo

Em uma refratária, coloque primeiro o penne, depois o molho de


tomate, as folhas de manjericão e, por último, a mozarela. Leve
a refratária ao forno pré-aquecido. Asse-o por 10 minutos ou até
que esteja gratinado. Retire-o do forno e sirva-o quente.

Nutrientes

Rico em carboidratos, lipídios, minerais, fibras, vitaminas


e proteína.

198 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

• Bolo de Laranja (Zero Lactose)

Imagem meramente ilustrativa. Fonte: Google

Ingredientes

3 ovos
½ xícara de chá de óleo
2 xícaras de chá de açúcar
1 xícara de chá de suco de laranja
Casca ralada de uma laranja
2 xícaras de chá de farinha de trigo
1 colher de sopa de fermento em pó
1 pitada de sal

199 Nutrição da gestação à infância


Receitinhas Ana Barbosa

Modo de Preparo

Antes de iniciar a receita, pré-aqueça o forno por 15 minutos a


200 graus. Utilize uma fôrma com furo no meio, polvilhe-a com
farinha e reserve-a. Use um liquidificador para bater por 2 (dois)
minutos os ovos, o óleo, o açúcar (peneirado), o suco de laranja e
metade das raspas da casca da laranja. Depois, acrescente a fa-
rinha de trigo (peneirada), o fermento e a pitada de sal, batendo
por mais 5 minutos. Despeje a mistura na fôrma e leve ao forno
por 45 minutos ou até que fique dourado. Retire o bolo do for-
no e desenforme. Polvilhe açúcar e a outra metade das raspas da
casca da laranja para decorar.

Observação

Não abra o forno antes de 30 minutos. Se quiser um sabor mais


forte de laranja, coloque as raspas da casca de laranja no fundo
da fôrma antes de pôr a massa e assar o bolo.

Nutrientes

Rico em carboidrato, vitaminas, minerais e lipídios.

200 Nutrição da gestação à infância


O desafio com a saúde e a nutrição de
uma criança não para por aqui. Há
muito mais do que podemos escrever.
Muitas coisas você só vai aprender
com a prática. E aposto que vai ser
uma delícia aprender tudo o que
esses serezinhos maravilhosos têm
a nos ensinar. Agradecemos a todos
os envolvidos na elaboração desse
projeto e esperamos ter atendido as
expectativas de vocês.
– Nathieli Lima e Lucas Guimarães.

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