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RESENHA DO TEXTO “DOSTOIÉVSKI: CRIAÇÃO, POESIA E

CRÍTICA”, DE AURORA FORNONI BERNARDINI


Isabella De Andrade Rodrigues
Nº Usp: 10270943

Em torno de 1840 foi lançado o romance “Gente Pobre”, de Dostoiévski, seu


primeiro romance. Seu impacto foi grande, visto que estava escrito de forma
inusitada, poética e realista, dando nome à “escola cultural russa”. Sua obra se
assemelhava à algumas composições de Gógol, “poemas” que eram
declamados em voz alta; menos “O Capote”, que reproduzia a vida da
população russa. Porém, em Gógol há o realismo fantástico, e em Dostoiévski
há o realismo inserido em “caminhos tortuosos”. Grossman analisa o sistema
narrativo de Dostoiévski, sua estilística e composição a partir da sua formação
familiar e profissional.

Ao analisar “Gente Pobre”, é possível encontrar o fundo realista, que é


expressado por meio do ensaio fisiológico; o desvendamento de tensões; e a
generalização concludente. Essas camadas dão o efeito de poema filosófico,
com poesia, drama, epopeia e que traz a “multiplicidade de planos”.

Para Bakhtin, em seu livro “Problemas da Poética de Dostoiévsky”, o leitor


discute diretamente com as personagens. A polifonia é considerada a
multiplicidade de fozes e consciências, tendo como consequência a não-
objetividade da consciência dos protagonistas, indo contra o que acontece no
romance tradicional. Correspondente à polifonia das vozes está a multiplicidade
de estilos, ou de linguagens.

Já para Bóris Schnaiderman, a respeito da forma poética da língua literária de


Dostoiévski, um século antes tudo era transmitido oralmente. A Rússia só foi
alfabetizada no século IX. Os primeiros poetas russos remetem à influência do
classicismo francês, para depois seguir para o período da grande prosa,
iniciado por Gógol e depois Dostoiévski. Há ideias consideradas universais,
como “a queda do homem e sua beleza espiritual”; “a pecadora redimida”; “o
idiota”, inclusive a “catástrofe final”, pois Dostoiévsky trazia a tragédia em seus
romances. Neste caso, se trazia a confissão do crime, o desterro, a morte da
mãe, o fracasso de sua atuação, etc. Além disso, também há o sonho, sonho-
novela ou sonho-profecia. Tudo se resume a chaves, chaves imagético-
estruturais, chaves bibliográficas, chaves estilísticas; e também comentários do
autor. Outras das principais características de Dostoiévsky é a questão da
consciência, além da interpretação pessimista.

O autor começa, a partir de 1873, a postar no jornal “O Cidadão” uma coluna


em que saiu “O Diário de um Escritor” e alguns capítulos de seu penúltimo
romance “O Adolescente”. Já em 1876, Dostoiévsky dá continuidade ao “Diário
de um Escritor”, mas por meio de publicação independente. Neste “Diário”, há
inúmeras menções a Dom Quixote, que representa para Dostoiévsky a própria
Rússia. Além disso, ele se via como um profeta do cristianismo russo com o
objetivo de harmonia mundial. Em 1837 ele publica um texto que é um enxerto
do livro de Cervantes, inexistente, que se nomeia “Uma Mentira é Salva por
Outra Mentira”. Já em 1878 o autor encerra o “Diário”, mas volta para publicar
um número único em 1880, em que está preparando “Irmãos Karamázov”.

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