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Roberta Giacomelli Fernandes

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __VARA DA FAMÍLIA E SUCESSÕES DA


COMARCA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO /SP

EXONERAÇÃO ALIMENTOS

CICLANO DE TAL por meio de sua advogada que esta subscreve, vem respeitosamente à
presença de Vossa Excelência, propor AÇÃO DE EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS contra FULANO
DE TAL , nos termos a seguir:

Preliminarmente – dos Benefícios da Justiça Gratuita

O autor é pessoa pobre na verdadeira acepção jurídica do termo, razão pela qual
requer os benefícios da justiça gratuita nos termos do artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal
de 1988 c. C. Artigo 98 com seus incisos e parágrafos e seguintes do Código de Processo
Civil/2015.

Cabe aqui mencionar que o Artigo 5º da CF/88 em seu inciso LXXIV, garante assistência
jurídica integral aos necessitados que comprovarem essa situação. De forma que tendo em
vista que tal dispositivo não revogou o artigo 4º da LAJ e não interfere no artigo 99 do CPC de
2015, Basta a simples alegação do interessado para que o juiz possa lhe conceder a os
benefícios da justiça gratuita. Essa alegação constitui presunção “iuris tantum” de que o
interessado é necessitado, provada a condição por declaração.

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Há ainda a questão de que o caso o juiz possua dúvida pela de evidencias da falta do
pressuposto legal, deverá determinar a parte comprovação do preenchimento dos referidos
pressupostos, no entanto persistindo a deve decidir-se ao seu favor em homenagem ao
princípio constitucional do acesso a justiça (CF 5º XXXV e da assistência judiciária (CF, 5º
LXXXIV).

Dos fatos e fundamentos jurídicos

O Requerente é pai do Requerido que conta atualmente com 23 anos de idade e resta
judicialmente obrigado a pagar alimentos a este no importe mensal correspondente ¼ ( um
quarto ) de seus vencimentos líquidos através de decisão judicial emanada pela 2ª VARA DA
FAMILIA DA COMARCA DE, nos autos numero 9 (documento anexo).

O Requerido, quando ingressou com o mencionado pedido de pensão, o fez sob


alegação de que era estudante universitário e estaria no primeiro período do curso de direito,
todavia, o genitor veio a saber que o requerido trancou o curso há anos, não cursou a
faculdade e deste então vem exercendo atividade remunerada, conforme consta nas fotos
retiradas de seu perfil no qual declara que trabalha no WALL MART e ainda possui equipe de
vendas das marcas HINODE E CONTEN 1 Grama, juntamente com sua companheira, conforme
fotos em anexo.

Em recente conversa por internet o requerido declarou que sequer tem conhecimento
dos valores, pois quem o recebe seria sua genitora, ou seja, o valor pago a título de pensão
sequer aproveitou ao requerido , conforme segue colacionado :

Colar aqui um aconversar ou outra prova qualquer que embase seu argumento

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DO DIREITO :

Aliás reza o artigo 1635 do Código Civil.

Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar:

...

III - pela maioridade

Em regra, há possibilidade de exoneração do encargo alimentar quando o alimentado


não mais necessita ou o alimentante não mais os pode prover por alterações em suas
possibilidades supervenientes à Sentença que fixou os alimentos.

No entanto, quando a pensão é decorrente do poder familiar, sendo que na maioria


das vezes se extingue com a maioridade civil do alimentado, posto que alcançada esta se
extingue automaticamente o poder familiar conforme preceitua o art. 1635, inc. III.

Por outro lado, há que se observar que alguns casos mesmo com o advento da
maioridade civil a pensão deve ser prestada por força do parentesco e não mais pelo poder
familiar.

Acerca do tema, oportuno transcrever ementa recente do Egregio Tribunao de Justiça do


Distrito Federal :

APELAÇÃO CÍVEL. CIVIL. EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS. POSSIBILIDADE. MAIORIDADE.


CAPACIDADE LABORAL. NECESSIDADE NÃO COMPROVADA.
1. Com o alcance da maioridade, não há mais o dever de sustento decorrente do poder
familiar, mas poderá perdurar a obrigação alimentar como resultado do parentesco (art. 1694
do Código Civil).
2. Tratando-se a alimentanda de filha maior (19 anos), capaz, a qual constituiu um núcleo
familiar e, não havendo impedimento para o exercício de atividade laborativa, mesmo que
ainda curse o ensino médio, deve o pai ser exonerado de a obrigação alimentar, atualmente
fundada apenas na relação de parentesco, mormente quando há a possibilidade de conciliação
dos estudos com o trabalho.
3. Apelação conhecida e não provida. (TJDF; APC 2015.14.1.008163-7; Ac. 990.324; Primeira
Turma Cível; Relª Desª Simone Costa Lucindo Ferreira; Julg. 25/01/2017; DJDFTE 13/02/2017)

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Assim, a obrigação alimentar decorrente do poder familiar cessa


automaticamente com a maioridade civil do alimentado, devendo o mesmo comprovar que é
estudante não tem capacidade para prover seu próprio sustento, e necessita dos alimentos
para adimplir suas despesas escolares, não bastando como alegação de necessidade o simples
fato de estar desempregado, já que referido argumento igualmente não serve para isentar o
alimentante de tal obrigação.

Há que se observar que a pensão devida ao Alimentado após completar a


maioridade civil fica sujeita à exoneração caso Alimentante possua sua condição econômica
diminuída, de modo que impossibilite a prestação alimentícia sem prejuízo de sua própria
subsistência.

Ou seja, devemos observar que o principal traço diferencial entre a pensão


alimentícia decorrente do poder familiar e a decorrente do parentesco é que naquela, apesar
do alimentante pagar de acordo com suas possibilidades, nem sempre se verifica a
necessidade do alimentado, ou seja, o Alimentante tem a obrigação de prestar alimentos dado
a presunção de necessidade do menor por ser pessoa incapaz ou relativamente incapaz.
Enquanto que em relação ao direito de receber pensão por força do parentesco necessita a
comprovação da necessidade do Alimentado, não bastando a possibilidade do Alimentante,
devido ao binômio necessidade/possiblidade.

Considerando-se que o dever de sustento se funda no poder familiar, não há


como aceitar que após vigência do Código Civil de 2002, alguém com mais de 18 anos continue
recebendo pensão em virtude do poder familiar.

Da mesma forma, há que se observar que a pensão paga ao filho, após este
completar 18 anos é decorrente da relação de parentesco e, desta forma, alimentado deverá
provar sua necessidade.

Há ainda a questão de que, como se não bastasse a maioridade e a total


ausência de necessidade da manutenção dos alimentos aos requeridos, os valores
descontados em folha a título de pensão alimentícia, são depositados em conta de titularidade
da genitora do Requerido, a qual, segundo comento do próprio requerido, não repassa
qualquer valor para o mesmo, alegando que eles não possuem direito a tal verba diante da
maioridade atingida.

Desta forma vem fazendo uso exclusivo daqueles valores recebidos como
pensão alimentícia, os quais deveriam ser destinados as necessidades do requerido e não
àquela.

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Diante dos fatos narrados e considerando a presença do requisito necessário à


cessação do dever do Requerente de pagar alimentos ao Requerido, que já atingiram a
maioridade e é apto ao trabalho, e tendo em vista que o Requerente continua efetuando os
depósitos nos termos da fixação, alternativa não resta ao Requerente senão vir a Juízo com o
presente pleito.

DA TUTELA DE URGÊNCIA
Preceitua o Código de Processo Civil de 2015:

Art. 300: “A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo do dano ou risco ao resultado útil do processo”

...

§ 2º A tutela de Urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.

É sabido que mesmo com a recente mudança da lei processual, o Instituto da


tutela de Urgência traz intrinsicamente a necessidade de alguns requisitos, são eles:

Da Prova inequívoca – o Requerente entende a difícil posição de um


magistrado quando se depara com tal conceito: “Prova Inequívoca” vejamos o que dizem os
doutrinadores. “(…) a prova inequívoca é tão robusta que não permite equívocos ou dúvidas,
infundindo no espírito do juiz o sentimento de certeza e não da mera verossimilhança”.
(Freire, Reis, Aspectos Fundamentais das Medidas Liminares, 3º edição, Ed. Forense
Universitária, pg 523), assim entende-se que prova inequívoca é aquela que possibilita uma
fundamentação convincente do magistrado.

Pois bem, a documentação acostada, notadamente os que provam a


maioridade civil dos requerido, além da jurisprudência dominante, pensamos proporcionar e
convencer Vossa Excelência de certeza capaz de autorizar a medida liminar, eis que o mesmo
declara em seu perfil que exerce atividade remunerada.

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Da Verossimilhança – O mesmo autor continua “Convencer-se da


verossimilhança, ao contrário, não poderia significar mais do que imbuir-se do sentimento de
que a realidade fática pode ser como a descreve o autor”, neste ponto não pode muito fazer o
Requerente, além do que já foi feito, ou seja, juntar todas as provas necessárias que
comprovam a urgência da medida, a fim de que Vossa Excelência se convença de que tudo
aquilo que aqui foi alegado pelo Requerente é da mais profunda realidade.

Do Dano Irreparável – Neste quesito, não cabem doutrinas, explicações ou


conceitos; o dano irreparável significa exatamente aquilo que vem a ser. Trata-se portanto de
matéria fática, ou seja, o dano que sofrerá o requerente caso não seja concedida a medida,
que neste caso é óbvio, pois está tendo descontos em sua folha de pagamento de dinheiro que
sequer aproveita ao requerido, e sim a sua genitora, conforme ele mesmo declara. E o dano
se estende não só ao Requerente, mas a toda sua atual família que já vem sofrendo privações
várias, notadamente os filhos menores, vítimas inocentes.

Nesse ponto, o Requerente roga pela prudente decisão de Vossa Excelência,


no que tange a concessão da tutela antecipada a fim de que não seja cometida nenhuma
injustiça!

Do Perigo de Irreversibilidade do Provimento – Cumpre deixar claro que a


concessão da tutela antecipada não causará dano algum ao Requerido que já, pelo valor
descontado dos ganhos do autor vem sendo depositado na conta corrente de sua genitora e
essa por sua vez não repassa qualquer valor para o requerido .

O requerente já há tempos, possui outra família. Existem filhos menores na


atual família do requerente, impossibilitados de trabalhar. O requerido é maior, saudável e
capaz , já estando a se manter sozinho com fruto do seu próprio trabalho.

Por fim, cabe dizer que a concessão da tutela antecipada faz-se necessária e
conveniente ante o caráter de urgência de tal medida pelos motivos expostos.

No entanto, caso V. Exa. Entenda temerária a concessão da tutela acima


requerida, o autor ainda pugna, desde já, seja autorizado os depósitos em conta judicial
vinculada a este processo, por ser a melhor forma de garantir que referidos valores cheguem
a quem de direito, e não a genitora a qual não repassa qualquer valor ao Requerido

Por todo o exposto, o Requerente pleiteia:


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a) A concessão dos benefícios da Justiça gratuita por ser pessoa pobre no sentido jurídico do
termo

b) seja concedida a tutela de Urgência nos termos acima requeridos..

c) Caso Não seja concedida a tutela de Urgência, seja autorizado o deposito dos valores em
conta judicial vinculada a este processo, para a garantia de todos os envolvidos, expedindo-se
oficio a unidade pagadora do requerente , endereço retro mencionado.

d) A citação do Requeridos para, querendo, respondere aos termos da presente ação, no prazo
legal, sob pena de revelia

e) A produção de todas as provas em direito admitidas e que se façam necessária

f) A procedência do pedido para o fim de exonerar o Requerente da obrigação de alimentos


anteriormente estipulada em favor dos Requeridos, e a condenação do Requerido em custas e
honorários advocatícios devendo estes serem arbitrados nos termos do artigo 85 e seus
parágrafos do Código de processo da Lei 13.105/2015 (CPC).

Atribui à causa o valor de R$ 10020,00 ( DEZ MIL E VINTE REAIS)

Termos em que pede e aguarda deferimento

São José do Rio Preto 06/06/2017

Pp Roberta Giacomelli Fernandes


OAB/SP 256600

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