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AO DOUTO JUÍZO DA _ VARA CÍVEL DA COMARCA DE VOLTA

REDONDA

Processo nº: xxx


GRERJ nº xxx

PEDRO XXXXXXXXXX, nacionalidade XXXXXXXXXX,


estado civil XXXXXXXXXX, profissão XXXXXXXXXX, inscrito no Cadastro de
Pessoa Física sob o nº XXXXXXXXXX, inscrito no RG XXXXXXXXXX, residente na
rua XXXXXXXXXX, nº XXXXXXXXXX, bairro XXXXXXXXXX, cidade XXXXXXXXXX,
CEP XXXXXXXXXX, endereço eletrônico XXXXXXXXXX, por meio do seu advogado
constituído, instrumento de procuração anexa, nos termos do Art. 335, do CPC, vem
a presença deste douto juízo apresentar

CONTESTAÇÃO

em face de FULANO E FULANA já qualificada nos autos


pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas:

 RESUMO DOS FATOS PROCESSUAIS

O Autor alega na petição inicial que houve suposta


desídia, do ora réu reconvinte, que pediu a rescisão do contrato, alegando que a
parte ré não cumpriu com o prazo estipulado em contrato de empreitada firmado
pelas partes, ensejaram dano material, moral e a quebra de contrato.
Frisa-se que não foi dado seguimento a obra, pois a
parte autora não adimpliu com as prestações devidas a serviço prestado. Além
disso, ressalta-se que o cenário atual era de pandemia.
Diante do cenário pandêmico foi necessário
estender o prazo para janeiro de 2021, com isso, houve limitações de pessoas para
prestarem o serviço, e por isso, muitos funcionários foram afastados devido ao alto
risco de contágio, haja vista apresentarem comorbidades, encaixando grande parte
dos funcionários no grupo de risco da doença (Covid-19).

No que tange a alegação da falta de comunicação


esta, deve ser afastada, visto que, foram realizadas inúmeras tentativas de contato
via e-mail, whatsapp e ligações telefônicas (arquivo em anexo) que não foram
respondidas pela autora.

Levando em consideração que já foi realizado mais


de 50% da obra. O projeto foi modificado por diversas vezes, sendo os pedidos de
modificações foram comunicados via whatsapp, e-mail, e nem sequer foram
pessoalmente a obra. Os autores foram avisados que isso causaria o atraso da obra.
Dessa forma, resta demonstrado que não houve atraso injustificado, visto a ciência
das partes.

 GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Contrariamente do que foi alegado na petição inicial os autores, não fazem jus os
autores a isenção de custas judiciária, sendo provado por meio de fotos (em anexo)
que os mesmos, foram vistos por meio de publicações no Instagram, ostentando um
alto padrão de vida, com viagens frequentes, e também foram vistos andando de
MERCEDES cujo carro foi avaliado na tabela FIPE no valor de R$ 135.000,00.
Sendo assim, o autor não condiz com a
hipossufiência financeira, restando temerária a declaração de miserabilidade, de
acordo com o Art. 98 do Novo Código de Processo Civil.

“Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com


insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas
processuais e os honorários advocatícios têm direito à gratuidade de
justiça, na forma da lei”.
Por tais razões, deve ser indeferida o pedido da
gratuidade de justiça.

DO SUPOSTO ABANDONO INJUSTIFICADO


Com a edição do decreto estadual xxx/2020, foi
determinado no âmbito estadual a paralisação de atividades de construção civil por
um prazo determinado de 15 dias. Com isso, impossibilitou a continuidade da
empreitada, não se caracterizando a hipótese dos Arts. 475 do CC, e 624 do CC.

Art. 475 do CC. “A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a


resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento,
cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.”

Art. 624 do CC. “Suspensa a execução da empreitada sem justa


causa, responde o empreiteiro por perdas e danos.”
Percebe-se que a paralisação ocorreu por fatos
supervenientes alheios a vontade das partes, devendo afastar a alegação de que
esta foi injustificada conforme Art. 625. inciso I.

Art. 625. Poderá o empreiteiro suspender a obra:


I – por culpa do dono, ou por motivo de força maior;

DO PEDIDO DE RESSACIRMENTO DOS SUPOSTOS DANOS MATERIAIS

Não sendo cabível a indenização por danos


materiais ao presente caso, dada a escusabilidade da paralisação da obra.

A não caracterização do inadimplemento da


prestação deve ser afastada uma vez que a mora se deu por caso fortuito ou força
maior, como já descrito acima, não incidindo na hipótese descrita do Art. 476 do CC.
Consoante entendimento já consolidado em jurisprudência abaixo:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA.


CONTRATO DE EMPREITADA. ALEGADO ABANDONO DA OBRA.
EXCEPTIO NON ADIMPLETI CONTRACTUS. AUSÊNCIA DE
PROVA DO ADIMPLEMENTO CONTRATUAL PELO DONO DA
OBRA. SENTENÇA MANTIDA. - A regra do art. 476 do Cód. Civil,
de que o contratante, antes de cumprir a sua obrigação, não
pode exigir o cumprimento da do outro, impõe a quem a argui, o
ônus da prova da exceptio non adimpleti contractus.
Demonstrada a exceção pela prova testemunhal, deve-se manter
a sentença de improcedência da pretensão indenizatória. TJ-MG
– AC: 10460160022485001 MG, Relator: José Marcos Vieira, Data
de Julgamento: 29/04/2020, Data de Publicação: 29/05/2020)

Pelo entendimento acima, entende-se que o autor


não tem direito ao dano material alegado na inicial.

DO PEDIDO DE INDENIZAÇAO DO DANO MORAL

A parte autora alega ter sofrido desgaste emocional


em virtude da demora, causada pela paralização.

Diante dos fatos relatados acima percebe-se a


ausência de nexo causal que ligue a conduta ao resultado, uma vez que este foi
causado em caso de virtude de circunstâncias inevitáveis, descaracterizando o
dever de indenização, conforme o Art. 186, 927, e 944 do CC.
Art. 186. “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. “Aquele que, por ato ilícito (Arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.

Art. 944. “A indenização mede-se pela extensão do dano.

Segundo o doutrinador Carlos Roberto Gonçalves


“dano moral é o que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu patrimônio. É
lesão de bem que integra os direitos da personalidade, como a honra, a dignidade,
intimidade, a imagem, o bom nome, etc., como se infere dos Art. 1º, III, e 5º, V e X,
da Constituição Federal, e que acarreta ao lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame
e humilhação”.

Os tribunais já seguem tal entendimento conforme o


transcrito abaixo:

APELAÇÃO. IMÓVEL. ATRASO NA ENTREGA. DANOS


MATERIAIS E MORAIS. Mora da construtora após o término do
prazo de carência de 180 dias. CAO FORTUITO OU FORÇA
MAIOR. Inocorrência. RESPOSNABILIDADE CIVIL. Lucros
cessantes do comprador. Inexistência de dano moral.
COBRANÇA RESIDUAL DO INCC. Possibilidade. Previsão
contratual expressa. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (TJ-
SP – APL: 3007807-11/2013/8.26.0084 SP, Relator: Rosangela
Telles, Data de Julgamento: 03//02/2015, 2ª Câmara de Direito
Privado, Data de Publicação: 03/02/2015)

Direito Civil. Contrato de empreitada. Inadimplência de própria


tomadora dos serviços. Danos morais não configurados.
Apelação desprovida. 1. Comprovado nos autos que a
inadimplência foi da própria apelante, não há como se condenar
o apelado em danos morais. 2. Apelação a que se nega
provimento. (TJ-RJ – APL: 00187415620188190001, Relator:
Des(a). HORÁCIO DOS SANTOS RIBEIRO NETO, Data de
Julgamento: 16/06/2020, DÉCIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL, Data
de Publicação: 18/06/2020)

Da análise das jurisprudência acima concretiza que


esse entendimento em tela, não enseja danos morais.

Diferente do narrado na exordial a mora


caracterizou-se pela parte autora que deixou de adimplir as parcelas contratuais,
incidindo em justa causa para a não execução da obra não sendo aplicado o Art.
624 do CC. E sim o Art. 625 do CC já citado acima.

Diante disso, é cabível que a empresa reconvinte


possa suspender a obra caso não tenha sido paga. Haja vista o inadimplemento da
dívida antes mesmo do ajuizamento da presente ação, sendo que foi feita a
notificação extrajudicial dos pagamentos pendentes.
O reconvindo suspendeu 2 parcelas
propositalmente, restando clara a intenção de não pagar.

Os comprovantes em anexo são as provas de que a


dívida não foi adimplida e a má fé do reconvindo já foi alegada em tópico anterior.

Nesse sentido, o Art. 343 do CPC textualiza:


“Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar
pretensão própria, conexa com a ação principal ou com fundamento
da defesa”.

Assim sendo, não pode ser proferido outro


julgamento senão a total procedência da presente contestação c/c reconvenção,
uma vez que no caso em tela ocorreu a hipótese de exceção de contrato não
cumprido conforme trazido no Art. 476 do CC.
Art. 476. “Nos contratos bilaterais, o nenhum dos contratantes, antes
de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro”.

Como observado a hipótese acima não houve ação


da parte que justificasse que ainda quisesse seguir com o contrato, por conseguinte,
é justa a pretensão do ora reconvinte e resolver o mesmo.

Em face disso, requer que o reconvindo seja


condenado a pagar à ora reconvinte o restante , acrescido de juros e correção
monetária, nos moldes do Art. 389 do CC.
Art. 389. “Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas
e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais
regularmente estabelecidos, e honorários de advogado”.

Diante disso, requer o pagamento do valor de R$


11.000,00 mais a multa pela quebra do contrato de 20% do valor do contrato
perfazendo o montante no total de R$ 18.000,00.

DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS


Ante o exposto, restando evidenciado o direito e
interesse de agir da reconvinte, requer a este Douto Juízo:

A) Pretende-se o conhecimento e acolhimento das PRELIMINARES arguidas, como


o indeferimento do pedido de gratuidade de justiça.

B) Que seja julgada improcedente as demandas da parte autora em especial a


alegação de abandono injustificado.

C) O recebimento da reconvenção e a citação do reconvindo para contestar.

D) Seja o pedido de reconvenção julgado TOTALMENTE PROCEDENTE, a fim de


condenar o reconvindo ao pagamento pela quebra contratual cujo o valor é igual a
R$ 18.000,00.

E) Seja o reconvindo condenado ao pagamento de custas e despesas processuais,


bem como honorários advocatícios, conforme preceitua o Art. 85, § 1º do CPC.

Protesto provar o alegado por todos os meios de


prova admitidos em direito, notadamente, documental e testemunhal.

Dá-se o valor da causa R$ 18.000,00 (dezoito mil


reais).

N. Termos

P. Deferimento

Volta Redonda, Data XX de XXX/2021

Advogado XXX

OAB XXX/RJ
Rua 23 B, nº 36, 1º andar, Shopping 16 – Vila Santa Cecília – Volta Redonda (ao lado do Memorial Zumbi) Tel.: 3348-
5991

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