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Módulo 3 - Aranhas e Escorpiões

Governo do Estado do Rio Grande do Sul – Secretaria da saúde (SES/RS); Fundação Estadual de Produção e
Pesquisa em Saúde (FEPPS); Centro de Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul (CIT/RS). 2016

EQUIPE TÉCNICA RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO


Kátia Rosana Lima de Moura da Silva (1)
Maria da Graça Boucinha Marques (2)
Alberto Nicolella (2)

(1) Bióloga, (2) Médico(a) Veterinário(a) – CIT/RS

RIO GRANDE DO SUL. Secretaria da Saúde. Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde. Centro de
Informação Toxicológica.

Manual de Acidentes por Animais Peçonhentos e Venenosos para Agentes Comunitários de Saúde / Organizado
por Kátia Rosana Lima de Moura da Silva, Maria da Graça Boucinha Marques e Alberto Nicolella. – Porto Alegre: CIT/
RS, 2016. 72. p.

1. Animais Peçonhentos. 2. Prevenção de Acidentes. 3. Primeiros Socorros. I. Silva, Kátia Rosana Lima de Moura
da. II. Marques, Maria da Graça Boucinha.

Ficha Catalográfica elaborada por Rosely de Andrade Vargas – CRB10/2320

Centro de Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul.


Av. Ipiranga 5400
90610-000 – Porto Alegre – RS
Telefone de Emergência: 0800 721 3000 (plantão permanente 24hx7dias semana)
Telefone Administrativo: (51) 2139.9200
E – mail: cit@fepps.rs.gov.br
Web site: www.cit.rs.gov.br

Núcleo de Telessaúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul


Rua Dona Laura, 320 - 11º andar
90430-090 - Porto Alegre - RS
Teleatendimento: 0800 644 6543 (08h às 17h30min de segunda a sexta)
Telefone Administrativo: (51) 3333.7025
E-mail: contato@telessauders.ufrgs.br
Web site: https://telessauders.ufrgs.br

Este Manual é parte integrante do Curso de Prevenção de Acidentes por Animais Peçonhentos, produzido pelo CIT/RS e pelo
TelessaúdeRS-UFRGS
Módulo 3 - Aranhas e Escorpiões

Sumário
Apresentação 4
Aranhas 5
Principais aranhas 8
Situações de risco para acidentes com aranhas 11
Medidas de prevenção de acidentes com aranhas 12
Escorpiões 13
Principais escorpiões 15
Ação do veneno 18
Locais de Risco 19
Medidas de prevenção 20
Módulo 3 - Aranhas e Escorpiões

Apresentação:
Este manual foi elaborado por técnicos do Centro de Informação Toxicológica do Rio grande do Sul (CIT/RS),
como material de apoio ao Curso de Prevenção de Acidentes por Animais Peçonhentos realizado em parceria com o
Núcleo de Telessaúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (TelessaúdeRS-UFRGS).

O objetivo do curso é auxiliar os profissionais de saúde da Atenção Primária à Saúde a identificar os animais de
interesse toxicológico, locais e situações de risco, realizar coletas com segurança, reconhecer os acidentes causados
e tomar as primeiras providências frente a casos de picada ou contato com estes animais.

O CIT/RS mantém um plantão de emergência atuando 24 horas por dia, sete dias por semana, que pode ser
acionado através do telefone 0800.721.3000 frente a acidentes com animais peçonhentos.

Desenvolve, também, ações e programas relacionados à pesquisa, educação e prevenção de acidentes com
animais peçonhentos ou venenos e plantas tóxicas em nosso Estado. Mantém uma estrutura de diagnóstico a
distância por imagem em apoio ao plantão de emergência.

Esperamos que este manual seja uma ferramenta importante às diversas equipes de saúde na identificação e
manejo de acidentes com animais peçonhentos e venenosos.

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Aranhas
As aranhas são animais quelicerados, ou seja, possuem quelíceras, que é a estrutura especializada para
inocular o veneno.

Esta estrutura é formada por duas partes, uma basal maior e outra dura em formato de ferrão ou dente.
Neste ferrão há um canal por onde passa o veneno proveniente da glândula de veneno.

Foto CIT/RS Foto CIT/RS

Apresentam o corpo dividido em duas partes: o cefalotórax, que seria a cabeça fundida com o tórax e
o abdômen, e estas duas partes são ligadas por uma estrutura chamada de pedicelo. No cefalotórax ficam
localizados os olhos, geralmente em número de seis ou oito, dispostos em duas ou três fileiras, um par de
pedipalpos, que apresenta função sensorial, um par de quelíceras, e os quatro pares de pernas.

As aranhas são ovíparas. Os ovos são esféricos e raramente ultrapassam um centímetro de diâmetro.
Podem ser brancos, amarelados, rosados ou até mesmo esverdeados. Para proteger os ovos da ação de
predadores e de parasitas e também da umidade e temperaturas extremas, as aranhas fazem uma postura em
massa, ou seja, os ovos são aglutinados em um envoltório chamado de ooteca.

Foto CIT/RS

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HÁBITOS E HABITAT

As aranhas são predadoras, geralmente solitárias, e possuem hábitos diurnos e noturnos. Vivem em
teias geométricas ou irregulares, ocupam buracos naturais no solo, em fendas de barrancos, em árvores e
arbustos, sob troncos podres, em cupinzeiros, em bromélias. Algumas podem viver domiciliadas, dentro das
residências, em depósitos, garagens e outras construções. Habitam praticamente todas as regiões da terra
com exceção da Antártica. São encontradas em vários ecossistemas, inclusive na água. Têm como inimigos
naturais os pássaros, lagartixas, sapos, rãs e outras aranhas, entre outros.

Foto CIT/RS

ALIMENTAÇÃO

São carnívoras, alimentando-se principalmente de larvas de insetos e até de outras aranhas ou de


pequenos roedores de acordo com seu tamanho. A alimentação destes animais é de extrema relevância na
saúde, controlando no ambiente, muitos vetores de doenças, como moscas, mosquitos e ratos.

Foto CIT/RS

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CLASSIFICAÇÃO

As aranhas são divididas em duas infraordens de acordo com a inserção, posição de suas quelíceras.
As Mygalomorphae, conhecidas como falsas aranhas, cujas quelíceras se posicionam de forma paralela ao
eixo do corpo e tem como principal representante a caranguejeira. As Araneomorphae, conhecidas como
aranhas verdadeiras, possuem as quelíceras posicionadas transversalmente ao eixo do corpo.

Mygalomorphae Araneomorphae

Foto CIT/RS Foto CIT/RS

Todas as aranhas são peçonhentas, isto é, possuem glândula produtora de veneno e aparelho
inoculador. O veneno e suas características é que variam de acordo com a espécie de aranha envolvida e,
portanto, caracteriza o acidente e sua gravidade.

Existem mais de 40.000 espécies de aranhas, mas a Organização Mundial de Saúde considera apenas
quatro gêneros de aranhas importância médica, capazes de causarem acidentes graves: Phoneutria,
Loxosceles, Latrodectus que ocorrem no Brasil e o gênero Atrax, uma caranguejeira encontrada no
continente australiano.

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PRINCIPAIS ARANHAS

Armadeira (Phoneutria sp.)


Entre as aranhas de importância médica, as aranhas conhecidas como armadeira ou aranha das
bananeiras destacam-se pelo seu tamanho e a postura agressiva ao erguer as patas dianteiras, sendo capaz
de saltar até 30cm.

Medem 3 cm de corpo e até 15 cm de envergadura de patas quando adulta, apresentam coloração


marro-acinzentada e corpo coberto por pelos curtos. No dorso do abdômen possuem desenhos em pares
de machas claras. O ventre é negro nas fêmeas adultas e é vermelho ou alaranjado em jovens e machos
adultos. A fase de acasalamento ocorre nos meses de março e abril, período em que sua agressividade se
torna mais evidente e consequentemente podem ocorrer acidentes. Os acidentes têm sido observados no
ato de calçar-se, ao realizar a limpeza doméstica e ao manuseio de legumes e frutas, especialmente bananas.
Desse modo, as regiões do corpo mais atingidas são as extremidades dos membros superiores e inferiores.

Foto CIT/RS

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Viúva-negra (Latrodectus sp.)


Também conhecida como flamenguinha, pertence ao gênero Latrodectus, é comum nos estados do
nordeste brasileiro. São aranhas pequenas, de 1,5 cm corpo e 3 cm de envergadura de pernas. Os machos
são bem menores que as fêmeas. Em algumas espécies, apresentam coloração preta com vermelho vivo.
Em outras, a cor varia do verde ao cinza com manchas alaranjadas. O abdômen é globoso e na parte
ventral há um desenho em forma de ampulheta vermelha ou laranja. Não são agressivas. Frequentemente
são encontradas em ambientes externos, vegetação arbustiva, em locais de erosão de gramados. No
ambiente doméstico, podem estar em canaletas de água de chuva, abrigando-se em latas vazias, pneus,
etc. Os machos vivem na teia das fêmeas, podendo servir de alimento para elas logo após a cópula, daí a
denominação de viúva.

Latrodectus mirabilis

Foto CIT/RS

Aranha-de-jardim (Lycosa sp.)


Conhecidas também como aranha-da-grama, aranha-lobo ou tarântula. Apresentam coloração
marrom-acinzentada, com desenho no abdome em forma de seta. Atingem até 3 cm de corpo e 5 cm de
envergadura de patas. São comuns em jardins, próximas às residências.

Foto CIT/RS

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Caranguejeiras (Infraordem Mygalomorphae sp.)


As caranguejeiras são as aranhas mais primitivas que ocorrem em nosso meio. Alimentam-se de
pequenos animais, como pássaros, roedores ou anfíbios. Apresentam quelíceras em posição paralela
ao eixo do corpo. São aranhas grandes, podendo atingir até 25 cm de envergadura de pernas. Possuem
oito olhos pequenos, agrupados. De coloração castanha ou preta uniforme, todo seu corpo é coberto por
muitas cerdas escuras ou avermelhadas. Não constroem teias e são pouco agressivas.

Foto CIT/RS

Foneutrismo

Chamamos de Foneutrismo o acidente causado por aranhas do gênero Phoneutria.


O veneno tem ação neurotóxica periférica e central causando dor intensa e imediata no local da
picada, muitas vezes irradiada para raiz do membro e edema. Pode ficar marca de dois pontos da picada.
Manifestações sistêmicas como sudorese, hiperemia, parestesia, taquicardia, hipertensão arterial,
agitação psicomotora, visão turva, vômitos ocasionais, dor abdominal, priapismo, sialorréia discreta e
fasciculação muscular podem ocorrer.

Os acidentes graves são raros, sendo praticamente restritos aos acidentes com crianças.
O tratamento para dor local deve incluir um analgésico sistêmico e a realização de bloqueio
anestésico por infiltração local.

Como tratamento específico, a soroterapia (Soro Antiaracnídeo) é formalmente indicada nos casos
de manifestações sistêmicas em crianças e, obrigatoriamente, em todos os acidentes graves.

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Loxoscelismo

O acidente causado por aranhas do gênero Loxosceles, chamado de Loxoscelismo, ocorre,


geralmente em ambiente intradomiciliar, em circunstâncias nas quais a aranha é comprimida contra o
corpo do indivíduo, como ao vestir-se e ao dormir. Em consequência disso, o tronco e a região proximal
dos membros são os segmentos do corpo mais comumente acometidos.

O veneno tem ação local proteolítica local e manifestações sistêmicas. A picada é indolor. Há
dois tipos de loxoscelismo: o cutâneo e o visceral. A forma cutânea do loxoscelismo é a mais comum, e é
caracterizada por uma “lesão em alvo”, com um ponto necrótico ou uma área de necrose central circundada
por halo isquêmico e eritema. O loxoscelismo cutâneo-visceral (cutâneo-hemolítico) é a forma mais
grave do acidente e caracteriza-se pela hemólise intravascular associada à presença de lesão cutânea.
Os pacientes podem evoluir para um quadro de insuficiência renal aguda (IRA); secundariamente, à
hemólise; e há probabilidade de evolução para rabdomiólise, decorrente do extenso dano tecidual no
local da picada e da coagulação intravascular disseminada (CIVD).

O tratamento será sintomático para os casos leves sem presença de necrose e de soro antiaracnídeo
ou soro antiloxoscélico para casos moderados e graves.

Latrodectismo

É o nome do acidente causado por aranhas do gênero Latrodectus. O veneno tem ação neurotóxica
central e periférica, caraterizado pela dor intensa no local da picada que pode persistir por até 48 horas.
Podem ocorrer manifestações sistêmicas, como contraturas musculares generalizadas e miagia intensa
que podem evoluir para convulsões. Pode ocorrer também dor abdominal intensa, um quadro bem
similar ao de abdome agudo. Outros sintomas que caracterizam a fácies latrodectísmica podem ocorrer.

Em casos mais graves, podem ocorrer taquicardia e hipertensão, seguidos de bradicardia, arritmias,
fibrilação atrial entre outros.

O tratamento é realizado com a administração de analgésicos potentes.

SITUAÇÕES DE RISCO PARA ACIDENTES COM ARANHAS

As aranhas de interesse toxicológico vivem em terrenos baldios, onde abrigam-se em cascas de


árvores, bainhas de bananeiras, locais com material de construção, lenha acumulada ou empilhada e
dentro de casa em locais escuros, calçados e entre as roupas.

Devemos evitar as situações de risco, como locais e ambientes que proporcionam abrigo e
alimentação para as aranhas. Evitar acúmulo de lixo e vegetação pouco cuidada perto das residências.

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MEDIDAS DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES COM ARANHAS

Usar luvas de raspa de couro ou


mangas proteção nas atividades
de jardinagem.

Usar graveto, enxada ou gancho


ao mexer em lenha, buracos,
folhas secas e troncos ocos.

Evitar folhagens densas junto as


paredes e muros de casas

Manter a grama aparada e jardins


e quintais limpos

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Escorpiões
CARACTERÍSTICAS

Os escorpiões, assim como as aranhas, são aracnídeos (possuem quatro pares de patas). Apresentam
o corpo alongado, dividido em carapaça e uma cauda longa que apresenta no final um aguilhão pelo qual é
inoculado o veneno.alimentação para as aranhas. Evitar acúmulo de lixo e vegetação pouco cuidada perto
das residências.

Pedipalpos

Olhos

Prossoma (carapaça)

Pré-abdômen
Mesossoma (tronco)

Abdôben
(Opistossoma)

Pós-abdômen
Metassoma (Cauda)

Télson
Foto CIT/RS

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HÁBITOS E HABITAT

Todos os escorpiões são terrestres e são encontrados nos mais diversos ambientes. A maioria
apresenta hábitos noturnos. Durante o dia, os escorpiões procuram abrigo embaixo de pedras, telhas,
madeiras e troncos em decomposição e à noite, saem à procura de alimentos. Nas residências, podem se
esconder dentro de calçados ou em roupas caídas no chão. São mais ativos durante os meses mais quente
do ano.

ALIMENTAÇÃO
São animais carnívoros, alimentando-se de outros animais, como aranhas, insetos, principalmente
baratas. Não possuem inimigos naturais específicos, como muitas espécies animais, mas as aves, em especial
as galinhas, podem ser aliadas no controle destes animais, apesar de as aves possuírem hábitos diurnos e os
escorpiões serem, como já vimos, em maioria, noturnos. Podem também ser predadores, camundongos,
sapos, lagartos, lacraias, entre outros.

Foto CIT/RS

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PRINCIPAIS ESCORPIÕES
Com mais de 1000 espécies de escorpiões conhecidas pelo mundo, cerca de 25 apresentam interesse
toxicológico. Todas as espécies de escorpiões consideradas de importância médica pertencem à família
Buthidae. No Brasil, apenas algumas espécies do gênero Tityus podem causar acidentes graves.

Escorpião-amarelo (Tityus serrulatus)


É o responsável pelos acidentes de maior gravidade, inclusive com registros de óbitos.

Possui as pernas e a cauda amarelo-claras e o tronco escuro. O nome serrulatus deve-se à


presença de serrilha encontrada nos 3º e 4º anéis da cauda. Mede até 7 cm de comprimento. Nesta
espécie só existem fêmeas.

Serrilha

Foto CIT/RS

Elas se reproduzem por partenogênese, um processo em que os óvulos começam a se dividir sem ter
tido a fusão com espermatozoides. Este fato aliado a facilidade de adaptação a qualquer ambiente facilita
muito a sua dispersão.

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Escorpião-marrom (Tityus bahiensis)

Apresenta tronco escuro e pernas e cauda marrom-avermelhadas, com manchas escuras. Não
possuem serrilha na cauda, e os adultos medem cerca de 7 cm. O macho é diferenciado da fêmea por possuir
pedipalpos mais volumosos. Sobrevivem bem em áreas urbanizadas porém são menos numerosos que T.
serrulatus nessas áreas.

Foto: Ministério da Saúde. Manual de Controle de Escorpiões.

Escorpião-amarelo-do-nordeste (Tityus stigmurus)


É semelhante ao T. serrulatus nos hábitos e na coloração, porém apresenta uma faixa escura
longitudinal em seu mesossoma, seguido de uma mancha triangular na região frontal de carapaça.

Assim como em T. serrulatus, também possui uma serrilha, menos acentuada, nos 3º e 4º anéis da
cauda. Embora existam machos e fêmeas desta espécie, podem se reproduzir por partenogênese. É o
principal causador de acidentes na Região Nordeste, muito encontrado em áreas residenciais.

Foto: Ministério da Saúde. Manual de Controle de Escorpiões. 2009.

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Escorpião-preto-da-Amazônia (Tityus obscurus)

A apresenta coloração negra, podendo chegar a 9 cm de comprimento quando adultos. Quando


jovens, sua coloração é bem diferente, com corpo e apêndices castanhos e totalmente manchados de
escuro, podendo ser confundido com outras espécies da região amazônica. É responsável por acidentes
considerados graves na região Norte do Brasil, principalmente no Estado do Pará.

Foto: Ministério da Saúde. Manual de Controle de Escorpiões. 2009.

Também são registrados acidentes por outras espécies do gênero Tityus, porém, sua incidência e
gravidade são menores. Além do gênero Tityus, outros gêneros podem causar acidentes como os dos gêneros:

Foto CIT/RS Foto CIT/RS


Brotheas sp. encontrado na região Amazônica. Rhopalurus sp., que são animais de grande
porte, podendo chegar a 9 cm de comprimento,
encontrados no Nordeste e no Brasil Central.

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Bothriurus sp., escorpião bastante comum em todo o Brasil, encontrado em nos jardins e quintais de áreas
urbanas. Apresenta coloração preta ou marrom escura ou corpo escuro com patas marrom mais claras.

AÇÃO DO VENENO
Os acidentes são classificados em leves, quando ocorrem predominantemente sintomas locais,
sendo que a dor está presente em praticamente todos os casos. Ocasionalmente podem ocorrer vômitos,
taquicardia e agitação discretas, muitas vezes associadas a quadros de ansiedade.

Os acidentes moderados e graves são causados pelos quatro escorpiões de interesse médico: Tityus
serrulatus, T.bahiensis, T.stigmurus e T.obscurus.

Acidentes moderados são caracterizados pela dor local e manifestações sistêmicas de média
intensidade como sudorese, náuseas e vômitos, hipertensão arterial, taquicardia, taquipnéia e agitação.
Nestes casos existe a necessidade da utilização de soro antiescorpiônico ou aracnídico.

Nos acidentes graves, as manifestações sistêmicas são intensas como: vômitos profusos e
frequentes, sudorese generalizada e abundante, pilo ereção (pele arrepiada), palidez, agitação alternada
com sonolência, hipotermia, taquicardia ou bradicardia, extra-sístoles, hiperpnéia, tremores, espasmos
musculares, hipertensão. Pode evoluir para choque cardiorrespiratório e edema agudo de pulmão que são
as causas dos óbitos no escorpionismo.

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LOCAIS DE RISCO

Margens de rios

Córregos

Riachos

Galerias de águas

Esgotos

Barrancos

Cupinzeiros

Troncos de árvores

Nas áreas rurais, a preparação do solo para plantio pode


promover o desalojamento de escorpiões de seu habitat natural.

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MEDIDAS DE PREVENÇÃO

Em prédios, é preciso atenção


nas áreas comuns.

Fosso de elevador

Caixas de gordura

Pontos de energia

Lixeiras

Colocar telas nos ralos das


pias ou tanques.

Rebocar paredes para


que não apresentem
rachaduras ou frestas.

Vedar soleiras de portas


com rolos de areia ou
rodos de borracha.

Consertar rodapés soltos.

Colocar telas nas janelas.

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Referências bibliográficas:
RIO GRANDE DO SUL. Secretaria da Saúde. Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde. Centro de
Informação Toxicológica. Animais peçonhentos [Internet]. Porto Alegre: CIT/RS, 2016. Disponível em: http://
www.cit.rs.gov.br/. Acesso em: 11 nov. 2016.

SILVA, K. R. L. M.; MARQUES, M. G. B. M; NICOLELLA, A. (Org.). Manual de acidentes por animais peçonhentos
e venenosos. Porto Alegre: CIT/RS, 2016.

O e-book “Manual de acidentes por animais peçonhentos e venenosos” será fornecido gratuitamente a
todos os alunos do curso.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

AZEVEDO-MARQUES, M. M.; HERING, S. E.; CUPO, P. Acidente crotálico. In: CARDOSO, J. L. C. et al. Animais
peçonhentos no Brasil: biologia, clínica e terapêutica dos acidentes. São Paulo: Sarvier, 2003. p.91-98.

BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de controle de escorpiões. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 72 p.

BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de diagnóstico e tratamento dos acidentes por animais peçonhentos.
Brasília: Ministério da Saúde, 1998. 131 p.

FENWICK, A. M. et al. Morphological and molecular evidence for phylogeny and classification of South
American pitvipers, genera Bothrops, Bothriopsis, and Bothrocophias (Serpentes: Viperidae). Zoological
Journal of the Linnean Society, Londres, v. 156, n. 3, p. 617-640, 2009.

FRANÇA, F. O. S.; MÁLAQUE, C. M. S. Acidente botrópico. In: CARDOSO, J. L. C. et al. Animais peçonhentos
no Brasil: biologia, clínica e terapêutica dos acidentes. São Paulo: Sarvier, 2003. p. 72-86.

LEMA, T. Os répteis do Rio Grande do Sul: atuais e fósseis – biogeografia – Ofidismo. Porto Alegre: EDIPUCRS,
2002. 264 p.

LUCAS, S. M. Aranhas de interesse médico no Brasil. In: CARDOSO, J. L. C. et al. Animais peçonhentos no
Brasil: biologia, clínica e terapêutica dos acidentes. São Paulo: Sarvier, 2003. p.141-149.

MELGAREJO, A. R. Serpentes peçonhentas do Brasil. In: CARDOSO, J. L. C. et al. Animais peçonhentos no


Brasil: biologia, clínica e terapêutica dos acidentes. São Paulo: Sarvier, 2003. p.33-61.

MORAES, R. H. P. Lepidópteros de importância médica. In: CARDOSO, J. L. C. et al. Animais peçonhentos no


Brasil: biologia, clínica e terapêutica dos acidentes. São Paulo: Sarvier, 2003. p.211-219.

WEN, F. H.; DUARTE, A. C. Acidentes por Lonomia. In: CARDOSO, J. L. C. et al. Animais peçonhentos no Brasil:
biologia, clínica e terapêutica dos acidentes. São Paulo: Sarvier, 2003. p.224-232.

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Equipe Responsável:
A Equipe de coordenação, suporte e acompanhamento do Curso é formada por integrantes do Núcleo de
Telessaúde do Rio Grande do Sul (TelessaúdeRS-UFRGS) e do Centro de Informação Toxicológica (CIT/RS).

Coordenação Geral Diagramação e Ilustração


TelessaúdeRS-UFRGS Carolyne Vasquez Cabral
Roberto Nunes Umpierre Lorenzo Costa Kupstaitis
Marcelo Rodrigues Gonçalves Luiz Felipe Telles

Gerência de Projetos Edição/Filmagem/Animação


Ana Célia da Silva Siqueira Diego Santos Madia
Rafael Martins Alves
Coordenação da Teleducação
do TelessaúdeRS-UFRGS Divulgação
Ana Paula Borngräber Corrêa Camila Hofstetter Camini
Gustavo Oliva Barnasque
Conteudistas Jovana Dullius
Kátia Rosana Lima de Moura da Silva
Maria da Graça Boucinha Marques Design Instrucional
Alberto Nicolella Ana Paula Borngräber Corrêa

Revisores (TelessaúdeRS-UFRGS) Equipe de Teleducação


Ana Paula Borngräber Corrêa Angélica Dias Pinheiro
Roberto Nunes Umpierre Ylana Elias Rodrigues
Rosely de Andrade Vargas

Projeto Gráfico
Luiz Felipe Telles

Ao Prof. Dr. Paulo Sérgio Bernarde, que gentilmente cedeu parte das fotos utilizadas no Guia e no módulo sobre
serpentes, nosso muito obrigado.

Dúvidas e informações sobre o curso:


Site: www.telessauders.ufrgs.br
E-mail: ead@telessauders.ufrgs.br
Telefone: 51 3308 2098 ou 3308 2093

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