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Terrorismo, um mal recente no país

Atentado sofrido por Bolsonaro mostrou que o perigo nem sempre está associado a grupos
articulados como o Estado Islâmico ou a ITS
Por Da Redação Atualizado em 19 jul 2019, 16h36 - Publicado em 19 jul 2019, 06h30

Adélio Bispo: reabertura das investigações da facada reprodução/Reprodução

O Brasil nunca esteve no mapa-múndi do terrorismo — uma realidade que começou a


mudar de poucos anos para cá. O caso mais emblemático nessa área ocorreu às
vésperas da Olimpíada de 2016, quando dez pessoas foram presas na Operação
Hashtag, acusadas de planejar atentados que supostamente seriam executados durante
os Jogos no Rio de Janeiro. Oito foram condenadas por promover, constituir e integrar
a organização. Embora não tenham explodido um traque sequer, os réus foram
considerados pela Justiça como uma ameaça à ordem pública, por terem divulgado
mensagens nas redes sociais incentivando atos de violência. “As teses de que as
postagens e diálogos dos acusados de conteúdo extremista não passavam de expressão
de curiosidade religiosa, meras bravatas ou brincadeiras não podem ser aceitas como
justificativas”, escreveu em sua sentença o juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara
Federal de Curitiba.

A Lei Antiterrorismo, aprovada pouco antes do incidente na Olimpíada, é rigorosa.


Não há necessidade de um ato em si para que a pessoa seja acusada de terrorismo,
bastando a simples ação de promover medidas violentas a partir da defesa de suas
ideias (a Sociedade Secreta Silvestre, a SSS, está um passo à frente disso). No caso
da Olimpíada, as punições foram pesadas. Os condenados receberam penas que
variaram de cinco a quinze anos de prisão. Atualmente, eles cumprem suas sentenças
em pavilhões isolados no presídio de segurança máxima de Campo Grande (MS). A
decisão foi considerada didática.

O atentado sofrido por Jair Bolsonaro, porém, mostrou que o perigo nem sempre está
associado a grupos articulados como o Estado Islâmico ou a Individualistas que
Tendem ao Selvagem (ITS). Antes de esfaquear o candidato em Juiz de Fora, Adélio
Bispo de Oliveira interagia com um perfil falso do ex-presidente Lula, mandava
mensagens para ministros do Supremo e se dizia vítima de perseguição da maçonaria.
O garçom foi preso, processado, mas acabou considerado inimputável por ter
problemas mentais. Ele era o que os especialistas chamam de lobo solitário. Anhangá
e sua turma parecem mais perigosos e organizados.

Publicado em VEJA de 24 de julho de 2019, edição nº 2644

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