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ÍNDICE
2. Direito do Trabalho 5
- Noção e objecto
- Enquadramento legal
- Direitos e deveres das partes
- Forma do contrato
- Período experimental
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- Resolução do contrato por iniciativa do empregador
- O despedimento colectivo e a ilicitude do despedimento
- Cessação por iniciativa do trabalhador: denúncia e resolução
7. Bibliografia/webgrafia 46
1 BREVE DESCRIÇÃO DO MÓDULO
Neste módulo vão ser abordados temas sobretudo relacionados com formação do contrato de
trabalho e suas vicissitudes. Vão ser analisadas, ainda, as formas de extinção de contrato de
trabalho. No final do mesmo o formando deverá ser capaz de:
Direito do Trabalho:
- Noção e objecto
- Enquadramento legal
- Direitos e deveres das partes
3
- Forma do contrato
- Período experimental
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2. DIREITO DO TRABALHO
As normas de direito de trabalho constituem, nos nossos dias, uma importante área do direito,
quer ao nível individual, quer ao nível empresarial, ou seja, tanto para os trabalhadores como
para os empregadores.
Cada vez mais os trabalhadores querem estar informados dos seus direitos para que os possam
exercer eficazmente.
Por outro lado, as empresas necessitam de um apoio constante no âmbito do direito do
trabalho. A gestão dos recursos humanos exige conhecimento de todo o regime laboral.
O ordenamento legal do trabalho surgiu e desenvolveu-se como uma reacção ou “resposta” às
condições de debilidade contratual de uma das partes (o trabalhador), perante um esquema
negocial originariamente paritário como qualquer contrato jurídico-privado. Esta disparidade
originária resulta:
- da diferente natureza das necessidades que levam cada um a contratar – a subsistência
própria e familiar, no caso do trabalhador; o preenchimento de uma organização de trabalho,
por parte do empregador.
- das condições do mercado de trabalho, tradicionalmente desfavoráveis à procura de
trabalho.
Mas o próprio desenvolvimento das relações de trabalho, se reguladas somente pelo regime
geral dos contratos, torna-se manifestamente desequilibrado, evidenciando a debilidade do
trabalhador. Isto resulta da subordinação e do correspondente estatuto de “poder” ou
“autoridade” do empregador.
O Direito do Trabalho apresenta-se, assim, como um Direito de protecção do trabalhador e,
concomitantemente, como limitação à autonomia privada individual.
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Mas o Direito do trabalho também protege os empregadores na medida em que torna
tendencialmente uniformes, porque não apenas dependentes da autonomia individual, as
relações de trabalho. Tal permite que as condições do mercado da oferta de trabalho sejam
mais ou menos conhecido de todos. Os custos do trabalho tornam-se, assim,
concorrencialmente neutros.
O Direito do Trabalho pode ser definido como um conjunto de princípios e de normas que
regulam as relações sociais emergentes ou desencadeadas pelo trabalho que, contra uma
retribuição uma pessoa física se obriga a realizar por conta e sob a direcção de outrem.
Daqui podemos retirar as características fundamentais que uma determinada actividade deve
ter para ser regulada pelo Direito do Trabalho:
a) ser trabalho livre ou voluntário – ou seja, trabalho cuja execução pressupõe o
consentimento do trabalhador. O contrato é a figura em que se exprime essa
característica. O trabalho livre pressupõe a vontade de constituição do vínculo
obrigacional e exige a faculdade da sua extinção a todo o momento por parte do
obrigado.
b) Trabalho dependente ou subordinado – isto é, trabalho realizado segundo as
instruções, directivas, ordens, de outra pessoa.
Não é ao trabalhador, mas à entidade empregadora a quem, dentro dos limites da licitude e da
possibilidade, cabe conformar a actividade do trabalhador, determinando certos actos, o
momento, o lugar e os meios com que ele deve realizar a actividade.
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d) Trabalho oneroso ou remunerado – é trabalho pago, isto +e, trabalho que se realiza
mediante uma contrapartida económica fornecida pelo seu beneficiário directo. É
uma motivação egoísta. A presença do dever de remunerar por parte do
empregador permite considerar a situação laboral como onerosa e sinalagmática: a
remuneração funciona como a contrapartida do trabalho.
Delimitar o âmbito do Direito do Trabalho é definir a matéria específica por ele organizada ou
identificar as relações sociais de cuja disciplina se ocupa.
O Direito do trabalho não é o direito de todo o trabalho.
O Direito do Trabalho organiza-se à volta de um determinado tipo de relações – da relação de
trabalho voluntário, oneroso, por conta alheia e juridicamente subordinado. Assim, todas as
relações fundadas numa prestação de trabalho a que falte uma destas características estão fora
do âmbito do Direito do Trabalho.
Estão fora do âmbito do Direito do Trabalho as situações em que alguém realiza uma actividade
em proveito de outrem a título gratuito (actividades de cortesia, trabalho familiar) ou sem
directa contrapartida económica (cooperação entre vizinhos, troca de serviços).
Deveres do empregador
O empregador deve, nomeadamente:
a) Respeitar e tratar o trabalhador com urbanidade e probidade;
b) Pagar pontualmente a retribuição, que deve ser justa e adequada ao trabalho;
c) Proporcionar boas condições de trabalho, do ponto de vista físico e moral;
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d) Contribuir para a elevação da produtividade e empregabilidade do trabalhador,
nomeadamente proporcionando-lhe formação profissional adequada a desenvolver a sua
qualificação;
e) Respeitar a autonomia técnica do trabalhador que exerça actividade cuja regulamentação ou
deontologia profissional a exija;
f) Possibilitar o exercício de cargos em estruturas representativas dos trabalhadores;
g) Prevenir riscos e doenças profissionais, tendo em conta a protecção da segurança e saúde do
trabalhador, devendo indemnizá-lo dos prejuízos resultantes de acidentes de trabalho;
h) Adoptar, no que se refere a segurança e saúde no trabalho, as medidas que decorram de lei
ou instrumento de regulamentação colectiva de trabalho;
i) Fornecer ao trabalhador a informação e a formação adequadas à prevenção de riscos de
acidente ou doença;
j) Manter actualizado, em cada estabelecimento, o registo dos trabalhadores com indicação de
nome, datas de nascimento e admissão, modalidade de contrato, categoria, promoções,
retribuições, datas de início e termo das férias e faltas que impliquem perda da retribuição ou
diminuição de dias de férias.
Deveres do trabalhador
O trabalhador deve:
a) Respeitar e tratar o empregador, os superiores hierárquicos, os companheiros de trabalho e
as pessoas que se relacionem com a empresa, com urbanidade e probidade;
b) Comparecer ao serviço com assiduidade e pontualidade;
c) Realizar o trabalho com zelo e diligência;
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d) Participar de modo diligente em acções de formação profissional que lhe sejam
proporcionadas pelo empregador;
e) Cumprir as ordens e instruções do empregador respeitantes a execução ou disciplina do
trabalho, bem como a segurança e saúde no trabalho, que não sejam contrárias aos seus
direitos ou garantias;
f) Guardar lealdade ao empregador, nomeadamente não negociando por conta própria ou
alheia em concorrência com ele, nem divulgando informações referentes à sua organização,
métodos de produção ou negócios;
g) Velar pela conservação e boa utilização de bens relacionados com o trabalho que lhe forem
confiados pelo empregador;
h) Promover ou executar os actos tendentes à melhoria da produtividade da empresa;
i) Cooperar para a melhoria da segurança e saúde no trabalho, nomeadamente por intermédio
dos representantes dos trabalhadores eleitos para esse fim;
j) Cumprir as prescrições sobre segurança e saúde no trabalho que decorram de lei ou
instrumento de regulamentação colectiva de trabalho.
Garantias do trabalhador
É proibido ao empregador:
a) Opor-se, por qualquer forma, a que o trabalhador exerça os seus direitos, bem como
despedi-lo, aplicar-lhe outra sanção, ou tratá-lo desfavoravelmente por causa desse exercício;
b) Obstar injustificadamente à prestação efectiva de trabalho;
c) Exercer pressão sobre o trabalhador para que actue no sentido de influir desfavoravelmente
nas condições de trabalho dele ou dos companheiros;
d) Diminuir a retribuição, salvo nos casos previstos neste Código ou em instrumento de
regulamentação colectiva de trabalho;
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e) Mudar o trabalhador para categoria inferior, salvo nos casos previstos neste Código;
f) Transferir o trabalhador para outro local de trabalho, salvo nos casos previstos neste Código
ou em instrumento de regulamentação colectiva de trabalho, ou ainda quando haja acordo;
g) Ceder trabalhador para utilização de terceiro, salvo nos casos previstos neste Código ou em
instrumento de regulamentação colectiva de trabalho;
h) Obrigar o trabalhador a adquirir bens ou serviços a ele próprio ou a pessoa por ele indicada;
i) Explorar, com fim lucrativo, cantina, refeitório, economato ou outro estabelecimento
directamente relacionado com o trabalho, para fornecimento de bens ou prestação de serviços
aos seus trabalhadores;
j) Fazer cessar o contrato e readmitir o trabalhador, mesmo com o seu acordo, com o propósito
de o prejudicar em direito ou garantia decorrente da antiguidade.
O artigo 11.º do Código do Trabalho define contrato de trabalho como “aquele pelo qual uma
pessoa se obriga, mediante retribuição, a prestar a sua actividade a outra ou outras pessoas,
sob a autoridade e direcção destas”.
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actividade seja de todo irrelevante na execução do contrato de trabalho – quando esse fim seja
conhecido do trabalhador, ele é relevante para avaliar e determinar o grau de diligência que lhe
é exigível.
O exercício da actividade é a forma normal de cumprimento do contrato de trabalho.
Retribuição é aquilo a que, nos termos do contrato, das normas que o regem ou dos usos, o
trabalhador tem direito a receber como contrapartida do seu trabalho.
É um elemento essencial do contrato individual de trabalho.
A existência de uma retribuição, em regra, implica e indica a existência de subordinação
económica. Mas pode não ser assim: se a dependência económica pressupõe a retribuição, já
não é invariavelmente seguro que a existência desta coloque o trabalhador em situação de
dependência económica.
Tal situação requer, nomeadamente, que a vinculação a certo empregador seja exclusiva e que
o salário constitua o único ou o principal rendimento do trabalhador.
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A celebração do contrato de trabalho a termo só é admitida nos casos seguintes:
A celebração de contratos a termo fora dos casos previstos no número anterior importa a
nulidade da estipulação do termo.
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É importante ter presente que não basta a indicação de uma das situações descritas supra, é
necessário que elas realmente existam, uma vez que caso a entidade empregadora não consiga
provar que está efectivamente naquelas condições o contrato é considerado sem termo.
Duração e Renovação
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O contrato de trabalho a termo, certo ou incerto, está sujeito à forma escrita, devendo ser
assinado por ambas as partes e conter as seguintes indicações:
Na falta da referência exigida pela alínea d), considera-se que o contrato tem início na data da
sua celebração.
Considera-se contrato sem termo aquele em que falte a redução a escrito, a assinatura das
partes, o nome ou denominação, bem como as referências exigidas na alínea e) do Nº 1 ou,
simultaneamente, nas alíneas d) e f) do mesmo número.
A indicação do motivo justificativo da celebração do contrato deve mencionar concretamente
os factos e circunstâncias que integrem esse motivo, sob pena de não ser atendível.
Quando não seja reduzido à forma escrita ou quando o motivo não for atendível o contrato é
considerado sem termo.
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O contrato de trabalho a tempo parcial deve ser celebrado por escrito, nele constando
expressamente o número de horas semanais e o horário de trabalho.
Forma do contrato
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b) Número e data do alvará de autorização para o exercício da actividade;
c) Indicação dos motivos de recurso ao trabalho temporário por parte do utilizador;
d) Características genéricas do posto de trabalho a preencher, local e horário de trabalho;
e) Montante da retribuição mínima devida pelo utilizador a trabalhador do quadro próprio
que ocupasse o mesmo posto de trabalho;
f) Montante da retribuição devida pelo utilizador à empresa de trabalho temporário;
g) Início e duração, certa ou incerta, do contrato;
h) Data da celebração do contrato.
Comissão de serviço
Forma do contrato
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a) Identificação dos outorgantes;
b) Cargo ou funções a desempenhar com menção expressa do regime de comissão de
serviço;
c) Categoria ou funções exercidas pelo trabalhador ou, não estando este vinculado à
entidade empregadora, a categoria em que se deverá considerar colocado na
sequência de cessação da comissão de serviço, se for esse o caso.
A regra é a de que o contrato de trabalho não necessita de forma escrita, logo, vigora no caso
dos contratos de trabalho o princípio da liberdade da forma.
Mas há certos contratos que estão sujeitos à forma escrita. São exemplos desses contratos os já
aludidos contratos a termo, contrato de trabalho temporário e contrato a tempo parcial,
comissão de serviço.
Período experimental
É o período correspondente ao tempo inicial de execução do contrato e que tem por objectivo
a avaliação das partes sobre a relação laboral, logo, serve para testar se as prestações
contratuais que cada uma das partes exige à outra, se mostram adequadas.
Para a entidade patronal interessa manter o trabalhador estavelmente na empresa, caso o
trabalhador se mostre possuidor de aptidões laborais procuradas para desenvolver a actividade
contratada.
Do ponto de vista do trabalhador serve para avaliar as condições de trabalho da empresa.
Durante tal período as partes devem agir de forma a permitir que se possa apreciar o interesse
na manutenção do contrato de trabalho. Se o trabalhador continuar a trabalhar para além do
período experimental, a sua antiguidade conta-se desde o inicio do período experimental.
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Durante tal período qualquer das partes pode denunciar o contrato sem aviso prévio e sem
alegação de motivos/justa causa, não havendo direito a indemnização, salvo acordo escrito em
contrário.
O período experimental começa a contar-se a partir do inicio da execução da prestação de
trabalho, contando para tal, as acções de formação ministradas pelo empregador, desde que
estas não excedam metade do período experimental.
II – Contratos a termo:
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5 Duração e tempo de trabalho
Considera-se tempo de trabalho qualquer período durante o qual o trabalhador está a
desempenhar a sua actividade ou se encontra à disposição da entidade patronal, Considera-se,
ainda tempo de trabalho determinados intervalos e interrupções.
Entende-se por horário de trabalho a determinação das horas do início e do termo do período
normal de trabalho diário, bem como dos intervalos de descanso. Fazendo a delimitação do
período de trabalho diário e semanal.
Período normal de trabalho é tempo de trabalho que o trabalhador se obriga a prestar ao
empregador. Pode ser medido em “horas/dia” e “horas/semana”, devendo o empregador
registar e manter actualizado o número de horas de trabalho prestadas (por dia e por semana),
com indicação do início e do termo do trabalho.
Os limites máximos do período normal de trabalho são de 8 (oito) e 40 (quarenta) horas, por
dia e por semana respectivamente.
Há, no entanto, tolerância de quinze minutos para as transacções, operações e serviços
começados e não acabados na hora estabelecida para o termo do período normal de trabalho
diário, não sendo, porém, de admitir que tal tolerância deixe de revestir carácter excepcional,
devendo o acréscimo de trabalho ser pago quando perfizer quatro horas ou no termo de cada
ano civil.
Os limites dos períodos normais de trabalho supra mencionados podem ser ultrapassados, mas,
apenas nos casos expressamente previstos no Código do Trabalho, salvo se tal acréscimo dos
limites do período normal de trabalho for determinado em instrumento de regulamentação
colectiva de trabalho, mormente:
a) Em relação ao pessoal que preste serviço em actividades sem fins lucrativos ou
estreitamente ligadas ao interesse público, desde que se mostre absolutamente incomportável
a sujeição do seu período de trabalho a esses limites;
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b) Em relação às pessoas cujo trabalho seja acentuadamente intermitente ou de simples
presença.
Trabalho suplementar
Férias
Sendo o direito a férias um direito irrenunciável, tem por objectivo garantir a recuperação
física e psíquica do trabalhador, assim como atende à necessidade do trabalhador dever dispor
de um determinado período, anual, para os seus assuntos de carácter pessoal, designadamente
para desfrutar de tempo com a sua família e participar na vida social e cultural no âmbito da
comunidade em que se integra, essenciais à vivência do ser humano.
Assim sendo, e salvo algumas situações de carácter excepcional que serão referidas mais à
frente, o gozo efectivo de férias não pode ser substituído por qualquer tipo de compensação,
de carácter pecuniário ou outra, mesmo que essa seja a vontade do trabalhador.
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Se a entidade patronal, com culpa, impedir o gozo das férias, diz o artigo 246.º do CT que o
trabalhador lesado terá então direito a uma compensação correspondente ao triplo da
retribuição respeitante ao período de férias em falta, cabendo ao trabalhador o ónus de provar
a existência do comportamento culposo e impeditivo por parte do empregador.
Esta compensação não se destina a substituir o gozo das férias em falta, acrescendo aqui o
direito do trabalhador gozar essas férias, obrigatoriamente, até ao dia 30 de Abril do ano civil
subsequente.
Realça-se ainda a obrigação do empregador informar o trabalhador sobre o período de duração
das férias ou os critérios para a sua determinação.
Assim, o trabalhador tem direito a um período de férias retribuídas em cada ano civil, período
este que, por regra, reportar-se-á sempre ao trabalho prestado no ano civil anterior, vencendo-
se este direito a férias no dia 1 de Janeiro de cada ano civil.
O período de férias tem a duração mínima de 22 dias úteis, podendo ser estabelecido prazo de
duração superior.
Com a entrada em vigor da Lei n.º 99/2003, de 27 de Agosto, introduziu-se a possibilidade de
este período ser aumentado em função da assiduidade do trabalhador no ano a que as férias se
reportam, possibilidade que se mantém na actual redacção do Código do Trabalho. Assim, por
não ter faltado, ou ter faltado justificadamente, o período de férias será aumentado com os
seguintes limites:
1. Até ao máximo de uma falta ou dois meios-dias – três dias de férias;
2. Até ao máximo de duas faltas ou quatro meios-dias – dois dias de férias;
3. Até ao máximo de três faltas ou seis meios-dias – um dia de férias.
O direito a férias, quando se vence, respeita ao trabalho prestado no ano anterior, pelo que, o
mesmo se deve entender relativamente ao “bónus” do aumento do período mínimo de férias
garantido por lei.
De realçar que o gozo das licenças por maternidade e paternidade não afecta em nada o
aumento da duração do período de férias previsto pelo Código de Trabalho.
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Alargamento do âmbito de protecção do regime jurídico das férias
O âmbito de protecção do regime legal relativo às férias foi alargado, quer por via da Lei n.º
9/2010, de 31 de Maio, que veio permitir o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, quer
por via da Lei n.º 23/2010, de 30 de Agosto, que altera a Lei n.º 7/2001, de 11 de Maio, a qual,
por seu turno, adopta medidas de protecção da união de facto.
O primeiro diploma adopta um novo conceito de casamento e refere, no seu artigo 5.º, que
todas as disposições legais devem ser interpretadas à luz dessa mesma lei, independentemente
do género dos cônjuges.
O segundo altera igualmente o conceito de união de facto, reconhecendo como tal a situação
jurídica de duas pessoas que, independentemente do sexo, vivam em condições análogas às
dos cônjuges há mais de dois anos e estipula que as pessoas que vivem em união de facto, nas
condições previstas na lei, têm direito a beneficiar do regime jurídico aplicável a pessoas
casadas vinculadas a contrato de trabalho, em matéria de férias, feriados, faltas e licenças.
A regra é a de que o período de férias deve ser marcado por acordo entre trabalhador e
empregador, mas, na falta de acordo, deverá este último marcar e elaborar o respectivo mapa
de férias, unilateralmente, só podendo, neste caso, marcar esse período de férias entre 1 de
Maio e 31 de Outubro, a menos que se estabeleça algo diferente em instrumento de
regulamentação colectiva aplicável ou, caso exista, se a comissão de trabalhadores (que deverá
sempre ser ouvida nesta situação) concordar com a marcação em período diferente.
Devemos, contudo, chamar a atenção para o facto de esta regra relativa à marcação unilateral
do período de férias por parte da entidade patronal não ser de aplicar às microempresas onde,
muito embora prevaleça sempre a procura do acordo com o trabalhador, caso este não venha a
acontecer, não está a entidade patronal obrigada a respeitar o período entre 1 de Maio e 31 de
Outubro.
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A retribuição de férias do trabalhador corresponderá sempre à retribuição que receberia se
estivesse em serviço efectivo. Acresce ainda o direito ao pagamento de um subsídio que
corresponderá à retribuição base e demais prestações retributivas que constituam
contrapartida da prestação de trabalho, e que deve ser pago antes do início do período de
férias.
O mapa de férias deve ser elaborado até 15 de Abril de cada ano e afixado no local de trabalho.
As férias podem ser gozadas interpoladamente, desde que empregador e trabalhador assim
acordem e desde que seja assegurado o gozo efectivo de 10 dias úteis consecutivos.
A lei, à semelhança do regime anterior, estabelece uma chamada de atenção para as situações
em que trabalhem na mesma empresa cônjuges ou pessoas que vivam em união de facto ou
economia comum, estes últimos há mais de dois anos e independentemente do sexo (artigo
241.º, n.º 7, do Código do Trabalho), assegurando--lhes a possibilidade de gozarem férias
juntas, desde que daí não advenha grave prejuízo para o empregador.
Sem prejuízo da obrigação de marcação do período de férias dos trabalhadores até 15 de Abril,
pode esta marcação vir a ser posteriormente alterada, devido a:
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marcando-se os restantes dias por acordo ou, na falta deste, por iniciativa do próprio
empregador.
3. Sempre que a cessação do contrato de trabalho esteja sujeita a aviso prévio (artigo
241.º, n.º 5, do Código do Trabalho), como é o caso dos contratos a termo, pode o empregador
determinar que o período de férias seja antecipado para o momento imediatamente anterior à
data prevista para a cessação do contrato.
No ano em que inicia a prestação do seu trabalho, o trabalhador terá agora direito a gozar dois
dias úteis por cada mês de duração do contrato, após seis meses completos de execução, até
ao máximo de 20 dias úteis.
Suponhamos agora que decorria o primeiro ano de contratação e o trabalhador, por qualquer
razão, não gozava o período de férias a que tinha direito?
Nos termos da actual lei do trabalho, pode o trabalhador, neste caso, gozar o período de férias
a que tem direito até 30 de Junho do ano civil seguinte.
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Contudo, daqui não pode resultar o direito ao gozo de um período de férias superior a 30 dias,
no mesmo ano civil, a menos que se estabeleça diferente regra em instrumento de
regulamentação colectiva de trabalho.
No artigo 328.º do CT são elencadas as sanções disciplinares passíveis de serem aplicadas aos
trabalhadores, não esquecendo o princípio da proporcionalidade entre a gravidade da infracção
e a culpabilidade do infractor. Neste elenco, figura a perda de dias de férias como uma das
sanções disciplinares possíveis.
Contudo, a aplicação desta sanção não pode pôr em causa o gozo de um mínimo de 20 dias
úteis de férias.
Faltas
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Por regra, as faltas justificadas não implicam a perda de quaisquer direitos do trabalhador.
Contudo, existem faltas, mesmo que justificadas, que determinam a perda da retribuição, a
saber:
– As faltas dadas por motivo de doença, desde que o trabalhador beneficie de um regime de
Segurança Social de protecção na doença;
– As faltas dadas por motivo de acidente de trabalho, desde que o trabalhador tenha direito a
qualquer subsídio ou seguro;
– As faltas para assistência a membro do agregado familiar;
– As que forem designadas como qualificadas, fora do disposto no artigo 249.º do CT, quando
excedam 30 dias por ano;
– As faltas autorizadas ou aprovadas pelo empregador.
Como decorre do próprio sistema de protecção social, não há lugar ao pagamento de subsídio
de doença ao trabalhador durante os três primeiros dias de doença.
No entanto, esta implicação do regime jurídico específico não obriga a entidade patronal a
retribuir o trabalhador durante esse mesmo período.
Relativamente às faltas motivadas por doença, acidente, cumprimento de obrigações legais
ou por qualquer outra impossibilidade de o trabalhador prestar trabalho por facto que não lhe
seja imputável, se o impedimento se vier a prolongar por período superior a um mês, aplica-se
então o regime da suspensão da prestação de trabalho por impedimento prolongado, como
referido anteriormente.
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trabalho diário que sejam imediatamente anteriores ou posteriores aos dias ou meios-dias de
descanso ou feriados.
Importa ainda chamar a atenção para o facto de as falsas declarações relativas à justificação de
faltas constituírem justa causa de despedimento, nos termos do n.º 4 do artigo 254.º do CT.
Constituem também justa causa de despedimento as faltas injustificadas que determinem
directamente para a empresa prejuízos ou riscos graves, assim como quando o número de
faltas atingir, em cada ano civil, cinco seguidas ou dez interpoladas, independentemente de
acarretarem prejuízos para a empresa – artigo 351.º, n.º 2, alínea g), do CT.
Feriados
O regime dos feriados estabelecido no CT, mais concretamente nos artigos 234.º e seguintes,
não pode ser alterado ou sequer condicionado pelas partes no contrato de trabalho ou em
instrumento de regulamentação colectiva de trabalho.
Diz-nos, então, o artigo 234.º do CT que são feriados obrigatórios:
1 de Janeiro;
Sexta-feira Santa;
Domingo de Páscoa;
25 de Abril;
1 de Maio;
Corpo de Deus;
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10 de Junho;
15 de Agosto;
5 de Outubro;
1 de Novembro;
1, 8 e 25 de Dezembro;
A propósito destes feriados, será publicada legislação especial, pela qual se dispõe que
determinados feriados obrigatórios possam ser gozados na segunda-feira da semana
subsequente.
Para além dos feriados obrigatórios acima referidos, permite-se apenas o gozo de mais dois
feriados: a terça-feira de Carnaval e o feriado municipal da localidade em que se situa a
empresa. Mas, em substituição destes feriados podem, entidade patronal e trabalhador,
acordar o gozo de outro dia qualquer a título de feriado.
Causas de caducidade:
a) Verificando-se o seu termo;
b) Em caso de impossibilidade superveniente, absoluta e definitiva de o trabalhador prestar
o seu trabalho ou de o empregador o receber;
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Para que se verifique a caducidade do contrato de trabalho por impossibilidade de o
trabalhador prestar o seu trabalho ou de a entidade patronal o receber é necessário que essa
impossibilidade seja:
– Superveniente – surgir um obstáculo a continuação da actividade, que não existia nem era
previsível no momento da formação do contrato;
– Absoluta – não basta a simples dificuldade, a onerosidade excessiva para qualquer das partes,
exigindo-se que o seja em termos de se impor universalmente;
– Definitiva – afasta-se a impossibilidade temporária, ocasional.
c) Com a reforma do trabalhador, por velhice ou invalidez.
O contrato a termo não cessa automaticamente findo o prazo estipulado, nele indicado.
O contrato só caduca no termo do prazo estipulado se o empregador ou o trabalhador o
comunicar, respectivamente, 15 ou 8 dias antes de o prazo expirar, a vontade de o não
renovar.
A comunicação da caducidade está sujeita a forma escrita, sendo esta uma formalidade ad
substantiam, o que significa que não pode ser substituída por um qualquer outro meio de
prova, que tornaria a comunicação nula.
Assim de nada valeria demonstrar que o trabalhador tomou conhecimento verbal da
comunicação da caducidade do contrato, uma vez que não foi respeitada a forma escrita
imposta por lei.
Usualmente a comunicação da caducidade é feita por carta registada, embora possa ser feita de
outro modo, desde que seja respeitada a forma escrita, por exemplo por via de correio
electrónico desde que o emissor tenha a assinatura certificada e se utilize um meio electrónico
de prova da efectiva recepção por parte do receptor e sua data.
A comunicação torna-se eficaz logo que chegue ao poder do trabalhador, considerando-se
igualmente eficaz se a mesma não foi oportunamente recebida por culpa do trabalhador.
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Assim a caducidade do contrato verifica-se mesmo que o trabalhador recuse a receber a
comunicação da mesma, não levantando, no correio, a carta que o empregador remeteu para a
sua morada, sendo como tal considerada aquela que indicou à entidade empregadora, e não
outra, desde que não tenha informado (por escrito para facilitação de prova) da eventual
alteração que entretanto tenha ocorrido.
Considera-se igualmente eficaz a comunicação para efeitos de operação da caducidade, quando
o trabalhador se recuse a receber a comunicação que a entidade patronal lhe tenha tentado
entregar directamente (o que deverá ser testemunhado pelo menos por duas testemunhas).
A suspensão da relação laboral – por exemplo devido a doença do trabalhador, por prestação
de serviço militar ou mesmo por gozo do período de licença por maternidade – em nada obsta
à caducidade do contrato de trabalho pelo decurso do respectivo termo.
Nestes casos, se o empregador pretender impedir a renovação do contrato, terá de enviar ao
trabalhador a necessária comunicação escrita.
A caducidade do contrato a termo certo que decorra de declaração do empregador, e apenas
deste, confere ao trabalhador o direito a uma compensação correspondente a três ou dois dias
de retribuição base e diuturnidades por cada mês de duração do vínculo, consoante o contrato
tenha durado por um período que, respectivamente, não exceda ou seja superior a seis meses.
Para efeitos da compensação a duração do contrato que corresponda a fracção de mês é
calculada proporcionalmente.
– Morte do empregador
A morte do empregador em nome individual faz caducar o contrato de trabalho na data do
encerramento da empresa, salvo se os sucessores do falecido continuarem a actividade para
que o trabalhador foi contratado ou se se verificar a transmissão da empresa ou
estabelecimento.
– Extinção
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A extinção da pessoa colectiva empregadora, quando se não verifique a transmissão da
empresa ou estabelecimento, determina a caducidade do contrato de trabalho.
– Encerramento da empresa
O encerramento total e definitivo da empresa determina a caducidade do contrato de trabalho,
devendo, em tal caso, seguir-se o procedimento para o despedimento colectivo, com as
necessárias adaptações.
Não se é obrigado a instaurar-se o procedimento aplicável ao despedimento colectivo no caso
de se tratar de microempresas (até 10 trabalhadores), de cujo encerramento o trabalhador
deve, não obstante, ser informado com 60 dias de antecedência.
Verificando-se a caducidade do contrato nos casos acima previstos, o trabalhador tem direito à
compensação estabelecida no despedimento colectivo, pela qual responde o património da
empresa.
Distinguem-se estes casos do despedimento colectivo porque aqui o encerramento da empresa
ou estabelecimento não tem subjacente uma declaração de vontade do empregador mas sim
por causas que não dependem exclusivamente da sua vontade.
Assim estamos na presença nestes casos quando – o encerramento é derivado da destruição
das instalações da empresa por causas naturais ou catástrofes – a cessação da actividade a que
o empregador se dedicava com o consequente enceramento definitivo do respectivo
estabelecimento – a extinção de empresas por diploma legal – e o encerramento definitivo
provocado pela extinção do contrato de arrendamento do local onde a empresa exercia a sua
actividade ou pelo termo do contrato de concessão da exploração do estabelecimento.
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Pode, todavia, o administrador da insolvência, antes do encerramento definitivo do
estabelecimento, fazer cessar os contratos de trabalho dos trabalhadores cuja colaboração não
seja indispensável à manutenção do funcionamento da empresa.
Com excepção das microempresas, a cessação do contrato de trabalho acima prevista, deve ser
antecedida de procedimento previsto para o despedimento colectivo, com as necessárias
adaptações.
Tal procedimento aplica-se igualmente em caso de instauração de processo de insolvência que
possa determinar o encerramento do estabelecimento.
A idade da reforma, ou “idade de acesso à pensão de velhice” está hoje fixada nos 65 anos.
Embora o sistema de reforma por idade não implique a passagem automática do trabalhador à
situação de reformado, se este requerer a concessão da reforma e for deferida, a lei prevê a
cessação do contrato por caducidade.
A permanência do trabalhador ao serviço decorridos 30 dias sobre o conhecimento, por ambas
as partes, da sua reforma por velhice determina a transformação do contrato efectivo a
contrato a termo certo.
O contrato neste caso anterior fica sujeito, com as necessárias adaptações, ao regime definido
no Código para o contrato a termo certo, ressalvadas as seguintes especificidades:
1. É dispensada a redução do contrato a escrito;
2. O contrato vigora pelo prazo de seis meses, sendo renovável por períodos iguais e sucessivos,
sem sujeição a limites máximos;
3. A caducidade do contrato fica sujeita a aviso prévio de 60 dias, se for da iniciativa do
empregador, ou de 15 dias, se a iniciativa pertencer ao trabalhador;
4. A caducidade não determina o pagamento de qualquer compensação ao trabalhador.
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Quando o trabalhador atinja os 70 anos de idade, sem até ao momento o trabalhador ter
requerido reforma, é também transformado o seu contrato em contrato a termo certo, com as
especificidades constantes em acima.
Revogação
O empregador e o trabalhador podem fazer cessar o contrato de trabalho por acordo, nos
termos abaixo indicados.
A cessação do contrato de trabalho por acordo entre o empregador e o trabalhador abrange,
quer o contrato sem termo, quer o contrato a termo certo ou incerto, podendo verificar-se em
qualquer momento da vida do contrato, incluindo o período experimental (embora
desnecessário), ou em qualquer situação nomadamente suspensão do contrato por doença do
trabalhador, ou de licença sem vencimento.
O acordo de cessação deve constar de documento escrito, assinado por ambas as partes,
ficando cada uma com um exemplar.
O documento deve mencionar expressamente:
1. A data da celebração do acordo;
2. E a de início da produção dos respectivos efeitos.
No mesmo documento podem as partes acordar na produção de outros efeitos, desde que não
contrariem o disposto no Código do Trabalho, nomeadamente cláusulas de limitação da
prestação de trabalho concorrencial com a do empregador.
Se, no acordo de cessação, ou conjuntamente com este, as partes estabelecerem uma
compensação pecuniária de natureza global para o trabalhador, presume-se que naquela foram
pelas partes incluídos e liquidados os créditos já vencidos à data da cessação do contrato ou
exigíveis em virtude dessa cessação.
Embora não se torne necessário justificar a extinção da relação contratual, pode haver
interesse na justificação da cessação do contrato de trabalho, nomeadamente, para
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requerimento do subsídio desemprego, porquanto este só é atribuído quando o desemprego
for qualificado como involuntário.
É o que sucede quando a perda do emprego é consequência de “rescisão por mútuo acordo”
integrado num projecto de redução de efectivos, quer por motivo de reestruturação,
viabilização ou recuperação da empresa, quer por quaisquer outros motivos que permitam o
recurso ao despedimento colectivo.
Neste caso, para efeitos de atribuição do subsídio de desemprego ao trabalhador a entidade
empregadora deve especificar de modo preciso e fundamentado, em anexo ao contrato de
revogação do contrato de trabalho, as circunstancias, designadamente de natureza técnica,
económica e financeira, determinantes da existência do processo de redução de efectivos.
Assim, o requerimento das prestações de desemprego deverá ser acompanhado de:
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No caso de não ser possível assegurar a recepção da comunicação pela entidade empregadora
no prazo estabelecido, o trabalhador deve remetê-la ao empregador, por carta registada com
aviso de recepção, no dia útil subsequente até ao prazo de 7 dias a contar da data de
celebração desse acordo.
A revogação da cessação do contrato só é eficaz se, em simultâneo com a comunicação, o
trabalhador entregar ou puser por qualquer forma à disposição do empregador, na totalidade,
o valor das compensações pecuniárias eventualmente pagas em cumprimento do acordo, ou
por efeito da cessação do contrato de trabalho.
É possível, no entanto que a possibilidade de revogação do acordo de cessação do contrato por
parte do trabalhador seja afastada, caso o acordo de revogação do contrato de trabalho seja
devidamente datado e cujas assinaturas sejam objecto de reconhecimento notarial presencial.
A consequência da revogação, conforme previsto, do acordo de cessação do contrato de
trabalho é a reposição do contrato de trabalho como se o acordo de cessação nunca tivesse
existido, ou seja o trabalhador tem de novo a obrigação de prestar o seu trabalho tal como o
empregador tem a obrigação de o receber bem como a obrigação de pagar o seu salário
Resolução
Ocorrendo justa causa, pode o trabalhador fazer cessar imediatamente o contrato, sem
portanto necessidade de pré-aviso.
A rescisão deverá ser feita por escrito, com indicação sucinta dos factos que a justificam, dentro
dos 30 dias subsequentes ao conhecimento desses factos.
Constituem justa causa de resolução do contrato pelo trabalhador, nomeadamente, os
seguintes comportamentos do empregador:
1. Falta culposa de pagamento pontual da retribuição;
2. Violação culposa das garantias legais ou convencionais do trabalhador;
3. Aplicação de sanção abusiva;
4. Falta culposa de condições de segurança, higiene e saúde no trabalho;
5. Lesão culposa de interesses patrimoniais sérios do trabalhador;
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6. Ofensa à integridade física ou moral, liberdade, honra ou dignidade do
trabalhador, punível por lei, praticada pelo empregador ou seu representante
legítimo.
Só estes factos a verificarem-se dão direito a que o trabalhador receba uma
indemnização, o mesmo já não se passando com os factos abaixo indicados
Constitui ainda justa causa de resolução do contrato pelo trabalhador (sem direito a
indemnização):
1. Necessidade de cumprimento de obrigações legais incompatíveis com a
continuação ao serviço;
2. Alteração substancial e duradoura das condições de trabalho no exercício
legítimo de poderes do empregador;
3. Falta não culposa de pagamento pontual da retribuição.
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No caso de fracção de ano o valor de referência acima mencionada é calculado
proporcionalmente, mas, independentemente da antiguidade do trabalhador, a indemnização
nunca pode ser inferior a três meses de retribuição base e diuturnidades.
No caso de contrato a termo, a indemnização não pode ser inferior à quantia correspondente
às retribuições vincendas.
O empregador pode intentar uma acção em tribunal com vista a desmentir a justa causa
invocada pelo trabalhador, conseguindo assim a declaração de ilicitude da resolução do
contrato e o não pagamento da indemnização reclamada por parte do trabalhador, podendo
assim o empregador reclamar ao trabalhador o pagamento, neste caso, da falta de
cumprimento do aviso prévio por parte do trabalhador.
Deverá o empregador interpor tal acção no prazo máximo de um ano a contar do dia seguinte à
resolução, o mesmo prazo se aplica ao trabalhador para reclamar o pagamento da sua
indemnização.
Na acção em que for apreciada a ilicitude ou licitude da resolução apenas são atendíveis, para
justificar a justa causa, os factos constantes da comunicação do trabalhador.
No caso de a resolução do contrato tenha sido declarada ilegal, por exemplo por falta de
cumprimento, por parte do trabalhador, do prazo de 30 dias, o trabalhador pode corrigir o vício
até ao termo do prazo para o empregador contestar (actualmente de 10 dias), não podendo, no
entanto, o trabalhador usar desta faculdade mais de uma vez em relação à mesma resolução.
Caso a resolução do contrato pelo trabalhador com invocação de justa causa, tenha sido
declarada pelo tribunal por improcedente, ou seja o tribunal não considerar existir naquele
caso justa causa para a resolução, tal conferirá ao empregador o direito a uma indemnização
pelos prejuízos causados não inferior ao montante que seria devido ao empregador nos casos
do trabalhador ter violado o pré-aviso a que está sujeito por denuncia do seu contrato.
Denúncia
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O trabalhador pode denunciar o contrato sem justa causa, mediante comunicação escrita
enviada ao empregador com a antecedência mínima de 30 ou 60 dias, conforme tenha,
respectivamente, até dois anos ou mais de dois anos de antiguidade.
O instrumento de regulamentação colectiva de trabalho e o contrato de trabalho podem
alargar o prazo de aviso prévio até seis meses, relativamente a trabalhadores que ocupem
cargos de administração ou direcção, bem como funções de representação ou de
responsabilidade.
Sendo o contrato a termo, o trabalhador que se pretenda desvincular antes do decurso do
prazo acordado deve avisar o empregador com a antecedência mínima de 30 dias, se o contrato
tiver duração igual ou superior a seis meses, ou de 15 dias, se for de duração inferior.
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susceptível de posterior sindicância pelos Tribunais de Trabalho, em caso de eventual
impugnação judicial.
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Para que se verifique a justa causa de despedimento é necessária a verificação cumulativa de
três requisitos:
– Um, de natureza subjectiva, que se traduz num comportamento culposo do
trabalhador, por acção ou omissão do mesmo;
– Outro, de natureza objectiva, traduzindo na impossibilidade de subsistência da
relação jurídico-laboral, significativa de um juízo de censura jus laboral desse comportamento e
das respectivas consequências negativas pela sua gravidade compromete, irremediavelmente a
manutenção da relação de trabalho;
– Um terceiro que é o da existência de nexo de causalidade entre aquele
comportamento e esta impossibilidade de subsistência da relação laboral.
Para apreciação da justa causa haverá que atender-se, no quadro de gestão da empresa, ao
grau de lesão dos interesses do empregador, ao carácter das relações entre as partes ou entre
o trabalhador e os seus companheiros e às demais circunstâncias que no caso se mostrem
relevantes.
Também deverá atender-se à prática disciplinar seguida na empresa para casos semelhantes,
devendo sempre que possível recorrer-se às sanções conservatórias do vínculo laboral,
previstas no artigo 328.º do Código Laboral e, só em caso extremo se deverá avançar para a
sanção mais grave que é o despedimento.
Assim a ponderação de uma decisão de despedimento deverá terem conta factores como:
– Gravidade do acto praticado em si mesmo;
– Gravidade do acto quanto às suas consequências;
– Reiteração da conduta do trabalhador;
– Tempo e lugar da ocorrência do acto ou comportamento;
– Tipo de interesses violados da entidade patronal, e lesões verificadas pela conduta do
trabalhador;
– Modelo de relações entre o trabalhador e a empresa;
– O carácter público ou privado do comportamento do trabalhador;
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– Modelo de relações entre o trabalhador e colegas de trabalho;
– Funções exercidas pelo trabalhador e seu enquadramento na estrutura da empresa;
– Prática disciplinar na empresa.
Assim a título de exemplo, será de despedir com justa causa um trabalhador que chame nomes
ao seu superior hierárquico de forma pública a todos os trabalhadores, dentro do seu horário e
local de trabalho tal como será caso de despedimento com justa causa, mesmo que tal
aconteça no café e fora do local de trabalho pois tal tem repercussões graves de autoridade
dentro da empresa.
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Já não será de despedir com justa causa um trabalhador que o faz dentro de um quadro de
grande tensão psicológica, provocado pelo sucessivo pagamento de salários em atraso, quando
o trabalhador sabia que era esse seu superior hierárquico que ordenava o pagamento em
atraso do seu salário, de forma sucessiva e reiterada com o fim de provocar que o trabalhador
se despedisse.
Despedimento colectivo
Nos termos do artigo 359.º do Código Laboral considera-se despedimento colectivo a cessação
de contratos de trabalho promovida pelo empregador, caso de verifique os seguintes
requisitos:
– Que a cessação abranja, de forma simultânea ou sucessivamente no período de três
meses;
– Pelo menos, dois ou cinco trabalhadores, conforme se trate, respectivamente, de
microempresa (até 10 trabalhadores) e de pequena empresa (até 50 trabalhadores), por
um lado, ou de média (até 200 trabalhadores) e grande empresa (mais de 200
trabalhadores);
– Sempre que a cessação dos contratos se fundamente em encerramento de uma ou
várias secções ou estrutura equivalente, ou redução de pessoal determinada por
motivos de mercado, estruturais ou tecnológicos.
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3. Motivos tecnológicos – alterações nas técnicas ou processos de fabrico,
automatização dos instrumentos de produção, de controlo ou de movimentação de cargas,
bem como informatização de serviços ou automatização de meios de comunicação.
Durante o prazo de aviso prévio, o trabalhador pode, mediante declaração com a antecedência
mínima de três dias úteis, fazer cessar o contrato, sem prejuízo do direito à compensação.
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Despedimento por extinção do posto de trabalho
Nos termos do disposto no artigo 367.º do CT define-se a extinção do posto de trabalho como
um despedimento justificado por motivos económicos, tanto de mercado como estruturais ou
tecnológicos, relativos à empresa, nos termos previstos para o despedimento colectivo.
Nos termos do disposto no artigo 368.º do CT o despedimento por extinção do posto de
trabalho só pode ter lugar desde que, cumulativamente, se verifiquem os seguintes requisitos:
a) Os motivos indicados não sejam devidos a uma actuação culposa do empregador ou
do trabalhador;
b) Seja praticamente impossível a subsistência da relação de trabalho;
c) Não se verifique a existência de contratos a termo para as tarefas correspondentes às
do posto de trabalho extinto;
d) Não se aplique o regime previsto para o despedimento colectivo;
e) Seja posta à disposição do trabalhador a compensação devida.
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extinto, tem direito a reocupar o posto de trabalho anterior, com garantia da mesma
retribuição base, salvo se este também tiver sido extinto.
Os direitos do trabalhador cujo contrato de trabalho cesse nos termos da presente são iguais
aos já explicados nesta unidade para o caso do despedimento colectivo.
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b) Tenha sido ministrada formação profissional adequada às modificações do posto de
trabalho, sob controlo pedagógico da autoridade competente ou de entidade formadora
certificada;
c) Tenha sido facultado ao trabalhador, após a formação, um período de adaptação de,
pelo menos, 30 dias, no posto de trabalho, ou fora dele sempre que o exercício de funções
naquele posto seja susceptível de causar prejuízos ou riscos para a segurança e saúde do
trabalhador, de outros trabalhadores ou de terceiros;
d) Não exista na empresa outro posto de trabalho disponível e compatível com a
qualificação profissional do trabalhador;
e) A situação de inadaptação não decorra de falta de condições de segurança e saúde no
trabalho imputável ao empregador;
f) Seja posta à disposição do trabalhador a compensação devida.
7 BIBLIGRAFIA/WEBGRAFIA
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PINTO, Mário - Direito do Trabalho (Introdução - Relações Colectivas de Trabalho),
Lisboa, 1996
www.act.pt
www.ucp.pt
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