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Mestrado

NUTRIÇÃO CLÍNICA

Variação ponderal
e comportamento alimentar:
restrição, alimentação intuitiva e
consciente e autoeficácia alimentar

Francielle Rodrigues da Fonseca Rech

M
2020
Variação ponderal e comportamento alimentar:
restrição, alimentação intuitiva e consciente e autoeficácia alimentar

Weight variation and eating behavior:


Restriction, intuitive and mindful eating and eating self-efficacy

Francielle Rodrigues Da Fonseca Rech

Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto

Orientador: Rui Poínhos


Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
Coorientadora: Lydiane Bragunci Bedeschi
Instituto de Alimentação Consciente e Intuitiva

Dissertação de candidatura ao grau de Mestre em Nutrição Clínica apresentada à


Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto

2020
Agradecimentos

Ao Grando Poderoso, Criador de Tudo.


À minha família pelo amor e presença, mesmo distante.
Ao estimado Professor Rui Poínhos pela orientação, apoio, conhecimento e ensinamentos.
E estende-se este agradecimento à Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação
da Universidade do Porto (FCNAUP).
À Lydiane Bragunci pela grandiosa contribuição, disponibilidade e partilha.
Aos amigos que compartilharam desta experiência e ofereceram seu incentivo e contribuição.
Resumo

Introdução: A dificuldade na manutenção do peso perdido e consequente variação cíclica


ponderal envolve aspectos comportamentais alimentares relevantes. Enquanto as restrições
alimentares têm apresentado implicações desfavoráveis sobre o comportamento alimentar, as
dimensões do comportamento alimentar baseadas na alimentação intuitiva e consciente, tal como
a autoeficácia alimentar, parecem fortalecer a construção de atitudes alimentares adaptativas.
Objetivo: Relacionar as dimensões do comportamento alimentar (controle rígido e flexível,
alimentação intuitiva, alimentação consciente e autoeficácia alimentar) com o estado ponderal, a
variação ponderal e os motivos associados.
Metodologia: Estudou-se uma amostra de conveniência composta por 252 adultos portugueses
(71,8% do sexo feminino) com idade média de 37 anos (DP = 12) e média do IMC de 24,5 kg/m2
(DP = 4,6). Os dados antropométricos (altura, peso atual, peso desejado e variação de peso no
último ano) foram autorelatados. A variação de peso foi classificada em: “peso estável”, “perda
de peso”, “ganho de peso” e “peso cíclico”. Para estudar o comportamento alimentar aplicaram-
se as Sub-Escalas de Controlo Flexível e Rígido do Comportamento Alimentar, a Escala de
Alimentação Intuitiva, o Questionário de Alimentação Consciente e a Escala de Auto-Eficácia
Alimentar Global.
Resultados: O controle rígido foi associado ao maior IMC e ambos tipos de controle (rígido e
flexível) apresentaram relação com a variação cíclica ponderal. No sentido oposto, houve uma
relação entre alimentação intuitiva e a estabilidade de peso, tal como uma associação com o
menor IMC. A autoeficácia alimentar, além de estar associada ao menor IMC, indicou uma
relação com a perda de peso. A relação da alimentação consciente total para com as variáveis do
peso não apresentou diferença estatística significativa, exceto para alguns dos seus componentes.
A regressão linear indicou como preditores de maior IMC no sexo feminino níveis superiores de
controle rígido e inferiores de autoeficácia alimentar. Num modelo de regressão logística,
destaca-se o controle rígido e a alimentação intuitiva como preditores dos grupos de evolução
ponderal no sexo masculino, e destes se verificou que os grupos com ganho de peso e “peso
cíclico” tinham um nível mais baixo de alimentação intuitiva do que o grupo com peso estável.
Considerações finais: Futuras pesquisas longitudinais podem esclarecer e aprofundar a direção
destas relações. Todavia, esta pesquisa salienta a implicação clínica de estratégias
comportamentais, baseadas nos princípios da alimentação intuitiva, na consciência alimentar e na
autoeficácia relacionada à alimentação, que visem a gestão do peso.

Palavras-Chave: Comportamento alimentar, estabilidade do peso, alimentação intuitiva,


alimentação consciente, autoeficácia alimentar, controle rígido e flexível.
Abstract

Introduction: The difficulty in maintaining lost weight and consequent weight cycling involves
relevant eating behavior features. While eating restriction have had unfavorable implications on
eating behavior, dimensions of eating behavior based on intuitive and conscious eating, such as
eating self-efficacy, seem to strengthen the construction of adaptative eating attitudes.
Objective: To relate eating behavior dimensions (rigid and flexible control, intuitive eating,
mindful eating and eating self-efficacy) with the ponderal status, weight variation and associated
motives.
Methodology: We studied a convenience sample composed of 252 Portuguese adults (71.8%
female) with a mean age of 37 years (SD = 12) and mean BMI of 24.5 kg/m 2 (SD = 4.6). The
anthropometric data (height, current weight, desired weight and weight variation in the last year)
were self-reported. The weight variation was classified as: "stable weight", "weight loss",
"weight gain" and "cyclic weight". To study eating behavior the Subcales of Flexible and Rigid
Control of Eating Behavior, the Intuitive Eating Scale, the Mindful Eating Questionnaire and the
Global Eating Self-efficacy Scale were applied.
Results: Rigid control was associated to higher BMI and both types of control (rigid and
flexible) presented a relationship with the cyclic variation in weight. In the opposite direction,
there was a relationship between intuitive eating and weight stability, as with lower BMI. Eating
self-efficacy, besides being associated with lower BMI, was related to weight loss. The
relationship of mindful eating (total) with the weight variables did not present significant
statistical difference, except for some of components. Linear regression indicated as predictors of
higher BMI among females higher levels of rigid control and lower levels of eating self-efficacy.
In a logistic regression model, rigid control and intuitive eating were predictors of weight
evolution groups among males, but only the groups with weight gain and "cyclic weight" had a
lower level of intuitive eating than the group with stable weight.
Final remarks: Additional longitudinal researches may investigate and clarify the direction of
these relationships. However, this research highlights the clinical implication of behavioral
strategies based on the principles of intuitive eating, mindful eating and eating self-efficacy
aimed at weight management.

Keywords: Eating behavior, weight stability, intuitive eating, mindful eating, eating self-
efficacy, rigid and flexible control.
ÍNDICE

Agradecimentos ............................................................................................................................ 12

Resumo ......................................................................................................................................... 13

Abstract ......................................................................................................................................... 14

Lista de Siglas e Acrónimos ......................................................................................................... 17

Lista de Figuras ............................................................................................................................. 18

Lista de Tabelas ............................................................................................................................ 19

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 21

1.1 Comportamento alimentar, restrição alimentar e aspectos ponderais ........................... 23

1.2 Dimensões do comportamento alimentar...................................................................... 26


1.2.1 Controle rígido e flexível .......................................................................................... 26
1.2.2 Alimentação intuitiva ................................................................................................ 27
1.2.3 Alimentação consciente ............................................................................................ 28
1.2.4 Autoeficácia alimentar .............................................................................................. 29

1.3 Relações entre dimensões do comportamento alimentar .............................................. 30

2. OBJETIVOS ......................................................................................................................... 32

2.1 Objetivos Geral ............................................................................................................. 32

2.2 Objetivos Específicos.................................................................................................... 32

3. HIPÓTESES ......................................................................................................................... 33

4. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................. 34

4.1 Sub-escalas de Controlo Rígido e Flexível ................................................................... 35

4.2 Escala de Alimentação Intuitiva ................................................................................... 36

4.3 Questionário de Alimentação Consciente ..................................................................... 36

4.4 Escala de Auto-Eficácia Alimentar Global ................................................................... 37

4.5 Análise estatística.......................................................................................................... 37


5. RESULTADOS..................................................................................................................... 38

5.1 Caracteristicas antropométricas .................................................................................... 38

5.2 Trajetória e motivos da variação ponderal .................................................................... 39

5.3 Relação do comportamento alimentar com outras variáveis ........................................ 42


5.3.1 Comportamento alimentar por sexo .......................................................................... 42
5.3.2 Estado ponderal e a relação com o comportamento alimentar ................................. 43
5.3.3 Trajetória da variação ponderal e sua relação com o comportamento alimentar ...... 46
5.3.4 Motivos da variação ponderal e o comportamento alimentar ................................... 50

6. DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 56

6.1 Trajetória e motivos da variação ponderal .................................................................... 57

6.2 Relação entre as dimensões do comportamento alimentar e outras características ...... 60


6.2.1 Comportamento alimentar por sexo .......................................................................... 60
6.2.2 Estado ponderal e a relação com o comportamento alimentar ................................. 62
6.2.3 Trajetória da variação ponderal e sua relação com o comportamento alimentar ...... 64
6.2.4 Motivos da variação ponderal e o comportamento alimentar ................................... 67

7. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................. 71

8. REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 73
Lista de Siglas e Acrónimos

AC: Alimentação consciente


AC-C: Consciência
AC-DIS: Distração
AC-DES: Desinibição
AC-EX: Estímulos Internos.
AC-RE: Respostas Emocionais
AEA: Escala de Auto-eficácia Alimentar
AI: Alimentação intuitiva
AI-PIC: Permissão incondicional para comer
AI-ARF: Alimentação por razões físicas em vez de emocionais
AI-CSI: Confiança em sinais internos de fome e saciedade
CF: Controle flexível
CR: Controle rígido
Lista de Figuras

Figura 1 - Regressão linear para o peso desejado a partir do IMC, por sexo. ............................. 39
Figura 2 - Caracterização da trajetória do peso auto-reportada da amostra, por sexo. ................ 40
Figura 3 - Média e desvio padrão do IMC para a trajetória do peso por sexo. ............................ 40
Lista de Tabelas

Tabela 1 - Classificação por classes de IMC (n = 252). .............................................................. 38


Tabela 2 - Motivos relacionados à variação ponderal por sexo. .................................................. 41
Tabela 3 - Comportamento alimentar por sexo. ........................................................................... 42
Tabela 4 - Correlações entre o IMC e o comportamento alimentar, por trajetória do peso, para o
sexo feminino. ............................................................................................................................... 44
Tabela 5 - Correlações entre o IMC e o comportamento alimentar, por trajetória do peso, para o
sexo masculino. ............................................................................................................................. 45
Tabela 6 - Regressão linear múltipla para prever IMC a partir da idade e comportamento
alimentar. ...................................................................................................................................... 46
Tabela 7 - Média e desvio-padrão para o comportamento alimentar e a trajetória do peso, para o
sexo feminino. ............................................................................................................................... 47
Tabela 8 - Média e desvio-padrão para o comportamento alimentar e a trajetória do peso, para o
sexo masculino. ............................................................................................................................. 48
Tabela 9 - Modelo de Regressão multinominal logística para prever a variação do peso a partir
das variáveis idade, IMC e do comportamento alimentar, para o sexo feminino. ........................ 49
Tabela 10 - Modelo de Regressão multinominal logística para prever a variação do peso a partir
das variáveis idade, IMC e do comportamento alimentar, para o sexo masculino. ...................... 49
Tabela 11 - Comportamento alimentar em função dos motivos reportados para a perda de peso,
por sexo feminino. ........................................................................................................................ 52
Tabela 12 - Comportamento alimentar em função dos motivos reportados para a perda de peso,
por sexo masculino. ...................................................................................................................... 53
Tabela 13 - Comportamento alimentar em função dos motivos reportados para o ganho de peso,
por sexo feminino. ........................................................................................................................ 54
Tabela 14 - Comportamento alimentar em função dos motivos reportados para o ganho de peso,
por sexo masculino ....................................................................................................................... 55
1. INTRODUÇÃO

O comer, em uma visão ampla, é uma função que tem influência dos aspectos econômico,
político, social, cultural, existencial e fisiológico. Assim, o ato de comer está relatando a história
pessoal do sujeito, pois o que se come, o como e o quando se come, são elementos repletos de
significações e assegura a sua humanidade, através do dinamismo das relações sociais (1).
Crenças, pensamentos, sentimentos, comportamentos e relacionamentos com os
alimentos definem a atitude alimentar. O comportamento alimentar está inserido nas atitudes
alimentares e se refere ao como comemos e as ações relacionadas neste ato, influenciando as
escolhas alimentares. Assim, para mudar comportamentos é preciso considerar os afetos,
cognições e as crenças sobre comida (2, 3).
O comportamento alimentar é constituído por conceitos teóricos ou construtos no âmbito
da alimentação, incluindo consumo, modo de comer e outras questões relacionadas ao alimento
(sabor, prazer, aparência, valor nutricional), mas seus principais determinantes são biológicos
(baseados nos mecanismos de regulação fisiológica, especificamente fome e saciedade),
psicológicos, sociais, culturais e contextuais (2, 4). A escolha alimentar pode ser um
comportamento que envolve decisões conscientes, mas outras automáticas e habituais (5).
Alterações emocionais e sociais influenciam as mudanças no comportamento alimentar,
podendo, consequentemente, trazer influências à saúde dos indivíduos. Conceitualmente, saúde é
um estado de bem-estar físico, mental e social, transcendendo a ausência de doenças (6).
Alterações no comportamento alimentar, portanto, influenciam o bem-estar e, junto com outros
fatores, podem contribuir na determinação ponderal, podendo promover o excesso de peso, que
afeta quase 30% da população mundial (2.1 bilhões) e 57% da população adulta em Portugal
(2017) (7, 8).
Muitas evidências na literatura referem o impacto do excesso de peso na saúde por estar
associado a inúmeras patologias e distúrbios metabólicos, tais como: resistência à insulina,
Diabetes Mellitus tipo 2, hipertensão arterial, dislipidemia e alterações psiscológicas, com
impacto no bem-estar do indivíduo (9-12). Porém, o peso não deve ser o único indicador de
saúde, uma vez que as alterações metabólicas não são encontradas em todos os obesos (13-15).
Além de que estratégias para redução deste parâmetro por meio das restrições alimentares não
têm apresentado efeitos significativos em indicadores de saúde, podendo contribuir para a
diminuição da saúde (16, 17).
No entanto, frente aos padrões sociais e culturais e ao ambiente “obesogênico” e de culto
ao corpo, há um aumento de indivíduos, tanto com excesso de peso ou normoponderais, que
buscam a prática de restrições alimentares ou energéticas, afetando significativamente suas
escolhas alimentares e a forma como se relacionam com a comida (18-20). Tais restrições e
privações, além de evidenciarem ciclos repetidos de perda e recuperação de peso, têm
apresentado consequências negativas sobre o comportamento alimentar, distúrbios alimentares,
preocupação com o corpo, sofrimento ao realizar escolhar alimentares, além da redução da auto-
estima e aumento da ansiedade (21-26).
Apesar de todas as relevantes questões acerca dos problemas relacionados ao excesso de
peso, o manejo do peso nos indivíduos ainda é um desafio global, tendo que nos últimos 33 anos
nenhum país conseguiu reduzir índices de obesidade (12). Neste contexto, o aumento na
prevalência de excesso de peso à nível global (de 36,7% de 2007 para 2017) vem provocando
outros problemas na saúde humana e ambiental (27, 28).
Especificamente em relação ao excesso de peso, a Organização Mundial de Saúde (OMS)
recomenda como estratégia estudar os fatores que influenciam a adesão à terapêutica dietética e a
manutenção da perda de peso e suas várias interfaces (10). No entanto, as intervenções restritivas
para o controle de peso têm demonstrado que os efeitos são pequenos e, as vezes prejudiciais ao
comportamento alimentar, além de pouco sustentáveis no longo prazo (12, 29, 30). Neste
sentido, parece que estabelecer uma atitude alimentar adaptativa e consciente e incrementar
competências autorregulatórias e de autocontrole podem contribuir para o estado ponderal,
gestão do peso e comportamento alimentar (31-34).
O comportamento alimentar adaptativo tem como indicadores a ausência de
características relacionadas com perturbações alimentares, como restrição alimentar e compulsão
alimentar (35). Neste contexto, estudos referem que a alimentação intutiva e consciente podem
mapear o comportamento alimentar adaptativo (16, 36-38). Isso em razão de que a alimentação
consciente baseia-se em aumentar a consciência no momento presente, praticando o não-
julgamento associado ao comer e observar as sensações do corpo, pensamentos e emoções,
possibilitando identificar os fatores emocionais e externos ou físicos (como fome e saciedade)
relacionados ao comer (39). E a alimentação intuitiva enfatiza confiar nos sinais internos (fome e
saciedade), a permissāo para comer e, também, relaciona-se com a mudança congnitiva ao
reduzir o comer emocional e aumentar a aceitação corporal (40).
Pesquisas recentes que objetivaram conhecer aspectos e efeitos destas dimensões
destacam que há distinções entre elas, mas ainda que tais teorias sejam baseadas em premissas
diferentes em relação às cognições e comportamentos alimentares, compartilham conteúdo
similar e fortalecem a construção de atitudes alimentares favoráveis e funcionais (34, 36).
Reconhece-se que a restrição na alimentação e perturbações no comportamento alimentar
têm sido muito investigados e, paralelamente a este foco, outras pesquisas se concentram na
avaliação das atitudes alimentares e medidas adaptativas do comportamento alimentar,
especificamente às dimensões da alimentação consciente e da alimentação intuitiva (40-43). No
que se refere a repercussão do comportamento alimentar na gestão do peso, a autoeficácia
alimentar também tem sido associada à perda de peso e considerada um bom preditor nas
atitudes alimentares (44-46).

1.1 Comportamento alimentar, restrição alimentar e aspectos ponderais

Conforme o aumento nos índices de excesso de peso, pesquisas vêm quantificando e


delimitando os aspectos do comportamento alimentar, bem como as relações entre o comer e os
aspectos da saúde dos indivíduos envolvidos. O processo de redução e manutenção de peso é
árduo e envolve interações complexas entre fatores comportamentais, fisiológicos, ambientais e
cognitivos/psicossociais (47).
Pesquisadores concluem que as atuais estratégias de tratamento não cirúrgico da
obesidade, até mesmo intervenções baseadas na restrição energética ou alimentar e na atividade
física, não estão a conseguir alcançar uma perda clinicamente significativa e sustentada do peso
corporal e sugerem investigações para desenvolver políticas de saúde pública mais efetivas (29,
48, 49).
Um estudo longitudinal realizado no Reino Unido, analisou durante 9 anos (2004-2014)
dados de 76 704 mil homens obesos e 99 791 mil mulheres obesas e obtiveram que a
probabilidade anual de atingir o peso normal pelos indivíduos com Obesidade grau I (Índice de
Massa Corporal - IMC entre 30,0 e 34,9 kg/m2) era de 1 em 210 para os homens e 1 em 124 para
as mulheres (49).
A restrição alimentar ou energética possibilitam a redução de peso a curto prazo, mas os
indivíduos tendem a ganhá-lo de volta ao longo do tempo (entre 2 a 5 anos), indicando que a
recuperação do peso é a resposta comum a longo prazo, e não a exceção (17, 21). Outros estudos
retratam uma taxa de sucesso global na manutenção de peso em apenas 10-20% dos indivíduos
(48, 50). E, em torno de 90% dos indivíduos referem tentativas anteriores sem sucesso (51). Por
outro lado, o menor número de tentativas de perda de peso anteriores está associado ao sucesso
na perda de peso e na manutenção do peso perdido (33, 52).
Em Portugal, 198 adultos que participaram do Registo de Controlo de Peso Português,
mesmo que reportaram manutenção do peso perdido (média de 17,4 kg) durante 29 meses em
média, no entanto, relativamente ao número de tentativas de redução do peso reportadas, 73%
indicaram já ter realizado até três tentativas anteriores de perda de peso (53).
Um estudo de coorte realizado com 4129 gêmeos, entre 16 e 25 anos, investigou a
associação entre o ato de realizar restrição alimentar com objetivo intencional de perda de peso e
o ganho de peso e encontrou as chances de excesso de peso significativamente maiores em
indivíduos com uma ou duas situações de perda de peso intencional, quando comparado com
aqueles sem perda de peso intencional (54). A longo prazo, o resultado da restrição alimentar
ainda pode ser o oposto do objetivo desejado, ou seja, aumentar o risco de ganho de peso (55).
Contudo, esta prática restritiva não se limita às pessoas com excesso de peso. Mesmo em
indivíduos normoponderais, estudos prospectivos prevêem fortemente o ganho de peso no futuro
(18). Neste contexto, a ciclagem de peso foi associada à vários fatores de risco metabólicos e
cardiovasculares em indivíduos com peso normal (56).
Entre as barreiras específicas que promovem a recuperação de peso estão as adaptações
fisiológicas e metabólicas (18, 47). A privação de alimentos afeta também a interocepção,
especificamente, os sinais de fome e saciedade, influenciando a ingestão alimentar (57, 58).
Outra possível explicação que permeia este paradoxo da restrição e peso é a ingestão desinibida
de comedores restritivos, que é também um fator de estresse, fonte de frustação e potencial fator
promotor da hiperemocionalidade em indivíduos restritivos com excesso de peso ou não (59-61).
Adicionalmente, quando o foco está na perda de peso, esta preocupação interfere na sua
habilidade de realizar escolhas conscientes e baseadas nos seus sinais intuitivos (40).
Alguns autores enfatizam a influência do processo de condicionamento na alimentação e
apetite, e indicam que as privações alimentares para perda de peso não desfazem
permanentemente os efeitos do condicionamento (62, 63).
Um estudo apontou quatro principais fatores considerados como barreiras para a
manutenção da perda de peso: fome hedônica: o alimento como prazer; sofrimento psicológico:
eventos estressantes, demandas excessivas, ansiedade; compulsão alimentar: perda de controle
alimentar, associadas ao tédio e fissura alimentar; e desmoralização: sentimento de baixa
autoeficácia, baixa motivação e falta de apoio social. A identificação destas vulnerabilidades
durante os primeiros anos após a perda de peso permite e reforça a necessidade de reavaliar as
diferentes abordagens que possam ser utilizadas no sentido de minimizar as dificuldades na
manutenção da perda de peso (64).
Em resumo, as evidências apontam a baixa aplicabilidade e sustentabilidade dos
tratamentos atuais baseados na restrição alimentar e exige-se refletir e investigar o
comportamento alimentar em outras dimensões que visem a eficácia e a mudança
comportamental, mantendo a saúde física e mental. Princípios baseados na redução da
alimentação emocional e na promoção de uma alimentação flexível, com auto-regulação
alimentar e uma abordagem não dicotómica apresentam-se mais eficazes na manutenção de peso
(65). Alguns autores referem alguns determinantes psicológicos, como a autoeficácia relacionada
à aspectos alimentares, relevantes na mudança de comportamento (66).
Outras dimensões no âmbito do comportamento alimentar adaptativo têm sido adotados e
incentivados abstraindo o foco da restrição e controle alimentar, entre eles destacam-se a
alimentação intuitiva e a consciente (67). Em ambos, apesar do emagrecimento não ser um
objetivo específico, referem processos alimentares que se baseiam na conexão mente-corpo e
consciência e parecem se relacionar com menor peso, regulação do peso e condutas alimentares
mais saudáveis (34, 67, 68).
1.2 Dimensões do comportamento alimentar

1.2.1 Controle rígido e flexível

As estratégias de controle rígido na alimentação são determinadas pela restrição


alimentar, enquanto que o controle flexível se refere à uma menor ingestão alimentar, no entanto
com atitudes menos drásticas e expectativas de perda de peso mais moderadas (22).
Portanto, a Teoria da Restrição, proposta por Herman e Polivy, está associada a um
padrão alimentar caracterizado por ciclos de restrição intercalados por ciclos de desinibição (61).
Enquanto, o controle flexível ao usar de normas menos restritas, envolvendo o consumo de
porções menores de alimento para regular o peso ou por compensação, associa-se por isso a
menor desinibição (22, 69).
A distinção entre controle flexível e rígida pode ser relevante para compreender como os
esforços cognitivos para restringir a ingestão alimentar podem influenciar o controle de peso
(65). O "comedor rígido" valoriza a restrição do aporte energético e não o fazer, pode originar
uma resposta emocional negativa e uma maior probabilidade de comportamentos
compensatórios, incluindo uma restrição ainda mais rigorosa, exercício compulsivo, ou
comportamentos contra-regulatórios, tais como compulsão alimentar (70).
Estudos mostram que existe uma associação positiva entre restrição alimentar e peso, o
que indica que um padrão restritivo do comportamento alimentar está intimamente relacionado
com o excesso de peso e pode prever o aumento do IMC após alguns anos (22, 23, 55, 71).
O controle rígido também está associado com a perda de controle e dificuldade da auto-
regulação no comportamento alimentar (22, 60, 72). Além da privação, outros fatores
desinibidores são os fatores cognitivos e emocionais, tal como o humor disfórico, que indicam
que comedores restritivos procuram conforto e consolo na comida (60, 73).
Assim, comportamentos alimentares restritivos e rígidos dificultam a manutenção de peso
a longo prazo, provavelmente por estar relacionada à desibinição, a dicotomização dos alimentos
(alimentos permitidos vs. proibidos) e por promover desejos alimentares, enquanto que pessoas
que referem um controle flexível apresentam maior sucesso neste aspecto, se permitindo
desfrutar de todos os alimentos e compensando as refeições mais energéticas que ocorrem
naturalmente nas refeições subsequentes. Talvez um padrão mais flexível de auto-regulação
alimentar possa estar associado negativamente ao IMC (74), o que poderia representar uma
estratégia adaptativa com vantagens no controle de peso a longo prazo, enquanto o controle
rígido possa estar associado ao fracasso (22, 65, 72).
Apesar desta flexibilidade ser mais interessante ao comparar com a rigidez nas atitudes
alimentares, um estudo de Tylka, Calogero e Daníelsdóttir (2015) refere que este tipo de
controle, mesmo que se aproxime da dimensão de comportamento alimentar mais adaptativa e
intuitiva, ainda apresenta intersecções representativas com o controle rígido (75).

1.2.2 Alimentação intuitiva

A alimentação intuitiva envolve a capacidade de se conectar e compreender a fome e


sinais de saciedade, em vez de se envolver em comportamentos alimentares reativos por meio de
estímulos externos ou emocionais (40). Algumas características específicas desta dimensão são o
reconhecimento de sinais de fome e saciedade interna para determinar quando e quanto comer e
a confiança nos sinais do corpo; comer por razões físicas e não emocionais ou para aliviar ou
evitar a aflição emocional; e a permissão incondicional para comer, o que inclui o não
julgamento ou dicotomização dos alimentos (40, 76).
Esta dimensão do comportamento alimentar é composta por princípios baseados em
aumentar ou cultivar a consciência: honrar sua fome, respeitar sua saciedade, descobrir o fator de
satisfação; e remover os obstáculos que impedem a consciência corporal: evitar o julgamento e
pensamentos dicotômicos dos alimentos, honrar seus sentimentos sem usar a comida; e respeitar
o corpo e honrar a saúde praticando uma alimentação gentil (40).
Os princícios com o foco em sinais físicos, como fome e saciedade, promovem que
nossas sensações internas devem ser nosso guia para comer e atender a fome é fundamental para
comer uma quantidade que satisfaçam as necessidades de nossos corpos. Da mesma forma, sentir
a saciedade e respeitá-la exige comer com atenção, estar atento aos sinais do corpo e considerar o
fator de satisfação (40).
Comer por razões físicas e não emocionais se apresenta como um dos fundamentos mais
relevantes nesta dimensão, devido a relevância e influência das emoções no ato de comer, na
maioria emoções negativas como ansiedade, depressão, raiva e solidão (40, 77). Estudos têm
observado associação direta do comer emocional para com o peso (78, 79).
A alimentação intuitiva foi associada ao menor peso, menor perda de peso desejado e a
estabilidade do peso, tal como com um comportamento alimentar adaptativo e saúde física e
mental (38, 41, 75, 80-84). Um estudo de coorte, com 1491 indivíduos durante 8 anos (2010 a
2018), contribuiu para fortalecer esta base de evidência do efeito da alimentação intuitiva ao
examinar o seu potencial associado aos seguintes comportamentos alimentares: menor
probabilidade de compulsão alimentar e de comportamentos não saudáveis ou extremos de
controle de peso; e ainda, prevê longitudinalmente uma melhor saúde psicológica, por exemplo
menos sintomas depressivos e maior autoestima e satisfação corporal (85). Estes resultados
fortalecem o reconhecimento das competências envolvidas na alimentação intuitiva serem
favoráveis para melhorar mediadores do comportamento alimentar (85).

1.2.3 Alimentação consciente

A alimentação consciente advém do conceito de “mindfulness”, traduzido em atenção


plena e desenvolvido por Jon Kabat Zinn. Atenção plena relaciona-se com a qualidade da
consciência, e é definida pelo ato de estar atento de forma intencional e com postura de aceitação
e não julgamento às experiências, pensamentos, sensações e sentimentos que surgem no
momento presente, estando em pleno engajamento com o ambiente e a atividade desempenhada,
sendo esse um estado oposto ao modo automático de funcionamento (86).
No contexto da nutrição, a alimentação consciente (mindful eating) refere-se a uma
abertura, gentileza, curiosidade e não julgamento em suas experiências alimentares e ao
relacionamento prazeroso e compassivo com o corpo e a comida. Estar atento ao ato de se
alimentar parece aumentar a consciência do sinais internos no ato de comer, ao invés do fatores
externos, possibilitando escolhas alimentares conscientes relacionadas à qualidade e quantidade
ao comer (42, 87).
O conceito da alimentação consciente também incentiva que o indíviduo esteja consciente
do momento presente enquanto come, do efeito da comida sobre os sentidos e das sensações
físicas e emocionais em resposta à alimentação (43, 68, 88).
Intervenções baseadas em atenção plena demonstraram sua eficácia no comportamento
alimentar relacionado à compulsão alimentar, perda de peso, capacidade de identificar sinais de
fome e saciedade e um maior autocontrole, que possivelmente reduz o consumo impulsivo em
resposta a estressores emocionais (87-89).
O interesse nesta área tem abrangido também a população normoponderal. Uma revisão
de literatura, que avaliou os efeitos de intervenções baseadas em Atenção Plena ou alimentação
consciente realizada com ambos os grupos (excesso de peso ou não), encontraram resultados
positivos em relaçāo ao peso e comportamento alimentar, em especial na compulsão alimentar,
comer emocional, influência de fatores externos, desejos alimentares, atitudes alimentares,
consciência da fome e escolhas alimentares (34). Outras investigações sugerem ser uma
estratégia no tratamento dos transtornos alimentares e para promover atitude e comportamento
alimentar saudável (39, 88, 90-94).
Estudos apontam que, ao relacionarar o nível de atenção plena e alimentação consciente
com o peso, aqueles indivíduos que são mais conscientes na vida diária e/ou que tenham uma
alimentação consciente tendem a ter menores índices de massa corporal (IMC), uma redução de
peso corporal (39, 90, 94-97) e, em específico a atenção plena, indicou manutenção de peso a
longo prazo (98). Mesmo que alguns autores apontam que talvez esta dimensão baseada na
consciência alimentar seja mais preventiva ao aumento de peso, inferindo que há falta de
evidências consistentes no manutenção de peso, todavia, há que ressaltar a relevância dos
princípios e aspectos desta dimensão no incremento de benefícios substanciais relacionados ao
comportamento alimentar e atitudes alimentares (34, 96).

1.2.4 Autoeficácia alimentar

A autoeficácia é advinda da Teoria Sociocognitiva de Bandura, a qual explica o


comportamento humano baseado na interação do indivíduo com o meio ambiente que está
inserido e os seus processos cognitivos e emocionais (99, 100). Neste conceito, a autoeficácia é
definida pela crença na capacidade de auto-regular um comportamento e o juízo do indivíduo
relacionado à sua capacidade de organizar e executar planos de ação para alcançar resultados;
refere-se à sensação que o mesmo tem sobre os próprios comportamentos, podendo não
corresponder à realidade, mas sim ao julgamento que faz (99). Indivíduos com baixa autoeficácia
podem evitar atividades e ambientes por se sentirem incapazes de lidar com dificuldades, uma
vez que tendem a focar em suas deficiências (101).
Os processos envolvidos na regulação da eficácia são o cognitivo, a motivação, o afetivo
e o de seleção. E são quatro os fatores que formam a expectativa de autoeficácia: realizações
pessoais, baseadas em experiências de sucesso que se generalizem a outras situações; observação
de experiências bem sucedidas que geram no observador a expectativa de possibilidade;
persuasão verbal que estimulam a enfrentar situações diversa; e respostas emocionais advindas
de situações geradoras de estresse e que podem interferir na percepção da competência pessoal
(100).
Aplicado ao contexto da alimentação, a autoeficácia alimentar pode ser desafiada por
aspectos relacionados a estados internos, como estado emocional ou externos como atividades
sociais ou situações com fácil acesso à comida (45, 46, 102).
A autoeficácia apresenta-se promissora nos diversos comportamentos de saúde, mais
concretamente na alteração de comportamentos alimentares incluindo a gestão do peso, ao
considerar que esta variável determina a iniciação, manutenção e abandono de estratégias e
comportamentos (32, 52, 103). Investigações revelam que indivíduos que referem maior
autoeficácia geral e alimentar apresentavam menor IMC (104, 105), maior êxito na redução de
peso (106-108) e manutenção de peso (45, 109). Observou-se também uma associação entre a
baixa autoeficácia alimentar relacionada com as desordens alimentares, inclusive compulsão
alimentar (99, 103, 110).

1.3 Relações entre dimensões do comportamento alimentar

Conceitualmente, o controle flexível tem um efeito favorável associado com a


manutenção do peso, quando comparado ao controle rígido (22, 65, 69). Mas comparado à
alimentação intuitiva, outros achados obtiveram que o controle flexível esteve relacionado em
uma direção positiva ao controle rígido e ao maior peso, e sugerem que promover princípios
alimentares intuitivos seja mais efetivo (26, 75).
Quando nos remetemos à estabilidade do peso, a alimentação intuitiva foi associada
positivamente, enquanto o controle rígido (restringir a ingestão de alimentos com o objetivo de
controlar o peso corporal) e flexível (comer porções menores de alimentos para controlar o peso
e compensação) foram relacionados à maior instabilidade do peso, retrospectivamente, durante
um ano (26).
Um estudo que observou a relação entre constructos alimentares, encontrou associações
negativas entre as medidas alimentares adaptativas (alimentação intuitiva e consciente, regulação
do comer excessivo) e a restrição alimentar e ingestão emocional e externa, sendo as mais fortes
entre as subescalas da alimentação intuitiva e a ingestão emocional e restrição alimentar (34, 67).
A alimentação intuitiva apresenta resultados semelhantes à alimentação consciente em
relação ao peso e atitudes alimentares favoráveis, como a maior capacidade de lidar com
compulsão alimentar, com a ingestão emocional e de comer em resposta à estímulos externos
(34). O programa de intervenção Eat for Life que integrou ambas dimensões combinando
princípios intuitivos e de consciência alimentar indicou um aumento significativo nos níveis de
de apreciação corporal e uma redução do descontrole alimentar (68).
Apesar dos resultados ainda não esclarecem completamente suas relações, autores
sugerem ser conceitos representativos do comportamento alimentar que se complementam (67,
83, 111). Enquanto a alimentação intuitiva promove uma mudança cognitiva e de mentalidade
em relação ao comer, na consciência da fome e da saciedade, no comer emocional e na aceitação
corporal, a alimentação consciente oferece consciência corporal e emprega práticas de atenção
plena com resultados positivos no comer em excesso com a intenção de normalizar o consumo e
quantidade no momento de comer (34, 41, 89).
Face ao exposto, realizou-se um aprofundamento desta temática para avaliar as relações
destas dimensões do comportamento alimentar associados aos aspectos ponderais, que permite
fornecer maior suporte em contextos do comportamento alimentar em Portugal. Esta pesquisa
evidencia atitudes alimentares e sua relação na estabilidade do peso que possibilitará reflexões,
conhecimentos e ações mais efetivas em contextos de saúde e qualidade de vida.
2. OBJETIVOS

2.1 Objetivos Geral

Relacionar o comportamento alimentar de adultos portugueses com o estado ponderal, a


variação ponderal e os motivos associados a esta variação.

2.2 Objetivos Específicos

- Caraterizar a amostra em termos de IMC atual e IMC correspondente ao peso desejado,


variação ponderal no último ano e motivos associados a essa variação;
- Estudar a relação entre dimensões do comportamento alimentar (controle rígido e flexível,
alimentação intuitiva, alimentação consciente e autoeficácia alimentar) e o IMC atual, a variação
ponderal ocorrida no ano anterior e os motivos associados a essa variação.
3. HIPÓTESES

Foram formuladas as seguintes hipóteses:

- O controle rígido e flexível está associado a maior IMC atual e a maior variação ponderal no
ano anterior.
- Níveis mais elevados de alimentação intuitiva e consciente e de autoeficácia alimentar estão
associados a menor IMC atual e menor variação ponderal no ano anterior.
- As dimensões do comportamento alimentar, especificamente o controle rígido e flexível,
alimentação intuitiva e consciente e autoeficácia alimentar, tem uma relação significativa com os
motivos da variação ponderal.
4. MATERIAL E MÉTODOS

A recolha de dados foi realizada no período de novembro de 2019 a março de 2020. A


amostra foi de conveniência, composta por adultos portugueses com nacionalidade e residência
em Portugal (idades compreendidas entre os 18 e os 64 anos). Foram critérios de exclusão:
gestantes ou mulheres com partos há menos de 12 meses e pessoas submetidas a cirurgia
bariátrica. Foi efetuado cálculo de tamanho amostral, sendo que para uma correlação de 0,2 ser
significativa com alfa = 0,05 e beta = 0,2 o tamanho amostral mínimo seriam 194 participantes.
Foram contactados 334 potenciais participantes da população geral (em escolas, instituições
privadas, serviços de retalho e através de contatos pessoais), dos quais 272 aceitaram participar
no estudo (taxa de participação de 81,4%). Foram excluídos da análise os dados de participantes
com preenchimento incompleto dos questionários (n = 16). Posteriormente, e devido ao reduzido
número de participantes com obesidade mórbida (IMC ≥ 40,0 kg/m2; n = 4) e grande dispersão
desses valores de IMC, os dados destes foram também excluídos da análise. No total, foram
analisados neste trabalho dados de 252 participantes.
A pesquisa teve parecer favorável pelo Comissão de Ética da Universidade do Porto
(Parecer N 86/CEUP/2019). Os participantes foram recrutados por contato pessoal pelos
investigadores e aos indivíduos que optaram por participar da pesquisa foram entregues o
documento informacional, bem como a Declaração de Consentimento.
Os dados coletados foram baseados em características sóciodemográficas e
antropométricas auto-relatadas, entre elas a altura, peso (atual e desejado) e a variação ponderal
obtida a partir do relato de peso mínimo e máximo no último ano. O IMC foi calculado e
classificado de acordo com a Organização Mundial de Saúde - OMS (112).
Para conhecer a variação ponderal no último ano e os motivos associados foi elaborado
no âmbito desta pesquisa um questionário específico. Por esse motivo, o mesmo foi submetido a
um pré-teste, na sequência do qual foram reformuladas algumas questões e itens. Na versão final
foi pedido aos participantes que indicassem a sua concordância ou não com cada uma das
seguintes afirmações: “Durante o último ano o meu peso manteve-se estável”; “Houve períodos
durante o último ano em que o meu peso diminuiu”; e “Houve períodos durante o último ano em
que o meu peso aumentou”.
A partir destas respostas, a trajetória ponderal no último ano foi classificada em: “peso
estável”, “perda de peso”, “ganho de peso” e “peso cíclico” que indica que o indivíduo referiu
variações no peso em ambas direções no último ano.
Como opções que motivaram a perda ou ganho de peso as alternativas dadas foram: “De
forma intencional (por exemplo, fazer dieta para reduzir/aumentar o peso)”; “Por efeito directo
de doença física ou tratamento”; e “Por outro motivo. Qual?”. Em função das respostas obtidas,
os motivos de perda ou ganho de peso foram reagrupados da seguinte forma: Alimentação;
Atividade física; Fatores psicológicos/emocionais/sociais; e Doença ou alterações fisiológicas. O
motivo “alimentação” incluiu, em termos de perda de peso, a perda intencional por alteração na
alimentação (por exemplo: “fazer dieta para reduzir o peso”), e em termos de ganho de peso por
alteração na alimentação (por exemplo: “descuido com a alimentação”). Nos motivos envolvidos
no ganho de peso acrescentou-se o aumento de peso intencional, que se refere a indivíduos que
aumentaram de peso intencionalmente através do aumento da massa muscular ou por se acharem
muito magros. Estresse e ansiedade foram incluídos nos fatores psicológicos, de acordo com a
classificação do Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (Diagnostic and
Statistical Manual of Mental Disorders - DMS 5) (113).
Para conhecer o comportamento alimentar aplicaram-se os seguintes questionários:

4.1 Sub-escalas de Controlo Rígido e Flexível

Para avaliação da restrição foram utilizadas as sub-escalas de Controlo Flexível e


Controlo Rígido do comportamento alimentar propostas por Westenhoefer et al. (1999) (22) e
adaptadas e validadas para a população portuguesa por Poínhos et al. (2013) (74). Este
instrumento inclui 25 itens (11 correspondentes à sub-escala de Controlo Flexível e 14 à de
Controlo Rígido), alguns com 4 possibilidades de resposta e outros como “Verdadeiro” ou
“Falso”, sendo variáveis as respostas cotadas. As pontuações nas sub-escalas podem variar entre
0 e 11 e entre 0 e 14 pontos, respectivamente para o Controlo Flexível e para o Controlo Rígido,
sendo que pontuações superiores correspondem a nível mais elevado do respectivo tipo de
restrição.
4.2 Escala de Alimentação Intuitiva

Esta escala avalia a capacidade do indivíduo em reconhecer as pistas internas ao se


alimentar, ao invés das pistas externas ou emoções. A versão portuguesa de Pinto-Gouveia e
Azevedo (2013) (36), obtida a partir da versão original (Intuitive eating Scale - IES) de Tylka
(2006) (35), é composta por 20 itens distribuídos em 3 subescalas: permissão incondicional para
comer (9 itens); comer por razões físicas em vez de razões emocionais (5 itens); e confiança em
pistas internas de fome e saciedade (6 itens). Cada item é respondido numa escala de Likert de 1
“Discordo fortemente” a 5 “Concordo fortemente”, permitindo pontuações entre 20 e 100, sendo
que pontuações superiores indicam nível mais elevado de Alimentação Intutiva, tal como nas
subescalas.

4.3 Questionário de Alimentação Consciente

Para estudar a consciência associada a alimentação utilizou-se o Questionário de


Alimentação Consciente, elaborado por Framson et al. (2009) (90) com tradução e adaptação
para Português do Brasil por Lucena-Santos, Oliveira e Pinto-Gouveia (2013) (114). Dada a
ausência de versão em Português Europeu, os autores da pesquisa fizeram alterações para
adequação às normas do mesmo.
O questionário é composto por 28 itens que avaliam o grau de atenção no momento de
comer e a capacidade de responder aos indicadores de fome e saciedade, graduando em cinco
etapas de fatores alimentares conscientes: desinibição (8 itens): continuar comendo mesmo
depois de estar satisfeito; consciência (7 itens): estar atento e apreciar a comida e seus efeitos nos
sentidos; estímulos externos (6 itens): comer em resposta a estímulos ambientais; resposta
emocional (4 itens): comer em resposta a estados emocionais; e distração (3 itens): estar atento
ou focar-se em outras coisas enquanto come (114).
Cada item é respondido numa escala de Likert de 4 pontos, variando de 1 “Nunca/quase
nunca” a 4 “Quase sempre/sempre”; quatro itens possuem uma opção adicional indicando que
aquela situação não se aplicava. As médias da subescalas e do total podem variar de 1 a 4, sendo
que quanto maior a pontuação maior a consciência alimentar.
4.4 Escala de Auto-Eficácia Alimentar Global

Esta escala (Poínhos et al., 2013) (115) permitiu avaliar os aspectos gerais de Auto-
Eficácia Alimentar Global, e é composta com 5 itens (avaliados numa escala de cinco pontos,
entre “Não concordo” e “Concordo muitíssimo”). A pontuação total é obtida através do
somatório das cotações de cada item, numa escala de 5 a 25: quanto maior for a pontuação obtida
maior a autoeficácia alimentar do indivíduo.

4.5 Análise estatística

Os dados foram analisados com o programa IBM SPSS versão 25.0 para Windows. A
estatística descritiva consistiu no cálculo de frequências absolutas (n) e relativas (%) e de médias
(M) e desvios-padrão (DP). A normalidade das variáveis cardinais foi avaliada pelos coeficientes
de simetria e de achatamento. Calculou-se o coeficiente de correlação de Pearson (r) para avaliar
o grau de associação entre pares de variáveis. O teste t de student foi utilizado para comparar
médias de pares de amostras independentes e emparelhadas. A comparação de mais de duas
amostras independentes foi realizada através da ANOVA One-Way, sendo realizados testes post-
hoc com correção de Bonferroni sempre que aplicável. A independência entre pares de variáveis
foi feita através do teste exato de Fisher. Foram ainda feitos modelos de regressão linear e de
regressão multinomial logística. Rejeitou-se a hipótese nula quando p < 0,05.
Devido às diferenças em termos de comportamento alimentar entre sexos, toda a análise
foi realizada separadamente por sexos.
5. RESULTADOS

5.1 Caracteristicas antropométricas

Os 252 participantes tinham uma média de idade de 37 anos (DP = 12). A maioria (n =
181; 71,8%) era do sexo feminino e 18,3% (n = 46) eram profissionais da área da saúde (18
enfermeiros, 11 profissionais de Ciências da Saúde, 7 médicos, 6 de desporto/ educação física e 4
nutricionistas). Os participantes eram maioritariamente normoponderais, com cerca de um terço
a apresentar excesso de peso (Tabela 1).

Tabela 1 - Classificação por classes de IMC (n = 252).


Sexo Feminino Sexo Masculino Total
n (%) n (%) n (%)
IMC (kg/m2)*
Baixo peso (< 18,5) 3 (1,7%) 1 (1,4%) 4 (1,6%)
Normoponderabilidade [18,5; 25,0[ 129 (71,3%) 35 (49,3%) 164 (64,1%)
Pré-obesidade [25,0; 30,0[ 34 (18,8%) 28 (39,4%) 62 (24,2%)
Obesidade grau I [30,0; 34,9[ 12 (7,2%) 3 (4,2%) 16 (6,3%)
Obesidade grau II [35,0; 39,9[ 2 (1,1%) 4 (5,6%) 10 (3,9%)
*OMS, 2000 (112).

A média do IMC da amostra foi 24,5 kg/m2 (DP = 4,6), sendo significativamente inferior
nas mulheres (média = 23,6 kg/m2 e DP = 3,7 vs. 25,7 e DP = 3,9; p < 0,001). Já quando
questionados sobre o peso desejado, a média do IMC correspondente foi para 22,6 kg/m2 (DP =
2,5), sendo também inferior nas participantes do sexo feminino (média = 21,9 kg/m 2 e DP = 2,3
vs. 24,4 e DP = 2,1; p < 0,001). A média de IMC desejado foi inferior à do IMC atual (p < 0,001
para ambos os sexos).
Calcularam-se modelos de regressão linear simples para prever o IMC desejado a partir
do IMC atual. Para ambos os sexos os modelos foram significativos (p < 0,001), sendo que para
as mulheres o modelo explicava cerca de dois terços da variância do IMC desejado (R2 ajustado
= 66,0%) e para os homens 54,3% (Figura 1).
Figura 1 - Regressão linear para o peso desejado a partir do IMC, por sexo.

5.2 Trajetória e motivos da variação ponderal

Na Figura 2 apresenta-se a trajetória do peso auto reportada pelos indivíduos no último


ano. A estabilidade de peso foi verificada em 35,9% (n = 88) da amostra, indicando que o
restante teve variação de peso no último ano, perda ou ganho de peso (n = 51 e n = 48,
respectivamente) ou ambos (“peso cíclico”) (n = 65), em média de 3,7 kg (DP = 3,0). Os homens
referem em maior proporção estabilidade no peso, enquanto que nos demais grupos de evolução
ponderal os resultados são semelhantes em ambos os sexos, apenas em destaque um percentual
maior de mulheres que aumentaram de peso.
Figura 2 - Caracterização da trajetória do peso auto-reportada da amostra, por sexo.

Quando o IMC foi avaliado de acordo com a trajetória do peso (Figura 3) obteve-se
diferença significativa de IMC entre os quatro grupos (p = 0,042), porém os testes post-hoc não
revelam diferenças entre quaisquer pares de grupos. Ao fazer esta análise por sexo, há diferenças
apenas para o sexo feminino (p = 0,016), e os testes post-hoc revelam diferenças apenas entre os
grupos com peso estável e ganho de peso (p = 0,021).

* p = < 0,05 entre os grupos

Figura 3 - Média e desvio padrão do IMC para a trajetória do peso por sexo.
Os motivos relacionados com a alteração do peso no último ano por sexo estão descritos
na Tabela 2. O principal motivo citado para a diminuição de peso foi reduzir intencionalmente
através da alimentação (restrição energética, controle alimentar ou redução de algum alimento
específico). Outros motivos menos prevalentes foram fatores psicológicos, emocionais e sociais
(ansiedade, estresse emocional ou profissional, mudança de país); questões relacionadas com
doença ou alterações fisiológicas (gastrite aguda, anemia, diminuição do uso de corticoterapia); e
aumento na prática da atividade física ou inatividade que promoveu perda de massa muscular.
Referente os aspectos relacionados à alimentação como motivos para o aumento de peso,
justificativas como “descuido com a alimentação”, “deixar ou sair da dieta”, comer mais
determinados alimentos (hidratos de carbono, gordura ou doces) e por ter mais apetite foram
mais prevalente. Entre outros motivos referidos encontram-se fatores psicológicos emocionais e
sociais (ansiedade, estresse, depressão e alterações no âmbito de trabalho); doenças ou alterações
fisiológicas (alteração na tireóide, alterações hormonais, efeito de anticoncepcional ou
medicamento e metabolismo lento); ausência ou pouca atividade física; e o aumento intencional
para aumento da massa muscular.
Para as variáveis relacionados à variação do peso de acordo com o sexo verifica-se que,
significativamente, as mulheres referiram em maior proporção (do que os homens): diminuir de
peso por fatores psicológicos/emocionais/sociais e aumentar de peso por questões de doença ou
fator fisiológico associadas, principalmente, às alterações hormonais.

Tabela 2 - Motivos relacionados à variação ponderal por sexo.


Motivo Sexo Feminino Sexo Masculino Total
n (%) n (%) p* n (%)
Perda de peso
Alimentação 47 (26%) 22 (31%) 0,435 69 (27,4%)
Fatores pscicológicos, emocionais e sociais 21 (11,6%) 2 (2,8%) 0,029 23 (9,1%)
Doença ou fator fisiológico 12 (6,6%) 5 (7%) 1,000 17 (6,7%)
Atividade física 7 (3,9%) 5 (7%) 0,327 12 (4,8%)
Ganho de peso
Alimentação 29 (16,0%) 14 (19,7%) 0,464 43 (17,1%)
Fatores psicológicos, emocionais e sociais 16 (8,8%) 3 (4,2%) 0,292 19 (7,5%)
Doença ou fator fisiológico 17 (9,4%) 1 (1,4%) 0,028 18 (7,1%)
Atividade física 10 (5,5%) 8 (11,3%) 0,171 18 (7,1%)
Intencional 7 (3,9%) 5 (7%) 0,327 12 (4,8%)
* Teste exato de Fisher
5.3 Relação do comportamento alimentar com outras variáveis

5.3.1 Comportamento alimentar por sexo

A comparação do comportamento alimentar entre sexos está descrita na Tabela 3. As


mulheres relatam maior controle rígido e flexível, mas apenas para o controle flexível a diferença
foi significativa. Indivíduos do sexo masculino tinham valores significativamente maiores na
alimentação intuitiva total e afirmam maior permissão incondicional para comer e se alimentar
por razões físicas em vez de emocionais.
Apesar da ausência de diferenças na pontuação total da alimentação consciente entre os
participantes do sexo feminino e masculino, relativamente às suas componentes os homens
reportaram signifitivamente maior consciência alimentar em termos de desinibição, enquanto que
mulheres reportaram significativamente maior consciência alimentar na resposta emocional
associada à comida.

Tabela 3 - Comportamento alimentar por sexo.


Comportamento alimentar Sexo feminino Sexo masculino
[n = 181] [n = 71]
Média ± DP Média ± DP p*
Controle rígido 5,7 ± 3,0 4,9 ± 2,8 0,052
Controle flexível 6,3 ± 3,0 5,3 ± 2,6 0,007
Alimentação intuitiva -Total 64,8 ± 10,0 69,7 ± 8,9 < 0,001
Permissão incondicional para comer 27,4 ± 5,6 29,8 ± 5,7 0,003
Alimentação por razões físicas 14,9 ± 4,8 17,5 ± 4,8 < 0,001
em vez de emocionais
Confiança em sinais internos 22,5 ± 3,1 22,4 ± 3,0 0,841
de fome e saciedade
Alimentação consciente - Total 2,1 ± 0,3 2,2 ± 0,3 0,200
Consciência 2,2 ± 0,5 2,3 ± 0,5 0,079
Distração 2,3 ± 0,6 2,3 ± 0,7 0,744
Desinibição 2,0 ± 0,6 2,2 ± 0,6 0,004
Respostas emocionais 1,9 ± 0,6 1,7 ± 0,7 0,042
Estímulos externos 2,3 ± 0,6 2,5 ± 0,6 0,110
Autoeficácia alimentar 11,3 ± 3,9 11,2 ± 4,0 0,979
* Teste t de Student para amostras independentes
5.3.2 Estado ponderal e a relação com o comportamento alimentar

As associações entre o IMC e as dimensões do comportamento alimentar, quer no total


quer por grupos da trajetória de peso (estável, redução de peso, ganho de peso, “peso cíclico”)
estão descritos na Tabela 4 e 5, respectivamente para o sexo feminino e masculino.
Especificamente nas mulheres, as associações encontradas foram fracas ou muito fracas.
Quanto ao controle rígido e flexível, apenas o controle rígido apresentou uma associação positiva
com o IMC. Considerando separadamente os quatro grupos de evolução ponderal, esta
associação verificou-se unicamente no grupo com “peso cíclico”.
A alimentação intuitiva (total e subescalas permissão incondicional para comer e
confiança em sinais internos) foram associadas negativamente com o IMC. Referente aos grupos,
a alimentação intuitiva total e a permissão incondicional para comer apresentaram esta
associação no grupo com “peso cíclico”.
Na alimentação consciente, a consciência alimentar em termos de estímulos externos
apresentou uma associação positiva com o IMC. Quando investigada esta dimensão nos grupos,
verificou-se esta associação nos grupos com peso estável e “peso cíclico”.
A autoeficácia alimentar se associou negativamente com o IMC e, relativamente aos
grupos, esta associação verificou-se nos grupos com perda de peso e ganho de peso.
Tabela 4 - Correlações entre o IMC e o comportamento alimentar, por trajetória do peso, para o
sexo feminino.
Comportamento alimentar Peso Perda de Ganho de Peso Total
estável peso peso Cíclico
[n = 61] [n = 37] [n = 36] [n = 47] [n = 181]
r (p) r (p) r (p) r (p) r (p)
Controle rígido 0,190 0,074 0,192 0,407 0,248
(0,142) (0,663) (0,261) (0,005) (< 0,001)
Controle flexível 0,150 -0,019 -0,154 -0,269 0,085
(0,250) (0,913) (0,369) (0,068) (0,255)
Alimentação intuitiva - Total -0,139 -0,314 -0,294 -0,308 -0,275
(0,286) (0,058) (0,082) (0,035) (< 0,001)
Permissão incondicional para comer -0,178 -0,203 -0,196 -0,319 -0,251
(0,170) (0,228) (0,251) (0,029) (< 0,001)
Alimentação por razões físicas 0,041 -0,261 -0,219 -0,097 -0,110
em vez de emocionais (0,756) (0,119) (0,200) (0,515) (0,142)
Confiança em sinais internos -0,183 -0,305 -0,200 -0,281 -0,265
de fome e saciedade (0,157) (0,066) (0,243) (0,055) (< 0,001)
Alimentação consciente - Total 0,217 0,232 0,200 -0,003 0,136
(0,093) (0,168) (0,242) (0,986) (0,069)
Consciência 0,205 0,080 -0,046 -0,037 0,018
(0,113) (0,638) (0,790) (0,806) (0,809)
Distração 0,085 0,066 0,086 -0,106 0,021
(0,513) (0,696) (0,619) (0,477) (0,777)
Desinibição 0,111 0,115 0,230 -0,079 0,075
(0,395) (0,497) (0,177) (0,598) (0,314)
Respostas emocionais -0,087 0,217 0,207 -0,083 0,055
(0,505) (0,196) (0,227) (0,580) (0,466)
Estímulos externos 0,271 0,202 -0,018 0,291 0,194
(0,035) (0,231) (0,915) (0,047) (0,009)
Autoeficácia alimentar -0,069 -0,342 -0,338 -0,265 -0,215
(0,598) (0,038) (0,044) (0,072) (0,004)
r = coeficiente de correlação de Pearson.

Para os homens (Tabela 5), foram constatadas correlações com associação moderada
apenas considerando separadamente os quatro grupos evolução ponderal. Verificou-se uma
associação positiva do controle rígido com o IMC unicamente no grupo com perda de peso e
uma associação negativa entre a confiança nos seus sinais de fome e saciedade (alimentação
intuitiva) e o IMC unicamente no grupo com “peso cíclico”.
Tabela 5 - Correlações entre o IMC e o comportamento alimentar, por trajetória do peso, para o
sexo masculino.
Comportamento alimentar Peso Perda de Ganho de Peso Total
estável peso peso Cíclico
[n = 27] [n = 14] [n = 12] [n = 18] [n = 71]
r (p) r (p) r (p) r (p) r (p)
Controle rígido -0,055 0,548 -0,199 -0,010 0,057
(0,787) (0,043) (0,535) (0,970) (0,637)
Controle flexível 0,073 0,307 -0,298 -0,377 -0,044
(0,716) (0,286) (0,347) (0,123) (0,716)
Alimentação intuitiva - Total -0,045 0,072 -0,414 -0,202 -0,186
(0,824) (0,806) (0,181) (0,423) (0,120)
Permissão incondicional para comer -0,014 -0,091 -0,227 0,035 -0,064
(0,944) (0,756) (0,477) (0,889) (0,598)
Alimentação por razões físicas 0,056 -0,139 -0,251 -0,114 -0,129
em vez de emocionais (0,780) (0,637) (0,432) (0,653) (0,285)
Confiança em sinais internos -0,017 -0,122 -0,353 -0,543 -0,228
de fome e saciedade (0,935) (0,677) (0,261) (0,020) (0,055)
Alimentação consciente - Total 0,255 -0,040 0,205 0,308 0,219
(0,199) (0,892) (0,522) (0,214) (0,067)
Consciência 0,060 -0,249 -0,124 0,048 -0,011
(0,768) (0,390) (0,702) (0,850) (0,930)
Distração 0,184 -0,236 0,174 0,022 0,074
(0,359) (0,416) (0,590) (0,930) (0,537)
Desinibição -0,003 -0,065 0,295 0,341 0,136
(0,988) (0,826) (0,352) (0,165) (0,260)
Respostas emocionais -0,139 0,299 0,265 0,415 0,212
(0,490) (0,300) (0,405) (0,087) (0,077)
Estímulos externos 0,244 0,201 -0,174 -0,059 0,124
(0,220) (0,295) (0,589) (0,817) (0,302)
Autoeficácia alimentar -0,216 0,275 -0,061 -0,246 -0,131
(0,279) (0,342) (0,851) (0,325) (0,278)
r = coeficiente de correlação de Pearson.

Foram feitos modelos de regressão linear múltipla para prever, separadamente para
mulheres e homens, o IMC atual a partir da idade e das pontuações nas escalas de
comportamento alimentar: controle rígido, controle flexível, alimentação intuitiva (total),
alimentação consciente (total) e autoeficácia alimentar (Tabela 6).
Para o sexo feminino o modelo foi significativo (p < 0,001), explicando cerca de um
quinto da variância do IMC (R2 ajustado = 0,189). Níveis superiores de controle rígido e
inferiores de autoeficácia alimentar estiveram associados a maior IMC, assim como idade mais
elevada. As pontuações do controle flexível e nas escalas de alimentação intuitiva ou
alimentação consciente não foram preditores significativos do IMC atual.
Quanto ao sexo masculino, o modelo não foi significativo (p = 0,122; R2 ajustado =
0,061), e apenas uma idade mais elevada se associou significativamente a maior IMC.

Tabela 6 - Regressão linear múltipla para prever IMC a partir da idade e comportamento
alimentar.
Sexo Feminino Sexo Masculino
β* p β* p
Idade 0,282 < 0,001 0,273 0,032

Comportamento alimentar
Controle rígido 0,305 0,003 0,158 0,369
Controle flexível - 0,117 0,253 - 0,153 0,380
Alimentação intuitiva - Total - 0,087 0,324 - 0,073 0,611
Alimentação consciente - Total - 0,013 0,878 0,238 0,093
Autoeficácia alimentar - 0,191 0,017 0,013 0,921
* Coeficientes padronizados

5.3.3 Trajetória da variação ponderal e sua relação com o comportamento alimentar

Ao analisar as trajetórias da variação do peso, os resultados referente às dimensões do


comportamento alimentar para o sexo feminino (Tabela 7) indicaram diferenças entre as médias
dos grupos (peso estável, perda de peso, ganho de peso, “peso cíclico”) em ambos os tipos de
controle alimentar (rígido e flexível) e na autoeficácia alimentar. E para a alimentação intuitiva e
consciente, mesmo não apresentando diferenças significativas na sua dimensão como um todo,
no entanto os valores nas componentes permissão incondicional para comer e confiança em
sinais internos de fome e saciedade da alimentação intuitiva e a componente consciência da
alimentação consciente apresentaram diferenças entre os grupos.
Os testes post-hoc revelaram que participantes do sexo feminino com “peso cíclico”
referiram maior controle rígido e flexível comparado aquelas com peso estável. Aquelas em que
o peso aumentou relataram menor controle rígido do que aqueles que referiram “peso cíclico”.
Relativamente à alimentação intuitiva, aqueles indivíduos com peso estável afirmaram se
permitir comer incondicionalmente, comparado com aqueles que referiram “peso cíclico”; e,
ainda, maior confiança nos sinais do corpo (fome e saciedade) no grupo com estabilidade de peso
ao comparar com o grupo que aumentou de peso. Para a alimentação consciente em termos de
consciência não revelou-se diferenças entre quaisquer pares. E, verificou-se maior autoeficácia
alimentar naquelas que referiram perda de peso em comparação com aquelas que aumentaram de
peso.

Tabela 7 - Média e desvio-padrão para o comportamento alimentar e a trajetória do peso, para o


sexo feminino.
Peso Perda de Ganho de Peso
estável peso peso cíclico
[n = 61] [n = 37] [n = 36] [n = 47]
Média ± DP Média ± DP Média ± DP Média ± DP p
Controle rígido 4,7 ± 2,7 ab 6,0 ± 2,5 ab 5,4 ± 3,1a 7,1 ± 3,1 b < 0,001
Controle flexível 5,6 ± 3,1 a 6,8 ± 2,6 ab 5,9 ± 3,7 ab 7,3 ± 2,1 b 0,016
Alimentação intuitiva - Total 67,0 ± 10,1 65,2±10,5 64,1 ± 8,8 62,3 ± 10,1 0,116

Permissão incondicional para comer 29,2 ± 5,8 a 26,6 ± 5,3 ab 27,6 ± 4,5 ab 25,5 ± 5,9 b 0,007
Alimentação por razões físicas 14,9 ± 4,8 15,8 ± 5,0 15,4 ± 4,9 14,1 ± 4,4 0,388
em vez de emocionais
Confiança em sinais internos 23,0 ± 3,1 a 22,8 ± 3,0 ab 21,0 ± 3,1 b 22,7 ± 2,9 ab 0,017
de fome e saciedade
Alimentação consciente - Total 2,2 ± 0,3 2,1 ± 0,3 2,1 ± 0,3 2,2 ± 0,3 0,462

Consciência 2,4 ± 0,5 a 2,1 ± 0,5 a 2,2 ± 0,5 a 2,1 ± 0,5 a 0,034
Distração 2,3 ± 0,6 2,2 ± 0,6 2,3 ± 0,6 2,4 ± 0,7 0,477
Desinibição 2,0 ± 0,6 1,9 ± 0,5 1,9 ± 0,6 2,0 ± 0,6 0,502
Respostas emocionais 1,8 ± 0,6 1,7 ± 0,6 1,9 ± 0,6 2,0 ± 0,6 0,433
Estímulos externos 2,4 ± 0,6 2,4 ± 0,5 2,4 ± 0,6 2,2 ± 0,6 0,216
Autoeficácia alimentar 10,9 ± 4,0 ab 12,6 ± 3,4 a 10,2 ± 4,1 b 11,5 ± 3,7 ab 0,047
Nota: A presença da mesma letra em expoente indica ausência de diferença entre pares nos testes post-hoc.

No sexo masculino (Tabela 8), apenas o controle rígido e a subescala da alimentação


intuitiva: confiança em sinais internos de fome e saciedade apresentaram diferenças entre os
grupos de evolução ponderal. Enquanto que os testes post hoc indicaram diferenças apenas nos
homens com estabilidade de peso que afirmaram confiar mais em seus sinais internos,
comparado aqueles com “peso cíclico” ou que tiveram ganho de peso.
Tabela 8 - Média e desvio-padrão para o comportamento alimentar e a trajetória do peso, para o
sexo masculino.
Peso Perda de Ganho de Peso
Comportamento alimentar estável peso peso cíclico
[n = 27] [n = 14] [n = 12] [n = 18]
Média ± DP Média ± DP Média ± DP Média ± DP p
a a a a
Controle rígido 4,2 ± 2,6 6,4 ± 2,7 3,7 ± 2,9 5,6 ± 2,7 0,026
Controle flexível 5,0 ± 2,8 5,9 ± 2,8 4,8 ± 2,8 5,5 ± 2,2 0,635
Alimentação intuitiva - Total 72,9 ± 8,7 69,4±6,9 68,3 ± 9,5 66,0 ± 9,2 0,072

Permissão incondicional para comer 30,4 ± 6,2 28,7 ± 4,5 31,7 ± 5,8 28,5 ± 5,7 0,405
Alimentação por razões físicas 18,5 ± 4,8 18,7 ± 3,6 15,6 ± 5,8 16,2 ± 4,7 0,151
em vez de emocionais
Confiança em sinais internos 24,0 ± 2,0 a 21,9 ± 3,4 ab 21,1 ± 3,2 b 21,3 ± 2,8 b 0,003
de fome e saciedade
Alimentação consciente - Total 2,2 ± 0,3 2,2 ± 0,2 2,2 ± 0,4 2,2 ± 0,3 0,909

Consciência 2,3 ± 0,5 2,5 ± 0,5 2,3 ± 0,6 2,4 ± 0,4 0,476
Distração 2,4 ± 0,7 2,4 ± 0,6 2,1 ± 0,7 2,2 ± 0,7 0,661
Desinibição 2,2 ± 0,6 2,8 ± 0,5 2,1 ± 0,6 2,3 ± 0,5 0,820
Respostas emocionais 1,7 ± 0,8 1,4 ± 0,3 1,9 ± 0,9 1,7 ± 0,6 0,276
Estímulos externos 2,5 ± 0,7 2,5 ± 0,6 2,5 ± 0,4 2,5 ± 0,5 0,997
Autoeficácia alimentar 10,7 ± 4,5 10,9 ± 2,8 12,5 ± 4,4 11,4 ± 4,1 0,636
Nota: A presença da mesma letra em expoente indica ausência de diferença entre pares nos testes post-hoc.

Foi usado um modelo de regressão multinomial logística para prever, separadamente para
mulheres e homens, os grupos de evolução ponderal (considerando o grupo peso estável como
referência) a partir do sexo, idade, IMC e das pontuações nas escalas de comportamento
alimentar: controle rígido, controle flexível, alimentação intuitiva (total), alimentação consciente
(total) e autoeficácia alimentar (Tabelas 9 e 10).
No sexo feminino o modelo previu significativamente os grupos de evolução ponderal (p
= 0,003; R2 parcial de Nagelkerke = 0,227), mas nenhuma das variáveis independentes foi
preditor significativo.
Tabela 9 - Modelo de Regressão multinominal logística para prever a variação do peso a partir
das variáveis idade, IMC e do comportamento alimentar, para o sexo feminino.
Total Perda de peso Ganho de peso Peso Cíclico
[n = 181] [n = 37] [n = 36] [n = 47]
p Exp p Exp p Exp p
(beta) (beta) (beta)
Idade 0,287 1,004 0,847 1,031 0,113 0,996 0,820
IMC atual 0,129 1,163 0,038 1,150 0,057 1,105 0,157
Comportamento alimentar
Controle rígido 0,099 1,109 0,373 1,113 0,369 1,305 0,016
Controle flexível 0,913 0,966 0,758 0,921 0,470 0,970 0,776
Alimentação intuitiva - Total 0,730 0,975 0,376 0,983 0,541 0,973 0,319
Alimentação consciente - Total 0,360 0,277 0,148 0,266 0,144 0,355 0,219
Autoeficácia alimentar 0,166 1,124 0,090 0,953 0,494 1,022 0,744
Grupo de referência: Peso estável (n = 61).

Já no masculino a previsão não foi significativa (p = 0,137; R2 parcial de Nagelkerke =


0,351), embora olhando individualmente para as variáveis independentes quer o nível de controle
rígido quer o de alimentação intuitiva seriam preditores significativos dos grupos de evolução
ponderal. Destas variáveis, se verificou que os grupos com ganho de peso e “peso cíclico”
tinham um nível mais baixo de alimentação intuitiva do que o grupo de referência (peso estável).

Tabela 10 - Modelo de Regressão multinominal logística para prever a variação do peso a partir
das variáveis idade, IMC e do comportamento alimentar, para o sexo masculino.
Total Perda de peso Ganho de peso Peso Cíclico
[n = 71] [n = 14] [n = 12] [n = 18]
p Exp p Exp p Exp p
(beta) (beta) (beta)
Idade 0,371 0,974 0,445 0,937 0,099 0,966 0,290
IMC atual 0,644 1,120 0,277 1,119 0,306 1,069 0,487
Comportamento alimentar
Controle rígido 0,021 1,480 0,056 0,703 0,162 1,151 0,448
Controle flexível 0,659 0,801 0,279 0,912 0,698 0,822 0,301
Alimentação intuitiva -Total 0,010 0,973 0,619 0,848 0,009 0,888 0,023
Alimentação consciente - Total 0,359 0,255 0,380 0,066 0,097 0,347 0,416
Autoeficácia alimentar 0,597 0,944 0,563 1,123 0,324 1,047 0,643
Grupo de referência: Peso estável (n = 27).
5.3.4 Motivos da variação ponderal e o comportamento alimentar

Nas Tabelas 11 a 14 comparam-se, separadamente por sexos, os participantes que


indicaram cada grupo de motivos associados ao ganho ou perda de peso em termos das
dimensões do comportamento alimentar estudadas. Para o sexo masculino não se relacionam os
motivos “fatores psicológicos, emocionais e sociais” associados a perda de peso e “fatores
psicológicos, emocionais e socias” e “doença” no ganho de peso, com o comportamento
alimentar, devido ao reduzido número de participantes que os indicaram (n = 2, n = 3 e n =1,
respectivamente).
Relativamente à perda de peso, verificou-se que, em ambos os sexos, participantes que
referiram a perda de peso de forma intencional, através da restrição alimentar, apresentavam
níveis mais elevados de controle rígido, menor nível de alimentação intuitiva e menor permissão
para comer (Tabelas 11 e 12). Algumas diferenças foram observadas apenas entre mulheres,
quando diminuíram o peso intencionalmente e apresentaram maior controle flexível, enquanto
que, significativamente, apenas entre os homens que reduziram de peso intencionalmente
relataram confiar menos em seus sinais de fome e saciedade.
Aos demais motivos associados na perda de peso, foram encontradas diferenças apenas
no sexo feminino: aquelas que tinham como justificativa os fatores
psicológicos/emocionais/sociais apresentaram maior pontuação na subescala confiança nos sinais
internos de fome e saciedade; e aquelas que perderam peso por doença indicaram níveis
inferiores nesta mesma subescala e maior controle rígido.
Naqueles indivíduos com aumento de peso por motivos relacionados à alimentação as
diferenças foram observadas apenas entre os homens que referiram aumento de peso devido a
“descuido com a alimentação” relacionado a menores pontuações na alimentação intuitiva e
afirmam menor permissão para comer, além de se alimentar mais por razões emocionais em vez
de físicas.
Para o aumento de peso motivado por fatores psicológicos, emocionais ou sociais as
mulheres apresentaram, significativamente, menor alimentação intuitiva e menor confiança em
sinais internos de fome e saciedade, além de maior consciência alimentar em termos das
respostas emocionais.
Menor autoeficácia alimentar e menor confiança em sinais internos de fome e saciedade
(alimentação intuitiva) foram observados nas mulheres que aumentaram de peso por doença ou
outras alterações hormonais.
Diferenças foram encontradas no grupo que aumentou de peso intencionalmente, através
do aumento da massa muscular ou por se acharem muito magros, e indicavam maior consciência
alimentar em termos de desibinição entre mulheres e menor consciência alimentar em termos de
respostas emocionais entre os homens.
A atividade física, relacionada tanto na perda quanto no ganho de peso, não apresentou
quaisquer relações com o comportamento alimentar.
Tabela 11 - Comportamento alimentar em função dos motivos reportados para a perda de peso, por sexo feminino.
Motivos relatados para perda de peso
Alimentação Psicológicos, emocionais e sociais Doença ou fator fisiológico Atividade física
Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não
[n = 47] [n = 134] [n = 21] [n = 160] [n = 12] [n = 169] [n = 7] [n = 174]
M ± DP M ± DP p* M ± DP M ± DP p* M ± DP M ± DP p* M ± DP M ± DP p*
CR 7,1 ± 2,7 5,2 ± 2,9 < 0,001 5,7 ± 2,5 5,7 ± 3,0 0,991 7,7 ± 3,2 5,6 ± 2,9 0,014 6,7 ± 2,7 5,7 ± 3,0 0,366
CF 7,6 ± 2,3 5,9 ± 3.0 < 0,001 6,6 ± 2,1 6,3 ± 3,0 0,582 7,3 ± 2,0 6,3 ± 3.0 0,123 6,6 ± 2,4 6,3 ± 3,0 0,847
AI-Total 62,1 ± 7,7 65,8 ± 10,6 0,013 65,3 ± 10,7 64,8 ± 10,0 0,825 60,0 ± 12,4 65,2 ± 9,8 0,085 66,7 ± 15,6 64,7 ± 9,8 0,614
AI-PIC 25,2 ± 4,6 28,2 ± 5,7 0,002 26,2 ± 5,1 27,5 ± 5,7 0,377 25,7 ± 6,8 27,5 ± 5,5 0,293 27,7 ± 7,5 27,4 ± 5,6 0,882
AI-ARF 14,2 ± 4,5 15,2 ± 4,8 0,251 14,6 ± 5,5 14,9 ± 4,7 0,853 13,6 ± 4,8 15,0 ± 4,8 0,308 16,7 ± 5,9 14,9 ± 5,9 0,319
AI-CSI 22,6 ± 2,5 22,4 ± 3,3 0,687 24,1 ± 2,4 22,3 ± 3,1 0,009 20,7 ± 3,0 22,6 ± 3,1 0,036 22,3 ± 4,2 22,5 ± 3,1 0,866
AC-Total 2,1 ± 0,3 2,1 ± 0,3 0,773 2,1 ± 0,4 2,1 ± 0,3 0,938 2,2 ± 0,3 2,1 ± 0,3 0,698 2,0 ± 0,3 2,1 ± 0,3 0,144
AC-C 2,2 ± 0,6 2,2 ± 0,5 0,421 2,0 ± 0,4 2,2 ± 0,5 0,111 2,1 ± 0,4 2,2 ± 0,5 0,670 1,9 ± 0,5 2,2 ± 0,5 0,146
AC-DIS 2,4 ± 0,6 2,3 ± 0,6 0,540 2,4 ± 0,8 2,3 ± 0,6 0,729 2,3 ± 0,5 2,3 ± 0,6 0,932 2,2 ± 0,6 2,3 ± 0,6 0,577
AC-DES 2,0 ± 05 1,9 ± 0,6 0,502 2,0 ± 0,5 2,0 ± 0,6 0,989 2,0 ± 0,6 2,0 ± 0,6 0,604 1,8 ± 0,6 1,9 ± 0,6 0,595
AC-RE 1,9 ± 0,5 1,8 ± 0,6 0,507 1,9 ± 0,6 1,9 ± 0,6 0,744 2,1 ± 0,7 1,8 ± 0,6 0,087 1,7 ± 0,7 1,9 ± 0,6 0,485
AC-EX 2,3 ± 0,6 2,4 ± 0,6 0,614 2,4 ± 0,6 2,3 ± 0,6 0,661 2,2 ± 0,6 2,4 ± 0,6 0,459 2,2 ± 0,4 2,4 ± 0,6 0,442
AEA 11,6 ± 3,5 11,1 ± 4.0 0,465 11,7 ± 4,4 11,2 ± 3,8 0,629 11,7 ± 3,6 11,2 ± 3,9 0,723 12,7 ± 3,6 11,2 ± 3,9 0,319
* Teste t de student para amostras independentes
F: Feminino; M: Masculino; M: media; DP: desvio padrão; Comportamento alimentar: CR: Controle rígido, CF: Controle flexível, AI-Total: Alimentação
intuitiva -Total, AI-PIC: Permissão incondicional para comer, AI- ARF: Alimentação por razões físicas em vez de emocionais, AI- CSI: Confiança em sinais
internos de fome e saciedade, AC-Total: Alimentação consciente Total, AC-C: Consciência, AC-DIS: Distração, AC-DES: Desinibição, AC-RE: Respostas
Emocionais, AC-EX: Estímulos Internos, AEA: Autoeficácia alimentar .
Tabela 12 - Comportamento alimentar em função dos motivos reportados para a perda de peso, por sexo masculino.
Motivos relatados para perda de peso

Alimentação Doença ou fator fisiológico Atividade física

Sim Não Sim Não Sim Não


[n = 22] [n = 49] [n = 5] [n = 66] [n = 5] [n = 66]
M ± DP M ± DP p* M ± DP M ± DP p* M ± DP M ± DP p*
CR 6,6 ± 2,7 4,1 ± 2,5 < 0,001 5,4 ± 2,6 4,9 ± 2,8 0,685 5,6 ± 2,2 4,8 ± 2,9 0,569
CF 5,9 ± 2,4 4,9 ± 2,7 0,144 5,0 ± 2,7 5,3 ± 2,6 0,816 6,0 ± 3,3 5,2 ± 2,6 0,525
AI-Total 65,9 ± 8,9 71,4 ± 8,5 0,015 67,6 ± 12,7 69,9 ± 8,7 0,589 66,7 ± 15,6 64,7 ± 9,8 0,614

AI-PIC 27,7 ± 5,6 30,7 ± 5,6 0,038 27,0 ± 4,7 30,0 ± 5,7 0,256 29,6 ± 2,7 29,8 ± 5,9 0,931
AI-ARF 17,2 ± 4,6 17,6 ± 5,0 0,759 17,8 ± 5,3 17,5 ± 4,8 0,884 16,8 ± 3,6 17,5 ± 4,9 0,743

AI-CSI 20,9 ± 2,8 23,0 ± 2,8 0,005 22,8 ± 3,4 22,4 ± 2,9 0,753 23,6 ± 0,9 22,3 ± 3,0 0,349

AC-Total 2,2 ± 0,2 2,2 ± 0,3 0,919 2,1 ± 0,2 2,2 ± 0,3 0,762 2,2 ± 0,2 2,2 ± 0,3 0,829
AC-C 2,4 ± 0,5 2,3 ± 0,5 0,378 2,4 ± 0,2 2,3 ± 0,5 0,696 2,5 ± 0,6 2,3 ± 0,5 0,434
AC-DIS 2,2 ± 0,7 2,3 ± 0,7 0,369 2,4 ± 0,7 2,3 ± 0,7 0,713 2,5 ± 0,6 2,2 ± 0,7 0,413
AC-DES 2,2 ± 0,5 2,2 ± 0,6 0,952 2,2 ± 0,4 2,2 ± 0,6 0,988 2,3 ± 0,4 2,2 ± 0,6 0,691
AC-RE 1,6 ± 0,4 1,7 ± 0,8 0,381 1,5 ± 0,5 1,7 ± 0,7 0,634 1,4 ± 0,4 1,7 ± 0,7 0,416

AC-EX 2,6 ± 0,5 2,4 ± 0,6 0,172 2,2 ± 0,3 2,5 ± 0,6 0,301 2,4 ± 0,4 2,5 ± 0,6 0,606
AEA 11,3 ± 3,7 11,2 ± 4.2 0,898 11,0 ± 4,3 11,2 ± 4,0 0,898 11,0 ± 3,3 11,2 ± 4,1 0,898
* Teste t de student para amostras independentes
F: Feminino; M: Masculino; M: media; DP: desvio padrão; Comportamento alimentar: CR: Controle rígido, CF: Controle flexível, AI-Total: Alimentação
intuitiva -Total, AI-PIC: Permissão incondicional para comer, AI- ARF: Alimentação por razões físicas em vez de emocionais, AI- CSI: Confiança em sinais
internos de fome e saciedade, AC-Total: Alimentação consciente Total, AC-C: Consciência, AC-DIS: Distração, AC-DES: Desinibição, AC-RE: Respostas
Emocionais, AC-EX: Estímulos Internos, AEA: Autoeficácia alimentar .
Tabela 13 - Comportamento alimentar em função dos motivos reportados para o ganho de peso, por sexo feminino.
Motivos relatados para ganho de peso
Alimentação Psicológicos, emocionais e Doença ou fator fisiológico Atividade física Intencional
sociais
Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não
[n = 29] [n = 152] [n = 16] [n = 165] [n = 17] [n = 164] [n = 10] [n = 171] [n = 7] [n = 174]
M±DP M±DP p* M±DP M±DP p* M±DP M±DP p* M±DP M±DP p* M±DP M±DP p*

CR 6,6 ± 2,8 5,5±3,0 0,085 6,6±4,2 5,6±2,8 0,366 4,8±3,3 5,8±2,9 0,203 6,8±2,1 5,6±3,0 0,237 5,6 ± 3,5 5,7 ± 3,0 0,903
CF 7,0 ± 2,3 6,2±3,0 0,114 5,4±3,3 6,4±2,9 0,193 4,9±3,8 6,5±2,9 0,116 6,3±2,4 6,4±3,0 0,948 7,1 ± 2,8 6,3 ± 3,0 0,477
AI- 64,2 64,9 0,732 59,0 65,4 0,013 61,3 65,2 0,128 62,8 64,9 0,513 62,7 64,9 0,572
Total ± 9,0 ± 10,2 ± 10,8 ± 9,8 ± 9,5 ± 10,0 ± 11,3 ± 10,0 ± 10,7 ± 10,0
AI- 26,2 ± 5,0 27,6 ± 5,7 0,226 25,7 ± 6,0 27,6 ± 5,6 0,202 26,7 ± 5,1 27,4 ± 5,7 0,593 26,4 ± 5,0 27,5 ± 5,7 0,563 27,3 ± 8,4 27,4 ± 5,5 0,955
PIC
AI- 15,2 ±4 ,3 14,9 ± 4,9 0,748 13,1 ± 4,7 15,1 ± 4,8 0,111 14,4 ± 4,9 15,0 ± 4,8 0,630 14,6 ± 5,6 15,0 ± 4,7 0,815 12,7 ± 4,6 15,0 ± 4,8 0,209
ARF
AI- 22,8 ± 3,2 22,4 ± 3,1 0,555 20,1 ± 2,7 22,7 ± 3,0 0,001 20,2 ± 3,3 22,7 ± 3,0 0,001 21,8 ± 3,0 22,5 ± 3,1 0,477 22,7 ± 3,2 22,4 ± 3,1 0,840
CSI
AC- 2,2 ± 0,3 2,1 ± 0,3 0,352 2,2 ± 0,3 2,1 ± 0,3 0,357 2,1 ± 0,3 2,1 ± 0,3 0,776 2,2 ± 0,2 2,2 ± 0,5 0,334 2,2 ± 0,3 2,1 ± 0,3 0,309
Total
AC- 2,2 ± 0,5 2,2 ± 0,5 0,862 2,2 ± 0,3 2,2 ± 0,5 0,656 2,1 ± 0,5 2,2 ± 0,5 0,369 2,4 ± 0,4 2,2 ± 0,5 0,285 2,2 ± 0,6 2,2 ± 0,5 0,865
C
AC- 2,4 ± 0,7 2,3 ± 0,6 0,326 2,5 ± 0,6 2,3± 0,6 0,181 2,2 ± 0,6 2,3 ± 0,6 0,651 2,4 ± 0,5 2,3 ± 0,6 0,811 2,6 ± 0,6 2,3 ± 0,6 0,280
DIS
AC- 2,1 ± 0,6 1,9 ± 0,5 0,181 1,9 ± 0,5 1,9 ± 0,6 0,959 1,8 ± 0,6 2,0 ± 0,6 0,238 2,1 ± 0,5 1,9 ± 0,6 0,426 2,4 ± 0,6 2,0 ± 0,5 0,034
DES
AC- 1,9 ± 0,6 1,8 ± 0,6 0,451 2,1 ± 0,5 1,8 ± 0,6 0,046 1,9 ± 0,6 1,8 ± 0,6 0,527 2,0 ± 0,8 1,9 ± 0,6 0,474 2,1 ± 0,8 1,8 ± 0,6 0,281
RE
AC- 2,3 ± 0,6 2,4 ± 0,6 0,432 2,3 ± 0,7 2,4 ± 0,6 0,489 2,5 ± 0,5 2,3 ± 0,6 0,313 2,3 ± 0,5 2,3 ± 0,6 0,896 2,0 ± 0,4 2,4 ± 0,6 0,153
EX
AEA 11,7 ± 3,4 11,2 ± 3,9 0,537 9,9 ± 3,3 11,4 ± 3,9 0,128 7,9 ± 3,3 11,6±3,8 < 0,001 11,9 ± 3,3 11,2 ± 3,9 0,605 12,0 ± 4,6 11,2 ± 3,8 0,618
* Teste t de student para amostras independentes
F: Feminino; M: Masculino; M: media; DP: desvio padrão; Comportamento alimentar: CR: Controle rígido, CF: Controle flexível, AI-Total: Alimentação
intuitiva -Total, AI-PIC: Permissão incondicional para comer, AI- ARF: Alimentação por razões físicas em vez de emocionais, AI- CSI: Confiança em sinais
internos de fome e saciedade, AC-Total: Alimentação consciente Total, AC-C: Consciência, AC-DIS: Distração, AC-DES: Desinibição, AC-RE: Respostas
Emocionais, AC-EX: Estímulos Internos, AEA: Autoeficácia alimentar .
Tabela 14 - Comportamento alimentar em função dos motivos reportados para o ganho de peso, por sexo masculino
Motivos relatados para ganho de peso
Alimentação Atividade física Intencional
Sim Não Sim Não Sim Não
[n = 14] [n = 57] [n = 8] [n = 63] [n = 5] [n = 66]
M±DP M±DP p* M±DP M±DP p* M±DP M±DP p*
CR 5,7 ± 2,5 4,7 ± 2,9 0,231 4,7 ± 3,6 4,9 ± 2,7 0,873 4,2 ± 1,0 4,9 ± 2,9 0,568
CF 5,6 ± 2,4 5,2 ± 2,7 0,557 5,4 ± 2,0 5,2 ± 2,7 0,904 5,4 ± 1,5 5,2 ± 2,7 0,909
AI-Total 62,8 ± 8,9 71,4 ± 8,2 0,001 70,7 ± 10,4 69,6 ± 8,8 0,728 70,4 ± 7,0 69,6 ± 9,1 0,858
AI-PIC 27,1 ± 4,5 30,5 ± 5,8 0,044 30,2 ± 3,6 29,8 ± 5,9 0,822 30,4 ± 3,4 29,8 ± 5,9 0,815
AI-ARF 14,7 ± 4,7 18,2 ± 4,7 0,016 17,7 ± 6,1 17,5 ± 4,7 0,875 17,6 ± 3,4 17,5 ± 5,0 0,960
AI-CSI 21,1 ± 2,3 22,7 ± 3,0 0,062 22,7 ± 3,3 22,3 ± 2,9 0,721 22,4 ± 2,0 22,4 ± 3,0 0,997
AC-Total 2,1 ± 0,3 2,2 ± 0,3 0,392 2,2 ± 0,4 2,2 ± 0,3 0,964 2,2 ± 0,2 2,2 ± 0,3 0,805
AC-C 2,2 ± 0,5 2,4 ± 0,5 0,374 2,3 ± 0,5 2,3 ± 0,5 0,817 2,6 ± 0,2 2,3 ± 0,5 0,239
AC-DIS 2,1 ± 0,7 2,3 ± 0,6 0,180 2,3 ± 0,6 2,3 ± 0,7 0,998 2,3 ± 0,8 2,3 ± 0,7 0,887
AC-DES 2,1 ± 0,6 2,2 ± 0,6 0,544 2,1 ± 0,6 2,2 ± 0,6 0,603 2,0 ± 0,5 2,2 ± 0,6 0,679
AC-RE 1,8 ± 0,5 1,7 ± 0,7 0,496 1,8 ± 0,7 1,7 ± 0,7 0,763 1,2 ± 0,2 2,7 ± 0,7 < 0,001
AC-EX 2,5 ± 0,6 2,5 ± 0,6 0,891 2,5 ± 0,6 2,5 ± 0,6 0,840 2,6 ± 0,3 2,5 ± 0,6 0,744
AEA 11,2 ± 3,9 11,2 ± 4,1 0,991 13,1 ± 4,7 11,0 ± 3,9 0,160 12,2 ± 2,3 11,1 ± 4,1 0,580
* Teste t de student para amostras independentes
F: Feminino; M: Masculino; M: media; DP: desvio padrão; Comportamento alimentar: CR: Controle rígido, CF: Controle flexível, AI-Total: Alimentação
intuitiva -Total, AI-PIC: Permissão incondicional para comer, AI- ARF: Alimentação por razões físicas em vez de emocionais, AI- CSI: Confiança em sinais
internos de fome e saciedade, AC-Total: Alimentação consciente Total, AC-C: Consciência, AC-DIS: Distração, AC-DES: Desinibição, AC-RE: Respostas
Emocionais, AC-EX: Estímulos Internos, AEA: Autoeficácia alimentar .
6. DISCUSSÃO

O presente estudo avaliou as dimensões do comportamento alimentar,


especificamente o controle rígido e flexível, a alimentação intuitiva e consciente e a
autoeficácia alimentar em adultos portugueses, e relacionou-as com o estado ponderal e
evolução ponderal no último ano.
Os resultados validam a hipótese de que os indivíduos (apenas no sexo
feminino) com maior controle rígido apresentaram um maior IMC e uma relação com a
variação cíclica de peso, enquanto um menor controle rígido indicava relação com a
estabilidade de peso no ano anterior. No sexo masculino também se verificaram
diferenças em termos de controle rígido entre os grupos com peso estável ou alguma
variação de peso, porém sem diferenças entre os pares. Para o controle flexível
verificou-se apenas uma relação com o grupo peso estável (menor pontuação) e “peso
cíclico” (maior pontuação), observadas no sexo feminino.
Relativamente às demais dimensões do comportamento alimentar destaca-se a
alimentação intuitiva, com as hipóteses iniciais parcialmente validadas. Os resultados
indicaram uma maior alimentação intutiva total e nas subescalas, exceto a alimentação
por razões físicas em vez de emocionais, associada ao menor IMC no sexo feminino.
Relações significativas com a estabilidade de peso foram observadas com algumas das
subescalas da alimentação intuitiva em ambos os sexos. Em destaque, observou-se
menores pontuações na permissão incondicional para comer no grupo “peso cíclico” e
menor confiança nos sinais do corpo no grupo ganho de peso no sexo feminino e menor
confiança nos sinais do corpo naqueles com “peso cíclico” e ganho de peso no sexo
masculino.
A relação da alimentação consciente total com as variáveis do peso investigadas
não apresentou diferenças, exceto para alguns componentes da consciência alimentar no
sexo feminino, especificamente em termos de estímulos externos (associado ao maior
IMC) e em termos de consciência (com diferenças entre os grupos de evolução
ponderal, mas ausentes entre os pares).
A autoeficácia alimentar apresentou resultados de acordo com as hipóteses
formuladas apenas ao estar associada ao menor IMC no sexo feminino. Na trajetória do
peso, encontrou-se maior autoeficácia alimentar no grupo com perda de peso
comparativamento ao grupo com ganho de peso.
Modelos de regressão utilizados para prever o IMC atual e os grupos de
evolução ponderal a partir do comportamento alimentar, apontam, entre os principais
resultados, os níveis superiores de controle rígido e inferiores de autoeficácia alimentar
como preditores de maior IMC, no sexo feminino. No sexo masculino, o controle rígido
e a alimentação intuitiva como preditores dos grupos de evolução ponderal, e destas
variáveis, apenas se verificou que os grupos com ganho de peso e “peso cíclico” tinham
um nível mais baixo de alimentação intuitiva do que o grupo com peso estável.
Adicionalmente, pretendeu-se também explorar se os motivos da evolução
ponderal se relacionavam com as dimensões do comportamento alimentar e verificaram-
se algumas relações significativas, em destaque a perda de peso relacionada à
alimentação que indicou maior controle rígido e menor nível de alimentação intuitiva,
em ambos os sexos; e o ganho de peso por alterações na alimentação relacionadas a
menor níveis de alimentação intuitiva, no sexo masculino.

6.1 Trajetória e motivos da variação ponderal

Ao explorar aspectos ponderais desta amostra de indivíduos portugueses,


identificou-se uma intenção significativa de redução ponderal em ambos os sexos.
Mesmo as mulheres com um IMC médio (23,6 kg/m2) dentro da normoponderabilidade,
desejavam reduzir o peso, alcançando um IMC médio de 21,9 kg/m2. Tais resultados
podem prever e indicar relações disfuncionais com o comportamento alimentar em
função da insatisfação corporal (116) .
Poínhos, Oliveira e Correia (2013) (117) ao avaliar estudantes do ensino superior
também quantificaram que os homens tinham maior IMC desejado, mesmo com maior
peso atual. Mas parece que as diferenças relacionadas com o peso entre sexos também
são observadas posteriormente conforme o avançar da idade, como indicou um estudo
longitudinal ao examinar atitudes e comportamentos alimentares em uma amostra de
509 mulheres e 206 homens, contatados 10 anos após o período da faculdade que
revelou que, mesmo que as mulheres tivessem melhorias no comportamento alimentar
desordenado, a insatisfação corporal e os desejos de perda de peso permaneceram a
níveis relativamente elevados, enquanto que os homens foram mais propensos a ganhar
peso e relataram mais práticas restritivas na alimentação (118).
Os padrões sociais, culturais e comportamentais associados a crescente
preocupação com a imagem corporal e insatisfação corporal afetam o relacionamento
com a comida e com o corpo, levando a um desejo de redução de peso tanto nos
indivíduos com excesso de peso ou normoponderais que buscam geralmente a prática de
restrição e controle rígido alimentar (18-20, 116).
Apesar de 20% dos indivíduos desta pesquisa afirmarem terem reduzido de peso
no último ano, portanto o mesmo percentual foi observado para o ganho de peso e valor
superior para o “peso cíclico”. Assim, a instabilidade ponderal no último ano foi
referida por mais de metade da amostra (64,1%). A dificuldade na manutencão do peso
é bastante evidenciada por diversos estudos que observam um frequente reganho de
peso inclusive após intervenções baseadas na restrição alimentar e aumento da atividade
física (29, 48, 49). Comportamentos e fatores estes também relatados pelos participantes
desta pesquisa como facilitadores da perda de peso.
A instabilidade de peso prevalente nesta amostra se assemelha com os dados de
Portugal observados no Registo de Controlo de Peso Português no qual de um total de
198 adultos, apesar de reportarem manutenção do peso perdido, 73% indicaram já ter
realizado tentativas anteriores de redução do peso por meio da restrição alimentar até
três vezes (53).
Especificamente quanto a variação cíclica de peso referido por 25,7% dos
indivíduos desta pesquisa, o estudo de Tylka, Calogero e Daníelsdóttir (2020), que
também questionou sobre a variação de peso no último ano em 382 adultos, identificou
uma variação cíclica de peso inferior ao encontrado neste trabalho, obtendo 17,0% de
indivíduos com variação cíclica de peso (38). Esta diferença se deve, provavelmente,
pelos autores considerarem como peso estável a variação de peso até 2,5 kg. Neste
enquadramento, é relevante considerar que a falta de consenso em relação aos critérios
específicos (quantidade de peso perdido e recuperado, número de ciclos) para definir a
variação cíclica do peso pode trazer implicações nos resultados e na interpretação dos
mesmos (119), pois enquanto alguns estudos não especificam um número de ciclos
necessários ou exigem um ou dois ciclos (120-122), outros citam critérios mais
rigorosos exigem três ciclos ou mais com perda de pelo menos 4,5 kg (119).
Os dados obtidos nesta pesquisa, com uma amostra prevalentemente
normoponderal e jovem (média de 37 anos), também atentam para a baixa taxa de
estabilidade de peso encontrada (35,8%) e para os valores superiores do IMC entre
aqueles com variação de peso, comparado aqueles com peso estável, também observado
no estudo de Tylka, Calogero e Daníelsdóttir (2020) (38). Ainda no sexo feminino,
pode-se concluir que os ciclos de perda e ganho de peso não se limitam ao excesso de
peso, ao observar um IMC médio dentro do intervalo de normoponderabilidade
inclusive naquelas com “peso cíclico”.
No geral, mesmo que a variação do peso em indivíduos normoponderais não seja
tão extrema como naqueles com excesso de peso, a variação cíclica de peso pode estar
associada ao ganho de peso futuro, como mostra um estudo de coorte que acompanhou
11 312 mulheres e 6 689 homens durante 2 anos e indicou a perda de peso anterior
como fator preditor para o ganho de peso e flutuações de peso (122). Além disso, tais
flutuações ponderais parece influenciar os aspectos de saúde, psicológicos e desordens
alimentares (56, 121).
Entre os motivos que provocaram a variação ponderal, os aspectos da
alimentação foram os mais relatados tanto na perda de peso, referindo especificamente o
controle e a restrição alimentar, como no ganho de peso, a partir dos relatos de “deixar
ou sair da dieta” ou “descuido com a alimentação”. Em consonância com isso,
resultados de outros trabalhos indicam a necessidade de reavaliar as práticas alimentares
restritivas que parecem não apresentar resultados definitivos e sustentáveis no peso
corporal (18, 21, 22, 24, 49).
Em Portugal, no Registo Português de Controlo de Peso, 388 adultos que
reduziram o peso e mantiveram-o por mais de dois anos, também reportaram como
fatores para a redução de peso aspectos restritivos, como reduzir o tamanho das porções,
reduzir o consumo de alimentos ricos em hidratos de carbono, “contar calorias”, entre
outros: a seleção consciente de alimentos, estabelecer objectivos específicos, registrar a
ingestão alimentar e/ou atividade física (123). Já para a manutenção da perda de peso, o
mesmo Registo apresentou como principais comportamentos referidos aspectos
relacionados com uma alimentação saudável, atividade física e estratégias
comportamentais como facilitadores na gestão do peso (123).
Relativamente as variáveis envolvidas na instabilidade de peso observadas nesta
pesquisa, seguido de aspectos relacionados com a alimentação, identificaram-se como
principais motivos os fatores psicológicos/emocionais/sociais, a atividade física ou a
doença. Os resultados obtidos corroboram com resultados encontrados por outros
estudos ao indicar a alimentação e a atividade física como aspectos primários para a
variação de peso (51, 124). A “comida”, o “estresse” e a “prática de exercício” ainda
foram relatados por adultos portugueses como fatores importantes para além das
questões de peso, ampliando a influência destes fatores para aspectos relacionados à
saúde em sua amplitude (125).
Os participantes desta pesquisa relataram a influência dos fatores psicológicos,
emocionais e sociais com maior prevalência na perda de peso e menos referido no
ganho de peso, porém ansiedade e estresse aparecem em ambas variações. Um artigo de
Silva, Pais-Ribeiro e Cardoso (2008) (4) que analisou alguns determinantes psicológicos
e sociais do comportamento alimentar, referiu a influência do estresse na alimentação
indicando que alguns estudos associam este fator com o menor consumo alimentar,
porém outros indivíduos usam a comida para lidar com o estresse e melhorar estados de
humor negativos, sendo mais comum em mulheres, comportamento também observado
nesta pesquisa.
Os resultados se assemelham com aqueles citados por Fischer, Oberänder e
Weimann (64), que apontaram como principais barreiras para a manutenção da perda de
peso aspectos relacionados com a perda de controle alimentar ou o prazer de comer, o
sofrimento psicológico representado por estresse e ansiedade, além da baixa
autoeficácia e motivação.
Revisões da literatura que evidenciem os preditores da perda e manutenção de
peso também citam, além das variáveis relacionadas com a ingestão alimentar ou
atividade física, a alteração comportamental através do desenvolvimento de
competências autorregulatórias, motivação autónoma e autoeficácia com imenso
significado na gestão eficaz do peso (32, 33, 65).

6.2 Relação entre as dimensões do comportamento alimentar e outras


características

6.2.1 Comportamento alimentar por sexo

A estabilidade de peso foi menos relatada pelo sexo feminino, no entanto


referem maior controle rígido e flexível e menor permissão para comer, provavelmente
por serem mais afetadas pela “mentalidade da dieta” o que pode estar associado a maior
restrição alimentar relatada (34). Esta e outras pesquisas confirmam que as mulheres são
mais restritivas que os homens (74, 117, 126).
Os resultados obtidos também demonstram a existência de diferenças entre os
sexos relativamente à alimentação intuitiva, no qual o sexo masculino refere comer de
forma mais intuitiva, afirma maior permissão incondicional para comer e são menos
influenciados pelas razões emocionais para comer, são consistentes com o estudo de
Azevedo e Pinto Gouveia (2013) (36) e de Duarte, Pinto Gouveia e Mendes (2016) (37),
e nenhum deles obtiveram diferenças para a componente que indica confiar em seus
sinais de fome e saciedade. Diferenças entre sexos para a alimentação intuitiva têm sido
encontradas em diversos outros estudos, os quais confirmam níveis elevados na
alimentação intuitiva no sexo masculino (127-129).
Este cenário em que o sexo feminino reporta níveis superiores de controle
alimentar e níveis inferiores de alimentação intuitiva podem ser justificados também
pela pressão sociocultural para a magreza a qual incide maior vulnerabilidade nas
mulheres devido a relevância na imagem corporal e ao utilizar uma alimentação com
regras e rigidez com a intenção de alcançar o objetivo do peso ideal (19).
O estudo de Özkan e Belici (2020) (128) que investigou a alimentação intuitiva e
a consciente separadamente por sexos, também encontrou nos participantes do sexo
masculino significativamente maior permissão para comer e maior alimentação por
razões físicas, como neste estudo. Os autores referem que tais resultados, associados a
outras evidências, indicam que homens são menos afetados pela angústia emocional e
seu comportamento alimentar é mais baseado na intuição do que no humor. Como
observado no presente estudo que em ambas as dimensões (alimentação intuitiva e
consciente), as mulheres referem condutas comportamentais mais emocionais, tanto ao
referir uma alimentação influenciada por razões emocionais (ao invés de usar os sinais
físicos) inserido no contexto da alimentação intuitiva, como na alimentação consciente
ao referirem maior consciência alimentar em termos de respostas emocionais.
Ainda no estudo de Ozkan e Bilici (2020) (128), ao comparar os resultados
referente à alimentação consciente, verificou-se uma ausência de diferenças entre os
sexos para a alimentação consciente total, mas em ambos estudos houve uma maior
consciência alimentar em termos de desinibição alimentar referida pelo sexo masculino.
Não houve diferenças entre os sexos nos níveis de autoeficácia alimentar. No
entanto, em geral, reconhece-se que mulheres e homens diferem em aspectos relevantes
do comportamento alimentar, o que pode fundamentar as diferenças nas relações com o
estado e variação ponderal.
6.2.2 Estado ponderal e a relação com o comportamento alimentar

As relações entre o IMC e o comportamento alimentar foram observadas


majoritariamente nas mulheres.
O maior IMC foi associado positivamente ao maior controle rígido em mulheres
no total e no grupo com “peso cíclico”, enquanto nos homens verificou-se esta
associação apenas no grupo com perda de peso. Apesar da limitação deste estudo ser
transversal em estabelecer relações de causalidade, entretanto estudos consistentes
referem a relação entre o controle rígido e o IMC que coincide com a hipótese de que a
restrição pode constituir um risco para a desinibição alimentar, até mesmo promovendo
a compulsão alimentar, e subsequente ganho de peso (17, 21, 54, 55, 116), além de
prever maior IMC em indivíduos normoponderais (18, 126, 130).
Ao contrário, valores superiores de IMC foram associados a menores pontuações
de alimentação intuitiva nas mulheres no geral e naquelas com “peso cíclico”. O recente
estudo de Özkan e Bilici (2020) (128), também encontrou uma correlação negativa entre
alimentação intuitiva total e o IMC apenas nas mulheres. Tal resultado também foi
identificado em Portugal no estudo de Duarte, Pinto Gouveia e Mendes (2016), porém
sem diferenciação entre sexos (37). Entretanto, em estudos com amostras maiores, os
resultados indicaram esta relação em ambos os sexos (127, 131).
A relação entre o maior IMC e a maior prevalência de práticas de restrição
alimentar e, por outro lado, uma alimentação mais intuitiva com maior permissão para
comer indicando estar associada ao menor peso, também é consistente com outros
estudos (38, 75, 111). Uma revisão de literatura, ao examinar resultados envolvidos na
alimentação intuitiva, além desta estar associada ao menor peso, indicou menor
probabilidade de comportamentos não saudáveis ou atitudes extremas de controle de
peso (85). Warren, Smith e Ashwell (2017) confirmam em seu estudo esta relação ao
encontrar associações negativas entre a subescala permissão incondicional para comer e
a restrição alimentar (34).
Outro condição que contribui para esta relação entre alimentação intuitiva e o
controle alimentar, pode ser observada no estudo que aponta que naqueles indivíduos
que ultrapassam a sensação de plenitude gástrica, sem respeitar a sua saciedade, era
mais provável que usassem de esforço moderado a extremo para manter o peso (132).
Em referência à alimentação intuitiva, os resultados desta pesquisa contribuem
para fortalecer a base de evidências que indicam uma maior intuição alimentar
relacionado ao menor peso (38, 41, 75, 80-84, 127, 133). Em Portugal, pesquisadores
também encontraram correlações negativas desta dimensão para com o IMC, sugerindo
a alimentação intuitiva relevante para a regulação do peso (36, 37), além de trazer
implicações relevantes para a psicopatologia alimentar, especificamente a compulsão
alimentar, vergonha corporal e sintomas depressivos, de ansiedade e estresse (37).
Confiar menos em sinais de fome e saciedade foi associado significativamente
com o maior peso nas mulheres e nos homens com “peso cíclico”. Outras pesquisas
também mencionam que quanto maior o IMC menos os indivíduos confiavam em seus
sinais de fome e saciedade, em ambos os sexos (38, 128, 131).
A investigação de Ozkan e Belici (2020) (128) indicou que variáveis
antropométricas, incluindo o IMC, possam ser indicadores da alimentação intuitiva e
consciente, ao correlacionar negativamente ambas as dimensões com o IMC, no sexo
feminino. Na comparação dos resultados, a presente pesquisa difere em relação à
alimentação consciente, por não apresentar relação significativa para com o peso.
Entretanto, os resultados desta pesquisa se assemelham aos de Anderson et al. (2015)
(111) que investigaram as mesmas variáveis e encontraram resultados indicando uma
relação entre maior alimentação intuitiva com o menor IMC, mas não identificaram
relação significativa da alimentação consciente com o estado ponderal.
Na generalidade, diversas evidências revelam que indivíduos com maior nível de
atenção plena e/ou de alimentação consciente tendem a ter um menor IMC (39, 90, 94-
97, 128). Já no presente trabalho, apesar da ausência de significado estatístico, os
resultados obtidos apresentam uma correlação positiva desta dimensão da consciência
alimentar com o peso. Neste sentido, pode-se questionar ou sugerir que conforme maior
o peso maior é a preocupação e atenção relacionada aos aspectos da alimentação, o que
poderia indicar o maior nível de alimentação consciente nos indivíduos com maiores
IMC.
Uma única relação significativa foi identificada nas componentes da alimentação
consciente, sendo a maior consciência alimentar em termos de estímulos externos
associada significativamente ao maior IMC em mulheres, o que podem indicar maior
percepção destes estímulos, porém incapacidade de resistir, e neste sentido, os
princípios da alimentação consciente podem desenvolver habilidades para lidar com os
fatores externos possibilitando a regulação do consumo alimentar. Inclusive na
população normoponderal resultados favoráveis da alimentação consciente em relaçāo
ao peso e comportamento alimentar são observados, incluindo maior consciência da
fome e redução do comer emocional e do comer por fatores externos (34).
Existe um interesse crescente no estudo da alimentação consciente para aspectos
que envolvam a perda de peso e a manutenção do peso perdido e, neste contexto, uma
revisão aponta evidências que sustentam alguns efeitos da consciência alimentar neste
âmbito, porém recomenda uma pesquisa mais examinada nos aspectos que determinam
a gestão do peso (134). Outros autores apontam que, talvez, a consciência alimentar atue
de maneira mais preventiva ao aumento de peso, no entanto, citam sua relevância em
proporcionar benefícios no comportamento alimentar e nas atitudes alimentares (34,
96).
Mesmo com um número limitado de estudos neste assunto em Portugal, é
possível citar dois relevantes estudos de intervenção em atenção plena direcionado para
mulheres com excesso de peso: o Be free e o Kg-free. Ainda que não sejam intervenções
específicas em alimentação consciente, mas sim em atenção plena, os resultados foram
favoráveis na diminuição da psicopatologia alimentar, da vergonha corporal e da
alimentação emocional e, especificamente o Kg-free observou ainda uma diminuição no
IMC dos participantes (135, 136).
Relativamente à autoeficácia alimentar, encontrou-se uma associação
significativa desta com o menor IMC nas mulheres, acrescida de uma relação nos
grupos específicos com perda e ganho de peso. Em Portugal uma pesquisa, que apesar
de caracterizar uma amostra mais jovem com estudantes do ensino superior (entre os 18
e os 27 anos), também identificou níveis superiores de autoeficácia alimentar em
mulheres, mas não nos homens, com menor IMC (117). Bas and Dommez (2009) (106)
também encontraram um menor IMC em indivíduos que referiram maior autoeficácia
em relação à alimentação e uma relação com a perda de peso.

6.2.3 Trajetória da variação ponderal e sua relação com o comportamento


alimentar

Ao avaliar os dados pertinentes a trajetória do peso em relação às dimensões do


comportamento alimentar, os principais resultados foram nas diferenças nos níveis de
controle rígido entre os grupos para ambos os sexos, mas apenas nas mulheres níveis
superiores de ambos tipo de controle (rígido e flexível) foram identificadas no grupo
com “peso cíclico” comparado naquele com estabilidade de peso.
Esta pesquisa se assemelha à pesquisa de Tylka, Calogero e Daníelsdóttir (2020)
(38) que avaliou, em uma amostra composta por homens e mulheres (n = 382), a
trajetória de peso referida no último ano e classificou em grupo de peso estável, perda
de peso, ganho de peso e peso cíclico. Apesar das diferenças na categorização da
variação do peso, ao classificar aqueles indivíduos com variação de, aproximadamente,
2,5 kg como peso estável, os resultados foram semelhantes aos do presente estudo, que
valorizou a perceção individual da variação ponderal.
Referente ao controle rígido encontrou o mesmo resultado, junto ao grupo com
peso cíclico, e parcialmente para o controle flexível, pois os resultados indicaram um
menor nível deste controle no grupo com peso estável do que no grupo com perda de
peso, e não no “peso cíclico” como no presente estudo.
Tylka, Calogero e Daníelsdóttir (2015) (75), em outro estudo, reconhecem uma
conexão do controle flexível com o maior IMC e, mesmo que conceitualmente o
controle flexível seja melhor que o controle rígido, devido sua flexibilidade por meio de
porções menores e compensação, porém este tipo de controle ainda assim relaciona-se
com o controle rígido da alimentação e, quando comparado à alimentação intuitiva os
autores mencionam que os princípios alimentares intuitivos sejam mais efetivos.
Uma investigação com o objetivo de identificar a relação entre as dimensões
alimentares, confirmam esta relação entre a restrição alimentar e uma alimentação
baseada nos princípios intuitivos, ao obter associações negativas entre as subescalas da
alimentação intuitiva para com a restrição alimentar (67).
O maior controle rígido no grupo com “peso cíclico” comparado com os grupos
de peso estável ou com ganho de peso observado neste estudo, fortalece a relação do
mecanismo comportamental restritivo com a instabilidade de peso. Associa-se a este
resultado um motivo relatado por uma participante ao justificar o ganho de peso: “Por
aproveitar minha vida sem ficar me limitando”, afirmação esta que pode contribuir para
perceber a ampla abrangência dos efeitos da restrição alimentar, e consequente ganho de
peso. Neste contexto, o próprio mecanismo da restrição alimentar é responsável pela
recuperação de peso, devido os ciclos de restrição/complusão. Além disso, as repetidas
tentativas de perda de peso mal sucedidas não promovem mudanças no comportamento
alimentar, ao contrário, podem reforçar o fracasso e a incapacidade.
No que diz respeito à manutenção do peso perdido, um menor número de
tentativas de perda de peso anteriores foi identificado como fator preditor (52).
Camilleri et al. (2015) (129) encontraram que os indivíduos que referiram práticas
alimentares restritivas apresentavam pontuações inferiores na escala da alimentação
intuitiva, comparativamente aqueles que nunca fizeram restrição alimentar.
A relação observada entre controle alimentar e a alimentação intuitiva também
foi referida pelos autores Tylka, Calogero e Daníelsdóttir (2020) (38), que encontraram
níveis superiores de alimentação intuitiva e, por outro lado, níveis inferiores de controle
rígido relacionada com a estabilidade de peso comparado aos demais grupos com
variação de peso.
Apesar de a escala de alimentação intuitiva total não apresentar diferenças entre
os grupos considerados nesta pesquisa, as subescalas permissão para comer e confiança
em sinais internos de fome e saciedade apresentaram níveis superiores no grupo com
peso estável, inversamente para o “peso cíclico”. Ao comparar com o estudo de Tylka,
Calogero e Daníelsdóttir (2020) (38), as diferenças entre os grupos foram no mesmo
sentido mas para as demais subescalas, ou seja, encontraram que o grupo com peso
estável indicou maior pontuação total da alimentação intuitiva e na subescala
alimentação por razões físicas em vez de emocionais comparado com o grupo com
variação cíclica de peso.
A maior confiança nos sinais de fome e saciedade em indivíduos com peso
estável, comparado com aqueles que ganharam peso, também foram resultados
observados no estudo de Tylka, Calogero e Daníelsdóttir (2020) (38).
Para as demais facetas do comportamento alimentar investigdas, alimentação
consciente e autoeficácia alimentar, as diferenças estatísticas foram observadas
estritamente nas mulheres. Respectivamente à alimentação consciente, o grupo com
peso estável indicou, significativamente, maior nível de alimentação consciente em
termos de consciência. Evidências baseadas em atenção plena e alimentação consciente,
revelaram que ambas favorecem a manutenção de peso (89, 96, 98). Uma revisão que,
apesar de não referir diferenças significativas no peso através da alimentação consciente
em comparação com os programas de dieta convencional, contudo, destaca que esta
pode ser favorável à gestão de peso (137). E outra revisão, ao avaliar os efeitos da
atenção plena no resultados de saúde, indicam que os princícios focados na consciência
podem regular a ingestão energética e o comportamento alimentar (138).
A maior autoeficácia alimentar observada nas mulheres com perda de peso,
comparada aquelas com ganho de peso, é justificada por aspectos próprios do conceito
que determina a iniciação, manutenção e abandono de estratégias e comportamentos,
além desta percepção abrangir expectativas de resultado (32, 52, 103).
A semelhante relação entre autoeficácia alimentar e perda de peso foi
evidenciada na revisão de Teixeira et al. (2005) (33), apesar de não indicarem resultados
conclusivos. No estudo de Presnell et. al. (2008) (139), maiores níveis de autoeficácia
para alimentação saudável também previram maior redução de peso, mas nos homens.
A maior parte das investigações indicam a maior autoeficácia geral relacionada com
maior êxito na redução de peso (104, 107, 108) e também na manutenção de peso (109).
No presente estudo, apesar da associação com o menor IMC e da relação com a
perda de peso, não foram encontrados resultados significativos da autoeficácia alimentar
no grupo com estabilidade de peso. Algumas revisões que investigaram preditores da
perda e manutenção do peso perdido indicaram, mesmo com evidência mista, a
autoeficácia para a alimentação como eficazes na gestão de peso (33, 52, 66). Por
conseguinte, mesmo depois de alcançar o peso desejado, é evidente ao invidíduo
continuar demandando esforço próprio e crenças de autoeficácia como a confiança para
realizar escolhas alimentares adequadas em determinadas situações, incluindo aquelas
no que se refere às instabilidades emocionais.

6.2.4 Motivos da variação ponderal e o comportamento alimentar

A investigação da relação do comportamento alimentar com os motivos da


variação do peso permitiu identificar resultados únicos ainda não investigados, o que
dificultou a comparação com outras evidências. Os aspectos que motivaram a
instabilidade de peso relacionados com a alimentação revelam comportamentos
semelhantes encontrados na variação do peso em sua totalidade, já referidas
anteriormente. A perda de peso relacionada com o controle alimentar, rígido e flexível,
e no sentido oposto a reduzida intuição alimentar e a menor permissão para comer, em
ambos os sexos, também foi observado no estudo de Tylka, Calogero e Daníelsdóttir
(2015) (75).
Apesar do envolvimento do controle alimentar na perda de peso, a restrição
alimentar cognitiva não foi identificada como preditora para a gestão do peso (52). Um
estudo de coorte com uma amostra de gêmeos (2545 mulheres e 2122 homens), ao
investigar as variáveis ambientais envolvidas no peso, encontrou a perda de peso
intencional através da restrição alimentar associada ao comer em excesso,
consequentemente maior possibilidade de ganho de peso, para além do acréscimo das
razões emocionais associadas ao comer (140).
No sexo feminino, confiar nos sinais internos de fome e saciedade esteve
relacionada com a perda de peso quando motivada por aspectos
psicológicos/emocionais/sociais. Este resultado, associado com outras evidências,
poderá indicar uma relação com a capacidade individual de perceber sinais corporais
associado ao menor peso (141) e estar relacionado ao processamento de emoções e
regulação do comportamento (142). Desta forma, perceber os sinais interoceptivos do
corpo podem ser relevantes também em situaçoes vulneráveis, tal como nas situações de
doenças, como identificado nesta amostra, a menor confiança nos sinais de fome e
saciedade tanto na perda de peso quanto no ganho de peso devido a doenças.
Já aspectos alimentares envolvidos no ganho de peso, como o “descuido com a
alimentação”, indicou uma relação significativa com níveis inferiores da alimentação
intuitiva, menor permissão para comer e maior alimentação afetada por razões
emocionais, observada no sexo masculino, mas não no feminino. A menor intuição
alimentar associada à instabilidade de peso (“peso cíclico” e ganho de peso) foi
observada nas mulheres, no entanto não evidenciar esta relação no ganho de peso
motivado pela alimentação não está esclarecido, mas parece que nas mulheres o ganho
de peso por fatores psicológicos e emocionais envolve maior relação com os aspectos da
alimentação intuitiva.
Neste aspecto, as menores pontuações da alimentação intuitiva e reduzida
confiança nos sinais de fome e saciedade estiveram relacionados com o aumento de
peso por estes motivos (psicológicos e emocionais) e além disso os resultados neste
grupo indicaram uma maior consciência alimentar em termos das respostas emocionais.
Estudos referem que a tendência ao comer em respostas a estados emocionais parece
estar relacionado com o ganho de peso (78) e ser prevalente principalmente naqueles
com excesso de peso (126, 143). Assim, considerando que comer por razões emocionais
se torna um mecanismo automático de lidar ou suprimir emoções negativas, incentivar
atitudes baseadas na consciência alimentar poderá oferecer ferramentas para o manejo
dessas variáveis e promover uma atitude de curiosidade, não-julgamento e atenção que
pode ajudar a lidar com as emoções negativas sem usar a comida (144-146).
A maior consciência alimentar em termos de desinibição observado nas
mulheres que desejavam aumentar de peso, pode ser justificada uma vez que a
desibinição alimentar tem sido relacionada com o ganho de peso (147) e mostra-se
preditora pra a gestão do peso (66). Por outro lado, os homens que indicaram aumento
de peso intencional indicaram menor consciência alimentar em termos de resposta
emocional. As diferenças observadas entre sexos, com a mesma intenção de ganho de
peso, podem ser justificadas pelos resultados envolvidos nas diferenças do
comportamento alimentar, que indicam no sexo masculino uma alimentação menos
influenciada por aspectos emocionais.
Relativamente à autoeficácia alimentar, a única relação significativa encontrado
na variação de peso foi na relação da menor autoeficácia alimentar com o ganho de peso
motivado por doença ou alterações hormonais. A partir deste resultado, ressalta-se a
relevância da autoeficácia alimentar associada as vulnerabilidades, que pode contribuir
para prevenir o ganho de peso. Ao considerar que esta variável determina a percepção
de capacidade e confiança para desenvolver estratégias e comportamentos, a
autoeficácia apresenta-se promissora nos diversos comportamentos de saúde, para além
daqueles relacionados ao peso (32, 52, 103). A doença em si pode ser um fator de
estímulo para a mudança comportamental, como refere um estudo realizado com
mulheres idosas ao indicar que a autoeficácia melhorou os comportamentos na gestão da
doença cardíaca, incluindo seguir a prescrição e orientação dietética e medicamentosa,
além de gerir o estresse e realizar atividade física (148).
Finalmente, ainda que a atividade física seja relatada como motivo em ambos
sentidos de variação ponderal (perda e ganho de peso), não foram encontradas quaisquer
relações significativas com o comportamento alimentar.
Nestes resultados deve-se considerar as limitações deste estudo que foram a
amostra de conveniência, a prevalência dos participantes normoponderais, o
desequílibrio entre o sexo feminino e masculino e o fato de ter-se utilizado valores
antropométricos auto-reportados. Outras limitações que podem ser referidas são o uso
da versão original da Escala de Alimentação Intuitiva, ao invés da versão 2, e o tipo de
estudo ser transversal, uma vez que avaliar a variação longitudinalmente permitiria
resultados mais consistentes.
Apesar destas limitações inerentes aos aspectos metodológicos, esta pesquisa
tem o contributo para a prática e implicação clínica em contexto de gestão de peso, ao
reforçar as dimensões do comportamento alimentar, em destaque a alimentação intuitiva
e a autoeficácia alimentar, e suas relações favoráveis nos aspectos ponderais, em
contraste da restrição na alimentação.
Independentemente dos reduzidos resultados obtidos na dimensão da
alimentação consciente, há que se considerar a relação íntima entre níveis de comer
intuitivo e comer consciente que envolvem aspectos complementares essenciais, como
exemplo a capacidade de se alimentar a partir da consciência alimentar se relaciona com
a alimentação intuitiva que realça a capacidade de se alimentar por pistas de fome e
saciedade (34-36, 149). Assim, estimular suas propriedades adaptativas e de consciência
possibilitará desenvolver as habilidades de autorregulação e autonomia essencias no
comportamento alimentar.
Neste sentido, sobressai a responsabilidade dos profissionais e educadores da
saúde e alimentação de promover e contribuir no desenvolvimento destas competências
de autorregulação flexível e da autoeficácia alimentar, para além dos aspectos
alimentares.
7. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta investigação valida a relevância do comportamento alimentar adaptativo


baseado na alimentação intuitiva e consciente, tal como a influência da autoeficácia
alimentar, nas relações que envolvem o estado ponderal, em contraste do controle rígido
alimentar.
Tendo em consideração os resultados que compõem esta tese, principais
conclusões podem ser delineadas. Primeiro, o controle rígido foi associado ao maior
IMC e ambos os tipos de controle rígido e flexível apresentaram relação com a
instabilidade de peso, através da variação cíclica ponderal. Segundo, e na direção
oposta, a alimentação intuitiva apresentou uma relação com o menor IMC e com a
estabilidade de peso. E terceiro, uma maior percepção de autoeficácia alimentar, além
de estar associada ao menor IMC, indicou estar relacionada com a perda de peso.
Adicionalmente, apesar dos escassos resultados envolventes nos componentes da
alimentação consciente e a relação com o estado e variação ponderal, os dados neste
enfoque no comportamento alimentar adaptativo (alimentação consciente junto à
alimentação intuitiva com conceitos comportamentais representativos e
complementares) oferecem suporte para estudos posteriores nesta direção, uma vez que
pesquisas que avaliam estas dimensões apresentam-se recentes, inclusive em Portugal.
Futuras pesquisas longitudinais podem investigar as associações do
comportamento alimentar para esclarecer se seriam estes comportamentos preventivos
para o excesso de peso e para a variação cíclica ponderal a longo prazo, uma vez que há
a tendência ao longo da vida para o excesso de peso, o que permitiria também
acompanhar a evolução da variação ponderal. Ainda, devido o aspecto psicossocial
envolvido na alimentação, é justificável uma investigação mais expansiva com o
objetivo de explorar as relações destas dimensões com as desordens alimentares e outros
aspectos envolvidos no comportamento alimentar.
Ao considerar a influência da alteração comportamental na dificuldade da
manutenção ou estabilidade do peso, a identificação no que diz respeito aos aspectos
comportamentais alimentares envolvidos na variação ponderal desta pesquisa fomenta a
inserção de estratégias comportamentais baseadas nos princípios da alimentação
intuitva, na consciência alimentar e na autoeficácia relacionada à alimentação em ações
que visem a gestão do peso e, possivelmente, melhorar a eficácia das intervenções
comportamentais de tratamento do excesso de peso.
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Variação ponderal e comportamento alimentar:
restrição, alimentação intuitiva e consciente e autoeficácia alimentar
Francielle Rodrigues da Fonseca Rech
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO

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