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PROFESSOR: RAFAEL ANDRADE DE MEDEIROS LEIS ESPECIAIS

TURMA: PRF 2018 ESTATUTO DO DESARMAMENTO

Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/2003)


➢ Bem jurídico tutelado: é a segurança pública e a paz social (incolumidade pública).
➢ Ação penal pública incondicionada: via de regra se trata de crimes de perigo abstrato em
que o bem jurídico tutelado é a incolumidade pública.
(CESPE/2014) Segundo atual entendimento do STF e do STJ, configura crime o porte de arma de fogo
desmuniciada, que se caracteriza como delito de perigo abstrato cujo objeto jurídico tutelado não é a
incolumidade física, mas a segurança pública e a paz social.1
➢ Fiança e liberdade provisória: via de regra, os crimes previstos na Lei nº 10.826/2003 são
afiançáveis — salvo a posse ou porte de arma de fogo de uso restrito (art. 16) — e suscetíveis
de liberdade provisória — com ou sem pagamento de fiança.
Os parágrafos únicos dos arts. 14 e 15 e o art. 21 foram considerados inconstitucionais pelo STF
(ADI 3.112), uma vez que não estão incluídos no rol constitucional dos delitos inafiançáveis, conforme
os incisos XLII, XLIII, XLIV, do art. 5º, da Carta Magna: racismo, tortura, tráfico ilícito de drogas,
terrorismo, crimes hediondos e ação de grupos armados contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático.
“A proibição de estabelecimento de fiança para os delitos de ‘porte ilegal de arma de fogo de uso
permitido’ e de ‘disparo de arma de fogo’, mostra-se desarrazoada, porquanto são crimes de mera
conduta, que não se equiparam aos crimes que acarretam lesão ou ameaça de lesão à vida ou à
propriedade.
Insuscetibilidade de liberdade provisória quanto aos delitos elencados nos arts. 16, 17 e 18.
Inconstitucionalidade reconhecida, visto que o texto magno não autoriza a prisão ex lege, em face
dos princípios da presunção de inocência e da obrigatoriedade de fundamentação dos mandados de
prisão pela autoridade judiciária competente. […]
Ação julgada procedente, em parte, para declarar a inconstitucionalidade dos parágrafos únicos
dos artigos 14 e 15 e do artigo 21 da Lei nº. 10.826, de 22 de dezembro de 2003.”.2

(CESPE/2013) O delito de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito é insuscetível de
liberdade provisória.3
FIQUE LIGADO!
Com a nova redação feita pela Lei nº 13.497, de 26 de outubro de 2017, segundo a qual, incluiu-
se o art. 16 do Estatuto do Desarmamento como delito hediondo. Entende-se ser todo o art. 16, uma
vez que o legislador não citou que seria apenas o caput, portanto, tanto o caput quanto as formas
equiparadas do parágrafo único se incluem na hediondez.
Portanto, o art. 16 (posse ou porte de arma de fogo de uso restrito) é o único crime previsto
no Estatuto do Desarmamento que é inafiançável.

Art. 1º, Lei nº 13.497/2017: “O parágrafo único do art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990,
passa a vigorar com a seguinte redação:
‘Art. 1º .............................................................................................................................................................
............................................................................................................................................................................
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos o crime de genocídio previsto nos arts. 1º, 2º e
3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956, e o de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso
restrito, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, todos tentados ou
consumados.’ (NR)”.
➢ Norma penal em branco: definições nos Decretos nº 5.123/2004 e nº 3.665/2000.

1 Gab.: Correto.
2 STF, ADI 3.112/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 2/5/2007, Tribunal Pleno, DJe 26/10/2007.
3 Gab.: Errado.

— “Quanto menos alguém entende, mais quer discordar.” (Getúlio Vargas). 1


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Na medida em que a definição de arma de fogo, munição e acessórios de uso permitido, restrito ou
proibido e artefatos explosivos constam em outras normas infralegais, que são os casos dos decretos
supracitados.
Lembre-se que o Estatuto do Desarmamento NÃO incrimina arma branca — própria (e.g.:
espadas) ou imprópria (e.g.: taco de beisebol) —, mas tão somente armas de fogo; naquelas armas
poderá configurar contravenção penal.
(CESPE/2009) Se um indivíduo imputável introduzir no território nacional, sem autorização da
autoridade competente, certa quantidade de armas de brinquedo, réplicas perfeitas de armas de fogo
de grosso calibre, com o intuito de comercialização, e esse material for apreendido no decorrer de uma
fiscalização rotineira de trânsito, nessa situação, esse indivíduo deverá ser responsabilizado por tráfico
internacional de arma de fogo.4
➢ Não há delito qualificado: apenas crimes na modalidade simples ou majorada (arts. 19 e 20).
Posse Irregular de Arma de Fogo de Uso Permitido (Art. 12)
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso
permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua
residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou
o responsável legal do estabelecimento ou empresa:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
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Caminhão não é residência (STJ):
“Se o delito é de posse de arma de fogo e ocorreu dentro do prazo da vacatio legis indireta, a pena
deve ser extinta, mas tal causa de extinção não se estende ao porte de arma de fogo encontrada
dentro do caminhão que o paciente dirigia. O conceito de residência não se confunde com o de
veículo-caminhão, pois este é mero instrumento de trabalho.”.5
Caminhão não é local de trabalho (STJ):
“Configura delito de porte ilegal de arma de fogo se a arma é apreendida no interior de caminhão.
O caminhão não é um ambiente estático, não podendo ser reconhecido como local de trabalho.”.6
Abolitio criminis temporária ou vacatio legis indireta: somente à posse de arma de fogo de uso
permitido, contudo há duas datas que distinguem a aplicação:
➢ Até 23/10/2005: além do art. 12, também era cabível à posse de arma de fogo de uso permitido
com numeração raspada ou suprimida (art. 16, parágrafo único, IV).
Súmula nº 513 do STJ: “A 'abolitio criminis' temporária prevista na Lei nº 10.826/2003 aplica-se
ao crime de posse de arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal
de identificação raspado, suprimido ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005.”.
➢ Após 23/10/2005 e até 31/12/2008: somente aplicável ao Art. 12, a posse de arma de fogo
de uso permitido.
“É típica a conduta de possuir arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer
outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado, praticada após 23/10/2005, pois, em

4 Gab.: Errado.
5 STJ, HC 116.052/MG, Rel. Min. Jane Silva (des. convocado do TJ/MG), julgado em 20/11/2008, 6ª Turma, DJe 09/12/2008
6 STJ, REsp 1.219.901/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 24/4/2012, 6ª Turma, DJe 10/5/2012 (Inf. 496).

— “Quanto menos alguém entende, mais quer discordar.” (Getúlio Vargas). 2


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relação a esse delito, a abolitio criminis temporária cessou nessa data, termo final da prorrogação
dos prazos previstos na redação original dos arts. 30 e 32 da Lei nº 10.826/2003.”.7

(CESPE/2017) Ao estabelecer prazo para a regularização dos registros pelos proprietários e


possuidores de armas de fogo, o Estatuto do Desarmamento criou situação peculiar e temporária de
atipicidade das condutas de posse e porte de arma de fogo de uso permitido e restrito.8

Omissão de Cautela (Art. 13)


Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos
ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse
ou que seja de sua propriedade:
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de
empresa de segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de
comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo,
acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas
depois de ocorrido o fato.
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(CESPE/2015) O crime de omissão de cautela, previsto no Estatuto do Desarmamento, é delito


omissivo, sendo a culpa na modalidade negligência o elemento subjetivo do tipo.9
FIQUE LIGADO!

É muito comum as bancas de concursos cobrarem uma “pegadinha”


acerca desse crime: deficiente físico (errado!). Portanto, tenha muito
cuidado e lembre-se que são apenas dois sujeitos os quais podem se Deficiente físico
apoderar da arma de fogo nesse delito:
 Menor de 18 anos de idade; (fato atípico)
 Pessoa com deficiência mental.

Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Permitido (Art. 14)


Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo,
acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação
legal ou regulamentar:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo
estiver registrada em nome do agente. (Vide Adin 3.112-1)

Aumento de pena
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se
forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei.

7 STJ, REsp 1.311.408/RN, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/3/2013, Terceira Seção, DJe 20/5/2013.
8 Gab.: Errado.
9 Gab.: Correto.

— “Quanto menos alguém entende, mais quer discordar.” (Getúlio Vargas). 3


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AVISO REPETITIVO!
Cuida-se apenas de arma de fogo (toda a Lei nº 10.826/2003), portanto, é fato atípico para o
Estatuto do Desarmamento a posse ou o porte de arma branca: será contravenção penal.

➢ Arma desmuniciada: é crime, do mesmo modo que carregar acessórios ou munições.


“A conduta de portar arma de fogo desmuniciada sem autorização e em desacordo com
determinação legal ou regulamentar configura o delito de porte ilegal previsto no art. 14 da Lei nº.
10.826/2003, crime de mera conduta e de perigo abstrato.
Deveras, o delito de porte ilegal de arma de fogo tutela a segurança pública e a paz social, e não a
incolumidade física, sendo irrelevante o fato de o armamento estar municiado ou não. Tanto é assim
que a lei tipifica até mesmo o porte da munição, isoladamente.”.10

(CESPE/2013) De acordo com a jurisprudência do STJ, o porte de arma de fogo é crime de perigo
abstrato, razão pela qual o porte de arma desmuniciada representa conduta típica.11
➢ Arma com defeito parcial: trata-se de objeto material com impropriedade relativa e,
portanto, é típica.
“O mero fato de o funcionamento de arma de fogo não ser perfeito não afasta a tipicidade
material do crime definido no art. 14 da Lei 10.826/2003.”. 12
➢ Arma totalmente inidônea: crime impossível, pela impropriedade absoluta do objeto
material.
“Não está caracterizado o crime de porte ilegal de arma de fogo quando o instrumento apreendido
sequer pode ser enquadrado no conceito técnico de arma de fogo, por estar quebrado e, de acordo
com laudo pericial, totalmente inapto para realizar disparos.”.13
➢ Roubo e porte, no mesmo contexto (logo após): é crime único (princípio da consunção).
“O crime de porte de arma é absorvido pelo de roubo quando restar evidenciado o nexo de
dependência ou de subordinação entre as duas condutas e que os delitos foram praticados em um
mesmo contexto fático – o que caracteriza o princípio da consunção.”.14

“Princípio da consunção. Absorção do porte ilegal de arma pelo crime patrimonial. A posse de
arma de fogo, logo após a execução de roubo com o seu emprego, não constitui crime autônomo
previsto no art. 16, parágrafo único, IV, da Lei nº 10.826/03, por se encontrar na linha de
desdobramento do crime patrimonial.”.15
➢ Roubo e porte, em contexto diverso (momentos distintos): configura concurso material
de crimes (delitos autônomos).
“Princípio da consunção. Inaplicabilidade. Circunstâncias fáticas distintas. Delitos
autônomos. (…) o acusado foi flagrado na posse ilegal da arma de fogo em momento distinto ao da

10 STF, HC 88.757, Rel. Min. Luiz Fux, j. 6/9/2011, 1ª Turma, DJe 20/9/2011. Precedentes: HC 104206, HC 96072, RHC
91553.
11 Gab.: Correto.
12 STF, HC 93.816/RS, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 6/5/2008, 2ª Turma, DJe 1/8/2008 (Inf. 505).
13 STJ, AgRg no AREsp 397.473/DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado 19/8/2014, 5ª Turma, DJe 25/8/2014 (Inf.

544).
14 Jus. Teses 51 STJ. Precedentes: HC 315059; AgRg no AREsp 484845; HC 249718; HC 228062; HC 206274; HC 71696.
15 STF, RHC 123.399/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 30/9/2014, 1ª Turma, DJe 17/11/2014.

— “Quanto menos alguém entende, mais quer discordar.” (Getúlio Vargas). 4


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prática do crime de roubo, caracterizando, assim, uma nova conduta autônoma e independente, o
que impede a aplicação do princípio da consunção.”.16

(CESPE/2016) A apreensão de arma de fogo na posse do autor dias após o cometimento de crime de
roubo não constitui crime autônomo, sendo fato impunível.17
➢ Homicídio e porte de arma de fogo: há duas situações possíveis:
1. Caso ocorra no mesmo contexto fático, será crime único.
“A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça orienta no sentido de que o crime de homicídio
absorve o de porte ilegal de arma de fogo quando as duas condutas delituosas guardem, entre
si, uma relação de meio e fim estreitamente vinculadas.”.18
2. Se for em contexto diverso, haverá concurso de crimes.
“A conduta de portar armas ilegalmente não pode ser absorvida pelo crime de homicídio
qualificado, quando resta evidenciada a existência de crimes autônomos, sem nexo de dependência
ou subordinação.”.19

“Embora seja admissível, não se revela possível, in casu, a aplicação do princípio da consunção,
porquanto a conduta de portar a arma de um lado, e a tentativa de homicídio de outro, ao que se
tem, decorrem de desígnios autônomos não se verificando a relação de meio-fim que autoriza a
absorção de uma figura típica pela outra.”.20

(CESPE/2016) Além dos crimes de homicídio, Júlio responderá em concurso material pelo crime de
posse irregular de arma de fogo, uma vez que, ao mantê-la guardada em sua residência durante mais de
dois meses, já havia consumado esse crime.21
➢ Legítima defesa absorve o homicídio, mas não o porte ilegal de arma de fogo: trata-se de
delito autônomo.
“Não se comunica a excludente de ilicitude que é a legítima defesa, relativa ao homicídio, ao crime
autônomo de porte ilegal de arma.”.22
➢ Porte de mais de uma arma de fogo de uso permitido ou de uso restrito, no mesmo
contexto: é crime único (princípio da consunção).
“A apreensão de mais de uma arma de fogo, acessório ou munição, em um mesmo contexto fático,
não caracteriza concurso formal ou material de crimes, mas delito único.”.23

(CESPE/2017) O porte ou a posse simultânea de duas ou mais armas de fogo de uso restrito ou proibido
não configura concurso formal, mas crime único, pois a situação de perigo é uma só.24
➢ Porte de arma de uso permitido e de uso restrito: será concurso de crimes, porque estão
em tipos penais diferentes (art. 14 e art. 16). No mesmo contexto, via de regra, será concurso
formal.
“Não há crime único, podendo haver concurso formal, quando, no mesmo contexto fático, o agente
incide nas condutas dos arts. 14 (porte ilegal de arma de fogo de uso permitido) e 16 (posse ou porte
ilegal de arma de fogo de uso restrito) da Lei n.º 10.826/2003.”.25

16 STJ, AgRg AREsp 988625/ES, Rel. Min. Ribeiro Dantas, j. 7/3/2017, 5ª Turma, DJe 15/3/2017. Mesmo sentido: HC 241666.
17 Gab.: Errado.
18 STJ, HC 126.944/MS, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 4/3/2010, 5ª Turma, DJe 5/4/2010.
19 STJ, HC 226.373/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 26/2/2013, 5ª Turma, DJe 6/3/2013.
20 STJ, HC 101.127/SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 2/10/2008, 5ª Turma, DJe 10/11/2008.
21 Gab.: Correto.
22 STF, HC 120.678/PR, Rel. p/ ac. Min. Marco Aurélio, julgado em 24/2/2015, 1ª Turma, DJe 6/4/2015.
23 Jus. Teses 23 STJ. Precedentes: HC 228231; HC 163783; HC 194697; HC 104669; HC 110800; AREsp 303312; Inf. 488.
24 Gab.: Correto.
25 Jus. Teses 23 STJ. Precedentes: HC 130.797/SP; HC 162.018/SP.

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“Não há crime único, podendo haver concurso material, quando, no mesmo contexto fático, o
agente incide nas condutas dos arts. 14 (porte ilegal de arma de fogo de uso permitido) e 16 (posse
ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito) da Lei n.º 10.826/2003.”.26

FIQUE LIGADO!

O Estatuto do Desarmamento prevê a incriminação não só de armas de fogo, mas também de


munições e acessórios. Sendo assim, a conduta de levar consigo uma única munição e sem a
referida arma de fogo, incorrerá em crime previsto no Estatuto (Lei nº 10.826/2003), até mesmo se
estiver com partes da arma de fogo ou com ela desmuniciada. Do mesmo modo, quando se tratar de
acessórios, por exemplo, uma mira telescópica.

Disparo de Arma de Fogo (Art. 15)


Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências,
em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática
de outro crime:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável. (Vide Adin 3.112-1)

Aumento de pena
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se
forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei.
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➢ Absorção do porte pelo disparo: dependendo do contexto, há duas situações:
1. No mesmo contexto: haverá absorção (crime único) do porte de arma de fogo de uso
permitido (Art. 14) pelo disparo de arma de fogo (princípio da consunção).
“A jurisprudência desta Corte possui entendimento firmado no sentido de que não é automática a
aplicação do princípio da consunção para absorção do delito de porte de arma de fogo pelo de
disparo, dependendo das circunstâncias em que ocorreram as condutas.

“Na hipótese dos autos, as instâncias ordinárias reconheceram que os crimes foram praticados no
mesmo contexto fático, devendo ser aplicado o referido postulado para que a conduta menos grave
(porte ilegal de arma de fogo) seja absorvida pela conduta mais grave (disparo de arma de fogo).”. 27
2. Em contexto diverso (momentos distintos): haverá concurso de crimes.
“‘Segundo iterativa jurisprudência desta Corte, não há falar em aplicação do princípio da consunção
quando dos delitos de porte ilegal de arma e disparo de arma de fogo são praticados em momentos
diversos, em contextos distintos’”.28
➢ Concurso de crimes: normalmente, quando a finalidade for crime mais grave, então este
absorverá o disparo, por se tratar de crime subsidiário descrito no trecho: “desde que essa
conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime”. Por exemplo: o agente dispara a
arma de fogo com finalidade de se cometer um homicídio. Entretanto, o problema surge se o

26 Jus. Teses 23 STJ. Precedentes: HC 211.834/SP; REsp 1.418.900/AL.


27 STJ, AgRg no REsp 1.331.199/PR, Rel. Min. Ericson Maranho (des. convocado do TJ/SP), julgado em 23/10/2014, 6ª
Turma, DJe 10/11/2014.
28 STJ, CC 134.342/GO, Rel. Min. Newton Trisotto (des. convocado do TJ/SC), julgado em 22/4/2015, Terceira Seção, DJe

5/5/2015. Precedentes: HC 128.533/MG; AgRg no REsp 1.347.003/SC; HC 214.606/RJ.


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delito não for mais grave, há divergência doutrinária, como é o exemplo do disparo de arma
de fogo e lesão corporal de natureza leve. Nesse sentido, discorre Fernando Capez (apud
Gonçalves e Junior, 2016):
“‘Em resumo, o delito previsto no art. 15, caput, da Lei nº 10.826/2003 não é absorvido pelo crime
de lesões corporais de natureza leve, em face de sua maior gravidade. Entendemos que o agente
responde por ambos os crimes em concurso’”.29

(CESPE/2013) O delito de disparo de arma de fogo estará configurado mesmo que seja praticado em
local isolado, desabitado e afastado de vias públicas.30

Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito (Art. 16)


Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder,
ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar
arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
I - suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou
artefato;
II - modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo
de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro
autoridade policial, perito ou juiz;
III - possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou
em desacordo com determinação legal ou regulamentar;
IV - portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou
qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
V - vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição
ou explosivo a criança ou adolescente; e
VI - produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma,
munição ou explosivo.

Aumento de pena
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se
forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei.
Anotações: ________________________________________________________________________________________________________
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(CESPE/2013) Para a configuração do crime de posse ilegal de arma de fogo de uso restrito, é suficiente
o porte de arma de fogo com numeração raspada, independentemente de ser a arma de uso restrito ou
proibido.31
➢ Conflito aparente de normas:
Fraude processual
Art. 347, CP: “Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado
de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito:

29 GONÇALVES, V. E. R.; JUNIOR, J. P. B. Legislação penal especial. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 229.
30 Gab.: Errado.
31 Gab.: Correto.

— “Quanto menos alguém entende, mais quer discordar.” (Getúlio Vargas). 7


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Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único. Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não
iniciado, as penas aplicam-se em dobro.”.

Estatuto da Criança e do Adolescente


Art. 242, ECA: “Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança
ou adolescente arma, munição ou explosivo:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos.”.

(CESPE/2017) Aquele que fornece a adolescente, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório ou
munição de uso restrito ou proibido fica sujeito à sanção penal prevista no ECA, em decorrência do
princípio da especialidade.32

Comércio ilegal de arma de fogo (Art. 17)


Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar,
montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito
próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou
munição, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo,
qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino,
inclusive o exercido em residência.

Aumento de pena
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma de
fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se
forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei.
Anotações: ________________________________________________________________________________________________________
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_____________________________________________________________________________________________________________________.

32 Gab.: Errado.
— “Quanto menos alguém entende, mais quer discordar.” (Getúlio Vargas). 8
PROFESSOR: RAFAEL ANDRADE DE MEDEIROS LEIS ESPECIAIS
TURMA: PRF 2018 ESTATUTO DO DESARMAMENTO

(CESPE/2013) Sobre o delito de tráfico internacional de arma de fogo incidirá causa de aumento de
pena se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso restrito, não havendo previsão legal
expressa de aplicação dessa majorante para o crime de comércio ilegal de arma de fogo.33

Tráfico internacional de arma de fogo (Art. 18)


Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer
título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente:
Pena - reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

Aumento de pena
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma de
fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se
forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei.
Anotações: ________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________
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_____________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________.
➢ Conflito aparente de normas:
Contrabando
Art. 334-A, CP: “Importar ou exportar mercadoria proibida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.”.

Facilitação de contrabando ou descaminho


Art. 318, CP: “Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho
(art. 334):
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.”.

(CESPE/2015) Renato, guarda municipal de cidade brasileira, favoreceu a remessa de um lote de trinta
armas de fogo de uso permitido, sem autorização da autoridade competente, para país fronteiriço com
o Brasil. Nessa situação, Renato praticou crime de tráfico internacional de arma de fogo, sem que incida
causa de aumento de pena prevista no Estatuto do Desarmamento.34

33 Gab.: Errado.
34 Gab.: Errado.
— “Quanto menos alguém entende, mais quer discordar.” (Getúlio Vargas). 9

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