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Criatividade e educação
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Eric Zompero
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All content following this page was uploaded by Eric Zompero on 17 February 2021.
Iniciando pelo óbvio, e que está disposto em múltiplas teses, em vários depositórios
acadêmicos, gosto sempre de citar o fantástico antropólogo, sociólogo e principalmente
filósofo francês Edgar Morin, que pensa e analisa a educação, pensando em seu futuro,
citando seus sete saberes, importantes para quebrar alguns paradigmas em relação às nossas
atividades educacionais. Seu primeiro saber refere-se, sempre considerando que as análises
são opinião desse autor, à “cegueira do conhecimento: o erro e a ilusão”, de onde podemos
considerar desde a vulnerabilidade da ciência diante de questões pessoais e amplitude dela,
até à prepotência dos que se apropriam desse conhecimento como uma autoafirmação
egocêntrica, o que percebemos em muitos dos cursos citados, já vi professores aéticos com
essa atitude, inclusive humilhando alunos. Não preciso nem falar que essa atitude deve ser
extinguida. O segundo, “os princípios do conhecimento pertinente”, e aqui temos uma das
principais questões do desenvolvimento criativo, devemos, como professores, compreender o
indivíduo, nunca de forma global como algumas instituições fazem, nivelando por baixo a
educação do aluno, devemos compreender e instigar cada um em direção ao desenvolvimento
de suas capacidades intrínsecas, afinal cada um tem uma vida diferente, que o construiu com
informações diversas, essenciais para a troca em uma comunidade estudantil, todos
contribuem com todos. Isso colabora com o terceiro saber, “ensinar a condição humana”,
fazendo com que todos compreendam sua humanidade, sua cultura, suas condições físicas,
psicológicas, entre outros; aqui observamos a necessidade da presença do professor como
incentivador desse desenvolvimento, ou seja, aulas à distância em épocas anômalas são
necessárias, mas nunca a educação de um artista, designer ou arquiteto será completa sem a
interação com um profissional dessas áreas, presente fisicamente. Gosto muito de falar sobre
o aperto de mãos, e como a eliminação dela nos dias de hoje determina conexões cada vez
mais insipientes. Saímos do indivíduo e vamos para o macrocosmos, “ensinar a identidade
terrena”, significa que, embora importante o desenvolvimento de comunidades locais, o
conhecimento é amplo e comum à todo o planeta, e toda problemática é assim, planetária, daí
a necessidade de conhecer o total, e não apenas uma parte, pois isso seria cercear o
desenvolvimento total do aluno. “Enfrentar as incertezas”, também é global, vivemos em um
sistema caótico, cada pequeno bater de asas de uma borboleta na Índia pode mudar nosso
pequeno geoide, e nossos discentes devem estar preparados para as incertezas, a fim de
minimizar todas as dificuldades causadas por ela. O sexto saber é uma das mais difíceis nesses
tempos de individualização exacerbada, “ensinar a compreensão”, compreender o outro como
cooperante, independente de qualquer variação humana, evitando etnocentrismos,
dogmatismos, xenofobia, racismo e egoísmos; parece óbvio, mas observando ocorrências nas
universidades, sabemos que essas ações negativas são constantes. Estamos desenvolvendo um
trabalho sobre como eliminar essas questões negativas em cursos universitários, em breve
publicaremos. Por último, uma complementação da anterior, temos “ a ética do gênero
humano”, o indivíduo está conectado à antropo-ética, à diversidade, ao antagonismo, o ser
humano é plural, e deve ser assim compreendido, cada cultura, cada local, cada grupo social
possuem suas habilidades e repertórios específicos, e devem ser assim considerados, como
pertencentes à humanidade de modo unitário; todos são indivíduos, mas dentro de uma
comunidade global, e aprender isso é aprender com cada um desses seres humanos.
Criatividade está presente o tempo todos em nossas vidas, é apenas necessário vê-la, e
então apropriar-se dela e colocar em prática.
Projetar, a ação pertinente às ciências aqui citadas, Arte, Arquitetura e Design, exige
processos criativos complexos, aliás processos técnicos e tecnológicos estão aqui inclusos, pois
fazem parte do ato projetual intrinsicamente. É algo pessoal que pode ser destruído em
instantes em ações docentes, por exemplo, é comum em algumas “aulas” de projeto a
avaliação de partes de um processo projetual proposto pelo aluno, por exemplo, um estudo
inicial, ou um croqui. Nessa ocasião o “censor”, pois não vou chamá-lo de Professor, faz uma
avaliação negativa do trabalho inicial, ocasionando uma juízo conflitante no processo projetual
do aluno, quebrando o incentivo que deveria ocorrer. Ora, o produto é o final, ele é decisivo;
fases iniciais devem ser construídas em cada etapa, não demolidas.
Construir, esse é o verbo muitas vezes esquecidas nesses e em outros cursos. É uma
ação contínua, não determinística. É Evoluir, conjuntamente. Em a cada ano tem-se alunos
diferentes de nós mesmos quando éramos alunos, não adianta impor os mesmos protocolos
de antes. Temos que absorver, compreender e mostrar ações a cada inferência percebida. O
que não ocorre na prática atual. Falta preparo do profissional discente, falta prática, falta,
muitas vezes, humanidade e desejo de compreender o aluno, o qual, muitas vezes, se encontra
em turmas com mais de 80 alunos, sendo impossível seu desenvolvimento, ele pode apenas
acompanhar a manada para se formar, já que atualmente nem avaliação são mais necessárias,
pois os alunos são aprovados sem cursar muitas disciplinas.
Mas enfim, temos que observar e construir novas realidades pensando no futuro,
quebrar as imposições dos que não priorizam a educação. E isso deve ser rápido, pois senão
teremos várias gerações enfraquecidas até que consigamos considerar profissionais íntegros e
completos novamente. Deve-se procurar modelos de práticas e teorias alternativas, que
envolvam todos os saberes desejados, projetos que demonstrem a capacidade dos alunos, não
apenas fetiches em exercícios já descartados e desatualizados nas disciplinas desses cursos.