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História e Epistemologia da Enfermagem

História da enfermagem

● É o antes do agora; Os factos e os pensamentos que nos precederam e o impacto que


tiveram em tempos passados, mas também no presente;

Para que?

“ Serve para olhar o passado, para compreender o presente e projetar o futuro”

Base da história: Se não percebermos o passado teremos dificuldade em conhecer o presente e


projetar o futuro (alterar, não fazer os mesmos erros) Todo o tempo evolui, mas possui algo em
comum, que não desaparece.

● As raízes;
● Os objetivos de cada tempo;
● O percurso de mudança.

Explicar o percurso e as influências na Enfermagem no contexto da Assistência em Portugal

O desenvolvimento da Enfermagem em Portugal está relacionado com contextos Históricos,


Religiosos, Institucionais, Políticos, Sociais, Económicos, Educacionais e de outras profissões

O despertar da nacionalidade e a Assistência em Portugal - séc XII - ÉPOCA MEDIEVAL

Mosteiros, Conventos e Confrarias // Espaços dedicados a enfermarias // Apoio de todos para


todos // Cuidados prestados aos enfermos segundo a

Regra de S. Bento:

❖ Conceitos de Cuidado e Cura;


❖ As capacidades de quem cuida;
❖ Prestação dos cuidados de forma correta;
❖ A higiene dos enfermos;
❖ A alimentação dos enfermos

A assistência em Portugal e o caminho dos enfermeiros - séc XIII

- A regra de S. Bento
- Compromisso de uma gafaria: 1ª instituição de saúde com campo específico, local onde
estavam as pessoas com uma patologia específica (contagiosa), tinham auto-cuidado (a
pessoa cuidava de si)
- Compromisso com uma confraria (hospital)

Encontro dos enfermeiros com a Idade Média - Séc XIV

- Regimento do hospital de S. Lázaro em Coimbra


- Confraria - Hospital
- Compromisso do Hospital dos Inocentes em Santarém: Hospitaleiro
- Rede assistencial em construção
A Ponte do percurso para a Idade Moderna - séc XV

- 21 factos históricos
- Hospitaleiro e Hospitaleira com funções definidas
- 1498 - Misericórdia de lisboa
- 214 hospitais em Portugal

A caminho de novas funções para os Enfermeiros - séc XVI

⧫ 1504- Regimento do Hospital Real de Todos os Santos em Lisboa

- Uma abordagem abrangente das funções dos enfermeiros


- Hierarquização das funções: Enfermeiros Maiores / Enfermeiros pequenos
- Enfermeiros com enorme amplitude de atividades
- Uma tábua como forma de registo

A encruzilhada dos Enfermeiros numa Centralização Organizacional - Séc XVII

⧫ 1664 - Luz da medicina: prática racional e metódica, guia dos enfermeiros - Francisco Roma

Enquadramento teórico inicial - séc XVIII

⧫ 1741- Postilla religiosa e arte de enfermeiros

- Acolhimento
- Colheita de dados
- Visita aos enfermos
- Escrita numa tábua
- Administração da terapêutica
- Cuidados com a alimentação

Numa fase inicial a enumeração de oito princípios fundamentais de âmbito global, dos cuidados a
prestar aos enfermos:

→ o acolhimento, com o ênfase no otimismo; aos atos iniciais, após estar no leito; passando pela
colheita de dados; à visita aos enfermos; à escrita numa tábua; à administração da terapêutica; aos
cuidados com a alimentação e aos aspetos gerais relacionados com a morte.

Um conjunto de normas relacionadas com funções para os enfermeiros, onde Frei Santiago
articulava duas dimensões importantes:

os conceitos da ciência na época e a sua própria experiência. Muitas das normas enquadram o
contexto com uma variedade de expressões relacionadas com a dependência da sua execução:

“se o médico mandar fazer ... ;(...) é preciso que o médico determine a que hora se deve fazer ...; (...)
perguntareis ao médico ...; (...) conservar o tempo, que o médico disser.

A escrita do livro transmitia uma perspetiva da enfermagem no final da primeira metade do século
XVIII em Portugal. Alguns aspetos com alguma autonomia na sua execução:“-Registos de
enfermagem, “-A posologia e a ordem a seguir na administração dos medicamentos e tratamentos”,
“-Os procedimentos a observar em caso de hemorragia e na ausência do cirurgião”, “-Os cuidados a
ter quando se submetia um doente à sangria”, “-As preocupações éticas e o dever de hospitalidade”.

Alguns aspetos com alguma autonomia na sua execução: Relacionada com “(...) as purgas”, o
enfermeiro tinha autonomia para as suspender, (...)

No âmbito da higiene, a tipologia de banhos descritos referia “(...) de diferentes águas, e


cozimentos”, mas também uma classificação em banhos gerais e particulares, pois podiam ser “em
diferentes partes do corpo. Surgia também um banho “(...) a que chamam semicúpio... um banho
dos joelhos para baixo”. Esta atividade que tinha uma componente em que o médico instituía a
tipologia a utilizar, referia também os cuidados com a temperatura da água, “seja de forma, que o
não queime ...”. Uma particularidade enunciava a possibilidade de o banho ser realizado de manhã
ou de tarde: “ (...) se o banho for de manhã, efetuar com o enfermo em jejum ... e se for de tarde, se
fará o banho cinco horas depois do jantar …”.

O tempo estipulado para o banho era determinado pelo médico, havendo o cuidado quando a água
era quente, “(...) ir lançando no banho, e se conserve o calor até completar o tempo...”. A
localização do banho devia ser o mais próximo da cama, “(...) porque sucede muitas vezes ter um
desmaio, e corre perigo o enfermo dentro do banho ... como porque acabado o tempo, que nele
houver de estar, se possa o enfermo logo meter nela de pois de enxuto ...”.

História da enfermagem em Portugal - séc XIX Época Contemporânea

⧫ 1825- Regulamento do Hospital Real e Civil do Espírito Santo de Évora

- Para os enfermeiros a necessidade de dominar a leitura e a escrita.


- Enfermeiro-Mor como responsável pelas atividades de enfermagem

⧫ 1833- Regulamento do Hospital da Misericórdia de Angra

- Princípio fundamental para admissão do Enfermeiro: Saber ler, escrever e contar.


- Enfermeiros---Ajudantes

⧫ 1852- Regulamento do Hospital Civil de Guimarães

- Enfermeiro a dominar a leitura, a escrita e a aritmética

⧫ 1863- Regulamento Hospital de S. José e anexos de Lisboa

- Enfermeiro---Ajudante---Praticante
- Organização por género continua a prevalecer

⧫ 1881- 1ª Escola para enfermeiros em Portugal

- Hospitais da Universidade de Coimbra

⧫ 1882- Enfº Fiscal - Enfº Ajudante-Praticante

- Hospitais da universidade de Coimbra

⧫1887 –Escola para Enfermeiros no Hospital de S. José

- Tentativa de iniciar um local de formação para enfermeiros.

⧫ 1895- Escola de Enfermagem Franciscanas Missionárias de Maria


Ideologia da Escola:

Dignidade da Pessoa Humana, Homem como ser Bio-psico-social espiritual, Dentro de uma
Ética e Ideais Cristãos

⧫1896- Manual para Curso de Enfermeiros do Hospital de Santo António no Porto

- Conceção do Enfº: Caridade, paciência, relação empática com os doentes, colaboração com
o médico
- 1ª escola de enfermagem no Porto
- surgiu regulamentada a Escola de Enfermagem da Marinha.
- nos Estados Unidos da América nasceu a Ordem das Enfermeiras.

⧫ 1899- surgiu a Internacional Council of Nurses. (ICN)

Os enfermeiros e a esperança - Séc XX

⧫ 1901- Estatutos da Escola Profissional de Enfermeiros do Hospital de S. José e Anexos de Lisboa

- Objetivos:

1. Cumprir prescrições médicas e cirúrgicas

2. Prestar cuidados de enfermagem a doentes

3. saber ler, escrever e contar

4. Construção curricular baseada na tradição prática, com anatomo-fisiologia e microbiologia

Nos objetivos da sua criação, a distinção entre dois fundamentos que surgiam separados: por um
lado, o cumprir as prescrições médicas e cirúrgicas, por outro lado e de forma separada o de prestar
os cuidados de enfermagem, não esquecendo a organização dos cuidados consoante as
necessidades dos doentes, já enunciada atrás.Esta era a primeira vez que se abordavam os dois atos
em separado, com o enunciar dos cuidados de enfermagem.No quadro teórico denominado
doutrinário, as temáticas enquadravam-se nas atividades que os enfermeiros já realizavam nos
hospitais, acrescentadas das componentes de anatomia, fisiologia e microbiologia.

- Semelhante ao regulamento de 1863


- Enfº Ajudante-Praticante
- Enfº com funções de gestão, prestação de cuidados e orientação educativa
- Importância dada à visita médica
- Fiscal não era enfermeiro

⧫ 1912- Hospital de Mora

- Enfermeira era também responsável pela cozinha do hospital

⧫ 1913- Hospital de Évora

- Enfº Ajudante-Praticante

⧫ 1918 - Hospitais Civis de Lisboa

- Enfº Chefe → Enfº Sub-Chefe → Enfºs de 1ª e 2ª classe

⧫ 1922- Regulamento da Escola Profissional de Enfermagem (Antiga Escola Profissional de


Enfermagem (Antiga escola profissional de Enfermeiros) dos Hospitais Civis de Lisboa:
- Novidades Curriculares: História de Santarém
- Novidades Curriculares: História da Enfermagem, Organização dos Serviços
Hospitalares,Legislação e Deontologia Profissional

⧫ 1933- Quadro de Pessoal do Hospital de Santarém

- Enfº Ajudantes-Praticantes

⧫ 1935- Regulamento da Escola de Enfermeiros do Hospital Geral de Sto. António no Porto

- Curso de Enfermagem de 3 anos


- Admissão com 6 anos de escolaridade
- A formação em enfermagem até 1935 estava centrada apenas nas escolas em Braga, Porto,
Coimbra e Lisboa.

⧫ 1938 :Existiam em Portugal 314 hospitais, correspondiam a 18.933 camas, o que representava 29
camas por 10.000 habitantes. Na mesma época, a Alemanha possuía 172 camas por 10.000
habitantes, a Suécia 67, a Bélgica 60, a França 37, a Grécia 23 e a Polónia 22. Dos hospitais
existentes, 270 (cerca de 85%) pertenciam às SCM.

⧫ 1940- a criação da Escola Técnica de Enfermeiras no Instituto Português de Oncologia, em Lisboa

Onde havia “ o período considerado como pré-aprendizagem, no 1º semestre. Não podemos


esquecer a colaboração da Fundação Rockfeller nesta escola.

Para Soares (1996:39), os objetivos desta escola eram: “preparar enfermeiras de cultura superior no
que respeita às ciências naturais e de saúde pública ...”. Esta escola de enfermagem vinha inaugurar
“um novo modelo na formação de enfermeiras, influenciado pelo sistema americano ...

⧫ 1942- Hospital Espírito Santo em Évora

- Enfº reside no hospital- A inseparabilidade do hospital


- O decreto de 12 de março estipulava que a enfermagem hospitalar, nos Hospitais Civis de
Lisboa, passava a ser prestada por mulheres solteiras ou viúvas, sem filhos.
- O primeiro instrumento para a uniformização e controlo das escolas ... estabelece normas
relativas à duração dos cursos (geral e de especialização), à constituição dos júris de exames
finais, cujo presidente é designado pelo Ministério do Interior, às condições de admissão dos
candidatos e aos locais de estágio”

⧫ 1950- Escola de Enfermagem e Ação Social Ultramarina

⧫ 1954- Hospital de Portalegre

- Formação prática em Cuidados de Enfermagem durante 6 meses, com 4 anos de


escolaridade.
- Era os profissionais da arte de curar.

⧫ 1954- Hospital Escolar de Lisboa

- Admissão apenas do género feminino com diploma das escolas


- Enfª Superintendente, Enfª Geral, Enfª Chefe, Enfª Subchefe, Enfª de 1ª Classe, Enfª de 2ª
Classe e Auxiliar de enfermagem
- Valorização dos registo

⧫ 1957- Escolas de Enfermagem em Portugal


23 escolas de enfermagem, organizadas em escolas oficiais, dependentes do subsecretariado da
assistência, umas com formação em enfermagem geral, Artur Ravara e Hospital de Santa Maria em
Lisboa, Ângelo da Fonseca em Coimbra, Hospital de S. João no Porto e S. João de Deus em Évora.

Em relação às escolas particulares, onde era ministrado o curso de enfermagem geral, Ordem
Hospitaleira de S. João de Deus no Telhal, S. Vicente Paulo e Franciscanas Missionárias de Maria em
Lisboa...

⧫ 1960- Hospital de Freixo de Espada-à-Cinta

- Enfermeiros com funções próprias e as relacionadas com as prescrições médicas


- Era responsável pela farmácia

⧫ 1964

Ficava estabelecido que os enfermeiros docentes passavam a ser considerados como professores, o
que apenas vinha a ocorrer com a carreira em 1967.

Enquanto que o conceito de enfermagem de Virgínia Henderson era adotado pelo Conselho
Internacional de Enfermeiras.

⧫ 1973- Inaugurada Escola de Ensino e Administração de Enfermagem de Lisboa

- 1º Congresso Nacional de Enfermagem : com ideias que iriam ter repercussões no futuro da
enfermagem, como a necessidade de se realizar a elaboração de um estatuto profissional ou
a discussão em torno da disciplina e profissão

⧫ 1988 - Integra o ensino de enfermagem no sistema educativo nacional a nível do ensino


politécnico, conferindo o grau académico de bacharel.

⧫ 1999-Inicia-se o Curso de Licenciatura em Enfermagem que confere o grau de Licenciado

Conclusão

→ O desenvolvimento das funções dos enfermeiros foi realizado a velocidades diferentes ao longo
do país.

→ A influência educativa foi a mais determinante na construção do percurso dos enfermeiros.

→ Não foi observada predominância de um género na profissão, exceto em períodos específicos.

→ A construção curricular foi baseada nas funções dos enfermeiros.

→ Não foram identificadas fases ou períodos organizados em torno de aspetos sistemáticos no


percurso dos enfermeiros.

História da Enfermagem Moderna

A caminho de novas funções para o enfermeiros - séc XVI

Regimento do Hospital Real de Todos os Santos em Lisboa (1504)

Uma abordagem abrangente das funções dos enfermeiros

● Hierarquização das funções:


- Enfermeiros Maiores
- Enfermeiros Pequenos

Tipologia de funcionários:

- Religioso → Dois Capelães e dois Ajudantes


- Administrativo → Um Provedor, um Veador (vice-provedor, um Almoxarife (Cobrança de
Rendas), um Escrivão, e um Despenseiro
- Técnico → Um físico, dois Cirurgiões com dois Ajudantes, Um Hospitaleiro e uma
Hospitaleira, quatro Enfermeiros Maiores e Sete Enfermeiros Pequenos, uma Enfermeira
com uma Ajudante, um Boticário com dois Ajudantes;
- OUTROS FUNCIONÁRIOS
- Enfermeiro-mor, em cada enfermaria, com referência à sua necessidade, para que os
doentes sejam melhor curados e remediados nas suas doenças e necessidades…

Funções dos enfermeiros no regimento

● A visita aos doentes era realizada pelo menos duas vezes ao dia, nela participavam, os
funcionários técnicos atrás referidos e também o provedor ou o vice-provedor.
● A existência de uma tábua, onde eram registados um conjunto de dados sobre cada doente.
Nessa tábua além dos dados de identificação dos doentes, o enfermeiro maior escrevia o
tipo de alimentação para cada um, seguia as indicações do médico, que assinava no final de
cada visita em cada enfermaria.
● Após concluírem todas as visitas a todas as enfermarias, os enfermeiros maiores juntavam-
se aos veadores nas cozinhas para analisar as tábuas e ver o que os pacientes iriam comer.
● Uma abordagem dos enfermeiros pequenos, lembrava que lhes competia, assim como aos
enfermeiros maiores, todo o serviço dos doentes, com toda a caridade e amor que devem
por Deus e pelos próximos.
● Apareciam depois as indicações para os enfermeiros maiores ou pequenos, sobre as
atividades durante a noite. Quando algum doente falecia a responsabilidade de os tirar do
leito e no trajeto para a igreja era dos enfermeiros.
● Obrigação de, após a prescrição do médico e preparação do farmacêutico, administrar o
medicamento ao doente.
● Higiene dos doentes (atividade prescrita pelo médico), tem algum relevo neste regimento;
● Mudança da roupa de cama, pelo menos de 8 em 8 dias

Regulamento do Hospital Del Rei de Coimbra - 1508

O enfermeiro por apenas uma vez,cita - os cuidados dos enfermos estão a cargo do hospitaleiro.

Os cuidados com os enfermos mereciam pouco desenvolvimento, relembrava os


aspetos comportamentais do hospitaleiro, onde imperava a caridade como base para
um desempenho eficaz na relação com os enfermos, centrando a sua atuação na
higiene a vários níveis, na terapêutica e na alimentação.O hospitaleiro tinha também
funções de administração de recursos,funções de preparação da terapêutica prescrita
pelo médico.O acolhimento dos enfermos pertencia ao capelão.
Regimento do Hospital de S. Marcos em Braga

Os cuidados aos enfermos eram prestados por um hospitaleiro e por uma hospitaleira, a
administração estava a cargo de um provedor, não havia uma especificação das funções.

Compromisso do Hospital das Caldas da Rainha


O desenvolvimento se aproximava do enunciado para o regimento de 1504 em Lisboa. Um hospital
termal, de dimensões elevadas para a época, que mereceu uma atenção especial do poder régio. A
grande impulsionadora do hospital, que já funcionava desde o final do século passado, foi a Rainha
D. Leonor. A própria rainha apareceu como a primeira administradora desta instituição de
assistência. Estavam previstos dois enfermeiros e um enfermeira para a prestação dos cuidados aos
enfermos, além de um hospitaleiro e de uma hospitaleira, entre um conjunto mais vasto de outros
funcionários,com funções específicas para as suas atividades.

O aspeto específico dos cuidados com os banhos com a água termal da instituição, pela
especificidade da suas funções.Também uma regulamentação do âmbito da higiene, aos vários
níveis, onde o enfermeiro era responsável e a necessidade de pelo menos um dos enfermeiros
soubesse ler e escrever para melhor cumprir os objetivos que lhe estavam destinados.O acolhimento
era realizado pelo hospitaleiro e pelo enfermeiro.

⧫História da Enfermagem Contemporânea

Florence Nightingale (1820-1910)

- Enfermagem Além da vocação, a profissão.


- Fundação da 1ª escola de Enfermagem Moderna- 1860

Influente nas mudanças que se iriam verificar na enfermagem, tendo passado algum tempo junto de
Theodore Fliednere de Elizabeth Fry. Esteve na guerra da Crimeia (desde 1853) juntamente com um
grupo de enfermeiras e colocou em prática um conjunto de ações que tiveram reflexo nas formas de
cuidar os enfermos.

Florence Nightingale veio modificar o paradigma de olhar a enfermagem: além da vocação,


transforma-se em profissão (Vieira, 1998).

Em 1860 Florence Nightingale fundava a Escola de Enfermagem do Hospital de St. Thomas na


Inglaterra. Nos anos seguintes, por toda a Europa surgiram também escolas de enfermagem, tanto
públicas como privadas.

No seu livro ‘Notes on nursing: what is and what is not’(1859), importante para a construção da
história da enfermagem, Nightingale abordava princípios globais da enfermagem, relacionados com
atividades de vida dos doentes, mas também questões essenciais do meio ambiente, como a
iluminação ou a higiene das instituições de assistência, a ventilação e o aquecimento ou os ruídos.

Na sua perspetiva, enfermagem devia significar “a utilização correta de ar puro, iluminação,


aquecimento, limpeza, silêncio, e a seleção adequada tanto da dieta como da forma de administrar
-tudo com o mínimo de dispêndio de energia vital do doente” (Nightingale, 2005:21).

A senhora da Lamparina conseguiu baixar a mortalidade dos soldados feridos de +/-40% para 2%
-Através de uma Nova organização do hospital de campanha para 4000 feridos.

»»»»»»Comida–Higiene –Arejamento –Apoio individual«««««««

Conceito naturalista de enfermagem:

“... O nosso trabalho consiste em colocar o paciente nas melhores condições possíveis para que a
natureza o cure. Devemos fornecer boa alimentação, higiene, limpeza, ar fresco e estabelecer com o
doente uma relação em que este se sinta apoiado pela enfermeira...” (Florence Nithingale)
Regulamentação Profissional da Enfermagem Legislação -Regulamentação

REPE = Regulamento do Exercício Profissional dos Enfermeiros, que cria a Ordem dos Enfermeiros e
define o Estatuto Profissional bem como o Código Deontológico

Enfermagem segundo o REPE: “ A enfermagem é a profissão que na área da saúde tem como
objetivo prestar cuidados de enfermagem, ao ser humano são ou doente, ao longo do seu ciclo vital,
e aos grupos sociais (comunidades) em que está integrado, de forma a que mantenham, melhorem e
recuperem a saúde, ajudando-os a atingir a sua máxima capacidade (física, mental, social e
espiritual) tão rapidamente quanto possível.”

Define os profissionais de enfermagem como Enfermeiros (generalistas ou de cuidados gerais) e


Enfermeiros Especialistas como profissionais habilitados com a formação académica adequada e
necessária, de forma a terem as competências científicas, técnicas e humanas para prestaram
cuidados ao ser humanos nos 3 níveis da prevenção primária , secundária e terciária.

Cuidados de enfermagem são intervenções autónomas ou interdependentes a realizar pelo


enfermeiro no âmbito das suas qualificações profissionais.

Deve ser utilizada metodologia científica de trabalho que implica identificação dos problemas de
saúde e de enfermagem, planeamento dos cuidados e a sua execução correta e adequada e
finalmente a avaliação dos cuidados prestados.

Educar e apoiar para a aquisição de estilos de vida saudáveis.

As intervenções de enfermagem autónomas segundo o REPE são realizadas apenas sob a sua
responsabilidade e respetiva qualificação profissional no âmbito da prestação direta de cuidados,
ensino, gestão, formação, ou assessoria, podendo utilizar os contributos da investigação em
enfermagem.

As intervenções interdependentes são realizadas em conjunto com outros técnicos de forma a


atingir um objetivo comum previamente definido num plano de saúde pelas equipas
multidisciplinares.

Atribuições:

Promover a defesa da qualidade e o desenvolvimento dos cuidados de enfermagem prestados à


população.Regulamentar e controlar o exercício profissional tendo em conta as regras de ética e
deontologia profissional.

Organizações Profissionais

→ Associação Católica dos Enfermeiros e Profissionais de Saúde A C E P S

Em Portugal desde 1948

Tem desenvolvido um trabalho de representação e apoio do pensamento cristão na área da saúde,


promovido o desenvolvimento da profissão através de encontros de formação contínua e
divulgação, edita livros e publica a revista SERVIR . Teve um contributo muito valioso para o
desenvolvimento da profissão.
→ Sindicato dos Enfermeiros Portugueses SEP

É uma federação de antigos sindicatos,surge após o 25 de Abril. Dá o seu contributo para a defesa
dos interesses dos enfermeiros protegendo-os das entidades patronais .

Organizações Internacionais

→ I C N -Comité Internacional de Enfermeiros

Símbolo o coração branco

Organização mundial que congrega associações representativas dos enfermeiros de todos os países

→ Cruz Vermelha internacional e sua delegação em Portugal

Surge após a guerra na Crimeia sec XIX

Tem evoluído para dar apoio a todas as populações que sofrem as consequências de conflitos ou
desastres

Epistemologia

● Ramo da filosofia que estuda a estrutura, os métodos e a validade do conhecimento;


● Filosofia do conhecimento (Encontra-se no Sentido que as coisas têm, é o coração)
● Opõe as crenças ou opiniões (determinado ponto de vista subjetivo) ao conhecimento
(crença verdadeira e justificada);
● É um caminho específico, os atos decorrem desse caminho;
● É uma forma de exercer a nossa ciência.
● É uma linha unificadora de todos os procedimentos da enfermagem (apreciação/avaliação
inicial, diagnóstico…)

● Encontra-se no sentido que as coisas têm

Para que serve o conhecimento em Enfermagem?

Serve para delimitarmos os contornos da nossa ação; e assim também, delimitarmos


o nosso enquadramento com as outras áreas do saber.

Serve para construirmos um conjunto de referenciais que nos permitam


compreender   o que fazer  e  como fazer (identificar a função técnica e social da
profissão).

“Saber, saber ser, saber fazer”

Enfermagem

Profissão e Área do Saber

No passado, com as épocas históricas, a Enfermagem era uma ocupação e uma profissão não
autónoma.  Não tinha um quadro conceptual de base. Definia-se Enfermagem, pelas "coisas" que os
Enfermeiros faziam (a injeção; o penso; o banho; a algaliação, a ligadura...).

A enfermagem enquanto área do saber não se define pelas práticas de cuidados, mas sim pelo
sentido que cada prática possui, em cada momento, e pelo sentido comum a todas as práticas.
No presente, compreendemos que:

● Cuidamos de Pessoas, como Seres em Processo (Seres que estão sempre a desenvolver-


se e a adaptar-se).

● seres Holísticos, seres humanos tomados como um todo, não podem ser
descontextualizados, só conhecemos a pessoa se conhecermos a sua totalidade.

Holismo: é um construto teórico que nos transmite a noção de que o objeto da nossa
consciência é quem nós estamos a ver. É preciso uma abordagem mais abrangente para
compreender um fenómeno pela sua totalidade. Cuidados holísticos - Cuidados
personalizados.

● Os acontecimentos da vida, exigem, por parte de cada Pessoa, adaptações diversas. Sem
adaptação, não respondemos à alteração das condições que, acontece
permanentemente à nossa volta.
● Adaptamo-nos a uma doença, no sentido de a debelar...
● Adaptamo-nos a uma hemorragia, mobilizando os nossos mecanismos de coagulação...
● Adaptamo-nos a uma perda de alguém significativo...
● Adaptamo-nos a uma alteração da temperatura ambiente...

Enfim, todo o nosso Viver, é composto por adaptações.

O processo de Adaptação é concretizado através daquilo a que chamamos "Respostas Humanas".

Daqui a definição da Enfermagem, enquanto o Apoio Subsidiário às Respostas Humanas, na área da


Saúde. A natureza (sentido comum) da enfermagem está focada no apoio a estas mesmas respostas
permite-nos encontrar o equilíbrio.

Para apoiar:

● Conhecer atitudes e técnicas adequadas para um apoio profissional afetivo;


● Executá-las proficientemente;
● Ser um SER INTEGRAL (saber, saber fazer, saber ser)

Benefícios do apoio subsidiário:

● Estimula os mecanismos da Pessoa;


● Promove a autonomia;
● Reforça o processo de reabilitação.

Respostas Humanas

● Mecânicas (ex. Corte, apertar o dedo) e automáticas (ex. coagulação interna);

● Qualquer mecanismo biológico, comportamental ou outro que me ajuda a restabelecer


o equilíbrio homeostático (desequilíbrio causado por fatores de perturbação)

Respostas humanas – Biológicas, psicológicas, sociais, culturais e espirituais

Fenómeno- suscetível de ser percecionado pelos nossos sentidos

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