Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
‡
Rodrigo Carlos Silva de Lima
rodrigo.uff.math@gmail.com
‡
1
Sumário
2
SUMÁRIO 3
Axiomas da adição
x + (−x) = 0.
4
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS DE ANÁLISE 5
Axiomas da multiplicação
1.x = x.
(x.y).z = x.(y.z).
Enfatizamos que 0−1 não está definido. Sempre que consideramos x−1 , estaremos
supondo x 6= 0. O elemento x−1 é chamado inverso de x.
x=y⇒x+c=y+c
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS DE ANÁLISE 6
x = y ⇒ x.c = y.c ∀ c ∈ K.
y
= y.x−1
x
y
chamamos y de numerador e x de denominador da fração .
x
x(y + z) = xy + xz.
• O conjunto dos inteiros Z não é um corpo, pois não possui inverso multi-
plicativo para todo elementos, por exemplo não temos o inverso de 2.
• O conjunto dos números naturais não é um corpo, pois não possui simétrico
para cada elemento contido nele.
ê Demonstração.
• Comutatividade da adição
• Existe a função simétrica, dado g(x), temos f com f(x) = −g(x) e daı́
(f(x).g(x)).h(x) = f(x).(g(x).h(x))
• Comutatividade da multiplicação
1.1.1 Subcorpo
• A adição é fechada.
• O produto é fechado.
• Dado x ∈ A implica −x ∈ A.
√
• O elemento neutro da adição 0 pertence ao conjunto. Pois 0 = 0 + 0 p
√
• O elemento neutro da multiplicação 1 pertence ao conjunto. Pois 1 = 1 + 0 p
√ √ √
• A adição é fechada. Pois x + y p + z + w p = x + z + (y + w) p.
√ √ √ √
• O produto é fechado. Pois (x + y p)(z + w p) = xz + xw p + yz p + y.wp.
√ √
• Dado x ∈ A implica −x ∈ A. Pois dado x+y p temos o simétrico −x−y p.
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS DE ANÁLISE 9
√
• Dado x 6= 0 ∈ A tem-se x−1 ∈ A. Pois dado x + y p temos inverso
√
x−y p
x2 − y2 p
√
Z Exemplo 4. O conjunto dos elementos da forma a + bα onde α = 3
2 não
é um corpo pois o produto não é fechado, vamos mostrar que α2 não pertence ao
conjunto.
Suponha que α2 = a + bα então α3 = aα + bα2 = 2 substituindo a primeira na
segunda temos que
2 − ab
se b2 + a 6= 0 então α = o que é absurdo pois α é irracional, então
b2 + a
devemos ter a = −b2 , multiplicamos a expressão aα + bα2 = 2 por α, de onde
segue aα2 + 2b = 2α, substituindo α2 = a + bα nessa última temos
2b + a2
se 2 6= ab chegamos num absurdo de α = , temos que ter então 2 = ab
2 − ab
e a = −b2 de onde segue 2 = −b3 , porém não existe racional que satisfaz essa
identidade, daı́ não podemos escrever α2 da forma a + bα com a e b racionais,
portanto o produto de elementos não é fechado e assim não temos um corpo.
ê Demonstração.
y = 0 + y = (−x + x) + y = −x + (x + y) = −x + (x + z) = (−x + x) + z = z
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS DE ANÁLISE 10
logo y = z.
Tal propriedade garante que podemos somar um número de ambos lados de uma
igualdade e ela continua sendo verdadeira, pois suponha que queremos adicionar a
a igualdade x = y que é equivalente à x + a − a = y + a − a, por lei do corte segue que
x + a = y + a. Então podemos somar um número a ambos lados de uma igualdade.
logo y = z.
b Propriedade 8.
(bd)−1 = b−1 .d−1 .
ê Demonstração.
(bd)−1 .bd = 1
$ Corolário 1. −1
a b
=
b a
pois
−1
a b
= (ab−1 )−1 = a−1 b = .
b a
b Propriedade 10.
a c ac
. = .
b d bd
ê Demonstração.
a c ac
. = a.b−1 .c.d−1 = ac.b−1 .d−1 = ac.(bd)−1 = .
b d bd
b Propriedade 11.
a c a+c
+ = .
d d d
ê Demonstração.
a c a+c
+ = d−1 a + d−1 c = d−1 (a + c) =
d d d
por distributividade do produto em relação a soma.
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS DE ANÁLISE 12
b Propriedade 12.
a c ad + bc
+ = .
b d bd
ê Demonstração.
a c ad cb ad cb ad + bc
+ = + = + = .
b d bd db bd db bd
b Propriedade 13.
a.0 = 0.
ê Demonstração.
a.(0) = a(0 + 0) = a.0 + a.0
0 = a.0.
P Q1
n k− Q
n
X
n ( bt )ak ( bt )
ak k=1 t=1 t=k+1
= Q
n
bk
k=1 bs
s=1
ê Demonstração.
P Q1
n k− Q
n Q1
k− Q
n
( bt )ak ( bt ) n (
X bt )ak ( bt ) X
n
k=1 t=1 t=k+1 t=1 t=k+1 ak
Q = = .
n
Q1
k− Qn bk
bs k=1 ( bt )bk ( bt ) k=1
s=1 t=1 t=k+1
ê Demonstração.
b Propriedade 16.
(−1)(−1) = 1.
ê Demonstração.
$ Corolário 2.
(−a)(−b) = (−1)(−1)a.b = a.b.
• 1 ∈ A.
• Se x ∈ A então x + 1 ∈ A.
1.3 Racionais
a0 = 1
com n natural e a real arbitrário . Definimos também a−n = (an )−1 para n natural
e a 6= 0.
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS DE ANÁLISE 15
$ Corolário 3.
a1 = a0 .a = a.
$ Corolário 4. 00 = 1.
an+1 = an .a
com n ∈ N e a 6=∈ R.
$ Corolário 5.
ap a−p = ap−p = a0 = 1
pois se p natural
ap a−p = ap (ap )−1 = 1.
am .a = am+1 .
a −1 a = a −1 +1 = a 0 = 1 .
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS DE ANÁLISE 16
b Propriedade 19.
am .an = am+n .
am .a0 = am = am+0
para n = 1 vale
am a1 = am a = am+1 .
temos
am .an+1 = am an a = am+n .a = am+n+1 .
Agora para −n com n natural , se m é natural temos que a propriedade já foi
demonstrada
am a−n = am−n
pois o inverso de am a−n é a−m an = a−m+n propriedade que já está provada por −m
e n serem naturais e am−n an−m = 1 por unicidade do inverso de = a−m an = a−m+n
é am a−n logo fica provado para n e m inteiros. Para potência negativa −n podemos
fazer como se segue
am a−n = (a−m )−1 (an )−1 = (a−m an )−1 = (a−m+n )−1 = am−n .
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS DE ANÁLISE 17
b Propriedade 20.
(am )n = amn
para m e n inteiros.
(am )0 = 1 = am.0
(am )1 = am = am.1 .
(a.b)n = an bn
an .bn = (a.b)n
multiplicando por a−n b−n temos que a−n b−n (a.b)n = 1 por unicidade do inverso segue
que (a.b)−n = a−n b−n assim as propriedades ficam demonstradas.
Z Exemplo 6. Se yx k
k
=
xs
ys
para todos k, s ∈ In , num corpo K, prove que dados,
X
n
ak ∈ K, k ∈ In tais que ak yk 6= 0 tem-se
k=1
P
n
ak x k
k=1 x1
Pn = .
y1
ak yk
k=1
x1 xk
Chamando = p temos = p logo xk = pyk e a soma
y1 yk
X
n X
n
ak x k = p ak yk
k=1 k=1
logo
P
n
ak x k
k=1 x1
Pn =p= .
y1
ak yk
k=1
b Propriedade 22.
(a + b)2 = a2 + 2ab + b2
ê Demonstração.
b Propriedade 23.
(a − b)(a + b) = a2 − b2 .
ê Demonstração.
b Propriedade 24.
a+x=b⇒x=b−a
x = b − a.
b Propriedade 25.
a+b=a+c⇒b=c
$ Corolário 6.
a+x=0
$ Corolário 7.
a+x=a
$ Corolário 8.
ax = ay
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS DE ANÁLISE 20
b Propriedade 26.
a.b = 0
então a = 0 ou b = 0.
b Propriedade 27.
x2 = x
então x = 1 ou x = 0.
ê Demonstração.
x2 = x, x2 − x = 0, x(x − 1) = 0
assim x = 0 ou x − 1 = 0, x = 1.
b Propriedade 28.
x 2 = a2
então x = a ou x = −a.
ê Demonstração.
x2 = a, x2 − a = 0, (x − a)(x + a) = 0
logo x − a = 0, x = a ou x + a = 0, x = −a.
$ Corolário 9.
x2 = 1
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS DE ANÁLISE 21
então x = 1 ou x = −1.
$ Corolário 10.
a.x = 1
f(x.y) = f(x).f(y)
f(1A ) = 1B
ê Demonstração. Temos
f(0) = 0.
ê Demonstração. Pois
$ Corolário 11.
ê Demonstração.
ê Demonstração.
•
f−1 (x + y) = f−1 (f(a) + f(b)) = f−1 (f(a + b)) = a + b = f−1 (x) + f−1 (y).
•
f−1 (x.y) = f−1 (f(a).f(b)) = f−1 (f(a.b)) = a.b = f−1 (x).f−1 (y).
ê Demonstração. f(1) = f(1.1) = f(1)f(1), logo f(1) = f(1)2 por isso f(1) = 1 ou
f(1) = 0. Se f(1) = 0 então f(x.1) = f(x)f(1) = 0, f(x) = 0 ∀ x.
f(nh) = nf(h)
p
tomando h = 1 segue que f(n) = n, tomando h = segue
n
p p p p
f(n ) = f(p) = p = nf( ) ⇒ f( ) = .
n n n n
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS DE ANÁLISE 24
x + y ∈ R+
x.y ∈ R+
Axioma 13. 0 ∈
/ R+ e se x 6= 0 ∈ K vale: Se x ∈ R+ então −x ∈
/ R+ e se x ∈
/ R+
então −x ∈ R+ .
$ Corolário 14. C o corpo dos números complexos, não pode ser tomado como
um corpo ordenado respeitando a ordem de R pois i é não nulo e vale i2 = −1
que é negativo.
1. x ≤ x ∀ x ∈ F. Reflexividade.
2. Se x ≤ y e y ≤ z então x ≤ z . Transitividade.
3. Se x ≤ y e y ≤ x então x = y.
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS DE ANÁLISE 26
z<w
ê Demonstração.
• Vale a reflexividade z ≤ z.
$ Corolário 15.
R = R+ ∪ {0 } ∪ R−
e a união é disjunta.
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS DE ANÁLISE 27
1. Reflexividade x ≤ x.
2. Anti-simetria x ≤ y e y ≤ x então x = y.
3. Transitividade x ≤ y e y ≤ z então x ≤ z.
ê Demonstração.
3. Segue da transitividade.
$ Corolário 21. Se x > 0 e x.y > 0 então y > 0. y não pode ser zero (pois se
fosse o produto seria nulo) nem y < 0 (pois se fosse o produto seria negativo),
logo por eliminação y > 0 .
$ Corolário 22. Se x < 0 e x.y > 0 então y < 0. y não pode ser zero nem y > 0
(pois se fosse o produto seria negativo), logo por eliminação y < 0 .
$ Corolário 23. Se x > 0 então x−1 > 0, pois 1 > 0, x.x−1 = 1 > 0 como x
é positivo x−1 tem que ser positivo pois se não o produto seria negativo. Outra
maneira de mostrar essa propriedade é que x.(x−1 )2 = x−1 os dois primeiros fatores
são positivos então x−1 é positivo .
Da mesma maneira se x < 0 então x−1 < 0 pois x.x−1 = 1 > 0.
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS DE ANÁLISE 30
x y
$ Corolário 24. Se x > 0 e y > 0 então > 0 e > 0, pois x−1 e y−1 são
y x
positivos.
b Propriedade 48. Sejam a, b ∈ R tais que b > a > 0 temos então b2 > a2 .
√
m Definição 19. Dado um número real a ≥ 0 ∈ R o número a indica o único
√
número real não -negativo y tal que y2 = a, a é chamado raiz quadrada de a
√
a = y ⇔ y2 = a, y, a ≥ 0.
√ √
b Propriedade 49. Sejam a, b ∈ R tais que b > a > 0 então b> a.
√ √ √ √
ê Demonstração. Sabemos que b > a daı́ b − a > 0, ( b + a)( b − a) > 0
√ √ √ √
como ( b + a) temos que ter ( b − a) caso contrário o produto seria negativo,
√ √
assim b > a.
1 1
$ Corolário 27. Se x < y < 0 então 0 > > multiplicamos a desigualdade
y x
por x−1 y−1 de ambos lados
y−1 < x−1 < 0.
1 1 1 1
$ Corolário 28. Se x < 0 < y então < 0 < , pois < 0 e > 0.
x y x y
x+y
b Propriedade 52. Se y > x vale y >
2
> x.
· · · < f(−4) < f(−3) < f(−2) < f(−1) < f(0) < f(1) < f(2) < f(3) < · · · < f(n) < f(n+1) < · · ·
a c
b Propriedade 55. Se
b
< então
d
a a+c c
< < ,
b b+d d
ê Demonstração. De
a c
< , (1.1)
b d
temos multiplicando (1.1) por d que
ad
<c (1.2)
b
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS DE ANÁLISE 33
ad cb ad + ab cb + cd
a+ <a+c< +c⇔ <a+c< ⇔
b d b d
a(b + d) c(b + d) a a+c c
<a+c< ⇒ < < ,
b d b b+d d
como querı́amos demonstrar.
1.7.1 Intervalos
1.
[a, b] := {x ∈ K|a ≤ x ≤ b}
2.
(a, b) = {x ∈ K|a < x < b}
3.
(a, b] = {x ∈ K|a < x ≤ b}
Aberto em a e fechado em b.
4.
[a, b) = {x ∈ K|a ≤ x < b}
Fechado em a e aberto em b.
1.
(−∞, b] = {x ∈ K|x ≤ b}
2.
(−∞, b) = {x ∈ K|x < b}
3.
[a, ∞) = {x ∈ K|a ≤ x}
4.
(a, ∞) = {x ∈ K|a < x}
5.
(−∞, ∞) = K.
Um intervalo qualquer definidos acima pode ser denotado por I. O que caracteriza
um intervalo I é a propriedade: Se a, b ∈ I e a < x < b então x ∈ I.
$ Corolário 31. Concluı́mos então que podemos tomar o axioma que define um
corpo ordenado completo como
ê Demonstração.
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS DE ANÁLISE 39
1. K é arquimediano.
1
3. Dado qualquer a > 0 ∈ K existe n ∈ N tal que 0 < < a.
n
ê Demonstração.
b
• 1 ⇒ 2. Como K é arquimediano, então existe n natural tal que n > , logo
a
n.a > b pois a > 0.
1
• 2 ⇒ 3 . Tomamos b = 1, a > > 0.
n
1 1 1
• 3 ⇒ 1 . Tomamos a = , para algum b > 0, logo > implicando n > b,
b b n
como b é arbitrário positivo, segue a propriedade.
1. K é arquimediano.
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS DE ANÁLISE 40
ê Demonstração.
1
⇒). Como K é arquimediano, então ∀ ε > 0 existe n ∈ N tal que n > ⇒ n + 1 >
ε
1 1 1
n > por desigualdade de Bernoulli temos 2 > n + 1 > ⇒ n < ε.
n
ε ε 2
1 1
⇐). Se ∀ ε > 0 em K existe n ∈ N tal que n < ε, tomamos ε = , x > 0
2 x
arbitrário então x < 2n , com 2n = m ∈ N então K é arquimediano, N não é limitado
superiormente.
• inf (F(Z)) = 0.
ê Demonstração.
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS DE ANÁLISE 41
• 0 é cota inferior de f(Z) pois vale 0 < an ∀ n ∈ Z. Suponha que exista x tal
1
que 0 < x < am ∀ m ∈ Z, sabemos que existe n ∈ N tal que an > daı́
x
1
x > n = a−n , absurdo, então 0 deve ser o ı́nfimo.
a
nx > y.
1
$ Corolário 33. Para todo ε > 0 existe pelo menos um natural n tal que < ε.
n
Esse corolário sai do teorema anterior tomando y = 1, x = ε pois temos nε > 1
1
implica ε > .
n
1
não pode ser cota inferior, pois existe n natural tal que < x, logo 0 é o ı́nfimo.
n
A = {y ∈ Z | x < y ≤ n1 }
1.8.3 Q é denso em R
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS DE ANÁLISE 43
b Propriedade 69. Entre dois números reais, sempre existe um número irra-
cional.
ê Demonstração. Suponha que existem x < y, tais que não existem irracionais
em (x, y) então nesse intervalo só existem racionais, portanto é enumerável, o que é
absurdo pois (x, y) é não enumerável.
∞
\ ∞
\
existe c ∈ Ak ∀ k ∈ N, isto é, c ∈ [ak , bk ] = Ak .
k=1 k=1
ê Demonstração. Como vale Ak ⊃ Ak+1 , então vale [ak+1 , bk+1 ] ⊂ [ak , bk ], logo
ak ≤ ak+1 ≤ bk+1 ≤ bk ∀ k, definindo A = {ak k ∈ N} tem-se que A é limitado
superiormente, logo existe c = sup A, vale ak ≤ c ∀ k pois c é cota superior de A.
Agora vale as ≤ bp , para quaisquer s e p naturais, pois se s ≤ p, vale as ≤ ap ≤ bp ,
se s > p vale as ≤ bs ≤ bp , isso mostra que qualquer bp é cota superior para A, então
vale c ≤ bp , para todo p, vale então c ∈ Ak ∀ k ∈ N.
• Dado x ∈ I não pode valer x < a, pois existe xn tal que x < xn < a e (xn ) é
não-decrescente, da mesma maneira não pode valer b < x, pois daı́ existe yn
tal que b < yn < x e yn é não-crescente. Com isso concluı́mos que I ⊂ [a, b].
• Se a < b então ∀ x com a < x < b ⇒ an < a < x < b < bn , logo (a, b) ⊂ I ⊂
[a, b]. Daı́ concluı́mos que I é um intervalo com extremos a e b.
• Como os In são dois-a-dois distintos então (an ) ou (bn ) tem uma infinidade
de termos distintos. Digamos que seja (an ), então ∀ n ∈ N existe p ∈ N tal
que an < an+p ≤ a logo a ∈ (an , bn ) ⊂ I, como a ∈ I então I não pode ser um
intervalo aberto, sendo do tipo [a, b) ou [a, b].
/ [k, ∞) = Ak logo
é vazia, pois suponha que exista t ∈ A, daı́ existe k > t e t ∈
não pode pertencer a interseção de todos esses conjuntos.
Da mesma maneira existe uma sequência decrescente de intervalos abertos
1
limitados com interseção vazia, sendo Bk = (0, ) (limitados, não fechados)
k
∞
\
Bk = B
k=1
ê Demonstração.
1. ⇒). Para todo ε > 0 vale que c − ε < sup(A). Dado ε > 0 fixo, se não existisse
x ∈ A tal que c − ε < x então c − ε seria cota superior menor que o supremo, o
que é absurdo, contraria o fato do supremo ser a menor das cotas superiores.
⇐). Suponha por absurdo que fosse c > sup(A), poderı́amos tomar c−sup(A) =
ε daı́ c − c + sup(A) = sup(A) < x o que é absurdo.
2. ⇒). Para todo ε > 0 vale que c + ε < inf(A). Dado ε > 0 fixo, se não existisse
x ∈ A tal que c + ε > x então c + ε seria cota superior menor que o ı́nfimo, o
que é absurdo, contraria o fato do ı́nfimo ser a menor das cotas inferiores.
⇐). Suponha por absurdo que fosse c < inf(A), poderı́amos tomar inf(A)−c = ε
daı́ x < c + inf(A) − c = inf(A) o que é absurdo.
ε ε ε
de onde segue inf B − < x, −x < − inf B e y < inf B + somando ambas tem-se
2 2 2
y − x < ε.
Sejam A, B ⊂ R, conjuntos limitados .
a+b<x+y+ε
que mostra que a + b é a menor cota superior, logo o supremo, fica valendo então
ε ε
∃x, y ∈ A, B tal que ∀ε > 0 vale x < a + e y < b + pois a e b são as maiores
2 2
cotas inferiores, somando os termos das desigualdades segue x + y < a + b + ε, que
implica que a + b é a maior cota inferior logo o ı́nfimo.
Para a próxima propriedade considere cA = {cx | x ∈ A}.
ê Demonstração.
Seja a = inf A, então vale a ≤ x para todo x, multiplicando por c segue ca ≤ cx
de onde concluı́mos que ca é cota inferior de cA. Seja d tal que ca < d, então
d d
a < , implicando que não é cota inferior de A assim existe x ∈ A tal que
c c
d
x< ⇒ cx < d, logo d não é cota inferior de cA, implicando que c.a é a maior
c
cota inferior, logo o ı́nfimo do conjunto.
ê Demonstração.
Seja a = inf A, então vale a ≤ x para todo x, multiplicando por c segue ca ≤ cx
de onde concluı́mos que ca é cota inferior de cA. Seja d tal que ca < d, então
d d
a < , implicando que não é cota inferior de A assim existe x ∈ A tal que
c c
d
x< ⇒ cx < d, logo d não é cota inferior de cA, implicando que c.a é a maior
c
cota inferior, logo o ı́nfimo do conjunto.
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS DE ANÁLISE 50
m Definição 34.
m Definição 35.
b Propriedade 90.
sup(f + g) ≤ sup f + sup g.
ê Demonstração.
Sejam
sup(A + B) ≥ sup(f + g)
b Propriedade 91.
inf (f + g) ≥ inf (f) + inf (g).
inf (A + B) = inf (A) + inf (B) = inf (f) + inf (g) ≤ inf (C) = inf (f + g).
sup(cf) = c sup(f)
Se c < 0
ê Demonstração.
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS DE ANÁLISE 53
ê Demonstração. Vale que |f(x)| < M1 e |g(x)| < M2 então |f(x)g(x)| < M1 M2 =
M ∀ x ∈ A , portanto f.g : A → R é limitada.
1
Z Exemplo 12. Sejam f, g : [1, 2] → R dadas por f(x) = x e g(x) = x
, vale
sup f = 2, sup g = 1 sup f. sup g = 2 e sup(f.g) = 1, pois f.g = 1 logo
1 1
Da mesma maneira inf f = 1, inf g = vale inf f. inf g = e inf (f.g) = 1
2 2
portanto
inf f. inf g < inf (f.g).
temos que sup B = sup As para algum s ∈ In , como vale As ≥ Ak para todo k ∈ In
podemos colocar tais elementos Ak , k ∈ In dentro do conjunto do qual tomamos o
máximo, pois não irá alterar a escolha do máximo, logo tem-se
[1
n+
sup( Ak ) = max{sup Ak , k ∈ In+1 .}
k=1
ê Demonstração. Suponha que inf (A) ≤ inf (B), inf (A) é cota inferior de A ∪ B,
dado x ∈ A, pois dado x ∈ A tem-se x ≥ inf (A), dado x ∈ B, x ≥ inf (B) ≥ inf (A).
Agora suponha c < inf (A), existe x ∈ A tal que
ê Demonstração.
m ≤ f(y) ≤ f(x) ≤ M
e daı́
|f(x) − f(y)| ≤ M − m = w,
logo w é cota superior, vamos mostrar que é a menor. Para qualquer ε > 0 existem
ε ε
x, y ∈ A tais que f(x) > M − e f(y) < m + e daı́
2 2
|f(x) − f(y)| ≥ f(x) − f(y) > M − m − ε = w − ε
b Propriedade 107. Dada uma sequência (at ) e um número c maior que todos
elementos dessa sequência, então vale
P
n P0
n+n
ak + c
k=1 k=n+1
at ≤ <c
n0 + n
ê Demonstração.
P
n P0
n+n
ak + c
k=1 k=n0 +1
X
n
at ≤ < c ⇔ at n0 + at n < ak + n0 c < nc + n0 c
n0 + n k=1
X
n
a desigualdade ak + n0 c < nc + n0 c vale para qualquer n0 , devemos analisar
k=1
X
n
agora a primeira desigualdade. Vejamos dois casos, se ak > at n nada precisamos
k=1
X
n
mostrar pois at n0 < cn0 , agora analisamos o caso de ak < at n, isto é, 0 <
k=1
X
n
nat − ak
k=1
P
n
X
n X
n at n − ak
k=1
at n0 + at n < ak + n0 c ⇔ at n − ak < n0 (c − at ) ⇔ < n0
| {z } c − at
k=1 k=1 positivo
P
n
at n − ak
k=1
então tomando n0 maior que tem-se
c − at
P
n P0
n+n
ak + c
k=1 k=n+1
at ≤ < c.
n0 + n
suponha por absurdo que fosse sup(A) < inf(B), então o intervalo (sup(A), inf(B))
não possui valores x ∈ A, pois se não x > sup(A), nem y ∈ B pois daı́ y < inf(B),
mas como existem racionais em tal intervalo, pois Q é denso e A ∪ B = Q, chegamos
em um absurdo.
ê Demonstração.
⇒). Se I é um intervalo então ele satisfaz a propriedade descrita.
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS DE ANÁLISE 62
• a∈
/ I, b ∈ I, o intervalo é do tipo (a, b].
• a∈I e b∈
/ I, o intervalo é do tipo [a, b).
• a∈
/Ieb∈
/ I tem-se o intervalo (a, b). Com isso terminamos os tipos finitos de
intervalos.
• b∈
/ I, tem-se o intervalo (−∞, b).
O último caso, I não é limitado
I = (−∞, ∞)
, isto é, fazemos a adjunção de dois pontos ∞ e −∞, chamados pontos ideais, tal
que para elementos de R vale a ordem já definida. Os pontos de R chamamos de
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS DE ANÁLISE 63
−∞ < x < ∞.
x+∞=∞+x=∞
x − ∞ = −∞ + x = −∞.
Se x > 0 definimos
Se x < 0 definimos
com essas definições, todo conjunto não vazio em R possui supremo e ı́nfimo em
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS DE ANÁLISE 64
R.
1.10 Raı́zes
b Propriedade 114. Sejam x > 0, a > 0. Se xn < an então x < a.
Ca = {x > 0, x ∈ R | xn ≤ a}
ε := a − bn > 0
n n−k
M = max{ b , k ∈ In }
k
e
ε
δ = min{1,
|{z} }
nM
>0
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS DE ANÁLISE 65
n n−n ε
, daı́ M ≥ 1 pois b =1 e δ≤ implicando δnM ≤ ε e δ ≤ 1 que
n nM
implica δk < δ Tem-se
X n
n n−k k X n
n n
(b + δ) = b + b δ ≤ bn + Mδ = bn + nMδ ≤ bn + ε = a.
k=1
k k=1
ε := bn − a > 0
Como b − δ não é o supremo, então existe x ∈ Ca tal que b − δ < x < b e daı́
(b − δ)n < xn ≤ a o que contradiz b − δ ≥ a, absurdo. Como não vale bn < a
nem bn > a então vale bn = a.
√ √
b Propriedade 116. Se a > b > 0 então a> b.
logo vale (y − r)2 > 2. Vale também y − r > 0 pois de 2ry < y2 − 2 segue
y 1
r < − < y, logo y − r > 0, logo y − r ∈ Y , perceba ainda que y − r < y
2 y
então o conjunto Y realmente não possui mı́nimo.
• Suponha que exista sup X = a, vale a > 0, não pode ser a2 < 2 pois daı́
a ∈ X, mas X não possui máximo. Se a2 > 2 então a ∈ Y , porém Y não
possui mı́nimo o que implica existir c ∈ Y tal que x < c < a∀ X o que
contradiz o fato de a ser a menor cota superior (supremo). Sobre então a
√
possibilidade de ser a2 = 2, que implica a = 2, número irracional o que é
absurdo, logo não existe supremo para X.
• Seja a = inf Y , não pode valer a2 > 2 pois se não a ∈ Y , mas y não
possui mı́nimo. Se a2 < 2 então a ∈ X, porém X não possui máximo, daı́
conseguimos c ∈ X tal que a > c > y ∀ y ∈ Y o que implica que a não pode
ser cota inferior, deve valer então que a2 = 2 o que é absurdo, logo Y não
possui ı́nfimo em Q. Concluı́mos então que X não possui supremo e Y não
possui ı́nfimo.
1 1 1
(a.b) q = a q .b q
1 1 1 1 1 1
ê Demonstração. Se fosse (a.b) q > a q .b q ou (a.b) q < a q .b q ao elevar à q
1 1 1
terı́amos ab > ab o que é absurdo logo vale (a.b) q = a q .b q .
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS DE ANÁLISE 68
1
b Propriedade
m
118. Definimos que a n = (am ) n agora vamos provar que
também vale
1 m
(a n )m = a n .
• ar+s = ar as
• (ar )s = ars
• (a.b)r = ar .br .
ê Demonstração.
•
p r ps+qr 1 ps qr p r
aq+s = a qs = (a qs )ps+qr = (a qs ).(a qs ) = (a q ).(a s ).
1 1 1 1 1 1
• Primeiro mostramos que (a q ) p = (a pq ) pois y = ((a q ) p )p = (a q ) elevando à q
1
temos ypq = a logo y = a pq . Agora demonstramos o caso geral
s t 1 1 1 1 st
(a q ) p = (((a q )s ) p )t = (((a q ) p )s )t = (a qp .
1 1 1 p p p
• Vale que (a.b) q = a q .b q elevando à p ∈ Z tem-se (a.b) q = a q .b q como
querı́amos demonstrar.
{|x − y| | x, y ∈ A} ⊂ {|x − y| | x, y ∈ B}
ê Demonstração.[2]
Como vale E ⊂ E, segue que diamE ≤ diamE. Por outro lado, sejam x, y ∈ E
então existem x 0 , y 0 em E, tais que
ε ε
|x − x 0 | ≤ , |y − y 0 | ≤
2 2
daı́
ε ε
|x − y| ≤ |x − x 0 | + |x 0 − y 0 | + |y 0 − y| ≤ |x 0 − y 0 | + +
2 2
|x − y| ≤ |x 0 − y 0 | + ε ≤ ε + diam(E)
logo por propriedade de supremo diam(E) ≤ diam(E) + ε como vale para todo ε
temos diam(E) ≤ diam(E) e daı́ com a outra desigualdade segue que são iguais.
ê Demonstração.
Seja f : K → K → R com f(x, y) = |x − y|, a função é contı́nua, como K × K
é subconjunto compacto de R × R = R2 existe um ponto (x0 , y0 ) ∈ K × K tal que
f(x0 , y0 ) = sup{|x − y| ∈ K × K} = diam(K).
w = M − m = sup{|x − y| | x, y ∈ A}.
m≤y≤x≤M
e daı́
|x − y| ≤ M − m = w,
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS DE ANÁLISE 71
logo w é cota superior, vamos mostrar que é a menor. Para qualquer ε > 0 existem
ε ε
x, y ∈ A tais que x > M − e y < m + e daı́
2 2
|x − y| ≥ x − y > M − m − ε = w − ε
tos
b Propriedade 124. Temos que sup(a, b) = b e inf (a, b) = a.
• b é a menor cota superior de (a, b) . Suponha que não seja, então existe uma
cota superior menor b 0 tal que vale a < x ≤ b 0 < b ∀ x ∈ (a, b) , o que é
b0 + b b0 + b
absurdo, pois a < b 0 < < b e ∈ (a, b) contraria b 0 ser cota
2 2
superior de (a, b).
• a é a maior cota inferior de (a, b) . Suponha que não seja, então existe uma
cota inferior maior a 0 tal que vale a < a 0 ≤ x < b ∀ x ∈ (a, b) , o que é absurdo,
a0 + a a0 + a
pois a < < a0 < b e ∈ (a, b) contraria a 0 ser cota inferior de
2 2
(a, b).