Você está na página 1de 19

Exercı́cios de teoria da medida 3.


Rodrigo Carlos Silva de Lima

rodrigo.uff.math@gmail.com

1
Sumário

1 Exercı́cios de teoria da medida 3


1.1 Lista 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.1.1 Questão 19 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.1.2 Questão 40 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.1.3 Questão 51 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1.4 Questão 68 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.1.5 Questão 70 a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.1.6 Questão 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.1.7 Questão 10 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.1.8 Questão 14 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.1.9 Questão 46 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.1.10 Questão 24a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.1.11 Questão 24 a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.1.12 Lema de du Bois-Reymond . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

2
Capı́tulo 1

Exercı́cios de teoria da medida

1.1 Lista 3

1.1.1 Questão 19

b Propriedade 1. Seja (Ik )k∈L uma famı́lia de intervalos abertos, todos con-
[
tendo o ponto p ∈ R. Então I = Ik é um intervalo aberto.
k∈L

ê Demonstração. Cada Ik é um intervalor aberto, logo para cada k ∈ L, existem


ak e bk reais, bk ≥ ak , tais que Ik = (ak , bk ). Temos então as famı́lias de números
reais (ak )k∈L , (bk )k∈L .

1. Vale sempre que ak < bj para cada k, j ∈ L, pois ak < p < bj .

2. Se tomamos a = inf {ak , k ∈ L} e b = sup{bk , k ∈ L}, temos que a < b, pode ser
que a = −∞ e b = ∞. Temos que

(ak , bk ) ⊂ (a, b), pois a ≥ ak , bk ≤ b.


[
3. Afirmamos que (a, b) = Ik . Vamos provar duas inclusões.
k∈L
[
• Ik ⊂ (a, b), pois Ik = (ak , bk ) ⊂ (a, b), logo a propriedade continua
k∈L
válida para união
[ [
Ik ⊂ (a, b) = (a, b).
k∈L k∈L

3
CAPÍTULO 1. EXERCÍCIOS DE TEORIA DA MEDIDA 4

• Reciprocamente se x ∈ (a, b), então existem k1 , k2 tais que ak1 < x < bk2 . Se
vale x < bk1 temos que x ∈ (ak1 , bk1 ). Se vale x ≥ bk1 , então x ≥ bk1 ≥ ak2 ,
de onde segue que bk2 > x > ak2 logo x ∈ Ik2 .
[ [
Em qualquer um desses casos segue que x ∈ Ik . Daı́ (a, b) ⊂ Ik , o
k∈L k∈L
que termina a demonstração.

F Teorema 1 (Estruturas de abertos da reta). Todo subsconjunto aberto A de R


se exprime de modo único, como união enumerável de intervalos abertos dois a
dois disjuntos.

ê Demonstração.
Para cada x ∈ A, seja
[
Ix = I sendo I intervalo .
x∈I,I⊂A

Pelo resultado anterior Ix é o maior intervalo aberto que contém x e está contido em
A.

1. Dados x, y ∈ A, tem-se que Ix = Iy ou Ix ∩ Iy = ∅, pois se existe algum z ∈ Ix ∩ Iy


então I = Ix ∪ Iy é um intervalo contendo x e contido em A daı́ I ⊂ Ix , Iy = Ix .
Temos que
[
A= Ix ,
x∈A

pois cada Ix ⊂ A, ∀ x ∈ A.

2. Concluı́mos que: todo conjunto aberto A de R pode ser decomposto como união
de intervalos abertos dois a dois disjuntos. Cada conjunto Ix vamos chamar de
intervalos componentes de A.

3. A coleção dos intervalos componentes de A é enumerável. Em cada componente


Ix escolhemos um número racional r(Ix ). A função r : {Ix }x∈A → Q é injetiva,
| {z }
:=B
pois Ix 6= Iy implica Ix ∩ Iy = ∅ e daı́ r(Ix ) 6= r(Iy ). Como Q é enumerável segue
que B é enumerável.
CAPÍTULO 1. EXERCÍCIOS DE TEORIA DA MEDIDA 5

[ [
4. Unicidade. Suponha A = Ix = Jx . Jm = (am , bm ), logo vale am , bm ∈
/ A.
Se fosse am ∈ A terı́amos am ∈ Jp = (ap , bp ) para algum Jp 6= Jm , tomando
b = min{bm , bp } terı́amos

Jm ∩ Jp ⊃ (am , b
|{z} ).
bp ou bm

Absurdo!. Para cada m e x ∈ Jm , Jm é o maior intervalo aberto que contém


x e está contido em A, pois se houvesse um intervalo maior (l, q) ⊂ A com
(am , bm ) ∈ (l, q) então am ∈ A e daı́ terı́amos um absurdo. Portanto Jm = Ix .

1.1.2 Questão 40

b Propriedade 2. Seja (Ω, Σ, µ) um espaço de medida. (En ) uma sequência de


elementos de Σ que converge para E no seguinte sentido: Para cada x ∈ Ω temos
lim IEn (x) =: IE (x). Onde I é a função indicadora, tal que IA (x) = 1 se x ∈ A e 0
n
caso contrário. Nessas condições temos que

1. E ∈ Σ.

2. Se existe F ∈ Σ com µ(F) < ∞ tal que En ⊂ F ∀ n ∈ N, então

lim µ(En ) = µ(E).


n

ê Demonstração.

1. Vamos mostrar que E = Esup o conjuntos dos x ∈ Ω tais que x ∈ En para n


suficientemente grande.

Se x ∈ En para n suficientemente grande, então IEn (x) = 1 é constante para


algum n ≥ n0 , daı́ lim IEn (x) = 1 = IE (x), portanto x ∈ E. Da mesma forma se
n
x ∈ E então, existe n1 natural tal que para n > n1 , temos
1
|IEn (x) − IE (x) | < ,
| {z } 2
1

portanto IEn (x) = 1 com n > n1 .


CAPÍTULO 1. EXERCÍCIOS DE TEORIA DA MEDIDA 6

Por isso temos que


∞ ∞
!
\ [
E= Ak ,
k=1 k=1

é elemento de Σ por ser unição enumerável e interseção de elementos de Σ.



[
2. Seja Fn = (Ek ∆E), (Ek ∆E) = (Ek \ E) ∪ (E \ Ek ). Vale que µ(F1 ) < ∞, pois
k=n
Ek ∆E ⊂ Ek ∪ E ⊂ F ∪ E = F, logo
∞ ∞
!
[ [
(Ek ∆E) ⊂ F ⇒ µ(F1 ) = µ (Ek ∆E) < µ(F) < ∞.
k=1 k=1

Logo estamos nas condições de aplicação do teorema de medida da interseção


de conjuntos decrescentes.

Temos que

[ ∞
[
Fn+1 = (Ek ∆E) ⊂ Fn = (Ek ∆E),
k=n+1 k=n

por isso temos uma sequência decrescente de conjuntos e temos


∞ ∞ [

!
\ \
lim µ(Fn ) = µ( Fk ) = µ (Ej \ E) ∪ (E \ Ek ) = 0,
k=1 k=1 j=k

pois E = Ek para k grande o suficiente logo a interseção se torna vazia e


portanto também a medida. Temos também que

0 ≤ µ(En ) − µ(E) = µ(En \ E) ≤ µ(En ∆En ) ≤ µ(Fn ) → 0.

De onde segue que


lim µ(En ) = µ(E).

1.1.3 Questão 51

b Propriedade 3. Se λ é uma carga e (En ) ∈ Σ é uma sequência disjunta de


elementos, então a série
X

Ek
k=1

é incondicionalmente convergente.
CAPÍTULO 1. EXERCÍCIOS DE TEORIA DA MEDIDA 7

ê Demonstração.
Vale que

[ X

λ( Ek ) = λ(Ek ),
k=1 k=1

sendo f : N → N uma bijeção, então também vale



[ X

λ( Ef(k) ) = λ(Ef(k) ),
k=1 k=1


[
que por sua vez é igual a λ( Ek ) pois a união não depende da ordem com que se
k=1
toma seus termos.

1.1.4 Questão 68

b Propriedade 4. Sejam A e B conjuntos tais que d(A, B) = inf {|a − b|, a ∈


A, b ∈ B} > 0. Então vale que

m∗ (A ∪ B) = µ∗ (A) + µ∗ (B).

Perceba que A ou B não precisam ser mensuráveis aqui, para mensuráveis a


propriedade já foi demonstrada.

ê Demonstração. Por subaditividade da medida exterior, já temos que m∗ (A ∪


B) ≤ m∗ (A) + m∗ (B). Basta provar então a outra desigualdade m∗ (A ∪ B) ≥ m∗ (A) +
m∗ (B), o que acontece trivialmente se m∗ (A∪B) = ∞. Suponha então que m∗ (A∪B) <
∞. Sejam δ = d(A, B) > 0, ε > 0 arbitrário e (In ) cobertura de A ∪ B, tal que

X

l(Ik ) ≤ m∗ (A ∪ B) + ε.
k=1

Onde l(Ik ) é a medida de Lebesgue do bloco retangular. Podemos assumir que cada
bloco Ik possio diâmetro menor que δ (se não o dividimos em blocos menores). Neste
caso nenhum bloco In pode conter pontos em ambos A e B. Podemos dividir (In ) em
três classes disjuntas

1. (Ik )k∈A1 que contém pontos de A.


CAPÍTULO 1. EXERCÍCIOS DE TEORIA DA MEDIDA 8

2. (Ik )k∈A2 que contém pontos de B.

3. (Ik )k∈A3 que não contém pontos de A nem de B. Sendo A1 ∪ A2 ∪ A3 = N e os


conjuntos disjuntos dois a dois.

Logo temos que


X X
m∗ (A) ≤ l(Ik ), m∗ (B) ≤ l(Ik ).
k∈A1 k∈A2
De onde segue que

X X X X

∗ ∗
m (A) + m (B) ≤ l(Ik ) + l(Ik ) + l(Ik ) = l(Ik ) ≤ m∗ (A ∪ B) + ε.
k∈A1 k∈A2 k∈A3 k=1

Logo
m∗ (A) + m∗ (B) ≤ m∗ (A ∪ B) + ε,

e como ε > 0 é arbitrário, segue que

m∗ (A) + m∗ (B) ≤ m∗ (A ∪ B),

como querı́amos demonstrar.

1.1.5 Questão 70 a)
Estamos tratando aqui da medida de Lebesgue a restrição de m∗ a medida exterior
a conjuntos mensuráveis estamos denotando por m.

b Propriedade 5. Dados A ⊂ Rp e ε > 0, então existe um conjunto aberto


G ⊂ Rp tal que


A ⊂ G, m(G) ≤ m∗ (A) + ε.

• Se A ⊂ Rp então existe um Gδ , que denotaremos por H, tal que A ⊂ H e


m∗ (A) = m(H).

ê Demonstração. Faremos o caso real.


CAPÍTULO 1. EXERCÍCIOS DE TEORIA DA MEDIDA 9

• Podemos assumir que m∗ (A) < ∞, pois caso contrário podemos tomar G = R.

[
Dado ε > 0, existe (Ik )k∈N , onde Ik = [ak , bk ), tal que A ⊂ Ik e m∗ (A) ≤
k=0
X

ε ε

[
m(Ik ) < m∗ (A) + . Tomando Jk = (ak − k+2 , bk ), G = Jk . G é aberto,
2 2
k=0 k=0

[ ∞
[
A⊂ Ik ⊂ Jk .
k=0 k=0


[ X
∞ X∞
ε
m(G) = m( Jk ) ≤ m(Jk ) = (bk − ak + k+2 ) =
2
k=0 k=0 k=0

X∞
ε X∞ X∞
ε  ε ε

= [m(Ik ) + k+2 ] = m(Ik ) + ≤ m (A) + + =
2 2k+2 2 2
k=0 k=0 k=0

= m∗ (A) + ε ⇒ m(G) ≤ m∗ (A) + ε.

Como querı́amos provar.


1
• Dado n ∈ N, existe Gn aberto com A ⊂ Gn e m(Gn ) < m∗ (A) + . Tome
∞ ∞
n
\ \
H= Gk , A ⊂ Gk := H ⊂ Gk , ∀ k, daı́
k=1 k=1

1
m∗ (A) ≤ m∗ (H) ≤ m∗ (Gn ) < m∗ (A) + ,
n
tomando n → ∞ segue que

m∗ (A) ≤ m(H) ≤ m∗ (A),

logo temos que m∗ (A) = m(H). Lembre que m∗ (H) = m(H), pois H pertence a
σ−álgebra de borel por ser interseção enumerável de elementos dessa σ-álgebra.

F Teorema 2. E ⊂ Rp é mensurável a Lebesgue ⇔ para cada ε > 0 existe um


aberto G tal que E ⊂ G e m∗ (G \ E) < ε.

ê Demonstração. ⇒). Assumindo que E é mensurável e m(E) < ∞. Pelo


resultado anterior sabemos que existe um aberto G, tal que E ⊂ G e

m(G) < m(E) + ε.


CAPÍTULO 1. EXERCÍCIOS DE TEORIA DA MEDIDA 10

Como E é mensurável e E ⊂ G temos que

m(G) = m(G ∩ E}) + m(G \ E) = m(E) + m(G \ E).


| {z
E

Como m(G) < ∞ temos que

m(G \ E) = m(G) − m(E) < ε.

Agora o outro caso. Se m(G) = ∞. Seja E1 = E ∩ {x : ||x|| ≤ 1} e para n ≥ 2, seja

En = {x : ||x|| ∈ (n − 1, n) }.
ε
Para cada n natural, seja Gn um aberto com En ⊂ Gn e m(Gn \ En ) < n . Se
∞ ∞
2
[ [
tomamos G = Gk , então G é aberto, E ⊂ G, E = Ek , temos que
k=1 k=1


[ ∞
[ ∞
[
G\E=[ Gk ] \ [ Ek ] ⊂ [Gk \ Ek ],
k=1 k=1 k=1

logo por subaditividade, temos que


X
∞ X∞
ε
m(G \ E) ≤ m(Gk \ Ek ) < = ε.
2k
k=1 k=1

O que termina a demonstração.


⇐). Suponha que para cada n ∈ N, exista um conjunto aberto Gn com E ⊂ Gn , tal

1 \
que m( Gn \ E) < . Defina H = Gk , então H é um Gδ , logo é mensurável. Como
n k=1
H ⊂ Gn , temos que H \ E ⊂ Gn \ E, logo
1
0 ≤ m∗ (H \ E) ≤ m∗ (Gn \ E) < , ∀ n ∈ N.
n
Portanto m∗ (H \ E) = 0 e daı́ Z = H \ E é mensurável logo E = H \ Z por ser
diferença de mensuráveis.

• Usamos que vale


[ [ [
[ Gk ] \ [ Fk ] ⊂ (Gk \ Fk ) .
|k∈L {z k∈L
} |
k∈L
{z }
A B
[
Seja x ∈ A então x ∈ Gj para algum j e x ∈
/ Fk , portanto x ∈
/ Fk , ∀ k ∈ L em
k∈L
[
/ Fj ,, daı́ x ∈ Gj \ Fj e portanto x ∈
especial x ∈ (Ek \ Fk ).
k∈L
CAPÍTULO 1. EXERCÍCIOS DE TEORIA DA MEDIDA 11

A igualdade não vale em geral pois,

[ {1} ∪ {2} ] \ [ {2} ∪ {1} ] = ∅,


|{z} |{z} |{z} |{z}
G1 G2 F1 F2

se a identidade fosse válida, terı́amos

[G1 ∪ G2 ] \ [F1 ∪ F2 ] = [G1 \ F1 ] ∪ [G2 \ F2 ] = [{1} \ {2}] ∪ [{2} \ {1}] = {1, 2} 6= ∅.

b Propriedade 6. E é Lebesgue mensurável ⇔ existe H ∈ Gδ tal que E ⊂ H


com m∗ (H \ E) = 0.

ê Demonstração.
⇐). Se vale m∗ (H \ E) = 0 para H um Gδ então Z = H \ E é mensurável. Como H
é mensurável (interseção enumerável de abertos) segue que E = H \ Z é mensurável.
⇒). Pelo resultado anterior, se E é Lebesgue mensurável existe Gn aberto tal que

1 \
E ⊂ Gn e m∗ (Gn \ E) < , tomando H = Gk , temos que E ⊂ H, e H é um Gδ . Além
n k=1
disso
1
H \ E ⊂ Gn \ E ⇒ m∗ (H \ E) ≤ m∗ (Gn \ E) ≤ ,
n
1
isto é, m∗ (H \ E) ≤ . Tomando n → ∞, segue que m∗ (H \ E) = 0.
n

1.1.6 Questão 5

b Propriedade 7. Sejam f, g : X → R mensuráveis, então também são men-


suráveis

1. f + g.

2. cf.

3. |f| .

4. max(f, g).

ê Demonstração.
CAPÍTULO 1. EXERCÍCIOS DE TEORIA DA MEDIDA 12

1. Se r ∈ Q então

Sr = {x ∈ U | f(x) > r} ∩ {x ∈ U | g(x) > a − r} ∈ Σ

e temos
{x ∈ U | (f + g)(x) > a} = ∪r∈Q Sr ∈ Σ

a última identidade vale pois, se x na união enumerável, então existe r tal que

x ∈ Sr = {x ∈ U | f(x) > r} ∩ {x ∈ U | g(x) > a − r}

e daı́ g(x) > a − r, f(x) > r o que implica g(x) + f(x) > r + a − r = a então temos

∪r∈Q Sr ⊂ {x ∈ U | (f + g)(x) > a}.

Agora provamos a outra inclusão.

Se x ∈ {x ∈ U | (f + g)(x) > a} então f(x) + g(x) > a, f(x) > a − g(x), existe r
racional (por ser denso em R) tal que f(x) > r > a − g(x), com isso g(x) > a − r
e x ∈ {x ∈ U | f(x) > r} ∩ {x ∈ U | g(x) > a − r}. Como querı́amos demonstrar. .

2. Se c = 0 a função é constante, que sabemos ser mensurável . Caso c > 0,


sabemos por hipótese que f é mensurável, então dado a arbitrário
a
{x ∈ U | f(x) < }
c
é mensurável, isso significa que {x ∈ U | cf(x) < a} é mensurável e portanto cf.

O caso para c < 0, usamos que vale


a
{x ∈ U | f(x) > }∈Σ∀a
c
pois f é mensurável, disso segue que

{x ∈ U | cf(x) < a} ∈ Σ ∀ a

e daı́ cf é mensurável.

3. Se a < 0 então {x ∈ U | |f(x)| > a} = U. Se a > 0 então

{x ∈ U | |f(x)| > a} = {x ∈ U | f(x) > a} ∪ {x ∈ U | f(x) < −a} ∈ Σ

logo |f| é mensurável .


CAPÍTULO 1. EXERCÍCIOS DE TEORIA DA MEDIDA 13

x + y + |x − y| x + y − |x − y|
4. Vale max(x, y) = e min(x, y) = , pois Se x ≥ y
2 2
x+y+x−y
então x−y = |x−y|, daı́ = x como vale max(x, y)+min(x, y) = x+y
2
x + y − |x − y|
então min(x, y) = .
2
Logo o máximo e mı́nimo de duas funções mensuráveis é mensurável, pois
f + g + |f − g| f + g − |f − g|
max(f, g) = e min(f, y) = são combinações de
2 2
funções mensuráveis por módulo, adição e produto por constante, logo são
funções mensuráveis.

1.1.7 Questão 10

b Propriedade 8. Se f : I → R é monótona, onde I é um intervalo, então f é


Borel-mensurável

ê Demonstração. Supomos f crescente, x < y ⇔ f(x) ≤ f(y), considere

f−1 (−∞, a) = {x ∈ I | f(x) < a} = Ea .

Se Ea é vazio, então é mensurável. Caso contrário temos dois casos que veremos a
seguir. Seja c = sup Ea . Se x > c, x ∈ I então f(x) ≥ a, pois se fosse f(x) < a então
c não seria o supremo.

1. c = sup Ea ∈ Ea . Temos que f(c) < a, ∀ x ≤ c, x ∈ I temos que f(x) ≤ f(c) < a
logo
(−∞, c] ∩ I ⊂ Ea ,

e valores maiores que c não estão em Ea , logo vale a igualdade

(−∞, c] ∩ I = Ea .

2. c = sup Ea ∈
/ Ea . Dado x < c, x ∈ I então f(x) < a, pois como c é supremos dos
valores z tais que f(z) < a, e não pertence a tal conjunto, então existe y nesse
conjunto tal que x < y < c e daı́ f(y) < a, pelo fato da função ser crescente
segue também que f(x) ≤ f(y) < a, então x ∈ Ea , e por isso

(−∞, c) ∩ I = Ea .
CAPÍTULO 1. EXERCÍCIOS DE TEORIA DA MEDIDA 14

b Propriedade 9. Se f : R → R é contı́nua então f é Borel-mensurável, onde I


é um intervalo.

ê Demonstração.
Como f é contı́nua, a imagem inversa de um conjunto aberto de R é um conjunto
aberto em R, que por sua vez é união enumerável de intervalos (união de intervalos
é Borel-mensurável), portanto f−1 (−∞, a) é sempre Borel-mensurável e consequente-
mente f.

1.1.8 Questão 14

b Propriedade 10 (Toda função mensurável é limite pontual de funções


simples). Toda função mensurável f : X → [0, ∞] é limite pontual de (fn ) simples.
Se f ≥ 0, (fn ) pode ser tomada crescente, isto é, fn ↑ f.

ê Demonstração. Para cada n ∈ N, sejam

Fn = {x 0 ∈ X | f(x 0 ) ≥ n}

e para cada k ∈ {1, · · · , n2n }

k−1 k
Ekn = {x 0 ∈ X | ≤ f(x) < n }.
2 n 2
Definimos fn : X → [0, ∞) por

X
n2
n
k−1
fn = XEkn + nXFn ,
2n
k=1

k−1
observe que o valor ao qual fn (x) assume para algum x ∈ Ekn é o valor cota
2n
inferior de f(x) na definição do conjunto. Temos pela definição acima que ϕn é
função simples , por ser soma de funções caracterı́sticas . Pois ϕn assume um
número finito de valores e os conjuntos Ekn e Fn são imagens inversas de elementos
da σ-álgebra de Borel B(R) e logo são mensuráveis.
A sequência (fn ) é monótona crescente, isto é, fn ≤ fn+1 ∀ n ∈ N. Se f(x) ≥ n + 1
então f(x) ≥ n e daı́ fn (x) = n, fn+1 (x) = n + 1, pois x ∈ Fn+1 e x ∈ Fn e não
pertence aos outros conjuntos. Se n ≤ f(x) < n + 1 então x ∈ Fn logo vale fn (x) = n
CAPÍTULO 1. EXERCÍCIOS DE TEORIA DA MEDIDA 15

(n+1)2n+1
e x ∈ En+1 , o último termo da soma da expressão de fn+1 (x), o termo de maior
ı́ndice, pois vale
(n + 1)2n+1 − 1
≥ n ⇔ 2n+1 ≥ 1,
| 2 n+1
{z }
fn+1 (x)

que realmente vale e também vale fn+1 (x) ≥ fn (x) = n pela observação acima.
Agora caso x ∈ Ekn então vale x ∈ E2nk−1 ou E2n+
k
1 que segue da identidade

Ekn = E2nk−1 ∪ E2n+


k
1,

que vale pois


k−1 k
Ekn = {x 0 ∈ X |
≤ f(x) < }=
2n 2n
2k − 2 2k − 1 2k − 1 2k
= {x 0 ∈ X | n+1 ≤ f(x) < n+1 } ∪ {x 0 ∈ X | n+1 ≤ f(x) < n+1 }
| 2 {z 2 } | 2 {z 2 }
E2n+
k−1
1
E2n+
k
1

k−1
se x ∈ E2n+k−1
1 então os valores são idênticos fn (x) = fn+1 (x) = caso x ∈ E2n+
k
1
2 n
k−1 2k − 1 k−1
então fn (x) = n e fn+1 (x) = n+1 > n então a função é crescente.
2 2 2
Agora vamos provar a convergência pontual . Seja x 0 ∈ X, se f(x 0 ) = ∞ então
fn (x) = n∀ n ∈ N e temos a convergência pontual. Caso f(x) ∈ [0, ∞), temos para
k−1 k
n suficientemente grande que f(x) < n, pertencendo a um intervalo [ n , n ) e
2 2
k−1
fn (x) = n , o que implica a diferença do termo da sequência e da função, menor
2
que o comprimento do intervalo
1
0 ≤ f(x) − fn (x) ≤ ,
2n
portanto lim fn (x) = f(x). Como querı́amos demonstrar.
n→∞

$ Corolário 1. Segue que de


1
0 ≤ f(x) − fn (x) ≤ ,
2n

aplicando a integral, que


Z Z
1
|f(x) − fn (x)|dµ ≤ dµ = 2−n µ(X).
X X 2n
CAPÍTULO 1. EXERCÍCIOS DE TEORIA DA MEDIDA 16

1.1.9 Questão 46

X

b Propriedade 11 (Lema de Borel-Cantelli). Se µ(Ak ) < ∞ então
k=1

µ(lim sup An ) = 0.

ê Demonstração. ∞ [

\
Temos que lim sup An = Ak , como Bn é decrescente e
n=1 k=n
| {z }
Bn


[ X

µ( Ak ) ≤ µ(Ak ) < ∞.
k=1 k=1

Usamos agora o resultado que já mostramos, que se Bn ↓ A, µ(Bn ) < ∞ então
µ(A) = lim µ(Bn ). Com A = lim sup An

[ X

µ(lim sup An ) = lim µ( Ak ) ≤ lim µ(Ak ) = 0,
k=n k=n

X
∞ X

pois µ(Ak ) < ∞ e daı́ pelo critério de Cauchy o limite lim µ(Ak ) é nulo.
k=1 k=n

1.1.10 Questão 24a)

b Propriedade 12. Considere f : A → R uma função integrável em (A, Σ, µ),


se
Z
fdµ = 0, ∀ E ∈ Σ
E

então f = 0µ − q.s. em A.

ê Demonstração. Suponha que f seja não nula em um conjunto de medida


positiva. O conjunto em que f não é nula, pode ser decomposto da seguinte maneira


[ ∞
[
B := {x ∈ A | f(x) 6= 0} = Pk ∪ Nk ,
k=1 k=1

1 1
onde Pk = {x ∈ A | f(x) > }, Nk = {x ∈ A | − f(x) > }. Se cada um dos Pk e
k k
Nk possuem medida nula o mesmo para B. Então algum Pk ou Nk possui medida
CAPÍTULO 1. EXERCÍCIOS DE TEORIA DA MEDIDA 17

positiva. Suponha sem perda de generalidade que algum Pk possua medida positiva
(caso fosse algum Nk poderı́amos considerar a função −f no lugar da função f.) Daı́
temos que Z
fdµ = 0,
Pk

o que implica que f = 0 em quase todo ponto de Pk , absurdo!, pois em tal conjunto a
função é sempre positiva.

1.1.11 Questão 24 a)

b Propriedade 13. Sejam (X, A, µ) espaço de medida e f mensurável de X em


[0, ∞] , então

Z
fdµ = 0 ⇔ f = 0 µq.s.

ê Demonstração. Suponha primeiro que f é simples, não-negativa. O resultado


X
n
segue imediatamente, pois se f = aj XAj , aj ≥ 0, então
j=1
Z X
n
fdµ = 0 ⇔ aj µ(Aj ) = 0,
|{z} | {z }
j=1 ≥0 ≥0

isso equivale a ter cada termo aj µ(Aj ) = 0, então aj = 0 ou µ(Aj ) = 0, a função f


só não é nula quando pelo menos um dos seus coeficientes aj não for nulo, o que
[n
acontece apenas em um conjunto de medida nula Aj .
j=1,aj 6=0
⇐). Em geral se f = 0 µ q.s e ϕ é uma função simples arbitrária , 0 ≤ ϕ ≤ f,
então ϕ = 0 µ q.s o que implica
Z Z
fdµ = sup ϕdµ = 0.
0≤ϕ≤f
Z ∞
[
⇒). Por outro lado suponha que fdµ = 0, temos que {y ∈ X | f(y) > 0} = Ak ,
k=1
onde
1
Ak = {y ∈ X | f(y) > }.
n
CAPÍTULO 1. EXERCÍCIOS DE TEORIA DA MEDIDA 18

Logo se é falso que f = 0 µ q.s , devemos ter µ(An ) > 0 para algum n . Mas observe
que
1
f≥ XA ,
n n
1 1
pois se x ∈ An vale f(x) > , se x ∈ / An a expressão anterior diz que f(x) ≥ .0 = 0.
n n
1
A desigualdade f ≥ XAn , implica que
n
Z Z
1 1
fdµ ≥ XAn dµ = µ(An ) > 0,
n n
o que contradiz a hipótese do teorema, absurdo .

1.1.12 Lema de du Bois-Reymond

b Propriedade 14. Considere f : A → R uma função integrável em (A, Σ, µ),


se
Z
fdµ = 0, ∀ E ∈ Σ
E

então f = 0µ − q.s. em A.

ê Demonstração. Suponha que f seja não nula em um conjunto de medida


positiva. O conjunto em que f não é nula, pode ser decomposto da seguinte maneira


[ ∞
[
B := {x ∈ A | f(x) 6= 0} = Pk ∪ Nk ,
k=1 k=1

1 1
onde Pk = {x ∈ A | f(x) > }, Nk = {x ∈ A | − f(x) > }. Se cada um dos Pk e
k k
Nk possuem medida nula o mesmo para B. Então algum Pk ou Nk possui medida
positiva. Suponha sem perda de generalidade que algum Pk possua medida positiva
(caso fosse algum Nk poderı́amos considerar a função −f no lugar da função f.) Daı́
temos que Z
fdµ = 0,
Pk

o que implica que f = 0 em quase todo ponto de Pk , absurdo!, pois em tal conjunto a
função é sempre positiva.

Você também pode gostar