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Investig. Geogr.

Chile, 48: 41-52 (2014)

A geografia da saúde no Brasil: Estado da arte e alguns desafios

Francisco Mendonça chico@ufpr.br1; Wiviany Mattozo de Araújo1;


Thiago Kich Fogaça1

RESUMO

A abordagem do processo saúde-doenças das populações humanas foi marcada, ao longo da história,
por diferentes perspectivas. Ela saltou de concepções religiosas e naturalistas, predominantes até
o século XIX, para uma perspectiva biomédica e unicausal na Modernidade. No momento mais
recente - após os anos 1980, a abordagem tem privilegiado a perspectiva multicausal, especialmente
no Brasil. A geografia, uma das ciências a se ocupar da dimensão espacial dos processos saúde-
doença das populações, refletiu de maneira direta este contexto. Ela registrou um longo período de
produções acerca das doenças (Topografias Médicas ou Geografia Médica), tendo se direcionado
mais recentemente ao tratamento da atenção à saúde (Nosogeografia e a Geografia dos Serviços de
Saúde), donde denominar-se Geografia da Saúde. Ela constitui um campo em franco desenvolvimento
e consolidação no Brasil, interligando campos do conhecimento geográfico, epidemiológico e medico.
Seus principais desafios no presente encontram-se relacionados ao aprofundamento das possibilidades
de aplicação do geoprocessamento, à abordagem territorial e de redes-fluxos, e ao envolvimento da
perspectiva do conhecimento vernacular-tradicional. Tais desafios evidenciam a complexidade inerente
aos estudos da Geografia da Saúde.

Palavras-chave: Geografia Médica, Geografia da Saúde, Brasil, Desafios futuros.

ABSTRACT

The approach of the health-disease process of human populations was marked throughout history from
different perspectives. Its jumped from religious and naturalists conceptions with prevalence until
the nineteenth century to a biomedical and unicausal perspective in Modernity. In recent times - after
the 1980s, the approach has privileged multicausal perspective, especially in Brazil. The geography,
with interest is the spatial dimension of the health-disease processes of populations, reflectes directly
this context. Its records a long period of analysis concerning diseases (Medical Topographies or
Medical Geography), having most recently directed to the treatment of health care (Nosogeografia
and Geography of Health Services), called Geography of Health. It is a field in full development and
consolidation in Brazil, connecting geographical, epidemiological and medical knowledge. Its main
challenges are related to developing the potential of application of GIS, the territorial and network-
flows approach, and the involvement concerning the perspective of vernacular-traditional knowledge.
These challenges highlight the complexity inherent in Geography Health studies.

Keywords: Medical Geography, Health Geography, Brazil, Challenges.

Recibido el 6 de octubre de 2014, aceptado el 15 de diciembre de 2014.

1
Universidade Federal do Paraná (UFPR). Programa de Pós-Graduação em Geografia. Laboclima.
Departamento de Geografia. Av. Francisco H. Sanots, s/n. Centro Politécnico - Jardim das
Américas.Edificio João Jose Bigarella, sl. 209.81531-970. Curitiba. PR, Brasil.

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INTRODUÇÃO sua configuração no âmbito da ciência e


da geografia brasileira na atualidade? Que
Marcada por um cenário de aberturas avanços e quais desafios lhe marcam o
e transversalidades analíticas a ciência perfil? entro outras.
hodierna evidencia questionamentos
importantes que apontam, de forma Este conjunto de questões, e tantas
simultânea e paradoxal, tanto para a outras, demandam a construção de uma
especialização quanto para o rompimento das argumentação que coloca em evidência a
fronteiras disciplinares do conhecimento. abordagem geográfica de saúde-doença
Refletindo este contexto, o conhecimento das populações a partir das relações
geográfico registra tanto um reforço de suas estabelecidas entre diferentes grupos e
especialidades quanto reafirma seus laços instituições sociais, bem como entre a
com os campos disciplinares que lhe são sociedade e a natureza. As doenças não
caros, bem como articula novas construções. respondem somente ao meio natural;
ao meio vivo e ao meio social, como o
Após duas décadas sob a hegemonia da considerou Sorre (1984) e Mendonça
corrente crítica, embasada na leitura da (2002), são fundamentais, juntamente
produção espaço em conformidade com a àquele, para a compreensão da gênese,
perspectiva marxista, a geografia brasileira dinâmica e distribuição espaço-temporal
reencontra o caminho da heterogeneidade das doenças humanas.
temática de seus enfoques. Concebida como
Geografia Plural (AMORIM FILHO 2014), Este texto enfoca a diversidade de
a fase atual da produção do conhecimento elementos e fatores espaciais (naturais,
geográfico no país encontra-se marcada por sociais, culturais, econômicos e políticos)
uma considerável diversidade de temáticas que determinam e condicionam o processo
tanto novas quanto clássicas, aspecto que saúde-doença das populações, evidenciando
ressalta a riqueza e complexidade do pensar de maneira particular, sua estruturação e
e do fazer geográfico contemporâneo tendência no contexto brasileiro a partir da
(MENDONÇA et al., 2009). construção da geografia da saúde no país.

Estudos referentes ao campo da saúde


humana, desenvolvidos numa perspectiva DOS DETERMINISMOS À
multicausal e multi-interdisciplinar, vêm GEOGRAFIA MÉDICA
ganhando cada vez mais destaque, posto
que apostam na previsão e na promoção As concepções e explicações para a
da saúde das populações. Esta temática ocorrência das doenças humanas tiveram
retoma lugar e ganha importância no diferenciadas bases e concepções ao longo
âmbito da geografia brasileira das duas da história das sociedades.
últimas décadas, configurando-se num
importante testemunho da inovação e Segundo GUTIERREZ & OBERDIEK
interdisciplinaridade evidente na Geografia (2001) para o homem primitivo as
Plural do presente momento. mudanças de tempo e a falta de alimentos,
dentre outros, eram considerados fatos
Mas, qual a relação que existe entre a saúde relacionados ao mágico, ao religioso e ao
de populações e a análise espacial? Qual a sobrenatural; da mesma forma concebiam
historicidade deste campo do conhecimento, os problemas relacionados à saúde humana,
ou trata-se de uma construção da pós- ou seja, a manifestação de doenças
modernidade? Que aportes traz a análise consistia numa deliberação divina. Elas
da dimensão espacial dos problemas de eram concebidas como sendo causadas por
saúde-doença para a gestão da saúde? Qual condições externas ao corpo e estavam no

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A geografia da saúde no Brasil

plano do mítico; para tanto a cura deveria ser cristã, e suas inumeráveis subdivisões,
também buscada nesta dimensão, condição adquire nos séculos posteriores até o
sinequa non para se conseguir êxito. presente.

Posteriormente, a partir das civilizações Ao colocar a doença como uma designação


egípcias e outras localizadas no Médio divina, testemunho da vontade de Deus
Oriente, observa-se a alteração no modo sobre os homens, e que somente através
de se conceber a doença, deixando assim, o da igreja cristã é que se podia adquirir a
lado espiritual e religioso para um segundo cura, os avanços no conhecimento tanto
plano. Para GUTIERREZ & OBERDIEK sobre o corpo humano quanto sobre as
(2001) foi nas grandes civilizações do formas para se controlar a dor e as doenças
Médio Oriente que surgiu a necessidade de registra um duro golpe. Por séculos as
criar uma instituição na qual as pessoas se doenças tornaram-se fatos inexplicáveis
destinariam a tratar as doenças; esta seria, com os argumentos humanos, e adquiriram,
portanto, a gênese do que hoje se conhece em grande proporção, a condição de
como hospital. manifestações divinas sobre a sociedade, na
maior parte das vezes um castigo divino que
Todavia, foi somente na Grécia Antiga que se curava somente com a ação de religiosos.
surgiu a chamada medicina (pré) científica,
baseada na busca pela compreensão e O determinismo religioso sobre a
explicação racional para as doenças. Pode- concepção das doenças se fez suceder pelo
se destacar que havia duas concepções determinismo natural, perspectiva que
fundamentais naquela medicina: a) uma toma destaque e se hegemoniza na Europa
afirmando que as doenças diferentes renascentista e pré-moderna. Durante vários
poderiam ter causas e sintomas iguais, e a séculos acreditou-se que a doença existe
outra, b) preocupada com prognósticos, na fora do corpo e nele penetra dependendo
qual o doente passou a ser o foco principal das condições naturais, ou do ambiente
da atenção. Foi também naquele contexto natural; a saúde era tratada a partir da
que o estabelecimento de relações entre os Teoria Miasmática segundo a qual a doença
problemas da saúde humana e os elementos era um castigo de forças exteriores, ou seja,
do meio começaram a ser evidenciados, que um miasma adentrava ao corpo, pois se
inicialmente com Hipócrates, cuja obra acreditava que as doenças eram causadas
“Ares, águas e lugares” é testemunho por gases advindos de decomposição de
inconteste de tal perspectiva. cadáveres (NATAL 2004), ou também
que o mal estava no ar – donde o termo
Mas a Idade Média viria marcar uma malária. No início do século XX estas
estagnação, e mesmo retrocesso, idéias estiveram fortemente em voga, como
nas perspectivas analíticas acerca da o afirma MAY (1978, apud BOUSQUAT &
manifestação das doenças inauguradas COHN 2004), para quem “(...) Zeiss, autor
pelos gregos na Antiguidade Clássica. alemão que em 1932 se autointitulou pai da
Com a inauguração da concepção dualista geografia médica, defendia a proposição
da existência (FOUCAULT 1997) e a de que o ser humano recebia influências da
conseqüente consideração hegemônica de mesma forma que plantas ou animais”.
que o corpo humano é “natureza divina”,
portanto intocável e superior à outra Já no século XIX, com o desenvolvimento
natureza, externa, a questão das doenças da microbiologia, surgiu a “Teoria
humanas e das populações é colocada no Bacteriana”, e a partir de então, passou-se
plano mítico, da transcendência. Este é, a acreditar que toda doença era fruto de um
sem sombra de dúvidas, um dos principais agente biológico, sendo um vírus ou uma
elementos a justificar o poder que a igreja bactéria, e que se combatido, restabeleceria

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o estado de saúde, ou seja, esse período é Epidemias como a de cólera e da gripe


marcado por uma forte ideia determinista espanhola, que assolaram o Brasil no
de Unicausalidade. Ainda que os avanços inicio do século XX, vitimando inclusive
dessa fase sejam consideráveis há que se representantes do estado nacional,
observar que a gênese das doenças humanas impuseram um novo olhar sobre o controle
continuaram concebidas como pertencentes das doenças; tornou-se necessário identificar
à dimensão da natureza externa ao organismo os elementos do meio que condicionavam
humano; a dependência do meio natural a ocorrência de epidemias. Nascia, ali,
continua sendo a base da compreensão do de forma mais evidente, a abertura do
processo saúde-doença de populações. olhar da medicina para o tratamento das
enfermidades das populações; ações como
Para SORRE (1994), BESANCENOT aquelas de Carlos Chagas, Osvaldo Cruz e
(2001) e AYOADE (2002) o clima constitui Afrânio Peixoto, dentre outros, promoveram
um dos principais elementos do meio avanços consideráveis neste campo do
a influenciar a manifestação das mais conhecimento.
diversificadas moléstias humanas, a tal
ponto que o determinismo climático tornou- Mas será de MAXIMILIAM SORRE
se uma concepção hegemônica no campo da (MAX SORRE) a principal contribuição
ciência e da política entre os séculos XVIII e para a construção de um paradigma que
meados do XX. A influência do clima ocorre permitisse a abordagem da dimensão
de maneira direta e indireta, sendo tanto geográfica das doenças. Ele propôs, nos
maléfica quanto benéfica, pois os extremos anos 1940, uma teoria para embasar a
térmicos e higrométricos acentuam a compreensão das manifestações espaciais
debilidade do organismo para o combate das doenças de populações; trata-se do
às enfermidades, ocasionando maiores complexo patogênico, perspectiva que
problemas com processos inflamatórios e, coloca em destaque os meios que se
sendo assim, favorecendo a disseminação interagem para que as doenças ocorram: o
de doenças contagiosas (SOUSA 2008). meio natural, o meio vivo e o meio social.
Os dois primeiros dão sequência e de
Há que se assinalar que até esta fase da certa maneira confirmam as perspectivas
história a perspectiva da compreensão de anteriores acerca da determinação natural
uma geografia das doenças, ou topografias das doenças, todavia o último constitui-se
médicas, não constituía um conhecimento num campo inovador, posto que desloca a
sob o domínio da geografia ou dos atenção que estava centrada exclusivamente
geógrafos, até mesmo por que o status de na natureza para as construções humanas e/
conhecimento científico adquirido pela ou sociais.
geografia somente aconteceu em final
do século XIX. As interrogações acerca Neste mesmo contexto de meados do
da influência, ou determinação, do meio século XX a contribuição de um brasileiro,
natural sobre a saúde das populações estava médico com doutorado em geografia
fortemente circunscrita ao campo de médicos humana, irá impulsionar sobremaneira
e biólogos. No caso brasileiro os exemplos a análise da causalidade das doenças
tomaram destaque com os profissionais das humanas. Trata-se da contribuição de Josué
faculdades de medicina do Rio de Janeiro de Castro que, ao estudar a subnutrição e
e de Salvador, principalmente, a partir do a fome, e os problemas a elas associados,
final do século XIX, mas que tomou vulto desnuda a crença de sua gênese como um
e importância no inicio do século XX como fenômeno natural. Ao colocar em evidência
resultado da adoção do higienismo como a Geografia e a geopolítica da fome, no
medida para conter as doenças transmissíveis Brasil e no mundo, ele dá uma contribuição
notadamente na capital do país. decisiva para a compreensão geográfica

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A geografia da saúde no Brasil

da manifestação das doenças, posto que No âmbito do conhecimento geográfico


se observa a passagem de uma concepção observa-se que este tipo de enfoque tomou
hegemônica de Geografia médica (com evidência especialmente a partir de meados
atenção sobretudo à espacialidade das do século XIX; as preocupações de ordem
doenças) para uma perspectiva de Geografia determinista, que marcaram a nascente
da saúde. Geografia moderna, caracterizaram
as abordagens iniciais, como visto
anteriormente. Mais tarde, e pouco a
GEOGRAFIA DA SAÚDE pouco, a perspectiva social toma destaque e
desemboca na concepção de que as doenças
Com o enfraquecimento da hegemonia são também derivadas do meio vivo
do positivismo lógico como perspectiva (biológico) e do meio social (SORRE 1994),
científica de interpretação da realidade o que amplia sobremaneira a compreensão
assistiu-se, em meados do último século, sobre a causalidade das doenças humanas.
ao fortalecimento de outras perspectivas
analíticas de processos naturais, sociais ou Saltando da perspectiva unidimensional
híbridos. Assim é que se viu o florescimento naturalista, os estudos da geografia médica
do sistemismo, do humanismo, do e da saúde envolvem, por sua própria
marxismo, etc.; esta fase mostra a natureza, toda a gama de possibilidades da
necessidade de outras abordagens para os análise geográfica, posto que as doenças
problemas construídos pela ciência ou por repercutem a influência dos fatores
aqueles vivenciados pela sociedade, posto geográficos de uma dada localidade e
que a complexidade da Modernidade se temporalidade. Assim é que SANTANA
torna cada vez mais evidente. (2005) afirma que a Geografia da Saúde,
é uma área científica que integra temas da
A concepção de saúde estabelecida em Geografia Física [...] e temas da Geografia
1948 pela Organização Mundial de Saúde Humana [...], constituindo-se uma área do
(OMS) reflete aquele cenário de mudanças saber de compreensão global, preocupada
ao compreender que a saúde é “o pleno com os problemas atuais e as diferentes
estado de bem-estar físico, mental e escalas, útil tanto para os futuros professores
social”. No entanto a situação de bem- como para os que irão integrar equipes
estar é fortemente variável no tempo e no pluridisciplinares nas áreas de Ambiente e
espaço, sendo resultante de uma multitude Planejamento e Ordenamento do Território.
e complexidade de fatores, dentre os quais Ou seja, a Geografia da Saúde ocupa uma
os geográficos. posição nodal; é um espaço onde convergem
ou se cruzam fenômenos naturais e sociais
Ao longo da história das sociedades a (SANTANA 2005).
concepção de saúde e doença refletiu os
vários conjuntos de crenças e valores Na atualidade a Geografia da Saúde se
hegemônicos em cada grupo social. ocupa tanto de temas referentes à influência
À medida que as populações criaram dos fatores geográficos nas doenças como
novas relações entre si e com o meio, na gestão dos recursos de saúde. Trata-
gerando desequilíbrios ambientais e uma se, portanto, de “uma antiga perspectiva e
natureza transformada, produtora de novas uma nova especialização, se distingue por
enfermidades, criou-se a necessidade de localizar-se nas fronteiras da geografia, da
estudos que levassem em consideração o medicina, da biologia ou das ciências sociais,
ambiente como produtor dos processos de físicas e biológicas, e por ser essencialmente
saúde e doença. transdisciplinar” (ROJAS 2003).

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Entre os principais objetivos deste campo equilíbrio entre o agente, o hospedeiro e


do conhecimento destaca-se aquele o ambiente e que um desequilíbrio neste
de proporcionar novos conhecimentos sistema passa a gerar um estado de doença
e desenvolver uma proposta teórico- (NATAL 2004).
metodológica para o estudo das relações
espaciais do processo saúde-enfermidade Os estudos baseados nessa teoria ganham
das populações. Além da perspectiva de destaque, pois estes passam a considerar
compreensão geral do processo saúde- inúmeras variáveis geográficas, tanto
doença humana a geografia da saúde questões físicas como sociais, que
também visa produzir resultados de valor criavam ambientes vulneráveis ou não ao
prático às investigações epidemiológicas, aparecimento de determinadas doenças.
à administração de saúde e, em geral, à Assim, no conceito de Multicausalidade a
racionalidade das ações de melhoramento doença é considerada como um processo
do bem-estar da população (PEITER que ocorre por variados fatores, onde
2005). qualquer estímulo pode desencadear um
processo de doença (COSTA & TEIXEIRA
Na atualidade a Geografia da Saúde 2001; LEMOS & LIMA 2002).
encontra-se dividida em dois grandes
campos de interesse: a) Nosogeografia, O modelo multicausal constituiu-
e b) a abordagem dos Serviços de se num avanço do conhecimento dos
Saúde. A Nosogeografia é considerada condicionantes de saúde e doença, porém
a abordagem mais tradicional, a que se a crítica ressaltada é de que esta trata
propõe à identificação e análise de padrões todos os elementos de forma igualitária,
de distribuição espacial das questões de no qual se neutraliza as relações entre
saúde e doença como um todo nas relações o ambiente, hospedeiro e agente, sem
têmporo-espaciais, tratando diretamente levar em consideração os aspectos sociais
dos determinantes e condicionantes do (PALMEIRA et al., 2004).
processo saúde-doença de populações.
MENDONÇA (2003), ao tratar do
Já a Geografia dos Serviços de Saúde, ou complexo patogênico de MAX SORRE,
da Atenção Médica (SANTANA 2005), ressalta que essa teoria também pode ser
considerada mais recente, é dedicada entendida sobre a perspectiva da abordagem
à distribuição e planejamento dos sistêmica, pois a relação entre os elementos
componentes infraestruturais e dos recursos e a forma como estes interagem constroem
humanos do Sistema de Atenção Médica. um ambiente sistemático.
Ela também se ocupa das orientações
políticas, comparações entre os sistemas Assim, as abordagens interdisciplinares
internacionais dos serviços de saúde, se colocam como necessárias no trato da
acessibilidade e aplicação destes. saúde pública e coletiva; a Geografia, que
articula elementos espaciais nas análises
A Nosogeografia, de certa forma, é aplicada dos problemas de saúde, contribui para o
desde o princípio da humanidade, como avanço da perspectiva interdisciplinar no
já citado anteriormente, posto que a campo da saúde. A Geografia da Atenção
preocupação com a saúde sempre levantou Médica, considerada mais recente,
inúmeros questionamentos gerando diversas dedicada à distribuição e planejamento dos
teorias e explicações. No entanto na década componentes infraestruturais e dos recursos
de 30, a Geografia Médica ressurge nos humanos do Sistema de Atenção a Saúde,
estudos de saúde com a ascensão da “Teoria vem ganhando espaço nas pesquisas e de
da Tríade Ecológica” e a saúde passa a certa maneira, complementando os estudos
ser compreendida como um sistema em voltados a Nosogeografia.

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A geografia da saúde no Brasil

Em meados da década de 1970, a Geografia Esse novo olhar para o meio possibilitou
Médica evoluiu para a atualmente a conformidade com a Geografia, que ao
denominada Geografia da Saúde, momento possuir o espaço geográfico como objeto
em que a Geografia acompanha a tendência de estudo, analisa, relaciona, interpreta
que pouco a pouco deslocou o conceito e identifica as relações homem versus
de doença para o de saúde (...), ganhando natureza, abordando os aspectos pertinentes
um sentido mais positivo, sobretudo, uma à promoção da saúde (AQUINO JUNIOR
dimensão cultural e social inteiramente 2010).
nova, além de sair da órbita estritamente
médica (GUIMARÃES 2000). O conceito de Território aplicado nessa
vertente da Geografia é entendido como o
Esta evolução encontrou, no âmbito resultado de uma acumulação de situações
da geografia brasileira, um ambiente históricas, ambientais e sociais que
fortemente fértil. O amplo emprego de promovem condições particulares para a
perspectivas sociológicas críticas, como produção de doenças (BARCELLOS et. al,
o marxismo, na Geografia produzida no 2002). E o reconhecimento desse território
Brasil entre as décadas de 1970 e 1980 é um passo básico para a caracterização da
mudou por completo o perfil desta ciência população e de seus problemas de saúde,
no país. O abandono da base positivista bem como para avaliação do impacto dos
deu lugar a novas abordagens que serviços sobre os níveis de saúde dessa
ressaltaram o engajamento da geografia população.
nos movimentos sociais voltados à justiça
social; a Geografia da Saúde passa, então, Entretanto, o território pode abranger as
a enfocar os problemas como decorrentes diversas temáticas relativas à organização
do contexto de iniquidades inerentes ao territorial da sociedade, podendo ser tanto de
capitalismo. origem cultural quanto técnico-econômica
ou ainda de fundo político (CORREA
Para isso, conceitos essenciais passaram 2001). Considerando que o território é
a ser abordados no que diz respeito à a um só tempo contraditório, desigual e
Geografia da Saúde, pois as atividades combinado, entende-se que sua aplicação
humanas geram impactos ambientais, às perspectivas da saúde das populações
que comprometem o equilíbrio e o estado passa por uma análise que demanda o
existente de um ambiente. Esses impactos conhecimento detalhado das estruturas
são gerados pelo homem de acordo com sociais que formam a saúde pública.
as suas necessidades, as quais variam de
intensidade e velocidade no decorrer do Cada território deve ser pensado em
tempo (SANTOS 2007). rede, articulado a outros territórios em
interação (SAQUET 2003). Considerando
A utilização do espaço geográfico como esta interação, CZERESNIA & RIBEIRO
categoria de análise ressalta a função (2000) propõem que o conceito de rede
do contexto social e dos componentes torna-se indissociável ao de espaço.
ambientais, atrelada a outros determinantes Segundo estes autores as redes integram
que atuam sobre a saúde humana. Em épocas os espaços configurando-se basicamente
mais recentes, a poluição ambiental vem em dois aspectos: o material e o social.
atraindo a atenção dos gestores de saúde, As redes atravessam contextos materiais e
que começam a compreender a importância socioculturais diversificados e podem ser
do processo de mapeamento das áreas de compreendidas como constituindo espaços
risco para a vigilância ambiental em saúde de circulação e difusão de agentes de
dos municípios (ROJAS et al., 1999). doenças.

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Para além do território e sua contribuição em um município ou em outro, assim


na análise dos serviços de atenção à saúde, como as respostas que os serviços de saúde
há que se considerar também o conceito oferecem a cada uma das situações de saúde
de territorialidade. Assim, e compreendida exigem fluxos e ações que podem extrapolar
como a “qualidade necessária” para a fronteiras, até mesmo entre estados, em
construção do território, ela é incorporada função das determinações do mundo do
ao espaço quando esse media uma relação trabalho (GUIMARÃES 2005).
de poder que efetivamente o utiliza como
forma de influenciar e controlar pessoas, É no envolvimento com estes diferentes
coisas e/ou relações sociais (SACK 1986). elementos e fatores associados aos
processos de saúde-doença das populações
Dessa maneira, na atualidade, faz-se que a Geografia Médica (Nosogeografia)
mister pensar no mundo e nas relações e a Geografia da Saúde (Nosogeografia +
que estão atreladas ao domínio de novas Atenção à Saúde e Serviços) encontram
formas de territorialização a todo instante, cada vez mais reconhecimento perante
posto que revelam novas condições que a sociedade brasileira. O notável
comprometem a saúde das populações. reconhecimento que este campo do
Essa possibilidade sempre existiu, mas conhecimento recebe no Brasil nas duas
nunca nos níveis atuais de experimentar últimas décadas testemunha a importância
simultânea ou sucessivamente diferentes social deste tipo de conhecimento,
territórios, reconstruindo constantemente o especialmente quando se constata a
próprio (HAESBAERT 2000). necessidade de se ultrapassar a atuação
remediativa, predominante nas políticas
A saúde da população, ou saúde pública, públicas no país, para uma condição de
se coloca então como uma das principais promoção da saúde e da prevenção.
preocupações do Estado. Nesta perspectiva
CASTRO (2005) propõe que sendo o
Estado uma instituição de base territorial, DESAFIOS FUTUROS
quaisquer que sejam as suas ações e
decisões há refração e reflexos sobre o Na atualidade, novas abordagens teóricas
espaço e deste sobre suas ações, e que é e metodológicas e novas disciplinas vêm
necessário compreender suas diferentes contribuindo para dar maior abrangência e
escalas, para a organização do território; o aprofundamento à conceituação de saúde e
poder de barganha de agentes territoriais doença, e para a adequação de um sistema
específicos sobre os recursos públicos; as de saúde que atenda às necessidades e
disputas locais e regionais para inversões aspirações da população (MINAYO 2010).
públicas e privadas para delinear alguns dos A busca em superar o modelo biomédico
traços essenciais do tipo de pacto federativo na atenção à saúde por práticas mais
que define o perfil do Estado brasileiro. humanizadas tem logrado, mesmo que com
certa lentidão, mais espaço no âmbito dos
O envolvimento da sociedade e da natureza sistemas de saúde no Brasil.
nos estudos emanados de problemáticas
socioambientais, nos quais o natural e o Nas últimas décadas as discussões sobre
social são concebidos como elementos de sustentabilidade e/ou desenvolvimento
um mesmo processo (MENDONÇA 2002), sustentável ganharam fôlego e proliferaram
está no centro dos interesses da Geografia os eventos que passam a discutir essas
da Saúde. Os processos de adoecer e questões. A partir desses eventos, a
morrer se assemelham ou se diferenciam Organização Mundial de Saúde (OMS)
independentemente dos cidadãos viverem começa a destacar os amplos vínculos

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A geografia da saúde no Brasil

existentes entre a saúde e o meio ambiente e principalmente nos chamados estudos


(LEFF 2002), fato que tem acentuado ecológicos” (BARCELLOS et al 2002).
a necessidade de se enfocar, com mais Expandir a aplicação desta tecnologia nas
profundidade, as relações entre a sociedade diversas instituições que tratam da saúde
e a natureza. Não se trata, todavia, de humana possibilitará, dentre outros, uma
um retorno às topografias médicas ou melhoria e racionalização nos serviços
Geografias Médicas de outrora, mas de públicos de saúde em geral.
uma retomada de antigos temas sob novas
perspectivas, sobretudo quando se considera Nos estertores do século XX tomava
o cenário de mudanças ambientais globais e evidência a crítica da ciência como
da globalização, com a intensificação dos perspectiva única e verdadeira do
diversos fluxos e da dinâmica das novas entendimento do real e base das decisões
redes sobre os territórios. coletivas. No campo da Geografia da
Saúde o que se nota é que ela encontra-se,
Ultrapassar o paradigma remediativo pelo menos no Brasil, quase que totalmente
predominante no trato das políticas voltada aos serviços públicos de saúde e
públicas de saúde, e desenvolver o a uma perspectiva biomédica do processo
paradigma preventivo (PEREHOUSKEI saúde-doença das populações. Tendo em
& BENADUCE 2007), constitui um dos vista a riqueza da heterogeneidade das
principais desafios da saúde pública e práticas e cuidados com a saúde no âmbito da
coletiva no Brasil atual. Para lograr êxito população brasileira, especialmente quando
nesta direção torna-se necessário um maior se trata do emprego de ervas, rezas, crenças,
investimento nas várias ciências que tratam unguentos, etc. ressalta-se a lacuna existente
da saúde humana como um problema neste campo do conhecimento no Brasil.
complexo atinente aos meios natural, vivo
e social, e não somente do corpo humano. A diferenciação entre a perspectiva
A Geografia da Saúde, por seu turno, biomédica/saúde pública (Modernidade)
muito tem a contribuir para o avanço desta e a perspectiva vernacular (Tradição) nos
perspectiva. cuidados com a saúde representam um
grande desafio nos estudos de Geografia da
O tecnológico permitiu a incorporação pela Saúde no Brasil. A riqueza e complexidade
Geografia da Saúde do Geoprocessamento deste campo constitui, ao mesmo tempo, uma
e dos Sistemas de Informação Geográfica excelente oportunidade para se conhecer,
(SIG). O uso dessa nova ferramenta é ao mesmo tempo, tanto a sociedade (visão
essencial para a análise em saúde, pois antropológica) quanto a historicidade de
“[...] envolve um conjunto de técnicas que suas estratégias de enfrentamento dos males
pressupõe a organização de dados de saúde no que a acometem ao longo dos tempos. Que
espaço, ou melhor, sobre uma representação os geógrafos a ele se dediquem com a maior
do espaço geográfico. A discretização do brevidade possível... ganhará a ciência,
espaço em unidades territoriais estanques, ganhará a Geografia da Saúde, ganhará a
formando polígonos, tem sido uma das sociedade.
estratégias mais utilizadas na epidemiologia

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REFERÊNCIAS

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