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Alfabetização

e Letramento
Material Teórico
A escrita no processo de alfabetização

Responsável pelo Conteúdo:


Profa Ms. Denise Jarcovis Pianheri

Revisão Textual:
Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin
A escrita no processo de alfabetização

• Introdução
• Pré-silábico
• Silábico
• Alfabético

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Nesta Unidade, estudaremos sobre “A escrita no processo de
Alfabetização”. Qual é o papel da escrita e sua função.
· Também abordaremos o papel do aluno e do professor nesse
processo e a importância de ter um ambiente alfabetizador.
· Não esqueçam: sua participação é muito importante.

ORIENTAÇÕES
Nesta Unidade, os nossos estudos serão sobre “A escrita no Processo de
Alfabetização”. Para que nossos objetivos possam ser alcançados, pedimos a
colaboração de vocês nas leituras, reflexões e participação nas atividades propostas.
Para começar, leiam a parte intitulada Contextualização, que é importante para
começarmos a refletir sobre o assunto proposto, que é sobre a importância do
processo de aprendizagem da escrita. Em seguida, leiam o Conteúdo Teórico,
que é a base que vocês terão para toda a Disciplina.
Outra parte importante no Blackboard é a Apresentação Narrada que traz, de
forma resumida, os conceitos da Disciplina e comentários feitos pelo professor.
Então, depois de vocês terem passado por esses tópicos, realizem a Atividade de
Sistematização. São questões de múltipla escolha e a correção é automática, pelo
Sistema. Só para lembrar, vocês têm duas tentativas para realizar essa atividade;
portanto, estudem o conteúdo antes de acessar esse link.
Vocês devem participar, também, do Fórum de Discussão. Nele, vocês podem
deixar suas reflexões a respeito do assunto que estamos tratando especificamente
nessa Unidade.
Vocês também têm acesso aos Materiais Complementares, que irão ajudar a
compreender, por meio de outros olhares, o conteúdo que estamos estudando. E
não podemos esquecer que vocês têm acesso, ainda, às Referências utilizadas no
preparo do material da Disciplina.
Lembro que é muito importante para vocês realizarem todas as atividades
propostas dentro dos prazos estabelecidos, pois além de reforçar a aprendizagem,
há pontos atribuídos a cada uma para compor a média final. Evitem acumular o
estudo dos conteúdos para não ter problemas no final do semestre.
UNIDADE A escrita no processo de alfabetização

Contextualização
Explor

Para iniciarmos a nossa conversa, assista ao vídeo “Educação e Vida”.


Disponível em: https://youtu.be/mNlgV5i7um4

O vídeo possibilita refletirmos sobre o processo de aprendizagem entre as


pessoas, o que cada um pode fazer para ajudar o outro, como o professor pode
ajudar e qual o seu papel no processo de ensino na Alfabetização.

Assista! Pense! Reflita!

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Introdução
Nesta Unidade, o foco central será o papel da escrita no processo de Alfabetização.

A escrita é algo em que tanto a criança como os jovens e adultos estão sempre
envolvidos, seja de maneira direta ou indireta.

Mas o que é interessante é que muitas vezes os professores estão mais


preocupados em como as crianças escrevem do que exatamente com a escrita em
si. Por exemplo, preocupam-se mais em ensinar a letra cursiva, que para muitos
é o jeito “correto”, em vez de utilizar inicialmente a letra bastão, com a qual a
criança tem mais facilidade para escrever, porque a coordenação motora não está
tão desenvolvida.

Mas nem todos pensam assim, causando mal estar entre os alunos por algumas
vezes não conseguirem realizar as atividades propostas pelo professor, ficando,
dessa forma, frustrados com a escrita.

Dessa maneira, perdem o interesse, a vontade, o desejo de aprender a escrever.


Estamos acostumados aos vários tipos de letras e não percebemos que a criança
que está aprendendo a ler e a escrever desconhece esse mundo dos tipos variados
de letras, ou seja, a primeira letra do alfabeto pode aparecer para o aluno de várias
formas, como:

Como afirma Luiz Carlos Cagliari:


Para nós, adultos, qualquer A é A, seja ele escrito como for. Quando a
criança começa a aprender a escrever, ninguém lhe diz isso e, muitas
vezes, ela fica admirada diante das coisas que a professora (e os adultos)
fazem com as letras. Com o tempo, acaba aprendendo indiretamente
o que a escola pretende. O grande problema nesse caso é que a escola
ensina a escrever sem ensinar o que é escrever, joga com a criança sem
lhe dizer as regras do jogo (CAGLIARI, 2003, p.97).

Essa questão da letra cursiva ou bastão é apenas um ponto que leva a criança a
ter interesse pela escrita ou não.

Não podemos deixar de pensar que a escrita é um dos objetivos mais importantes
da Alfabetização, juntamente, é claro com a leitura, e não podemos desvincular
uma da outra.

Segundo Cagliari, a escrita tem como objetivo principal permitir a leitura. E a


leitura nada mais é do que a interpretação da escrita, ou seja, consiste na tradução
dos símbolos escritos na fala.

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UNIDADE A escrita no processo de alfabetização

“Ninguém escreve ou lê sem motivo, sem motivação” (Cagliari, 2003, p.102). É


preciso proporcionar para as crianças os variados tipos de materiais impressos; já
falamos sobre isso na unidade anterior.

O aluno precisa ter acesso à linguagem escrita de diversos tipos, como jornais,
livros, revistas, placas de trânsito ou ruas, painéis, bilhetes etc.; todo material que seja
possível apresentar para as crianças é válido, por dois pontos a serem levantados.

O primeiro é que muitas crianças não terão esse conhecimento, ou melhor,


só terão esse contato com os materiais impressos por meio do que é dado para
elas na Escola. E o segundo ponto, é mostrar para o aluno e fazer com que ele
possa descobrir “o aspecto funcional da comunicação escrita”, fazendo com que
ele tenha curiosidade, levando-o a refletir sobre a escrita e, assim, ele irá aprender
sobre o significado da escrita.

Agora, refletindo a respeito de como as crianças pensam sobre a escrita,


precisamos retomar as questões das hipóteses da escrita.

Lembrando!

O que são hipóteses de escrita?

De acordo com Emília Ferreiro e Ana Teberosky, as crianças elaboram diversas


hipóteses demonstrando o funcionamento do sistema de escrita.

O professor poderá verificar, por meio das hipóteses realizadas pelas crianças,
como elas entendem a escrita ou como elas veem esse processo.

Então, vejamos as definições de cada nível.

Pré-silábico
A criança, nessa fase, registra as chamadas garatujas, desenhos que não têm
uma definição tão clara. Aos poucos, ela passa a fazer desenhos com traços mais
definidos, mas não fáceis de decifrar. No nível pré-silábico, temos a ausência de
relação entre a escrita e os sons da fala.

Gato Pomba

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Silábico
Nesse nível, a criança já consegue estabelecer as relações entre o som e as
letras; então, quer representar cada letra por um símbolo e vai utilizar também
letras, pseudoletras e números.

A criança define as partes das palavras, ou seja, a sílaba, mas nessa fase ela
representa não a sílaba por completo; algumas vezes irá colocar mais letras do que
necessário, pois acredita ser o correto.

Silábico sem valor


Borboleta

Gato

Sapo

Cão

Silábico com valor


Borboleta

Cavalo

Sapo

Giz

Silábico-alfabético
Nessa fase, a criança utiliza dois níveis, o silábico e o alfabético, ao mesmo
tempo. Esse momento é o que chamamos de transição. Nesse nível, a criança
começa a acrescentar letras em algumas sílabas, como, por exemplo, ao ditar
a palavra CAVALO, a criança poderá escrever da seguinte maneira: CAViO ou
também KVALO. A escrita irá variar porque dependerá do conhecimento linguístico
de cada criança.

Nesse nível, a escrita apresenta sílabas completas e sílabas representadas por


uma só letra.

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UNIDADE A escrita no processo de alfabetização

Borboleta

Cavalo

Sapo

Alfabético
É o nível no qual se pode dizer que a criança já está compreendendo o sistema
linguístico e como ele se organiza. Nessa fase, ela já consegue ler e representar
graficamente palavras e pequenas frases.

Nesse nível, as escritas são construídas com base em uma correspondência entre
fonemas (sons) e grafemas (letras).

Camiseta

Leite

Casa

Fez
É importante salientar que conhecer o valor sonoro convencional é conhecer a
letra, ou seja, o nome, e perceber sua relação com o som. Fazer a correspondência
entre o fonema (som) e o grafema (letra). Pode-se dizer que quando isso ocorre, a
criança está conseguindo entender o processo da escrita e está entendendo que há
uma relação entre a fala e a escrita.

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Outro ponto importante é fazer questionamentos para a criança sobre o que ela
escreve e anotar as respostas, para depois perceber o desenvolvimento da criança.

E como podemos iniciar o processo de Alfabetização? Ou é apropriado partir da


aprendizagem por meio dos textos?

Maria Fernandes salienta que:


Isso leva a uma mudança na prática pedagógica. Iniciar a Alfabetização
pelas vogais ou sílabas simples, organizadas numa determinada sequência,
em lugar de facilitar, pode dificultar a aprendizagem dos alunos, pois
essa escolha desconsidera que, no início do processo de reflexão sobre a
escrita, as crianças acreditam que palavras com poucas letras não podem
ser lidas.

É caminhar na contramão do processo dos alunos. Mais real é apresentar


todo alfabeto e permitir que os alunos pensem, comparem, analisem textos
e palavras para que percebam o funcionamento do sistema linguístico e
possam compreender as partes (letras e palavras) no todo (texto) e o todo
(texto) com suas partes (letras e palavras) (FERNANDES, 2008, p.129).

Há uma variedade de textos e os educadores precisam proporcionar para os


alunos os diversos tipos e, principalmente, trabalhar com eles as funções que cada
texto possui e isso deve acontecer na Escola.

Na maioria das vezes, a preocupação maior é com a memorização e o que


realmente precisa ser levado em consideração e é o mais importante é a compreensão
dos significados dos textos.

Inicia-se com o contato com a leitura, com a interpretação e com a escrita


espontânea dos alunos, preocupando-se em proporcionar para eles situações reais
de comunicação.

A interação com os mais variados tipos de textos é importante, porque se


acredita que mesmo aquela criança que não saiba ler convencionalmente, por meio
dessa interação, aprenderá as características da linguagem.

Ao disponibilizar diversos tipos de materiais: livros de história, gibis, revistas,


jornais, folhetos de propaganda, embalagens e outros materiais que sejam
de interesse do aluno, é importante lembrar que as atividades preparadas pelo
professor devem ser desafiadoras, aquelas que tragam situações problema, ou seja,
devem ser atividades nas quais os alunos precisam pensar, refletir, argumentar, usar
todo o conhecimento que possuem para assimilar aquilo que ainda não sabem.

Sabemos que o aprendiz é o protagonista para a construção de seu conhecimento,


ele irá utilizar todo o seu conhecimento para aprender. O professor tem o papel
de transmitir, mediar, orientar e fazer as intervenções necessárias no processo
de aprendizagem, mas será o aluno que irá receber as diversas informações e
transformá-las em conhecimento.

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UNIDADE A escrita no processo de alfabetização

Vamos contextualizar?

Observe a seguinte sugestão de atividade com texto.

Carta Enigmática

Crianças cuidem de seu

Crinque com ele de

Não deixe de dar

de dar

e, principalmente, de dar

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Trabalhar com carta enigmática é interessante porque a criança terá contato
com as imagens e também com a escrita. Isso facilita para a criança as relações que
fará para o entendimento do texto.

É claro que quando for dado esse tipo de texto para as crianças que não sabem
ler, ou seja, no início da Alfabetização, a intervenção do professor na interpretação
do texto é fundamental.

Outro tipo de atividade que pode ser feita com crianças que ainda não sabem
escrever é contar histórias. Assim, pode-se pedir para as crianças contarem as
histórias e o professor faz a transcrição. Além de fazer os registros, pode-se
armazenar as histórias para que as crianças possam observar e fazer as relações
entre elas e, principalmente, relacionar o texto oral com o escrito.

Como produto final da atividade das crianças contarem histórias, pode-se


propor que elas montem um livro com as histórias produzidas por elas. Isso motiva
e dá incentivo maior na aprendizagem delas, porque elas conseguem visualizar
concretamente aquilo que construíram. É um estímulo para a produção de textos.

O importante é incentivar as crianças a escreverem espontaneamente, como


afirma Cagliari:
Elas precisam escrever o mais livremente possível. Podem-se programar as
atividades, por exemplo, pedir que recortem alguma fotografia de revista
e escrevam uma história a partir dela. O que não se deve fazer é pedir
que contem uma história de cinco linhas, usando só palavras conhecidas,
e respondam a perguntas do tipo: quem, quando, onde, como, por que
etc. Esse tipo de camisa-de-força é altamente inconveniente, pois quebra
a iniciativa da própria criança e limita sua reflexão pessoal. Tende a
padronizar a expressão individual literária, com prejuízo futuro para o
aprendizado da escrita e da leitura (CAGLIARI, 2003, p.129).

A escrita espontânea é essencial e não deve ser deixada de lado nessa fase
de desenvolvimento da aprendizagem da escrita da criança, que precisa ser algo
prazeroso, ou seja, a brincadeira precisa fazer parte do processo. Devem ser
utilizadas brincadeiras, atividades com música, jogos que possam utilizar letras e
palavras etc.

Assim, a aprendizagem torna-se algo bom, em que a criança irá ter cada vez
mais o desejo de aprender e descobrir o mundo da escrita.

O professor tem algo para acrescentar para seus alunos; ele é o parceiro no
processo de aprendizagem.

José Juvêncio Barbosa (1994) expõe que:


O papel do professor nos primeiros momentos da aprendizagem não
se resume a transmitir conhecimento; seu papel é o de criar situações
significativas que deem condições à criança de se apropriar de um
conhecimento ou de uma prática (BARBOSA, 1994, p.128)

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UNIDADE A escrita no processo de alfabetização

E como fazer para o professor realmente proporcionar situações de


aprendizagem significativas?

Um ponto fundamental para o trabalho do professor nesse processo é ter um


ambiente alfabetizador.

E o que é um ambiente alfabetizador?


É aquele em que há o Letramento ou cultura letrada, como alguns teóricos
preferem chamar, tenha livros, revistas, painéis, uma variedade de textos escritos
que circulam na Sociedade, ou seja, textos que os alunos possam ter experiências
com situações reais de uso da leitura e da escrita.
O contato com esses materiais faz com que a criança aprenda mais rápido, tanto
a ler quanto a escrever.
Fazer com que a sala de aula se torne um ambiente alfabetizador dependerá
muito do professor porque sem dúvida ele precisa de muita dedicação, criatividade
e inovação na construção desse ambiente.
Algo importante é que os materiais estejam sempre ao alcance das crianças.
O educador tem um papel fundamental de tornar suas aulas desafiadoras e
interessantes, que promovam pesquisas e descobertas:
Ao professor compete ajudá-la a conquistar esse comportamento. Essa
ajuda concretiza-se através de um ambiente rico e variado, que favoreça
o aparecimento ou o desenvolvimento daquela aprendizagem e através
de momentos precisos de organização do conhecimento adquirido
(BARBOSA, 1994, p. 129).

A aprendizagem acontece de maneira eficaz quanto mais a criança tiver acesso


a esses materiais e a situações de usos da leitura e da escrita e, dessa maneira, ela
será levada à construção de seu conhecimento.

Nesse sentido, Barbosa afirma:


É desse modo que a escola proporciona uma experiência rica de situações de
uso da escrita, favorecendo especialmente aquelas crianças que não tiveram a
oportunidade de viver estas experiências em seu meio social e familiar.

As crianças que provêm de ambientes povoados de livros e de leitores


encontram maiores facilidades de êxito na aprendizagem da leitura e da
escrita, justamente por causa dessas experiências prévias com o mundo
da escrita (BARBOSA, 1994, p.129).

Portanto, o aluno tem papel importante na construção de seu conhecimento,


porque é ele que irá transformar as informações dadas em conhecimento. Mas, não
deixa de ser fundamental a participação do professor no processo de aprendizagem
da leitura e da escrita; isso porque é o educador que irá planejar, organizar,
proporcionar e oferecer as diversas situações de usos da leitura e da escrita.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Ambiente Alfabetizador
Para ampliar seus conhecimentos, consulte, sobre o ambiente alfabetizador
http://goo.gl/RiCm2A

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UNIDADE A escrita no processo de alfabetização

Referências
BARBOSA, J. J. Alfabetização e Leitura. São Paulo: Cortez, 1994.

CAGLIARI, L. C. Alfabetização & Linguística. São Paulo: Scipione, 2003.

FERNANDES, Maria. Os segredos da Alfabetização. São Paulo: Cortez, 2008.

FERREIRO, F. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas


Sul, 1999.

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