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PRÓSTATA
Alany Custódio
➢ Introdução:
- É uma glândula exócrina que tem como função a produção do líquido seminal, que é
armazenado na vesícula seminal. Esse líquido, que tem um pH levemente alcalino, é
responsável por, juntamente com os espermatozóides, produzir o sêmen.
- Tamanho normal: 20-30g
➢ Principais patologias:
- Hiperplasia prostática benigna (HPB)
- Câncer prostático
- Prostatites
➢ Semiologia prostática:
- Dor
- Característica da urina
- Volume urinário
- Características do jato urinário:
*Sintomas obstrutivos (esvaziamento):
Sensação de esvaziamento incompleto
Hesitação
Jato urinário fraco
Esforço miccional
Gotejamento terminal
Incontinência paradoxal
Dupla micção
Polaciúria
Urgência
Nictúria
➢ Conceito:
- Proliferação do estroma prostático, evidenciando histologicamente, principalmente das
células musculares lisas e do epitélio glandular da região periuretral e da zona de
transição. Cursa com sintomas do TU inferior. Pode alterar o ritmo do sono e a atividade
diária do paciente.
- Nódulos periuretrais: estroma, deposição de colágeno, miofibroblastos e poucas
glândulas.
*HPB tipo estromal
*Mais comum em jovens
*Não volumoso ao toque
➢ Tipo histológico:
- Adenoma.
➢ Epidemiologia:
- Acomete homens mais velhos.
➢ Etiopatogenia:
- Incerta.
- Apresenta correlação com raça, nível socioeconômico, idade, obesidade, síndrome
metabólica, ingestão de álcool, fatores familiares e genéticos.
- No tocante à influência endócrina, a testosterona livre penetra na célula epitelial
prostática e, por ação da enzima 5-alfa-redutase, é transformada em diidrotestosterona
(DHT), forma biologicamente ativa. A DHT se liga a receptores androgênicos nucleares,
formando um complexo que atua sobre genes específicos e inicia um processo de síntese
proteica que modula a proliferação das células epiteliais da glândula. Além de atuar
diretamente no epitélio, a DHT estimula também as células do estroma, levando-as a
secretar fatores de crescimento, que, através de mecanismos parácrinos, estimulam
ainda mais a proliferação glandular.
➢ Patogenia:
- O processo de obstrução uretral pode ser decorrente de um efeito mecânico secundário
ao crescimento prostático exagerado e/ou um efeito funcional, relacionado à contração
das fibras musculares do estroma prostático. Estas fibras, ricas em receptores alfa-1-
adrenérgicos, tendem a se contrair por influência do sistema nervoso simpático,
aumentando o grau de obstrução uretral. Este último mecanismo explica os quadros de
prostatismo em pacientes com próstatas pouco volumosas, bem como a rápida variação
dos sintomas observada em alguns pacientes.
- Com o surgimento da obstrução uretral, o músculo detrusor se hipertrofia, na tentativa
de manter um fluxo urinário normal. Como consequência, há uma diminuição da
complacência e da capacidade vesical, o que ocasiona sintomas miccionais “irritativos”,
como urgência, polaciúria, incontinência de urgência e redução do volume miccional.
Nesta mesma fase surgem alterações neurogênicas, como ativação dos receptores de
tensão presentes na mucosa vesical, redução do número de terminações colinérgicas e
aumento de receptores alfa-adrenérgicos. Juntas, todas essas alterações condicionam o
surgimento de instabilidade vesical (hiperatividade espontânea do detrusor), agravando
ainda mais os sintomas da síndrome de prostatismo.
➢ Quadro clínico:
- Sintomas irritativos: polaciúria, urgência, nictúria e dor supra púbica.
- Sintomas obstrutivos: sensação de esvaziamento incompleto, hesitação, jato fraco e
esforço miccional.
➢ Toque retal:
- Deve avaliar 4 principais aspectos (TCSN):
*Tamanho
*Consistência: o aspecto normal é fibroelástico
*Sensibilidade: quando dolorosa, suspeitar de prostatite
*Nodulações
➢ Complicações:
- Globo vesical palpável: percebido no hipogástrio durante o exame físico, ocorre devido à
grande quantidade de urina na bexiga (retenção urinária aguda).
- ITU: obstrução e estase urinária predispõem infecções do TU
- Litíase vesical: estase urinária predispõe formação de cálculos de ácido úrico, oxalato
de cálcio, dentre outros.
- Hematúria
- Descompensação vesical: ocorre pela falência do detrusor. É o espessamento da parede
vesical com surgimento de divertículos. É uma resposta à obstrução linfática.
- Hidronefrose e uremia: são raros, pois o paciente costuma buscar o serviço de saúde
antes de tais complicações.
➢ Diagnóstico:
Laboratorial:
- PSA total e PSA livre:
*Ajuste para idade: acima de 10 é alterado!
2,5ng/ml entre 40 e 49 anos
3,5ng/ml entre 50 e 59 anos
4,5ng/ml entre 60 e 69 anos
Abaixo de 6,5ng/ml acima de 70 anos
*Velocidade de aumento do PSA: o ritmo anual de elevação do PSA maior que
0,75ng/ml afastadas as possibilidades infecciosas e traumáticas são sugestivos de
neoplasia.
USG:
- Avalia o trato urinário, permitindo a visualização da espessura da parede vesical,
resíduos miccionais e do volume prostático.
Urofluxometria:
- Avaliação urodinâmica que auxilia na investigação das queixas do jato urinário.
➢ Tratamento clínico:
Alfa-bloqueadores:
- Estes atuam na musculatura lisa presente no estroma causando um relaxamento
e diminuindo a pressão intra-uretral.
- Receptores a1-seletivos: são os mais indicados, visto que a incidência de efeitos
adversos cardiovasculares, como hipotensão postural, tende a ser menor. São eles:
Terazosin, Doxazocin e Alfuzosin.
- Receptores a1A: em cerca de 98% da próstata -> Tansulosina
- Todos possuem eficácia clínica semelhante, promovendo melhora no escore de
sintomas e aumentando o fluxo miccional, independentemente do tamanho da
próstata.
Inibidores da 5-a-redutase:
- Atuam pela diminuição do DHT no tecido prostático através da inibição da enzima
que converte a testosterona em DHT. São mais efetivos em próstatas com volume
>50g.
- Efeitos colaterais: redução da libido e ginecomastia; reduz o PSA em cerca de 30
a 50%.
- Medicamentos: Finasterida e Dutasterida.
Endoscópico - STENTS:
- Aumentam o diâmetro da porção prostática da uretra.
Endoscópico - Laser:
- Vaporiza a próstata
Aberto:
- As principais técnicas são a prostatectomia à Millin (retropúbica) e a Freyer (PTV-
suprapúbica).
- A escolha por cada uma das técnicas é influenciada pelo treinamento do
urologista, pela presença de comorbidades (cistolitíase, cistostomia prévia,
divertículos) e pela anatomia do paciente (pélvis mais estreita dificultam a Millin).
- Ambas retiram apenas o adenoma prostático.
CÂNCER PROSTÁTICO
Alany Custódio
➢ Introdução:
- O adenocarcinoma de próstata, no Brasil, é o tipo mais comum de câncer em homens,
depois dos tumores de pele não melanoma. Trata-se da segunda causa de morte
oncológica em homens, perdendo apenas para o câncer de pulmão.
➢ Histologia:
- Adenocarcinomas (95%): tecidos epiteliais glandulares.
- Células de transição, carcinomas neuroendócrinos ou sarcomas.
- Classificação de Gleason:
*Descreve 5 padrões histológicos que são usados para guiar o prognóstico
*Varia de grau 1-5
*Bem diferenciado – Gleason 2-4
*Intermediário – Gleason 5-6
*Pouco diferenciado – Gleason 7
*Indiferenciado (alto grau) – Gleason 8-10
- Existe ainda o conceito de Grupos de Grau, que refina a capacidade prognóstica do
Gleason. Tal conceito leva em consideração o fato de que tumores com comportamentos
biológicos distintos podem possuir a mesma pontuação no final do Gleason. Por exemplo:
num Gleason de 7, o tumor pode ser 4+3 ou 3+4, sendo que o primeiro é mais agressivo do
que o segundo, já que nele existe predomínio de um tecido mais indiferenciado.
➢ Epidemiologia:
- É o mais incidente nos homens.
- Mortalidade: 17/100 mil
- 2017: 15.391
- 2018: 68.220 casos/ano
➢ Etiopatogênese:
- Atualmente, o Ca de próstata é classificado em dois subgrupos: lesão histológica latente;
e doença clinicamente manifesta. Assim, conclui-se que existem dois grandes passos na
etiopatogênese da neoplasia: iniciação (que cria a doença latente) e progressão (que torna
a doença clinicamente manifesta). São fatores de risco para Ca de próstata todos os
eventos capazes de promover iniciação e/ou progressão do processo de transformação
neoplásica da célula prostática.
➢ Fatores de risco:
- Multifatorial
- Genético:
*Pai ou mãe tem história de CAP, o risco relativo duplica
*Pai + mãe com histórico de CAP, risco quadruplicado
*Gerações na família aumenta 5x da população geral
- Racial:
*Negros apresentam CAP em proporção 2:1 em relação aos brancos
- Dieta rica em gordura
- Idade: principal fator
➢ Quadro clínico:
Local:
- Assintomático e exame físico pode apresentar nódulo ao toque retal
- Rastreamento
- Protocolo de diagnóstico precoce: indicam toque e PSA a partir de 50 anos
Tumor avançado:
- Sintomas decorrentes das metástases, dor óssea e compressão vertebral.
➢ Diagnóstico:
- O quadro clínico é semelhante aos sintomas da HPB
Toque retal:
- Presença de áreas endurecidas (zona periférica), modularidade ou assimetria
lobar acentuada.
Exames complementares:
- PSA: ele é um marcador laboratorial de dano ao epitélio prostático, aumentando
não somente em situações de neoplasia. Para aumentar a confiabilidade da
dosagem, deve-se evitar a ejaculação nas 48h que antecedem o exame (pode
aumentar o valor em até 0,8 ng/ml).
Estadiamento:
- TC e RM
- Cintilografia óssea
➢ Tratamento:
- Levar em consideração: idade do paciente; expectativa de vida; Gleason; estadiamento
(T1, T2, T3 ou T4); valor do PSA; vontade do paciente.
Vigilância ativa:
- Parte do fato de cerca de 60 a 70% dos pacientes idosos que faleceram por outras
causas, apresentarem câncer de próstata em pequenas áreas.
Braquiterapia
Radioterapia externa: preferível para os pacientes de alto risco cirúrgico. Pode ser
feita por meio de duas modalidades distintas, de forma isolada ou combinada:
radioterapia com feixes externos; e braquiterapia (implante de sementes
radioativas no interstício prostático pela via transperineal).
Privação androgênica:
- Orquiectomia física (retirada dos testículos) ou química (inibidor de LH ou
estrógeno).
➢ Complicações:
- Disfunção erétil
- Osteopenia
- Incontinência urinária
- Queda da qualidade de vida
PROSTATITE
Alany Custódio
➢ Conceito:
- Engloba uma combinação de doenças infecciosas (prostatite bacteriana e crônica), uma
síndrome de dor pélvica crônica e inflamação assintomática.
- Os microorganimos implicados são similares, no tipo e na incidência da infecção, aos do
trato urinário, encontrando-se predominantemente a E. coli
- Outras bactérias: Proteus, Klebsiella, Enterobacter, Pseudomonas e Serratia.
- Acredita-se que seja secundária ao refluxo da urina infectada da uretra para os ductos
prostáticos. Os cálculos prostáticos podem atuar como nicho para os micro-organismos
infectados, podendo também contribuir para a resistência aos antibióticos.
➢ Classificação:
- Categoria I: prostatite bacteriana aguda
- Categoria II: prostatite bacteriana crônica
- Categoria III: síndrome da dor pélvica crônica
*IIIa: síndrome dolorosa pélvica inflamatória
*IIIb: síndrome dolorosa pélvica não inflamatória
- Categoria IV: prostatite inflamatória assintomática
Exame físico:
- Paciente com estado geral ruim
- Toque retal: próstata quente, edematosa e extremamente dolorosa a palpação
Laboratório:
- Hemograma com leucocitose com desvio para a esquerda. O exame de urina
apresenta-se anormal, com piúria, e as culturas de urina são habitualmente
positivas. As culturas de sangue periférico também podem ser positivas.
USG:
- Descartar abscesso prostático
Tratamento:
- A escolha do antibiótico deve ser orientada pelos resultados das culturas de urina
e do antibiograma. Os antibióticos empíricos apropriados consistem em uma
fluorquinolonas (ex.: ciprofloxacino 500 mg 12/12h ou levofloxacino 500 mg 24/24h),
ou SMX/TMP (comprimido de dupla concentração 12/12h).
- São necessárias 4-6 semanas de antibioticoterapia para evitar prostatite
bacteriana crônica.
- Os pacientes muito enfermos para receber tratamento oral ou que têm sepse à
apresentação devem ser hospitalizados para tratamento parenteral inicial
(quinolonas por via intravenosa com ou sem aminoglicosídeo).
➢ Prostatite crônica:
Conceito:
- Infecção recorrente com sintomas superior a 3 meses
Sintomas:
- Suspeitar quando tiver sintomas de ITU recorrente
Toque retal:
- Próstata amolecida, dolorida e cultura pós toque
Teste de Stamley:
- Coletar realizando os procedimentos abaixo e realizar pesquisas de bactérias e
se necessário fazer cultura:
*Primeira urina da uretra
*Urina jato médio
*Secreção pós-massagem
*Urina pós massgem
Tratamento:
- Consiste de antibioticoterapia oral pelas culturas ou empírico
- Sulfametoxazol+Trimetropim ou Fluorquinolona por até 90 dias
- O doente deve ser reavaliado na quarta semana terapêutica
- SDPC:
*Apesar de não haver documentada a presença de infecção bacteriana, a prática
clínica demonstra haver melhora dos sintomas com a instituição de antibioticoterapia
(fluorquinolona ou SMX+TMP) por um período de 30 dias, associada a a-bloqueador e
AINES
*Banho de assento morno também pode ser empregado
*Por fim, nos casos em que possa haver distúrbios de ordem psíquica associados ,
a psicoterapia e o uso de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos podem ser
empregados.
➢ Prostatite IV:
- Indivíduos assintomáticos.
- Presença de leucócitos na secreção prostática ou anatomopatológico sugestivo de
prostatite obtido em biópsias.
- Sem necessidade de tratamento.
- Caso o PSA seja positivo, excluir neoplasia.
LITÍASE URINÁRIA
Alany Custódio
➢ Conceito:
- É conhecido popularmente como pedra no trato urinário, o cálculo urinário atinge
principalmente adultos dos 30-40 anos.
- É uma afecção tratada tanto pela urologia quanto pela nefrologia.
- O cálculo renal é uma massa sólida formada por pequenos cristais de minerais, que
podem ser encontrados nos rins ou em outros órgãos do trato urinário.
- Nessa patologia há uma descompensação entre o soluto e o solvente, com agregação do
soluto.
➢ Epidemiologia:
- É uma afecção frequente na prática clínica.
- Urolitíase é um problema mundial que acomete diferentes grupos geográficos, culturais
e raciais.
- Os sintomas estão presentes em 12% dos homens e 5% das mulheres.
- No Brasil acredita-se que existe mais de 7 milhões de litiásicos.
- Sua presença é estimada em 3% da população geral, tendo sido verificado aumento de
sua prevalência nos últimos 30 a 50 anos.
- É uma doença altamente recorrente, com taxas chegando a 50% em 5-10 anos e 75% em
20 anos.
➢ Etiologia:
- Fatores genéticos.
- Raça: mais comum em brancos e raro em negros e índios.
- Dieta: alto teor protéico e de sal, baixa ingestão de água, baixa ingestão de cálcio e
potássio.
- Medicamentos insolúveis como indinavir, aciclovir e triantereno.
- Sexo: 3:1 em homens.
- Obesidade: maior probabilidade de desenvolver essa patologia.
- Cirurgia: pacientes submetidos a bariátrica (aumento da absorção de oxalato).
➢ Quadro clínico:
- Assintomático
- Cólica renal:
*Lombar unilateral ou bilateral
*Normalmente de início súbito
*A duração varia de acordo com o tempo que o paciente leva a procurar o serviço
de saúde
*Pode estar associada a vômitos, hematúria, disúria
*Alta intensidade
*Oscilação da dor
*Pode irradiar para os testículos ou grandes lábios
*Sem fator de melhora posicional, normalmente melhora com analgésicos
narcóticos
*Piora com hiper-hidratação (por ser obstrutivo)
- Dor: local, duração, tipo, intensidade, irradiação, associação, fatores desencadeantes,
fatores de piora, fatores de melhora e evolução.
- Exame físico: Giordano positivo
➢ Exames complementares:
- Laboratorial:
*Sumário de urina: evidencia hematúria e cristais.
*Cultura de urina e antibiograma para avaliar associação com bacteriúria.
*Avaliar a função renal: uréia e creatinina.
*Hemograma: avaliar leucocitose.
*Dosagem de cálcio sérico, ácido úrico e PTH
*Estudo bioquímico do cálculo
*Avaliação metabólica: quando não se tem o cálculo, pode-se fazer o estudo
metabólico da urina para tentar se descobrir a origem do cálculo.
- Protocolos:
*Avaliação básica: hemograma, glicose, creatinina, sumário de urina, cultura de
urina
*Avaliação metabólica: avaliação do PTH; urina de 24 horas (creatinina, cálcio, ácido
úrico, oxalato, citrato e cistina); pH urinário; dosagem de cálcio sérico; fósforo sérico;
ácido úrico sérico.
Fosfato de cálcio:
- pH alcalino
- Hipercalciúria
Carbonato de cálcio:
- Hipercalciúria
Ácido úrico:
- Hiperuricosúria
Cistina:
- Cistinúria
- Decorrente do metabolismo da urina
Estruvita:
- É decorrente do metabolismo da uréia
- Urina alcalina por bactéria produtora de uréia
Urografia excretora:
- Pouco usado atualmente.
- Rx com contraste iodado.
Tomografia computadorizada sem ou com contraste:
- Vantagem: boa imagem. Oferece a densidade do cálculo.
*Housifield (densidade): oferta dados sobre a escolha do tratamento (as
probabilidades de se quebrar o cálculo com litotripsia, por exemplo)
- Desvantagem: uso de radiação. Ainda é mais caro que os outros métodos.
➢ Abordagem terapêutica:
- Quadro clínico: cólica renal ou recorrência
- Morbidades associadas: ITU ou fatores obstrutivos
- Idade:
*Infância: em crianças devemos fazer investigação metabólica, pois normalmente
está correlacionado com algum distúrbio metabólico
*Idosos
*Gestação
- Relacionados ao cálculo:
*Tamanho: coraliformes
*Densidade: unidade de Hounsfield
*Localização: quanto mais alto, pior o caso
➢ Prevenção:
- Ingesta de líquidos, água e sucos cítricos
- Dieta:
*Redução de proteínas
*Redução de sódio
*Dieta com ingestão normal de cálcio
*Frutas e verduras são importantes
*Controlar a obesidade
➢ Tratamento:
Clínico:
- É escolha quando não tem fatores de risco, como obstrução.
- Decidir sobre necessidade de avaliação metabólica.
- Medidas dietéticas.
- Tratar quadro infeccioso.
- Usar AINE e antiespasmódicos.
- Oral: terapia expulsiva -> alfa-bloqueadores = usados principalmente quando o
cálculo está em deslocamento para a uretra, pois esse medicamento irá relaxar a
próstata e uretra distal, aumentando consequentemente o diâmetro da uretra,
favorecendo a passagem do cálculo.
Clínico específico:
✓ Hipercalciúria:
- Diuréticos tiazídicos
✓ Hipocitratúria:
- Citrato: se une ao cálcio, formando um componente não litogênico. O citrato
de cálcio é expelido na urina sem formação de litíase.
✓ Litíase úrica:
- Alcalinização da urina e citrato de potássio.
✓ Hiperoxalúria:
- Uso de citrato e diminuição da absorção do oxalato intestinal (drogas a
base de lactobacilos).
- Paciente que realizaram cirurgia bariátrica aumentam a absorção de
oxalato a nível intestinal, pois este mineral tem passagem rápida pelo
estômago.
✓ Cistinúria:
- Agentes quelantes (D-penicilamina).
✓ Estruvita:
- Uso de antibióticos, ácido aceto-hidroxâmico e aumento do pH urinário.
✓ Litíase renal:
A) LECO (Litotripsia extracorpórea):
- Ondas piezoelétricas fazem os cálculos vibrarem e quebrar.
- Não é realizado pelo médico.
- Usados em cálculos até 2cm.
- Procedimento menos agressivo.
- Quanto mais duro o cálculo, menor a probabilidade de quebrar.
- Cálculos até 1000 de densidade podem ser quebrados por LECO.
B) Ureterorrenolitotripsia flexível:
- Sobe pela uretra -> bexiga -> rim -> quebra os cálculos.
- Utiliza o laser para retirar os fragmentos.
- As vezes é necessário utilizar mais de uma vez o procedimento.
C) Nefrolitotripsia percutânea:
- Realiza um corte na região lombar.
✓ Litíase ureteral:
A) LECO:
- É menos indicada.
- Melhor para cálculos que estão chegando à bexiga.
B) Ureterorrenolitotripsia flexível:
- Na prática utiliza a não flexível (semirrígida -> mais barata).
C) Ureterolitotomia aberta:
- Implante duplo jota: é um cateter usado após cirúrgias para permitir a
passagem de urina dos rins à bexiga sem passar pela mucosa ureteral,
aliviando a dor.
✓ Litíase vesical:
A) LECO
B) Cistolitotomia endoscópica:
- Sem realizar corte.
C) Cistolitotomia aberta
DOENÇAS UROLÓGICAS NA PEDIATRIA
Alany Custódio
➢ Anatomia:
➢ REFLUXO VESICOURETERAL:
Conceito:
- É uma anormalidade na comunicação do ureter com a bexiga.
- Pode ser congênito (mais comum) ou secundário.
Incidência:
- Geralmente é raro em crianças sem queixas (0,3-1%).
- Quadros de infecção urinária (30%).
Diagnóstico:
- Clínico:
*Crianças que possuem quadros de infecção urinária.
*Assintomáticas: mas possuem histórico familiar.
*Sintomáticas: apresentam infecção urinária detectada pelo sumário ou
cultura de urina.
*Crianças que no exame pré-natal apresentaram dilatação do ureter e após o
nascimento ocorre a confirmação do refluxo.
- Imagem:
*USG: método inicial de avaliação do trato urinário.
*Uretrocistografia miccional: injeta contraste iodado na bexiga e garante o
diagnóstico do refluxo e também os seus graus.
Indicações: suspeita clínica de crianças de 2 meses-2 anos de idade; >2
anos é indicado na presença de infecções de repetição, nas meninas e nos
meninos o critério de idade não existe.
Tratamento clínico:
- Nesta modalidade terapêutica, quimioprofilaxia antimicrobiana prolongada tem o
objetivo de alcançar concentrações urinárias adequadas para conseguir urina
estéril.
- As medicações mais utilizadas são sulfametoxazol-trimetoprim 10/2 mg/kg
24/24h ou nitrofurantoína 1-2 mg/kg 24/24h ou cefalexina 25 mg/kg 24/24h.
Tratamento cirúrgico:
- A indicação é individualizada e inclui:
*Paciente em uso de ATB, mas ainda apresenta ITU de repetição.
*Não aderência ao tratamento clínico.
*Altos graus (IV e V) principalmente com alterações renais.
*Piora da função renal ou aparecimento de novas cicatrizes.
*Associação com outras anormalidades, como divertículo paraureteral ou
duplicidade pielo-ureteral completa.
➢ OBSTRUÇÃO DA JUNÇÃO URETEROPÉLVICA (JUP):
Conceito:
- Restrição ao fluxo urinário da pelve em direção ao ureter.
- Caso não exista o tratamento pode ocorrer a deterioração progressiva da função
renal.
Epidemiologia:
- Mais comum em meninos (2:1) e a esquerda.
- Incidência 1:1.500 nascidos.
- 40% dos casos são bilaterais.
- É uma das causas mais comuns de hidronefrose antenatal.
Patogênese:
- Várias teorias.
- Distúrbio da peristalse da região da união do ureter e a pelve renal.
- Pregas mucosas que poderiam causar processo obstrutivo.
- Pólipos ureterais.
- Obstruções extrínsecas.
Sintomas clínicos:
- São vagos e pouco característicos.
- Dor semelhante a cólica renal e piora com a ingesta hídrica abusiva.
- Náuseas e vômitos.
Diagnóstico:
- Principal é no pré-natal (USG mostra hidronefrose).
- O melhor momento para visualizar a hidronefrose é na 28º semana de gestação.
- Exames complementares:
*USG pré-natal
*USG geral: dilatação dos cálices renais (hidronefrose)
*TC e RNM
*Cintilografia renal (DTPA)
*Uretrocistografia miccional
Tratamento cirúrgico:
- Pieloplastia: comumente empregada na correção cirúrgica da obstrução da JUP.
Ressecção de parte da pelve e ureter e realiza uma anastomose. É a técnica mais
utilizada.
Implante de cateter duplo jota.
➢ EPISPÁDIA:
Conceito:
- Juntamente com a extrofia vesical são malformações do grupo anomalias
estróficas da bexiga. São patologias raras.
- É uma anormalidade da uretra, em que possui uma abertura na porção superior
do pênis.
Incidência:
- Extrofia: 1/50.000 nascidos.
- Epispádia: 1:117.600 em meninos e 1:481.000 em nascimento femininos.
➢ HIPOSPÁDIA:
Conceito:
- Desenvolvimento incompleto da uretra anterior, do corpo cavernoso e do
prepúcio.
- Pode resultar em infertilidade secundária por dificuldade de ejaculação.
- Existem vários graus.
Incidência:
- 1/250 nascidos vivos.
- Acomete 14% dos irmãos do sexo masculino.
Etiologia:
- Desconhecida.
- Meato ureteral hipospádico não causa efeito significativo.
- Não tem associação com aumento no risco de infecção urinária.
Tratamento:
- O único tratamento é a correção cirúrgica do defeito anatômico.
- O fato de existirem mais de 300 operações diferentes na literatura, atesta que não
existe técnica única para todas as formas.
- Momento para cirúrgica de hipospádias é em torno de 6 meses de idade em
neonato saudável.
- Em casos graves requerem estágios.
- Cirurgia precoce evita a ansiedade da separação dos pais e o medo da cirurgia
genital antes o reconhecimento.
➢ DISTOPIAS TESTICULARES – CRIPTORQUIDIA:
Conceito:
- São anormalidades do posicionamento congênito do testículo fora da bolsa
escrotal.
Incidência:
- 3% dos nascidos vivos.
- 70% existem migração completa até 1 ano.
Diagnóstico:
- 80% dos testículos criptorquídicos são palpáveis na base da bolsa escrotal, sendo
o diagnóstico feito pelo exame físico.
- Os 20% não palpáveis, dividem-se entre os abdominais e os ausentes (anorquia).
- Exames de imagem:
*USG: consegue da o diagnostico principalmente se o testículo estiver no
trajeto do canal inguinal até a bolsa escrotal.
*TC: utilizada para os testículos que estão intra-abdominal.
*RM
Tratamento:
- Antes dos 2 anos de idade é conservador.
- O tratamento não-invasivo é representado pela hormonioterapia com
gonadotrofina coriônica humana (HCG) aumentando a concentração sérica de
testosterona, induzindo a descida do testículo para a bolsa escrotal.
- Cirúrgico: está indicado nos casos de falha da hormonioterapia e quando já existe
indicação primária de cirurgia como nos casos de outras doenças de correção
cirúrgica associadas, como as hérnias.
- Vantagens da correção cirúrgica:
*Prevenção da infertilidade
*Prevenção da degeneração maligna
*Tratamento de anomalias associadas como herniações
*Prevenção de distúrbios psicológicos
*Prevenção de torção
➢ FIMOSE:
Conceito:
- Incapacidade total ou parcial de exposição da glande peniana.
- Dificuldade da exposição da glande após ser recoberta pelo prepúcio.
Incidência:
- 50% dos recém-nascidos retraem o prepúcio até o final do primeiro ano de vida.
- 90% até os 3 anos de idade.
- 8% nos 6 a 7 anos de idade.
- 1% entre 16 a 18 anos de idade.
Classificação:
- Primária: crianças que nascem com fimose e desenvolvem os sintomas da
patologia.
Diagnóstico diferencial:
- Aderência balanoprepucial.
- Balamopostite: inflamação do prepúcio e da cabeça do pênis.
- Prepúcio redundante: excesso de pele que cobre a glande.
Tratamento clínico:
- Esteróides tópicos mostram eficiência de aproximadamente 60%.
Tratamento cirúrgico:
- Postectomia: retirada do excesso de pele.
- Momento ideal após os 3 anos de vida.
- Em crianças com balanopostites recorrentes ou ITU de repetição podem antecipar
a cirurgia.
- Indicações não médicas para cirurgia são de ordem religiosa e social.
- Uma modalidade de tratamento cirúrgico: convencional ou Plastibel.
Complicação:
- Parafimose: é a urgência da fimose. A mãe ou a própria criança retrai o prepúcio
com o objetivo de expor a glande e o anel fecha não consegue voltar. Causa edema
e sintomas de dor.
➢ HIDROCELE:
Conceito:
- Aumento do líquido entre as túnicas vaginais e testiculares com ou sem
comunicação com a cavidade abdominal.
- A hérnia inguinal decorre da persistência do processo peritônio vaginal com
herniação das estruturas abdominais pelo canal inguinal.
Incidência:
- Em crianças nascidas a termo: hérnia 1-3% e hidrocele 6% dos casos.
Tratamento:
- Hidrocele: tratamento conservador no neonato. Cirurgia após 2 anos, se
necessário.
- Hérnia inguinal: tratamento cirúrgico com abordagem contralateral na criança
menor de 1 ano de idade; pode ter índice de bilateralidade de 60%. Risco de
complicações.
➢ VARICOCELE:
Conceito:
- É a dilatação das veias do plexo pampiniforme do cordão espermático.
- É causa de infertilidade masculina, por influenciar negativamente a
espermatogênese como teorias:
*Refluxo de metabólitos adrenais
*Aumento da temperatura da bolsa escrotal
*Hipóxia testicular
- Entre crianças e adolescentes pode acarretar em atrofia testicular do lado
atingido.
Incidência:
- Cerca de 15% da população adulta masculina tem algum grau de varicocele.
- É mais comum à esquerda (cerca de 70%) devido a drenagem da veia espermática
esquerda para a veia renal ipsilateral.
Diagnóstico:
- Exame físico.
- Podendo ser complementado por exame de imagem (USG com Doppler da bolsa
escrotal).
- Na suspeita de infertilidade do casal, a incidência de varicocele é de 35-40% e o
espermograma deve ser solicitado.
*Os achados mais comuns são o baixo número de espermatozóides
(oligospermia), motilidade reduzida (astenospermia) e formas anormais.
Classificação:
- Grau I: vasos palpáveis à manobra de Valsalva.
- Grau II: vasos palpáveis e visíveis à manobra de Valsalva.
- Grau III: vasos visíveis na posição supina, sem a necessidade de manobra de
Valsalva.
Tratamento:
- Correção cirúrgica: ligadura das veias do plexo pampiniforme para os pacientes
com infertilidade.
- A dor escrotal e o fator estético são indicações discutíveis para os pacientes que
não possuem infertilidade.
- Em crianças e adolescentes, a indicação cirúrgica é de maneira geral, feita na
presença de atrofia testicular causando assimetria significativa (>20%).
- A técnica cirúrgica padrão ouro é subinguinal por microcirurgia, feita com uso de
microscópio, o que diminui a ligadura inadvertida da drenagem linfática e do
suprimento arterial.
➢ ESCROTO AGUDO:
Conceito:
- Necessita de uma avaliação emergencial para definir o diagnóstico etiológico para
o tratamento clínico ou cirúrgico.
- Escroto agudo diz respeito a uma síndrome clínica caracterizada por quadro de
dor escrotal aguda. O aumento súbito do volume escrotal e os sinais inflamatórios
se associam, dependendo do tempo de evolução do episódio.
- O paciente também pode apresentar náuseas e vômitos reflexos, alterações
miccionais e febre.
- Patologias:
*Orquite/Orquiepididimite: processo inflamatório/infeccioso do testículo.
*Torção de testículo: o testículo gira em seu eixo principal.
*Hérnia inguinoescrotal estrangulada
História clínica:
- É importante para diferenciar o processo inflamatório que causa o escroto agudo.
- Sinal de Angel: posição horizontalizada do testículo contralateral, sugestivo de
torção.
- Sinal de Rabinowitz: ausência do reflexo cremastérico sugestivo de torção.
- Sinal de Prehn: melhora da dor com elevação testicular sugestivo de
orquiepididimite.
- Sinal de Jones: posição do testículo por contração cremastérica ou encurtamento
do cordão;
Orquiepididimite:
- Geralmente se instala de modo mais lento em relação à torção do funículo, e se
apresenta com disúria, piúria, febre, antecedente de atividade sexual,
instrumentação uretral, cirurgia, disfunção miccional ou secreção uretral. A dor
pode melhorar com a elevação testicular.
- Incomum antes da puberdade.
- Infecção bacteriana alcança o epidídimo de forma retrógrada, através dos ductos
ejaculatórios, e pode estar associada à ITU ou uretrite. Gonococo e clamídia são
classicamente descritos em sexualmente ativos, mas patógenos urinários,
incluindo coliformes e espécies de micoplasma, são mais prováveis em crianças
menores.
- Etiologia: infecção urinária retrógada (bacteriana); traumática; viral (caxumba).
- Quadro clínico: dor súbita e edema uni ou bilateral, com ou sem eritema.
- Tratamento:
* Antibióticos não são indicados e a dor é geralmente autolimitada.
*Cirurgia para distorção (viável) ou orquiectomia associada orquidopexia
bilateral.
*Tratamento menos 12 horas ideal para garantir viabilidade testicular.
➢ Introdução:
- O carcinoma de células renais é uma neoplasia maligna originária do epitélio tubular
renal. Ele responde por 80-85% das malignidades renais, enquanto o restante fica por
conta do carcinoma de células transicionais da pelve renal, sarcoma, linfoma e tumor de
Wilms.
➢ Lesões císticas:
- Alta prevalência na população.
- Cistos renais: a grande maioria é benigna.
- Assintomáticos.
- 50% dos pacientes >50 anos apresentam cistos renais benignos.
- São facilmente identificados pelos exames radiológicos, sendo a USG a mais utilizada.
- Alguns cistos possuem comportamento maligno e devem ter uma atenção especial.
➢ Patologia:
- Carcinoma de células claras (60%) – prognóstico ruim;
- Carcinoma papilífero (5-15%) – prognóstico intermediário;
- Carcinoma cromofóbico (5-10%) – melhor prognóstico;
- Carcinoma do ducto coletor (< 1%) – muito raro e bastante agressivo.
➢ Massas malignas:
- Carcinoma de células renais: 90%
➢ Massas benignas:
- Oncocitoma: 3-7%
- Angiomiolipoma: 3%
- Adenomas: raros.
OBS: Pacientes que apresentam doenças hereditárias envolvidas com a neoplasia renal são mais
agressivos, doença bilateral e multifocal.
➢ Manifestações clínicas:
- A maioria dos pacientes é assintomática ao diagnóstico. Por outro lado, a tríade clássica
(Hematúria + Massa palpável + Dor no flanco) é encontrada em apenas 10% dos casos.
➢ Estadiamento clínico:
- O estadiamento clínico do tumor renal começa com história clínica completa, exame
físico e uso judicioso dos testes laboratoriais. USG é o método de imagem mais
empregado para rastreamento de patologias renais, detectando lesões parenquimatosas
focais e as classificando em 3 categorias: definitivamente cisto simples, definitivamente
nódulo sólido ou natureza indeterminada.
➢ Diagnóstico clínico-laboratorial:
- Apresentação clínica variável; instala-se tardiamente.
- Os sinais e sintomas mais comuns são:
*Hematúria: 40% dos casos
*Dor lombar ou no flanco: 35%
*Massa palpável (205): principalmente em hipocôndrio direito ou esquerdo
*Associados a emagrecimento, gebre, hipertensão, varicocele direita e etc.
*Síndromes paraneoplásicas
*As alterações sistêmicas ocorrem em 20% dos casos
➢ Diagnóstico por imagem:
- USG: exame diagnóstico inicial.
- Diferenciar lesão cística de massa renal.
- TC sem e com contraste.
- RM: perda de função renal/ distinção entre carcinoma renal e oncocitoma.
- Estadiamento: TC de tórax, cintilografia óssea e TC de crânio.
➢ Tratamento:
- Nefrectomia radical: cirurgia ainda é o único tratamento curativo para câncer renal
localizado e tem por objetivo remover completamente a neoplasia com adequada margem
cirúrgica. Para tanto, pode ser realizada nefrectomia radical ou parcial preservadora de
néfrons. A radical é mais indicada para tratamento de pacientes com rim contralateral
normal, na impossibilidade de realização de nefrectomia parcial com margem livre.
- Nefrectomia parcial: atualmente é o tratamento padrão nos casos de lesões pequenas
(<4cm) e periféricas, nas quais a chance de multifocalidade é reduzida, e nos cistos
complexos (Bosniak III e IV), devendo ser indicada mesmo quando o rim contralateral for
normal, sempre que se obtiver uma margem cirúrgica mínima de segurança.
- Técnicas ablativas e tratamentos minimamente invasivos: técnicas de ablação dos
tumores renais visam a destruição do mesmo tecido renal que seria excisado durante
nefrectomia parcial convencional ou laparoscópica. Crioablação e ablação por
radiofrequência são as principais alternativas minimamente invasivas.
- Tratamento neoadjuvante e adjuvante: tratamento adjuvante (quimioterapia,
imunoterapia, terapia com medicamentos de alvo molecular ou radioterapia) após
nefrectomia ainda não tem papel estabelecido para pacientes submetidos a ressecção
completa do tumor. Há vários estudos clínicos em andamento para avaliar o papel da
terapia de células-alvo no sítio adjuvante.
NEOPLASIA DE BEXIGA
Alany Custódio
➢ Introdução:
- O trato urinário é revestido por um epitélio de células transicionais chamado urotélio. O
urotélio vai desde a pelve renal até o ureter, bexiga e dois terços proximais da uretra e
está sujeito à transformação maligna em toda sua extensão.- Sujeito a transformação
maligna em toda sua extensão.
- A bexiga é o órgão mais comumente acometido pelo câncer de urotélio (90%).
- É a segunda neoplasia mais comum do aparelho geniturinário.
➢ Epidemiologia:
- 4º neoplasia mais frequente em homens, após câncer de próstata, pulmão e colorretal, e
a 9º em mulheres.
- A incidência aumenta diretamente com a idade e embora possa ocorrer em qualquer
faixa etária.
- 3x mais comum em homens do que em mulheres, porém as mulheres tem uma chance
de 30% maior de óbito quando comparado aos homens.
➢ Fatores de risco:
- Tabagismo: principal fator de risco ambiental (4x).
- A exposição ocupacional deve ser avaliada, devido ao contato com aminas aromáticas
utilizadas na indústria.
- Outros fatores de risco são o abuso de analgésicos, contaminação da água por arsênio e
pesticidas, infecção pelo Schistosoma haematobium, ITU crônica, litíase vesical, agentes
antineoplásicos como a ciclofosfamida ou radiação pélvica.
➢ Histopatologia:
- Carcinoma de células transicionais: 92%.
- Carcinoma epidermóide: 6-8%.
- Adenocarcinoma: 2%. Associado à irritação crônica, como em extrofia vesical, podendo
também se originar no úraco.
➢ Manifestações clínicas:
- O sintoma mais comum é a hematúria indolor, ocorrendo em cerca de 85-90% dos casos.
Pode ser macro ou microscópica e geralmente é intermitente.
- Sintomas irritativos miccionais, como polaciúria, disúria, nictúria e urgência, constituem
a 2º apresentação mais frequente (20%).
- Ocasionalmente, podem ocorrer: desconforto suprapúbico, perineal e lombalgia.
- O exame físico é inconclusivo e raramente uma massa abdominal pode ser palpada.
➢ Diagnóstico:
- O início do processo de diagnóstico é realizado através de uma anamnese criteriosa com
avaliação dos hábitos e estilo de vida, exame físico detalhado, assim como exames de
urina e imagem. Vale ressaltar que hematúria em indivíduo tabagista com mais de 40 anos
constitui indicação de investigação urológica para neoplasia de bexiga.
- Se houver suspeita clínica, mesmo com exames negativos, deve-se fazer a pesquisa de
células tumorais na urina e a cistoscopia. Se ambas forem normais, o paciente será
mantido em vigilância.
- USG: mais preconizado. Apresenta alta sensibilidade na detecção de tumores vesicais
com mais de 0,5 cm.
- Cistoscopia: é a conduta padrão no diagnóstico e acompanhamento do tumor.
- Ao se identificar lesão compatível, é realizada biópsia e o histopatológico confirma a
presença de malignidade em cerca de 90% dos casos. A biópsia profunda da lesão
fornecerá informações sobre a extensão da doença, importante para se planejar a
estratégia de tratamento do paciente.
- TC e Rx de tórax: estadiamento -> gânglios e pulmão.
➢ Fatores prognósticos:
- Os principais fatores relacionados são:
*Grau histológico;
*Estadiamento;
*Carcinoma in situ;
*Multifocalidade (mais de 3 lesões);
*Tamanho da lesão (>3 cm);
*Aspecto endoscópico da lesão tumoral (séssil ou sólido);
*Tempo de recidiva após tratamento (<1 ano – pior prognóstico).
- Outros fatores menos importantes: invasão linfovascular, idade, sexo, ploidia tumoral,
marcadores tumorais, perfuração vesical durante ressecção endoscópica transuretral e
invasão prostática.
- Quanto mais o tumor cresce em direção ao interior (ureter -> parede muscular;
invadindo o detrusor da bexiga) mais invasivo e mais agressivo.
➢ Tratamento:
Superficiais:
- Quando restrito à mucosa e à lâmina própria.
- Ressecção endoscópica transuretral (RTU): é a forma mais eficiente para tratar
os tumores superficiais. Esse procedimento permite uma estimativa razoavelmente
precisa do estágio e grau do tumor e da necessidade de tratamento adicional.
- Terapia intravesical adjuvante pela imunoterapia com BCG intravesil: deve ser
realizada naqueles pacientes com moderado ou alto risco de recidiva ou
progressão tumoral.
- Os fatores de risco para progressão e/ou recidiva tumoral após o tratamento
inicial com RTU de bexiga são: lesões múltiplas, recidivas prévias (> 2), diâmetro > 3
cm, GIII e GIV, carcinoma in situ, invasão da lâmina própria (T1) e alteração do gene
p53.
Invasivos:
- Comprometimento do músculo detrusor.
- Cistectomia radical com linfadenectomia pélvica ampliada: é o tratamento de
escolha para o câncer de bexiga com invasão da camada muscular, apresentando
cura em torno de 40-80% dos casos.
- Cistectomia parcial: pode ser indicada em tumor único, não recidivado, na
ausência de carcinoma in situ e em local passível de ressecção.
- Radioterapia externa: representa outra opção de tratamento dos tumores
infiltrativos, porém com índice de cura em torno de 20-30%, devendo ser reservada
para pacientes sem condições clínicas de cirurgia.
Metastáticos:
- Crescimento tumoral à distância.
- Quimioterapia citotóxica sistêmica: é o tratamento de escolha para o câncer de
bexiga metastático.
- Medidas paliativas locais ou sistêmicas devem ser tomadas para melhorar a
qualidade de vida do paciente.
NEOPLASIA DE PÊNIS
Alany Custódio
➢ Introdução:
- O carcinoma peniano é uma doença maligna rara com incidência que varia de 0,1-7,9 por
100mil homens.
- Mais presente em populações pobres (higiene não adequada).
- Índice vem diminuindo significativamente, porém ainda é maior nos países
subdesenvolvidos.
➢ Histologia:
- Carcinoma epidermóide ou carcinoma de células escamosas: 95% dos casos de câncer
de pênis.
- Tumores mesenquimais são raros e ocorrem em menos de 3% dos casos.
➢ Epidemiologia:
- Acomete homens de idade entre 20-90 anos.
- Pico de incidência em torno da 6º e 7º décadas de vida.
➢ Causas:
- Processo inflamatório crônico.
- Higiene inadequada.
- Papilomavírus (HPV): estão associados com cerca de 50% dos casos.
- Algumas lesões benignas também podem estar relacionadas com o desenvolvimento
desta patologia, sendo chamadas de lesões pré-malignas: eritroplasia de Queirat, doença
de Bowen, leucoplasia e condiloma gigante ou doença de Buschke-Lowenstein.
➢ História natural:
- Desenvolve-se sob a forma de lesão exofítica, superficial ou ulcerada, que pode se
tornar invasiva. Ocorre mais comumente na glande (50 %) e no prepúcio, mas pode
acometer a haste peniana e o escroto. Invasão uretral não é comum, sendo encontrada
apenas em casos avançados.
- Disseminação acontece predominantemente por via linfática para linfonodos inguinais,
pélvicos e periaórticos. Comprometimento visceral é raro, bem como metástases por via
hematogênica. A progressão da doença é lenta, e pacientes não tratados em geral
morrem de complicações, como infecção inguinal, necrose e erosão dos vasos femorais.
➢ Diagnóstico:
- Clínico e confirmado com biópsia (biópsia com anatomopatológico).
- Paciente apresenta lesão peniana com mau aspecto e odor, resistente a tratamento
local, evolutiva e muitas vezes exsudativa, ocasionando dificuldades no convívio social e
interferindo na qualidade de vida.
- Dor e sintomas sistêmicos são incomuns na apresentação inicial. Envolvimento dos
linfonodos inguinais é visto em 10-30%. Geralmente são lesões de crescimento lento e
sem período de melhora.
- Os sinais clínicos compreendem: área de induração, eritema, crescimento de verruga,
nódulos ou elevação superficial do pênis. Se houver ulceração pode haver sangramento.
Se estiver infeccionado, pode ocorrer drenagem purulenta.
- Adenopatia inguinal pode ocorrer em até 50% dos casos.
- As lesões pré-malignas que tem relação com essa neoplasia:
*Balanite xerotrófica obliterante (líquen escleroso).
*Papulose Bowenóide.
*Eritroplasia de Queyrat.
*Leucoplasia.
*Doença de Bowen são histologicamente o carcinoma in situ do pênis.
➢ Estadiamento:
- Na fase inicial, raramente identificam-se metástases linfonodais. RM tem mais
sensibilidade para isso, embora USG e TC, por suas maiores disponibilidades, sejam os
exames mais empregados na prática clínica.
➢ Tratamento:
- Depende do tamanho da lesão, grau histológico e estadiamento.
- O tratamento conservador pode ser indicado para os pacientes portadores de Ta ou T1,
G1/2 desde que o seguimento seja efetuado rigorosamente. As opções mais utilizadas são:
crioterapia, creme a base de 5-fluotouracil, laser, quimioterapia, radioterapia ou
braquiterapia. Nestes casos, pode ser indicado o tratamento conservador cirúrgico com
excisão apenas da lesão com margem livre, nos casos de tumores pequenos superficiais
e diferenciados. O tratamento da lesão peniana visa a exérese completa do tumor com
margem de segurança de 1 a 2 cm.
- Nos casos de tumores T1/G3 ou T2 podem ser consideradas as seguintes alternativas:
amputação parcial, amputação total e emasculação. A penectomia parcial está indicada
nos tumores que comprometem a porção distal do pênis e que após o ato cirúrgico, com
margem cirúrgica de no mínimo 1cm, o coto restante seja suficiente pelo menos para
micção em posição vertical. Se isto não for possível, indica-se a penectomia total. Esta
está indicada nos casos descritos anteriormente e principalmente em tumores que
envolvem o terço proximal do pênis e naqueles que infiltram a uretra e/ou corpo
cavernoso. Nos tumores T4 a emasculação está sempre indicada.
- A linfadenectomia está indicada:
*Presença de adenomegalia inguinal palpável mesmo após o uso de 4-6 semanas
de antibioticoterapia.
*Linfonodos inguinais impalpáveis, porém com lesão primária que apresenta alto
risco de disseminação linfática (T1/G2-G3, T2-T4).
- Pacientes com metástases a distância devem ser tratados com medidas sistêmicas após
exérese cirúrgica da lesão primária com finalidade paliativa ou mesmo higiênica. Não há
consenso sobre o melhor momento para se empregar quimioterapia neoadjuvante,
adjuvante, complementar ou de salvamento nem sobre o regime ideal de medicamentos.
NEOPLASIA DE TESTÍCULO
Alany Custódio
➢ Introdução:
- Neoplasia maligna de testículo é raro, com prevalência global de 1-2%.
- É a neoplasia mais comum em homens jovens (15-35 anos de idade).
- No Brasil, a incidência é de 2,2/100 mil habitantes.
- Altas taxas de sucesso de cura (96%).
- São altamente sensíveis a quimioterapia.
➢ Fatores de risco:
- Criptorquidia: estudos recentes e mais criteriosos confirmam essa correlação, porém
numa razão de 4-8x.
- Antecedente de tumor testicular contralateral.
- História familiar: irmãos portadores (8x).
- Infertilidade ou subfertilidade.
➢ Classificação:
Tumores germinativos (90%):
- Seminomatosos
*40-45%
- Não seminomatosos:
*Carcinoma embrionário: 20-25%
*Teratocarcinoma: 25%
*Teratoma: 10%
*Coriocarcinoma: 1%
➢ Estadiamento:
- A primeira medida a ser tomada é a orquiectomia, que deve ser realizada por via
inguinal (orquiectomia radical inguinal), de modo a identificar e interromper seu
suprimento sanguíneo e drenagem linfática antes da ressecção testicular, reduzindo
assim o risco de disseminação da doença. Assim, a orquiectomia via transescrotal não é
recomendada.
- Após orquiectomia, o estadiamento do câncer de testículo é realizado através da análise
de dados anatomopatológicos do material cirúrgico, estudos de imagem (principalmente
TC) e resultados da dosagem dos marcadores tumorais séricos pós-orquiectomia. Na
avaliação inicial com métodos de imagem, deve-se realizar TC de tórax, abdome e de
pelve. TC de crânio e/ou cintilografia óssea dependem da correlação com dados clínicos
sugestivos de metástases no sistema nervoso central e/ou no esqueleto,respectivamente.
- É válido ressaltar que a presença de metástase não contraindica a ressecção do tumor
primário, que ainda será útil para a definição do diagnóstico preciso (tipo histológico).
Mesmo se o tratamento for iniciado sem orquiectomia (por exemplo, quimioterapia para
doença metastática), a orquiectomia será necessária posteriormente, pois os testículos
ainda poderão conter células neoplásicas.
- A principal utilidade dos marcadores, notadamente a AFP e o HCG, é o acompanhamento
desses pacientes. Assim, deve-se ter um valor de base (pré-tratamento) para
comparação. Também deve-se levar em consideração a meia-vida do HCG, de 24-36
horas, e da AFP, de 5-7 dias. O reaparecimento desses marcadores no sangue ou a não
redução dos valores séricos de acordo com o que é previsto pelas meias-vidas significa
doença recorrente ou persistente, respectivamente.
➢ Tratamento:
- Elevadas taxas de cura com tratamento multimodal (96%).
- Avaliar: tumor, gânglios e metástases a distância.
Seminonas:
- Tratamento de rotina consiste na orquiectomia radical via inguinal.
- Radioterapia retroperitonial.
- Linfadenectomia retroperitonial (LDNPR) não é recomendada por causa da
elevada incidência de recidiva local.
- Quimioterapia adjuvante.
Não seminomas:
- Tratamento de rotina consiste na orquiectomia radical por via inguinal.
- Linfadenectomia retroperitonial (LDNPR) é recomendada em alguns casos como
caráter de tratamento e estadiamento.
- Quimioterapia.
DISFUNÇÕES SEXUAIS
Alany Custódio
➢ Introdução:
- Anormalidade na parte sexual do homem.
- As anormalidades mais comuns são:
*Distúrbios de ereção: disfunção erétil e Doença de Peyronie.
*Distúrbios do orgasmo: anorgasmia.
*Distúrbios da ejaculação: precoce, retardada e anaejaculação.
*Alterações da libido: DAEM.
➢ Ereção masculina:
Anatomia:
- O sistema eretor masculino é composto por 2 sistemas: corpos cavernosos e
corpo esponjoso.
Fisiologia da ereção:
- O processo de ereção tem por base o relaxamento das fibras musculares lisas
dos corpos cavernosos, o que permite maior fluxo sanguíneo arterial aos espaços
lacunares, com concomitante vasodilatação das artérias cavernosas. Distensão dos
espaços lacunares, promovidas pelo aumento de fluxo arterial, comprime o plexo
venoso subalbuginial contra a túnica albugínea, com consequente diminuição do
fluxo venoso (mecanismo venoclusivo). Pressão intracavernosa eleva-se como
resultante desse mecanismo, promovendo rigidez peniana.
- Óxido nítrico é o principal neurotransmissor periférico que promove o
relaxamento da musculatura lisa dos corpos cavernosos. Ele atua sobre a célula
muscular lisa, promovendo aumento da concentração intracelular de GMP cíclico,
com consequente diminuição da concentração intracelular de cálcio e, então,
relaxamento das fibras musculares.
- Detumescência peniana, que se segue ao estado de ereção, pode resultar da
parada ou da diminuição da liberação de óxido nítrico pelas fibras não
adrenérgicas/não colinérgicas, pela inativação do segundo mensageiro (GMP
cíclico) pela fosfodiesterase ou por atividade do sistema nervoso simpático durante
a ejaculação. No tecido cavernoso do pênis, fosfodiesterase tipo 5 (PDE5) é a
enzima responsável pela hidrólise do GMP cíclico e consequente retorno do pênis
ao estado flácido.
➢ Disfunção erétil:
Conceito:
- Incapacidade total ou parcial do homem não apresentar ereção sexual.
- Não é uma doença que necessita obrigatoriamente de tratamento específico.
Etiologia:
- Multifatorial.
Grupos:
- Psicogênica: pode ser primário ou secundário e está relacionado a estresse
emocional, coerção sexual, coerção pré-puberal, problemas de relacionamento
(conflitos conjugais e separações), problemas com emprego (desemprego e
diminuição de renda), depressão, insatisfação com a vida e atitude pessimista.
*Mais comum em homens jovens.
Avaliação:
- História clínica:
*Queixa principal;
*HDA;
*Antecedentes pessoais e familiares;
*Cirurgias anteriores;
*Medicações em uso;
- História sexual:
*Tempo de evolução;
*Frequência;
*Duração;
*Qualidade das ereções;
*Fatores de piora e melhora;
*Alterações na libido, orgasmo e da ejaculação.
Exames complementares:
- Laboratorial
*Hemograma;
*Glicemia;
*Lipidograma;
*Testosterona (livre) e prolactina.
Abordagem terapêutica:
- 1º linha: inibidores da PDE-5 (tratamento oral) e/ou psicoterapia.
* Sildenafila – Comprimidos de 25, 50 e 100 mg. Dose inicial sugerida de 50mg
administrado pelo menos 1 hora antes da atividade sexual. Dose mínima 25 mg e
dose máxima 100 mg no dia. Frequência máxima recomendada é de uma vez
ao dia.
*Tadalafila – Comprimidos de 20 mg. Dose recomendada de 20 mg VO 30-60
minutos antes da atividade sexual.
*Vandenafila – Comprimidos de 5, 10 e 20 mg. Dose inicial recomendada de 10
mg 25-60 minutos antes da atividade sexual. Pode ser aumentada para 20 mg ou
reduzida para 5 mg. Frequência máxima recomendada é de uma vez ao dia.
*Iodenafila – Doses de 40, 80 e 160 mg. Sua ação se dá após 20 minutos
- 3º linha:
*Implante de prótese peniana.
➢ Doença de Peyronie:
Introdução:
- A doença de Peyronie (DP) é uma degeneração estrutural, adquirida, fibrótica e
multifocal da túnica albugínea do pênis.
- Homens na faixa etária dos 50/60 anos.
- Nessa patologia, nota-se desarranjo localizado do tecido conjuntivo por causa de
mudanças na composição e na quantidade do colágeno da túnica albugínea, com a
substituição do tecido elástico normal por uma placa fibrótica que altera a
anatomia do pênis, com consequente alteração na função erétil.
Etiologia:
- Desconhecida, mas uma das principais teorias são os traumas repetitivos durante
o ato sexual.
Quadro clínico:
- Fase aguda:
*Processo inflamatório, durante 1/1,5 ano.
* Normalmente autolimitada.
*Acompanhado de dor, endurecimento da placa e incomodo durante o ato
sexual.
- Fase crônica:
*Estabelecimento da placa e o paciente refere disfunção erétil associada a
alteração da curvatura e dificuldade de penetração.
Tratamento:
- Ainda não há tratamento médico padronizado e estabelecido.
- Clínico:
*Sistêmico: vitamina E (tocoferol) – 400-1000 UI/dia; Tamoxifeno – 20mg
12/12h; Colchicina – 0,5 mg 12/12h ou 8/8h por 3 meses.
*Local: injelçies intralesionais ou perilesionais com Verapamil 10 mg
semanais por 8-12 semanas. Inferferon alfa-2b também é uma opção.
- Cirúrgico:
* Curvaturas muito severas;
*História de > 12 meses de evolução de doença;
*Curvatura permaneceu estável por > 3 meses;
*Falha das terapêuticas conservadoras;
*Interferência na relação sexual (penetração vaginal difícil ou dolorosa).
➢ Ejaculação precoce:
Conceito:
- Segundo a Sociedade Internacional de Medicina Sexual, é uma disfunção sexual
masculina caracterizada pela ejaculação que ocorre geralmente ou sempre antes
da penetração vaginal ou até um minuto após, associada à incapacidade de retardar
esta ejaculação, gerando consequências pessoais, como incômodo, angústia,
frustração e aversão à intimidade sexual.
Tratamento:
- Psicoterapia individual ou em grupo: por 4 a 6 meses, com 1 a 3 sessões semanais
e a participação da parceira contribui para melhores resultados;
- Medicamentoso:
*Antidepressivos inibidores seletivos da recaptação da serotonina (SSRI):
fluoxetina, paroxetina, sertralina e citalopram.
*Antidepressivos tricíclicos: amitriptilina e clomipramina.
*Ansiolíticos: alprazolam e lorazepam
*Lidocaína-prilocaína 5% tópico
*Inibidores da PDF-5
Quadro clínico:
- Queda da libido e disfunção erétil.
- Fatores associados: obesidade, sedentarismo, dentre outros.
- Suas manifestações clínicas são inespecíficas e comuns a diversas outras
situações médicas, tornando a dosagem de testosterona sérica (principalmente a
livre) indispensável para confirmação do diagnóstico.
Diagnóstico:
- Frequentemente, o exame físico é normal e raramente encontram-se diminuição
do volume testicular, prostático, dos pelos e aparecimento de ginecomastia.
- Laboratorial:
*Dosagem da testosterona biodisponível ou livre.
*Prolactina.
Tratamento:
- Indica-se reposição de testosterona quando sintomas sugestivos de DAEM forem
acompanhados de níveis subnormais desse hormônio. A terapia de reposição de
testosterona (TRT) pode ser feita pelas vias oral, bucal, transdérmica ou injetável.
*Tópica: para início do tratamento, recomenda-se 5 g de gel de testosterona
a 1% aplicado 1x/dia. Níveis séricos de testosterona devem ser medidos 14 dias após
o início do tratamento e a dose pode ser aumentada caso não se atinja o patamar
desejado. Adesivos também são uma opção.
*Injetáveis: incluem uso intramuscular e implantes. Formulações
intramusculares podem ser de curta (cipionato, enantato, propionato e associação
de ésteres de testosterona) ou de longa duração (undecilato).
*Transmucosas: a forma bucal é um comprimido mucoadesivo com 30 mg de
testosterona biodegradável de alta solubilidade.
INFERTILIDADE MASCULINA
Alany Custódio
➢ Conceito:
- É a incapacidade de um casal, com vida sexual ativa e sem uso de métodos
contraceptivos, obter uma gravidez espontânea em um ano.
- Cerca de 15% dos casais são inférteis.
➢ Classificação:
- Primária: sem ocorrência de gravidez.
- Secundária: quando o casal já possui filhos e a mulher não consegue engravidar
novamente.
➢ Etiologia:
- Varicocele: principal.
- Criptorquidia.
- Orquite pós-caxumba no pós-púbere.
- Uretites (IST).
- Antecedentes cirúrgicos: principalmente hérnias.
- Sobreviventes de tratamento para neoplasia, principalmente de testículo.
- Produtos químicos: pesticidas, sulfasalazina, nitrofurantoína, cimetidina, cafeína,
nicotina, álcool, maconha, tabaco, anabolizantes, quimioterápicos, radioterapia e fontes de
calor.
➢ Diagnóstico:
✓ Espermograma:
- Avalia a qualidade do esperma do homem.
- Diferenciar se a causa da infertilidade é masculina ou feminina.
- Parâmetros:
*Técnica de coleta
*Volume: normoespermia, hipoespermia, hiperespermia e aespermia.
*Número: normozooespermes, oligozooespermia e polizooespermia.
*Motilidade: velocidade com que o espermatozoide difunde no esperma.
Categoria A (progressão linear rápida), categoria B (progressão linear lenta ou não
linear), categoria C (motilidade não progressiva) ou categoria C (imóveis –
astenozooespermia).
*Morfologia: normal -> >30% de formas normais. A alteração é chamada de
teratozoospermia (Kruger).
*Vitalidade: >50% vivos é considerado normal, já a necrozooespermia é
quando possui >75% de espermatozoides mortos.
✓ Ultrassom com Doppler:
- Visto que a principal etiologia é a dilatação das veias (varicocele).
- Também avalia o volume testicular.
✓ Laboratorial:
- Hemograma
- Glicemia
- Exames genéticos
- Hormonais
➢ Tratamento:
- Tratar a patologia de base.
- Tratamento antibiótico para as causas infecciosas.
- Ejaculação retrogada: tratamento com medicamentos simpaticomiméticos, alfa
estimulantes (Efedrina e Fenilpropanolamina) ou com Imipramina.
- Varicocelectomia.
- Reversão de vasectomia.
- Inseminação intrauterina (IIU): concentração mínima de 5 milhões de
espermatozoides/ml de sêmen, motilidade A e B e morfologia de Kruger superior a 4%.
- Fertilização in vitro (FIV): concentração mínima entre 1,5 a 5 milhões de
espermatozoides/ml de sêmen, motilidade A e B e morfologia de Kruger superior a 4%.
- ICSI: qualidade inferior ao mínimo indicado nas técnicas anteriores e azoospermia.