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DO
FUNDADO N O K IO D E J A N E IR O E M 1838
VOLUME 203
ABRIL - JUNHO
19 49
C O M IS S Ã O D IR E T O R A
GENERAL E S T E V Ã O L E IT A O DE C A R V A L H O
C L A U D IO G A N N S
F E M Ó B IT T E N C O U R T
D IR E TO R IA EM 1948-1949
Presidente Perpétuo
1.* Vice-Presidente
2 * . Vice-Presidente
3? Vice-Presidcnle
1.* Secretário
2* Secretário
Orador
Tesoureiro
DO
F U N D A D O NO R IO D E J A N E IR O EM 1 8 3 8
V O LU M E 205
ABRIL- JUNHO
1 9 4 9
C O M IS S Ã O O IR E T O R A
G EN ER A L E S T E V Ã O L E IT À O DE C A R V A LH O
C L A U D IO G A N N S
F E M O B IT T E N C O U R T
IC O N O G R A FIA CARIOCA
(Os dois mais antigos panoramas do Rio de Janeiro)
AFONSO DE E. TUNNAV
CA PITU LO I
AS M A IS AN TIG A S VISTAS RO XIO 1>K J A N E IR O . JOÃO T E IX E IR A
AI.HERNAZ KROGER. ESTA M PAS E (Jt'A U BO S t>E A N Ô N IM O S ARTISTAS
FE I.IX E M ÍL IO T A V N A V — O PR IM EIR O PANORAM A IIO RIO DF. JA N E IR O
( 1 8 2 1 ) — OS PR IM EIRO S PANORAM AS M U N D IA IS BARKER.
RONMV E IRKVOST
C A PITU LO II
O PANORAMA n o RIO P E JANEIRO EM 182 1 E A S C A “ NOTÍCIA
EX PLIC A TIVA ", a ICONOGRAFIA A ÊI.E REFERENTE
3.°, altura 164 milim.; largura da estampa (as duas folhas uni
das), I metro.
Sem letra, nem data Impressão monocromática.
As duas folhas desta estampa acham-se reunidas pela parte do
panorama mais longínquo do espectador, ficando á esquerda a fõlha
que uo 1.” estado está à direita e vice-versa".
Do terceiro estado reíere o catálogo:
"Similhante ao 2." estado, com as seguintes diferenças:
1.°, as nuvens foram de novo alteradas, de modo a não se |>are-
cerem com as dos dois estados precedentes;
2. °. nn margem superior de cada chapa ocorre o dizer — Pano
rama de Rio Janeiro:
3. °, e na margem inferior: há uma legenda explicativa. — Con
vem (¡'Ajílela. Eglise N . I). de Irapa. Êglise Notre Dame de la
G tp ire ... Rue des Carmes. Hihliothéque. Esc. N . D. de la Candel-
laria — na fõlha da esquerda; e — Chapelle Royale Église des Car
mes. Arsenal de la Marine Convent de St Benoist. lie du Gouver-
nettr Habitation particuliére. Eglise de St. Sébastien. Pain de Su
cre. — na fõlha da direita;
b. em ambas as fólhas. à esquerda c logo abaixo do traço inferior
da estampa, o endereço — Nepvett, lábrame, Passage des Panora
mas. N . 26.
Déste estado são exposto? dois exemplares:
1.°, impresso com duas cores, tendo as duas ffilhas unidas como
a estampa antecedente. Bella estampa, oferecida por M . Ferdinand
Denis à B. N .
2. “. impresso com duas cores e retocado a guache. As duas fo
lhas foram unidas pelos quatro lados, de modo a formarem um cilin
dro representando um panorama circular.
Falando deste quarto estado delata o catálogo curioso porme
nor: foi a estanqia de Taunay, Ronmy c Salathé impressa pelo famoso
Steimann, de nome tão conhecido nos fastos de nossa iconografia da
era Imperial, associado a Goupil não menos conhecido no mundo <!• >
amantes da gravura francesa.
Assim se expressa o catálogo:
Similhante ao 3.“ estado, com as seguintes modificações:
l.°, o endereço de — Nepveu-.. N. 26 — foi apagado em am-
I as as chapas:
2.“, por baixo da legenda, na margem inferior, ocorrem: na féilha
da esquerda — Steinmann Editetir — ã esquerda, e Paris. Rittner
et Goupil, Boulevard Montmartre 15 — à direita; e na fôllia da di
reita, — Depose à la Direction — à direita. X . 1845 de Muller.
“ Cat. Amer 66, H I.
Impressa com duas cores e retocada a guache, tendo as tinas
folhas reunidas como as duas estampas do 2.° e 3.° estados".
Em 1910 vimos um exemplar do terceiro estado á venda em Pa
ris por quinhentos francos ou fossem então trezentos mil réis, aliás
magnifica de grande frescor e belas margens. Xão sabemos quanto
valerá em nossos dias em que tõda a iconografia brasileira antiga,
subiu imenso mil por cento ou mais nestes últimos vinte c cinco anos.
C A PÍT U L O III
O PR IM EIR O PAN O RA M A DO RIO DE JA N E IR O . OBRA DE FE L IX
E M IL IO T A U N A V . EXPOSTA EM PA R IS EM 1 8 2 1 . A ** NOTICE
E X PL IC A T IV E " nílS T K PIN T O R . AS IND ICA ÇÕ ES DO SR. PRE
VOST SÕBRE A CIDADE CARIOCA. INFO RM A ÇÕ ES ERRADAS E
FA N TASIOSAS
CAPÍTULO IV
DESCRIÇÃO r>A CIDADE F L U M IN E N SE . RUAS F. PRAÇAS. A EDIFICAÇÃO
DOS BAIRROS. O AVUEOLTO. AS FONTES 1'ÚBLICAS. O PASSEIO
PÚBLICO. NOTAS SOBRE A INSTRUÇÃO PÚ BLIC A . A BIBLIOTECA REAL.
A GUANABARA K SUA BELEZA. AS FORTALEZAS IJUE DEFENDIAM
0 RIO DE JANEIRO EM 1S21
C A PÍTU LO V
O J ARDIM BOTÂNICO E SKUS C H IN S . BOTAFOGO. OS CO STU M ES CARIOCAS
AS ALTAS RODAS. O JÓ G O . OS PRETOS DE G A N H O . OS RECURSOS
(.ASTRONÓM ICOS DO R IO . V IN H O S E IG U A R IA S. AS FESTAS PIRO
T É C N IC A S. O CA RN A V A L. 11AT IS ADOS. CASAM ENTOS E ENTERROS.
OS A N J IN H O S . CARESTIA DA V ID A . O CO M ÉRC IO . O C A F É . O CLIM A .
A C IN T A DE MATAS DA CIDADE. A ARQ U ITETU RA . CASAS DA CIDADE
E CASAS DE CAM PO. IL U M IN A Ç Ã O URBANA. OS RECURSOS DO BRASIL.
A HELEZA-DA GUANABARA. AS FORTALEZAS DEFENSORAS DO RIO DF.
JA N E IR O
C A PÍT U L O VI
A PA N H A D O SÓBRE A DESCOBERTA IX> BRASIL E A GEOGRAFIA BR ASILEIRA.
INFO RM A ÇÕ ES COPIO SAM EN TE ERRÔNEAS
O nome «le indios dado aos indígenas foi, pois. falsamente atri
buido, nías o uso o sancionou por tal forma que > t :í màis duradouro
do que as raças a que designa.
Feliz acaso proporcionou aos portugueses o encontro das costas
da América Meridional boje conhecidas sob a designação de Brasil.
Toda a Europa tinha os olhos fitos nesta nação que confinadas,
em uma de sua> extremidades em tão pequeno territorio, estendia ra
mificações a tantos ¡juntos e recuava os marcos do Mundo.
Veneza de perder o monopólio do comércio das índias, fonte de toda
a sua prosperidad?.
Foi em busca do reino de Cateen^ descoberto por Vasco da Gama,
que Pedro Alvares Cabral, almirante português, a quem Dom Manuel
confiara tal comissão, tendo navegado muito ao largo para evitar as
calmarias, ocurrentes nas proximidades das costas africanas, encon
trou-se a 21 de abril à vista das costas brasileiras.
Três naus e dez caravelas compunham a sua esquadra. Começou
por ccn.ificar-sc de que esta terra, que se achava a dezessete graus de
latitude do sul, era um continente e não uma ilha do Atlântico, como
a princípio supusera. \ costa assumia o feitio de uma montanha a r
redondada n<» cume e rodeada de colinas que mais tarde se identi
ficaram como um contra forte da grande serra dos Aimorés. Bati
zou-a Monte Pascoal porque então decorria o oitavário da Pascoa.
Ao Continente chamou Vera Cruz. A esta denominação dentro cm
breve substituiu-se a de Brasil ¡>or causa da madeira tintorial dêste
nome c alí encontrada em abundância.
E m a tormenta que de repente ocorreu impediu Cabral de tocar
cm terra naquele ponto. Fez a esquadra subir para o Norte c depois
de ter reconhecido a foz de um rio. acerca de dez léguas, fundeou
numa enseada a que denominou Porto Seguro. Alguns geógrafos aliás
o apelidam também, e com toda a razão. Babia Cabralia.
( )s que de sua gente foram mandados a explorar a terra, relata
ram que ela era agradável. fecunda cm pastaria*, flores c árvores de
grande port*, abundante em águas doces- Haviam visto homens tri
gueiros, de cabelos compridos, mas não cncírapinliados que armados
de arcos e flcxas, caminhavam ao longo das praias.
Novos exploradores trouxeram à esquadra. dois srlvagenzinhos
surpreendidos numa barquinha. Foram achados sobremodo rústicos,
¡jais, nada pareciam compreender dos sinais que lhes eram feitos.
Ordenou Cabral que os vestissem de saia e enfeitassem com colares r
bracclett-s dc fôlha de Handles ou de missangas, além d- lhes entre
garem espelhos <>que pareceu maravilhá-los c tirá-los <lc sua estupidez.
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CA PÍTU LO V II
S Í'M C I.A HA HISTÓ RIA l-L l M1XKNSK I’EI.U MÉTODO ÇOXFVSO.
OS ASSALTOS HE D I’CLKRC E D L T .fA Y TK OV IN EXPOSTOS PELO MESM O
PROCESSO
das Cabras Gic) boje chamada das Cobras (sic), situada a cem passos
da cidade não lhe resistiu. Os portugueses, evacuando-a, tiveram,
quando muito, tem|>o para encravar as baterias e pôr a pique dois
navios mercantes encalhados sob o forte da Misericórdia- Caiu um
terceiro em poder do Cavalheiro de Goyon.
O desembarque geral eíetuou-sc a 14 de setembro sem grandes
dificuldades, pois, Duguay Trouin fizera varrer pelo fogo de quatro
navios a praia onde queria que se efetuasse.
Tomou o comando em chefe do seu pequeno exercito, cujo efetivo
era de três mil e trezentos homens. Quatro morteiros e vinte pedre-
zcs foram montados como artilharia de campo.
Reinava o alarme na cidade. ' > resultado da deeisão de mu con
selho de guerra, convocado por Dom Francisco de Castro e Gaspar da
Costa fóra que convinha não entregar a sorte a cidade ao acaso de
um só combat-. Tratar-sc-ía de atrair os franceses para os entrin-
cheiramentos testemunhas da derrota de Duclair. Ganhando-se tempo,
ter-se-ia a possibilidade de socorro do retorço que s? pedira a Dom
(sic) Antônio de Albuquerque, governador da capitania de Minas
Gerais.
Os franceses não caíram contudo neste ardil. Colocou Duguay
Trouin algumas Iracas tie fogo jaira bater as fortificações dos Be
neditinos. Entrementes, os próprios portugueses incendiaram navios
armazéns e fizeram voar pelos ares o navio encalhado de que jã se
falou depois de n ê lte re m feito alguns prisioneiros dos quais em vão
se esforçaram por obter informações acerca das fôrças agressoras.
Mas estes acabaram deixando-se enilsiçar pelas traças de um norman
do chamado Dubocage. naturalizado português, o qual pelo muito zelo
à sua nova pátria já causara muitos danos à expedição francesa.
Disfarçou-se em marinheiro c como se pertencesse no grupo dos
prisioneiros, fez-se conduzir por soldados ao locai onde eles estavam
guardados. Entalralando logo conversa com os pretensos companhei
ros de cativeiro obteve a confidência desejada. Fiado em sua infor
mação. resolveu <i conselho de Guerra, por unanimidade de votos, ata
car de viva fórça tão fraca tropa e exterminá-la.
Em vão tentaram fazê-lo os portugueses mil c quinhentos homens
sob o comando de Gaspar da Costa quizcram apoderar-se da colina
ocupada pelo cavalheiro de Goyon.
Um ardil de guerra permitiu-lhes a aliertura <la barreira do acam
pamento francês, mas a bravura da guarnição e a oposição de trezentos
granadeiros que o próprio Dugnay Trouin guiava por um caminho
protegido fizeram com que a tentativa sc baldasse. Os portugueses
recuaram esperando que as fôrças inimigas se poriam a persegui-los
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C A PÍTU LO V III
NOÇÕES SÓ llRE A ZOOLOGIA DO B R A SIL. IN F O R M E S SOBREM ANEIRA
D E F IC IE N T E S . ING EN U ID A D ES
longa barba escura bem formada. O nariz quase não se lhes percebe;
os olhos são muito móveis e vivazes. A cauda apreensora e tão viva
mente inervada que com verdadeiro custo é possível fazer desenrolar
os anéis que forma quando se enrola em tórno de um galho.
A cõr dominante entre os machos c o negro assás carregado, mas
o ventre apresenta-se de ruivo escuro. O pelo geralmente assás lus
troso, oferece matiz menos carregado nas [temas.
Êstes simios andam geralmente em familias de oito ou dez indi
viduo, senão às vezes mais. E ’ um dos machos do bando que parece
encarregado de dirigir a tropinha. Não se os vê saltar com os demais
macacos. Passam lentamente de um galho a outro e sabem perfeita-
mente esconder-se atrás dos troncos quando perseguidos pelos caça
dores.
E ' muito difícil matá-los e nem sempre possivel apanhá-los até
«piando já atingidos por um golpe mortal, pois se prendem fortemente
aos galhos por meio da cauda. Não caem mesmo que se sacudam as
árvores durante assás longo lapso. Sua carne não tem gosto desa
gradável e em certos lugares constitui a principal alimentação dos
selvagens.
O ouarine emite gritos melancólicos «pie tem qualquer coisa de
rouco e estridente, ouvimô-los, muitas vezes a mais de uma milha de
distância.
Tão tardonho quanto o macaco, é agil e vivo o uoeau (sic) desig
nado com justeza pelo nome de preguiçoso, ocorre em «piase tôdas as
florestas. Êsté animal estúpido gasta várias horas a subir ao alto de
uma árvore e apresenta esquisita conformação.
Tem a cabeça muito pequena cm relação ao corpo, os olhos baços,
sem a menor vivacidade: seu pelo lembra lierva seca, as patas dian
teiras. mais longas que as trazeiras, estão munidas <le unhas exccssi-
vamente longas e recurvas que só se movem conjuntamente.
Agarra-se às árvores de tal modo que já se viu não caírem depois
de haver recebido vários tiros de espingarda. Aliás, e ao nosso ver,
tem-se exagerado muito a lentidão deste quadrúpede ao se dizer que
só pode percorrer uma toeza no lapso de uma hora.
As araras, papagaios e periquitos constituem talvez a mais acui
tada familia tia avifauna desta parte da América. São os [icriquitos
tão numerosos que passam a ser o flagelo da agricultura.
Existem varias aves oferecidas á mesa como excelentes caças.
Entre elas o horco (sic) que atinge mais ou menos o porte do perú
e tem quase a cor déste. Poderia bem vir a ser ave vulgar de gali
nheiro.
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CA PÍTU LO IX
Vamos tralar de dar unia idéia geral das nações que habitavam
o Brasil quando a êle chegaram os primeiros conquistadores.
Se compararmos sua importância à das tribus atualmente exis
tentes, verão os leitores que o povo primitivo desta vasta região da
América Meridional acha-se notavelmente decaido ou antes está quase
inteiramente aniquilado.
Poder-se-á do mesmo modo observar as mudanças operadas nos
costumes destes selvagens o que inspirará a convicção de que perde
ram quase todas as virtudes guerreiras desde o momento em que os
europeus começaram a se misturar com êles.
Na é|xwa em que formavam população importante teria sido
possível, sem os colocar de rc|xmte sob o jugo das leis, fazer com que
insensivelmente adotasse costumes cuja superioridade sentiam.
Infelizmente porém o espirito fanático vigente a isto se opôs.
Foram tratados como idólatras e desde éste momento foi permi
tido escravizá-los.
Nunca, entretanto, puderam como os africanos afeiçoar-se à es
cravidão. Déles restam agora algumas tribus fracas, apenas, com
postas de alguns guerreiros. Parecem ter subsistido [>ara provar que
o pais não era deserto quando os primeiros europeus ai vieram buscar
as riquesas de que a América nessa época era pródiga.
Quando Pedro Alvares Cabral aportou ao Brasil estava todo o
litoral dominado i>ela nação tupi que déle se havia apoderado depois
de dali haver expulso os tapuias. O nome deste povo conquistador
deriva-se da palavra tupo» que significa trovão, parecendo indicar a
força e a coragem graças às quais teriam conseguido subjugar uma
grande tribu, fixada, bem antes déle à lieira mar e desde muito temida
das outras tribus errantes do interior.
Dividiam-se os tupis em dezesseis tribus diversas, distantes uma»
da» outras, por nomes próprios, mas tendo conservado mais ou menos
os mesmos costumes, a mesma religião e lingua.
Eram os tupinambos de avantajado porte. Tinham como os de
mais americanos a pele de um vermelho cobreado, com tõda a atenção
arrancava os pelos que sõbre o corpo habitualmente crescem.
Seus cabelos negros e luzidios eram cortados como os dos reli
giosos. em forma de coroa, e tinham o hábito esquisito de furar o
lábio inferior para ali introduzirem osso liem polido parecido com
as torres do jógo de xadrez, c preso à gengiva por uma cavilha,
enquanto a extremidade inferior passava do orifício labial mais de
uma |>olegada.
Eram sobretudo as crianças e os moços, os que usavam éste
enfeite extravagante. Os homens mats idosos substituiam-no por
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calx> de certo tempo faziam com que três conchas lhes caíssem quase
até os ombros.
Quando alguma queria fazer com que seus encantos sobressaís
sem pedia a alguma companheira que lhe pintasse o rosto. Molhava
esta pequeno pincel na tinta, fazia um circulo no meio da Ixiclteclta
e continuava a traçar uma linha espiralada de còres variegadas até
que lhe houvesse pintalgado a fisionomia de vermelho ou de verde,
tendo, ao mesmo tempo, o maior cuidado em figurar as sobrancelltas
n» lugar habitual.
Seu mais belo ornato vinha a ser uma espécie de braçnl com
posto de várias peças ósseas muito alvas, cortadas em feitio de esca
mas de peixe e reunidas por meio de cera misturada com uma espécie
de goma o que dava excelente cola.
Eram as armas dos ttipinambás singelas como as de todos os
povos primitivos. Faziam o maior emprego das que fabricavam, como
aliás praticam os selvagens de agora, com uma madeira dura c flexí
vel que os portugueses chamam pau darco e tem de sete a oito pés
de altura.
Sua corda era fabricada com uma espécie de cânhamo fornecido
pela palmeira licüm. As flechas trabalhadas com o maior esmero,
podiam ter cerca de uma braça de comprido. Compunham-se de catiiço
muito reto, ligado a um bastão de madeira negra nas extremidades,
por meio de pequenas cascas de árvore. Eram ao alto guarnecidas
|H>r duas penas de um pé de comprido e ao ferro substituía uma
ponta do caniço, algum osso pontudo ou então a extremidade da cauda
de certa arraia que se diz ser muito venenosa.
Empregavam também umas espécies de sabres-maças feitos de
madeira negra ott vermelha, gcralmcnte compridas de cinco a seis
pés e terminadas num pedaço redondo, ou oval, de dois palmos de
largura, c espessa, de uma polegada, no meio.
Era de tal modo adelgnçada nos fiordos que podia cortar como
um machado. A esta arma chamavam tacape. Ornavam-na. nas ceri
mônias com plumas de diversas cores.
Para se garantirem nos combates das flechas inimigas usavam
uma espécie de pequeño broquel, cortado na parte mais espessa do
couro da anta.
Seus instrumentos musicais eram igualmente da maior simpli
cidade. Consistiam, a principiar, por grande trompa chamado jaimbia
(sic), podendo ter mais ou menos meio |>é de circunferência. Servia
em geral nos combates para indicar o momento do ataque ou o toque
de reunir.
Para incitar os guerreiros durante a marcha alguns destes indios
faziam ouvir os sous estridentes de uma espécie de flauta ou flautim
fatos dos ossos dos braços e das coxas dos prisioneiros devorados.
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C A PITU LO XI
ROIlERrO BURFORD F. O SEU PANORAMA DO RIO PE JANEIRO F.M 1 8 2 3 .
QCEM ERA F.STK ARTISTA. ERROS E ENGANOS DO SEU MEMORIAL
Total 135.000
— 84 —
C A PÍTU LO X III
PAXTU fl-VK IBAHES NOTÁVEIS 1>O RIO 1>E JANEIRO F. PA CtTANABAKA
Pico
ÍOf/C (sic)
N.» 5
N.“ 6
/■’«ó tsic) ¿>ii(itear (sic)
Glória
A igreja de Nossa Senhora da Glória ergue-se sóhre mna espla
nada a pouco mais da metade da colina quase insulada do mesmo nome.
O corpo da igreja c octagonal com 32 pés de diâmetro r muito
apropriadamente ornamentada. O coro obedece a mesma forma, e tem
21 pés dc diâmetro.
Nos dias dc festa a familia real visita muito frequentemente
a igreja.
<) outeiro domina l»elo coiuspectn «Ia Bahia c acha-se recolierto de
chácaras habitadas sobretudo ¡x>r familias inglesas.
\ curta (sic) distância está o Palácio Real dc São Cristóvão, re
sidência habitual da familia real.
Dá entrada a esse paço um par dc belos portões, cópia dos que
existem em Sion House e oferecido ao defunto rei pelo duque dc
Northumlxjrland ( ?)
— 87
Corcowrfo
Sania Teresa
O .tquedulo
Passeio Público
Misericórdia (sic )
Hospital Militar
Grande e sólido edificio bem situado p ira p aler gozar de pleno
frescor da brisa marinha. Tem capacidade para várias centenas de
enfermos masculinos. Xas suas vizinhanças há importante Quartel
que é o mais evidente da cidade e ainda o Velho Forte do Monte e
pequena ca|X-la consagrada a São Lourenço.
Catedral
Consagrada a São Sebastião crgue-sc sobre n outeiro agradável
déste nome, em lugar famigerado nos fastos primevos ddo povoamento*
local. A igreja ê edificio Inixo. singelo e sólido, oblongo com dois
pequenos torreões, mas sem janelas.
O interior é muito pouco ornamentado e os altares muito sin
gelos.
Nas cercanias existem vestigios de fundações mais avantaiadas.
Perto ergue-se tuna coluna de felaspatp cinzelado a quatro pés acima
do solo com dois de largura e um de profundeza. IX- um lado nota-se
o brazão de Portugal. do outro o da Ordem de Christo. Supõe-se
que >e trata de padrão idêntico àquele pelo qual se dix-umentou a
tomada da posse do Brasil e trazido da Bahia quando da construção
da igreja.
<> Rio de Janeiro foi provido de bispado em 1776 (sic !).
Tejara (.rir)
No meio daquelas elevadas e altaneiras montanhas distante de
cérea de nove milhas, acham-se as cascatas da Tijucam. uma das
coisas mais interessantes existentes nas vizinhanças do Rio de Ja-
— 90 —
neiro. A subida até cias, por cutre altos rochedos estava, até última
mente. eriçada de dificuldades e a descida pela encosta oposta ainda
é perigosa. Uma série de belas cascatas forma em baixo um lago
•magnífico.
A estrada vai ter a uma esplanada de 150 pés em quadra, centro
de duas espléndidas catadupas. Descem as águas por áspero precipício
peqiendicular de cem pés de altura e atravessando a esplanada forma
logo depois segundo salto de igual altitude.
Um bis|K> fugitivo e seu séquito retirando-se da cidade que caíra
■em poder dos franceses em 1710 foi quem descobriu éste longínquo
iretiro.
Escavaram-se nichos nos rochedos para nêlcs se colocarem san
tos de que ainda restam pedaços mutilados cm dois altares de pedra.
O distrito de Tijuca é grande e pertence principalmente a unia
única pessoa o conde Dasceca (sic ). Cafeeiros ali se tem plantado
•com grandes resultados.
Escaleres
-S'. José
A Igreja de São losé ergue-se na rua do seu nome, atrás do
-palácio. E ' a mais velha |>aróquia da cidade, templo dc construção
.maciça, baixa, escuro e lúgubre.
O Palácio
< > paço vice-real ocupa uma área de setenta jardas sobre vinte
■e seis coin pateo interno alieno e arcadas centrais. Nove janelas eni
renque dão para a liaia e vinte e quatro para a praça.
Guando inorada dos vice-reis ali se alojavam a Casa da Moeda
c uma cadeia.
Eoram anillas logo removidas e fêz-se a ligação do Paço com o
convento dos Carmelitas por meio de passadiço coberto.
O andar terreo acha-se agora tomado pelo corpo da guarda,
repartições, etc. O superior dispõe de bela série de cómodos utilizados
nos atos públicos.
A parte terrea do convento abriga as cozinhas e o andar de cima
a famulagem.
A arquitetura e muito chã e o conjunto recorda muito mais algu
ma grande fábrica do que um paço. Em frente à fachada, que dá
para o mar, há grande fonte com ares de lórre.
.1 Capela Real
São Bento
O principal mosteiro do Rio erguc-se sobre líela eminência ro
chosa c domina largo cenário da cidade c da baia. A ladeira que lhe
dá acesso é muito áspera. Conduz a um pateo atijalado resguardado
)Mjr parapeito. A extremidade de tal área está a capela (sic) cons
truida há cérea de um século. Tem dois torreões providos <lr reló
gios e sinos. O interior é realmente (sic) esplêndido c encerra muita
obra de talha, dourada r belos altares.
A casa c grande com um ¡lúteo aberto cercada por arcadas ao
centro e dispõe de agradável refeitório na ante sala do qual se acha
velha c curiosa pintura. Representa a Árvore da Vida em plena
florescencia. Cada flor «pir apresenta certa semelhança com uma
rosa encerra um monge lieneditino envergando o hábito de sua Ordem.
O Arsenal
Até últimamente éste departamento de Estado vivia muito aban
donado.
Sob o atual imperador tem melhorado rápidamente.
- 93 —
EX PLICAÇÃO PR ELIM IN A R
A 13 de maio de 1795. o duque de Lafôcs, presidente da Rear
Academia de Ciências, deferiu o requerimento de **José Manuel de
Sequeira, presbítero secular, natural da vila do Cuiabá da Capitania
de Mato Grosso” (1 ).
A frei José da Costa e Azevedo, que dirigia o ensino respectivo
da "aula de Jesus”. coube atestar, três dias depois, em cumprimento
do despacho, que "o reverendo suplicante frequentou por espaço de
três anos as prelcções <lv História Natural, aproveitando cm todos os>
três reinos da Natureza, jxirém com maior progresso no estudo da
Botânica, concorrendo ¡jara este fim a facilidade de desenhar plantas,
que faz realçar o seu merecimento neste ramo. Convento de N . Sra.
de Jesus de Lisboa, 16 de Maio de 1795” .
Para comprovar o aproveitamento nos estudos, a que o impeliu
acentuada vocação. elalxirou por essa época três memórias, referentes
a plantas úteis.
"A primeira continha as virtudes c prestimos da ¡dropifrer. persi-
cario itrrnx, pecegueira brava cm Portugal c erva de bicho no Brasil.
“ A segunda sóbre a palmeira Corifa. aliás buruti do Brasil, onde
descreveu os seus prestimos c utilidades econômicas.
"A terceira sôbrc odafrhne yiyas, aliás embira branca de São
P aulo..
Graças a tais contribuições, que lhe foram oferecidas, a Real
Academia admitiu-o em seu quadro social, mediante diploma elogioso,
de 10 de maio de 1796, que lhe declarava, em latim, traduzido pelo
arcebispo Dom Aquino Corrêa:
° Á tua erudição, por nós bem conhecida, através do testemunho
de muitos c principalmente dos nossos sócios, levou-nos a te convi-
(1) Essa como as outras citações encontram-sc na memoria "invenção,
da (asea Peruviana chamada quina vulgarmente, achada no Cuiabá, no ano
de ¡ÍW”, /ò-tit/u do hndilttlo fíitiMco de Ifa/o Grasso, n. XV. 1926.
— 96 —
.- <•
— 97 —
(5 ) \> M inus Geraes davãu rk Quinto.- a Fazenda Real 100 a rrob a>
de c rirc / 1.Ü 8 S Cruzad» ».*/ todo* o * annus, <• *p !*jn v n -!lic o tro : boje cm dia
m c a títrm ã o q . estes uuntai.* q u into * apenas chegão a 41) a r r o ta s ; aliás 491S
c ru z a d o , c vis aqui maniívsfa a decadencia actual das M inas q . sempre irá a
tnnis se não se reparar.
(6 ) !)<• algumas tento? tradição ck <1. e x iste m ; porem n innvrcin c
innaçâu dos Povos destas C apitanin* riâu perm it tem indagação; nem menos
o exame de Campanhas v irg e m v assim fic arã o sempre até q . haja quem
fomente esta neressaria dilig e n c ia . Desk- mesmo Cuyahâ eu fr.rm c <» exem plo.
Quem *a ta ou vi»» o vast»- sertão q . medeia entre os caminhos de te rra pi».
Goyaz. c o de R io y a . S . Paulo? Quem jam ais exam inou a vasta extensão
de te rra q . medêa entre • d o i- Rios Arino.* <■ \raguaya.* E ninis q. .*e
sabe q. nesses Ivm itc* existem as grande? M inas <lòs M a rtirio s .
(7 ) Esta «órnente he n razão porque no C tty flta se vende a medida
aliás ranada d'agoaardcnie de canoa a 24Hr>. e o n rra tc l de assacai* a 40 rs.
— 101 —
mais difficil d'entroduzir nos povos M ineiros; e por não ser tão
fastidioso e evitar a prolixidade eu ajunto alguns dezenhos no fim
desta Memoria pa. bem indicar o grosseiro methodo, e céga rutina
com q . se trabadla nas Minas de oiro.
Apezar de que falo nesta Memoria de todas as Minas do Brazil,
com tudo eu me cinjo ao q. prezencei nestas de Cuyaba na Capitania
de Mato-Grosso.
A s Minas de oiro desde a sua origem não conhecem outros ins
trumentos pa. a cxcavação e exercício de minerar senão a lavanca.
almocrafe. batéa, carumbé, e próximamente m arreta/ Vtd. no Dez
as fig. 2. 3. 4, 5, 6 . / E com esta ferramenta nu lugar da con
fiança rompem a terra ã força de braços aq. chamão desmontar/
Vid no tn."“’ tig. 7 / e quanto mais se profunda mais e mais trabalho
se augmenta até que chegando ao cascalho, aliás saibro argiloso q.
descansa sobre o Schisto. vulgo pissara se extrahe o oiro por lava
gem q.d o h a / Vid o Dez 2." fig 1.°/ ou se conhece a perdição quando
se não acha. Ao trabalho de desmontar acresce o d'esgolar a catta
q . he o fosso aberto perpendieularmente, cujo esgoto fazem abraços
dos escravos sobre os receptáculos a que chamão pias/ vid o Dez
1." fig. 8.’/ Este he o methodo de tralialhar nos fundoens. a q.
chamão tyucáer tabuleiros, e teixos dos morros- O segundo methodo
he o tralialho tamlicm a sêco a q. chamão de latatal ou guafieára
(12) . Este methodo hc mais fácil: porq. a guapeara em fiarte tem
12, até 5 [raimos d’altura, em fiarte pouco mais, e então tirão a
terra fazendo rasgoens, e apartando as pedras, passão corno joei-
rando a terra a que chamão coar pa. apartar-lhe as pedras miúdas
afim da lavagem/ como se vê no Dez 5.° fig 9 / Este methodo de
todos he o peior pois q. desperdiça o ouro cento por cento porem a
necessidade he quem obriga a coação da terra, e formar caxambú
(13) e por penuria dãgoa lavar em luyaca ( 1 4 ). O terceiro methodo
he o mais aceado, mais commodo, e de mais utilidade, c se chama
serviço de talho aberto, q. se desbarranca com agoa pa. cima, e
he todo fundado em lavagem dês d'a surapilheira alias terra humosa,
até o schisto ou pissara. q. também a quebrão, e lavão. § Porem
(19) Chimicamentc apartei 10. 8d. de latão cin 400$ rs. q . recebí dn
meo ordenado q . me foi pago em ouro cm pó da Capitania dos Coyazes.
— 107 —
das vêzes são fabricados pelos dolimos das lialanças e por iss"; em
termo de pêzos pa. receberem, e termos de pozos pa. pagarem*
Isto digo ainda no caso do oiro ser limpo, |torquc quasi sempre vem
o ouro era pó acuitqtanltadu d ’esmeri!. area, c terra; e apezar do
cuidado do recebedor não be fací! apartar do oiro em pó todo o es
meril q. ajuda o seo pezo (2 1 ).
Parece q. tenho assaz mostrado as utilidades q . necessaria
mente se hão de seguir da introducção rio dinheiro moeda nas tres
Capitanias de M inas; porem esta muda de tal sorte se deve diversi
ficar em cada huma das Capitanias, q . bem se conheça, q . esta moeda
he deste e não ¿aquella Capitania.
Aquellas forão as cauzas da decadencia de Minas rotiforme
observei Itá 40 anuos, e este são os meios q. cogitei capazes 'le reparar.
Fosso errar, posso enganar-me c ítem sustento que sejam solidas as
razoens q . dou: porem estou certo que qualquer dos meios apon
tados posto cm pratica seja pelo moría q. for. he capaz ¿augm entar a
Real Fazenda e de felicitar os povos das tres Capitanias de Minas, e
sc parecer q. me adianto, ou que, são errados os mens juízos, dezejo
q. a Real Academia os corrija e meiderando-vs como defeitos nascidos
da Ignorancia ou descuido, e nunca de prevenção ou interés.-e, pois
que estando eu nas Minas ha quatro annns, não possuo escravos,
não tenho fabricas, e nem alguma outra occtipaçáo se não a ele dictar
as preliçoens da Filosopliia. Racional e Moral aus titeos ouvintes e
por i.-so longe de partiei|>ar das utilidades q. podem as Minas dar
com o seo melhoramento, e só o amor, e zello patriotic» me <>' rigão
»u ptiderão obrigar-me n fazer patentes os meus defeituoso» ;-cmi-
nientos*
A memória sobre o Rio Negro era dada como perdida por (plantos
estudavamos os assuntos amazonenses. Manuel Barata, o eminente
historiador paraense, a ela se referiu nas Efemérides Paraenses. P a
Memoria sobre o Pará não havia, porém, sequer referencias ex
pressas nos trabalhadores dos Umas do extremo-norte. Manuel Ba
rata, em cuja riquíssima coleção doada ao Instituto Histórico fomos
encontrá-la, nada dizia a respeito naquelas suas preciosas £ ¡cinerides.
Mais ampla que a outra, mais elucidativa, atingiu, no entanto,
mais firmemente as finalidades por que foi escrita, levando o governe
de Dom João a lançar suas vistas sôbre a Amazônia, nela fazendo rea
lizar um inquérito de extensão e profundidade de que foi encarregado
o próprio signatário da memória.
Vejamos agora, nos limites de uma nota singela, quem foram os
dois autores, como se credenciaram para elaborá-los, como passaram
pelos quadros sociais do Brasil norte naquela fase de tão intensa ati
vidade civica conto foi a do pré e postrindepmdência.
O Dr. José Maria Coelho, Visitador do Rio Negro, exerceu igual
mente o posto eclesiástico de vigário geral da Capitania daquele
nome, hoje o Estado do Amazonas. Transportando-se para ali por
determinação de Dom Romualdo de Sousa Coelho, percorreu a Capi
tania nos trechos em que ela se encontrava ix-upada e trabalhada pelo;
colonos luso-brasileiros. Instalando-se em Lugar da Barra, hoje
Manaus, um núcleo urbano que principiava a espontar para a vida
política como sede efetiva da administração pública, esteve presente,
sem atitudes nervosas, aos acontecimentos que marcaram o fim do
absolutismo e do domínio português. Homem sereno, não encontra
mos seu nome entre os elementos do clero que então atuavam, com
tanta intensidade, na Amazônia, nos sucessos partidários. Sua atua
ção como pastor dos amazonenses foi uma atuação ponderada. As re
flexões que escreveu revelam o estado dalma de que se viu possuido
em face da decadência que atormentava a Capitania depois do ciclo
construtivo de Lobo d'Almada. E ' certo que não deixou obras de vulto,
conto vigário geral. Faltaram-lhe recursos financeiros para qualquer
tarefa, mesmo de pequeno vulto. Os poucos trechos de sua corres
pondência com Dom Romualdo c com as autoridades superiores da
Capitania Geral do Pará deixara ver claro a impossibilidade de que
se viu cercado para trabalhar com frutos preciosos.
Já não se pode dizer o mesmo do major José de Brito Inglês,
que escreveu a outra Memória' Nomeado a 17 dc dezembro de 1811
capitão de infantaria e ajudante de ordens do governo do Pará, ali
se manteve durante sete anos, quando seguiu para o Rio de Janeiro,
segundo se depreende de suas palavras. Viajou pelos sertões do Ma
ranhão, Piaui, Ceará. Pernambuco e Bahia. Na Córte, depois de
— I ll —
Barão dTtapicurú
merim
1829 —
anno de 1823.
segundo o milhor calculo tem <lc circunferencia 880 leguas, c que coma
desde a montanha de Parentins print.’0 ponto desta Capitania athe ao
forte de Marabitanas ultima Collonia Portugueza 450 legoas, sem o
estado me dar Embarcação, gente, e Subcidios para a sua inantençã"
hera hum obstáculo p." mim quazi impossível. q’ falto de pagant.'" das
minhas Congruas, e sem recursos proprios, c desponiveis, iazião es
pirar os meus dezejos no momento mesmo em que nascião. No meio
pois destas privações, restava me só o recurso dos meus amigos, e
forão estes, e os rebates das minha» ordinarias, q." m : fez acreditar
de que mais faz q.“ quer, do que quem pode.
E x aqui a onrosa Provirão de S.E-" R."“ I). Romualdo de Souza
Coeiho. por M de Deos e da S.'* Sé Apostólica, P.ispo do Grão Para,
e do Concelho d? S.M .' 1’ Fidelissima que D.* G.’ — Aos que esta
nossa Prov.*“ virem Saude e Benção. Fazemos saltcr que não po
dendo nos ainda por urgentes motivos, é (em branco) de Negocios
mais arduos satisfazer a<> vehemente dezejo que temos de visitar
|>essoahn "' o nosso Bispado, e tendo muito cm consideração o bem
espiritual do nosso Rebanho facillitandolhe os meios da sanrifficação
mediante a Graça dos Sacramentos havemos por bem delegar ao M
R?1" D."’ Jozé Maria Coelho Vig.' Geral da Capitania do Rio Negro,
pello bom conceito que fazemos da sua probidade e zello, <> poder de
vesitar aquella Capitania, e de conferir o Sacram?" do Crisma em
quanto não mandarmos o contrario. Dada nesta Cidade de St. Maria
de Belem do Grão Pará sob o nosso signal, e sello de nossas armas,
passada pela Chancellaría, e registada a onde pertencer, aos 30 dias do
mez de Agosto de 1821 anuos. Lázaro Antonio de Azevedo Cordeiro
q’ a escreví. Romualdo Bis]>o do Pará- Lugar do sello. Teg.'J af
18 do livro n.” 19. do Reg?" das Provizõcs Pará I." de Setembro
de 1821 — Azevedo Reg.,M de f. 4 do Livro do Reg?" desta Capitania
e Vig.' Geral de St. Jozé do Rio Negro: Coelho.
Determinado em fin a enxer meu Menisterio. e feito» aquella»
provizões q* estavão a meu pequeno alcance, foi o meu Am “ João
Lucas da Cruz da Villa de Moura, quem me emprestou huma Embar
cação analloga para a navegação deste soberbo Rio, facillitando me os
seus Tndios |xtra a minha Equipaje, e foi tão liem o dia 10 d; Julho
de 1823 a quelle em que principiei a minha derrota.
Persuado-me não ser importuno em dar prim.'" huma ideia gera!
desta Capitania, seus limites. »-us Governadores, suas Fortalezas, como
também o que observei na dilatada navegação do Rio Negro, que dá
o nome a este Estado, e que podendo ser o mais rico do Brazil, pela
sua situação, toda cheia de Caima*. e toda navegavel. he hoje o mais
infeliz e o mais pobre de todas as pocessões Protuguezas.
— 114 —
CAPP." 2."
Rio Xeyro
PAKAGRAFFO 1.
mais, para esta sagrada Imagem huns brincos e Rodeados de oiro com
Diamantes prezo a Imm cordão tãobem de oiro. outro par de brincos
d? prata com petlras brancas, e mais hum Collar de oiro com Imm
Coração de íilagrama, os Estrados da Igreja estão feitos de novo;
a Pia Bauplismal a ponto de caliir ser (em branco) de hum bom gra
dam.'1’ — Todas as Janellas. Tribunas. Pulpitos e Altar tem seus Cor
tinados novos: Tem hum bom Reallejo que supre o orgão na festivi
dade que só elle importou cm oitenta mil reis; mas tttdo isto feito de
esmollas. a minha custa c da pobre fabrica, sem o Governo nada desse,
porque a tudo se diz não ha. <> estado desgraçado desta Igreja |xir
falta de ornamentos como já disse, consequência infalivcl do pouco cazo
dos Governos que aqui tem havido a muitos dos quaes ett mesmo mos
trei as Vestes sagrarlas no estado que digo, lie a primeira prova da ver
dade como que von a fallar da lamentável decadencia em que achei e
vi as Igrejas da Capitania, porque se esta a fasse do Governo tem
sido assim tractado. q’ forão aquellas q’ se aehão tão distante e sem
parrochos. Foi pois o dia 10 de Julho de 1823, com q' principiei a
sobir o Rio Xegro. com seis homens de remos, bum piloto, e hum meu
Creado, deixando em meu lugar o R.4 ” João Mog.“ Picanço Vigário do
lugar d • Avrão, não me demorei cm parte alguma e ehegnei ao referido
lugar no dia 15 do mesmo mez: nesta (em branco i jornada deixei a
direita o Sitio de Tarumã, onde antignt."' houve huma Povoação de
Gentios deste nome, e da nação Aruaqui. disse que esta Xação tendo
em guerra acabado a Xação Tarumã, os da Xação Aruaqui forão fun
dar Ayrãu catequizadas pelos Religiosos Carmelitas calçados também
deixei a minha direita o Rio Atma-rcna, tributario do R. Xegro, a que
os brancos chamão Anna-vilhcna. Suas agoas são pretas, e fazendo a
sua junção com o R. Xegro. ambos formão Ilhas de muita extenção
c tantos C (em branco ) q. liem se pode assignar o proprio leito do
R . Xegro, cujos grandes Canaes da largura do nosso R. Tejo cm a
villa de Tancos em Portugal, juntando-se formão Bahia- e Arocadas
de -I e 6 legoas de largura.
4 leg: abaixo do Ayrão sobre o lado esquerdo, eu jiassei pelo ce
lebre Sitjo da ponta das pedras: nestas se observan muitas rarid ad -,
entre as quaes he o feitio ríe huma pequena Igreja com |M>rtas, janellas.
duas Torres, a porta principa, bum Zimborio e mais algumas figuras
Xãn posso persuadirme q. a bella simetria que ali vein seja natural, e
só efeito do choque q. ali fazem as agoas. penso q. ali ba muito
artificio e q. o Gentio mui hábil para executar o que vê. nestas pedras
flexíveis com qualquer instrument*! de ferro isto fizesse, a q. os Xa-
cionaes chamão o sitio da lgrejinha. Tanto o Rio Anna villana como
os riaxos q. o cercão por este lado, e a q. os Xac.1' chamão Camtman.
Alapucova c Vourivan, são habitados da Xação Antaqtlis: Esta Xação
on Tribu ȋo tem signaes, ou disformidades, industrial's, em regra
todos ancião nús. e as Mulheres emfeitão se com huma fita tecida de
palha <). ellas juntão das cores q . querem nos braços, em baixo do
sovaco, nos pulsos e nas pernas por sima, e abaixo do juelho, do mesmo
modo cnfeitão os setts filhos q . trazem ao peito; os homens uzão de
arco e fi xa e lanças ervadas. dizem q. ainda hoje comem carne
humana mas q. isto só o praticão com os prezioneiros q . fazem das
nações inemigas.
PARACkAFFO 2.*
Povoado dc .dyrão
Sobranceira ao Rio Negro ao lado esquerdo da sua sobida, ou
margem austral deste Rio a sua situação be levada dos Ares, e livre
por'todos os lados de Pantanos, que a experiencia tem mostrado tra
zem sempre comsigo a morte. Conta II fogos — 2 Ruas cheias de
matai — hum juiz e sen Alcaide tínicas pessoas que habitam. 11 Cazas
cobertas de palha, quase cahidas. A Igreja meia cabida — o seu
Orago St. Ellias. O Parroeho cabido. Amigam.1" fabricava.se e fiava
se algodão pelo Armazém real. Desde Ayrão the Moura vem 2 Rios
na margem Austral — 1." jan. 2.'1 ba Gentios, agua lie preta, oleo Co-
pabvba <• salsa, na margem do Norte lie o Rio Joguapai com agoa
branca, tem Gentios Arusqui.
Cravoeiro (Povoação)
Saltitifero, na margem austral ou a esquerda subindo. os 1.'"' fun
dadores forão das Nações Mauáo. Paravn-ana. Moranacu-acena.
— 126 —
ciáis Dcozes — hum chamado Mavari, que era o Autor de todo o bem.
e o outro por lióme Sarava, que era Auctot de ttxlo o nial. Tliomar
1 m arg: austral. D . Jozé 1.’ deu (oral de villa, hojv 1.? fogos antes
780.. dcsappereção os edificios, ainda grandes larangaes. Algodão.
Cacao, Pinheir . . . Piassaba, Mandioca — hoje não da o dizimo dos
dizimos, <trago N .S . do Rozario.
Saín de Thumar 15 S e t: p.“ lugar de Lama = longa cheguei no mesmo
día, íoi fundado pelos Afanan. Bare, e Bamba. marg: austral — de-
ífo n t: huma ilha. I 350 fogos). hoje 13 —
Drago St Jozé.
17 Sept: de lam a longa 19 á St Izabel — Morro Javami a esquerda
ria sobiila do rio, na sua raiz he a primeira Caxoeira passa-se á Sirga.
2." Cachoeira perto de St Izabel. esta Povoação he a seg.'1” que fica a
direita, vê-se de long.-: edificado pelos Indios Vaupé — (2000 fogos)
hoje 19 fog: havia fabrica de Anil. Sabi 23 Setemb: 24 Set: Povoação
de Boa Vista, a esquerda da sobida, fundadores os In d : Mapuri e Ma
(cm branco) (300 fogos) (hoje 18. Drago N .S . da Saude.
24 Set de Boa Vista — 25 à Castanheiro novo, prossimo á esta Povoa
ção ha a 3." Caxoeira. descarrg: puchava a (em branco) fabrica de
Anil perdida está a direita a sobida do Rio — fundadores Ind: Ma
puri, Bare, M (em branco) (700 fogos) hoje II. Drago St Antonio
de Lisboa
25 Set: de Castanheiro — 26 a l’ovoac: de N .S . do Carmo — a
direita sobinilo — grande Bahia na frente — Neste Porto a 4.“ Ca
xoeira — fundad Pichuna que pintas a Cara de preto athe aos Olhos.
Drago N. S. do Carmo (300 fog) hoje 7. (antes Campos: plantados
de anil desde St Izabel até Marabitan por ordem do Gama).
27 Set. de X .S . do Carino, fui atravessar a laica do Rio Caboris a
direita da Sobida do R. Neg." — aguas brancas, na embocadura deste
Rio a Povoação das Caldas — (400 fog) N .S . das Caldas Drago)
hoje s?m Igreja — sem povn. (Castanheiro St Carmo lambem sem
Igreja) -
5.“ Caxoeira - 6.* Caxoeira ao Porto da Sra de Loretto a mais p<-
rigoza — Povoa: da Sra do Loretto, esquerdo, fund: Mapure Bare, M
(em branco) (700 fog) hoje 9 — sem Igreja e outros Estabeleci
mentos cahidos — 28 Set: Capclla de N . Sra. do Socorro — a direita
— mesmo dia (28) a Povoac: St Jozé, fund. liaré ROO fog: hoje 16
a direita ria sobida — grande Enseada —
Povoac • de Castanheiro velho é Camtmde — assitna deste Povo
7.“ Caxoeira descarregado — nada existe inais da Povoac: teve por
Drago St Antonio de Lisboa, (a direita) — (300 fog)
Contunde a esquerda teve 400 fog: Drago St João Nopomuceno —•
hoje mais nada — 29 Setemb. da Povoaç: de St Jose — à Povoa, rlv
— 128 —
habitarão ella fica tia e-qiivrd.a da solida do Ri), hum para acima do
celebre Ri<> «Ias TrombetaS que entra no Amazonas pelo direito, e pou
co abaixo do rio Tupinaharana que faz a Mia junção com o mesmo
Amazonas pelo seu lado esquerdo — dizem que aqui morava as Ama
zonas. que cautberizavani o peito direito |>ara melhor I )e~emv<>lvercm
-cus Arcos. Entra no Rio das Amazonas depois dos dominios portu-
guezcs 140 e tantos Rios (SO k g : entrando no mar) 60 leg: sem per
der a cor. Amaz: tem ilhas de 10 até 20 leguas de comprido, traz
grandes arvores antigas e como a terra mesma, que vai enterrar no
Todos os annus o Amaz: declara uma guerra destruidora aquelas
colinas que ficão mais a sna alcançe Cabiam matos inteiros nas
correuléses e com estrondo perigosas as Emliarcações.
Soliititwij 1824.
Boa vista. 16 fogos ( 169 pessoas) <\'ac: Juri. Passe, Churiiniia. Rio
Içá. Capel X .S . do Carmo — Posto militar de II Sold, e o tomam
muito febril da Iw c a do rio té o Posto militar lie um bom dia de
viag-rn, a dinita a subida. 2 pessas de ferro de 1.
Capella do Esp. S t : de Tonantins. 23 fev: 17 fogos (195 pess. Fonte
boa. 27 fev: 35 fogos, tatitigam." 200) I milha distante da barra
do Amaz:
Alvarcns 4 Março — 28 fogos (120 antig)
7 Maio Villa de Ega — (travessou o Rio Teffé a Nogueira).
10 outra vez em Ega. ( kÍ fogos sabia 15 Março
23 M : a m va Cnpella Mathias da Costa — Cap. da S . St Amia —
sabio 28 e 29 de Março a Fort: St Jeteé
(4 Visita)
. tñiin 1825— Kio /Iraitm
Sabio de Si losé 16 Dbr: e 22 I ': ao Porto d? Ayrño.
25 a M oura. 6 leguas ns-irna da villa de Mourn está a boira do Rio
Branco, cll ■ v.'iii huma milha de largura. mareadas Bahia- dohrc-m a
largura, tem muitas ilhas, e as margem uma areia grossa e vermelha,
depois dr dois dias de viag. ve-se uma Serra altiss: cliam: taru m á —
Povo para cm nutro tempo houve Ind: Macoxi. Caripiina. Attian.
Paravicná. Saptirá. Paravilhnnn, Capixana. l'ixutia. Aptísima, e ou
tras. Povuaçíifs que atiles existirem são St Ant Almas. St. Barbara.
St Mortinho. Si Feiippe. Conceição St Maria, c S. Bento — hoje só 3.
29 Dbr. I ' Povoaçãn St Maria, fiouei até 5 Jan : 1826. a direita da
sobida 12 fogos, air.ig. 6(X) — malsadiu. pestif-.ro. 6 de Jan : 1/2 dia
de jornada subindo, a Indo direito são as Ruças Imperial's.
— 134 —
Him." e Exm.” S rn r.
niculos: o Pará por i-so não tem podido sabir de hum estado quase
monótono <11 que tem sempre jazido! <) misteriozo espaço de se re
anuos de (m vrrno interino foi hum gol|ie quase morral, que aggravan-
do os antigos abuzos e tornando sem acção as suas forças naturae'
promettia hum triste ím.tiro, quando appareceo, como Astro brilhante,
o actual Governador e Capitão General o Exm." Conde de Villa-Flor,
cujo genio intuitivo conhece cm b r e v tempo o estado de desgraça de
huma tão hrlla Cap.“*: mas sendo ella na razão da sua grandeza não
tem cabido no seu alcance hum remedio repentino, nem era possível...
Contudo, reconhecendo S. Ex.“ mui bem a qualidade da doença, e
o estado delta, partindo sabiamente "do grande principio. que os abu
sos em vão se aliacán directamente se lhes não são substituidos modos
e ideas mais daras e sistemáticas, providencias, e authoridade bem sus
tentada" começou c ni as applicações convenientes de mui t m pestiva-
regtilações. e em pouco espaço de tempo as cotizas temando huma face
nova, apparcceo como niisteriozani.” huma nova época no Pará, on.
para milhor me explicar, huma agradar -I rietliamorphose. que fará
sempre memorável o seu Governo. A moral, c a instrucção Ixtse in
questionável das Monarehias. peso interno que perpetua os Estados,
o Capitel Corintho da Sociedade I12111 estabellecida folgarão lo g o ...
restituindo-se o respeii.i á Rclligiáo. que solluçava abatida cm puro
indiffereutismo: e unindo no Seminario as Aulas de Grammntica 1-a
tina. Rethorica. Philosophia Racional, c Theologia Moral, que desmem
bradas. ou. desprezadas não tinhãu exercício; abrindo-se ao mesmo
temjxi a> aulas do 1." anno de Mathetnatica, e Dezenho: a Tropa, que
- : achava refundida em hum estado quase de nullidade. c onde a re-
laxação parecia haver-sc familiarizado, existia ern sentido amphibiu, a
sem parte, ou huma gr.'' parte dos seus vencimentos: circunstancia
assãs terrível em hunt paiz limitrophe, de necessidade digno de consi
deração militar; mas. não tardou a surgir tiovam.,? fardada, instruida
na nova >irdi-nança. e restituida a hum estado drfini’.’vo de subordi-
naççu. <le garbo, de força e de gloria: ella aprezent.i a melhor perspec
tiva, c Imm Corpo luzido e respeitável: daqui se vê a razão com <pi •
diz Imm celebre Politici — il ne faut ¡¡'un I f omine d'ini certain co
meteré fo u r entrainer afrés lui tons fes nutres, ct fo u r donner le ton
a tóale une Xution.
l)s Indios óloioroza lem brança!!./ que cm outro tempo da ami
gada época soffrião a maior vexaçâo — para applicações particulares
cohonestadas com o Serviço do Contracto das carnes veriles, dos diff "
serviços das arrematações dos Dizimos, e Serviço de S.M ag.', fazen-
do-os por isso afugentar do tracto commum. e assustan<lo-os de come
çarem suas rossas, e trabalhos titeis. e commercials pelo receio d -
serem prestos e subitamente levados a estranho lugar e serviço do qv.al
nunca havião pagamento: já mais querido ápparecer, nem oceuparem-se
— 140 —
cm beneficio da sua lavoura: desgraça rute tem feito hum mal extremo
ao Pará, que falto de braços necessita muito dos seus lmliginas, c estes
de hum sistema a toda a prudencia! S .F .x ? o General actual sem
perda de tempo declarou millo, e destruiu este sistema fatal, obrigando
os Coutractadorcs a njustàrèm-se com os índios, não sendo estes ja
mais prez:*. ou, chamados senão pant o Serviço indispem-avcl de
S.Mag.'' para as camas, que transportan os Destacamentos, ou. em
barcação. mie salte ftliê Maranhão, ordenando com esjieciai menção
os seus vencimentos. Eis huma Caliza effecient: da infelicidade do
Paiz, quero dizer a vcxaçân antiga dos índios.
RECONSTRUCÇAO, que deixada a si mesma para assim dizer,
consumia hum fundo considerável de dinheiro, como he fácil tic ver
pelo temp i title empregava, <■ pelas emitas dadas pela Junta da Real
Fazenda, não devendo hum interesse effective c zelozo se faria dis-
petidioza. e annullaria os gr." meios do ]miz : se hum General laboriozo
nãu vigiasse, e promovesse tão fortemente o seu trabalho e circunstan
cias, im|«iriambi-llie as cotizas mais míniiciozas, contando, e conhecen
do os Offici.aes trabalhadores, e empregados, e estimulando a reconhe
cida actividade. e zelozo inter -ssc do actual Intendente Interino; de
maneira que o Pará depois de hum esyido de desventura ve nos sens
Estaileiros na Cidade huma grande fragata de guerra, e huma escuna;
:■ me consta agora, cm Marapa mitra escuna, e etu a Villa da Barra
du Rio Negro huma mitra. Ah. e que foco de delapidação. mie con
sequências tão mortais, e tão lesivas á Real Fazeda uño facilita a
rcla.xnção. < o punco cazo norte importante artigo de Construcção I !
A Capitania do T'ani he a única, un - tem muitos rslalieleeimcnios de
S.M ag.’ productivos de hum cmnnierciu intento, isto lie. de huma Uli
lidade exper num.tda eni proveito da Fazenda Real, cuja administração
e; eni.mica combinada cmn a geral da Capitania pride fazer o Pará
ta lv z indep súdente dos Contingentes qitc recebe do Maranhão.
A Serra-ia, e fabrica de madeira destinadas á eonstrucção. <■ mie
simultaneamente -i-r-.i o cedro, louro, etc-, para vender-se aos Parti
culares por con'a da Fazenda R al. one ventagens não podem of ¡crecer
• e cilas forem inspeccionadas, c administradas com zelo, e interesse?
Porque, sendo os trabalhos feitos pelos ludios daqtie'les arredores, r-
vencendo mod :cos salarios, e sendo a madeira limita; ciar - -e vê. que
as ventagens serão sempre na razão do trabalho, ou.- ja mais lie inútil,
n-ni soffre empate. >• na razão da madeira, e por consequência lui tal
i-stabv!erim< mu deve s r olhado com vigilancia, e o seu fiscal responder
pelos cones da madeira, pela serraria, e pelo numero da gente empre
gada. e peas f rranientas. que recebe, fazendo hum ramo <lv arreca
dação s-pararlo, que laça conhecer a sua vantagem, ou, possibilidade,
ou. prejuízo p.“ em consequência se remediar, prevenir, c promover-se
— HI —
Estes, e outros sem /' abusos que estão ao alcance dos meus co
nhecimento'-, talvez tenhão apenas grande vulto na m ? pequena esfera,
e no meu Patriotismo, que m.19 se influe com a urdem: não duvido:
Mas, a Cap?” do Pará não está no mesmo estado de commercio em
que antigam-”' estava há 15. ou. 20 annos anteriores: ela tem crescido
cm agricultura; em Engenhos, e em mais commcrcio, c at he no da
Escravatura, que não tinha: por consequência as ventagens devem ter
crescido, ou. os seus rendimentos, que tinidos aos Estabelecimentos de
S .M a g / fazem, ou. devem fazer hum fundo considerável das R.*u<la>
Reaes: as >uas despezas haverão crescido, mas ja mais em razão dupla
dos setts réditos... E hc de notar athe, que acUialm.*® se consonrm
objectus de luxo, que erão desconhecidos, c cujos direitos augmenta
rán; e novamente existem impostos cm gêneros uue nunca os ti verão,
como mel, milho, etc. r que se estão exportando para as Ilhas de
Sotavento.
Dezcju concluir — Que finalmente m? parece, que o Pará tem
rendim /" |»ara a sua despeza. e que talvez possa ser independente do
Contingente de Maranhão: Ou, ao menos com elle poder sustentar sem
pre alguma construção de navios de guerra, sem vexame da Fazenda
Real.
Com u maior respeitp pois submetto á reconhecida prudencia e sa
bedoria de V.Ex." todo u exposto nesta memoria, que contem vagas
reflexões sobre o Pará: esperando a protecção de V .E x .“ na certeza,
que os llomens são como a moeda, e valem o que os seus Protectores
querem, que valbão; podendo assegurar a V .E x ? que as minhas idea-
são filhas do meu patriotismo, c dos meus dezejos de ser util de alguma
sorte ao Serviço de S.M ag. 1 além d’aquelle em que diariam-1'1 me em
prego na dita Cap.n “ v se ellas não são novas, como creio, servirão au
menos de estimular o bom serviço de S .M a g /. E eu contentando-mi
de não ser o que não devo ser, continuarei sempre satisfeito a servir
exactamente; e disto farei, como disse, o meu merecim.’® esjxjrandu
contudo a fortuna de V.Ex.* e S .M a g / recontare rem a m “ m.,u fiel
vontade, a animo independente ao Seu Real Serviço. E achando-me
em dcligcncia nesta Corte há mais de quatro mexes: permit*»' V .E x.
de chamar sua attenção e sensibilidade ás circunstancias de hum O ffi
cial. que tendo sempre vivido só de seus limitados soidos com família:
nâo pode demorar-se nesta Corte s?m vexaçãu manifesta de suas pro-
porções, e ]>or isso regando n lembrança futura de V.Ex.* me apre-
zento á Justiça, c Integridade de V.Ex.* para que despachando-mc
agora, me dé a duplicada ventagem de aproveitar o tempo de servir
cum hum General a quern, tcndo-sc a n vista as circunstancias do Pará
depois do maravilhozo espaço de 7 annus de Gov.9 Interino com razão
se npplicar o que. Tácito diz de Ncrva = Rciolim dissociabilcs mintiit,
— 153 —
De V.Ex.»
Rio de Janeiro
23 de Novembro
18J9.
Somma 1 :170
— 154 —
Somma............................................ 504
Milicianos na Cidade
■(.) Primeiro Regim.mU.............................................. 107
O Segundo.................................................................. 143
O Cor|»i dos B om beiros.......................................... 136
Snninta..................................... 386
Senhores:
Esforcei-me para fazer desfilar diante de vós. neste ambiente de
cultura refinada e centenária, lembranças e emoções daqueles dias
passados cm que. juntos, vivemos duras e longas jornadas de tra
balho, de afãns c de glórias. E quizera dizer-vos, com as mais cate
góricas e persuassivas palavras que, animados por aquelas grande-
lembranças e à sombra tutelar das ilustres figuras que as povoam
e enobrecem, os historiadores do Uruguai e do Brasil devem adorar
essa herança comum, como se defendem e adoram os valores morais
e culturais que formam <> patrimônio espiritual das nações.
VIDA E OBRA DE ADOLFO MORALES
DE LOS RIOS
Conferencia pronunciada pelo professor Adolfo Morales de
los Rios Filho no ato de sua posse no Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro
ctscendência — De estirpe nobre, dos Morales de Castela. con
tava — Adolfo Morales de los Ríos — entre setts ascendentes, diretos
on colaterais. desde o descobrimento da América até nossos días: Dom
Pedro tie Morales, I.” governador da Terra Firme v. ttm dos primei
ros companheiros de Francisco Pizarro na conquista do Peru: Dom
Juan de la Torre, outros dos poucos fiéis companheiros de Pizarro;
Dom Juan de Solorzano y Pereira, ilustre filósofo c escritor, cava
lheiro tía Ordem de Santiago, conselheiro de sua majestade nus Su
premos tie Castela e ludias. autor da célebre obra /)<• Indiaritm Hex
Disputationes, ou seja. Política Indiana, em dois tomos in-fvlio
(1736-1739), dedicada ao rei Felipe IV e escrita em l.ima: sen tata-
ravó Dom Andrés de Morales y de los Rios, nascido na antiga Ciu
dad de los fícyles (atual Litiuii, que fui. ali. tima tías autoridades
mais importantes, tendo fundado a Casa da Mocda; os Pareja, ori
ginarios de Lima, dentre os quais se destaca a célebre dama Marga
rida Pareja c u vencedor e rlepiis vencido e morto cm Conceição do
Chile, na guerra da Independência: Dom José Manoel Pareja, almi
rante espanhol, ministro da Marinha da rainha ísaliel II. morto em
ação de guerra defronte de sua terra natal, o Callao — meados do sé
culo XIX — tio do meu progenitor c irmão postiço de seu pai; Dom
Javier de los Rios. Dom Manuel Cayetano Luyo e Dona Rosa Maria
Morales de los Rios y Salazar, casarla, com Dom José de Salazar y
l'rdaregni. todos da cidade de Lima, no Peru; Dom Bernardo de
Luque y Mañana, do Conselho de sua majestade, ouvidor honorario
da Real Chancelaria da Cidade de Valladolid e corregedor ría Pro
vincia de Guipúzcoa, na Espanha; Doua Maria Teresa de Morales
de los Ríos, casada com o governador de Montevidéu Ruiz de Iíui-
rlobro. que dali expulsou os ingleses, e que. devido à fuga do vice-rei
Sobremonte, chegou a ser vice-rei do Ri» da P ra ta: Dom Francisco
— 171 —
se, pois, aos fenicios a fundação da antiga Godes. E até ali chegariam
gregos c rumanos, sendo erigido uní templo a Hércules, no qual
fizeram sens votos os grandes Aníbal e Júlio César Gudes constituiu,
a seguir, o último lialuarte do ixiderio cartaginés. Depois, quando
habitada por inúmeros ceteranos de Augusto, receben o titulo de
Augusta urbe Julia Gadditaua. Tornando-se árabe, foi reconquistada
cm 1262, pelo rei Afonso, o Sábio.
Cidade esplendida, dotada de valiosos monumentos. Cádis tem
cm volta de si lugares e povoaçôes ligadas á história do Brasil e da
América: os portos de Santa Haría e de Sttnlucar de Rarraiueda. dos
quais partiram tantos navegantes c expedições etn direção aos tró
picos. Assim, de Santa María, amigo Porto Menestra dos fenicios,
partiu, em 1940, o já referido Alonso de Ojeda, levando cm sua
companhia ao piloto Juan de la Cosa e ao então negociante Américo
Vespúcio. E foi de Sflti/iícur de Rarraineda (a romana Oleastruin)
que zarpou Cristóvão Colombo. em 1498, para realizar sua terceira
viagem á America. Dali Femão de Magalhães empreendeu, em 1510,
sua viagem de circumnavegação. E a ela viría ter Elcano. em 1522.
depois de ter realizado tal façanha.
Na mesma, foi jurada a Constituição, organizada pelas cortes,
de tão grande influencia com relação ao absolutismo dos reis. Sa
bida é a repercussão que a Constituição espanhola teve no Brasil,
onde Dom João VI foi obrigado a jurá-la. na falta de outra.
Lembraremos, como mais um elo de ligação de Cádiz com o
Brasil, que seu nome figurou, quase todos os dias dc quatro lustros
seguidos, na imprensa do Rio de Janeiro, pela mão do ilustre coman
dante Luis Gomes, progenitor do brigadeiro Eduardo Gomes, na for
midável canipanlia que desenvolvera para unir, por meio de freqiientc
navegação, aquela cidade com o Recife, e para estabelecer portos
francos em an dias.
Naquela cidade. Morales de los Rios projetou c construiu o Grau
Teatro, dotado de amplas proporções e obedecendo ao estilo mudijar.
isto é. o dos áralxs que abraçaram a religião católica. Em a noite
da inauguração conheceu Maria Rita de Cuadra y Amenabar que
havería de ser — após o consórcio realizado a 29 de julho de 1886
— durante tantos anos, a espôsa fiel e dedicada. Possuidora de líelo
rôsto e de airosa figura, grande inteligência, elegantíssima no trajar
e no andar, simpática e alegre, incomparável mãe de três filhos, exem
plar dona de casa, — se impôs à sociedade espanhola e á da cidade
da Carioca, de que foi uma de suas grandes damas. Nascida naquela
cidade a 29 de dezembro de 1863, aqui veio a falecer com 48 anos de
idade, a 7 de março de 1911.
■Sun Sebastian: trampolim pura. a A m M ca . Os últimos anos de
sua vida na Espanha, os viveu Morales de los Rios na capital da pro
víncia de Guipúzcoa: Suit Sebastian. antiga Uruchulo. Essa provin
cia é unía das quatro chamadas vascongadas. sendo as demais Na-
leirra, Altaica e I'isatya. tendo, respectivamente, como capitais as ci
dades de Pamplona, Vitória e Bilbao. Ocupam essas provincias um
território montanhoso — sede da grande siderurgia — onde vive uma
antiga raça, forte e nobre, que fala o vascuence. Raça antiga, pois
suas origens estão mergulhadas nos primordios do homem da Eu
ropa: furte, |>ela sua robustez e saúde: nobre pelo seu caráter.
San Sebastian — conhecida como Piróla do Cantábrico, ocupan
do situação belissnia. como uma bahia que muito faz lembrar a de
Botafogo, c. em si. não menos líela e importante. Contém amplas
avenidas e praças. Iiairros pitorescos c bem construidos, edificios no
táveis; valiosas instituições culturais.
Mas existem outras analogias entre aquela cidade e o Rio de
Janeiro, além da antes assinalada, porquanto segundo escreveu Cons
tantino de Eslá: En focos sitios conto <•« San Sebastian cs (uh per
ic ia Ia conjuncitín del mar y la montaña; Rio de Janeiro cm peque
ño, con robles en ves de palmeras. S i alguien quisiera trasar parale
lismo, la tínica linca semejante c la de la capital de Guipuscoa es la
que ofrece Rio. La bahia, los casinos, las playas, los montes sobre las
casas, todo tiene una siniilitud que sugestiona, que pone de acuerdo
al trópico con b v brumas y al caf; con la sidra. A isso convém acres
centar que muitas de suas avenidas têm liananeiras como flora deco
rativ a...
Na limpissima urbe existem coisas que lembram o Brasil. Assim,
há uma rua com mn neme familiar aos brasileiros: Oquendo. O almi
rante do mar Oceano, Dom Antonio de Oquendo, fo: quem saiu da
Bahia a 1 de setembro de 1631, comandando a esquadra hispano-
portuguésa a fim de combater a esquadra na altura dos Abrolhos a
12 do mesmo mes. Sai vencedor do encontro militar mais sangrento
dos ocorridos nas águas do Brasil — na opinião do liarão do Rio
Branco. — emboca com grandes perdas e lamentando a marte de seu
colega almirante Francisco de Valecila. Ñas Casas Consistoriales há
dois quadros que figuram a façanha do filho de San Sebastian. E urna
estátua de Oquendo, ao lembrar novamente o nome do Brasil, imor-
taliza-lhe a figura varonil.
São também líaseos, e muito ligados à historia do Brasil, Juan
Sebastian de Elcano. Santo Inácio de I.oyola e n |>adre Juan de Az-
pilcueta. o Navarro (assim cognominado por ter nascido na provincia
de N avarra). Dos mencionados. Elcano esteve na Bahia de Guana
bara. como integrante da frota de Fernão de Magalhães. Santo Igna-
— 177 —
"A O M O RALES"
que jaziam abandonadas nas suas casas e nas habitações dos altos
morros e das longínquas estradas. E como era meticuloso em tudo,
organizou um detalhadissimo tombamento dos socorros prestados, tão
humilde quão devotadamente. Esse ê um documento que honra um
homem.
Afcrfre de Energia — Espiritu construtor, |>or excelência, sem
pre disposto a animar, aconselhar e ajudar, jamais se deixou vencer
pelos desgostos c tristezas que a vida tão frcqitenre e implacavel
mente proporciona. A s penas e dissabores não lhe entibiavam o espí
rito forte; ao contrário, elas contribuíam para que lutassem com mais
deriodo. Pode-se dizer, sem exagero, que o seu estoicismo diante da
adversidade tinha muito de heróico; raiava mesmo à sublimidade.
Para a frente, dizia; c para a frente, sem recuo, sempre andou.
P or tudo isso, êlc foi, incontestàvelmente, um grande professor
de energia.
O Cavalheiro — Cavalheiro, na verdadeira acepção do termo,
recebia os amigos cm sua casa — valioso museu de arte — com a
fidalguia de sua gente. A sua mesa, fina e variada, sentaram-se as
figuras mais representativas da é|M>ca em que viveu.
Grande filósofo, compreendia a humanidade e era tolerante com
os erros e maldades alheias. O que não suportava era a ignorância.
Por isso classificava os homens em preparados e ignorantes.
Perdoava as perfidias e injustiças. Sómente se aborrecia um
pouco quando o atacavam pelas costas. Agia de viseira erguida e
respeitava o adversário que nobremente terçava armas. Quando o
amarguravam muito, extraia das páginas do Dom Quixote as pas
sagens que melhor se aplicavam a cada caso. E . assim, acabava rindo
dos homens e das coisas. Outras vezes, era na Imitação de Cristo
que procurava lenitivo )>ara as tristezas da existência.
Católico Apostólico e Romano. por principios tradicionais de fa
milia e jmr convicção própria, seguiu o exemplo do Senhor, não guar
dando rancor e perdoando a todos que, voluntária ou involuntária
mente, lhe tinham feito mal.
Honras r recompensas — Sua fertilíssima imaginação e a enorme
facilidad? de composição que possuía, contribuiram para qtie viesse a
conquistar, como arquiteto, numerosíssimas premiações: 3." prêmio no
concurso para a Creche de Sedan (F ra n ç a ); Medalha de bronze, na
Exposição de Belas Artes de Madrid (1881); 2." prêmio e execução
do projeto do Grande Cassino de San Sebastian (1882); 1? prêmio
no concurso, realizado em 1884. para os mercados centrais de Valencia;
Medalha de prata, na Exposição de Befas Artes de Madrid (1884) ;
Medalha de prata, concedida na Exposição de Horticultura de Ma-
— 186 —
Não é fácil livrar-se desse pêso jacobino que esmaga. militas vezes, es
píritos de escol.
Concorre, além desse humanismo cristão, para o realce de sua vocação
diplomática, n ‘ crcnidade de historiador, revelada sobretudo no julgamento dos
conflitos, dos desentendimentos c dos atritos bélicos. Disso deu provas Macedo
Soaréè na publicação ‘'Falsos troféus de Ituzamgo” (1920).
P. tun elemento que não pode srr suliestimado na apreciação dessa faceta do
ilustre brasileiro. Sabe ver os fatos históricos com superioridade serena,
distante de desarrazoados excessos.
E anima o seu profundo senso diplomático, coroando-o, o espirito jurídico,
a força viva da juricidade, a presença constante do D ireito que define a sua
educação democrática c o seu amor à justiça c à equidade.
Macedo Soares cnquadra-sc no plano dos homens que acreditam no Direito
c na grandeza de sua inspiração humana c social.
Ewcs tres fntôrcs convergem na caracterização do diplomata que ama a paz
pela universalização cristã, que ama a verdade pela fidelidade à história c que
ama a justiça pelo amor ao D ireito.
Sob esses impulsos construtivos, a sua inclinação, naturalmente, tinha de
adquirir uma auréola singular.
O B R A S IL E A S O C IE D A D E D A S NAÇÕES
Com ele, José C arlos de M acedo Scares firm o u a sua autoridade nesses
assuntos internacionais c cquipou-se intelectualm ente para tarefas objetivas, em
que o s.eu prestigio de pu blicista ia ser m obilizado para um a atuação mais intensa
a serviço da p a tria .
Patenteara a sua competência, grangeara renome internacional e firm a ra ,
inevitavelm ente, com a nacionalidade, c o m p ro m is o e s p iritu a l decisivo para o
encargo diplom ático.
A T I V ID A DES D l P L O M A T IC A S
R U M O S D A D I P L O M A C IA B R A S IL E IR A
O E N G E N H E IR O D A PAZ
JO A Q U IM R IB E IR O .
O INSTITUTO HISTÓRICO E O
CONGRESSO NACIONAL
MOZART M Q XTE1RO (•)
LIVROS RECEBIDOS
Abril de 1949
EL AMOR PERFECTO — Ramon S. Varona — Editorial Soleta —
Iji Habana. 1948.
- SUBSIDIOS ESPARSOS PARA A HISTÓRIA DA FARMACIA
CARIOCA Carlos da Silva Xraúpi — Oficina Gráfica Editora A Núitc —
Rio de Janeiro. 194'».
— FOLKLORE DE LA REPUBLICA DOMINICANA - Toinw I e II
— Manuel Andrade — Editora Montalvo — Ciudad Trnjillo, 1948.
LA PROYECCION (¡NOMONICA SOBRE EL HORIZONTE DE
CU DAD DE TRUJILLO — Rámon M. Otzct — Cosmopolita — Ciudad
Trujillo. 1946.
— TRUJILLO — Abrlnrdo R. Nanita Editorial El Diari< — San
tiago, 1946.
— LA GENESIS DE LA CONVENCIÓN DOMINICO-AMERICANA
— M. de 1. Trono so de la Concita Edit. El Diario — Santiago. 1946.
— SEGUNDA ( XMPAÑA DE SANTO DOMINGO — J. B. Lrnmnicr
Delafossc — Edit. El Diario Santiago. 1946.
- LA ISLA ILLUMINADA - .1 A. O ^rin Lizaram — Edit El
Diario Santiago. 1946.
— El. TREFE — German Soriano — Imprensa Dominicana Ciudad
Trnjillo.
— DOCTRINA CRISTIANA PARA INSTRUCCION Y INFOR
MACION DE LOS INDIOS POE MAÑERO HISTORIA Fray Pedro
de Córdoba Edit. Montalvo — Trujillo. 194S.
— CAPACIDAD DE LA REPUBLIC X DOMINICANA PARA AB
SORBER REFUGIADOS Editora Montalvo — Ciudad 'Trujillo. 1946.
BIBLIOGRAFIA DE LA BIBLIOGRAFIA DOMINICANA Luis
Floren Lozano — Roque* Reinan — C A. Trnjillo. 1948.
O DIREITO PENAL MILITAR Dr. Mário T. Gomes Carneiro
— Impr. Militar - Rio de Janeiro. 1949.
— LA BIBLIOTECA ERASMITA DE DIEGO MENDEZ José
Almninc Edit. Montalvo - Trujillo. 1945.
EL REGIMEN DE LA TIRF.FA EN IX AMERICA ESPAÑOLA
DURANTE EL PERIODO COLONIAL - l..>é M. Ot> Caplcqui Edit.
Mm.talvu - Trnjillo. 1946.
Maio de 1949
- LIMITES E DEMARCAÇÕES NA \ MAZA NT A BRASILEIRA —
Dr. Artur Cc*ar Reis — Impr. Nacional — Rio de Janeiro, 1948.
— 198 —
— V IS C O N D E DE M A U A A U T O B IO G R A F IA - Prelado do D r.
Cláudio Ganns — Zélio Valverde — Rio de Janeiro. 1943.
— L U Z A M E R IC A — P rof. D r. Taciano A . Mqntciro - Irmão? Pongctti
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A T E R R A DA VERA CRUZ N A ERA DE Q U IN H E N T O S —
Eduardo Di.» — Ofie. G rid. Lisboa. 1949.
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V ol. - Ernesto Crux — José Olimpio Edit. Rio <le Janeiro 1945.
M O N U M E N T O S DE BELÉM - L* vol. — Ernesto Cruz — José
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Estudante — Rio de Janeiro — 1948.
— PO ESIAS C O M P LE T A S - Manuel Bandeira — I.iv r. E dit. Caw
do Estudante — Rio de Janeiro — 1948.
— H IS T Ó R IA M É D IA DE M IN A S G E R A IS — Diogo L. A . P. de
Vasconcelos — lm pr. Nacional — Rio de Janeiro 1948.
— H IS T Ó R IA A N T IG A D A S M IN A S G E R A IS L* e 2.* volumes
— Diego L. A . P. de Vasconcelos — Imprensa Nacional — Rio de Ja.
nciro — 1948.
- M E M Ó R IA S H IS TÓ R IC A S DO R IO DE JA N E IR O - 7.’ . 8 " c 9."
volumes — JfTsê de S. Azevedo Pizarro c A raújo — Imprensa Nacional —*
Rio de Janeiro. 1948.
— Q U IM IC A O R G AN IC A A L IF A T IC A - Tomos I c II — Mário
Saraiva — Edit. A gir — Rio de Janeiro — 1948.
— PRELEÇÓES DF. T E C N O LO G IA O R G A N IC A - Otto Rothe —
E dit. A gir — Rio de Janeiro — 1948.
— S A N E A M E N T O U R B A N O E R U R A L - V ictor M . Ehlers. C. E .
— Inipr. Nacional — Rio de Janeiro - 1048.
P R A T IC A S A N IT A R IA E R U R A L — H arry S. Mustard — Impr.
Nacioiiiil — Rio de Janeiro — 1947.
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Junho de 1949
OUTRAS PUBLICAÇÕES
Abril de 1949
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vol. X X X II.
— Documentos Histórico», — vol. X X X I «le 1650-1693, v l . X X X II de
1651-1693, vol. XXX111 <lv 1648-1711. vol. X X X IV dr 1692-1712, vol. LX1I
de 1715-1716. vol. I.X IV de 1670-1699. vol. LXII1 de 1715.1716 - Rio
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Janeiro.
— 206 —
CotMuhns:
(Obras) ------------ . . . . . 850 2.405 2.427 5.682
J o rn a is ............................... 310 600 666 1.576
700 800 800 2.390
«I 60 182 302
1— TftAUALItOS OUJÜIXAIS
1. Ico no grafia carioca. Ox rfow « m i/ an ligas panoramas </o Rio
de Jon de a, ( ( ’em cinco fo to g ra fía » ). Por Vforuo de T íiuttay 3
2. M em ória sobre a dcçndência das tres Capitanías e os meios
de as re p a ra r. P o r José M anuel de Sequeira, professor régio
de filo s o fía 11802), Coni uma apreciação de V ir g ilio Corrêa
F i lh o ......................................................................................................... 95
3. Pita s M em orias, C apitania de São Jasé do K in N e g ro (1829)
pelo padre José M a rla C o d h n ; 0 J Capitania da P o n í (1819)
pur José de B r ito Ingles. Com tmm apreciação de A r tu r
Cesar F e rre ira Reis .......................................................................... 109
I I — COXH:R KNCl AS
4 .4 obra de A le ja n d re D nm ns : " M ontevideo an nne ncmvellc
T rote” , po r Arioso.- I) . Gonzalez. ScssHo com emorativa 'In
D ia da- A m éricas. 12 de ab ril de 1 9 4 9 ..................................... 155
5. I ‘ida r obra de .Id o lje M orale s d r ins R ios. Professor A<lol-
fo M orales de Io* Rios I'ilh o Sessile» de 27 <le m ain de 1949 170
I I I — .TKAXSCtlçÔRS
(». José ( arlos de Macedo Soares. por Joaquim R ib e iro .......... 189
7. O in s titiilli H is tó ric o e n Caugresso N acional, por M ozart
M onteiro PM
. . . 1 .
. •■
INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO BRASILEIRO
Carvalho Mouròo
Tavares Cavalcanti
F undos e O rçamentos: . . . . Oliveira Vionna'
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