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RIMBAUD-VERLAINE
O ESTRANHO CASAL
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RIMBAUD-VERLAINE
O ESTRANHO
CASAL
congeminado e traduzido por
Aníbal Fernandes
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os sete narradores:
A p r e s e n ta ç ã o
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A p r e s e n ta ç ã o
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A p r e s e n ta ç ã o
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1.
PRÓLOGO BARROCO
(maio de 1870-setembro de 1871)
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ARTHUR RIMBAUD:
Caro Mestre,
Estamos nos meses de amor; tenho dezassete anos. A idade
das esperanças e das quimeras, como costuma dizer-se — e
acontece que comecei, criança tocada pelo dedo da Musa —
desculpe, se for banal — a falar das minhas boas convicções,
minhas esperanças, minhas sensações, todas estas coisas dos
poetas — chamo a isto Primavera.
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ARTHUR RIMBAUD
(E escreve a Izambard:)
Senhor,
É feliz, o senhor, por já não morar em Charleville! — A
minha cidade natal é superiormente idiota entre as pequenas
cidades da província. Quanto a isto, imagine, já não tenho ilu-
sões. Por estar ao lado de Mézières — uma cidade como não se
encontra — por ver peregrinar nas suas ruas duzentos ou tre-
zentos magalas, esta beata população gesticula, espadachina
prudhommescamente, de forma bem diferente das vítimas do
cerco de Metz e Estrasburgo! É assustador, os merceeiros refor-
mados voltarem a vestir farda! É pasmoso como têm o seu quê
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A. RIMBAUD
GEORGES DELAHAYE:
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ARTHUR RIMBAUD:
Caro Senhor,
Foi feito, o que me aconselhou a não fazer: saindo da casa
materna, vim até Paris! Dei este passeio a 29 de Agosto.
Preso ao descer da carruagem por não ter um tostão e de-
ver treze francos aos caminhos-de-ferro, fui conduzido à pre-
feitura e hoje estou à espera do meu julgamento em Mazas!
Oh! — tenho tanta esperança em si como na minha mãe; o se-
nhor sempre foi para mim como um irmão: peço-lhe encareci-
damente esta ajuda que me oferece. Escrevi à minha mãe, ao
procurador imperial, ao comissário da polícia de Charleville;
se até quarta, antes do comboio que vem de Douai a Paris, não
tiver a meu respeito nenhuma nova notícia, tome esse comboio,
venha aqui reclamar-me mediante carta ou apresentando-se ao
procurador, suplicando, respondendo por mim, pagando a minha
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16.
«TENHO MAIS QUE FAZER»
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gue olhos que se tinham baixado por devoção, vê o seu filho apro-
ximar-se de muletas; o outro mundo não tinha sabido reconsti-
tuir-lhe a perna esquerda. «A mesma estatura, a mesma idade, o
mesmo rosto, a pele de um branco acinzentado, nenhuma barba
mas um pequeno bigode.» O seu relato acrescenta que ele a olhou
«com extraordinária simpatia». Mme Rimbaud desatou a soluçar,
fossem embora soluços perturbados por uma extrema felicidade.
Isto fê-la reflectir. O seu filho não merecia continuar em
campa rasa, e devia integrar o jazigo da família. Em Junho de
1900, depois de o poeta estar desde há nove anos debaixo de terra,
Mme Rimbaud mandou afastar a golpes de picareta e martelo to-
dos os estorvos físicos que dificultassem a obtenção de mais um es-
paço entre os que já dormiam no jazigo subterrâneo e não visitá-
vel da família. As obras de escavação e a exumação dos corpos
foram vistas a olhar frio por esta mulher que enfrentava com força
idêntica os vivos e os mortos. Há, numa carta sua, esta curiosa
precisão acerca do seu pai: «Estava com os ossos muito bem con-
servados, a cabeça completa, a boca, as orelhas, o nariz os olhos;
nada danificado.» Pondo dois corpos na intimidade de um mesmo
túmulo, arranjar-se-ia espaço para o Arthur. Mas antes de tudo
ficar outra vez fechado, quis Mme Rimbaud fazer questão de vi-
sitar o local, não tivessem os operários confundido as suas ordens
sobre quem devia ficar onde era lógico que devesse ficar; pediu
portanto ajuda para uma complicada descida à cripta; que a
agarrassem pelos pés e pelos ombros, e a deixassem cair na cavi-
dade dos túmulos. Naquela escuridão, conseguiu Mme Rimbaud
pregar na parede uma cruz e um ramo bento de buxo. A ascensão
à luz das Ardenas foi mais difícil mas, acompanhada por gemidos
e respirações ofegantes, não impossível.
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CHAVE
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ÍNDICE
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1. Prólogo barroco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2. O intruso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3. Escândalo no Vilains Bonshommes . . . . . . . . . . . . . 47
4. A expulsão do intruso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
5. Caro Rimbe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
6. O regresso do intruso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
7. Uma prisão falhada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
8. O fracasso de Bruxelas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
9. Ventanias, acalmias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
10. O esposo infernal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
11. «L’amigo» . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
12. O processo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
13. O «Loiola» . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
14. O «Solas de Vento». . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
15. O poeta maldito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165
16. «Tenho mais que fazer». . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173
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