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RIMBAUD-VERLAINE
O ESTRANHO CASAL
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Rimbaud e Verlaine em Bruxelas, 1873


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RIMBAUD-VERLAINE
O ESTRANHO
CASAL
congeminado e traduzido por
Aníbal Fernandes
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© SISTEMA SOLAR, CRL


RUA PASSOS MANUEL, 67B, 1150-258 LISBOA
tradução © ANÍBAL FERNANDES, 2016

NA CAPA: FONTIN-LATOUR, COIN DE TABLE, 1872 (PORMENOR)


REVISÃO: ANTÓNIO D’ANDRADE

1.ª EDIÇÃO, JUNHO DE 2017


ISBN 978-989-8833-12-9

————————

DEPÓSITO LEGAL 426400/17

ESTE LIVRO FOI IMPRESSO NA ACDPRINT


RUA MARQUESA DE ALORNA, 12-A
2620-271 RAMADA
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Que estranho casal!


A. Rimbaud (Une Saison en Enfer)
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Rimbaud criança (Ernest Delahaye)


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os sete narradores:

Arthur Rimbaud (16 anos de idade em 1870): Meteoro.


Riscou a literatura francesa como um prodígio. Entre os dezasseis e
os vinte anos de idade escreveu tudo o que hoje incita à maior es-
tupefacção. Viveu e brigou com Verlaine. Depois, quase lhe não
bastou o mundo: corria através dele com «solas de vento», impará-
vel até ao exílio de Harar. Fez uma Abissínia em prosa, com tráfico
de armas e talvez de escravos. Um tumor canceroso num joelho de-
volveu-o a Marselha, onde morreu em 1891. Ao todo, 37 anos de
idade.

Paul Verlaine (26 anos de idade em 1870): Um tempes-


tuoso drama, fermentado com violência verbal e tiros, nasce na
palavra e na inocência de algumas cartas. Tinha havido deambu-
lações a dois — apaixonadas e complicadas com absinto: Paris,
Bruxelas e Londres. O grande poeta estragava já um casamento e
dispunha-se a coleccionar uma boa dose de hospitais e prisões.
(Com Rimbaud muito longe, atrás de um silêncio inquebrável,
feito pelo maior desprezo perante a literatura.) Os últimos anos fo-
ram vividos num Paris de sombra, dividido pelo álcool, por amores
efémeros e pela devoção do terço. Quando lhe pediram um apon-
tamento autobiográfico, meteu lá dentro isto: A sua mãe, que ou-
tro filho não tinha, quis fazer dele advogado ou engenheiro.
Deu em poeta. Teria ela razão?
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A p r e s e n ta ç ã o
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Ernest Delahaye (17 anos de idade em 1870): O maior


amigo de Rimbaud desde os tempos de colégio em Charleville, mais
tarde professor e vigilante de liceus, ainda mais tarde funcionário
do Ministério da Instrução. Interlocutor privilegiado de um génio,
vê-se obrigado a escrever Rimbaud, o Artista e o Ser Moral; Re-
cordações Familiares sobre Rimbaud, Verlaine, Germain Nou-
veau etc. Pertence-lhe a primeira e malograda tentativa de publi-
cação do poeta. Entre Rimbaud e Verlaine dissuadiu tempestades,
acalentou dias de sol. Morreu velho em 1930: cheio de memórias
e entrevistas.

Mathilde Verlaine (17 anos de idade em 1870): Mui-


tas seriam as dificuldades num casamento com Verlaine, apesar
das elegias de La Bonne Chanson. Mathilde vive porém os seus
tumultos como heroína de um romance negro, não poupa ne-
nhuma sombra ao retrato de Rimbaud que sairá mais tarde de en-
tre as páginas de Mémoires de Ma Vie (1935). Em 1874 está se-
parada, em 1885 divorciada. Mas apesar de já ser Mme Delporte,
não se esquece de que foi um dia Mme Verlaine: sempre que pode
escreve, fala, recorda, retoca até mais não poder a imagem do anjo
atraído à cova dos leões. Quando só fala de si, os olhares distraem-
-se: do seu livro extenso hoje são lidos com atenção dois ou três ca-
pítulos — a breve passagem pelos braços de Verlaine, a humilhação
perante a ditadura de um obstinado «rival».

Mme Rimbaud (45 anos de idade em 1870): Viúva de um


marido vivo, dirige a barca dos seus quatro filhos com leme de aço,
pede ao catolicismo severidades, dissolve amores de mãe num
amargo fel. Mal compreende aquele Arthur que foge de Charleville
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A p r e s e n ta ç ã o
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para todos os lugares do mundo, que vive «uma desgraça» com


Verlaine. Grande poeta? Isto o que é, à sombra das suas batalhas
de vida em Charlevilie, da contabilidade sofrida desde sempre
soldo a soldo?

Mme Verlaine (58 anos de idade em 1870): Adiantada


no casamento, consegue ter um filho. Paul habituou-se a ver três
fetos que o vigiavam em grandes frascos de éter, guardados pela
morbidez materna numa prateleira como testemunho de um
drama em três fracassos que o precedeu. (O poeta virá a parti-los
muito mais tarde, num ataque de fúria.) Viúva abastada com
400 000 francos de renda, nem por isso desistiu de coleccionar:
restos de comida, roupas no fio, dinheiro que ia fugindo aos so-
bressaltos, com as exigências de um filho boémio. No fim da vida
estava quase arruinada. Costumava dizer-me durante as nossas
cenas, escreve Verlaine nas Confissões: «Vais ver, tantas me fazes
que um dia vou-me daqui sem nunca mais saberes onde estou. E
foi de Arras descida pela janela de uma casa de portas estreitas,
morta. Desapareceu! E o resto do meu sonho perde-se na angústia
crescente de uma infinita e vã procura…»

Isabelle Rimbaud (10 anos de idade em 1870): De cinco


filhos a mais nova; mas (devido à morte da sua irmã Vitalie) ape-
nas com dois irmãos, Frédéric e Arthur, e uma irmã Vitalie «se-
gunda», poderá dizer-se, porque lhe coube por baptismo repetir o
nome da irmã defunta. Virá a mostrar-se com energias de tempe-
ramento herdadas da sua mãe. Em momentos difíceis arregaça as
mangas. Quando o seu irmão Arthur regressa das Áfricas ator-
mentado por um joelho com uma ferida neoplásica, é incansável.
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A p r e s e n ta ç ã o
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E depois da sua morte sente-se gestora de uma grande obra literá-


ria. Escreveu a editores, a homens de letras, e sentiu-se capaz de
biografar o irmão retocando-o com os branqueamentos pedidos
pela sua moralidade conservadora e cristã. Em 1895, com um
rasgo de grande lucidez intelectual, autoriza o impuro Verlaine a
prefaciar as Poésies Complètes do seu irmão.
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1.
PRÓLOGO BARROCO
(maio de 1870-setembro de 1871)
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Rimbaud, por Carjat, 1871


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(Em Maio de 1870, Rimbaud já se encontra há cinco


meses sob a influência de Georges Izambard, o jovem professor
que vem leccionar um ano em Charleville e o inicia na mo-
derna poesia francesa. Rimbaud tem 17 anos de idade, Izam-
bard 22, diferença que ora se esbate, ora se afirma nessa
aliança que traz ao adolescente da província as mensagens de
Paris.
Os poetas vivem todos em Paris e Rimbaud, já poeta, so-
nha com Paris.
Quando começam as férias desse ano lectivo, Izambard
regressa a Douai, sua terra natal. Mais solitário em Charle-
ville, Rimbaud sobretudo escreve. Escreve a Théodore de
Banville, poeta da segunda geração romântica com influên-
cia sobre o editor Lemerre, figura do Parnasse Contempo-
rain, e manda-lhe Sensation, Ophélie, Credo in unam,
naquela época o melhor que tinha1.)

1 E Banville responde-lhe. Mas… o quê? O que diria ele a Rimbaud nessa

carta irremediavelmente perdida?


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R i m b a u d - Ve r l a i n e
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ARTHUR RIMBAUD:

Charleville (Ardenas), 24 de Maio de 1870.

Caro Mestre,
Estamos nos meses de amor; tenho dezassete anos. A idade
das esperanças e das quimeras, como costuma dizer-se — e
acontece que comecei, criança tocada pelo dedo da Musa —
desculpe, se for banal — a falar das minhas boas convicções,
minhas esperanças, minhas sensações, todas estas coisas dos
poetas — chamo a isto Primavera.

Se lhe envio alguns desses versos — isto passando por cima


de Alph. Lemerre, o bom editor — é porque amo todos os
poetas, todos os bons parnasianos — já que o poeta é um par-
nasiano — apaixonados pela beleza ideal; é que amo em si,
com bastante ingenuidade, um descendente de Ronsard, um
irmão dos nossos mestres de 1830, um verdadeiro romântico,
um verdadeiro poeta. Eis então porquê. — Tolo, não é ver-
dade? Mas enfim…
Dentro de dois anos, talvez dentro de um ano, estarei em
Paris.
-— Anch’io1, senhores do jornal, serei parnasiano! — Não
sei o que tenho aqui… com vontade de vir ao de cima… — Juro,
caro mestre, adorar sempre as duas deusas Musa e Liberdade.
Não faça muito má cara ao ler estes versos: … Pôr-me-ia
louco de alegria e esperança, caro Mestre, se quisesse querer

1 «Também eu», em italiano.


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O Estranho Casal
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arranjar ao poema Credo in unam um pequeno lugar entre os


parnasianos… Eu apareceria na última série do Parnasse: isso
funcionaria como o Reconhecimento dos poetas!… — Ambi-
ção! Ó Louca!

ARTHUR RIMBAUD

E se estes versos encontrassem lugar no Parnasse contempo-


rain? — Não serão a fé dos poetas?
— Não sou conhecido; o que importa? Os poetas são ir-
mãos. Estes versos crêem; amam; esperam: e é tudo.
— Meu muito caro mestre: eleve-me um pouco: sou jo-
vem: estenda-me a sua mão…

(E escreve a Izambard:)

Charleville, 25 de Agosto de 1870

Senhor,
É feliz, o senhor, por já não morar em Charleville! — A
minha cidade natal é superiormente idiota entre as pequenas
cidades da província. Quanto a isto, imagine, já não tenho ilu-
sões. Por estar ao lado de Mézières — uma cidade como não se
encontra — por ver peregrinar nas suas ruas duzentos ou tre-
zentos magalas, esta beata população gesticula, espadachina
prudhommescamente, de forma bem diferente das vítimas do
cerco de Metz e Estrasburgo! É assustador, os merceeiros refor-
mados voltarem a vestir farda! É pasmoso como têm o seu quê
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R i m b a u d - Ve r l a i n e
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de cio os notários, os vidraceiros, os cobradores de impostos,


os marceneiros e todos os ventres que fazem de espingarda ao
ombro patrulhiatismo às portas de Mézières; a minha pátria
levanta-se!… Eu cá gosto mais de vê-la sentada; nada de mexer
as botas! É o meu princípio!…
Estou aqui deslocado, doente, furioso, parvo, arrasado; es-
perava banhos de sol, passeios infinitos, repouso, viagens, aven-
turas, boemices enfim; esperava sobretudo jornais, livros…
Nada! Nada! O correio já não manda mais nada aos livreiros;
Paris troça que se farta de nós; nem um livro novo! É a morte!
À míngua de jornais, eis-me reduzido ao digno Courrier des
Ardennes — proprietário, gerente, director, chefe de redacção e
redactor único: A. Pouillard! Este jornal resume as aspirações,
os votos e as opiniões da população: julgai assim! Pode lá acei-
tar-se!… Estarmos exilados na nossa pátria!!!
Por sorte, tenho o seu quarto: — Lembre-se da autorização
que me deu. — Já fui buscar metade dos seus livros! Levei
Le Diable à Paris1. E diga-me lá se alguma vez houve coisa mais
idiota do que os desenhos de Grandville! — Tenho comigo
Costal l’Indien, tenho La Robe de Nessus, dois romances interes-
santes2. Além disto, o que dizer-lhe?… Li todos, todos os seus
livros; faz três dias desci ao Epreuves, e depois ao Glaneuses3 —
sim! Este último volume reli-o! — E depois, pronto!… Mais
nada; a sua biblioteca, minha tábua de salvação, estava esgo-
tada!… Apareceu-me o Dom Quixote, ontem estive duas horas
a passar em revista as gravuras de Doré: agora, acabou-se!
1 De George Sand.
2 De Gabriel Ferry e Amédée Achard, respectivamente.
3 De Sully Prudhomme e Paul Demeny, respectivamente.
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O Estranho Casal
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Mando-lhe versos; leia-os de manhã ao sol, como eu os


fiz: espero que já não seja agora professor!…
……………………………………………………………
Tenho o Fêtes Galantes de Paul Verlaine, um lindo in-12
écu. É muitíssimo estranho, bem brejeiro; mas realmente ado-
rável. Por vezes grandes licenças como esta:

Et la tigresse epouvantable d’Hyrcanie

é um verso deste volume. Compre, aconselho-o, La Bonne


Chanson, um pequeno volume de versos do mesmo poeta;
acaba de aparecer no Lemerre; não o li: aqui nada chega mas
vários jornais dizem muito bem dele.
Até mais ver, mande-me uma carta de 25 páginas — posta
restante — e muito depressa!

A. RIMBAUD

P.S.: Dentro em breve revelações sobre a vida que vou fazer


depois… das férias…

GEORGES DELAHAYE:

Ele parte em 29 de Agosto. É Paris, o que traz debaixo de


olho. Neste foco de revoluções e artes pretende viver o que
acaba de rimar um vigoroso soneto sobre os mortos de 92; leva
na pasta os seus primeiros poemas e fará jornalismo. Prevenidos
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da sua resolução, Georges Izambard e Léon Deverrière (outro


amigo seu) tentam inutilmente dissuadi-lo. Embora Rimbaud
lhes prometa renunciar ao projecto, não renuncia… e de tal
forma procede, que é preso quando chega a Paris. Passa uma
noite na cela, comparece perante um juiz de instrução que ele
desconcerta e desagrada com respostas altivas, é mandado para
Mazas e ali permanece alguns dias pedindo por carta a Izambard
nessa altura em Douai, na casa da sua família, que vá buscá-lo.

ARTHUR RIMBAUD:

Paris, 5 de Setembro de 1870

Caro Senhor,
Foi feito, o que me aconselhou a não fazer: saindo da casa
materna, vim até Paris! Dei este passeio a 29 de Agosto.
Preso ao descer da carruagem por não ter um tostão e de-
ver treze francos aos caminhos-de-ferro, fui conduzido à pre-
feitura e hoje estou à espera do meu julgamento em Mazas!
Oh! — tenho tanta esperança em si como na minha mãe; o se-
nhor sempre foi para mim como um irmão: peço-lhe encareci-
damente esta ajuda que me oferece. Escrevi à minha mãe, ao
procurador imperial, ao comissário da polícia de Charleville;
se até quarta, antes do comboio que vem de Douai a Paris, não
tiver a meu respeito nenhuma nova notícia, tome esse comboio,
venha aqui reclamar-me mediante carta ou apresentando-se ao
procurador, suplicando, respondendo por mim, pagando a minha
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Continua a ser frustrante a incompreensão que nos é imposta


quando tentamos olhar para o Arthur Rimbaud poeta e prodígio,
capaz de barcos embriagados, de épocas no inferno, de ilumina-
ções, e de repente todo ao contrário da literatura, da poesia, mer-
gulhado numa vida levada pela vertigem das suas solas de vento, a
correr por um mundo com extensões que nunca bastam à vã pro-
cura do que nem ele próprio sabe o que é e onde está, a fazer contas
de mercador numa Abissínia de calor e pó.
O Verlaine católico, esse, não resistirá a apaixonar-se por um
jovem aluno Lucien Létinois mais e menos oculto em muitos poe-
mas, que o deixará enlouquecido de dor com a sua morte prema-
tura. Em 1892 Claude Debussy põe em música versos das suas Fê-
tes Galantes e ao mesmo tempo Gabriel Fauré passa para canto e
piano seis poemas de La Bonne Chanson; em 1894 a França con-
sagra-o chamando-lhe «Príncipe dos poetas»; mas há, ao lado des-
tes reconhecimentos, o homem que desce degraus de uma decadên-
cia do físico e dos costumes, que se abriga em quartos de bairros
miseráveis, que se encharca nas más bebedeiras do absinto. Em
8 de Janeiro de 1896 (cinco anos depois da morte de Rimbaud)
Verlaine não resiste aos desgastes da sua vida forçada por Deus e
pelo corpo. Enterram-no no cemitério Des Batignolles.
Estavam também esgotados os dezasseis anos em que Rimbaud
só foi movido pela força das suas solas de vento. E é difícil escolher
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o essencial nas voltas do seu complicado desenho. Digamos, no en-


tanto, que tudo começou em 1875, em Estugarda, quando lá foi
para aprender alemão; e que atravessou a Suíça para chegar a Mi-
lão; que pediu a um consulado francês para ser repatriado; e que
no ano seguinte estava em Viena. Rimbaud não contava que uma
polícia austríaca, tão amante de operetas, fosse simultaneamente
implacável para com o simpático romantismo de um jovem vadio
sem bagagem, e o largasse ao deus-dará de uma fronteira bávara.
Por estradas e aldeias, o ex-poeta anda a pé e chega a França.
Logo depois em Bruxelas, alista-se na Legião Estrangeira ho-
landesa. O começo desta aventura não lhe parece má; metido no
barco Prins van Orange, vê Gibraltar, Nápoles, o Suez, Aden e a
Batávia. Mas aos do seu destacamento está reservado um navio
que os leva a Samarang para começarem a viver a Legião «a sério»,
aquela que não vai agradar-lhe e inspira uma imediata deserção.
Rimbaud desertor instala-se escondido em Salitaga, e vai a seguir
para Java onde um navio escocês o aceita para seu marinheiro.
Volta a ter a sensação de mar, mas de um mar de porto a porto
num barco que não se embriaga e só lhe mostra, sem poesia nem
alucinação, a Cidade do Cabo, as ilhas de Ascensão e Santa He-
lena (já lá não estava Napoleão), os Açores (teria Rimbaud pas-
seado nas ruas de Angra do Heroísmo, de Santa Cruz da Graciosa,
de Velas?), para o desembarcar na Irlanda do Norte.
É por Cork e Liverpool que ele volta a Charleville e à sua
mãe com olhos de incompreensão para o seu filho de vocação tão
loucamente itinerante.
Numa passagem por Brême, pede ao consulado dos Estados
Unidos para ser aceite como elemento da marinha americana.
Mas não; acontece-lhe é arranjar trabalho no circo Loisset e ir pa-
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rar a Estocolmo. E se desce depois deste circo até Copenhaga, é para


resolver passear na Noruega.
Um novo regresso a Charleville não é mais do que passagem
para Hamburgo, e a Suíça, e depois Milão, e depois Génova. Sai
da Itália seduzido pelos mitos de uma velha Alexandria, mas a
sua chateza moderna não lhe demora a resolução de se instalar em
Chipre, onde o ex-Rimbaud capaz do Bateau Îvre pode afinal ser
chefe de um estaleiro e dirigir cerca de sessenta homens que efec-
tuam escavações.
Mas adoece; e de tal forma é abalado pelas dificuldades físicas
de uma febre tifóide, que lhe parece melhor reaturar a sua mãe em
Charleville. Quando chega o Inverno sente melhoras e que não
deixou esgotadas as potencialidades de Alexandria e Chipre, onde
vai permanecer como chefe de outro estaleiro, desta vez para a
construção de uma luxuosa moradia do governador da ilha; mas
não tarda que se considere pago a salário baixo e que a solução,
para isto, é despedir-se.
Começa então a sua África do Mar Vermelho. Rimbaud pro-
cura sem grandes êxitos um trabalho em Djedda, Souakim, Mas-
saouah, Hodeldah, e a correr por faltas de dinheiro e inquietações
encontra o agente de uma firma (Mazeran, Viannay, Bardley et
Cie) com sede em Aden, que vai metê-lo na Abissínia dos seus úl-
timos anos: é contratado para uma sucursal que acaba de abrir
em Harar. Rimbaud não quer porém chegar lá por vias cómodas e
de pouca aventura; integra-se numa caravana, e entre bossas de
camelo passa por Zellah, antes de atravessar os quatrocentos quiló-
metros que vão deixá-lo em Harar.
A pacatez de Harar não tardará a fazê-lo ansiar pelos encan-
tos um tanto perigosos da penetração em desconhecidos interiores
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do país onde há marfim aos pontapés. E levado neste impulso é que


ele chega a Boubassa, visto ali como animal raro por ser o primeiro
homem de raça branca a fazer-lhe uma visita. Mas, hélàs!, toda
esta vivência muito agreste, todo este exotismo poeirento, não che-
gam para lhe evitar as frases de um desanimado tédio: o clima é
«embirrento e húmido», lê-se numa carta sua, o seu trabalho «em-
brutecedor» e as condições de vida «de um modo geral absurdas».
Quer isto dizer-nos que Rimbaud vai sair de Harar, e «para
nunca mais lá pôr os pés», julga ele; e lhe parece agora bom dar
um salto até Zanzibar. Mas não; Zanzibar não é o que ele pen-
sava, e terá de regressar a Aden e àquele trabalho que o põe «com-
pletamente idiota», o obriga a «esfalfar-se como um burro». Terá
de conformar-se com um regresso a Harar, suavizado pela promessa
de um trabalho menos duro.
A guerra com o Egipto, a falência da firma com poucos negó-
cios nesta nova conjuntura, constroem uma instabilidade que de-
mora um pouco a ser ultrapassada. No entanto a firma renasce e
instala-o desta vez em Aden, no centro de negócios de café a que
ele acrescenta emoções do tráfico de borracha, incenso, penas de
avestruz, marfim… O ex-prodigioso poeta só é agora um prosaico
comerciante de insaciáveis ambições; as que chocam com outras,
mais comedidas, da firma que o emprega e conduzem a tumul-
tuosos desentendimentos.
Este Rimbaud posto à solta em ambiente de guerra é seduzido
pelo tráfico de armas: conduz a primeira caravana que em Tad-
joura embarcará armas para alimentar os combates do rei do Choa
com o imperador da Abissínia. Arranja dois sócios, mas um morre
de cancro e o outro de congestão. É como único branco numa cara-
vana de trinta camelos que vai entregar duas mil armas e setenta
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mil cartuchos ao rei do Choa. atravessando durante quatro meses


regiões que lhe mostram «o presumido horror dos países lunares».
O rei do Choa, porém, foi vencido numa batalha com o emir de
Harar, e está exilado em Entotto.
E se ele fosse a Entotto, na companhia do explorador francês
Jules Borelli? É uma hipótese sem garantias de êxito. E por isso
vende todo o seu material bélico em Harar, que está também em
guerra e a necessitar de munições. Esta inesperada folga material
incita-o a uma viagem de cinco semanas ao Cairo, de onde manda
artigos que serão publicados em jornais franceses. E tem ali, na ci-
dade das pirâmides, as primeiras dores no joelho esquerdo, aquelas
a que ele começará por chamar «reumáticas».
É a coxear que promove, instalado novamente em Aden, um
embarque de armas clandestinas que se destinam a Ambadou. E é
também ali que a sua recente veia jornalística o incita a escrever
artigos destinados a jornais franceses, onde se diverte a fazer cons-
tar artificiosas mentiras sobre a situação política da Abissínia.
O joelho doente aconselha-o a andar a cavalo. E assim per-
corre os seiscentos quilómetros que o separam de Zeilah, com o in-
tuito de fazer chegar a Harar três mil espingardas e quinhentos
mil cartuchos. Mas o humilhante fracasso que rodeia esta venda
fá-lo desistir do tráfico de armas.
A energia deste homem com um cancro no joelho ainda chega
para lhe permitir criar uma agência comercial e estabelecer privi-
legiadas relações com a firma onde já trabalhou. Mas aquelas do-
res… mais fortes do que o máximo suportável pela sua coragem…
Rimbaud deixa de poder ir à sua agência e sujeita-se a dar ordens
distantes, gritadas da janela do seu quarto. Não só o joelho es-
querdo o atormenta mas a perna direita, com uma rigidez que lhe
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tirou toda a capacidade de fazer flexões. Os médicos de Harar aba-


nam a cabeça, porque o caso parece ultrapassar as limitações dos
hospitais etíopes e bem melhor estará com a medicina da França.
Rimbaud vai de padiola para Zellah; e chega depois a Aden, onde
embarcará para Marselha.
É amputado no hospital de la Conception, e tratado até ao dia
23 de Julho de 1891. Parte depois para a herdade de Roche, per-
tencente à sua família. Anos antes tinha lá escrito Une Saison en
Enfer, e no seu texto uma frase profética: As mulheres sangram es-
tes ferozes enfermos regressados dos países quentes. A sua irmã
Isabelle e Mme Rimbaud assumem-se como enfermeiras de boas e
más vontades. Durante vinte e oito dias os três Rimbauds interpre-
tam uma cruel peça à huis-clos. Mãe e filha disputam a preferên-
cia do paciente que se arrasta com as muletas exigidas pela perna
amputada. E palavras ásperas não faltam, a cruzarem-se nas frases
resmungadas pelos três intérpretes. A criativa Isabelle procura acal-
mar-lhe as dores com um romântico chá de papoilas trazido da li-
teratura, mas em Agosto já a herdade de Roche não atende, com
este chá, às necessidades clínicas de Arthur Rimbaud. Aos cuidados
da sua irmã é restituído em comboios que param, em comboios que
se revezam, a Marselha e ao hospital de la Conception. E desta vez,
porque anda ligado a mais fortes ecos de uma situação militar equí-
voca e àquela traficância de armas na Etiópia, acha a sua família
prudente registá-lo com o nome Jean Rimbaud.
Verlaine teria gostado de saber que Arthur se fez no mês de
Outubro católico; que veio um padre confessá-lo e perdoar-lhe to-
dos aqueles velhos pecados do estranho casal. Dando por certas as
palavras de uma carta de Isabelle à sua mãe, ficamos a saber que
este padre saiu da confissão encantado: «O seu irmão tem fé; o que
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16.
«TENHO MAIS QUE FAZER»
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Monumento a Rimbaud em Charleville


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Um filho ex-poeta que Mme Rimbaud nunca pôde compreen-


der, transformado num «solas de vento» de incansáveis agitações
geográficas, e depois num longínquo traficante de coisas mais e
menos confessáveis lá nas Áfricas, só conseguia abastecer de mais
fel os seus azedumes de viúva áspera perante as branduras da vida.
O seu filho, morto em Marselha, voltou para Charleville em
caixão de chumbo e corpo de «negociante» (como foi escrito na au-
torização de transporte). Mme Rimbaud apressou-se a querer im-
pedir que a sua obra poética fosse publicada. Ficaram escritas estas
palavras: «Vou opor-me […] mandarei apreender […] e se num
período mais ou menos longo eu me decidir a deixar reimprimir
qualquer coisa, ela terá de ser revista e modificada. […] Poder-se-
-ia avaliar com falsidade este nobre carácter, fazendo a leitura de
algumas elucubrações poéticas que eclodiram numa idade em que
o julgamento de um homem jovem ainda não se encontra total-
mente formado.» Afastada porém desta querela literária pelos seus
dois filhos Isabelle e Frédéric, a publicação dos textos de Rimbaud
foi autorizada e proibida ao vento das sensibilidades destes dois ir-
mãos. Isabelle chegou mesmo ao esforço de surgir como biógrafa
correctora, branqueadora e inventora da má imagem que o seu ir-
mão poderia ter junto dos leitores da sua obra.
No dia 8 de Junho de 1899, Arthur Rimbaud aparece a
Mme Rimbaud em plena missa e com ela ajoelhada; quando er-
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R i m b a u d - Ve r l a i n e
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gue olhos que se tinham baixado por devoção, vê o seu filho apro-
ximar-se de muletas; o outro mundo não tinha sabido reconsti-
tuir-lhe a perna esquerda. «A mesma estatura, a mesma idade, o
mesmo rosto, a pele de um branco acinzentado, nenhuma barba
mas um pequeno bigode.» O seu relato acrescenta que ele a olhou
«com extraordinária simpatia». Mme Rimbaud desatou a soluçar,
fossem embora soluços perturbados por uma extrema felicidade.
Isto fê-la reflectir. O seu filho não merecia continuar em
campa rasa, e devia integrar o jazigo da família. Em Junho de
1900, depois de o poeta estar desde há nove anos debaixo de terra,
Mme Rimbaud mandou afastar a golpes de picareta e martelo to-
dos os estorvos físicos que dificultassem a obtenção de mais um es-
paço entre os que já dormiam no jazigo subterrâneo e não visitá-
vel da família. As obras de escavação e a exumação dos corpos
foram vistas a olhar frio por esta mulher que enfrentava com força
idêntica os vivos e os mortos. Há, numa carta sua, esta curiosa
precisão acerca do seu pai: «Estava com os ossos muito bem con-
servados, a cabeça completa, a boca, as orelhas, o nariz os olhos;
nada danificado.» Pondo dois corpos na intimidade de um mesmo
túmulo, arranjar-se-ia espaço para o Arthur. Mas antes de tudo
ficar outra vez fechado, quis Mme Rimbaud fazer questão de vi-
sitar o local, não tivessem os operários confundido as suas ordens
sobre quem devia ficar onde era lógico que devesse ficar; pediu
portanto ajuda para uma complicada descida à cripta; que a
agarrassem pelos pés e pelos ombros, e a deixassem cair na cavi-
dade dos túmulos. Naquela escuridão, conseguiu Mme Rimbaud
pregar na parede uma cruz e um ramo bento de buxo. A ascensão
à luz das Ardenas foi mais difícil mas, acompanhada por gemidos
e respirações ofegantes, não impossível.
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O Estranho Casal
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Aconteceu também que velhos amigos de Rimbaud em Char-


leville, com evidência maior Ernest Delahaye, se esforçavam desde
há muito por erguer ali um monumento que o deixasse afirmado
como nobre filho da terra. À custa de subscrições pôde construir-se o
plinto com lira, rematá-lo com um busto feito a partir de um pro-
jecto do seu cunhado Paterne Berrichou, marido de Isabelle Rimbaud,
e inaugurá-lo no dia 21 de Julho de 1901 na praça da Estação.
Caía sobre Charleville uma violenta tempestade mas o poeta conse-
guiu, ainda assim, ter para si homens e mulheres bem trajados, que
ouviam de guarda-chuvas abertos e cabelos ao vento bonitas frases
lidas em discursos sobre o ilustre ardenês.
Notou-se a ausência de Mme Rimbaud.
(Ficou a saber-se que tinha sido convidada e o portador ou-
vido, saída com presteza da sua secura, esta resposta:
«Tenho mais que fazer.»)
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Verlaine, por Eugène Carriére, 1893


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CHAVE

1. Prólogo Barroco (cartas de Rimbaud a Banville, Izambard e Demeny;


excertos de Rimbaud, de Ernest Delahaye; carta de Mme Rimbaud a
Izambard; excerto de Arthur Rimbaud, Chronique, de Paul Verlaine).
2. O Intruso (excertos do Cap. XVII da Segunda Parte de Confessions de
Paul Verlaine; de Nouvelles Notes sur Rimbaud, de Paul Verlaine; do
Cap. VI de Mémoires de Ma Vie, de Ex-Mme Paul Verlaine).
3. Escândalo no «Vilains Bonshommes» (excerto do Prefácio a Arthur
Rimbaud — Ses Poésies Complètes, de Paul Verlaine).
4. A Expulsão do Intruso (excertos do Cap. VI de Mémoires de Ma Vie,
de Ex-Mme Paul Verlaine).
5. Caro Rimbe (3 cartas de Verlaine a Rimbaud).
6. O Regresso do Intruso (excertos do Cap. VI de Mémoires de Ma Vie,
de Ex-Mme Paul Verlaine; carta de Rimbaud a Delahaye).
7. Uma Prisão Falhada (Cap. III de Mes Prisons, de Paul Verlaine).
8. O Fracasso de Bruxelas (excerto do Cap. VII de Mémoires de Ma Vie,
de Ex-Mme Paul Verlaine).
9. Ventanias, Acalmias (excertos de Séjour en Angleterre, de Paul Verlaine;
do Cap. VII de Mémoires de Ma Vie, de Ex-Mme Paul Verlaine; carta
de Rimbaud a Delahaye; carta de Verlaine a Rimbaud).
10. O Esposo Infernal (excertos do Cap. VII de Mémoires de Ma Vie, de
Ex-Mme Paul Verlaine; cartas de Verlaine a Rimbaud e a Matuszewicz;
duas cartas de Rimbaud a Verlaine; carta de Mme Rimbaud a Verlaine).
11. «L’amigo» (Cap. IV de Mes Prisons, de Paul Verlaine).
12. O Processo (deposição de Mme Verlaine ao comissário da polícia; in-
terrogatório de Verlaine pelo juiz de instrução; deposição de Rimbaud
perante o juiz de instrução; peritagem dos médicos sobre Verlaine;
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R i m b a u d - Ve r l a i n e
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acto de renúncia de Rimbaud; sentença da audiência de 8 de Agosto


de 1873).
13. O «Loiola» (excerto de Rimbaud, de Ernest Delahaye; excertos de duas
cartas de Rimbaud a Delahaye; carta de Verlaine a Delahaye; última
carta de Verlaine a Rimbaud).
14. O «Solas de Vento» (notas de Isabelle Rimbaud sobre os derradeiros
momentos do seu irmão.)
15. O Poeta Maldito (excertos de Les Poètes maudits e «Arthur Rimbaud
— 1884» de Paul Verlaine.)
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ÍNDICE

Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

1. Prólogo barroco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2. O intruso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3. Escândalo no Vilains Bonshommes . . . . . . . . . . . . . 47
4. A expulsão do intruso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
5. Caro Rimbe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
6. O regresso do intruso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
7. Uma prisão falhada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
8. O fracasso de Bruxelas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
9. Ventanias, acalmias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
10. O esposo infernal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
11. «L’amigo» . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
12. O processo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
13. O «Loiola» . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
14. O «Solas de Vento». . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
15. O poeta maldito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165
16. «Tenho mais que fazer». . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173
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Os génios, seguido de Exemplos, Victor Hugo


O senhor de Bougrelon, Jean Lorrain
No sentido da noite, Jean Genet
Com os loucos, Albert Londres
Os manuscritos de Aspern (versão de 1888), Henry James
O romance de Tristão e Isolda, Joseph Bédier
A freira no subterrâneo, com o português de Camilo Castelo Branco
Paul Cézanne, Élie Faure, seguido de O que ele me disse…, Joachim Gasquet
David Golder, Irene Nemirowsky
As lágrimas de Eros, Georges Bataille
As lojas de canela, Bruno Schulz
O mentiroso, Henry James
As mamas de Tirésias — drama surrealista em dois actos e um prólogo,
Guillaume Apollinaire
Amor de perdição, Camilo Castelo Branco
Judeus errantes, Joseph Roth
A mulher que fugiu a cavalo, D.H. Lawrence
Porgy e Bess, DuBose Heyward
O aperto do parafuso, Henry James
Bruges-a-Morta — romance, Georges Rodenbach
Billy Budd, marinheiro (uma narrativa no interior), Herman Melville
Histórias da areia, Isabelle Eberhardt
O Lazarilho de Tormes, anónimo do século XVI e H. de Luna
Autobiografia, Thomas Bernhard
Bubu de Montparnasse, Charles-Louis Philippe
Greco ou O segredo de Toledo, Maurice Barrès
Cinco histórias de luz e sombra, Edith Wharton
Dicionário filosófico, Voltaire
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A papisa Joana — segundo o texto de Alfred Jarry, Emmanuel Rhoides


O raposo, D.H. Lawrence
Bom Crioulo, Adolfo Caminha
O meu corpo e eu, René Crevel
Manon Lescaut, Padre Prévost
O duelo, Joseph Conrad
A felicidade dos tristes, Luc Dietrich
Inferno, August Strindberg
Um milhão conta redonda ou Lemuel Pitkin a desmantelar-se, Nathanael West
Freya das sete ilhas, Joseph Conrad
O nascimento da arte, Georges Bataille
Os ombros da marquesa, Émile Zola
O livro branco, Jean Cocteau
Verdes moradas, W.H. Hudson
A guerra do fogo, J-H. Rosny Aîné
Hamlet-Rei (Luís II da Baviera), Guy de Pourtalès
Messalina, Alfred Jarry
O capitão veneno, Pedro Antonio Alarcón
Dona Guidinha do Poço, Manoel de Oliveira Paiva
Visão invisível, Jean Cocteau
A liberdade ou o amor, Robert Desnos
A maçã de Cézanne… e eu, D.H. Lawrence
O fogo-fátuo, Drieu la Rochelle
Memórias íntimas e confissões de um pecador justificado, James Hogg
Histórias aquáticas — O parceiro secreto, A laguna, Mocidade, Joseph Conrad
O homem que falou (Un de Baumugnes), Jean Giono
O dicionário do diabo, Ambrose Bierce
A viúva do enforcado, Camilo Castelo Branco
O caso Kurílov, Irène Némirowsky
A costa de Falesá, Robert Louis Stevenson
Nova Safo — tragédia estranha, Visconde de Vila-Moura
Gaspar da noite — fantasias à maneira de Rembrandt e Callot, Aloysius Bertrand
O estranho casal, Rimbaud-Verlaine
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