Você está na página 1de 1

pág.

4065

Superior Tribunal de Justiça


DIÁRIO DA JUSTIÇA ELETRÔNICO
Edição nº 1541 – Brasília, disponibilização Sexta-feira, 20 de Junho de 2014, publicação Terça-feira, 24 de Junho de 2014.

processo'.
O ora Recorrente responde aos processos criminais de Nº
2008.1.1.078205-6 e 2008.01.1.078215-2 em que lhe são imputadas as condutas de
lavagem de dinheiro e de contratação direta sem procedimento de licitação.
Impende registrar que a análise da possibilidade de restrição do patrimônio
da vítima trata-se de questões ínsitas ao mérito da ação penal em curso no Juízo do
Conhecimento, ou seja, requer discussão por meio de instrução criminal, garantidos
o devido processo legal, o contraditório e ampla defesa, motivo pelo qual o presente
recurso não é a via adequada para sua discussão, sob pena de supressão de
instância.
Ademais, ainda não restou evidenciado, por meio de sentença transitada em
julgado, o real prejuízo causado à Administração Pública, de modo que não se pode
afirmar com segurança que os valores e bens apreendidos suplantam as acusações de
desvio dos cofres públicos.
Noutro vértice, da análise dos fatos e documentos trazidos à baila, nesse
momento só poderão ser restituídos ao Recorrente os bens que não interessarem ao
trâmite da instrução criminal, à luz do contido no art. 118, do CPP, quais sejam os
relacionados nos itens 8, 10, 11, 22, 30, apreendidos no AAA Nº 72/2010 DECO (fls.
49/52),bem como os outros que já estão à sua disposição na Divisão Especial de
Repressão ao Crime Organizado Organizado - DECO.
Os crimes de lavagem de dinheiro e de contratação direta, sem
procedimento de licitação, são condutas que prejudicam a Administração, mormente
quanto à licitação, que é procedimento administrativo que busca a contratação de
agentes para prestarem serviços ou obras por preços menores.
Assim, de acordo com o Decreto-Lei 3240/41, art. 1º, 2º e 4º c/c art. 118, do
CPP, impõe-se a manutenção da apreensão dos bens ativos financeiros do
Recorrentes para eventual reposição do Erário.
[...]
Ressalto que o recorrente, apesar de sustentar que, inobstante a verba
proveniente de saldo de FGTS ter caráter alimentar, e ser insuscetível de penhora,
após o seu saque, quando o agente retira o valor da conta vinculada, e faz depósito
em conta corrente, o montante transferido perde essa natureza.
[...]
Por fim, quanto à alegação de necessidade de liberação de valores
indispensáveis à subsistência do Requerente e família, da apreciação dos
documentos trazidos ao processo resta evidenciada a sua boa situação financeira,
consoante Nota Técnica N 207/2010, demonstrando, ao contrário do alegado,
diante de um vultoso crescimento patrimonial, que o mesmo possui efetiva condição
de suprir suas necessidades inclusive alimentícias.
Anoto ainda, como bem apreciado na decisão combatida, que os salários
depositados na conta corrente Nº 241.676-2, agência 027, de titularidade do ora
Recorrente junto ao Banco de Brasília - BRB, estão desbloqueados desde 25 de
julho de 2007, conforme decisão de fls. 58/61, desnecessário, portanto,
arbitramento de quantia mensal a ser liberada." (fls. 810/817; sem grifo no original.)

Escorreito o entendimento prolatado pela Corte a quo.

Você também pode gostar