GENTRIFICAÇÃO: ASPECTOS CONCEITUAIS E PRÁTICOS DE SUA
VERIFICAÇÃO NO BRASIL Tarcyla Fidalgo RIBEIRO
No artigo intitulado acima, a autora vai discorrer sobre o tema Gentrificação
abordando as características conceituais que muitas vezes se misturam com outras questões não deixando claro o real significado. Traz também as problematizações que envolvem esse fenômeno espacial. Segundo a autora, o processo de gentrificação vai além da remoção dos moradores de uma localidade para a implantação de projetos de requalificação ou revitalização sem refletir sobre as questões individuais e o direito a cidade. Ribeiro destaca a relação do processo de gentrificação como resultado das necessidades da reprodução do capital e como uma forma de absorver os excedentes do capital, tão necessários para o equilíbrio do sistema. Essas revitalizações ou renovações de áreas urbanas implicam, quase sempre, em remoção de moradores, seja de maneira imperativa ou indireta na medida que se mudam os padrões de consumo e moradia das redondezas A autora sugere que a gentrificação pode estar ligada também a uma necessidade de se “adequar” áreas centrais a uma nova classe social de profissionais que veem nas regiões centrais o ambiente propício para o exercício da sua atividade. Duas teorias são destacadas para explicar o conceito de gentrificação: David Ley, que caracteriza a gentrificação como um processo decorrente de atender as necessidades de uma nova classe social; e Niel Smith, expõe como as terras centrais, mesmo que desvalorizadas pela dinâmica que suburbanização, possuem alto potencial de valorização e capitalização. Podemos encontrar exemplos de gentrificação nas mais diversas cidades brasileiras. A autora apresenta no artigo exemplos do Pelourinho em Salvador, do
¹Mestrando em Geografia – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.
bairro Recife, em Recife, e do Porto Maravilha no Rio de Janeiro. Nesses exemplos, com suas devidas particularidades, fica claro como o processo atende as potencialidades maiores de consumo. Visam atender as classes de maior poder aquisitivo ou que tenham capital para consumir. As classes menos favorecidas restam a expulsão para áreas mais distantes devido a valorização dos terrenos, e quando presentes, atuam não como frequentadores, mas como prestadores de serviços, no caso de estabelecimentos comerciais.
RIBEIRO, Tarcyla Fidalgo. Gentrificação: aspectos conceituais e práticos de sua
verificação no brasil, Revista de Direito da Cidade, Rio de janeiro, RJ, v.10, nº 3, p. 1334-1356. 2018.