Você está na página 1de 3

História – Focado na Esa 2021

REVOLTAS NATIVISTAS todo o comércio do Maranhão por um período de vinte anos, com
a obrigação de introduzir dez mil escravos africanos. Entretanto,
As primeiras revoltas nativistas (anticolonialistas) surgiram nos fins
sem conseguir cumprir o acordo, a operação da companhia
do século XVII e início do século XVIII, e foram resultado direto da
agravou a crise econômica e fez crescer o descontentamento na
nova política colonial adotada por Portugal depois da Restauração.
região: os comerciantes locais sentiam-se prejudicados pelo
Nesse contexto, as contradições entre a metrópole e a colônia se
monopólio da companhia; e os grandes proprietários rurais
manifestaram de várias de diversas maneiras.
entendiam que os preços oferecidos pelos seus produtos eram
Destaque: Aclamação de Amador Bueno (1641), Revolta de insuficientes. No dia 24 de fevereiro de 1684, aproveitando-se da
Beckman (1684), Quilombo dos Palmares (1694), Guerra ausência do governador Francisco de Sá Meneses, a revolta
dos Emboabas (1707-1709), Guerra dos Mascates (1709- iniciou-se na festividade de Nosso Senhor dos Passos. Com a
1711) e Revolta de Vila Rica (1720). liderança dos irmão Manuel e Tomás Beckman, senhores de
Todas essas revoltas tiveram por base a contradição metrópole x engenho na região, e de Jorge de Sampaio de Carvalho, com a
colônia, e, no caso de Palmares, senhore x escravos. Entretanto, adesão de outros proprietários e comerciantes insatisfeitos com o
cada rebelião possuía o seu caráter especifico e apresentou governo, um grupo de homens mobilizou-se para a ação,
grande complexidade. Porém, as revoltas coloniais até o final do assaltando os armazéns da companhia. No dia seguinte ao golpe, a
século XVIII, não chegaram a propor claramente a separação de revolta estava consolidada, dia 25 de fevereiro de 1684, os
Portugal. revoltosos criaram uma Junta Geral do Governo, composta por
seis membros. As principais medidas tomadas por essa Junta
ACLAMAÇÃO DE AMADOR BUENO –
foram: a deposição do governador; extinção da Companhia do
1641- SÃO PAULO
Comércio e do monopólio; e a expulsão dos jesuítas, assim
Com a União Ibérica, significou na prática o fim do tratado de facilitaria a escravização dos nativos. A Junta enviou Tomás
Tordesilhas e a crise de escravos africanos em terras brasileiras. Beckman como emissário à Corte em Lisboa, visando convencer
Nesse contexto ocorrerá a ascensão dos bandeirantes no interior as autoridades metropolitanas que o movimento era procedente e
da colônia para capturar indígenas como opção de mão de obra justo. Sem sucesso, recebeu voz de prisão e foi trazido preso de
escrava. A comercialização desses índios escravizados volta ao Maranhão, para ser julgado com seus demais revoltosos. A
desenvolveu-se a ponto dos bandeirantes estabelecer contatos coroa portuguesa reagiu, em 15 de maio de 1685 enviou um novo
com os colonizadores espanhóis da região do Rio da Prata. Toda governador para o Estado do Maranhão, Gomes Freire de
essa rede de negócio (apresador) ao longo do século XVI e XVII, Andrade, esse chegou em São Luís com um efetivo militar, aonde
representava uma importante atividade comercial no interior da não encontraram qualquer resistência. Gomes restabeleceu todas
colônia. Com o fim da União Ibérica, em 1640, a Coroa portuguesa as autoridades depostas pela revolta, ordenando a prisão e
interferiu diretamente na questão da escravização indígena. julgamento de todos os envolvidos no golpe. Manuel Beckman
Portugal proibiu a escravização dos índios. Com tal medida, a Coroa resolvera fugir, posteriormente chegaria a ser capturado. Manuel
portuguesa buscava ampliar seus lucros com o comércio dos Beckman e Jorge de Sampaio foram acusados como líderes e
escravos africanos trazidos das regiões da costa africana. Sentindo- receberam a sentença de morte pela forca, enquanto os demais
se prejudicados, um grupo de bandeirantes paulistas organizou envolvidos receberam prisão perpetua, pondo um fim a revolta. Na
uma represália que expulsou os jesuítas da Vila de São Paulo. Além segunda metade desse século a administração do Marquês de
disso, eles tentaram aliar-se ao fazendeiro e bandeirante Amador Pombal tentou encaminhar soluções para as graves questões da
Bueno nessa revolta contra a administração lusitana. Os região, criando a Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão, que
bandeirantes paulistas pretendiam elevar Amador Bueno à em meados do século XVIII foi responsável por incentivar a
condição de governador de São Paulo. Amador Bueno, temendo produção de algodão na região.
alguma represália de Portugal, não aderiu ao movimento e jurou
fidelidade à Coroa. Com isso, o movimento dos bandeirantes GUERRA DOS MASCATES – 1709-1722 -
paulistas perdeu a força e a ordem pelo fim da escravização PERNAMBUCO
indígena foi mantida. A Aclamação de Amador Bueno é Durante os séculos XVI e XVII, Olinda fora sede da capitania de
considerado a Primeira Revolta de Caráter Nativista. Pernambuco, aonde florescia a economia açucareira. Ali cresceram
muitos senhores de engenho que controlavam a política local. Com
REVOLTA DE BECKMAN – 1684 -
a conquista holandesa no Nordeste, Recife deixou de ser um
MARANHÃO
povoado de pescadores e ganhou pontes, porto, residências e até
No século XVII, o Estado do Maranhão enfrentava uma crise palácios. Com a retomada do nordeste, muitos ricos comerciantes
econômica, pois desde a expulsão dos holandeses do Nordeste, a portugueses se estabeleceram em Recife. Com esses fatores, a
empresa açucareira regional não tinha condições de arcar com os futura capital pernambucana se tornou um importante centro
altos custos de importação de escravos africanos. Com altos custos comercial. Com o crescimento de Recife, tornando-se a principal
na compra de escravos africanos, e os jesuítas dificultando a liderança econômica da capitania, ocupando o lugar que antes
escravização dos indígenas, houve uma crise na mão-de-obra. Em pertencia a Olinda. Os senhores de engenho de Olinda, que se alto
1682, afim de solucionar o problema a coroa criou a Companhia do titulavam “Os nobres da Terra”, e começaram a chamar os
Comércio do Maranhão. A nova companhia deteria o monopólio de recifenses pejorativamente de “Mascates”. Cientes de seu poderio
História – Focado na Esa 2021
econômico, os mascates começaram a exigir a autonomia política levante organizador e liderado pelo tropeiro português, Felipe dos
de Recife, sendo assim, Recife de um povoado seria chamado de Santos. Em 16 de julho de 1720, conde Assumar reocupou Vila Rica
vila, podendo criar uma Câmara Municipal, isso era o que os com 1500 soldados e pôs fim ao movimento. Felipe dos Santos foi
olindenses mais temiam, pois sabiam que isso poderia levar o condenado, executado e posteriormente esquartejado. Em
senhores de Olinda a ruínas. Em 1709 contrariando os Olindenses, o homenagem ao líder, o conflito também é chamado de Revolta de
rei Dom João V elevou Recife ao status de vila, e em fevereiro do Felipe dos Santos. No dia 21 de julho de 1720, entraram em
ano seguinte os recifenses fizeram a sua primeira eleição. A funcionamento as Casas de Fundição.
reação dos senhores de engenho de Olinda veio em novembro,
quando uma tropa de mil homens invadiu Recife e o governador QUILOMBO DOS PALMARES – 1630-1694
foi deposto. Os recifenses bem armados, chegaram a prender o - ALAGOAS
novo governador posto por Olinda, e alguns líderes de Olinda. O A resistência dos escravos, assumiu formas muito variadas: fuga,
conflito durou dois anos, 1711, e teve seu fim com a chegada de um suicídio, assassinato, passividade no trabalho, etc. A fuga foi a mais
representante da corte. significativa forma de resistência e rebeldia. Não pela fuga em si,
mas pelas suas consequências: os fugitivos se reuniam e se
GUERRA DOS EMBOABAS – 1707-1709 –
organizavam em núcleos fortificados no sertão, desafiando as
MINAS GERAIS autoridades coloniais. Esses núcleos eram formados por pequenas
“Emboabas”, que em língua tupi significa “pés cobertos”, era um unidades, os mocambos (reunião de casas), que, no conjunto,
termo pejorativo usado pelos paulistas em referência aos formavam os quilombos. Cada mocambo, possuía um chefe, que,
forasteiros (maioria portugueses), que usavam botas, já que os por sua vez, obedecia ao chefe do quilombo, denominado zumbi.
paulistas (bandeirantes) andavam descalços. Embora minoritários, os Os quilombolas, se dedicavam ao trabalho agrícola e chegavam a
paulistas hostilizavam e eram hostilizados pelos emboabas. estabelecer relações comerciais com os povoados vizinhos.
Julgavam-se donos das Minas por direito de descoberta. A principal Palmares (atual Alagoas) foi o maior quilombo formado no Brasil.
rivalidade entre paulistas e emboabas era pela exclusividade na Sua origem foi a partir de 1630, quando a invasão holandesa
exploração de ouro em Minas, mas também tinha outros motivos desorganizou os engenhos, que a fuga maciça de escravos tornou
mais significativos. O comércio de abastecimento das Minas era Palmares um quilombo de grandes proporções. Em 1675, a sua
controlado por alguns emboabas que davam grandes lucros. população era de 30 mil habitantes. Com a expulsão dos
Destaque para o português, Manuel Nunes Viana, rico português e holandeses em 1654 e a escassez de mão de obra, as autoridades
principal líder dos emboabas. O estopim da guerra foi o coloniais, apoiadas pelos senhores, decidiram destruir Palmares.
desentendimento entre Nunes Viana e Borba Gato. Borba Gato era Várias expedições foram feitas contra Palmares, mas nenhuma
guarda-mor de Minas, e representava o poder real. A fim de teve sucesso. Foi necessário contratar os serviços dos
combater o contrabando, a Coroa proibiu o comércio entre Minas bandeirantes, liderado pelo veterano Domingos Jorge Velho, com
e Bahia. Apesar dessa determinação, o comércio continuou sob a apoio bélico e homens, Jorge Velho conseguiu destruir finalmente
liderança de Nunes Viana. Desta maneira, Borba Gato determinou a Palmares em 1694. O chefe do quilombo, Zumbi, não foi capturado
expulsão de Nunes Viana das Minas. Nunes Viana não acatou e foi na ocasião. Somente um ano depois foi encontrado e executado.
apoiado pelos emboabas, já que Minas, a maior parte era ocupada
pelos emboabas. Sendo minoritário, os paulistas se retiraram, mas REVOLTA DA CACHAÇA – 1660-1661 –
um grupo deles, a maioria de índios, foi cercado pelos emboabas, RIO DE JANEIRO
que exigiram a rendição, prometendo poupar-lhe a vida caso
Revolta ocorrida no Rio de Janeiro devido aos excessivos aumentos
depusesse as armas. Os paulistas se renderam e depuseram as
de impostos cobrados pelos produtores de aguardente. O
armas, mas mesmo assim, foram exterminados pelos emboabas. O
governador do Rio de Janeiro, visando melhorar o aparelhamento
local ganhou o nome de Capão da Traição. Expulsos de Minas, os
de suas tropas coloniais, instituiu uma taxa sobre as posses dos
paulistas penetraram em Goiás e Mato Grosso, onde novas jazidas
habitantes. Quando a cobrança chegou na freguesia de São
foram descobertas.
Gonçalo, vários proprietários da região se recusaram a pagar. Na
REVOLTA DE VILA RICA – 1720 – MINAS madrugada de 08 de novembro de 1660, os senhores de engenho,
GERAIS liderado por Jeronimo Barbalho Bezerra atravessaram a baia de
Guanabara e convocaram a população para o fim do imposto. As
Em 1718, o Rei de Portugal estava insatisfeito com as tributações tropas portuguesas combateram o levante em 06 de abril de 1661.
em Minas e pelo contrabando que ocorria. Assim, secretamente, o
Os envolvidos foram julgados e enviados para a metrópole. O líder
Rei ordenou os seus funcionários trabalharem para a instalação das Jeronimo Bezerra foi condenado a morte pela forca, e
Casas de Fundição nas Minas. Segundo esse novo regime, os
posteriormente decapitado e esquartejado, como era de costume.
mineradores seriam obrigados a enviar o ouro em pó para ser
fundido e transformado em barras com o selo real nas Casas de
MONTINS DO MANETA – 1711 –
Fundição, onde o ouro automaticamente seria taxado (quinto). Em
SALVADOR
1719, o governador de Minas, contava com uma tropa recém criada,
os dragões, que foi imediatamente utilizada para sufocar as Em 1710, o rei da França, Luís XIV, ordenou a invasão do Rio de
rebeliões. Em 29 de junho de 1720, eclodiu em Vila Rica, um sério Janeiro. Pediu para os seus corsários colocarem a bandeira inglesa
História – Focado na Esa 2021
para facilitar a invasão. Entretanto, o governados do Rio de Janeiro portugueses aproveitaram para invadir e atacar cruelmente as
conseguiu armar as suas tropas e combater os invasores aldeias de Iguape e Guamá.
franceses. Entretanto, com um contingente maior, retornaram em
1711, e conseguiram se estabelecer. O próximo alvo seria a capital, CONFEDERAÇÃO DOS CARIRIS – 1683-
Salvador. Assim, para custear as tropas, o governador as taxas do 1713 – NORDESTE
sal e instituiu um imposto por cada escravo. O comerciante João
de Figueiredo da Costa, apelidado de “Maneta” comandou a A confederação dos Cariris também é chamada de Guerra dos
sublevação em 19 de outubro de 1711. Ocorreu uma segunda Bárbaros foi um conflito indígena na nação Cariri contra a
sublevação em 02 de dezembro do mesmo ano. Por sorte dos dominação portuguesa na região do nordeste (atuais estados Piauí,
colonos, as frotas francesas pegaram uma tempestade e vários Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco) entre 1683 e
navios naufragaram, e os franceses seguiram para a Caiena, que 1713. A revolta começou por causa dos abusos cometidos pelos
futuramente seria chamada de Guiana Francesa (Tratado de portugueses aos povos indígenas, tais como: massacre de tribos,
Utrecht – 1713). escravização, abusos sexuais e usurpação de suas terras. Os
indígenas criaram uma Confederação que começaram realizar
GUERRA DOS AIMORÉS – 1555-1558 – ataques em vilas e fazendas. Após anos de luta, a confederação foi
ESPÍRITO SANTO extinta e massacrada militarmente, ganhando o nome de “Guerra
dos Bárbaros”. Destaque para os serviços prestados do bandeirante
Foi um conflito entre colonizadores portugueses e os indígenas Domingos Jorge Velho para destruir a resistência dos Cariris.
nos territórios atuais da Bahia e Espírito Santo. O motivo do conflito
foi a tentativa da escravização indígenas pelas entradas do
bandeirante Fernão de Sá. Os aimorés venceram e as feitorias dos
bandeirantes foram destruídas.

GUERRA DO IGUAPE – 1534-1536 – SÃO


PAULO

Em 1534, o espanhol Ruy Garcia de Moschera instalou-se nos


arredores da província de São Vicente, desrespeitando o Tratado
de Tordesilhas. Moschera realizou aliança com os índios carijós e
venceram a luta contra corsários franceses que encontravam-se
na região. As forças luso-brasileiras enfrentaram os invasores
espanhóis, mas foram derrotados. No entanto, em virtude das
incursões sistemáticas das forças luso-brasileiras e de aliados
indígenas, os espanhóis foram forçados a se retirarem de São
Vicente, indo para a Ilha de Santa Catarina.

LEVANTE DOS TUPINAMBÁS – 1617-


1619 – BELÉM

Entre os anos de 1614 e 1615, os portugueses resolveram começar


a expandir seu território em direção à região amazônica. A
ocupação da Amazônia durante a União Ibérica. A conquista do
Amazonas começou no final de 1615, quando os portugueses
venceram os franceses (França Equinocial) e conseguiram ocupar
São Luís. Nessa expedição foi fundado Belém e a construção do
forte de Presépio. O objetivo do forte era proteger a região do
extremo norte que estava invadida por ingleses e holandeses. Os
portugueses criaram campanhas militares para defender o território
amazônico e garantir a entrada do Rio Amazonas. Para se
estabelecer na região, os portugueses fizeram aliança com os
tupinambás, povo indígena da região. Em 1617 os portugueses
cometeram inúmeros abusos com os indígenas e começaram a
explorar a mão de obra deles. Em 13 de janeiro de 1618, o líder dos
Tupinambás, Tuxaua (cabelo de velha), reuniu diversos povos
indígenas de Belém para travar uma luta contra os portugueses. As
disputas culminaram no ataque dos tupinambás ao Forte do
Presépio em 1619. Com a morte de Cabelo de Velha, os

Você também pode gostar