Você está na página 1de 19

DISCIPLINAS COMPLEMENTARES

Landolfo Andrade
Direito da Criança e do Adolescente
Aula 1

ROTEIRO DE AULA

• Considerações iniciais
➢ Definição
o Direito da criança e do adolescente é o conjunto de normas e princípios que disciplinam a tutela dos direitos das
crianças e dos adolescentes em suas relações em face do Poder Público, sociedade e família
o Finalidade: proteger um sujeito especial de direitos - criança e adolescente
o Finalidade específica, objeto específico, princípios exclusivos e específicos
o Ramo autônomo do Direito

➢ Antes do século XIX:


o Crianças como direito de propriedade dos pais (não eram sujeitos de direito)
o Estado não fazia intervenções nesse aspecto
o Crianças como meio de produção
o A educação não era um dever da família
o Os maus-tratos eram socialmente tolerados
o Caso Mary Ellen (EUA – 1874)
▪ Filha de Imigrantes Irlandeses
▪ Retirada de sua mãe biológico e levada para um departamento de crianças órfãs (não houve chance para a mãe
se defender)
▪ Adotada (família adotou com papéis falsos)
▪ Sofre maus-tratos (negligência na alimentação; não saia de casa; não brincava; dormia no chão; queimada com
cigarros;)
▪ Status: propriedade dos pais

1
www.g7juridico.com.br
▪ Etta Angell (Missionária metodista que recebeu as denúncias de maus tratos; assistente social) recorre à
Sociedade Americana para a Prevenção da Crueldade contra os Animais (polícia, líderes religiosos; poder judiciário;
ninguém deu ouvidos, sob o pretexto de a criança ser propriedade dos pais; não havia lei ou documento
internacional que reconhecia direitos para criança e adolescente)
▪ Em 10 de abril de 1874, a pequena Mary Ellen atestou o seguinte:
- "Meu pai e minha mãe estão mortos. Eu não sei quantos anos tenho. Não tenho lembrança de minha vida antes
dos Connelly'. Mamãe tinha o hábito de me bater quase todos os dias com um chicote e ele sempre deixava
marcas azuis em meu corpo. Tenho agora uma marca dessas no meu rosto e uma cicatriz de quando mamãe me
golpeou com uma tesoura. Não tenho lembrança de jamais ter sido beijada por quem quer que seja e nunca beijei
a minha mãe. Nunca fiquei no seu colo e ela nunca me fez carinho. Nunca tive coragem de falar isso com a outras
pessoas porque seria castigada. Não sei porque era castigada. Minha mãe nunca dizia nada quando me batia. Não
quero voltar a viver com mamãe porque ela me bate. Não me recordo de jamais ter ido à rua em toda a minha
vida”.

▪ Primeira punição por maus-tratos contra criança da história (1 ano de prisão; perda da custódia;)

• Normatividade Internacional (internacionalização dos direitos humanos; mitigação da soberania dos Estados)
I – Instrumentos de alcance geral (instrumentos homogêneos tutela de todos os seres humanos)
o Declaração Universal dos Direitos do Homem (ONU, 1948)
▪ Introduz a concepção contemporânea de direitos humanos (direitos invisíveis; independentes e universais)
▪ Consolida uma ética universal (patamar mínimo de respeito aos direitos humanos)
▪ A infância tem direito a cuidados e assistência especiais
▪ Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social

o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (ONU, 1966)


▪ “Red rights”
▪ Proibição de trabalhos nocivos à saúde e à moral das crianças
▪ Proteção contra a exploração econômica e social

o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (ONU, 1966)


▪ “Blue rights”
▪ Direito à não discriminação
▪ Direito à aquisição de nacionalidade
▪ Direito ao nome
▪ Direito à proteção da sua família* (filme: “A troca” – LA, 1929)

2
www.g7juridico.com.br
o A Convenção Americana dos Direitos Humanos de 1969 (Pacto de San Jose da Costa Rica)
▪ Direito a julgamento por tribunais especializados
▪ Direito à separação dos maiores
▪ Direito à aplicação de medidas de proteção de caráter ressocializatório (não pode sofrer penalização)
▪ Direito de petição perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos (instrumento de controle; falhas no
Estado)

II - Instrumentos de Alcance Especial (instrumentos heterogêneos; voltados especificamente para a tutela das crianças
e adolescentes)1
o A Declaração de Genebra – Carta da Liga sobre a Criança, de 1924
▪ Primeiro instrumento internacional voltado à proteção da criança
▪ Reconhecimento da vulnerabilidade da criança
▪ Instrumento de soft law (não tem força vinculante; componente ético e moral; podem influenciar a edição de
outros documentos internacionais)
▪ Crianças como objeto de proteção (não como sujeitos de direitos)

o A Declaração dos Direitos da Criança (ONU, 1959)


▪ *Mudança de paradigma: criança como sujeito de direitos* (possibilidade de demandar em juízo para satisfação
e concretização desses direitos em face do Estado, sociedade e família)
▪ Princípio da universalização (infância como “sujeito coletivo de direitos”; caráter global; para toda criança e
adolescente independentemente de sua condição –raça, família, idade, religião, etc.)
▪ Princípio do interesse superior da criança (toda intervenção feita para a proteção da criança, nas relações desta
com essas entidades, deve ser feito à luz de seu melhor interesse)
▪ Princípio da prioridade
▪ Direito ao nome e à nacionalidade
▪ Direito a assistência social
▪ Direito à convivência familiar
▪ Direito à educação
▪ Direito à proteção contra o abandono e a exploração no trabalho
▪ Instrumento de soft law, com forte conteúdo ético, moral e humanista
▪ Influenciou diversos outros instrumentos especiais de tutela das crianças e adolescentes

o Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça Juvenil (Regras de Beijing, 1985)
▪ Situações de julgamento por ilícitos penais

1
obs. existem diversos instrumentos internacionais que são voltados para grupos vulneráveis específicos: crianças, mulheres,
discriminação racial, idosos, deficiente, etc.

3
www.g7juridico.com.br
▪ Especialização da Justiça da Infância
▪ Garantias processuais básicas: juiz imparcial, ampla defesa etc.
▪ Possibilidade de remissão
▪ Excepcionalidade da internação provisória
▪ Brevidade das medidas restritivas de liberdade

o Convenção sobre os Direitos da Criança (ONU, 1989)


▪ Esta convenção foi ratificada pela quase totalidade dos Estados-membros das Nações Unidas (196 países), com a
exceção dos Estados Unidos da América
▪ É composta de um preâmbulo seguido por 54 artigos.
▪ Criança é definida como todo ser humano com menos de 18 anos de idade, a não ser que, pela legislação
aplicável, a maioridade seja atingida mais cedo
▪ Reconhece a condição peculiar de ser humano em desenvolvimento
▪ Sujeito de direitos, que exige proteção especial e absoluta prioridade
▪ Previsão de mais de 40 direitos específicos (tutela individual e coletiva); aliada à ideia de universalização; direitos
indivisíveis e interdependente
▪ Declaração de direitos:
▪ Doutrina da Proteção Integral
- todas as crianças como sujeitos de direitos
- proteção global: todo direito fundamental dos adultos deve ser reconhecido para as crianças;
- as crianças possuem mais direitos que os adultos (direitos especiais: brincar, lazer, esporte, etc.)
- Direitos efêmeros: devem ser exercidos e assegurados no tempo certo (ex. direito de brincar; direito de creche;
- Princípio da prioridade absoluta (Prioridade nas ações do Poder Público)

▪ Pilares da Convenção (segundo a UNICEF):


- Não discriminação (raça, social, econômico, religioso, etc.)
- Princípio do interesse superior da criança (a intervenção e proteção do Estado deve ser feita à luz desse princípio;
pode significar, inclusive, a não aplicação de uma lei por um magistrado, por exemplo)
- Direito à sobrevivência e ao desenvolvimento
- Direito a expressar sua opinião (sempre que se fizer necessária a intervenção na esfera individual da criança, ela
deve ser ouvida; ex. aplicação de medida de proteção; aplicação de medida socioeducativa)

▪ Sistema de controle: Comitê dos Direitos da Criança


i) Examina relatórios encaminhados pelos Estados-Partes;
❖ Relatórios em que se expõe as medidas adotadas pelos Estados na concretização dos direitos

4
www.g7juridico.com.br
ii) Expede recomendações
❖ Não possui viés vinculante
❖ componente ético

- obs. não tem competência para sancionar

▪ Protocolos Facultativos à Convenção sobre os Direitos da Criança (2000):


- obs. esses protocolos trazem obrigações que serão adimplidas pelos Estados partes que, para além de ratificarem
a Convenção, ratificarem os protocolos (os Estados que ratificaram a Convenção não estão obrigados à ratificarem
os protocolos abaixo, já que são facultativos)
I) Protocolo Facultativo sobre a venda de crianças, prostituição infantil e pornografia infantil (em vigor no Brasil
desde 2004)
II) Protocolo facultativo sobre o Envolvimento de Crianças em Conflitos Armados
- * obs. esses dois protocolos não inovam os protocolos facultativos, na medida em que não introduzem a
sistemática de petições ou comunicações interestatais; (ex. criança envolvida em conflito armado em
determinado Estado – essa criança não tem acesso ao direito de petição)
III) Protocolo Facultativo relativo aos procedimentos de comunicação
❖ Genebra, 19.12.2011
❖ Direito de petições individuais: nas hipóteses de desrespeito aos direitos das crianças pelas Justiças de
seus países
❖ Veja que aqui há a inovação, ao contrário dos dois protocolos abordados acima
❖ Decisões tomadas nesses processos surgem com caráter vinculante (o Estado deverá cumprir as
obrigações previstas nas recomendações
❖ Sigilo dos denunciantes
❖ O órgão poderá pedir também aos Estados envolvidos que tomem medidas provisórias para proteger a
criança ou o grupo de crianças.
❖ No caso de um país ser considerado culpado por violar a Convenção, será obrigado a aplicar as
recomendações do comitê.

▪ Países que ratificaram o 3º Protocolo Facultativo:


- Albânia
- Alemanha
- Bolívia
- Costa Rica
- Eslováquia
- Espanha

5
www.g7juridico.com.br
- Gabão
- Montenegro
- Portugal
- Tailândia
- Brasil?
❖ PR Assinou em 2012;
❖ CN referendou em 2017;
❖ Falta a ratificação do PR

- Relatórios: análise; recomendação (não vinculante)


- Petição individual: análise; recomendação com caráter vinculante
- obs. ainda que as crianças e adolescentes no Brasil não possam exercer o direito de petição com base nos
protocolos acima, poderá fazer com base na Convenção da OEA (Pacto de São José da Costa rica)

o Incorporação da Convenção sobre Direitos das Crianças no Direito brasileiro


▪ A Convenção sobre os Direitos da Criança, adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 20/11/1989, foi
ratificada pelo Brasil em 24/09/1990.
▪ Os Dois primeiros Protocolos Facultativos à Convenção - sobre a Venda de Crianças, Prostituição e Pornografia
Infantil e sobre o Envolvimento de Crianças em Conflitos Armados, ambos de 25 de maio de 2000 - foram ratificados
pelo Brasil em 27 de janeiro de 2004.
▪ O terceiro protocolo facultativo ainda carece de ratificação
▪ Convenção sobre os Direitos da Criança (ONU, 1989): força supralegal conforme a sistemática de incorporação
abaixo

6
www.g7juridico.com.br
▪ Incorporação das normas de direito internacional (STF):

o Outros instrumentos especialmente voltados para a proteção da criança e do adolescente

• NORMATIVIDADE INTERNA
➢ A PROTEÇÃO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
o Art. 227. “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma
de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Redação dada Pela Emenda
Constitucional nº 65, de 2010)”
▪ Essa proteção e promoção dos direitos da criança e do adolescente é o único direito que o legislador constituinte
originário previu que deve ser protegido/concretizado com prioridade absoluta

7
www.g7juridico.com.br
▪ Observe que o rol de direitos previstos demonstra a concretização da universalização dos direitos e da doutrina
da proteção integral
▪ Prioridade absoluta apenas na área da infância e juventude
▪ A expressão jovem foi incluída posteriormente no texto constitucional (EC 65/10)
▪ Veja que se fala em DEVER, quanto à proteção, sendo realizada com prioridade absoluta
▪ Declaração de direitos fundamentais da criança e adolescente
▪ Identificação dos sujeitos de direitos: criança, ao adolescente e ao jovem
▪ Identificação dos sujeitos de deveres: família, sociedade e Estado
▪ Norma alinhada com o conceito contemporâneo de direitos humanos (direitos civis; sociais; dentre outras ordens
para a proteção integral)

o Sistema de especial proteção


▪ Patamar mínimo de proteção
▪ obs. a CF/88 se valeu de diversos documentos que auxiliaram na elaboração da Convenção de 1989
▪ Art. 227, § 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola; (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº
65, de 2010)
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na relação processual e
defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica;
V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em
desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade;
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao
acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado;
VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao adolescente e ao jovem dependente de
entorpecentes e drogas afins (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010).
-obs.a criação de políticas públicas voltadas para proteção e recuperação de crianças e adolescentes que se
envolvam com a drogadição é um grande desafio do Estado brasileiro

§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente.


- *Mandado de criminalização (EX: art. 218-B, CP - (Incluído pela Lei nº 12.015/2009))

§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua
efetivação por parte de estrangeiros.

8
www.g7juridico.com.br
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações,
proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.

o Os “Sujeitos” envolvidos no art. 227 da CF


▪ Sujeitos de direitos (merecedores da proteção especial):
- crianças,
- adolescentes e
- jovens (15-29 anos – LEI 12.852/2013 – Estatuto da Juventude)

▪ Sujeitos de deveres:
- Família: CF, art. 226 – produto do matrimônio, da união estável e comunidade formada por qualquer dos pais e
seus filhos
- Sociedade: (O ECA, em seu art. 4º, acrescenta a comunidade)
❖ Comunidade é mais restrita que sociedade
❖ Ex. igreja; escola;

- Estado: Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário

o A inimputabilidade aos 18 anos


▪ CF, Art. 228. “São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação
especial.”
▪ CF adotou o critério biopsicológico
▪ Temos, aqui, uma garantia individual: processo de universalização dos direitos humanos
▪ Cláusula pétrea: CF, art. 60, § 4º, IV?
- em doutrina não há muita divergência: praticamente todos os autores reconhecem uma cláusula pétrea
- rol do art. 5º não é taxativo (Ex. garantias do direito tributário; anterioridade eleitoral; todas cláusulas pétreas
fora do art. 5º)
- “CF, art. 60, § 4º. Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: (...) IV - os direitos e
garantias individuais.”

▪ pode ser modificada?


-ex. pode haver redução da maioridade penal? redução para 16 anos como limite da inimputabilidade.
- duas posições
- 1ª) Não pode ser modificada, por ser cláusula pétrea.
- 2ª) Pode ser modificada. O art. 60 veda a PEC tendente a abolir direito e garantia individual. Isso não significa,
contudo, que a matéria não possa ser modificada. Qualquer modificação será legítima se restar preservado o

9
www.g7juridico.com.br
“núcleo essencial” desta garantia, qual seja, a inimputabilidade penal do indivíduo que, em razão de sua idade,
não reúne as condições necessárias para ser considerado penalmente capaz
- Com base nessa segunda corrente, professor Landolfo entende que a redução, por EC, da maioridade penal, para
16 anos não esvazia o núcleo dessa norma. A própria CF reconhece que uma pessoa com 16 anos possui
capacidade eleitoral ativa
- Contudo, na prática, essa redução não trará resultados em termos de prevenção de novos atos infracionais.
- Não há pacificação
- Adotar a posição do examinador, quando conhecida; ou fundamentar a sua posição, quando não houver uma
posição da banca, ressalvando o entendimento contrário: ex. “Eu entendo que é possível que uma proposta de
emenda constitucional reduza a maioridade penal dos 18 para os 16 anos. Neste caso, a garantia individual de
inimputabilidade, que é cláusula pétrea, está sendo preservada, seu núcleo essencial continua preservado.
Encontra ressonância em outros dispositivos da CF e que reconhece a maturidade de uma pessoa de 16 anos,
conferindo capacidade eleitoral ativa. Esse entendimento é de boa parte da doutrina.
Sem prejuízo, existente respeitáveis vozes em sentido contrário. Para parte da doutrina, não se admite que uma
proposta de EC reduza a maioridade penal para 16 anos, já que estaria ofendendo uma cláusula pétrea

➢ O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


o Evolução da proteção jurídica à criança e ao adolescente

▪ obs. note o viés punitivo da fase 2


▪ obs. a fase 3 tem caráter assistencialista (não se preocupava com a proteção de todas as crianças e adolescentes;
nem com a promoção global dos direitos da criança e do adolescente; preocupação com o binômio: delinquência
ou miserabilidade/abandono)
▪ obs. fase 4 proteção global; indiferente das características; tutela de todos os direitos e de todas as crianças e
adolescentes; criança e adolescente deve ter desenvolvimento de forma plena

o o ECA é uma lei principiológica:


▪ traz princípios que serão observados em todas as relações de crianças e adolescentes com família, Estado e
sociedade
▪ em todas as relações jurídicas esses princípios devem ser observados

10
www.g7juridico.com.br
▪ todas as outras normas que tratam da proteção de crianças e adolescentes devem obediência aos princípios do
ECA

o ECA, Art. 1º “Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.”
▪ Doutrina da Proteção Integral
- Constituição Federal de 1988
- Convenção dos Direitos das Crianças de 1989
- Estatuto da Criança e do Adolescente

▪ Cotejo da doutrina da proteção integral com a doutrina da situação irregular (doutrina vigente à época do código
de menores):

- ao considerar a criança como sujeito de direitos, reconhece-se, para esta, o direito de exigir prestações
positivas do Estado; possibilidade de demandar em face dos próprios pais, quando o direitos estiverem sendo
desrespeitados ou negligenciados;
- a proteção integral garante os direitos fundamentais dos adultos + direitos especiais: ex. ECA assegura o direito
de brincar, lazer, esporte, etc.; proteção global para todas as crianças, independentemente de sua condição
- na doutrina da proteção integral vigora a intervenção mínima, sendo que o caso somente deve ser levado ao
conhecimento e apreciação do juiz da infância e juventude, quando outras instituições e órgãos (competentes;
ex. conselho tutelar) não se mostrarem suficientes para a proteção da criança e adolescente; já na doutrina da
situação irregular, todo e qualquer caso era levado ao juiz, podendo até legislar sobre o assunto, com grande
concentração de poderes
-garantias presentes na teoria da proteção integral: um adolescente que pratica ato infracional terá direito à
ampla defesa, contraditório, defesa técnica; já na doutrina da situação irregular não havia quaisquer garantias

11
www.g7juridico.com.br
- na teoria da proteção integral: juiz da infância e juventude, instituições de acolhimento, conselho tutelar, MP,
todos que possuem competência para a proteção e promoção do direito da criança, devem trabalhar com a
seguinte prioridade: criança deve ser mantida no seio de sua família; somente se afasta de sua família em último
caso; já na doutrina da situação irregular a institucionalização era a regra, mesmo em casos simples como a
evasão escolar

o Sujeito de direitos para o ECA:


▪ criança: até 12 anos incompletos
▪ adolescente: 12 aos 18 anos incompletos
▪ TITULARES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
- ECA, Art. 2º (caput): “Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade
incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.”

- *ECA inovou frente à Convenção de 1989 (a Convenção não faz distinção entre criança e adolescente,
considerando criança toda pessoa menor de 18 anos)

▪ Diferenças de tratamento entre criança e adolescente no ECA

12
www.g7juridico.com.br
-Colocação em família substituta pode ser dar pela guarda, tutela ou adoção: a opinião da criança não vincula (a
opinião é apenas levada em consideração pelo magistrado); o consentimento do adolescente vincula o magistrado
(se não concordar com o pedido de adoção, guarda ou tutela, o pedido será julgado improcedente)
- Prática de ato infracional (conduta análoga ao crime): criança pode praticar ato infracional, mas somente sofre
medida de proteção; ao adolescente podem ser aplicadas tanto a medida socioeducativa quanto de proteção
- Atenção para a redação originária do ECA quanto às viagens dos adolescentes: sofreu alteração: somente
independe de autorização judicial os casos a partir dos 16 anos

▪ Hipótese de aplicação aos maiores de 18 e menores de 21


- ex. adolescente, com 17 anos, 11 meses e 20 dias, vai para balada com arma de fogo; saca arma de fogo e mata
3 pessoas; poderá ser processado por prática de ato infracional análogo ao crime de homicídio
- Prática de ato infracional: ação socioeducativa e correspondente execução
- Art. 2º, Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas
entre dezoito e vinte e um anos de idade.
- Art.104, parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do adolescente à data do
fato.
- Art. 121, § 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade (internação).
- Art. 120, § 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as disposições relativas
à internação (semiliberdade).
- ECA, na prática de ato infracional, adotou a teoria da atividade (no exemplo acima, era menor de 18 na prática
do ato; será responsabilizado nos termos do ECA) – art. 104, p.u
- Medida de internação resulta em liberação compulsória aos 21 anos de idade: pode internar pessoa maior de
18, mas ao atingir 21 ela será liberada compulsoriamente
- Pode-se processar um adolescente, pela prática de ato infracional, ainda que, no curso do processo ou antes do
início do processo, atinja a maioridade penal. Basta que a conduta tenha sido praticada enquanto adolescente
- Para a semiliberdade se aplicam as mesmas regras da internação: também se admite aplicação após os 18 anos
- Medidas socioeducativas em meio fechado: internação e semiliberdade – podem ser aplicadas para o maior de
18, desde que a conduta tenha sido praticada enquanto adolescente. Limitada aos 21 anos de idade (liberação
compulsória)
- É possível execução das medidas em meio aberto em face de pessoas maiores de 18 anos e menores de 21
anos?

13
www.g7juridico.com.br
- STJ, Súmula 605: “A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato infracional nem na
aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade assistida, enquanto não atingida a idade
de 21 anos.”
❖ Admite-se a execução de medida socioeducativa em meio aberto, ainda que já completos os 18 anos
❖ Sempre com o teto máximo de 21 anos
❖ Entendimento encampado pela Lei do SINASE (Lei 12.594/12): art. 46, §1º: . “No caso de o maior de 18
(dezoito) anos, em cumprimento de medida socioeducativa, responder a processo-crime, caberá à autoridade
judiciária decidir sobre eventual extinção da execução, cientificando da decisão o juízo criminal competente”.
❖ ex. adolescente praticou ato infracional análogo ao crime de estelionato; é movida ação socioeducativa;
no curso da ação completa 18 anos; juiz condena e aplica medida socioeducativa de prestação de serviços à
comunidade; no curso da execução da medida, o adolescente pratica um crime; sendo processado
criminalmente pela conduta; o juiz tem a discricionariedade de decidir pela continuidade da medida de
prestação de serviço à comunidade

▪ Aplicação do ECA para as adoções de adultos: art. 1619 do CC


- regras materiais de adoção, previstas no ECA, serão aplicadas para adoção de criança, adolescente e ADULTOS

o Primeira infância e jovem


▪ Primeira infância: primeiros 6 anos completos ou 72 meses de vida da crianças (art. 2º da Lei 13.257/2016)
▪ Jovem: pessoa com idade entre 15 e 29 anos de idade (art. 1º, § 1º, da Lei 12.852/2013 - Estatuto da Juventude)
▪ “EJ, Art. 1º, § 2º Aos adolescentes com idade entre 15 (quinze) e 18 (dezoito) anos aplica-se a Lei nº 8.069, de
13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente, e, excepcionalmente, este Estatuto, quando não
conflitar com as normas de proteção integral do adolescente.”
▪ Na primeira infância, a proteção deve ser ainda mais efetiva
▪ Para o jovem de 15 aos 18 (também são adolescentes), aplica-se, prioritariamente, o ECA, aplicando-se em caráter
suplementar o EJ no que não for incompatível com o ECA

o Princípios do Direito da Criança e do Adolescente


A) Princípio da proteção integral (CF, art. 227; e ECA, art. 1°)
- Todas as ações e decisões, envolvendo tutela de direito da criança e adolescente, deve ter como premissa maior
a proteção de todos os direitos fundamentais das crianças e adolescentes
- Alcança todas as crianças e adolescentes indistintamente
- Proteção global

14
www.g7juridico.com.br
B) Princípio da prioridade absoluta (CF, art. 227; ECA, art. 4º, parágrafo único):
- Em razão desse princípio, todos os direitos das crianças e adolescentes integram o mínimo existencial (ex. não
se admitirá, em ação que busca condenar o município para que construa mais creches, uma defesa com
fundamento na reserva do possível)
- ECA, art. 4º. Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende (mínimo):
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; (ex. desastre de Brumadinho; dentre as
vítimas que estão precisando de atendimento, as crianças e adolescentes devem receber atendimento prioritário;
devem ser socorridas em primeiro lugar)
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; (ex. criança com problema de
saúde vai ao pronto socorro; dentre os que estão precisando de atendimento, a criança deve ser priorizada)
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; (ex. Estado, para realizar seus objetivos,
precisa implementar políticas públicas; nessa implementação, deve priorizar políticas públicas para a promoção
e proteção dos direitos da criança e do adolescente)
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.

C) Princípio do interesse superior da criança e do adolescente (ECA, art. 100, IV):


- ECA, Art. 100, parágrafo único, IV: “a intervenção deve atender prioritariamente aos interesses e direitos da
criança e do adolescente, sem prejuízo da consideração que for devida a outros interesses legítimos no âmbito da
pluralidade dos interesses presentes no caso concreto”;
- Toda intervenção do Estado nos direitos da criança e do adolescente será feita à luz do que melhor atender ao
interesse desses sujeitos
- Vale para o Estado (administrador, juiz e legislador)
- Por se estar diante de um princípio, pode-se, inclusive, afastar a aplicação de determinadas regras, quando estas
causarem algum prejuízo para a criança e adolescente (decisão contra texto expresso de Lei quando esta for
contrária ao interesse desses sujeitos)
-Definição: o princípio do melhor interesse da criança é o critério primário para a interpretação de toda a
legislação atinente a menores, sendo capaz, inclusive, de retirar a peremptoriedade de qualquer texto legal
atinente aos interesses da criança ou do adolescente, submetendo-o a um crivo objetivo de apreciação judicial
da situação específica que é analisada.
- ex. em ação de adoção, o juiz, ao sentenciar, deve levar em consideração o interesse dos adotantes, dos pais
biológicos e, em primeiro plano, o interesse do adolescente e da criança
- Aplicação do princípio do interesse superior pelo STJ:
(a) retratação do genitor biológico acerca do consentimento para adoção antes da sentença, mas a
manutenção da criança com a família que buscava a adoção;
(b) permanência de criança em ambiente familiar em vez de acolhimento institucional;
(c) adoção por família não inscrita no cadastro de adoção quando existente vínculo afetivo consolidado;

15
www.g7juridico.com.br
(d) restrição ao direito de visitação do pai ou mãe que não tenha a guarda do filho, em caso de risco à
integridade física e emocional do infante;
(e) mitigação do princípio da perpetuação da jurisdição em caso de mudança de endereço do infante;
(f) manutenção do vínculo registral entre o filho e o pai quando não comprovado o erro ou falsidade do
registro de nascimento (art. 1.604 do CC); e
(g) possibilidade de adoção de neto por avós, desde que demonstrado o melhor interesse do infante.

- Funções garantistas do princípio do interesse superior da criança e do adolescente


i) Critério hermenêutico: Sempre que existir dúvida na interpretação de determinada norma, utiliza-se a mais
favorável ao interesse da criança

ii) Criação deveres para o Poder Público: Ao desenvolver políticas públicas, deve-se tomar decisões
administrativas com base no interesse superior

iii) Máxima operatividade e mínima restrição dos direitos: Conforme o caso concreto será avaliado o melhor
interessa da criança com a mínima restrição em seus direitos

iv) Conformadora do exercício do Poder familiar: Detentores do poder familiar devem exercer esse poder em
conformidade com o princípio

D) Princípio da responsabilidade primária e solidária do Poder Público (ECA, art. 100, III)
- Primária: A União, Estados e Municípios são primariamente responsáveis pela concretização de direitos (pode
exigir de qualquer um desses -solidariamente-)
- ”A plena efetivação dos direitos assegurados a crianças e a adolescentes por esta Lei e pela Constituição Federal,
salvo nos casos por esta expressamente ressalvados, é de responsabilidade primária e solidária das 3 (três) esferas
de governo, sem prejuízo da municipalização do atendimento e da possibilidade da execução de programas por
entidades não governamentais;”

E) Princípio da privacidade (ECA, art. 100, IV)


- Estado, sociedade e família devem respeitar esse direito (imagem, intimidade, etc.)
- Deve-se considerar que se tratam de seres humanos em desenvolvimento (mais vulneráveis e que necessitam
de ainda mais proteção quanto à privacidade)
- ex. estagiário do MP, valendo-se de seu acesso, copia arquivos de processo que envolve adolescente e coloca
em rede social – ofensa ao princípio da privacidade e comente ato de improbidade administrativa
- “A promoção dos direitos e proteção da criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela intimidade,
direito à imagem e reserva da sua vida privada.”

16
www.g7juridico.com.br
- Arts. 15, 17 e 18. Direito ao respeito e à dignidade
- Art. 143. É vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e administrativos que digam respeito a crianças e
adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional (art. 247).

- Citados no acórdão: ECA, arts. 15, 17 e 18; CF, arts. 5º, X, X e 227, caput): Direito fundamental ao respeito à
dignidade

F) Princípio da intervenção precoce (ECA, art. 100, VI)


- “A intervenção das autoridades competentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo seja conhecida.”
- Ex.: caso do menino Bernardo poderia ter sido evitado se tivesse existido a intervenção precoce em sua primeira
busca por ajuda (era uma criança que sofria recorrentes maus-tratos dos pais e da madrasta, procurando as
autoridades várias vezes, até que foi assassinado pela madrasta com conivência do pai)
- Ao primeiro indício de lesão ou ameaça de lesão aos direitos da criança e do adolescente, as autoridades devem
agir, adotando as medidas necessárias

G) Princípio da intervenção mínima (ECA, art. 100, VII)


- “A intervenção deve ser exercida exclusivamente pelas autoridades e instituições cuja ação seja indispensável à
efetiva promoção dos direitos e à proteção da criança e do adolescente;”
- situações de lesão ou ameaça de lesão à direitos da criança e do adolescente, que demandam intervenção dos
órgãos competentes, devem sofrer essa intervenção apenas pelas autoridades competentes e que forem
necessárias (ex. conselho tutelar e MP)
- ex. um caso de problemas psicológicos que afetam o desempenho da criança na escola: se puder ser solucionado
pelo Conselho Tutelar, através de suas ferramentas próprias, não há necessidade de encaminhar para o MP ou
para o fórum

H) Princípio da proporcionalidade e atualidade (ECA, art. 100, VIII)


- “A intervenção deve ser a necessária e adequada à situação de perigo em que a criança ou o adolescente se
encontram no momento em que a decisão é tomada;”

17
www.g7juridico.com.br
- Ex.: baixa frequência escolar: seria desarrazoável utilizar a perda do poder familiar como primeira medida em
razão da baixa frequência escolar, sem averiguar motivos ou aplicar outras medidas (ex. aplicar matricula e
frequência obrigatória, cobrando dos pais que eles providenciem essa frequência na escola; medida muito mais
proporcional que a institucionalização da criança, por exemplo)
- Proporcional na medida para afastar o risco
- E atual (se o risco não existir mais, não há mais viabilidade) – ex. adolescente com 14 anos pratica um roubo;
esse roubo demora para ser processado; ao final do processo o adolescente está com 17 anos; o adolescente está
trabalhando e nunca mais praticou outro ato infracional; a condição atual do adolescente deve ser levada em
consideração para aplicar a medida socioeducativa; a internação, nesse caso, não estaria sendo observada a
atualidade, já que ele está ressocializado

I) Princípio da responsabilidade parental (ECA, art. 100, IX)


- “A intervenção deve ser efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres para com a criança e o
adolescente;”
- Os pais não podem ser desonerados de responsabilidade no momento da análise de situação de risco
- Os pais também participam da solução do problema
- Não se pode, simplesmente, transferir a responsabilidade ao Estado
- Pode existir o apoio do Estado
- ex. juízes aplicando o toque de recolher para criança e adolescente; além da inconstitucionalidade da medida,
ela acabava por afastar a responsabilidade dos pais em cumprir com seus deveres (educação, disciplina,
autoridade, etc.)
- toda vez que houver uma intervenção na vida de uma criança ou adolescente, os pais devem ser chamados para
suas responsabilidades (ex. o descumprimento da frequência escolar obrigatória, como medida de proteção, pode
gerar, em seu descumprimento, responsabilização por ato infracional, crime de abandono intelectual, infração
admirativa

J) Princípio da prevalência da família (ECA, art. 100, X)


- “Na promoção de direitos e na proteção da criança e do adolescente deve ser dada prevalência às medidas que
os mantenham ou reintegrem na sua família natural ou extensa ou, se isto não for possível, que promovam a sua
integração em família substituta;”
- Ligado ao direito à convivência familiar
- órgãos e entidades ligados com a proteção da criança e do adolescente, ao realizarem uma intervenção para a
proteção desses sujeitos, devem realizar essa intervenção à luz desse princípio. A solução, preferencialmente,
será manter essa criança na sua família natural, extensa ou substituta. O acolhimento institucional deve ser última
medida

18
www.g7juridico.com.br
- ex. criança com problema de higiene ou nutrição; o conselho tutelar deve dar assistência para essa família para
que ela consiga suprir essa assistência material ou emocional; realizar o acompanhamento e incluir em um
programa de assistência social
- Ex.: adoção à brasileira, Catanduva: uma mãe decidiu que não queria criar o filho; combinou com a vizinha de
entrar no hospital com o documento dessa outra pessoa; essa vizinha tinha interesse em realizar a adoção à
brasileira; essa mãe deu a luz para a criança e na certidão constou a qualificação da vizinha e não da mãe; a vizinha
registrou a criança como se fosse sua; nesse caso o MP retirou a criança da posse da família adotiva,
encaminhando para instituição de acolhimento; realizando um programa para que essa criança voltasse para sua
mãe biológica, sendo feito um trabalho para que essa mãe pudesse receber a criança; caso não fosse possível, a
segunda meta do programa seria encontrar alguém da família da mãe biológica e que tivesse condição de ficar
com a criança; em terceiro caso, seria encaminhada para uma família substituta

K) Princípio da obrigatoriedade da informação (ECA, art. 100, XI)


- “a criança e o adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e capacidade de compreensão, seus pais
ou responsável devem ser informados dos seus direitos, dos motivos que determinaram a intervenção e da forma
como esta se processa;”
- Sempre que necessária a intervenção estatal para promover a proteção dos direitos de criança e adolescente,
devem ser prestadas as informações sobre a medida e seus motivos
- As medidas devem ser esclarecidas para os sujeitos de proteção e para os familiares

L) Princípio da oitiva obrigatória e participação (ECA, art. 100, XII)


- “A criança e o adolescente, em separado ou na companhia dos pais, de responsável ou de pessoa por si indicada,
bem como os seus pais ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a participar nos atos e na definição da medida
de promoção dos direitos e de proteção, sendo sua opinião devidamente considerada pela autoridade judiciária
competente, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei;”
- Sempre que necessária a intervenção estatal para promover a proteção dos direitos de criança e adolescente,
estes devem ser ouvidos sempre que possível
- Ações de colocação em família substituta:
❖ Criança: sempre que possível será ouvida, dando opinião não vinculante
❖ Adolescente: sempre que possível será ouvido, dando opinião VINCULANTE

-Quando a criança é acolhida institucionalmente, é desenvolvido um programa de atendimento individualizado;


nesse programa, todas as medidas que serão empregadas devem ser aplicadas com a oitiva da criança

19
www.g7juridico.com.br

Você também pode gostar