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O CLONE

Lílian Arruda

E stréia na Rede Globo no dia 1º de outubro, às 20h30, a superprodução O Clone, de


autoria de Glória Perez e direção de núcleo de Jayme Monjardim - diretor geral
juntamente com Marcos Schechtman. A nova novela do horário nobre da emissora
contará a grande história de amor de Lucas (Murilo Benício) e Jade (Giovanna Antonelli),
que começa na década de 80, no Marrocos, e se estende ao Rio de Janeiro dos dias de hoje.
Em meio à avassaladora paixão dos personagens centrais, a trama abordará dois temas
polêmicos: a clonagem humana e uma campanha de combate às drogas. A novela também
tem direção de Teresa Lampreia.

O Clone tem início há cerca de 18 anos, quando Jade (Giovanna Antonelli), filha de
muçulmanos - nascida e criada no Brasil - vê-se obrigada a se mudar para o Marrocos após
a morte de sua mãe, Sálua (participação especial de Walderez de Barros), e passa a viver os
conflitos de adaptação a uma cultura tão diferente. Nesta terra distante, Jade conhece o
brasileiro Lucas (Murilo Benício), que está viajando pelo país em companhia de seu irmão
gêmeo, Diogo (Murilo Benício), do pai Leônidas (Reginaldo Faria), da namorada deste,
Yvete (Vera Fischer) e do cientista Albieri (Juca de Oliveira). Lucas e Jade se apaixonam à
primeira vista e estarão dispostos a enfrentar todos os obstáculos por esse amor.

Enquanto Lucas (Murilo Benício) e Jade (Giovanna Antonelli) vivem o romance proibido,
Diogo (Murilo Benício) decide voltar ao Brasil após uma discussão com o pai – ele não
aceita a relação de Leônidas (Reginaldo Faria) com Yvete (Vera Fischer), a quem considera
uma golpista. Mas acontece o inesperado: já no Rio de Janeiro, Diogo morre em um
acidente de helicóptero, mexendo com a vida de todos os personagens da trama. A morte do
afilhado confere a Albieri (Juca de Oliveira) a coragem para concretizar um antigo sonho: a
experiência da clonagem humana. A partir de células de Lucas, o geneticista faz o primeiro
clone humano, que se chamará Leandro (Murilo Benício).

A história de Gloria Perez traça um interessante painel contemporâneo sobre a busca da


identidade. A questão estará presente na dualidade da heroína Jade (Giovanna Antonelli),
que vive dividida entre as culturas Ocidental e Oriental; na relação de dependência dos
gêmeos Lucas e Diogo (Murilo Benício); na crise existencial do clone Leandro (Murilo
Benício), que sofrerá a angústia de tentar descobrir o seu lugar no mundo; e também na
fragmentação dos personagens Mel (Débora Falabella) e Nando (Thiago Fragoso), causada
pelo envolvimento com as drogas.

Estão no elenco, ainda, Stênio Garcia, Nívea Maria, Eliane Giardini, Jandira Martini,
Letícia Sabatella, Antonio Calloni, Dalton Vigh, Osmar Prado, Daniela Escobar, Neuza
Borges, Victor Fasano, Beth Goulart, Cristiana Oliveira, Marcos Frota, Cissa Guimarães,
Adriana Lessa, Roberto Bonfim, Myriam Rios, Juliana Paes, Raul Gazola, Adressa Koetz,
Elizângela, Solange Couto, Guilherme Karan, Marcello Novaes, Luciano Szafir, Thaís
Fersoza, Sergio Marone, Nívea Stelman, Mara Manzan, Perry Salles, Thalma de Freitas,
Silvio Guindane, Carla Diaz, Carolina Macieira; e Eloísa Mafalda, Sebastião Vasconcellos,
Françoise Fourton, Tânia Alves, Totia Meirelles, Murilo Grossi, João Carlos Barroso e
Eduardo Martini em participações especiais na primeira fase.

O Clone levou parte da equipe ao continente africano, no distante Marrocos, onde foram
feitas as primeiras cenas da trama e registradas imagens inéditas em uma novela brasileira.
Foram milhares de quilômetros percorridos e cerca de 40 dias de gravações em cinco
cidades do país, enfrentando o forte calor do verão marroquino, as diferenças culturais e
lingüísticas e todas as dificuldades de produção em uma terra estrangeira.

A novela mostrará cenas de Lucas e Jade nas ruínas do kasbah Ait Ben Hadou, em
Ouarzazate, a "Hollywood do deserto", cenário de filmes como Gladiador, de Ridley Scott,
A Jóia do Nilo, de Lewis Teague, e A Última Tentação de Cristo, de Martin Scorcese;
seqüências gravadas com uma caravana de 25 camelos e 12 beduínos em Erfoud, às portas
do deserto do Saara, sob um sol de 53 graus; o encanto de Marrakech, onde foi gravado o
mercado de camelos que aparecerá na história; a beleza da cisterna portuguesa de El Jadida,
uma construção subterrânea do século XVI que se estende da entrada da cidade ao portão
do mar (usada por Orson Welles em algumas seqüências do filme Otelo); e cenas feitas na
milenar Medina de Fès, datada do século IX, que serviu de referência para a construção da
cidade cenográfica marroquina construída na Central Globo de Produção.

Equipe e elenco mergulharam nas pesquisas sobre os temas da novela, realizando um


grande trabalho de preparação para dar início às gravações. A novela conta, ainda, com a
experiência internacional da maquiadora Lynn Barber, ganhadora de um Oscar de
maquiagem pelo envelhecimento dos atores Jessica Tandy e Morgan Freeman no filme
Conduzindo Miss Daisy (Driving Miss Daisy, 1989).

"O Marrocos tem uma magia e uma nostalgia muito grandes. As pessoas vivem
intensamente as coisas. A religiosidade, a cultura, tudo brota de forma muito intensa. Nada
melhor do que um país com essa carga para passar a verdade que queremos", afirma o
diretor Jayme Monjardim.

O resultado desta saga é um verdadeiro conto das mil e uma noites, que promete mexer
com o imaginário e o coração do público por muitos capítulos.

A VIAGEM AO MARROCOS
A equipe que viajou ao Marrocos, formada por cerca de 20 brasileiros, levou 900 quilos de
equipamento na viagem - incluindo duas câmeras digitais, uma steady cam e equipamentos
completos de áudio e vídeo. E trouxe na bagagem histórias curiosas. Logo no primeiro dia
de gravações, o câmera J. Passos abriu as portas para a equipe ao vestir uma camisa da
seleção brasileira de futebol: os marroquinos sabem de cor os nomes de jogadores
brasileiros, entre eles Ronaldo, Romário, Zico e Pelé. Já no deserto, em Erfoud, duas
câmeras pifaram por conta do calor, obrigando a base da novela aqui no Rio a enviar mais
duas câmeras extras. A produtora Claudia Braga lembra que foi necessário comprar
sandálias com sola de couro para todos os integrantes, porque a areia escaldante descolava
as solas de borracha dos tênis e sapatos. Na mesma locação, um escorpião e uma cobra,
cujo veneno mata em duas horas, foram achados a dez passos do acampamento beduíno
onde a equipe registrava cenas com Murilo Benício, Giovanna Antonelli e Stênio Garcia.

Tanto em Erfoud, quanto em Ouarzazate, houve um esforço tremendo da produção para


conseguir encher os recipientes térmicos com água gelada, porque não é um hábito dos
marroquinos ingerir bebidas com gelo. Água e refrigerantes são bebidos à temperatura
ambiente.

Cerca de 20 marroquinos foram contratados para auxiliar nas gravações. Embora a maioria
tivesse experiência em grandes produções cinematográficas rodadas no Marrocos, eles se
surpreenderam com o ritmo acelerado de produção da novela, que incluía a realização de
até dez cenas em um único dia. No dia-a-dia das gravações, podia-se ver até 40 pessoas no
set, incluindo os brasileiros e o grupo de marroquinos formado por assistentes de direção,
produtores, maquiadores, engenheiros, maquinistas, motoristas, operadores de grua, e
assistentes de iluminação e de figurino; além do produtor de elenco Salah Benchegla -
responsável pela figuração de aproximadamente 25 marroquinos utilizados em cenas
diversas - e do médico Oikil Mustapha que, nos cerca de 35 filmes em que trabalhou, como
Gladiador, 007 - Viva ou Deixe Morrer, Kundum e A Múmia, cuidou de muitos casos de
desidratação, queimadura solar e queimadura por efeitos especiais. Na novela, porém, seus
"pacientes" enfrentaram apenas problemas de adaptação ao forte tempero da comida local,
que inclui pratos como lentilha apimentada, espetinho de churrasco, kafta e legumes bem
condimentados. Salah e Oikil acabaram fazendo uma "ponta" nas gravações,
respectivamente como um empregado de Ali (Stênio Garcia) e o médico que atende Jade
(Giovanna Antonelli) e Latiffa (Letícia Sabatella) em uma cena gravada na Medina de Fès.

A passagem da equipe da novela por Marrocos despertou a curiosidade dos árabes. Para
cada seqüência, a equipe montava sua base nos lugares mais variados, como lojas e casas,
transformando os espaços em camarins e salas de corte improvisados. Nas gravações na
Medina de Fès, no bairro de Bab Guissa, por exemplo, uma loja de produtos de couro
serviu de base para as gravações no tradicional curtume local. "Fès é como uma volta ao
passado", afirma o diretor Jayme Monjardim. "Agora até encontramos antenas parabólicas,
mas há alguns anos era exatamente como há doze séculos", afirma Marcos Schechtman. O
ator Murilo Benício concorda e estende o comentário a outras cidades do Marrocos. "Em
Ouarzazate, onde comecei a gravar, as pessoas moram em cavernas, não têm pia com água,
parece uma tribo medieval. É muito interessante, como se o tempo tivesse parado", disse o
ator, presenteado com uma festa-surpresa durante as gravações em Ouarzazate, para festejar
seus 30 anos.

Em sua primeira noite em Fès, Murilo Benício se surpreendeu ao ser acordado às três horas
da manhã pelo chamamento à oração conduzido pelo muezim em uma mesquita próxima -
os muçulmanos oram cinco vezes ao dia para louvar a Deus (Allah). Do elenco, também
gravaram no Marrocos os atores Giovanna Antonelli, Letícia Sabatella, Eliane Giardini,
Jandira Martini, Dalton Vigh, Antonio Calloni, Juca de Oliveira, Stênio Garcia, Reginaldo
Faria e Vera Fischer. Todos aprovaram a experiência e ainda trouxeram muitas lembranças
locais e fotos tiradas durante as gravações. Em Fès, a equipe foi recebida em um jantar de
gala oferecido pelo governador da cidade, Moulay Abdeslan Alaoui.
Segundo Giovanna Antonelli, a convivência diária com os marroquinos foi fundamental
para a composição de sua personagem. "Só descobri a Jade depois de chegar ao Marrocos",
resumiu. Assim como outros integrantes da equipe, Giovanna provou pombo pela primeira
vez. Trata-se de bestila, um doce recheado de assado de pombo com amêndoas, açucarado
e perfumado com canela, uma especialidade da cidade de Fès. A atriz também aderiu ao
tradicional chá de menta, bebida aromatizada de folhas de hortelã, que faz parte da
hospitalidade e tradição marroquinas. Gostou tanto que comprou a bandeja e as peças
típicas usadas no país, para continuar tomando o chá em sua casa com direito a todo o ritual
marroquino.

Já Eliane Giardini, em seu primeiro dia em Fès, comprou uma típica djellaba (túnica) para
passear na Medina e se sentir uma nativa. "Tivemos um mês e meio de trabalhos, de
leituras sobre a cultura marroquina, e a nossa viagem confirma muitas coisas e desmente
outras. Aqui há uma diversidade muito grande, como nunca vi igual. É muito rico
interpretar nesse sol, dá maior vivência ao personagem", ressaltou a atriz.

Letícia Sabatella também ficou encantada. "É emocionante estar aqui, não consigo imaginar
algo similar. É impressionante, um universo muito diferente. Parece que estou numa
colméia", sintetizou Letícia, destacando que todas as mulheres marroquinas que conheceu
são muito talentosas, sabendo cozinhar, fazer belos trabalhos de arte, cantar e dançar. Para
ajudar na composição de Latiffa, Letícia não se separava de seu aparelho de MD, que usou
para registrar as falas e cantos das marroquinas. A atriz ainda foi protagonista de um
fictício jogo de futebol, realizado na locação de Bab Borj Ftouh, que aparecerá em um dos
capítulos da novela, e no qual até a produtora Marília Fonseca atuou como goleira. A
curiosidade é que as mulheres jogam vestidas de túnicas e os times se diferenciam pela cor
dos lenços que elas usam na cabeça.

"Por mais informações que se tenha, quando você chega é surpreendente. Geralmente se
tem uma impressão folclórica do mundo árabe, por isso é uma experiência vital gravar
aqui", comentou Jandira Martini, ressaltando que o elenco está se cercando de muitos
cuidados para evitar caricaturas.

"Essa viagem está sendo muito interessante para incorporar características dos marroquinos
ao meu trabalho. É muito proveitoso ver de perto as cores, os elementos da cidade, sentir o
cheiro das ruas, das especiarias, dos temperos e das pessoas. Faz a gente se sentir mais
como o personagem e não como um estrangeiro", explicou Dalton Vigh, que já se considera
um especialista em barganhar preços, uma tradição dos comerciantes árabes. Prática que
também acabou sendo assimilada por Murilo Benício. "Não estava acostumado a negociar,
mas acho que vou voltar para o Brasil pechinchando tudo".

O ator Stênio Garcia, por sua vez, experimentou negociar com os marroquinos durante um
passeio por um típico mercado de Ouarzazate. Conseguiu adquirir colares feitos de pedras
regionais pela metade do preço inicial exigido pelos mercadores. "Eles queriam três mil
dirhans (um dirhan, a moeda marroquina, corresponde a 11,49 dólares) e acabei levando
por 1.500 dirhans, a metade do preço", contou Stênio. O ator lembrou também que um
comerciante ainda tentou trocar, em vão, dois anéis por seu micro-gravador (usado por ele
para gravar os sons locais e as falas dos marroquinos). Stênio se encantou com os trabalhos
de preparação do elenco e a viagem ao Marrocos. "É uma experiência muito rica, não só
para a construção do personagem como para a minha vida".

O mesmo pensa Antonio Calloni, que passou a compreender melhor o seu personagem
quando começou a gravar na Medina de Fès. "Agora entendo mais o comportamento do
Mohamed. E ainda aprendi expressões usadas aqui que servem bem ao personagem",
resumiu Calloni. "Essa estadia em Fès foi maravilhosa. A cidade começou no século IX e
ainda conserva coisas daquele tempo, como os artesãos, o curtume, as cabeças de cabra
expostas em bancadas... É um caos organizado", salienta o ator, acrescentando que, com as
várias idas à Medina, o elenco tem subsídios para a novela inteira.

"O que mais me chama a atenção no Marrocos é a preservação de tradições primitivas,


como o chamamento à reza, que faz parte da memória genética, mexe com nossas raízes
ancestrais. Provavelmente quando o homem sentiu seu primeiro medo, fez algum pacto
com deuses que deveria conter esse chamamento", analisa o ator Juca de Oliveira,
fascinado com as peculiaridades da Medina de Fès, onde gravou cenas de seu personagem,
o cientista Albieri. "A Medina é um triunfo à preservação da arquitetura: tem grandes casas,
apesar de ser do século IX, anterior aos grandes palácios da Renascença. E mantém seus
artesãos e artistas. A preservação dos hábitos religiosos conduz à preservação de hábitos e
princípios", continua o ator. "Aqui encontramos uma cidade à margem da globalização do
mundo ocidental, com uma cultura intacta. Há uma organização política e social nos
moldes das cidades que viviam do artesanato na Idade Média; não há violência dentro da
Medina, as crianças brincam nas ruas, e há um milhão de pessoas vivendo em Fès. Como
isso é possível? É uma sociedade baseada na tradição, em princípios éticos. Acho que nós,
do Ocidente, estamos no limiar da degeneração da espécie. A globalização contribui para a
falta de valores, para a fragmentação do homem. Na Medina, as coisas continuam
funcionando exatamente como eram há tempos, e de forma azeitada", resume Juca de
Oliveira.

O ambiente do Marrocos também foi reproduzido nos cenários montados no estúdio da


Central Globo de Produção, onde as gravações com o núcleo árabe têm a consultoria dos
irmãos marroquinos Karima e Ahmed Elmaataoui. Eles assessoram a direção para que a
atuação seja a mais espontânea possível, passando uma série de noções sobre os costumes
de seu país, que vão desde os gestos apropriados - como a maneira de sentar ou a forma de
tomar o chá - à pronúncia correta de certas expressões. Os irmãos fazem participações na
novela, vivendo dois empregados da casa de Ali (Stênio Garcia).

O cuidado em tentar aproximar a novela da realidade marroquina se estendeu à escolha da


figuração, coordenada pelos assistentes de direção Maria José Rodrigues e Daniel
Ghivelder, que também ajudaram a fazer um levantamento dos temas enfocados na história.
A produção trabalha com uma média de 50 figurantes nas gravações na cidade cenográfica.
Todos os figurantes passaram por testes. Além da procura pelo tipo físico adequado, uma
das preocupações foi selecionar pessoas que tivessem intimidade com os hábitos e a língua
árabe. Além disso, doze músicos estão se revezando nas gravações em que haja necessidade
de alguma performance musical, como as cenas de Vera Fischer e Reginaldo Faria num
típico restaurante marroquino montado em estúdio. É uma forma de criar uma atmosfera
mais integrada e enriquecer as cenas.

A PREPARAÇÃO DO ELENCO
Uma minuciosa pesquisa sobre os temas antecedeu o início das gravações para auxiliar os
profissionais envolvidos na produção da novela. Também foi feita uma intensa preparação
de todo o elenco para ajudar na composição dos personagens. Os atores tiveram acesso a
palestras e textos diversos sobre os costumes muçulmanos, clonagem e drogas, além dos
livros (A Princesa, A Prisioneira do Rei, Sonhos de Transgressão, L'Homme Dupliqué,
entre outros); e filmes (iranianos e ocidentais, como Os Silêncios do Palácio, O Jarro,
Filhos do Paraíso, A Maçã, O Balão Branco, Tempo de Espera, Gabbeh, Através das
Oliveiras, O Céu Que Nos Protege, Esse Obscuro Objeto do Desejo, Gêmeos - Mórbida
Semelhança, Gêmeas, A Dupla Vida de Monique, O Sexto Dia, Bebês Perfeitos; Eu, Minha
Mulher e Minhas Cópias).

De acordo com seus respectivos núcleos e papéis na trama, os atores visitaram sociedades e
instituições - como clínicas de fertilização e laboratórios de clonagem -, tiveram aulas de
expressões árabes e prática de orações com o sudanês Abdelbagi Sidahmed Osman,
presidente e Imam (que conduz as orações) da Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio
de Janeiro; noções de costumes marroquinos; e aulas de dança - incluindo dança do
ventre, com a professora e bailarina paulista Claudia Cenci, que deu aulas de dança árabe
para os homens do núcleo árabe (Stênio Garcia, Antonio Calloni, Dalton Vigh e Luciano
Szafir) e para as atrizes Giovanna Antonelli, Letícia Sabatella, Eliane Giardini e Nívea
Stelman. "É uma dança muito orgânica, toda mulher deveria fazer. Não exige uma maestria,
um perfeccionismo. Faz um bem danado", opina Eliane Giardini. Outros atores tiveram
aulas de dança de salão, com a professora Sandra Regina, responsável por ensaiar elenco
(Adriana Lessa e Roberto Bonfim) e figuração das cenas realizadas na gafieira Estudantina,
no centro do Rio, e que também deu aulas para Luciano Szafir de dança árabe dançada em
boates.

Os atores tiveram, ainda, trabalhos de corpo com Rossela Terranova e fizeram leitura
analítica dos capítulos, coordenada pelo diretor Marcos Schechtman. Giovanna Antonelli
ainda fez aulas de fonoaudiologia com Rose Gonçalves, e os gêmeos Lucas e Diogo foram
analisados pelas psicólogas Áurea Schechtman e Myriam Podlubny: "Elas me fizeram
relatos interessantes. Me inspirei em algumas coisas que ouvi no consultório para fazer os
gêmeos", comenta Murilo Benício. Juca de Oliveira chegou a fazer um rápido estágio de
genética na Universidade Federal de Pernambuco e também visitou clínicas de reprodução
humana, como Nívea Maria, Marcos Frota e Françoise Fourton, seus assistentes na trama.
Solange Couto, que interpretará Jurema, a dona do bar do subúrbio, teve aulas de sinuca.
Além disso, houve vários testes de caracterização em busca do visual mais convincente
para cada ator. Muitos estarão nas três fases da história, que incluirá os anos 80 e uma
breve passagem de tempo, até chegar aos dias atuais.

Foram realizados, ainda, workshops contando com palestras de especialistas das diferentes
áreas enfocadas na trama, como o filósofo e consultor em Bioética do Hospital da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, André Marcelo Machado Soares; a pediatra e
psicóloga Maria de Lourdes Mendes Abdalla Saad; os gêmeos idênticos Beto e Guto Brito,
e Eraldo e Erasmo; a pesquisadora e professora de Genética da Universidade de São Paulo,
Lygia Pereira; a pesquisadora Mayana Zatz, coordenadora do Centro de Estudos do
Genoma Humano; Abdelbagi Sidahmed Osman, que também é representante da Liga
Islâmica Mundial no Rio de Janeiro; o xeque Jihad Hassan Hammadeh, vice-presidente da
Assembléia Mundial da Juventude Islâmica; o marroquino Mohammad Touil, que falou
para o elenco sobre os costumes e tradições de seu país; as muçulmanas Kátia Isbelle e
Mônica Botafogo, diretora e membro do Departamento Feminino da Sociedade Beneficente
Muçulmana do Rio de Janeiro; portadores de dependência química e seus familiares; bem
como profissionais ligados à área de tratamento da dependência química, como Roque
Hudson Pena, consultor de dependência química da Abradeq (Associação Brasileira de
Dependentes Químicos).

GLORIA PEREZ
Dona de um estilo dramatúrgico que une ficção e jornalismo, a escritora Gloria Perez é
mestre em levar para as salas de estar folhetins recheados de discussões atuais que, de
alguma forma, influenciam o dia-a-dia dos telespectadores. "Gosto de temas instigantes,
capazes de promover debates, de levar as pessoas a refletir sobre questões da atualidade",
afirma a autora.

Foi assim na novela Barriga de Aluguel, exibida na TV Globo em 1990, quando ela
popularizou, através das personagens de Cláudia Abreu e Cássia Kiss, a discussão sobre
uma mulher gerar o filho de outra através de inseminação artificial. O mesmo se deu em
Explode Coração - novela que inaugurou os estúdios da Central Globo de Produção, em
1995 -, quando Gloria abordou a cultura dos ciganos e introduziu em uma novela a
discussão sobre as mudanças trazidas pela Internet, através da história de amor de uma
cigana (Teresa Seiblitz) com um rico empresário (Edson Celulari).

Em O Clone, a autora volta a enveredar por temas ainda desconhecidos do grande público,
como a cultura islâmica. Para evitar erros e distorções, Gloria Perez conta com a
consultoria do xeque (sheikh) Jihad Hassan Hammadeh, vice-presidente da Wamy (World
Assembly of Muslim Youth) -Assembléia Mundial da Juventude Islâmica na América
Latina. "As pessoas têm muita curiosidade pela cultura muçulmana, e geralmente ela é
mostrada sob uma ótica preconceituosa. Na novela, não pretendemos discutir nem religião
nem política e muito menos entrar em divergências de interpretação do Alcorão: o que nos
interessa é mostrar os costumes, através do cotidiano de uma família", ressalta a autora.

A cultura muçulmana será enfocada na novela através de Jade (Giovanna Antonelli) e do


núcleo árabe da trama, formado pelos irmãos Mohamed (Antonio Calloni), Said (Dalton
Vigh) e Nazira (Eliane Giardini), e pela família de Jade - seu tio Ali (Stênio Garcia), a
prima Latiffa (Letícia Sabatella) e a empregada Zoraide (Jandira Martini).

O debate em torno da novela se estenderá à questão da clonagem humana. Gloria Perez


conta com a consultoria do geneticista Walter Pinto, de Campinas, e da doutora Aline
Chaves Alexandrino; a equipe de pesquisadores da novela também consultou o geneticista
Sérgio Simões.

Na ficção, a experiência será empreendida pelo cientista Albieri (Juca de Oliveira) após a
morte de um dos gêmeos vividos por Murilo Benício, intérprete dos personagens Lucas e
Diogo nos primeiros capítulos da trama. "À medida em que a ciência avança, novos
conflitos são introduzidos no nosso cotidiano. Quero discutir a questão ética e os aspectos
psicológicos de se clonar um ser humano. Como se sentiria alguém diante de sua cópia
muitos anos mais jovem? Vale a pena trocar a diversidade da natureza na evolução da
espécie por uma humanidade programada em laboratório?", pergunta a autora.

Embora pareça ficção, o tema da clonagem ultrapassou as fronteiras das comunidades


científicas e já ganhou as ruas. A clonagem animal já não é mais nenhum espanto, desde o
advento da ovelha Dolly, em 1998. Coincidentemente, o cientista italiano Salvatore
Antinori anunciou há pouco tempo que fará o primeiro clone humano em novembro, um
mês após a estréia da novela. Terá sido uma profecia da autora? Glória lembra que Barriga
de Aluguel, apesar de exibida somente sete anos após ser escrita, foi esboçada a partir de
um artigo que ela leu sobre a possibilidade de uma mulher gerar o filho de outra. Na fase de
pesquisas para a história, ainda em 1985, surpreendeu-se com a descoberta de que a
experiência já era feita em larga escala, inclusive em uma clínica de São Paulo.

Para quem se pergunta o que levou a autora a juntar dois assuntos aparentemente tão
diferentes em sua nova história, Gloria dá sua explicação. "Acho que esse dois temas têm
um ponto em comum, que é a idéia de Deus. O Islã, que quer dizer literalmente submissão a
Deus, não admite interferência do homem no que é obra divina. E a clonagem significa, nas
palavras de seus próprios defensores, ‘o primeiro passo para que o homem se converta no
próprio Deus’". Glória não pretende ir além das citações em relação às experiências
transgênicas resultantes da mistura de genes de diferentes seres. "É interessante lembrar que
os gregos pensaram nisso tempos atrás, quando criaram as figuras mitológicas, como as
sereias e os centauros. Essa, sim, é uma experiência atemorizante, porque significa
ultrapassar as barreiras da espécie", diz Glória.

"Como todo avanço tecnológico, a clonagem provoca muita controvérsia nos campos da
religião e da ética", define o ator Juca de Oliveira que, como seu personagem, defende a
engenharia genética como um trabalho revolucionário, uma forma de preservação da
espécie humana.

A exemplo do que fez em Barriga de Aluguel, Gloria Perez incluirá na história


depoimentos de juristas, cientistas, anônimos e religiosos de diferentes áreas que darão suas
opiniões sobre a clonagem quando o escândalo do clone explodir na trama. Uma das
questões, ela tem certeza, será se o clone tem alma.

Esse artifício de aproveitar experiências de pessoas reais também será usado na terceira
fase da novela, quando entrará em discussão a questão das drogas, protagonizada pelos
jovens Mel (Débora Falabella) e Nando (Thiago Fragoso), e presente na luta dos pais em
tentar recuperar seus filhos, como será o caso de Lucas (Murilo Benício) e Maysa (Daniela
Escobar), pais de Mel; e de Clarice (Cissa Guimarães) e Escobar (Marcos Frota), os pais de
Nando. O grupo de apoio freqüentado pelas personagens será formado por pessoas reais
que tiveram envolvimento com drogas, sejam os próprios dependentes ou seus familiares.
Dessa forma, Gloria pretende sensibilizar quem está tentado a enveredar por esse caminho e
colaborar na recuperação de dependentes: "A novela abre o espaço. A campanha é feita
pelos próprios ex-dependentes e tem o lema ‘Se eu pude sair, você também pode!’”.

A iniciativa das campanhas sociais não é uma novidade na trajetória de Gloria Perez. A
autora quer que toda a população se sinta representada em suas novelas. Em Partido Alto,
novela de 1984, escrita com Aguinaldo Silva, de tanto fazer os personagens reclamarem da
falta de uma linha de ônibus no subúrbio da trama, acabou mobilizando a Prefeitura para
criar a linha. Em Explode Coração, levou ao ar, através do drama da personagem de
Isadora Ribeiro, uma campanha de busca de crianças desaparecidas, incluindo na trama
depoimentos das mães da Cinelândia - grupo de mulheres do Rio que decidiram se unir na
luta pela busca de seus filhos - e fotos de crianças reais desaparecidas. Até o final da
novela, cerca de 79 crianças foram encontradas depois de suas fotos serem exibidas. Em
Pecado Capital (1998), versão sua do original de Janete Clair, fez a personagem de Clara
Garcia raspar a cabeça e virar símbolo das crianças com câncer. E, em De Corpo e Alma
(1992), contribuiu para o expressivo aumento do número de doadores ao Instituto do
Coração, em São Paulo, ao prestar esclarecimentos sobre a importância da doação através
da personagem de Cristiana Oliveira, que sobreviveu após um transplante de coração.

Para abordar os temas propostos, Gloria Perez fez uma grande pesquisa dos assuntos e tem
acompanhado de perto a realização de sua história. Conversou com mulheres muçulmanas,
teve encontros com dependentes químicos, visitou laboratórios de fertilização e clonagem,
e clínicas de recuperação de drogados.

"O que é emocionante no texto é a Gloria ter conseguido traçar um grande painel
contemporâneo sobre a questão da identidade, presente nos três temas da novela. Contrapor
o Islamismo, onde ainda há verdades absolutas, à sociedade ocidental, que perdeu a
unicidade que a religião dá, mostrar o conflito de identidade de Jade (Giovanna Antonelli),
que se sente estrangeira aqui e no Marrocos, e também o conflito dos gêmeos, que vivem
uma simbiose de identidade. Há ainda a abordagem das drogas, que expõe a fratura nos
valores; e a própria discussão da clonagem. A mulher pode prescindir do homem? Como
ficaria o sujeito no clone?", questiona o diretor Marcos Schechtman.

JAYME MONJARDIM
Após passar mais de um mês no Marrocos para a realização de O Clone, o diretor de núcleo
Jayme Monjardim não tem dúvidas quanto aponta esta como uma das mais difíceis
produções que já realizou. Na gravação de stock shots e cenas com elenco nas cidades
marroquinas de Marrakech, Ouarzazate, Erfoud, Fès e El Jadida, conseguiu belas imagens
para a história e, de quebra, ainda gastou mais de 40 rolos de filmes de 36 poses com sua
câmera fotográfica particular, registrando a poesia do cotidiano local e os bastidores de uma
história que une tradição e futurismo. Esse material acabou sendo aproveitado como
referência para as equipes de cenografia, figurino e produção de arte da novela.
"Marrakech é a capital da cor e da alegria. Em Ouarzazate, não há nada mais lindo do que o
kasbah onde gravamos, escolhido por grandes filmes para fazer suas produções. El Jadida é
fascinante. E Fès, uma volta no tempo: a Medina se mantém intacta há séculos, em certos
momentos parece que encontramos personagens bíblicos e medievais", comenta
Monjardim, que se apaixonou mesmo por Erfoud. "Fiquei impressionado. Me senti como se
fizesse parte daquele cenário. Um dia ainda quero cruzar o deserto", destaca o diretor. Se na
novela Terra Nostra - história de Benedito Ruy Barbosa que virou grande sucesso de
público no Brasil e já foi vendida para mais de 60 países - Monjardim mergulhou no
universo dos italianos, em O Clone ele pretende mostrar todo o exotismo e a sedução do
mundo árabe.

Os trabalhos de pré-produção da novela - além da viagem feita dois meses antes do início
das gravações para a escolha de locações - envolveram um sério estudo dos costumes
marroquinos e dos temas da clonagem e das drogas. A preparação da equipe e do elenco
para entrar no universo muçulmano foi batizada pelo diretor de "Universidade do Saber
Islâmico". "Não temos a proposta de discutir política ou religião, o que importa é a história
de amor de Lucas (Murilo Benício) e Jade (Giovanna Antonelli), nascida no Marrocos. Mas
estamos tendo o cuidado de não errar, por isso nos cercamos de especialistas para alimentar
o elenco de informações sobre os costumes", explica Monjardim, ressaltando que se cercou
dos mesmos cuidados para abordar a clonagem e a questão das drogas.

Para gravar a novela no continente africano, foi indispensável planejar tudo com muita
antecedência e, dessa forma, tentar contornar as dificuldades naturais de uma produção
realizada fora do Brasil. "Seria impossível trabalhar no Marrocos sem fazer um grande
planejamento. Não podemos parar uma cidade. Por isso, tudo era sempre bem estudado
para enfrentar uma de nossas maiores dificuldades: gravar nas ruas", conta Monjardim. Ele
elaborava o roteiro à mão, juntamente com sua equipe, para montar o cronograma das
gravações, que envolviam até 11 horas de trabalho por dia.

O diretor vem buscando reproduzir na novela as cores quentes do Marrocos, traduzidas na


fotografia de Adriano C. Valentim. "Estamos usando uma textura diferente das demais
novelas, trabalhando com uma temperatura de cor bastante alta. São vários pontos de luz
(janelas e abajures) como referência nas gravações em estúdio. Nas externas, usamos uma
média de 27 filtros, para nos aproximar da luz do Marrocos", explica Adriano.

A realização da novela também inclui os efeitos especiais - mecânicos e visuais - utilizados


na duplicação dos gêmeos Lucas e Diogo e nos stock shots do Rio de Janeiro. Os
profissionais Toni Cid e Chico Mauro explicam que, para a realização das cenas em que os
gêmeos contracenam, estão sendo usadas as mesmas técnicas de cinema: o croma, a
superposição de imagem e a finalização em computação gráfica. A composição de imagem
e a pintura digital são realizadas com a ajuda do computador. "O mais difícil é a gravação
das cenas, que sempre precisam de três pessoas: o Murilo (Benício), o dublê para fazer os
contraplanos e um outro ator para dar o texto", diz Chico Mauro, ressaltando a importância
da luz e da edição de corte neste processo. Entre a gravação e a edição, são necessárias
cerca de oito horas de trabalho e mais seis horas para a composição final da imagem.
Wilson Aquino responde pelos efeitos mecânicos da novela, muito utilizados nas cenas do
acidente de helicóptero no qual Diogo (Murilo Benício) morre.
As imagens da cidade do Rio de Janeiro que aparecerão na novela também passaram por
um curioso processo de captação e pós-produção. Foi feita uma espécie de foto-montagem
de imagens de um mesmo local, registradas em diversos horários - uma colagem de
diferentes momentos e luminosidades. A técnica resultou num trabalho hiper-realista,
inédito na TV, seguindo o estilo do diretor Jayme Monjardim, que também inovou nas
cenas de passagem das minisséries Chiquinha Gonzaga (em que foram usadas fotos de
Marc Ferrez)e Aquarela do Brasil (filmes antigos colorizados).

Também merece destaque a trilha musical incidental, criada pelo músico mineiro Marcus
Viana, parceiro de Monjardim desde a novela Kananga do Japão, exibida na extinta TV
Manchete. Como em outros trabalhos - a minissérie O Canto das Sereias, as novelas
Pantanal, Ana Raio e Zé Trovão e Terra Nostra, e as minisséries Chiquinha Gonzaga e
Aquarela do Brasil -, Viana criou músicas sob encomenda para O Clone. "A trilha foi feita
sobre as referências musicais que o Jayme trouxe do Marrocos, que a equipe colheu nas
ruas, restaurantes, cafés, praças e no deserto. E nos registros que pesquisei sobre o mundo
árabe", explica Marcus Viana, contando que o resultado foi uma fusão do estilo sinfônico
com o universo islâmico musical tradicional e com elementos pop cibernéticos.

O músico ressalta que, nas produções de Jayme Monjardim, a música antecede a criação da
teledramaturgia. "Ele entende muito de música e sempre pede muito material sonoro para
trabalhar no laboratório feito com os atores e durante as gravações", revela. Para a trilha da
novela, Viana gravou com a banda árabe brasileira encabeçada pelo músico Tony
Mousayek, formada por músicos que tocam típicos instrumentos árabes. E também entrou
em estúdio com seu próprio grupo, o Sagrado Coração da Terra, que, desde 1979, faz a
fusão da música vocal e instrumental com raízes no rock e na música erudita. O grupo se
tornou um dos mais expressivos de música progressiva da América Latina.

CENOGRAFIA, PRODUÇÃO DE ARTE, FIGURINO E


CARACTERIZAÇÃO
Para reproduzir o clima e as peculiaridades culturais do universo marroquino, as equipes
responsáveis pela produção de arte, figurino, caracterização e cenografia da novela se
basearam em uma vasta pesquisa sobre a história. A produtora de arte Tiza de Oliveira e o
figurinista Paulo Lois chegaram ao Marrocos cerca de 15 dias antes das gravações para
preparar as cenas e adquirir muitos produtos locais. "Jayme optou por conferir um clima
mágico e tradicional à novela", conta Tiza, que comprou muitos tapetes (incluindo os
usados pelos marroquinos para as orações nas mesquitas), materiais de bronze, cerâmica,
cobre e palha, capas de almofadas, além de roupas de cama e mesa, com bordados típicos
das cidades por onde passou. Suas aquisições estão sendo usadas nas gravações em estúdio
e na cidade cenográfica.

Em Erfoud, no deserto, nas gravações em que Lucas (Murilo Benício) se perde após uma
tempestade de areia e é recolhido por beduínos, Tiza ajudou a montar um típico
acampamento formado por cinco tendas de pequena altura, onde usou muitas peles de
carneiro e tapetes. "Imagina 10, 12 pessoas gravando lá dentro, todo mundo de gatinho, se
arrastando para ver o monitor, num calor de 53 graus!", lembra Tiza, divertida. Tiza
coordena uma equipe à qual se juntou a angolana Myriam Mendes, pesquisadora que fez
um grande levantamento sobre cultura muçulmana, costumes marroquinos, clonagem e
anos 80.

Com as informações levantadas pela pesquisa, a equipe fez uma relação de comidas típicas
a serem usadas nas cenas. No Marrocos, as pessoas comem muitas saladas, lentilha, kafta,
espetinhos (de fígado ou de carneiro, servidos com pães), pães feitos de centeio; um prato
chamado tagine (uma espécie de patê de carne ou de frango, acompanhado de legumes e
servido em recipientes de cerâmica ou barro, uma das especialidades da culinária
marroquina); o couscous; e a harira (sopa consumida geralmente nos intervalos do jejum
do mês de Ramadã, quando os muçulmanos jejuam durante todo o dia). Há também os
doces, sempre muito açucarados, geralmente à base de damascos ou amêndoas, como os
halouas (folhados com mel); frutas em profusão, como ameixas, pêssegos, figos, tâmaras,
laranjas e melões marroquinos; pistache, avelãs e especiarias; e, para beber, o tradicional
chá de menta, parte da tradicional hospitalidade marroquina oferecido às visitas nas casas e
lojas. Muitas famílias marroquinas tomam o chá de hortelã em tapetes, sentados no chão.
Isto será mostrado na novela, assim como o hábito de comer em mesas baixas.

Outra curiosidade são os cuidados que a mulher marroquina tem com a beleza. Segundo
Tiza, é comum a mulher usar um creme à base de oliva ou amêndoas como tratamento de
pele; e o khol, pó de maquiagem terapêutico que se passa dentro dos olhos. O khol é
aplicado com um pauzinho de madeira, podendo-se encontrar desde os mais simples aos
mais sofisticados. Também faz parte do embelezamento o hamman, espécie de banho turco
onde a mulher primeiramente se banha com água quente e um sabonete à base de azeitona
e, em seguida, toma um banho de água fria, altamente relaxante.

Típicos instrumentos musicais árabes também serão apresentados ao público brasileiro,


como o derbouka (tambor de terracota recoberto por pele de cabra), o târ (tambor de 15 cm
de diâmetro, com címbalos); os snujs (pequenos címbalos de metal); o daff (pandeiro), o
derback, a flauta, o alaúde, a cítara, o violino. A música marroquina tem origem no passado
e traduz a diversidade do país - que sofreu influência de outros Estados – em seus diferentes
instrumentos e estilos.

Como Tiza de Oliveira, o figurinista Paulo Lois aproveitou as gravações de O Clone no


Marrocos e adquiriu uma média de 700 peças para a novela, incluindo 100 túnicas
masculinas (gandoras) e 100 femininas (djellabas e kaftãs), 200 pares de babouches
(sapatinhos confortáveis de sola baixa usados pelos marroquinos), 100 lenços de cabeça
(foullards), véus, bolsas, 50 chapéus marroquinos de diferentes formatos, cerca de 10
vestidos de noiva e aproximadamente 100 jóias, entre colares, pulseiras, brincos, anéis, de
prata ou banhados a ouro.

O casamento marroquino é um capítulo à parte para as equipes. Pela tradição, a noiva pode
vestir até sete vestidos de noiva, um para cada finalidade. Letícia Sabatella, intérprete de
Latiffa, aparecerá em cena com três vestidos no seu casamento com Mohamed (Antonio
Calloni), entre eles um azul turquesa com bordados dourados para quando fizer a pintura
com henna - pelos costumes do Marrocos, a noiva tem as mãos pintadas para o dia da
cerimônia. Este vestido foi inspirado em um modelo original usado em seu casamento pela
marroquina Nádia, que atualmente mora no Rio e é gerente de uma loja típica de produtos
marroquinos em São Conrado. Letícia também usou um vestido branco nas cenas em que
Latiffa canta e dança com as mulheres da casa; e um tradicional vestido de Fès, comprado
pelo figurinista Paulo Lois na própria cidade.

A maquiagem e os cabelos da novela, supervisionados por Isabel Arbizu, também merece


destaque. As atrizes do núcleo marroquino usam muitos apliques na primeira fase da trama.
Giovanna Antonelli, além de ter tido os cabelos escurecidos, usa um aplique formado por
quatro camadas grossas e quatro finas, intercalados aos seus próprios fios de cabelo. Letícia
Sabatella também usa um longo aplique e Eliane Giardini usa peruca. Até em Murilo
Benício o acessório é aplicado, para alongar seus cabelos, tanto para a caracterização de
Lucas como para a de Diogo. Ambos se diferenciam pela forma de pentear os cabelos:
Diogo tem a franja arrumada para trás, enquanto Lucas tem os cabelos mais despenteados.
No figurino, enquanto Diogo faz o estilo "mauricinho", usando ternos de boa qualidade,
Lucas é despojado. Já a atriz Vera Fischer teve a franja cortada e pintou os cabelos de mel
para o início da história, e surgirá glamourosa como sempre. Além dos apliques, a
maquiadora Sonia Hazan, que integra a equipe, também desenvolveu adesivos transparentes
que repuxam a pele para rejuvenescer os atores Stênio Garcia, Juca de Oliveira, Antonio
Calloni e Reginaldo Faria nos primeiros capítulos da novela.

A maquiadora americana Lynn Barber, ganhadora do Oscar de maquiagem por seu trabalho
no filme Conduzindo Miss Daisy (Driving Miss Daisy, 1989), juntou-se à equipe para
trabalhar no rejuvenescimento e posterior envelhecimento dos atores da trama, já que, dos
anos 80, a novela chegará à época atual. Com a experiência de mais de 20 anos de profissão
e cerca de 40 filmes e séries para a TV - entre os quais Limite Vertical (Vertical Limit),
Proof of Life (com Meg Ryan e Russel Crowe) e Something to Talk About It (com Julia
Roberts e Dennis Quaid), ainda não lançado no Brasil -, Lynn conta que a caracterização de
Murilo Benício é a mais complicada, por conta dos personagens que interpretará na novela.
Além dos gêmeos Lucas e Diogo, o ator fará o clone Leandro aos 18 anos de idade e Lucas
à beira dos 40 anos. Acostumada com o ritmo das filmagens em Hollywood, a maquiadora
se surpreende com a carga de trabalho de uma novela.

A arquitetura marroquina foi levada para a Central Globo de Produção, em Jacarepaguá


(zona norte do Rio), onde acontecem as gravações de O Clone. Para May Martins,
responsável pela cenografia do estúdio, este é um dos grandes diferenciais dessa novela: a
oportunidade de explorar um mundo que não é visto todos os dias na TV. Mas a cenógrafa
também exulta diante da chance de trabalhar com ambientes onde são necessários
elementos de avançados laboratórios científicos, cenário por onde circulará o cientista
Albieri (Juca de Oliveira).

A novela terá duas cidades cenográficas, uma que reproduz Marrocos e outra simulando o
bairro de São Cristóvão, na zona norte do Rio, criadas pelos cenógrafos Gilson Santos e
João Irênio. A cidade marroquina, a primeira construção da Central Globo de Produção a
reproduzir o mundo oriental, foi inspirada na Medina de Fès, construção do século IX
localizada ao norte do Marrocos. Tem 730 metros quadrados e foi dividida em duas ruas
principais e seis transversais, de no máximo 1,80 metros de largura, com paredes muito
próximas, exatamente como na Medina. A rua principal tem 2,80 metros de largura pela
necessidade de movimentação dos equipamentos de gravação.

A cidade tem paredes largas de oito metros de altura, que simulam construções de tijolo e
pedras; pisos de cerâmica, azulejo hidráulico e paralelepípedos; portas pequenas, de 1,50
metros de altura; além de três fontes, muito usadas pelos moradores da Medina para buscar
água. Lá estão o pátio da casa de Ali (Stênio Garcia) - onde se vê uma fonte e paredes com
desenhos em mosaico -, a casa de Said (Dalton Vigh) e a área do comércio, formada por
oito lojas. São lojinhas de ferreiros, latoeiros, especiarias, roupas, metal, cobre, tecidos e
bugigangas, uma réplica em menor escala de sua matriz, no Marrocos. Uma das
características mais marcantes são os arcos, além dos tetos de laje, bambu, madeira, tábua e
treliça. Bouganvilles, pétalas de rosas, burricos e panos coloridos pendurados ajudam a dar
o clima ideal à cidade, onde o colorido das roupas e objetos se junta ao azul, amarelo e
cinza básicos.

Já o bairro de São Cristóvão reproduzido pela outra cidade cenográfica tem uma área de
3.400 mil metros quadrados, com várias construções de dois e três andares, onde foram
cenografadas 13 lojas. Na cidade, funcionarão a casa e a loja de tapetes de Mohamed
(Antonio Calloni), uma oficina mecânica, uma alfaiataria, uma lavanderia, uma loja de
artigos religiosos, uma casa nordestina, um banco, o bar da personagem Jurema (Solange
Couto), um prédio público, uma escola pública, uma pensão para cavalheiros, um salão de
cabeleireiro e uma mercearia. No centro, foi feita uma praça com um coreto. E até uma
imagem de 60 cm de altura de São Cristóvão, santo protetor dos motoristas, foi
encomendado para decorar a praça. Segundo os cenógrafos, a criação da cidade tem como
referências o visual de São Cristóvão nos dias de hoje, onde se vêem construções coloniais
que sofreram interferências contemporâneas. Por isso, haverá muitas placas distribuídas
pelas fachadas dos prédios, tentando aproximar o espaço cênico do colorido real do bairro
da zona norte. Uma pequena parte da cidade cenográfica de São Cristóvão foi utilizada para
instalar a casa de Yvete (Vera Fischer), moradora do bairro do Grajaú.

PERFIL DE PERSONAGENS

Diogo Ferraz (Murilo Benício) - Alegre, auto-confiante, cheio de iniciativa, exuberante,


sedutor. Tem objetivos claros e definidos de vida, sabe exatamente quem é e para onde vai.
De temperamento prático, tem vocação para os negócios. Personalidade dominante entre os
gêmeos.

Lucas Ferraz (Murilo Benício) - Retraído, romântico, dispersivo, pouco objetivo, sensível.
Sendo o gêmeo de personalidade mais frágil, é o mais dependente da figura de seu duplo e,
ao mesmo tempo, o que busca com mais ansiedade diferenciar-se dele. Após a morte de
Diogo (Murilo Benício), entra em crise de identidade. E, um pouco por não saber ter uma
existência solo, um pouco pela culpa de ter vivido incomodado pela presença do outro,
tenta ocupar o espaço deixado pelo irmão, assumindo seus objetivos de vida e sua
personalidade. Vai se tornando, então, um homem seco, duro e ressentido com a vida.
Perde a leveza e a ternura.

Leandro/ Leo (Murilo Benício) - O CLONE

Augusto Albieri (Juca de Oliveira) - Vaidoso, culto, demonstra uma excessiva


preocupação com a ética que, na verdade, não possui. É um cientista apaixonado pelas
possibilidades revolucionárias da engenharia genética, mas temeroso de botar em jogo sua
reputação embarcando em experiências que, se quando dão certo consagram quem as
realizou, quando dão errado destroem reputações. As perdas que sofreu o fazem ainda mais
fascinado pela possibilidade de clonar um ser humano.

Deusa (Adriana Lessa) - Mãe de aluguel de Leo (Murilo Benício). Boêmia, gosta de
dançar. É alegre, despachada, objetiva e de bem com a vida. Muito apegada ao filho, que
acredita piamente ser fruto de uma inseminação artificial. Não vai aceitar a explicação do
clone, parecendo-lhe sempre que essa história seja uma manobra de Albieri (Juca de
Oliveira) para afastá-la de Leandro (Murilo Benício). Sofre com as desconfianças do filho
em relação a sua origem e sente-se rejeitada por ele.

Leônidas Ferraz (Reginaldo Faria) - De temperamento forte e empreendedor, tem a


personalidade dominadora. Bem-humorado, irreverente, cheio de gosto pela vida. É dono
de uma grande empresa de importação e exportação de alimentos, tendo sido um dos
primeiros a utilizar técnicas de inseminação artificial em seus rebanhos. Viúvo, a mulher
morreu no parto dos gêmeos Lucas (Murilo Benício) e Diogo (Murilo Benício). Durante
todos esses anos, teve seus casos amorosos, mas não cogitou casar-se de novo, até aparecer
Yvete (Vera Fischer) em sua vida.

Yvete (Vera Fischer) - Mulher bonita, alegre, espontânea e com acentuado toque de
vulgaridade. Viveu de bicos como modelo, recepcionista, vendedora de butique, até
conquistar Leônidas Ferraz (Reginaldo Faria). É personagem impetuosa e movida pelos
impulsos. Nela, a inteligência está a serviço dos instintos. Quando entra em cena o desejo,
perde inteiramente a capacidade de raciocinar. Por causa disso, botou muitos namoros a
perder. É dessas mulheres que têm uma sede insaciável de vida e de emoções e se
consomem nela. Apesar disso, sonha com o amor dos romances e é verdade que, a seu
modo, é apaixonada por Leônidas.

Dalva (Neuza Borges) - Criou Lucas (Murilo Benício) e Diogo (Murilo Benício) desde que
nasceram. Alegre, afetuosa, maternal, não vai compreender a clonagem humana, apegando-
se a explicações sobrenaturais para justificar o aparecimento de Leandro em suas vidas.
Tem profunda desconfiança de Albieri (Juca de Oliveira), a quem considera um malandro
bem sucedido, por não acreditar no projeto que ele desenvolve com os rebanhos de
Leônidas Ferraz (Reginaldo Faria).

Edna (Nívea Maria) - Secretária de Albieri (Juca de Oliveira), apaixonada por ele. É o tipo
de mulher que se anula inteiramente para assumir a vida e os sonhos do homem que
escolhe. Para Edna, amor é sinônimo de sacrifício e renúncia. E ela só sabe amar assim,
sofrendo muito e sublinhando para o ser amado o quanto se sacrifica por ele. Casa-se com
Albieri sabendo que não é amada, e esse fato faz com que se torne ainda mais intensa e
dedicada. Suporta passivamente o culto do marido à lembrança da noiva que morreu,
suporta sua indiferença cotidiana, mas se rebela quando descobre uma infidelidade dele. A
partir daí, toda a sua capacidade de dedicação se volta para um único objetivo: destruir o
homem que a enganou.

Jade (Giovanna Antonelli) - Vive o conflito de estar entre dois mundos, duas culturas. Não
consegue se sentir muçulmana nem brasileira. Tem temperamento forte e decidido. É
romântica, astuciosa, esperta e há de viver as dificuldades de uma mulher em busca da
realização pessoal.

Ali (Stênio Garcia) – É patriarca da família muçulmana. Estudou em Oxford, onde foi
contemporâneo de Albieri (Juca de Oliveira). Os dois são amigos e estão sempre
discordando quando o assunto é clonagem. Para Ali, a engenharia genética, que Albieri
personifica, é a tradução exata do materialismo do Ocidente, do abandono da idéia de Deus.
É exuberante, genioso, inteligente, sensível, culto e um observador perspicaz da alma
humana.

Zoraide (Jandira Martini) - Morou no Brasil, foi babá de Jade (Giovanna Antonelli) e,
depois, voltou para o Marrocos com a família de Latiffa (Letícia Sabatella). Tem a
sabedoria da gente do povo e, através dela, a novela mostrará as superstições e as crendices
do universo árabe, bem como os costumes mais tradicionais desse universo. É despachada,
alegre, astuciosa e há de estar sempre metida nas intrigas que hão de animar a vida dos
Rachid.

Latiffa (Letícia Sabatella) - A prima de Jade (Giovanna Antonelli) também viveu no Brasil
e voltou com a família para o Marrocos quando tinha uns 12 anos de idade. Ao contrário de
Jade, adaptou-se perfeitamente aos costumes do Marrocos. Através de Latiffa, será
mostrado o costume do casamento com mais de uma mulher, os ciúmes e as inseguranças
daí advindas. Apesar da aparência passiva, Latiffa luta pelo que deseja, com as armas
permitidas: não bate de frente, esquiva-se, usa astúcia e malícia para conquistar seus
objetivos. É romântica e doce.

Mohamed (Antonio Calloni) - O marido de Latiffa (Letícia Sabatella) é irmão de Said


(Dalton Vigh), que acaba se casando com Jade (Giovanna Antonelli). É simpático, falante e
agradável. Gosta de Latiffa, morre de ciúmes dela e os dois se dão muito bem, até que a
irmã mais velha dele, Nazira (Eliane Giardini), aparece para atazanar-lhes a vida, e acaba
convencendo Mohamed a tomar uma segunda esposa. É um típico vendedor árabe, desses
que oferecem chá e café turco para os clientes e fazem da negociação uma arte.

Said (Dalton Vigh) - Irmão de Mohamed (Antonio Calloni), casa-se com Jade (Giovanna
Antonelli). Torna-se milionário na passagem de tempo. Said é esperto, genioso, vingativo, e
se apaixona realmente por Jade, sofrendo muito com a crise constante que permeia o
casamento dos dois.

Nazira (Eliane Giardini) - Irmã mais velha de Said (Dalton Vigh) e Mohamed (Antonio
Calloni), é dessas que não conseguem suportar a felicidade alheia. Suas armas são a intriga
e a dissimulação. Nunca se casou porque, morrendo a mãe quando ainda era adolescente,
acabou tendo de cumprir o que mandavam os costumes: substituiu-a no comando da casa e
nos cuidados com os irmãos. Nazira submeteu-se ao costume, mas guardou uma amargura,
um ressentimento da vida, que acaba descontando nas pessoas em volta.

Zein (Luciano Szafir) - Conhecido como "a maldição do faraó", apelido que ganhou dos
maridos e namorados injuriados. Zein é bonito e sedutor e compõe com Jade (Giovanna
Antonelli) e Lucas (Murilo Benicio) o triângulo amoroso central. É também inteligente,
culto e profundo conhecedor de literatura. Através da corte que há de fazer a Jade, o
público será levado às belas poesias românticas e eróticas do cancioneiro árabe.

Maysa (Daniela Escobar) - Casa-se com Lucas (Murilo Benicio) depois da morte de Diogo
(Murilo Benicio), que era seu namorado. Vaidosa, egocêntrica, refinada, vive sua vida,
ocupa-se de si, não tendo paciência para os conflitos que consomem Lucas. Viverá uma
fase de grandes turbulências quando descobrir o envolvimento da filha com as drogas e
quando Lucas reencontrar Jade (Giovanna Antonelli).

Mel (Debora Falabella) - Filha de Maysa (Daniela Escobar) e Lucas (Murilo Benicio).
Bonita, independente, vivaz, sempre em conflitos com o autoritarismo do pai, viverá uma
história de amor cheia de percalços com Xande (Marcello Novaes). Num determinado
momento da história, se envolverá com drogas.

Nando (Thiago Fragoso) - Filho de Clarice (Cissa Guimarães) e Escobar (Marcos Frota).
Jovem advogado, faz estágio no escritório dos Ferraz. Inteligente, alegre, querido pelas
pessoas em volta, vai se transformar totalmente quando começar a usar drogas.

Clarice (Cissa Guimarães) - Moderna, batalhadora. Através dela, a novela vai mostrar as
vivências da mulher descasada em busca do amor e a luta para criar o filho de um pai
ausente. Clarice é a mãe que sofre e luta para arrancar o filho do universo das drogas.

Escobar (Marcos Frota) - Foi aluno de Albieri (Juca de Oliveira), por quem tem profunda
admiração. Tem grandes preocupações éticas e humanísticas e é opositor ferrenho das
experiências de clonagem. O casamento com Clarice (Cissa Guimarães) vai se desfazer em
conseqüência dos problemas que os dois têm que enfrentar quando Nando (Thiago Fragoso)
começar a mergulhar nas drogas.

Beto (a escalar) - Veterinário da fazenda dos Ferraz. Começa a namorar Clarice (Cissa
Guimarães) depois de seu rompimento com Escobar (Marcos Frota).

Cecéu (Sergio Marone) - Filho de Olavinho (Victor Fasano) e Lidiane (Beth Goulart). Bom
caráter, estará na campanha das drogas. É grande amigo de Nando (Thiago Fragoso) e vai
lutar para tirá-lo do caminho da dependência. No início da história, os dois têm o mesmo
sonho, que é conseguir entrar para o quadro de advogados da empresa de Lucas (Murilo
Benicio). Cecéu conquista sozinho o espaço tão desejado, enquanto Nando mergulha no
universo das drogas.
Alicinha (Cristiana Oliveira) - A boazinha manipuladora que, aos poucos, vai mostrando as
garras e prejudicando a vida dos que estão à sua volta. Determinada, ambiciosa, fria, capaz
de atropelar a tudo e a todos para atingir seus objetivos, Alicinha será vencida, finalmente,
pela figura que menos parece ameaçá-la: o namorado Miro (Raul Gazola).

Miro (Raul Gazola) - Namorado de Alicinha (Cristiana Oliveira). Ela o domina,


determinando os lugares onde ele pode ou não pode acompanhá-la, a maneira como deve se
comportar, tratando-o como um boneco na frente de todo mundo. Tido por todos como um
tonto monitorado por Alicinha, vai surpreender quando finalmente virar a mesa, aplicando
um golpe de mestre na enganadora.

Tavinho Valverde (Victor Fasano) - Amigo de Lucas (Murilo Benicio), é um dos diretores
da empresa. Bom caráter, vai se meter numa situação complicada quando se vir envolvido
em um processo de paternidade, acusado por Karla (Juliana Paes), que ele jura nunca ter
visto na vida. É bonito e charmoso, gosta de esportes e de arte. Vaidoso, alegre, sedutor, faz
sucesso com as mulheres e estará sempre sob a marcação cerrada da ciumenta Lidiane
(Beth Goulart).

Lidiane (Beth Goulart) - Mulher de Tavinho (Victor Fasano). Bem-humorada, simpática,


cheia de artimanhas para manter o marido atento a ela. Esperta e inteligente, Lidiane se
perde pelo ciúme excessivo. Está sempre vigilante e desconfiada em relação a Tavinho.
Viciada em tratamentos de beleza, está sempre correndo atrás das últimas novidades no
ramo. Generosa e impulsiva, acaba abrindo a guarda e tornando-se vítima de Alicinha
(Cristiana Oliveira). É confidente de Maysa (Daniela Escobar).

Telminha (Thaís Fersoza) - Filha de Lidiane (Beth Goulart) e Tavinho (Victor Fasano),
amiga e confidente de Mel (Debora Falabella). Através dela, a novela mostrará os
problemas da adolescente que se sente rejeitada, que tem dificuldade em se relacionar com
os rapazes. Vai participar da campanha das drogas, ajudando Mel.

Lobato (Osmar Prado) - Amigo de Lucas (Murilo Benício) e Leônidas (Reginaldo Faria).
Espírita kardecista, andou envolvido com as drogas e sofreu as conseqüências disso em
termos pessoais e profissionais. É um homem alegre, sensível, que se agarrou a uma crença
para sair do abismo em que esteve mergulhado. No decorrer da novela, viverá algumas
recaídas.

Anita (Myriam Rios) - Assistente de Albieri, apaixonada pelos progressos científicos e sem
nenhuma preocupação ética nesse terreno. Vai se envolver com Escobar (Marcos Frota).

Edgar (Silvio Guindane) - Assessor puxa-saco. Vaidoso, cheio de si, aquele que se sente
poderoso pela proximidade com o poder e o exerce de maneira mais ditatorial do que seu
próprio chefe. Fiel a Lucas (Murilo Benício).

Kadija (Carla Diaz) - Filha de Jade (Giovanna Antonelli) e Said (Dalton Vigh).
Sumaya (Carolina Macieira) - Filha de Latiffa (Letícia Sabatella) e Mohamed (Antonio
Calloni). Em casa, está sempre em conflito com Amim (a escalar), o irmão mais novo, a
quem tudo é permitido, pelo fato de ter nascido homem.

Amim (a escalar) - Filho de Mohamed (Antonio Calloni) e Latiffa (Letícia Sabatella).


Tratado como um príncipe, devido a sua condição de filho homem. É o preferido da casa.
Está sempre em guerra com a irmã, Sumaya (Carolina Macieira).

Ranya (Nívea Stelmann) - Segunda esposa de Mohamed (Antonio Calloni). Jovem, bonita,
alegre, desajeitada nos afazeres domésticos. Boa pessoa. Através dela, será mostrada a
convivência de duas esposas num típico casamento muçulmano, convivência feita de
competições e pequenas hostilidades, mas de companheirismo e solidariedade também.

Raposão (Guilherme Karam) - Dono de ferro velho. Vigarista, estelionatário que vive de
pequenas trapaças. Num determinado momento, vai dar um golpe de mestre, inventando,
com a ajuda de um cúmplice, uma religião nova baseada no final do milênio.

Edvaldo (Roberto Bonfim) - Namorado que Deusa (Adriana Lessa) abandona quando vai
fazer a inseminação artificial. Casa com Odete (Mara Manzan), uma engolidora de fogo
que ele conhece no circo. Versado em profecias sobre o final do mundo, está sempre
discutindo com Ali (Stênio Garcia), um tentando convencer o outro de suas convicções.
Através de seu Edvaldo, a novela vai falar das curiosidades a respeito dessa expectativa
sobre o advento dos novos tempos, do ponto de vista do imaginário popular. Dançarino de
tango,tem na gafieira um amigo, o Tonico (Marcelo Brou).

Karla (Juliana Paes) - Enteada de Edvaldo, filha de dona Odete (Mara Manzan). Jovem e
bonita, quer subir na vida pelos caminhos mais fáceis. Vive malhando e faz parte da turma
que cultiva o “bumbum” como passaporte para a fama. Adora os jogadores de futebol, os
cantores de pagode e as duplas sertanejas. No início da história, namora Xande (Marcello
Novaes), a quem abandona para viver romances mais lucrativos.

Odete (Mara Manzan) - Engolidora de fogo que se casa com Edvaldo (Roberto Bonfim).
Mãe de Karla (Juliana Paes). Mulher intrigante e faladeira.

Xande (Marcello Novaes) - Preparador físico de luta livre que logo em seguida abandona a
profissão para se tornar segurança pessoal de Mel (Debora Falabella). Há de viver um
romance tumultuado e sofrido com Karla (Juliana Paes), que acaba abandonando o atleta
para dar o golpe da paternidade em Tavinho (Victor Fasano).

Noemia (Elizângela) - Cinqüentona fogosa, massagista, que atende a domicílio e ainda não
desistiu da idéia de encontrar um príncipe encantado. É amiga e confidente das mulheres
árabes.

Jurema (Solange Couto) – Jura é uma mulher pouco feminina, mas muito sensível, campeã
de sinuca e mãe de criação de Xande (Marcello Novaes), o preparador físico de luta livre,
através de quem a novela vai mostrar o culto ao corpo e alguns espetáculos dessa luta que
tanto sucesso anda fazendo no Brasil e no exterior.
Nome a definir (Perry Salles) - Primo de Mohamed (Antonio Calloni), vem para ajudá-lo
na loja e acaba caindo nas malhas de Nazira (Eliane Giardini), com quem há de viver uma
história tumultuada.

Carolina (Thalma de Freitas) - Carol, sobrinha de Dalva (Neuza Borges), trabalha na


empresa de Leônidas (Reginaldo Faria) e vai namorar o filho da melhor amiga (Cissa
Guimarães), entrando em conflito com ela. Vive o drama de estar apaixonada por um
homem que se envolve com drogas.

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS
Françoise Fourton - Simone, assistente de Albieri na primeira fase.
Murilo Grossi - Júlio, assistente de Albieri (Juca de Oliveira).
Walderez de Barros - Sálua, mãe de Jade (Giovanna Antonelli).
Sebastião Vasconcellos - Abdul, tio de Said (Dalton Vigh), Mohamed (Antonio Calloni) e
Nazira (Eliane Giardini).
Eloísa Mafalda - vizinha de Jade (Giovanna Antonelli) e Sálua (Walderez de Barros).
Tânia Alves - Norma, freqüentadora da gafieira, amiga de Deusa (Adriana Lessa) e
Edvaldo (Roberto Bonfim).
Totia Meirelles - Laurinda, amiga de Deusa (Adriana Lessa) e Edvaldo (Roberto Bonfim).
João Carlos Barroso - amigo de Edvaldo (Roberto Bonfim).
Eduardo Martini - apresentador da gafieira.

FICHA TÉCNICA

ELENCO (em ordem alfabética)

ADRESSA KOETZ
ADRIANA LESSA
ANTONIO CALLONI
BETH GOULART
CAMILA MORGADO
CARLA DIAZ
CAROLINA MACIEIRA
CISSA GUIMARÃES
CRISTIANA OLIVEIRA
DALTON VIGH
DANIELA ESCOBAR
DÉBORA FALABELLA
ELIANE GIARDINI
ELIZANGELA
ELOISA MAFALDA
FRANÇOISE FOURTON
GIOVANNA ANTONELLI
GUILHERME KARAM
JANDIRA MARTINI
JUCA DE OLIVEIRA
JULIANA PAES
LETÍCIA SABATELLA
LUCIANO SZAFIR
MARA MANZAM
MARCELLO NOVAES
MARCOS FROTA
MILENA PAULA
MURILO BENÍCIO
MURILO GROSSI
MYRIAM RIOS
NEUZA BORGES
NÍVEA MARIA
NÍVEA STELMANN
OSMAR PRADO
PERRY SALLES
RAUL GAZOLA
REGINALDO FARIA
ROBERTO BONFIM
SEBASTIÃO VASCONCELLOS
SÉRGIO MARONE
SILVIO GUINDANE
SOLANGE COUTO
STÊNIO GARCIA
TÂNIA ALVES
THAIS FERSOZA
THALMA DE FREITAS
THIAGO FRAGOSO
TOTIA MEIRELLES
VERA FISCHER
VICTOR FASANO
WALDEREZ DE BARROS

Autora
Glória Perez

Diretor de Núcleo
Jayme Monjardim

Secretária - Adriana Brockmann


Assistente - Otto Gama
Diretor Geral
Marcos Schechtman

Direção
Teresa Lampreia

Diretor de Produção
Guilherme Bokel

Secretária - Miriam Lagame


Assistente Executiva – Nelly Penna
Analista Financeiro – Ana Cláudia
Assistente Administrativo – Renata Dofini
Assistente Administrativo – Anderson Maximiniano
Analista Suprimentos – Silvio Troiani
Auxiliares – Raphael Siqueira e Silvio Pereira

Gerente de Produção
Sérgio Madureira

Produtora (viagem)
Cláudia Braga

Coordenadores
Marilia Fonseca
Luiz Augusto

Assistentes de Produção
Ada Alvim
Luiz Otávio
José Carlos Herbas
Luciana Modé (oficineira)

Digitadora
Valéria Freund

Auxiliar de Produção
Luiz Carlos Jovita

Produtor de Elenco
Frida Richter

Assistente de Direção
Maria José Rodrigues - Zezé
Daniel Ghivelder
Wanessa Machado (estagiária)
Continuístas
Celimar Brito
Monica Chaves
Danielle Bernardes

Produtor de Engenharia
Marco Gesualdi

Cenógrafos
Gilson Santos
João Irenio
May Martins
Érica Lovise

Assistentes
Marco Aurélio
Murilo Esteves
Cristina Crizel
Eduardo Pimentel
Larissa
Iolanda Hagrives
Felipe Pompeu
Secretária – Sonia Maria

Gerente de Projetos
Marco Antonio Tavares

Produção de Arte
Tiza de Oliveira
Marco Cortez

Assistentes
Ana Vial
Angela Duarte
Gabriela Cunha

Pesquisadora de Arte
Myriam Mendes

Almoxarife
Fernando
Cristóvão

Contra-regra de cena
Antonio Carlos Santos da Silva
Roberto Malvino
Paulo Lisboa Pereira
Jorge Ilbernon

Contra-regra de rua
Mauricio Moreira
Ary Francisco

Contra-regra de veículos
Angela Rocha

Figurinista
Paulo Lois

Assistentes
Jussara Santos
Célia de Oliveira
Flávia Azevedo
Pedro Lacerda
Beth Bricio
Angela Santoro (estagiária)

Camareiras
Rosa C. Rodrigues
Benilda S. Conceição
Cláudia Aparecida P. Silva
Neide Souza

Camareiros
Ricardo Celano
William C. Souza
Marcelo Henrique P. Silva
José Lima Ferreira

Guarda-roupeiro
Aparecida F. Matheus

Costureiro
Ana Lúcia R. Santos

Supervisão de Maquiagem
Isabel Arbizu

Maquiadora Americana
Lynn Barber

Cabeleireiros
Sonia Hazan
Carlos Paulino
Patricia Pinheiro
Josicler Rodrigues
Adriana S. Almeida
Iliria

Maquiadores
André Ricardo
Vania Menezes
Jaldelte Vieira

Diretor de Fotografia
Adriano Calheiro Valentim

Diretor de Iluminação
Jandir Magalhães

Iluminador
Carlos Alberto Ribeiro

Operador de Pee Wee


José Benitez Costa

Assistente de Iluminação
Jorge Gomes Silva
Leonardo Latino
Abrahão Moreira dos Santos

Técnico Cap. Som


Rogério Cesar Paiva
Luiz Ferreira
Ronaldo Celso Paiva

Operador Vídeo
Cláudio Silva Sá
William M. Gavião

Operador Câmera
José Passos Filho
Lúcio F. Sibaldi

Operador Cabos
José Jorge Martins
Antonio Roberto Cordeiro

Geradorista
José Prates Silva
Equipe Técnica do Estudio
Carlos Tabajara de Brito Filho - Sup. Operações
Marco Aurelio de Souza Cardozo - Op. Sistema TV
João Carlos Morgado - Op. Video/VT
Wander Pereira Rocha - Ass. Iluminação
Roberto Soares do Nascimento - Ass. Iluminação
Humberto Vicente Correia - Ass. Iluminação
Sebastião Silva - Ass. Iluminação
Jose Alailton de Freitas - Ass. Iluminação
Valci de Souza - Elet. de Cenario
Sergio Lagoa Neves - Op. Cap Som
Joaquim Cendrett de Oliveira - Op. Cap Som
Eneas Antonio do Nascimento - Tec. Cap. Som
Willian Lopes Sarzedas - Op. Equip. Suporte
Joubert Lucio Jose da Nascimento - Op. Cabos
Celso Lopes Bastos - Op. Camera
Luiz Carlos da Silva Maidana - Op. Camera
Thelso Batista Gaertner - Op. Camera
Ubiratan Dantas da Silva - Op. Camera
Edigar Martins Junior - Ass. Estudio
Antonio Gabriel Miziara Filho - Dir. Imagem Sr

Produtor Musical
Marcus Vianna

Editores
José Carlos Monteiro
Alberto Alves Gouvea
Jorge César Chaves da Rocha
Luiz Eduardo Guimarães

Efeito Especial
Wilson Aquino
Chico Mauro

Computação Gráfica
Tony Cid
Barata

Sonoplasta Musical Sonoplasta Musical


Julio César C. Correa

Sonoplasta Efeito
Humberto Sampaio Donghia “Tuca”

Merchandising
Carla Monclair
Mot. da Produção
Feliciano Silva
Alexandre Rosa
Silvio Romero
Ricardo Ramos

Fotos no site http://www.redeglobo.com.br/imprensa


Outras informações no site http://www.globo.com/oclone
Atendimento de imprensa: Lílian Arruda 21 2444-5773

Central Globo de Comunicação


Rio de Janeiro, 18 de Setembro de 2001

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