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CRÔNICAS DE VIAJANTE
1a Edição
Fortaleza, 2003
ÍNDICE
Dedicatória / 06
Agradecimentos / 08
Introdução / 10
Perdendo a mochila, não a cabeça / 12
Figuras / 22
24 horas em um trem / 30
Paris desconhecida / 38
Os maus tratos compensam / 46
Reencontrando Paris / 56
Vida fácil, de se perder, em Amsterdã / 66
Apêndice:
I - Aprendendo viajando – dicas para sofrer menos / 72
II – Endereços importantes / 76
III – Roteiro imperdível / 77
IV – Opiniões de quem viajou com o autor / 78
Agradecimentos
Dedico estas crônicas a minha mãe, Westh Ney, que viajou comigo em
cada página deste livro.
INTRODUÇÃO
Uma das coisas que qualquer pessoa que viaja está sujeita é a perder as malas.
Mas o que seria pior do que perder as malas em uma conexão? Perder as malas
numa conexão em sua primeira viagem internacional...
Tudo começou quando meu amigo Alexandre iniciou um namoro com uma
filha de missionários brasileiros que moravam na Itália. Planejamos a viagem
durante meses e ele partiu 15 dias antes de mim ficando tudo combinado para que
me pegassem no aeroporto de Milão. Porém, na véspera do embarque recebo a
noticia por e-mail de que não daria certo e me “ensinavam” como proceder para
chegar a Ferrara, cidade onde moravam. Meu programa de viagem mudara
subitamente e teria pouco tempo para organizar-me, agora não bastava chegar a
Milão, era preciso chegar à estação ferroviária e de lá pegar um trem para Ferrara,
distante mais ou menos 3 horas. A ansiedade pela viagem que já era grande tornou-
se agora enorme, havia feito um curso de seis meses de italiano e embora soubesse
fazer algumas perguntas nem sempre entendia as respostas.
Era julho de 1999, alta estação, e o vôo que sairia às 23hs de Fortaleza rumo a
Lisboa estava com quase 3 horas de atraso. Pela minha inexperiência, não pensava
na conexão que faria uma hora após a chegada no aeroporto e que este atraso
complicaria a já complicada viagem a Itália. O amigo leitor talvez pergunte: “O que
há de complicado entre chegar em Milão, seguir para a estação e pegar um trem para
Ferrara?” A principio nada, era o que respondia a mim mesmo durante o vôo da
Transbrasil.
Pousamos no aeroporto Portela, em Lisboa, às 10:30h e aí começa minha
aflição, percebo as pessoas saindo do avião às pressas para ganhar tempo na
alfândega e, sozinho, sigo a multidão sem saber bem o que aconteceria, ouço
algumas pessoas falando que perderam suas conexões e de repente estou também
correndo como os outros. Escolho uma das 10 filas (a mais lenta) para a
“sabatinagem” portuguesa, após longos 30 minutos está tudo resolvido e posso
considerar que estou na Europa, embora não consiga viver a alegria da minha
primeira viagem internacional sem saber onde colocariam minha bagagem (a
mochila trocaria de avião, mas quê avião se a conexão estava perdida?). Esse foi
meu primeiro erro e uma também uma lição: em vôos com conexão é mais seguro
retirar a bagagem no primeiro destino e despachar normalmente, assim não se corre
o risco de ir pra Europa e as malas pra África.
Procurei o escritório da companhia aérea TAP pra saber que conexão pegaria.
Imaginem a cena: aeroporto lotado, filas de mais de 15 pessoas para onde se olha,
nenhum rosto conhecido, turmas de amigos falando alto, famílias se encontrando,
criança chorando e você, o décimo segundo na fila da TAP, torcendo para que a
atendente portuguesa de mais ou menos 50 anos esteja num dia bom e não desconte
em ti as reclamações dos onze da sua frente (o que obviamente não aconteceu,
sobrou pro brasileiro).
Quando soube que não haveria mais conexões e deveria procurar a
companhia aérea Alitalia pra tentar embarcar, pois minha mala só seguiria pela
próxima conexão (dia seguinte) comecei a pensar se teria sido uma boa idéia viajar
por conta própria e não por uma excursão.
Desesperadamente, convenço a me deixarem voltar para as esteiras das
bagagens a fim de tentar retirar minha mochila. Localizo uma fila de mais de 30
pessoas. Só podia ser lá que reclamavam sobre extravios e etc. Furo a fila (já havia
deixado a educação com a balconista da TAP) e sob protestos em francês, inglês e
outros idiomas desconhecidos explico em 15 segundos (tentando não ser
interrompido e mandado de volta ao fim da fila) toda minha história ao operador,
que surpreendentemente me ajuda explicando em inglês aos outros que era um caso
mais grave (ou algo parecido), cessando os palavrões que eram ditos.
Reclamação feita, alguns dados no computador e se tudo desse certo em
Milão pegaria minha mochila.
Saio confiante e feliz por ter dado certo a furada de fila (não que tenha
gostado do ato em si, mas porque me poupou cerca de 40 minutos). Lembro-me que
tenho que pegar algum vôo e novamente corro escadas acima procurando o guichê
da Alitalia. Mais filas, desta vez maiores e mais confusas, entro na menor e fecho os
olhos pedindo a Deus que tudo dê certo, pois não teria onde ficar em Lisboa, além,
de não conhecer ninguém. Chega minha vez e após muita explicação consigo lugar
num vôo. “Graças a Deus”, pensei eu. Só não gostei quando a funcionária pergunta
se fiz seguro e diz que provavelmente perderia a mala...
Durante as quatro horas seguintes que esperei o embarque para Milão não
consegui ligar nem para Itália e nem para o Brasil, sentia uma sensação de abandono
e solidão, ninguém sabia meu paradeiro. E se alguma coisa me acontecesse? Já
deveria ter chegado a Ferrara, no entanto ainda faltava mais da metade do caminho.
Foi numa dessas reflexões que tive mais uma lição: Não devemos tratar um
problema como um todo e sim por partes. Então meu objetivo não era mais a
mochila (pois tinha feito o seguro) e sim chegar à Milão, estando lá meu objetivo
seria chegar à estação e assim por diante. De certo modo, aquilo que estava
vivenciando me ajudaria a enfrentar qualquer coisa que acontecesse nos próximos
45 dias de viagem.
Finalmente, estou no ar seguindo para Milão, são quase 17hs e ainda não
almocei, havia até me esquecido diante de tantas emoções. Ao meu lado viaja um
italiano, conheço logo pelo formato do nariz. Puxo conversa pra ver se sei falar
mesmo, conto minha situação e ouço que não me preocupasse, pois: “I italiani sono
tutto bonna gente”. Faço amizade com o “Nose” (vamos chamá-lo assim porque não
me lembro seu nome) e no desembarque percebo mais uma faceta da minha
aventura: Milão tem dois aeroportos!!! Para variar um pouco minha maré de azar
percebo que minha mala e eu seguiríamos originalmente para o aeroporto Linate e
com minha troca de companhia aérea havia parado no Malpensa, ou seja, sem mala e
sem instruções de como chegar a estação (este aeroporto é muito mais longe). Mas
nada difícil se você tem um amigo como o “Nose”, que me deu total ajuda tanto pra
descrever a mochila como para indicar onde pegaria o ônibus especial do aeroporto
à estação. Vai aqui mais uma grande lição: Faça amizade! (E leve uma foto da
mochila pra evitar ter que descreve-la).
A bordo do ônibus tive mais tempo para pensar e coordenar as idéias. Estaria
alcançando mais um dos pequenos objetivos e partiria para o próximo: entrar no
trem que me levaria a Ferrara. A chegada à estação foi fácil, não tinha erro como
havia previsto Nose. Em poucos minutos estava com a passagem na mão.
Até o momento não havia ligado para o pessoal que me recepcionaria e
finalmente consigo um cartão telefônico. Já havia passado das 22hs e estavam todos
preocupados. Ainda demoraria 2 horas para que o trem saísse, mais umas 2 horas de
viagem até Bolonha, uma espera de 1 hora para pegar outro trem e finalmente mais
30 minutos até Ferrara. O sono já imperava, mas uma cochilada poderia me custar às
últimas coisas que tinha: o passaporte, o dinheiro e os guias de viagem.
Tudo era novo para mim: descobrir o trem que me levaria, a plataforma que
estaria, o vagão específico e mesmo andar nele. Conhecia estórias de pessoas que
entravam em um vagão errado e numa dessas paradas onde o trem desmonta sua
composição iam parar em outro país.
Conheci um senhor que viajou no mesmo vagão, fomos conversando e
pensava sempre: Será que ele vai me roubar? Mas ele se encantou tanto com a
conversa sobre o Brasil, que se queria, desistiu. Aliás, uma dica boa que aprendi
para não dar bandeira e ser alvo de roubos é falar logo que é do Brasil. Se não dá
para disfarçar que é gringo pelo menos deixamos claro que não temos dinheiro. Essa
“técnica” deve ser feita somente para casos de roubos iminentes, pois em outras
situações pode ser melhor se passar como europeu ou americano pra não ser
discriminado, o que é bem comum em países da Europa.
Não deu pra resistir e acabei cochilando. O senhor me acordou na estação que
devia descer. Beleza, pensei eu, não me roubou e ainda me ajudou, valeu a dica da
amizade. O trem seguiu viagem e fiquei sozinho na plataforma, que mais parecia um
cemitério de trens. A lâmpada fluorescente piscava ameaçando desligar e não se via
ninguém, de repente percebo uma pessoa saindo de uma escadaria que vinha do
subsolo. Não é que havia vida lá em baixo? Várias pessoas andando e tudo
iluminado. Descubro que é por ali que iria me deslocar de uma plataforma a outra e
noto que estava na errada (Iria pegar o trem errado depois de tudo).
Finalmente estou no trem correto a menos de 5 minutos de Ferrara, está
lotado e o que consigo entender é que os passageiros vinham de um show de rock.
Esforço-me para me manter imóvel e não pisar em alguém deitado no chão. Até
agora não pediram pra ver minha passagem desde Milão. Três rapazes conversam
com um fiscal de passagens e fico na minha tentando parecer menos gringo possível
(testando o outro lado da “técnica anti-roubo”), mas sou descoberto quando
subitamente param de falar e olham para mim, os quatro. Aqueles segundos que
trocamos olhares só seriam quebrados quando falasse algo tipo: “Io no capito
niente”. Até hoje não sei do que falavam, mas sei que era de mim e quiseram ver
minha reação. O fiscal viu minha passagem e perguntou para onde estava indo. Para
Ferrara respondi. É a próxima, disse ele enquanto o trem abria as portas.
Na estação, um alívio ao reencontrar um rosto conhecido. Foram 24 horas de
viagem que valeriam por uma semana por tantos acontecimentos. Três dias depois a
mochila chega intacta no endereço que especifiquei, errou a atendente da Alitalia,
acertaram Nose e o operador de Milão, que entendeu a descrição da mochila.
Adeus seguro-bagagem.
FIGURAS
(Suíça – Fevereiro de 2001)
- Está a trabalho?
- Nooo. (com sotaque japonês). Estou passeando.
Olhei para meu amigo que franziu a testa, onde iríamos achar alguém que
fizesse bolo e pra relaxar viajasse de férias pela Europa. Era um choque para nós.
Não ficamos atrás e tiramos nosso primeiro cd de música clássica que havíamos
gravado com outros amigos, afinal, se ele podia viajar fazendo bolo nós também
podíamos tocando música clássica no Brasil...
Oferecemos o cd.
Daí, não tivemos mais dúvidas de que ele nos entendia. Morocco começou a
falar e a gesticular com os pés:
- Brassil...Ronaldo... Cafú, soccer.
- Vamos Tereza, uma semana lá, a gente fica num albergue, sai baratinho,
quando você vai ter outra chance como esta?
- Mas não é perigoso? Você sabe mesmo ir?
- Claro!
É claro que eu não sabia “mesmo” como ir, por isso insistia para que fosse
comigo, afinal, ela já havia feito um curso de francês na adolescência e eu só
sabia falar, e mal, o italiano, que da Suíça em diante não me serviria mais.
E lá estávamos nós, no trem, chegando em Paris. As minhas sensações eram
de euforia por estar finalmente na França e preocupação, pois Tereza confiava em
mim.
Ligamos para o Albergue e havia lugar. Fomos para lá pegando o metrô e em
pouco tempo chegávamos na estação Ledru-Rolin. Uma olhada no mapa e, ao
sairmos do subsolo, o primeiro contato com Paris. Aquela primeira impressão que
fica. Gostamos.
Há 200 metros estava nosso destino.
Não teria lugar no albergue como haviam dito, mas a proposta de irmos para
um hotel um pouco mais caro, mas três estrelas, por um dia, era tentadora. Depois
soubemos que o hotel era do mesmo dono do albergue, assim ficava “tudo em casa”.
Fomos para o hotel já com a promessa de duas camas no albergue dia
seguinte, afinal, não teríamos como nos manter na cidade por muito tempo pagando
aquele preço. Manhã seguinte tomaríamos café no albergue.
Aquela tarde foi toda gasta com a acomodação. Mas onde estava Paris? Só
víamos os corredores do metrô e resolvemos que a partir do dia seguinte iríamos
caminhar.
Dito e feito, após o café do albergue, um tour a pé. Fomos para a Bastilha, de
lá Champs-Ellysées, arco do triunfo e Torre Eiffel. Aliás, quero registrar que quando
vi a torre pela primeira vez, dobrando uma esquina, tive uma das maiores emoções
da viagem. Era inacreditável estar vivendo aquilo porque Paris ainda era um sonho.
E se realizava a cada passo.
Antes de viajar, uma amiga que conheci através da internet e que era da
minha mesma cidade me deu várias dicas, pois havia morado lá. Uma delas foi um
guia português chamado Paulo, que ela por sua vez conhecera dentro do metrô.
O plano era o seguinte: levaria um cd brasileiro dessa minha amiga para
Paulo e em troca tentaria alguma “facilidade turística”.
Fiz um contato por telefone e combinamos de nos encontrar em frente ao
Louvre, para a entrega do “pacote”.
Paulo era guia e trabalhava num ônibus de turismo, ganhava bem para os
padrões brasileiros, mas reclamava dizendo que “em Paris trabalha-se demais e vive-
se de menos”, seu sonho era voltar para Lisboa, onde: “a vida transcorria num ritmo
mais suave e tranqüilo” (acho Paulo meio esquisito).
Não entendia porque reclamava que trabalhava demais se estava num dia da
semana, à tarde, jogando conversa fora. Definitivamente, ele não conhecia o Brasil.
Com receio de que as tendências de Paulo aflorassem resolvi somente aceitar os dois
ingressos para o passeio de barco no rio Sena, que ele nos presenteava.
Mercadoria entregue, bilhetes na mão e Paulo seria só uma lembrança.
Tereza infelizmente ficou somente quatro dias em Paris. Teria que voltar ao
Brasil, pois acabavam suas férias. Eu ficaria mais um no albergue. Agora já estava
“aclimatado” ao ar parisiense.
Ensinei Tereza como voltar. Levei-a na estação e até seu trem. Só saberia se
tudo desse certo quando nos encontrássemos no Brasil. Agora estava sozinho
novamente.
Voltei ao albergue em busca de novas amizades. Conheci um inglês que
estava na minha mesma situação de quatro dias atrás. Chegara e era encaminhado ao
hotel, porém parecia bem nervoso, falando alto. Pelo que entendi, já havia pago esta
estadia semanas antes. Embora o albergue estivesse cheio, deram um jeito de
recolocá-lo (queria ver se ele fosse brasileiro).
Quando a poeira baixou trocamos algumas idéias. Richard morava em
Londres e estava passando o fim de semana em Paris (mais ou menos como alguém
que vive em São Paulo e passa um fim de semana no Rio de Janeiro). Diz que adora
caminhar pela cidade e que vai a montmartre. Ofereço-me para acompanha-lo,
imaginando que a tal montmartre fosse uma padaria e não um bairro, como era de
fato. Só fui perceber quando já havia andado mais de 5 minutos com meu amigo
silencioso e nada do cheiro de pão aparecer...
“Ok, vou ficando nessa”. Era tudo que queria dizer, mas minha limitação com
o idioma me impedia. Como me livrar daquela situação? Seriam quantos
quilômetros? Pararia de andar simplesmente e deixaria que Richard seguisse seu
caminho sem perceber meu súbito desaparecimento? Resolvi apelar para a “torcida
de pé”.
E lá estava eu, me contorcendo e fazendo sinais para que ele prosseguisse
sem mim... E não é que deu certo?
Volto por outra rua, queria aproveitar ao máximo o último dia em Paris, mas
já considerava os principais pontos turísticos vistos e não me restava opção, a não
ser o albergue.
Lá encontro Hernandes, um mexicano que tentava a vida em Paris, havia
deixado a namorada para trás em busca de um sonho, mas estava desistindo e iria
voltar. Não tinha mais dinheiro para se manter, pois estava a mais de quarenta dias
procurando emprego. Resolvo deixa-lo ler seus classificados em paz e começo a
conversar com uma australiana aventureira.
Nancy estava de bicicleta e iria de Paris a Barcelona no dia seguinte,
exatamente no mesmo dia que eu. Senti-me humilhado diante da disposição dela,
ainda mais se levando em conta que devia ter quase cinqüenta anos.
Fui dormir pensando nisso e decidi que mudaria, depois do fiasco com
Richard e a humilhação com Nancy tive convicção de que precisava caminhar mais
e me exercitar, faria isso amanhã em Barcelona.
De manhã bem cedo estava com tudo arrumado. “Último banho em Paris”,
pensava enquanto me enxugava. “Daria até nome de filme...”. É incrível como nossa
mente funciona sem parar quando estamos sozinhos. Procuro não deixar nada pra
trás.
O albergue já está pago e só me resta sair. Não falo com ninguém, apenas
sigo para o metrô me despedindo a cada passo enquanto amanhece a cidade. Será
que Tereza acertara o caminho de volta?
Sinto um cheiro de pão fresco no ar...
Reencontrando Paris
(França – Fevereiro de 2001)
Parte I
***
Se você é um(a) viajante contumaz, deve ter muitas histórias como essas para
contar, maus tratos que enriquecem qualquer aventura.
Quem sabe, um mesmo pensamento: Igual ao nosso país, não há lugar melhor
para se voltar.
APÊNDICE
I - Aprendendo viajando
(Dicas para sofrer menos)
Principais consulados:
Roma, Itália
Consulado Brasileiro em Roma, na via Santa Maria dell’Anima, 32 - Tel.
6/687-78-91
Paris, França
Consulado Geral do Brasil, 12 rue de Berri (travessa da Avenue Champs-
Ellysées) Tel. 01/4225-3479
Albergue de Paris
Alexandre de O. Azevedo
Aquela viagem, em fevereiro de 2001, com o João foi bem bacana por dois
motivos: O primeiro é que ele já conhecia muito dos lugares por onde passamos
então era como estar com um guia particular. O segundo é que tínhamos pouco
dinheiro! O lado bom de não ter dinheiro foi o fato de termos de andar MUITO e
de dormir em lugares que a maioria dos turistas endinheirados nem pisariam.
Pudemos conhecer as cidades, como o João fala em um trecho do livro, na
sua forma mais cotidiana e perceber que, apesar de serem de primeiro mundo elas
também possuem ruas sujas e feiras livres!
Tão divertida quanto à viagem foi poder relembrar nossas aventuras neste
livro.
"Paris era um sonho de infância que a cada dia tornava-se mais distante até
ter a oportunidade de estar na hora certa, no lugar certo, mas, sobretudo, com o
"guia" certo. A alegria de ver agora registrados os fatos inerentes à viagem só é
superada pela segurança de viajar com um amigo como o João Marcos. Ademais
devo a ele os quatro dias mais sonhados de pelo menos 40 anos.
Tudo em Paris foi mágico e novo para mim, ao mesmo tempo em que me
trouxe muitas lições de vida. Só posso desejar sucesso nessa nova empreitada e
registrar minha admiração por mais esse dom revelado.
Teresa Prado