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Grupo I
A. Lê o seguinte texto.
− Quê! Pois realmente?... É gracejo isso, ou realmente há ali uma mulher, bonita,
bonita, e?...
− Ali não há ninguém − ninguém que se nomeie hoje, mas houve... oh! houve um
anjo, um anjo que deve estar no céu.
− Bem dizia eu que aquela janela...
− É a janela dos rouxinóis...
− Que lá estão a cantar.
− Estão, esses lá estão ainda como há dez anos − os mesmos ou outros, mas a
menina dos rouxinóis foi-se e não voltou.
− A menina dos rouxinóis! Que história é essa? Pois deveras tem uma história
aquela janela?
− É um romance todo inteiro, todo feito como dizem os franceses, e conta-se em
duas palavras.
− Vamos a ele. A menina dos rouxinóis, menina com os olhos verdes! Deve ser
interessantíssimo. Vamos à história já.
− Pois vamos. Apeemo-nos e descansemos um bocado.
Já se vê que este diálogo passava entre mim e outro dos nossos companheiros de
viagem. Apeamo-nos com efeito, sentamo-nos, e eis aqui a história da menina dos
rouxinóis, como ela se contou.
É o primeiro episódio da minha Odisseia: estou com medo de entrar nele, porque
dizem as damas e os elegantes da nossa terra que o português não é bom para isto, que
em francês que há outro não-sei-quê...
Eu creio que as damas que estão mal informadas, e sei que os elegantes que são uns
tolos; mas sempre tenho meu receio, porque enfim, enfim, deles me rio eu: mas poesia
ou romance, música ou drama de que as mulheres não gostem, é porque não presta.
Ainda assim, belas e amáveis leitoras, entendamo-nos; o que eu vou contar não é um
romance, não tem aventuras enredadas, peripécias, situações e incidentes raros; é uma
história simples e singela, sinceramente contada e sem pretensão.
Acabemos aqui o capítulo em forma de prólogo; e a matéria do meu conto para o
seguinte.
Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra [cap. X], Lisboa: IN-CM, 2010, p. 161.
Educação literária
1. Identifica os dois momentos estruturantes da obra que se cruzam neste excerto.
2. Apoiando-te em elementos do texto, demonstra como a história da Menina dos
Rouxinóis se anuncia como uma novela romântica.
3. Explicita a relação que se estabelece entre o penúltimo parágrafo e os que o
antecedem.
4. Indica duas características da linguagem que revelam a “modernidade” da prosa
do autor.
B. Lê o seguinte excerto.
“Este é o único privilégio dos poetas: que até morrer podem estar namorados
(…) o que não ama apaixonadamente (…) Deus me livre dele.”
Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra
Grupo II
Os imprevistos em viagem
Leitura / Gramática
1.Para responderes a cada um dos itens de 1.1. a 1.5., seleciona a única opção que
permite obter uma afirmação correta.
1.1. O texto apresenta características específicas do género
A. exposição.
B. artigo de divulgação científica.
C. artigo de opinião.
D. relato de viagem.
1.3. Este viajante considera que ter perdido o ferryboat foi uma sorte
A. porque, assim, descansou mais tempo em Tarabin.
B. porque, de outro modo, não teria conhecido uma maravilhosa aldeia à beira-
-mar.
C. porque o taxista o levou mais depressa a Tarabin.
D. porque Tarabin era lindíssima e ele precisava de tempo para a conhecer
melhor.
Grupo III
Escrita
Neste excerto, cruzam-se dois momentos estruturantes da obra. Até este capítulo, o narrador
centra-se na viagem entre o Terreiro do Paço e o Vale de Santarém. O aparecimento da Casa do
Vale vai dar origem à novela que é contada nos capítulos seguintes (“A menina dos rouxinóis,
menina com os olhos verdes! Deve ser interessantíssimo. Vamos à história já. ”).
2. …………………………………………………………………………………………………………………………... 20 pontos
Cenário de resposta
A novela da Menina dos Rouxinóis inicia-se neste capítulo e são várias as expressões do
texto que nos remetem para o Romantismo: “um anjo que deve estar no céu” (l.xx); “ Pois
deveras tem uma história aquela janela? “; “A menina dos rouxinóis, menina com os olhos
verdes!” (l.xx).
3. ……………………………………………………………………………………………………………….……… 15 pontos
Cenário de resposta
4. ……………………………………………………………………………………………………………………………………… 20 pontos
Cenário de resposta
A linguagem desta obra é considerada muito inovadora e moderna. Concorre para este
facto a variedade de registos de língua apresentada, os apelos aos narratários, o estilo oralizante
adotado pelo narrador: “Ainda assim, belas e amáveis leitoras, entendamo-nos” (l.xx).
B
5. ……………………………………………………………………………………………………………………………………… 30 pontos
Cenário de resposta
Sugestões:
Carlos:
percurso sucessivo de desenganos amorosos;
desequilíbrio emocional;
pensamentos poéticos;
busca do absoluto resolvida em frustração e desencanto.
(…)
1.1 D 5
1.2 B 5
1.3 B 5
1.4 D 5
1.5 D 5
2.1 Empréstimo. 7
2.3 Oração coordenada – “Os menus dos poucos restaurantes abertos incluíam 10
peixe fresco,”;
oração coordenada assindética – “ as pessoas eram de uma amabilidade
extrema,”;
oração coordenada assindética – os camelos passeavam no areal de uma praia
literalmente despovoada, sossegada, encantadora”.
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