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Falaremos sobre as sobreposições e aplicações de tríades e tétrades, além de estudarmos a

aplicação direta e indireta da escala pentatônica dentro do campo harmônico maior. ‘De quebra’,
nós iremos conferir as soluções para o segundo modo da escala maior, que é o Dórico. Vamos
nessa?
Aplicação das escalas pentatônicas sobre o campo harmônico maior. Encontraremos as
pentatônicas maiores sobre o Iº, IVº e Vº grau do campo harmônico maior. Suas respectivas menores
estão sempre nos: IIº, IIIº e VIº graus, em resumo nos seis modos do campo harmônico maior podemos
trabalhar com pentatônica. Um cara que fez disso uma linguagem é o Eric Johnson. Se vocês não
conhecem ainda, vale a pena pesquisar um pouco mais sobre esse grande guitarrista! Uma boa dica de
disco dele é o álbum “Venus Isle”.

Voltando ao assunto pentas, essas que citei são pentas muito populares no mundo do blues e do rock.
Para obtermos uma penta maior basta pegarmos um modo maior e omitir (deixar de tocar) 4ª e a 7ª.
Ficando com a fórmula dela assim: Tº – 2ª – 3ª – 5ª e 6ª. Omitindo a 2ª e a 6ªde qualquer modo é
possível se obter uma penta menor – Fórmula: Tº- 3b – 4ª- 5ª e 7ª. Além das pentas convencionais,
ainda teremos mais três alternativas para fugir da monotonia e do marasmo sonoro que você pode
sofrer caso resolva tocar apenas com pentatônica e queira desenvolver um estilo, assim como o Eric
Johnson fez. São essas alternativas: Menor 6 (IIº), Maior 7 (Vº) e Menor 7/5b (VIIº).

Quadro geral das pentatônicas sobre o Campo harmônico maior (Resumão):

Pentas de aplicação direta serão somente as do mesmo grau e tom do modo em questão, as demais
terão aplicação indireta ou secundária. Ex.: Dm Dórico – temos a aplicação das pentas de Dm ou
Dm6 todas as outras podem funcionar bem, mas como uma segunda opção por isso são
secundárias. Partindo da ideia de que pentas são modos com duas notas omissas, se somarmos as
notas das 6 pentatônicas disponíveis no campo harmônico de C estaremos trabalhando sempre com as
mesmas 7 notas da escala de C maior, C D E F G A B, fazendo as possíveis combinações pentatônicas
de 5 em 5 notas. Sobre os modos: dórico, lidio e mixolídio, o aproveitamento das 6 pentatônicas é
total levando em consideração o preferencial das pentas de aplicação direta de seus respectivos
modos. Sobre o modo de preferência a penta do Iº Grau, pois terá uma sonoridade mais atraente do
que a do (IVº grau), por exemplo. Sobre os modos jônioe eólio (os dois naturais) e harmonias tonais
centradas em jônios e eólios, muito comuns no pop, rock e heavy metal, as opções serão reduzidas e
se resumem somente as pentas do Iº e Vº graus e seus respectivos relativos menores, dando
preferência à penta do Iº grau. Sobre o frígio de preferência às pentas do VIIº grau (m7/5) e a de
aplicação direta do IIIº grau. Sobre o modo lócrio, muito incomum na nos estilos pop, rock e metal, de
preferência as aplicações do IIº grau e a de aplicação direta. Pra ser bem realista, o acorde frígio não
é uma situação muito comum em músicas mais populares. Portanto, não tem muita opção e
essas acabam por serem as mais razoáveis.
Quando o assunto for blues, indispensável para a formação de um guitarrista de rock, as pentas
principais serão sempre: Penta maior, Penta menor 7, Penta blues, Penta menor 6 no mesmo tom do
blues em questão. EX.: Sobre um blues em A maior (mixolídio) usamos as pentas de A, Am7 e Am6,
considerando a 3b das pentas menores como blue note. Usando a terça menor de passagem para a
terça menor e concluindo a frase na tônica é um bom clichê de blues que você já tem na manga para
usar. Se tratando de blues principalmente o tradicional, você improvisa em cima de acordes totalmente
dominantes. Então sempre marcamos como um (mixolídio Vº grau) para cada acorde, ou seja, cada
acorde isolado faz parte de um campo harmônico diferente. Por exemplo. Um Blues em C, você terá
acorde como A7, D7 e E7. O acorde A7 pertence ao campo harmônico de D maior, D7 pertence ao
campo harmônico de G maior e E7 pertence ao campo harmônico de A maior. Portanto se usarmos
essa fórmula apresentada fazendo as respectivas alterações quando a base muda de acorde, temos um
bom começo de como se improvisar em cima de um blues maior. Abaixo deixarei um breve exemplo de
uma condução harmônica de blues básica e também deixarei a backing track em anexo para download.

Backing track no tom de A:

Arpejos- Aplicação de Tríades:

De forma geral, o principal arpejo para qualquer acorde é o arpejo do próprio acorde em questão.
Porém, podemos sobrepor diferentes arpejos de um mesmo campo harmônico sobre um acorde e
estender suas tensões tendo um aproveitamento muito mais amplo de suas dissonâncias, o que resulta
em um resultado melódico e harmônico muito maior independente da função modal do acorde.

As tríades do I, IV e V grau são sempre uma boa opção, pois quando sobrepostas sobre qualquer
acorde do campo harmônico, somam todos os intervalos. Observando o campo de C em tríades:
Das três tríades teremos duas como alvo principal, a que somar a 3ª e a 5ª, pois mostram o tipo de
acorde (maior, menor, etc…) e a que somar o intervalo que caracterize o modo. Para os modos: dórico
frígio, lídio e mixolídio as melhores opções sempre estarão no IV e V graus. Para o modo jônio e eólio as
tríades do I e V graus podem soar mais interessantes.

Podemos usar as três tríades menores do II, III e VI graus do campo harmônico que somadas também
geram todas as notas da escala Observe o exemplo sobre o campo harmônico de C:

 
É possível sobrepor tríades partindo de qualquer intervalo de um acorde (independente do modo que
esteja). Quando relacionamos o acorde ao seu campo harmônico, temos uma visão geral dessas
possibilidades.

De cada intervalo que partimos somamos um grupo de 3 intervalos sobre o acorde do modo em
questão. Segue aqui um “resumo” com a relação dos intervalos somados a partir de todos os intervalos
de um acorde independente e sua função modal.

* = Principais opções

Percebemos que partindo da tônica, terça e quinta, sexta e sétima, teremos a extensão perfeita e
aproveitamento total dos intervalos, sendo este um outro padrão de raciocínio.

Para alguns modos, algumas dessas configurações de notas (combinações de intervalo) não serão
muito convenientes por somar avoid notes.

Sobre (o modo jônio, por exemplo, a 4ª (justa) é um avoid note (ruim como repouso) e quando somada
com a 7ª maior) gera uma tensão harmônica ou melódica desagradável.

Por isso para acordes jônios evite a sobreposição de tríades partindo da 7ª e de preferência aos arpejos
que não somam 7ª e 4ª juntas. Uma boa pedida de substituição é a sobreposição partindo da 6ª, pois
sempre soma os intervalos de T, 3ª e 6ª, uma boa configuração para acordes de qualquer função modal.
Quando a sexta for do tipo 6b evite como repouso, como no caso de acordes frígios e eólios. De uma
maneira geral, intervalos ruins como repouso (avoids), são aqueles que estão um semitom acima da
tríade acima do acorde (T, 3ª e 5ª).

Arpejos – Aplicação de Tétrades: a aplicação de diferentes tétrades sobre um mesmo acorde nos da a
possibilidade de estender suas tensões. É o que chamamos de sobreposição, recurso muito
interessante de ser usado na improvisação de solos ou em composições autorais.

Vamos tomar como exemplo um acorde de A7 (mixolídio), pertencente ao campo harmônico maior de D
(é sempre importante essa associação). Se você associar as notas da escala de D aos intervalos do
modo mixolídio.

Exemplo:

Os intervalos em negrito estão sempre uma oitava acima dos que estão originalmente escritos
em baixo.

Campo Harmônico:

A ideia é associar intervalos (ou notas) do acorde A7 aos graus (tétrades) de seu campo harmônico,
Veja o exemplo:
Matematicamente falando, quando sobrepomos tétrades partindo da tônica, terça, quinta e sétima de um
acorde independente de sua função modal, nós estamos estendendo os intervalos (tensões) de forma
cronológica como mostrado no exemplo acima.

Agora usando o mesmo recurso sobre Am7 dórico como exemplo:

Vale Salientar que é imprescindível saber na manga as digitações mais usuais de arpejos ou as que
mais se adequam a sua forma de tocar, não cabe a minha pessoa dizer: “Qual formato ou desenho de
arpejo ou escala é o melhor, ou qual o desenho que mais funciona. Não existe essa receita. Se
tratando de improviso e de guitarra não existe, melhor ou pior. Existe apenas o que funciona pra
você e o que não funciona. As vezes o que funciona pra mim não funciona bem pros demais ou
vice e versa, então o trabalho aqui é estudo e pesquisa”.

Deixarei aqui os desenhos e shapes de arpeggios, para que vocês possam estudar a dica aqui é:

1. estude com o metrônomo. Sempre começando do mais lento e acelerando a velocidade.


2. estude tanto usando a técnica de sweep, quanto usando a técnica de palhetada alternada.
3. tente gravar os acordes do campo harmônico ou pedir para um amigo tocar para você (caso esse
amigo saiba os acordes e toque), e tente tocar o campo harmônico maior em forma de arpejos,
usando tanto palhetada alternada quanto palhetada sweep.
Obs: De cara você pode não conseguir aplicar isso no improviso , mas nao desista da ideia só
porque você ainda não consegue executá-la como gostaria que soasse. Este é um caminho longo
árduo e você terá de estudar um pouco pra levar vantagem.  Uma boa dica de referência é ouvir o
trabalho de caras que fizeram de arpejos, como Steve Morse, Y. J Malmsteen e Jason Becker.
Esses sao alguns magos na arte de usar arpejos em seus solos e composições como forma
de enriquecer suas linhas melódicas.
Shapes dos arpejos:

Arpejos aumentados :

O acorde (arpejo) aumentado é simétrico suas inversões se repetem com as mesmas posições a
cada dois tons.  

Shapes dos arpejos de tétrade:


 

Obs: O acorde (Arpejo) diminuto é simétrico suas inversões se repetem com as mesmas
posições a cada 1 tom e ½.   
Soluções para modo dórico:

O modo dórico nada mais é do que o segundo grau da escala maior (ou a escala maior tocada com a
tônica à partir da segunda nota como uma inversão). Ele é o único modo menor que não possui notas
que devem ser evitadas, as tão temidas “Avoid notes”. Porém, não é por isso que todos os intervalos
sejam necessariamente bons, quando temos um modo que não tem notas a serem evitadas devemos
nos policiar bastante,  porque dependendo da situação pode acontecer de um intervalo as vezes não
soar bem quanto deveria. Portanto é sempre válido usar o bom senso e o bom gosto. Vamos conferir
mais de perto?

Aqui por via de regra vale a pena gravar um acorde dórico parado e tentar tocar em cima dele os shapes
e o campo harmônico onde tiver o tom escolhido como IIº dórico: Eu deixarei aqui um Play back
disponível para download, esse play back está em Am. O estudo aqui será:

 abrir o campo harmônico e ver de quem que o Am é o segundo grau.


 calcular as possibilidades de arpejos e de tríades e tétrades que é possível usar nesse modo. E
tocar cada possibilidade individualmente.
 criar frases e licks que misturem arpejos, e escalas.
 fazer isso com todos os tons possíveis e imagináveis tendo a concepção por enquanto apenas de
que esse acorde menor seja o IIº grau e nunca outro grau (pelo menos por enquanto).
Playback:

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