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POLÍCIA MILITAR

POLÍCIA DODO
MILITAR AMAPÁ
AMAPÁ
CENTRO DE FORMAÇÃO
CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO
E APERFEIÇOAMENTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS – CFSD/2018
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS – CFSD/2021

Lei de Tortura.
Lei nº 9.455/1997
INTRODUÇÃO
CFSD/2018

Após a 2ª grande guerra nasce um


movimento de repúdio a tortura com a
aprovação de diversos tratados e convenções
contra a tortura (alguns ratificados pelo Brasil).
O primeiro tratado foi a Convenção contra a
Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis,
Desumanos ou Degradantes, de 1984. o Segundo
foi a Convenção interamericana para a Prevenir
e Punir a Tortura, de 1985.
PREVISÃO CONSTITUCIONAL
CFSD/2018

A CRFB/88, no art. 5º, foi o primeiro ato normativo da


nova Ordem Constitucional a fazer menção expressa ao
delito de tortura.

Art. 5º, III – “ninguém será submetido a tortura nem a


tratamento desumano ou degradante”.

Art. 5º XLIII – “a lei considerará crimes inafiançáveis e


insuscetíveis de graça ou anistia a prática de
tortura,...”
CONCEITO DE TORTURA
CFSD/2018
Tortura é qualquer ato pelo qual dores ou
sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos
intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou
de uma terceira pessoas, informações ou confissões; de
castiga-la por ato cometido; de intimidar ou coagir
esta pessoa ou outras pessoas; ou qualquer motivo
baseado em discriminação de qualquer natureza;
quando tais dores ou sofrimentos são infligidos por um
funcionário público ou outra pessoa no exercício de
funções públicas, ou por sua instigação, ou com seu
consentimento ou aquiescência.
OBSERVAÇÃO
CFSD/2018

NÃO se considera tortura as dores ou


sofrimentos que sejam consequência unicamente
de sanções legítimas, ou que sejam inerentes a
tais sanções ou delas decorram.
Lei 12.847/2013
CFSD/2018

Institui o Sistema Nacional de Prevenção e Combate a


Tortura.
Art. 3º Para fins desta lei, considera-se:
I- Tortura: os tipos penais previstos na lei nº 9.455, de 7 de
abril de 2007, respeitada a definição constante do artigo 1 da
Convenção contra tortura e outros tratamentos ou penas
cruéis, desumanos ou degradantes, promulgada pelo decreto
nº 40, de 15 de fevereiro de 1991;
Lei nº 9.455/1997
CFSD/2018

Art. 1º - Constitui crime de tortura.


I – constranger alguém com emprego de violência ou grave
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental

a) Com o fim de obter informação, declaração ou


confissão da vítima ou de terceira pessoa;
b) Para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) Em razão de discriminação racial ou religiosa;
OBJETIVIDADE JURÍDICA
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O bem jurídico protegido é a integridade física e


psíquica e a vida da pessoa. O Prof. Guilherme de Souza
Nucci acrescenta que o crime também protege a
liberdade, como a liberdade de pensamento, liberdade
religiosa. O Prof. Alberto Silva Franco entende que
também protege a probidade e regularidade
administrativa, ao proteger a moralidade da prestação
do serviço público, já que toda tortura consiste em
abuso de autoridade.
EQUIPARAÇÃO A CRIME HEDIONDO
CFSD/2018

Artigo 5º, XLIII da Constituição Federal e artigo


2º, caput, da Lei de Crimes Hediondos.
SUJEITO ATIVO
CFSD/2018

Crime Comum
O delito de tortura, salvo as exceções
legais, é crime comum, podendo ser
praticado por qualquer pessoa, não exigindo
a condição especial de funcionário público.
SUJEITO PASSIVO
CFSD/2018

Crime Comum

Qualquer pessoa pode ser vítima do crime de


tortura.
CONDUTA PUNIDA
CFSD/2018

Constranger alguém com emprego de


violência ou grave ameaça, causando-lhe
sofrimento físico ou mental.
TORTURA PROVA
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a) Com o fim de obter informação, declaração ou


confissão da vítima ou de terceira pessoa
Exemplo: Credor tortura devedor para que este
confesse a dívida
Consumação: com o constrangimento causador de
sofrimento, dispensando a obtenção de informação.
Tentativa: é possível tentativa.
TORTURA CRIME
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b) Para provocar ação ou omissão de natureza


criminosa;
Exemplo: Mévio tortura Tício para que este execute
Caio.

Obs: a ação criminosa é dispensável para que se


consuma a conduta do crime de tortura, basta então
que haja o constrangimento.
Tício não responde por nenhum crime.
Mévio responde pela tortura e pelo homicídio.
TORTURA PRECONCEITO/DISCRIMINAÇÃO
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c) Em razão de discriminação racial ou religiosa;


Exemplo: Constranger com violência um judeu por
preconceito em relação a sua raça.

Obs: o legislador não inseriu outras formas de


discriminação, como sexual ou política, caso em que a
conduta será atípica, podendo se configurar outro
delito, como lesão corporal.
GUARDA, PODER OU AUTORIDADE.
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Guarda significa vigilância


permanente. Poder decorre de exercício
de cargo ou função pública. Autoridade
está ligada às relações privadas, como
ocorre com o tutelado, curatelado,
filhos, etc.
IMPORTANTE DIFERENCIAR
CFSD/2018

Art. 136 – CP (maus tratos) Art. 1º, II – Lei 9.455/97


Sofrimento INTENSO SOFRIMENTO
Art. 136 CP – Expor a perigo a vida
ou a saúde de pessoa sob sua
autoridade guarda ou vigilância,
para fim de educação, ensino,
tratamento ou custódia, quer
privando-a de alimentação ou
cuidados indispensáveis, quer
sujeitando-a trabalho excessivo ou
inadequado, quer abusando de
meios de correção ou disciplina.
TORTURA PELA TORTURA
ART. 1º, § 1º CFSD/2018

Na mesma pena incorre quem submete


pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a
sofrimento físico ou mental, por intermédio da
prática de ato não previsto em lei ou não
resultante de medida legal.
SUJEITO ATIVO
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Obs.: Há conflito entre doutrinadores


quanto ao sujeito ativo, pois alguns falam
que é crime comum, ou seja, praticado por
qualquer pessoa e outros dizem se tratar de
um crime próprio, visto que somente
poderia praticar o agente que tem a guarda
da pessoa presa.
SUJEITO PASSIVO
CFSD/2018

O sujeito passivo será pessoa presa ou sujeita a medida de


segurança.

obs.: o legislador não fez qualquer distinção, então abrange


qualquer espécie de prisão. Incluindo a prisão civil e a
prisão disciplinar (militares das forças armadas).

O crime se consuma ao submeter a pessoa presa a


sofrimento físico ou mental por intermédio da pratica de
ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
TORTURA OMISSÃO
CFSD/2018

§2º - Aquele que se omite em face dessas


condutas, quando tinha o dever de evita-las
ou apura-las, incorre na pena de detenção
de um a quatro anos.
1ª PARTE – OMISSÃO IMPRÓPRIA
CFSD/2018

Quando o agente tem o dever de evitar a


tortura.

Exemplo: o delegado de polícia, percebendo que


seus agentes estão na iminência de torturar
preso, nada faz para impedir tal comportamento.
2ª PARTE – OMISSÃO PRÓPRIA
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Quando tinha o dever de apurar a tortura.

Exemplo: Delegado, informado de que seus


agentes torturaram um preso, não determina
investigação.
ATENÇÃO!
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O único crime funcional previsto na Lei de


Tortura é aquele do art. 1º, § 2º, da pessoa que
tinha o dever de apurar a sua prática. O crime de
dever de evitar a tortura é comum. O STJ, por
exemplo, já condenou um padrasto pelo
cometimento de tal crime, por não ter evitado a
tortura praticada pela esposa sobre o próprio
filho.
QUALIFICADORAS
CFSD/2018

Art. 1º, § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave


ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos;
se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos

- Os resultados são culposos.

Crime preterdoloso: o agente age com dolo na conduta,


gerando um resultado qualificador mais grave à título de
culpa.
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Atenção para a distinção do crime de tortura qualificada pela


morte com o crime de homicídio qualificado pela tortura:

Tortura Qualificada pela Morte Homicídio Qualificado pela


(art. 1º, § 3º) Tortura
Crime preterdoloso (dolo na Crime doloso na morte e na
tortura e culpa na morte). Ex.: tortura. A intenção é matar e a
Choque na vítima sem saber tortura é o meio escolhido para
que é cardíaca. Ela sofre um se chegar à morte.
infarto e morre.
Crime equiparado aos Crime hediondo.
hediondos.
CAUSA DE AUMENTO DE PENA
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Art. 1º, §4º Aumenta-se a pena de um sexto até um


terço:
I- se o crime é cometido por agente público;
Definição dada pelo art. 327 do CP
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II- se o crime é cometido contra criança,


gestante, portador de deficiência, adolescente
ou maior de 60 anos;

O agente deve ter ciência da condição da vítima.


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III- se o crime é cometido mediante sequestro.

Entende a doutrina abranger também o cárcere


privado (sequestro com confinamento).
EFEITOS DA CONDENAÇÃO
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Art. 1º, § 5º A condenação acarretará a perda do


cargo, função ou emprego público e a interdição
para seu exercício pelo dobro do prazo da pena
aplicada.

Obs.: efeito da condenação que só pode ser aplicado


após o trânsito em julgado da sentença penal
condenatória. Esse efeito é automático e decorre da
condenação , não sendo necessária motivação
expressa em sentença
PRESCRIÇÃO
CFSD/2018

A pena dos crimes de tortura não é


imprescritível.
A Constituição prevê apenas que é inafiançável e
insuscetível de graça ou anistia.
Atenção! Ao crime de tortura, portanto, aplicam-
se os prazos prescricionais do Código Penal.

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