Resumo: Nos últimos anos, a madeira plástica tem despertado grande interesse de pesquisadores por ser um material de
baixo custo, adequado a inúmeras aplicações e por minimizar os problemas decorrentes da poluição ambiental gerada
pelos resíduos plásticos. Desta forma, este trabalho teve como objetivo avaliar a influência do óxido de zinco (ZnO) nas
propriedades mecânicas e morfológicas da madeira plástica. O ZnO puro foi sintetizado pelo método hidrotermal
assistido por microondas. As formulações de madeira plástica foram preparadas em um misturador interno do reômetro
de torque Haake à 190 °C, 60 rpm por 10 min. Em seguida, foram submetidas a prensagem à quente para a preparação
das placas. As formulações foram caracterizadas por microscopia eletrônica de varredura (MEV) e ensaio de resistência
à tração. O ensaio mecânico não mostrou alterações significativas nas propriedades mecânicas das formulações e as
microscopias evidenciaram baixa interação entre a matriz, o ZnO e a fibra de coco.
Palavras chave: madeira plástica, ZnO,hidrotermal, microondas.
Mechanical and morphological characterization of wood plastic composite with coconut fiber
and zinc oxide
Abstract: In recent years, wood plastic composite has drawn attention from researchers because it is an inexpensive
material, suitable for numerous applications, and contributes to reduce environmental pollution generated by
plastic waste. In this scenario, this study aims to evaluate the influence of zinc oxide (ZnO) on the
mechanical and morphological properties of wood plastic composite. Pure zinc oxide was synthesized by
microwave-assisted hydrothermal method. Wood plastic formulations were prepared in a torque rheometer of Haake
for 10 min at 190 °C and 60 rpm. Then, they were subjected to hot pressing for preparation of sheets. Formulations
were characterized by scanning electron microscopy (SEM) and tensile testing. Mechanical test showed no
significant changes in tensile properties of the formulations and microscopy images showed low interaction between
matrix, ZnO and coconut fiber.
Introdução
A busca por novos materiais capazes de minimizar os problemas decorrentes da poluição ambiental
gerada pelos resíduos plásticos constitui uma área em constante expansão em Ciência e Engenharia
de Materiais. Um avanço significativo nesta área tem ocorrido com a preparação de madeira
plástica (WPC), a qual é constituída de resíduos poliméricos e fibras naturais [1]. Esta classe de
materiais tem despertado grande interesse de pesquisadores nos últimos anos por se tratar de uma
alternativa simples, prática e de baixo custo para se obter novos materiais com características e
propriedades adequadas para inúmeras aplicações [2]. As fibras naturais têm se destacado na
preparação de WPC, devido não só aos aspectos econômicos, mas principalmente às suas
características peculiares, tais como, baixa densidade, renovabilidade, biodegradabilidade e ampla
disponibilidade [3].
Experimental
Materiais
Os resíduos de PEAD sob a forma de flakes foram doados pela Plastex Ind. e Com. de Materiais
Plásticos Ltda, João Pessoa/PB. O resíduo lignocelulósico, fibra de coco, foi obtido moído, com até
5 mm de comprimento, do Projeto Coco Vivo situado em Porto Seguro-BA. Os agentes
compatibilizantes PP-g-MA (Bondyram® 1001) e o lubrificante (Struktol® TPW 113) foram
obtidos na Parabor Ltda, São Paulo/SP. O acetato de zinco ((CH3COO)2 Zn. 2H2O) foi
fornecido pela Isofar, Rio de Janeiro/RJ.
A fibra de coco, conforme recebida, foi moída num moinho de facas tipo Willey, modelo STAR FT
50 da Fortinox e classificada em peneiras de 16 e80 mesh da ABNT ((-16+80, abertura entre 1,19 e
0,177 mm).
Foram preparadas formulações de madeira plástica com e sem a incorporação de 0,8 % em massa
de ZnO. Ambas continham polietileno de alta densidade reciclado com 20 % em massa de fibra de
coco moída, 5 % em massa de polipropileno modificado com anidrido maleico (PP-g-MA) e 5 %
em massa de struktol TPW 113. As formulações foram preparadas no misturador interno do
reômetro de torque Haake, modelo Rheomix OS da Thermo Scientific, com câmara interna de 69
cm3, quando ocupada com rotores tipo “roller”. As misturas foram processadas por 10 minutos à
190oC e 60 rpm. Antes da mistura, a fibra de coco foi seca à 100ºC em estufa por 3 horas.
O material processado na câmera interna do Haake foi moldado na forma de placas com dimensões
de (200x200x2) mm em uma prensa hidráulica de marca Marconi e modelo MA098/A, com
capacidade de prensagem de 15 kgf. Para cada prensagem foi utilizado aproximadamente 47 g de
material, prensados à 200 °C por 8 minutos, de acordo com a seguinte rampa de pressurização: 3
minutos sem pressurização, 3 minutos à 3 kgf e 2 minutos à 9 kgf. Depois de prensadas, as placas
foram imediatamente resfriadas em um banho de água com gelo.
Resultados e Discussão
As disposições das fibras, das partículas argilosas e de ZnO na matriz da madeira plástica, como
supracitado, indicam que houve uma fraca adesão interfacial entre o material de reforço e o
polímero. Isso mostra que a presença do agente de acoplamento não foi suficiente para promover
uma completa compatibilização entre a fibra e o polímero [5].
WPC WPC
10 µm 10 µm (B)
(A)
2 µm (C) 2 µm (D)
Ensaio de Tração
A Fig. 2 mostra os valores médios de tensão máxima para as amostras de madeira plástica. Pode-se
observar que não houve alterações significativas nos valores de tensão máxima, independente do
tipo de matéria-prima incorporada a madeira plástica. Observa-se ainda que o valor obtido para a
amostra WPC-ZnO foi ligeiramente inferior ao apresentado pela amostra WPC sem óxido de zinco,
a qual teve tensão máxima de 8, 97 MPa. Tal comportamento pode ser atribuído à fraca adesão
interfacial das matérias-primas com a matriz polimérica, acarretando a presença de vazios na
interface [6] como pode ser visto nas micrografias das superfícies de fratura das formulações de
madeira plástica (Fig. 1). Além disso, pode-se observar um elevado desvio padrão da amostra WPC
– ZnO, em relação a amostra WPC. Isso pode ser atribuído entre outras coisas, à não
homogeneidade na distribuição das partículas de ZnO na matriz polimérica.
10
8
Tensão Máxima (MPa)
8,97 8,18
0
WPC
Puro ZnO
Figura 2 - Valores de tensão máxima das composições de madeira plástica com e sem óxido de zinco.
Conclusões
A partir dos resultados obtidos do teste de tração observou-se que a incorporação de óxido de zinco
não alterou os valores de tensão máxima. Tal comportamento pode ser atribuído à fraca adesão
Agradecimentos
Referências Bibliográficas
4 - S. B. Salvin. Influence of zinc oxide on paint molds. Ind. Eng. Chem. 1944, 36, 336–340.