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Responsável pelo Conteúdo:

Prof. Dr. Rômulo Pereira Nascimento

Revisão Textual:
Profa Ms Márcia Ota
 Introdução
 O que é Saúde?
 Educação em Saúde
 Princípios Orientadores da Educação Escolar
 Temas e Transversalidade
 Exemplificando: Temas Transversais e Transversalidade
 Critérios adotados para a eleição dos Temas Transversais
 Transversalidade e interdisciplinaridade
 O ensino e a aprendizagem de questões sociais
 O desenvolvimento da autonomia
 Os materiais usados nas situações didáticas
 O ensino e a aprendizagem de procedimentos
 O ensino e a aprendizagem de conceitos
 Orientações didáticas

Nessa unidade, vamos estudar o tema “Educação e Saúde: conceitos,


transversalidade, autoconhecimento e autocuidado”, abordando os
conceitos importantes para a compreensão dos conteúdos estudados
na disciplina e que constituem a base para o trabalho em Educação e
Saúde desenvolvido pelas diversas instituições educacionais.

Atenção

Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar
as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.

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Contextualização

 O que é Saúde?
 De onde vem este conceito?
 O que o tema Saúde tem a ver com
transversalidade?
 O que significa a expressão autoconhecimento
para o autocuidado?
 Onde posso aplicar este conhecimento?

Nada melhor para compreender um tema do que conhecer e saber os seus


conceitos básicos e sua aplicação. Compartilhando esse pensamento, vamos iniciar
nosso estudo sobre Educação e Saúde, analisando seus conceitos básicos e a
importância do autoconhecimento para o autocuidado.

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1. Introdução

Educação e Saúde são duas grandes dimensões da vida humana. Podem ser
entendidas e percebidas como áreas separadas, mas precisam ser compreendidas juntas e em
sua totalidade.

Fonte: http://ededfisica.blogspot.com.br/

Em geral, a questão da saúde é deixada aos cuidados dos profissionais da área e a


educação para os profissionais da educação. Dessa forma, tem-se a ideia de que as pessoas e
as famílias não precisariam se preocupar nem com a educação nem com a saúde, porque para
isso existem os profissionais específicos.

Com a necessidade dos membros da família deixarem suas casas para trabalhar, os
filhos estão crescendo sem educação e com a saúde fragilizada ou comprometida. Por não ter
mais tempo para os filhos, as famílias não ensinam os valores relacionados aos seguintes
aspectos: respeito mútuo, vida em coletividade, solidariedade, importância do estudo,
disciplina física e mental, as regras básicas de saúde preventiva, bem como os cuidados com a
higiene e boa alimentação. Por não receberem esses e outros valores, os estudantes estão
chegando à escola com muitas deficiências tanto na saúde quanto na educação.

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2. O que é Saúde?

Fonte: http://www.pedagogia.com.br/

Para Scliar (2007, p.30), o conceito de saúde reflete a conjuntura social, econômica,
política e cultural. Assim, dependendo da época, do lugar, da classe social em que a pessoa
vive, poderá existir um entendimento sobre o que é saúde.

Há determinados comportamentos que são considerados patológicos ou doentes. Em


geral, as pessoas consideram que não estar doente é ter saúde, ou seja, o conceito de saúde
está associado aos valores e dependente de concepções científicas, religiosas e filosóficas. O
mesmo pode ser dito do seu oposto, as doenças. Aquilo que é considerado doença varia
muito. Mas afinal, o que é Saúde?

Segundo Scliar (2007, p.36-37), o conceito de saúde pode ser encontrado na


Organização Mundial de Saúde – OMS. Para a OMS, saúde não é apenas a ausência de
doenças. Saúde é o estado do mais completo bem-estar físico, mental e social. Este conceito
foi divulgado na carta de princípios de 7 de abril de 1948 (desde então o Dia Mundial da
Saúde), implicando o reconhecimento do direito à saúde e da obrigação do Estado na
promoção e proteção da saúde. De acordo com esse conceito, o campo da saúde abrange:

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 a biologia humana, que compreende a herança genética e os processos biológicos
inerentes à vida, incluindo os fatores de envelhecimento;
 o meio ambiente, que inclui o solo, a água, o ar, a moradia, o local de trabalho;
 o estilo de vida, do qual resultam decisões que afetam a saúde: fumar ou deixar de
fumar, beber ou não, praticar ou não exercícios;
 a organização da assistência à saúde. A assistência médica, os serviços
ambulatoriais e hospitalares e os medicamentos são as primeiras coisas em que
muitas pessoas pensam quando se fala em saúde. No entanto, esse é apenas um
componente do campo da saúde, e não necessariamente o mais importante; às
vezes, é mais benéfico para a saúde ter água potável e alimentos saudáveis do que
dispor de medicamentos. É melhor evitar o fumo do que submeter-se a radiografias
de pulmão todos os anos. É claro que essas coisas não são excludentes, mas a
escassez de recursos na área da saúde obriga, muitas vezes, a selecionar
prioridades.

Minayo (1992 apud Barros e Maturana, 2004) acrescenta que saúde é o resultante das
condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte,
emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde.

Assim, a saúde de uma pessoa está relacionada à qualidade de vida que sua
comunidade e família possuem. Considera-se o termo qualidade de vida, como um somatório
dos fatores que interferem na vida do indivíduo, em suas dimensões física, mental, social,
entre outras. LOUREIRO (1996 apud Barros e Maturana, 2004).

Na Constituição Federal de 1988, o artigo 196, estabelece que:

A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante


políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença
e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para a promoção, proteção e recuperação.

Para o cumprimento deste preceito constitucional, são necessárias ações educativas


que orientem o aluno para a promoção, proteção e recuperação da saúde. Afinal, como vimos
anteriormente neste texto, se as pessoas não forem educadas, não desenvolverão valores que
colaborem para uma vida plena, saudável que proporcione o bem para o indivíduo e a
coletividade.

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3. Educação em Saúde

Ensinar saúde tem sido um desafio para a educação e educadores, no sentido de


garantir uma aprendizagem efetiva e transformadora de atitudes e hábitos de vida. A simples
transmissão de informações a respeito do funcionamento do corpo e descrição das
características das doenças, bem como um elenco de hábitos de higiene, não é suficiente para
que os alunos desenvolvam atitudes de vida saudável.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN´s tratam o tema da educação para a


saúde como um tema transversal, que permeia todas as áreas que compõem o currículo
escolar. O tema saúde é abordado em 02, dos 10 livros que compõem os PCN´s dos anos
iniciais do Ensino Fundamental. São eles: o volume 8 – apresentação dos Temas Transversais
e Ética, e o volume 9 – Meio Ambiente e Saúde.

4. Princípios Orientadores da Educação Escolar

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais, são


encontrados os seguintes princípios orientadores da educação
escolar: dignidade da pessoa humana, igualdade de direitos,
participação e corresponsabilidade.

Entende-se por “dignidade da pessoa humana”, o


respeito aos direitos humanos, o acesso a condições dignas de
vida, o respeito mútuo nas relações e o repúdio a todo tipo de
discriminação. “Igualdade de direitos” refere-se à necessidade
Fonte:
de garantir a todos a mesma dignidade e possibilidade de
http://joycebaldini.blogspot.com.
exercício de cidadania. br/2010_09_05archive.html

A “participação” como princípio democrático compreende que a sociedade brasileira


não é sociedade homogênea, mas tem em seu interior pessoas de diferentes classes sociais,
etnias, religiões e valores. Já a “corresponsabilidade” implica a partilha da responsabilidade
pelos destinos da vida coletiva. Entende o PCN que, nesse sentido, é responsabilidade de
todos a construção e a ampliação da democracia no Brasil.

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5. Temas e Transversalidade

O compromisso com a construção da cidadania, proposta presente na Constituição


Federal de 1988 e na LDB 9.394/96, pede necessariamente, uma prática educacional voltada
para a compreensão da realidade social e dos direitos e responsabilidades em relação à vida
pessoal, coletiva e ambiental.

Para alcançar estes compromissos é que os PCN´s tratam como Temas Transversais as
questões sobre Ética, Pluralidade Cultural, Meio Ambiente, Saúde e Orientação Sexual,
abordam questões que não devem ser tratadas somente por uma disciplina, mas por diferentes
disciplinas já existentes no currículo escolar.

Os Temas Transversais representam questões importantes, urgentes e presentes sob


várias formas, na vida cotidiana. O desafio para a escola é encontrar uma forma de trabalhar
estas questões sociais de modo a incorporar o debate que acontece na sociedade e permitir a
interação com os conteúdos das diferentes disciplinas existentes.

É a esta forma de organizar o trabalho didático que se chama de transversalidade.


Assim, na transversalidade, os professores e a escola organizam seu trabalho de modo a
envolver as disciplinas existentes por meio de diálogos entre elas, produzindo novos sentidos e
significados para o trabalho educacional.

Fonte: http://joycebaldini.blogspot.com.br/2010_09_05archive.html

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6. Exemplificando: Temas Transversais e Transversalidade

Conforme se pôde observar, as questões abordadas pelos Temas Transversais estarão


integradas no currículo por meio do que se chama de transversalidade, ou seja, pretende-se
que esses temas integrem as disciplinas ou áreas do conhecimento de forma a estarem
presentes em todas elas, relacionando-as às questões da atualidade.

As áreas convencionais – as disciplinas – devem acolher as questões dos Temas


Transversais de forma que seus conteúdos as explicitem e seus objetivos sejam contemplados.

Um exemplo pertinente é, na área de Ciências Naturais, ao desenvolver um conteúdo


sobre o corpo humano, o educador pode incluir os principais órgãos e funções do aparelho
reprodutor masculino e feminino, relacionando seu amadurecimento às mudanças no corpo e
no comportamento de meninos e meninas durante a puberdade e respeitando as diferenças
individuais.

Ao trabalhar dessa forma o estudo do corpo humano, o educador não limita esse
conhecimento à dimensão biológica, mas coloca-o a serviço da compreensão da diferença de
gênero (conteúdo de Orientação Sexual) e do respeito à diferença (conteúdo de Ética).

Outro exemplo a ser considerado: Ao estudar o que é saúde e como esta se preserva, é
preciso que o estudante tenha alguns conhecimentos sobre o corpo humano, matéria da área
de Ciências. Entende-se também ser necessário ter conhecimentos sobre Meio Ambiente, uma
vez que a saúde das pessoas depende da qualidade do meio em que vivem.

Contudo, conhecimentos da área de Língua Portuguesa e Matemática podem também


fazer parte do processo didático, pois, questões de saúde são temas de debates na imprensa,
informações importantes são veiculadas por meio de folhetos. Assim sendo, a leitura e a
compreensão de tabelas e dados estatísticos são essenciais na percepção da situação da saúde
pública.

Verifica-se, dessa forma, que no tema Saúde, além de possuir conhecimentos próprios
da área, faz também interligações com conhecimentos de áreas distintas.

Nessa perspectiva, compete ao professor mobilizar os conteúdos em torno de temáticas


escolhidas, de forma que os conteúdos relativos às diversas áreas dialoguem entre si e
contribuam para a formação para o exercício da cidadania.

Entende o PCN que, no que diz respeito à formação para a cidadania, que a
contribuição da escola é a de desenvolver um projeto de educação que esteja comprometido
com o desenvolvimento de capacidades que permitam aos alunos intervir na realidade para
transformá-la.

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De acordo com o PCN, p. 23, um projeto pedagógico com esse objetivo poderá ser
orientado por três grandes diretrizes:

 posicionar-se em relação às questões sociais e interpretar a tarefa educativa como


uma intervenção na realidade no momento presente;
 não tratar os valores apenas como conceitos ideais;
 incluir essa perspectiva no ensino dos conteúdos das áreas de conheci- mento
escolar.

7. Critérios adotados para a eleição dos Temas Transversais

O conjunto de temas propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (Ética, Meio


Ambiente, Pluralidade Cultural, Saúde e Orientação Sexual) recebeu o título geral de Temas
Transversais, indicando a metodologia proposta para sua inclusão no currículo e seu
tratamento didático, ou seja, a transversalidade.

Entende-se que muitas outras questões sociais poderiam ter sido eleitas como Temas
Transversais para o trabalho escolar, uma vez que o que os norteia, a construção da cidadania
e a democracia, são questões que envolvem múltiplos aspectos e diferentes dimensões da vida
social. Os temas apresentados pelos PCN´s foram escolhidos com base nos seguintes critérios:
urgência social; abrangência nacional; possibilidade de ensino e aprendizagem no ensino
fundamental e; favorecer a compreensão da realidade e a participação social.

Percebe-se que a finalidade do trabalho educacional com os Temas Transversais é


desenvolver uma formação na qual seja permitido ao educando confrontar questões de
abrangência nacional, que se apresentam como obstáculo para a cidadania. Pretende-se, de
acordo com o PCN, que os alunos possam desenvolver a capacidade de posicionar-se diante
das questões que interferem na vida coletiva, superar a indiferença e intervir de forma
responsável.

Cumpre observar que embora os temas tenham sido escolhidos em função das
urgências que a sociedade brasileira apresenta, dadas as grandes dimensões do Brasil e as
diversas realidades que o compõem, é possível que um problema local receba o mesmo
tratamento dado aos Temas Transversais.

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8. Transversalidade e interdisciplinaridade

A interdisciplinaridade se refere a uma abordagem epistemológica dos objetos de


conhecimento, enquanto a transversalidade diz respeito principalmente à dimensão da
didática. A interdisciplinaridade questiona a visão disciplinar da realidade, refere-se, portanto
a uma relação entre as disciplinas. A transversalidade diz respeito à possibilidade de se
conhecer a realidade a partir do aprender na própria, teorizando sobre a realidade.

De modo geral, transversalidade e interdisciplinaridade são propostas que criticam uma


concepção de conhecimento que entende o estudo da realidade como um conjunto de dados
estáveis, possíveis de serem conhecidos de uma forma isenta e distanciada.

Na prática, a interdisciplinaridade permite estudar questões que transcendem o âmbito


das disciplinas e a transversalidade promove uma compreensão abrangente dos diferentes
objetos de conhecimento, permitindo a inclusão de saberes fora da escola. Os Temas
Transversais, portanto, dão sentido social a procedimentos e conceitos próprios das áreas
convencionais, superando assim o aprender apenas pela necessidade escolar.

9. O ensino e a aprendizagem de questões sociais

O ensino e a aprendizagem de questões sociais exigem que o indivíduo assuma uma


posição diante de problemas sociais. Para isto, é necessário aprender sobre valores e atitudes.

O ensino e a aprendizagem de valores e atitudes são capacidades que, para serem


aprendidas, requerem uma reflexão sobre natureza.

Atitudes, normas e valores comportam uma dimensão social e pessoal. As atitudes


envolvem tanto a cognição (conhecimentos e crenças) quanto os afetos (sentimentos e
preferências), derivando em condutas (ações e declarações de intenção). Normas e regras são
limites estabelecidos que orientam padrões de conduta a serem definidos e compartilhados
pelos membros de um grupo.

Os valores orientam as ações e possibilitam fazer juízo crítico sobre o que se toma
como objeto de análise. Vale lembrar que existem diferenças e até conflitos entre sistemas de
normas na sociedade, que respondem de maneiras diversas às diferentes visões e
interpretações do mundo.

Do ponto de vista pedagógico, para a aprendizagem de valores e atitudes, a


informação cumpre um papel importante na formação e transformação. Por exemplo, para
cuidar de sua saúde, uma pessoa que não tenha saneamento básico onde mora, precisa saber
que esse é um direito seu para poder reivindicá-lo.
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Por outro lado, pensar sobre atitudes, valores e normas leva imediatamente à questão
do comportamento. As atitudes, alvo da atenção educativa, são disposições pessoais que
tendem a se expressar por meio de comportamentos. No entanto, há de se considerar que
inúmeros fatores interferem nessa expressão e um comportamento, em si, não reflete
necessariamente a atitude de alguém.

O ensino de valores e o desenvolvimento de atitudes no trabalho escolar não significa


tomar como medida da ação pedagógica o controle de comportamento dos alunos, mas sim
intervir de forma permanente e sistemática no desenvolvimento das atitudes.

10. O desenvolvimento da autonomia

O ensino e a aprendizagem das questões sociais requer uma postura a partir da


perspectiva da autonomia. A autonomia para ser exercida, requer uma dimensão individual e
coletiva.

Na perspectiva individual, implica um nível de desenvolvimento psicológico, por outro


lado, na dimensão social, a autonomia pressupõe uma relação com os outros. Não existe a
autonomia pura, como se fosse uma capacidade absoluta de um sujeito isolado. Nesse
sentido, só é possível realizá-la no coletivo onde as relações de poder sejam democráticas.

Qual é a relação entre autonomia e autoridade? Permitir que valores e normas sejam
discutidos, avaliados e reformulados não significa abolir, negar ou qualificar negativamente a
autoridade dos educadores. Estabelecer relações de autonomia, necessárias à postura crítica,
participativa e livre pressupõe um longo processo de aprendizagem que não dispensa a
participação da autoridade dos adultos na sua orientação.

11. Os materiais usados nas situações didáticas

Os materiais que se usam como recurso didático expressam valores e concepções a


respeito de seu objeto. Discutir sobre o que veiculam jornais, revistas, livros, fotos,
propaganda ou programas de TV trará à tona suas mensagens sobre valores e papéis sociais.

Portanto, a análise crítica dos diferentes materiais usados em situações didáticas,


discutindo- os em classe, contrapondo-os a outras possibilidades e contextualizando-os
histórica, cultural e socialmente, favorecerá evidenciar os valores que expressam, mostrando
as formas como o fazem.

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12. O ensino e a aprendizagem de procedimentos

Procedimentos são conteúdos que se referem a como atuar para atingir um objetivo.
Trata-se de contemplar aprendizagens que permitam efetivar o princípio de participação e o
exercício das atitudes e dos conhecimentos adquiridos. Por exemplo: ao se tomar a Saúde
como foco de preocupação, fica clara a necessidade de que, ao aprender sobre essa temática,
os alunos possam também aprender práticas que concorram para sua preservação, tais como
a organização e a participação em campanhas preventivas.

Tal como a autonomia atitudes, normas e valores também em relação a procedimentos


o aprendizado é longo e processual. Aprende-se a praticar ações cada vez mais complexas,
com maior autonomia e maior grau de sociabilidade. Durante a fase de escolarização, é
possível que os alunos atuem de forma cada vez mais elaborada, de modo que, ao final da
Educação Básica, tenham desenvolvido ao máximo possível suas capacidades.

As capacidades dos alunos dos primeiros anos do Ensino Fundamental para planejar e
desenvolver atividades coletivas são mais dependentes da ajuda do professor. Essas práticas
produzem aprendizagens que, se retomadas ao longo da escolaridade com desafios crescentes,
permitirão ao final do processo, que os alunos tenham ampliado suas possibilidades de ação
no que se refere à autonomia, organização, capacidade de análise e planejamento.

13. O ensino e a aprendizagem de conceitos

As temáticas sociais, além de atitudes e procedimentos, propõem também conteúdos


de natureza conceitual. Por sua vez, esses conteúdos serão mais bem trabalhados dependendo
do convívio escolar, da interação da escola com a comunidade e com outras instituições e do
entendimento do educador enquanto cidadão.

O convívio escolar refere-se a todas as relações e situações vividas na escola, dentro e


fora da sala de aula. A busca de coerência entre o que se ensina aos alunos e o que se faz na
escola é fundamental. Por exemplo, não se deve ensinar autocuidado e higiene numa escola
suja e abandonada.

O contato com as instituições e organizações (tais como postos de saúde, bibliotecas,


organizações não governamentais, grupos culturais, e outros), compromissadas com as
questões apresentadas pelos Temas Transversais, que desenvolvem atividades de interesse
para o trabalho educativo, é uma rica contribuição, principalmente pelo vínculo que
estabelece com a realidade da qual se está tratando e, por outro lado, representa uma forma
de interação com o repertório sociocultural, permitindo a produção coletiva do conhecimento
e da realidade.
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Por outro lado, para desempenhar sua prática, os professores precisam também
desenvolver-se como profissionais e como sujeitos críticos na realidade em que estão, isto é,
precisam poder situar-se como educadores e como cidadãos, e, como tais, participantes do
processo de construção da cidadania.

Os conteúdos dos Temas Transversais devem fazer parte dos conteúdos das áreas. No
entanto, considera-se que os conteúdos podem ser abordados em qualquer ciclo, variando
apenas o grau de profundidade e abrangência com que serão trabalhados, não há pré-
requisitos. O que servirá para diferenciar os conteúdos e sequenciá-los serão as questões
particulares de cada realidade, a capacidade cognitiva dos alunos e o próprio tratamento
didático dado aos conteúdos das diferentes áreas.

Quanto à avaliação, é importante compreender que sua finalidade é ajudar os


educadores a planejar a continuidade de seu trabalho, ajustando-o ao processo de seus
alunos, buscando oferecer-lhes condições de superar obstáculos e desenvolver o
autoconhecimento e a autonomia.

Capacidades como dialogar, participar e cooperar são conquistas feitas paulatinamente


em processos, que necessitam ser reafirmados e retomados constantemente. Nesse sentido, a
organização dos conteúdos em torno de projetos, como forma de desenvolver atividades de
ensino e aprendizagem, favorece a compreensão da multiplicidade de aspectos que compõem
a realidade, uma vez que permite a articulação de contribuições de diversos campos de
conhecimento.

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Material Complementar

Outras informações sobre Educação e Saúde poderão ser obtidas em:

CANDEIAS, N. M. F. Conceitos de educação e de promoção em saúde: mudanças


individuais e mudanças organizacionais. São Paulo: FSP/USP Revista de saúde Pública, nº 2,
abril 1997, p. 209-13. Disponível em: http://www.scielosp.org/pdf/rsp/v31n2/2249.pdf

FREIRE, J. B. Educação de Corpo Inteiro: Teoria e Pratica da Educação Física. 4. ed. São
Paulo: Scipione, 2003.

SCLIAR, M, História do Conceito de Saúde. Rio de Janeiro. PHYSIS: Rev. Saúde


Coletiva, Rio de Janeiro, volume 17, nº 1, 2007, p.29-41. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/physis/v17n1/v17n1a03.pdf

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BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:
apresentação dos temas transversais, ética. Secretaria de Educação Fundamental Brasília:
MEC/SEF,1997.146p.

_______Parâmetros curriculares nacionais: meio ambiente, saúde. Secretaria de


Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF,1997, 128p.

CANDEIAS, N. M. F. Conceitos de educação e de promoção em saúde: mudanças


individuais e mudanças organizacionais. São Paulo: FSP/USP Revista de saúde Pública, nº 2,
abril 1997, p. 209-13. Disponível em: http://www.scielosp.org/pdf/rsp/v31n2/2249.pdf

SCLIAR, M, História do Conceito de Saúde. Rio de Janeiro. PHYSIS: Rev. Saúde


Coletiva, Rio de Janeiro, volume 17, nº 1, 2007, p.29-41. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/physis/v17n1/v17n1a03.pdf

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