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O texto do capítulo VII escrito por Marcos Kaplan nos apresenta uma série de
argumentos e reflexões acerca do período de expansão do sistema capitalista na segunda
metade do século XIX e início do século XX através da Segunda Revolução Industrial,
a mudança na dinâmica hegemônica no período pós Primeira Guerra Mundial e a
maneira como essas transformações influenciaram na dinâmica política e econômica
interna dos países da América Latina. As modificações do sistema internacional a partir
do desenvolvimento de um período tecnológico-científico contribui decisivamente na
organização e funcionamento das economias e das sociedades nacionais. O progresso
técnico-científico incide nos modos de produção, padrões de consumo e na dimensão da
orientação ideológica dos Estados e sociedades mundiais. A Segunda Revolução
Industrial é o período que cria uma nova sociedade urbano-industrial e também está
associado a expansão do capital das potências europeias e a sua decorrente decadência
após a Primeira Guerra Mundial. Nesse sentido Kaplan mostra como houve uma
alteração na dinâmica da hegemonia mundial, em especial na América Latina com a
substituição da supremacia tecnológica, comercial e financeira da Grã-Bretanha pelos
Estados Unidos. Sobre a dinâmica Imperialista de expansão colonial europeia e dos
demais países além de alavancar o processo de urbanização das cidades, o caráter
monopolista era cercado de interesses comerciais, sobre isso Kaplan afirma: “A
urbanização, o surgimento e expansão de áreas metropolitanas e regiões urbano-
industriais é, e são resultados da concentração empresarial (necessidade de mão de obra
disponível em grande escala, diversificação induzida da estrutura econômica)
reforçando-a (mercado de massas). (...) A centralização e a concentração industriais e
bancárias reforçam-se mutuamente e seu entrelaçamento gera o capital financeiro como
forma dominante da economia (...).” (pág.241)
O autor também pontua sobre as implicações causadas pela Revolução Russa com o seu
papel ideológico e com uma nova proposta para pensar o mercado e o sistema político
internacional. Os impactos causados pela Primeira Guerra em todas as atividades
produtivas são muito fortes e a economia passa a ser repensada. Sobre isso o texto fala:
“O tipo de desenvolvimento dependente, desigual e combinado, em suas formas mais
extremadas, cria ou agrava dificuldades e desequilíbrios, suscita novas reivindicações e
conscientização faca a subordinação, exploração e atraso inerentes ao sistema colonial.”
(pág.255) A crise colonial faz com que a economias dos Estados repensem o modelo
liberal no sentido de que viam a necessidade de intervenção estatal na economia no
sentido de suas funções regulatórias, além do mais, a guerra determina, estimula e
proporcionou a valorização de recursos nos países dependentes e coloniais. Nesse
sentido de crise do sistema capitalista e conflitos bélicos, a Grã-Bretanha vê a sua
economia entrar em um período de decadência.
Abordando os aspectos internos em sua parte final deste capítulo, o autor nos mostra os
impactos deste novo tipo de mentalidade nas economias da América Latina, a divisão
social do trabalho, a expansão do Estado, o crescimento da urbanização e o
desenvolvimento da especialização na unidade básica da produção primária são os
aspectos apontados durante essa parte. O desenvolvimento do corpo burocrático do
Estado e o desenvolvimento de uma indústria nacional tinha um caráter irregular e
desnivelado. No sentido de ampliação de seu corpo burocrático o Estado tem a
mentalidade de desenvolver o seu exercito profissional nas cidades. Analisando a
estrutura social, Kaplan vai mostrando como o surgimento da classe média afeta a forma
como esse Estado oligárquico funciona na América Latina; sobre isso ele afirma: “O
modelo de crescimento dependente e superficial começa a demonstrar inconveniências e
limites. Surge uma sensação de incerteza sobre as possibilidades de se alcançar
efetivamente o grande futuro nacional. A ascensão das camadas médias e trabalhadoras
age como fator de controvérsia e contestação.” (pág.266)
A necessidade das classes média suscita uma nova forma de se pensar o Estado e
demonstra o equilíbrio de poder com as reivindicações das classes médias no sentido de
uma participação no sistema de poder do Estado. a principio as suas reivindicações tem
um caráter de tentar criar uma economia independente e com uma maior participação
do Estado nos setores da vida pública da população, mas o autor vai demonstrando que
as suas aspirações não tem um caráter no sentido de melhoria real dos grupos populares.
Sobre isso, o autor elenca uma série de aspectos e justificativas para sustentar a ideia da
ação do Estado no sentido de suas atribuições: A Institucionalização e em alguns casos a
modificação das instituições tradicionais; A utilização da coação social com o papel de
árbitro entre as classes que seriam atribuídas ao Estado; A ampliação da oferta de
educação por parte do Estado, que em muito beneficia as classes médias no sentido de
que elas conseguem alcançar os níveis superiores de ensino; A organização coletiva da
política econômica com inspiração nacionalista e progressista que tem um propósito
difuso em relação os grupos populares.