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QUESTÃO 10

O processo em duas etapas que estabelece o gradiente de osmolaridade corticopapilar é


ilustrado na Figura 6-37. Novamente, na etapa inicial, a alça de Henle e o líquido
intersticial circundante não apresentam o gradiente osmótico corticopapilar. Os números,
em círculos, na figura correspondem às seguintes etapas envolvidas em gerar o gradiente:

1. Etapa 1 é o efeito isolado. Como o NaCl é reabsorvido para fora do ramo ascendente e
depositado no líquido intersticial circundante, a água é deixada para trás, no ramo
ascendente. Como resultado, a osmolaridade do líquido intersticial aumenta para 400
mOsm/L, e o líquido, no ramo ascendente, é diluído para 200 mOsm/L. O líquido, no
ramo descendente, se equilibra com o líquido intersticial e sua osmolaridade também
passa a ser de 400 mOsm/L.
2. Etapa 2 é o fluxo do líquido. Novo líquido, com osmolaridade de 300 mOsm/L, entra
no ramo descendente, vindo do túbulo proximal, e um volume igual de líquido é
deslocado do ramo ascendente. Como resultado desse deslocamento de líquido, o líquido
com alta osmolaridade do ramo descendente (400 mOsm/L) é “empurrado para baixo”
em direção à curvatura da alça de Henle. Mesmo nesse estágio inicial, você pode ver que
o gradiente osmótico corticopapilar começa a ser estabelecido.
3. Etapa 3 é novamente o efeito isolado. O NaCl é reabsorvido para fora do ramo
ascendente e depositado no líquido intersticial, e a água permanece para trás no ramo
ascendente. As osmolaridades do líquido intersticial e do líquido do ramo descendente
aumentam, adicionando-se ao gradiente que estava estabelecido nas etapas anteriores. A
osmolaridade do líquido do ramo ascendente diminui ainda mais (é diluída).
4. Etapa 4 é novamente o fluxo de líquido. Novo líquido com osmolaridade de 300
mOsm/L entra no segmento descendente, proveniente do túbulo proximal, que desloca o
líquido do segmento ascendente. Como resultado da troca de líquidos, o líquido de alta
osmolaridade, no ramo descendente, é levado para diante, em direção à curvatura da alça
de Henle. O gradiente de osmolaridade é, agora, maior do que era na etapa 2.

Essas duas etapas básicas são repetidas até que o gradiente corticopapilar total seja
estabelecido. Como mostrado na Figura 6-38, cada repetição das duas etapas aumenta ou
multiplica o gradiente. A magnitude do gradiente osmótico corticopapilar depende do
comprimento da alça de Henle. Em seres humanos, a osmolaridade do líquido intersticial,
na curvatura da alça de Henle, é de 1.200 mOsm/L, mas em espécies com alças de Henle
mais longas (p. ex., roedores do deserto) a osmolaridade nessa curva pode chegar a até
3.000 mOsm/L.
Reciclagem da Ureia
A reciclagem da ureia pelos ductos coletores da medula interna é o segundo processo que
contribui para o estabelecimento do gradiente osmótico corticopapilar. O mecanismo de
reciclagem da ureia é explicado na Figura 6-39. Os números, em círculos, na figura
correspondem às seguintes etapas:
1. Nos ductos coletores corticais e da zona externa da medula, o ADH aumenta a
permeabilidade da água, mas não aumenta a permeabilidade da ureia. Como resultado, a
água é reabsorvida dos ductos coletores corticais e da zona externa da medula, mas a ureia
permanece no líquido tubular.
2. O efeito diferencial do ADH sobre a permeabilidade da água e da ureia, nos ductos
coletores corticais e da zona externa da medula, provoca o aumento da concentração de
ureia no líquido tubular.
3. Nos ductos coletores da zona interna da medula, o ADH aumenta a permeabilidade da
água e aumenta o transportador de difusão facilitada da ureia, UT1 (ao contrário de seu
efeito específico sobre a permeabilidade da água, nos ductos coletores corticais e da zona
externa da medula).
4. Como a concentração de ureia, no líquido tubular, foi elevada por reabsorção da água,
nos ductos coletores corticais e da zona externa da medula, grande gradiente de
concentração se estabelece para a ureia. Em presença de ADH, os ductos coletores da
zona interna da medula podem transportar a ureia, e a ureia se difunde a favor do seu
gradiente de concentração para o líquido intersticial. A ureia que seria excretada é
reciclada na zona interna da medula, onde é adicionada ao gradiente osmótico
corticopapilar.
Secreção
A secreção é a adição de líquidos, enzimas e muco ao lúmen do trato gastrointestinal.
Essas secreções são produzidas pelas glândulas salivares (saliva), pelas células da
mucosa gástrica (secreção gástrica), pelas células exócrinas do pâncreas (secreção
pancreática) e pelo fígado (bile).
Secreção salivar
A saliva, produzida pelas glândulas salivares na taxa de 1 L por dia, é secretada na
boca. As funções da saliva incluem a digestão inicial do amido e dos lipídios pelas
enzimas salivares; diluição e tamponamento do alimento ingerido, que poderiam, de
outra forma, ser danosas; e lubrificação do alimento ingerido com muco para auxiliar
seu movimento pelo esôfago.
Estrutura das glândulas salivares
As três maiores glândulas salivares são as parótidas, as submandibulares e as sublinguais.
Cada glândula é estrutura pareada que produz saliva e a entrega à boca por um ducto. As
glândulas parótidas são compostas por células serosas e secretam líquido aquoso,
composto por água, íons e enzimas. As glândulas submaxilares e as sublinguais são
glândulas mistas, e têm tanto células serosas quanto mucosas. As células serosas secretam
líquido aquoso, e as células mucosas secretam as glicoproteínas do tipo mucina para a
lubrificação. Cada glândula salivar tem a aparência de um “cacho de uvas”, onde uma só
“uva” corresponde a um ácino. O ácino é o fundo cego dos ductos ramificados e é
revestido por células acinares. As células acinares produzem uma saliva inicial, composta
por água, íons, enzima e muco. Essa saliva inicial passa por um curto
segmento, chamado ducto intercalado e, então, pelo ducto estriado, que é revestido por
células ductais. As células ductais modificam a saliva inicial para produzir a saliva final
pela alteração das concentrações de vários eletrólitos. As células mioepiteliais estão
presentes nos ácinos e nos ductos intercalados. Quando ativados por estímulos neurais,
as células mioepiteliais se contraem para ejetar a saliva da boca.
As células salivares acinares e ductais recebem tanto inervação parassimpática
quanto simpática. Enquanto muitos órgãos têm essa inervação dupla, a característica
única das glândulas salivares é que a produção de saliva é estimulada por ambos os
sistemas nervosos parassimpático e simpático (embora o controle parassimpático seja
dominante). As glândulas salivares recebem surpreendentemente elevado fluxo
sanguíneo, que aumenta quando a produção da saliva é estimulada. Quando corrigido para
o tamanho do órgão, o fluxo sanguíneo máximo para as glândulas salivares é mais de 10
vezes o fluxo sanguíneo para a musculatura estriada esquelética em atividade física!
Formação da saliva
A saliva é uma solução aquosa, com volume muito elevado, considerando o pequeno
tamanho das glândulas. A saliva é composta por água, eletrólitos, α-amilase, lipase
lingual, calicreína e muco. Quando comparado ao plasma, a saliva é hipotônica (i.e., tem
a menor osmolaridade), tem maiores concentrações de K+ e bicarbonato (HCO3-), e
menores concentrações de Na+ e cloreto (Cl-). A saliva, dessa forma, não é um
ultrafiltrado do plasma, mas é formada no processo de duas etapas que envolvem diversos
mecanismos de transporte. A primeira etapa é a formação de solução isotônica semelhante
ao plasma, pelas células acinares. A segunda etapa é a modificação dessa solução
semelhante ao plasma pelas células ductais. As etapas acinar e ductal, na produção de
saliva. Os números circulados na figura correspondem às seguintes etapas:
1. As células acinares secretam a saliva inicial, que é isotônica e têm, aproximadamente,
a mesma composição eletrolítica do plasma. Dessa forma, a osmolaridade e a
concentração de Na+, K+, Cl- e HCO3- da saliva inicial são similares às do plasma.
2. As células ductais modificam a saliva inicial. Os mecanismos de transporte envolvidos
nessa modificação são complexos, mas podem ser simplificados se considerarmos,
separadamente, os eventos das membranas luminal e basolateral e, então, pela
determinação da resultante de todos os mecanismos de transporte. As membranas
luminais das células ductais contêm três transportadores: o trocador Na+-H+, o trocador
Cl-- -HCO3- e o trocador H+-K+. A membrana basolateral contém a Na+-K+ ATPase e
canais de Cl-. A ação combinada desses transportadores, operando juntos, é a absorção
de Na+ e Cl- e secreção de K+ e HCO3-. A absorção resultante do Na+ e Cl- faz com que
as concentrações de Na+ e Cl- da saliva fiquem mais baixas que suas concentrações no
plasma, e a secreção resultante de K+ e HCO3- faz com que as concentrações do K+ e
HCO3-, na saliva, se tornem maiores do que as do plasma. Como mais NaCl é absorvido
do que KHCO3 é secretado, ocorre efetivamente absorção de soluto.
A questão é Como pode a saliva, que era inicialmente isotônica, se tornar hipotônica,
enquanto flui através dos ductos? A resposta está na relativa impermeabilidade à água
das células ductais. Como descrito, existe absorção efetiva do soluto, porque mais
NaCl é absorvido do que KHCO3 é secretado. Devido a essa impermeabilidade das
células ductais à água, ela não é absorvida juntamente com o soluto, tornando a saliva
final hipotônica.
As células acinares também secretam constituintes orgânicos como α-amilase, lipase
lingual, glicoproteínas mucinas, IgA (imunoglobulina A) e calicreína. A α-amilase inicia
a digestão dos carboidratos, e a lipase lingual a dos lipídios. O componente mucoso serve
como lubrificante. A calicreína é enzima que cliva o cininogênio de alto peso molecular
em bradicinina, potente vasodilatador. Durante períodos de elevada atividade da glândula
salivar, a calicreína é secretada e produz bradicinina. Esta causa vasodilatação local, que
explica o elevado fluxo sanguíneo salivar, durante os períodos de aumento de atividade
salivar.
QUESTÃO 11
QUESTÃO 12
QUESTÃO 13
hormônio Classificação Principais ações
Glândula de origem
química
Hormônio liberador
Estimula a secreção de
Hipotálamo de Peptídeo
TSH e prolactina
tireotropina (TRH)
Hormônio liberador de Estimula a secreção de
Peptídeo
corticotropina (CRH) ACTH
Hormônio liberador de Estimula a secreção de LH
Peptídeo
gonadotropinas (GnRH) e FSH
Somatostatina ou
hormônio Inibe a secreção de
Peptídeo
inibidor da liberação de hormônio do crescimento
somatotropina (SRIF)
Dopamina ou fator de
Inibe a secreção de
inibição Amina
prolactina
da prolactina (PIF)
Hormônio liberador do
Estimula a secreção de
hormônio do crescimento Peptídeo
hormônio do crescimento
(GHRH)
Hormônio Estimula a síntese e a
Hipófise
estimulante da Peptídeo secreção de hormônios
Anterior
tireoide (TSH) tireóideos
Estimula a maturação do
esperma nas células de
Sertoli dos
Hormônio
testículos
foliculoestimulante Peptídeo
Estimula o
(FSH)
desenvolvimento folicular
e a síntese de
estrogênio nos ovários
Estimula a síntese de
testosterona nas células de
Leydig dos
testículos
Hormônio luteinizante
Peptídeo Estimula a ovulação, a
(LH)
formação do corpo lúteo e
a síntese
de estrogênio e
progesterona nos ovários
Estimula a síntese de
Hormônio do crescimento Peptídeo proteínas e crescimento
geral
Estimula a produção de
Prolactina Peptídeo
leite e a secreção na mama
Estimula a síntese e a
Hormônio secreção de hormônios
adrenocorticotrófico Peptídeo adrenocorticais
(ACTH) (cortisol, androgênios e
aldosterona)
Hormônio estimulante de Estimula a síntese de
Peptídeo
melanócitos (MSH) melanina (? humanos)
Estimula a ejeção de leite
Hipófise
Ocitocina Peptídeo das mamas e contrações
Posterior
uterinas
Vasopressina ou Estimula a reabsorção de
hormônio Peptídeo água nas células principais
antidiurético (ADH) dos
ductos coletores e
constrição das arteríolas
Estimula o crescimento
esquelético, consumo de
oxigênio,
produção de calor,
Tri-iodotironina
utilização de proteína,
Tireoide (T3) e L Amina
gordura e
tiroxina (T4)
carboidrato, maturação
perinatal do sistema
nervoso
central
Calcitonina Peptídeo Reduz a [Ca2+] sérica
Paratormônio
Paratireoide Peptídeo Aumenta a [Ca2+] sérica
(PTH)
Estimula a
gliconeogênese; inibe a
Córtex Cortisol resposta inflamatória;
Esteroide
Suprarrenal (glicocorticoide) suprime resposta imune;
aumenta responsividade
vascular a catecolaminas
Aumenta reabsorção renal
Aldosterona de Na+, secreção de K+ e
Esteroide
(mineralocorticoide) secreção
de H+
Desidroepiandrosterona
(DHEA) e Veja ações da testosterona
androstenediona Esteroide pelos testículos (ver
(androgênios adiante)
suprarrenais)
Estimula
espermatogênese; estimula
Testículos Testosterona Esteroide características sexuais
secundárias do sexo
masculino
Estimula crescimento e
desenvolvimento do
sistema
reprodutivo, fase folicular
Ovários Estradiol Esteroide do ciclo menstrual,
desenvolvimento das
mamas, secreção de
prolactina;
mantém gravidez
Estimula fase lútea do ciclo
Progesterona Esteroide menstrual; mantém
gravidez
Veja ações do estradiol e
Estradiol e da progesterona nos
Corpo Lúteo Esteroide
progesterona ovários (ver
anteriormente)
Estimula síntese de
Gonadotropina
estrogênio e da
Placenta coriônica Peptídeo
progesterona no corpo
humana (HCG)
lúteo, no início da gravidez
Lactogênio placentário
Tem ações semelhantes ao
humano
hormônio do crescimento e
(HPL) ou Peptídeo
semelhantes à prolactina,
somatomamotropina
durante a gravidez
coriônica humana
Veja ações do estradiol nos
Estriol Esteroide ovários (ver
anteriormente)
Veja ações da progesterona
Progesterona Esteroide nos ovários (ver
anteriormente)
Pâncreas Insulina (células β) Peptídeo Reduz [glicose] sanguínea
Aumenta [glicose]
Glucagon (células α) Peptídeo
sanguínea
Catalisa a conversão do
Rim Renina Peptídeo angiotensinogênio em
angiotensina I
Aumenta absorção
1,25-di-
Esteroide intestinal de Ca2+;
hidroxicolecalciferol
mineralização óssea
Medula Norepinefrina; Ver ações do sistema
Amina
Suprarrenal epinefrina nervoso simpático (Cap. 2)
Relação entre Hipotálamo e a Neurohipófise
O lobo posterior da glândula hipófise é derivado do tecido neural. Ele secreta dois
hormônios peptídicos, hormônio antidiurético (ADH) e ocitocina, que atuam em seus
respectivos tecidos-alvo — rim, mama e útero. As conexões entre o hipotálamo e o lobo
posterior da hipófise são neurais. Na verdade, a neurohipófise é coleção de axônios, cujos
corpos celulares estão localizados no hipotálamo. Assim, os hormônios secretados pelo
lobo posterior (ADH e ocitocina) são, realmente, neuropeptídeos; em outras palavras, eles
são peptídeos liberados por neurônios. Os corpos celulares dos neurônios secretores de
ADH e ocitocina estão localizados nos núcleos paraventricular e supraóptico, no
hipotálamo. Embora ambos os hormônios sejam sintetizados nos dois núcleos, o ADH
está, principalmente, associado aos núcleos supraópticos e a ocitocina é, principalmente,
associada aos núcleos paraventriculares. Uma vez sintetizados nos corpos celulares, os
hormônios (i.e., os neuropeptídeos) são transportados, pelos axônios, nas vesículas
neurossecretoras e armazenados nos terminais nervosos bulbosos na hipófise posterior.
Quando o corpo da célula é estimulado, as vesículas neurossecretoras são liberadas pelas
terminações nervosas por exocitose e o hormônio secretado entra nos capilares
fenestrados próximos. O sangue venoso da neurohipófise entra na circulação sistêmica,
que distribui os hormônios para os tecidos-alvo. Em resumo, a relação entre o hipotálamo
e a neurohipófise é direta — um neurônio secretor de hormônio tem seu corpo celular no
hipotálamo e seus axônios no lobo posterior da hipófise.
Relação do Hipotálamo com a Adenohipófise
O lobo anterior da hipófise deriva do intestino anterior primitivo. Ao contrário do lobo
posterior, que é tecido neural, o lobo anterior é, essencialmente, coleção de células
endócrinas. A adenohipófise secreta seis hormônios peptídicos: hormônio estimulante da
tireoide (TSH), hormônio foliculoestimulante (FSH), hormônio luteinizante (LH),
hormônio do crescimento, prolactina e hormônio adrenocorticotrópico (ACTH). A
natureza da relação entre o hipotálamo e a adenohipófise é tanto neural como endócrina
(em contraste com o lobo posterior, que é apenas neural). O hipotálamo e a adenohipófise
estão diretamente ligados pelos vasos sanguíneos porta hipotalâmicoshipofisários, que
fornecem a maior parte do suprimento sanguíneo para o lobo anterior.
Existem tanto vasos portais hipofisários longos como curtos, que se distinguem da
seguinte maneira: o sangue arterial é distribuído para o hipotálamo pelas artérias
hipofisárias superiores, que distribuem o sangue por rede de capilares, na eminência
média, chamada plexo capilar primário. Estes plexos capilares primários convergem para
formar os vasos sanguíneos porta longos, que percorrem o infundíbulo para distribuir o
sangue venoso hipotalâmico para o lobo anterior da hipófise. Forma-se plexo capilar
paralelo a partir das artérias hipofisárias inferiores, na parte inferior do tronco
infundibular. Esses capilares convergem para formar os vasos porta hipofisários curtos,
que distribuem o sangue para o lobo anterior da hipófise. Em resumo, o suprimento
sanguíneo da hipófise anterior é diferente do de outros órgãos: a maior parte de seu
suprimento sanguíneo é de sangue venoso do hipotálamo suprido pelos vasos porta
hipofisários longos e curtos. Existem duas implicações importantes do suprimento
sanguíneo porta para o lobo anterior da hipófise: (1) Os hormônios do hipotálamo podem
ser distribuídos para a adenohipófise, diretamente, e em alta concentração; e (2) os
hormônios do hipotálamo não aparecem na circulação sistêmica em altas concentrações.
As células da adenohipófise, portanto, são as únicas células do corpo que recebem altas
concentrações dos hormônios do hipotálamo.
Hormônios da adenohipófise
Seis hormônios importantes são secretados pelo lobo anterior da hipófise: TSH, FSH,
LH, ACTH, hormônio do crescimento e prolactina. Cada hormônio é secretado por um
tipo de célula diferente (exceto FSH e LH, que são secretados pelo mesmo tipo). Os
tipos de células são indicados pelo sufixo “trofo”, que significa nutritivo. Assim, o TSH
é secretado pelos tireotrofos (5%), FSH e LH pelos gonadotrofos (15%), ACTH pelos
corticotrofos (15%), hormônio do crescimento pelos somatotrofos (20%) e prolactina
pelos lactotrofos (15%). (As porcentagens dão a representação de cada tipo de célula
da glândula adenohipófise.)
Cada um dos hormônios da adenohipófise é peptídeo ou polipeptídeo. Conforme
descrito, a síntese de hormônios peptídicos inclui as seguintes etapas: a transcrição do
DNA em RNAm, no núcleo, a tradução de RNAm para o pré-pró-hormônio, nos
ribossomas, e a modificação pós-translacional do pré-pró-hormônio, no retículo
endoplasmático e no aparelho de Golgi para produzir o hormônio final. O hormônio é
armazenado nos grânulos secretores, ligados à membrana, para posterior liberação.
Quando a adenohipófise é estimulada pelo hormônio hipotalâmico de liberação ou de
inibição da liberação (p. ex., tireotrofos são estimulados pelo TRH para secretar TSH),
ocorre exocitose dos grânulos secretores; o hormônio da adenohipófise (p. ex., TSH)
entra no sangue capilar e é distribuído pela circulação sistêmica para o tecido-alvo
(p. ex., glândula tireoide).
Os hormônios do lobo anterior estão organizados em “famílias”, de acordo com a
homologia estrutural e funcional. TSH, FSH, LH são estruturalmente relacionados e
constituem uma família, ACTH é parte de outra família e o hormônio do crescimento e
prolactina constituem uma terceira família.
TSH, FSH, LH, ACTH são discutidos brevemente nesta seção e mais adiante no
capítulo, no contexto de suas ações. (O TSH é discutido no contexto da glândula
tireoide. ACTH é discutido no contexto do córtex suprarrenal. FSH e LH são discutidos
no Capítulo 10 juntamente com a fisiologia reprodutiva masculina e feminina.) O
hormônio do crescimento e a prolactina são discutidos nesta seção.
TSH, FSH e Família LH
TSH, FSH e LH são todos glicoproteínas com radicais de açúcar covalentemente
ligados a resíduos de asparagina, em suas cadeias de polipeptídeos. Cada hormônio é
constituído por duas subunidades, α e β, que não são covalentemente ligadas;
nenhuma das subunidades, isoladamente, é biologicamente ativa. As subunidades α
do TSH, FSH e LH são idênticas e são sintetizadas a partir do mesmo RNAm. As
subunidades β para cada hormônio são diferentes e, portanto, conferem a
especificidade biológica (embora as subunidades β tenham alto grau de homologia
entre os diferentes hormônios). Durante o processo de biossíntese, o pareamento das
subunidades α e β começa no retículo endoplasmático e continua no complexo de
Golgi. Nos grânulos secretórios, as moléculas pareadas são redobradas em formas
mais estáveis, antes da secreção.
O hormônio da placenta gonadotropina coriônica humana (HCG) é estruturalmente
relacionado à família do TSH-FSH-LH. Assim, o HCG é glicoproteína com a cadeia α
idêntica e sua própria cadeia β, que confere sua especificidade biológica.
Família do ACTH
A família de ACTH é derivada de precursor único, pró-opiomelanocortina (POMC). A
família do ACTH inclui o ACTH, a γ-lipotropina e a β-lipotropina, a β-endorfina e o
hormônio estimulante de melanócitos (MSH). O ACTH é o único hormônio, nessa
família, com ações fisiológicas bem estabelecidas nos seres humanos. O MSH está
envolvido na pigmentação dos vertebrados inferiores, mas tem pouca atividade em seres
humanos. A β-endorfina é opioide endógeno. O pré-pró-hormônio para esse grupo, pré-
pró-opiomelanocortina, é transcrito de gene único. O peptídeo de sinalização é clivado
no retículo endoplasmático, produzindo POMC, o precursor da família ACTH.
Endopeptidases, então, hidrolisam as ligações peptídicas do POMC e intermediários,
produzindo os membros da família do ACTH (Fig. 9-10). A hipófise anterior, nos seres
humanos, produz, principalmente, ACTH, γ-lipotropina e β-endorfina.

Vale ressaltar que a atividade de MSH é encontrada no POMC e em vários de seus


produtos: o “fragmento”, que é o resto da hidrólise do intermediário de ACTH, contém
γ-MSH; o ACTH contém α-MSH; e a γ-lipotropina contém β-MSH. Esses fragmentos,
contendo MSH, podem causar pigmentação da pele em seres humanos, se seus níveis
sanguíneos ficarem aumentados. Por exemplo, na doença de Addison (insuficiência
suprarrenal primária), os níveis de POMC e ACTH são aumentados por retroalimentação
negativa. Pelo fato de POMC e ACTH conterem atividade de MSH, a pigmentação da
pele é sintoma desse distúrbio.

Hormônio do Crescimento
O hormônio do crescimento é secretado durante toda a vida. É o hormônio mais
importante para o crescimento normal até a estatura adulta. Considerando a ampla
natureza dessa tarefa (crescimento), não é de se estranhar que o hormônio do crescimento
tenha efeitos profundos sobre as proteínas, os carboidratos e o metabolismo da gordura.

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