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Renato Fanin
O Código de Processo Penal vigente (Decreto-lei 3.689, de 3 de outubro de 1941) nasceu sob
governo ditatorial (Estado Novo de Getúlio Vargas), assim, a interpretação e a aplicação de suas
normas jurídicas devem se adaptar à Constituição Federal de 1988 e seus princípios
democráticos.
Direito Processual Penal é o conjunto de princípios e normas jurídicas que tem por fim disciplinar
a persecução penal do Estado, por meio dos órgãos da atividade de investigação e dos órgãos
diretos e auxiliares da atividade jurisdicional, para a aplicação do Direito Penal.
Processo penal é o meio ou instrumento utilizado pelo Estado para exercer a atividade
jurisdicional e solucionar os litígios penais, ou seja, para realizar o poder punitivo do Estado.
Processo: “ato de proceder, de andar”.
O processo penal é composto por um elemento constitutivo objetivo (aspecto objetivo ou externo),
o procedimento, e um elemento constitutivo subjetivo (aspecto subjetivo ou interno), que é a
relação jurídica processual entre os sujeitos do processo.
Princípios são mandamentos que alicerçam um sistema, funcionando como diretriz para a
interpretação e a integração das normas, dando harmonia e coerência ao sistema normativo. Os
princípios podem estar explícitos na lei ou implícitos na conjugação dos dispositivos. Os princípios
podem estar inseridos na constituição (princípios constitucionais) ou nas normas
infraconstitucionais.
4. Princípio do devido processo legal: O Estado deve observância à lei penal (aspecto material)
e à lei processual penal (aspecto processual) para o exercício do ius puniendi, protegendo o
acusado de arbitrariedades do Estado e garantindo o equilíbrio entre a pretensão punitiva estatal e
o direito de liberdade (paridade).
Art. 5°, LIV, da CF: “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal”.
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Art. 5°, LV, CF: “Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral
são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.
Art. 5º, LVII, da CF: “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença
penal condenatória”.
10. Princípio da publicidade: todos os julgamentos do Poder Judiciário serão públicos, podendo-
se, porém, restringir a publicidade dos atos às partes e seus advogados, ou somente a estes, para
a preservação da intimidade ou interesse social. É vedado o sigilo total, que ofende a ampla
defesa e o contraditório, sob pena de nulidade.
Art. 5°, LX, da CF: “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa
da intimidade ou o interesse social o exigirem”.
11. Princípio do juiz natural: garantia de julgamento por um juiz ou tribunal com competência
predeterminada por regras objetivas e proibição de tribunais ou juízos de exceção, designados
para casos ou pessoas individualizadas. Tem a finalidade de assegurar a imparcialidade do
julgador.
Art. 5º, XXXVII e LIII, do art. 5°, da CF: “XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção; “LIII –
ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”.
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Art. 5º, LIII, da Constituição Federal: “ninguém será processado nem sentenciado senão pela
autoridade competente”.
13. Princípio do juiz imparcial: visa a garantir o julgamento neutro, com base na lei e nas provas
colhidas no processo. O julgador deve ser imparcial, equidistante das partes. Esse princípio está
conectado ao princípio do juiz natural. Art. 8º, 1, da Convenção Americana de Direitos Humanos.
14. Princípio da iniciativa das partes (ne procedat judex ex officio): o titular do direito de ação
deve provocar o Poder Judiciário e iniciar a persecução penal em juízo.
18. Princípio do impulso oficial: uma vez promovida a ação penal por seu titular (iniciativa da
parte), o juiz deve dar continuidade até a decisão final, em conformidade com o procedimento
previsto na lei.
19. Princípio da vedação das provas ilícitas: as provas obtidas por meios ilícitos, com violação
de direito material, são inadmissíveis no processo.
Art. 5º, LVI, da CF: “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meio ilícitos”.
20. Princípio do in dubio pro reo ou favor rei (favor inocentiae, favor libertatis ou princípio
da prevalência do interesse do réu): no conflito entre o ius puniendi do Estado e o ius libertatis
do acusado, a dúvida deve beneficiar o réu.
21. Princípio da busca da verdade real: buscar a verdade real é descobrir, o mais próximo
possível, a verdade objetiva, isto é, o que perfeitamente ocorreu no plano real.
22. Princípio da oralidade: em algumas fases do processo deve-se dar prevalência à palavra
oral sobre a palavra escrita (princípios da concentração, imediatidade e identidade física do juiz).
ex.: Tribunal do Júri.