O que você pode fazer para ajudar?

Atitudes simples ajudam a evitar os problemas que a

Comparando as informações das 12 áreas, nosso
estudo indicou que os principais fatores que levam a
ter tantos cachorros nas matas são:
Número de cachorros criados: quanto maior o número
entrada de cachorros nas matas pode trazer. Por
exemplo:
ensine seu cachorro: acostume seu cachorro a não
sair sozinho de perto de casa e não o incentive a
entrar nas matas.
cuidados veterinários: fique atento à campanha de
vacinação contra a raiva da sua prefeitura. Informe-se
com um veterinário sobre vacinas polivalentes,
vermífugos e como combater carrapatos. A
castração, tanto de fêmeas como de machos, evita

Cachorros
de cachorros criados, maior o número de cachorros nascimentos indesejados e o abandono de filhotes.
dentro das matas. Apenas nessa área vermelha onde não desmate e cuide das matas de sua propriedade: a

nas matas e a
você mora, são criados 148 cachorros, ou seja, existem conservação e restauração das matas nativas
quase 7 cachorros para cada 10 pessoas, e diminuem as chances de cachorros entrarem nas
encontramos pelo menos 16 cachorros diferentes matas, pois as matas limitam a movimentação destes
dentro das matas.
Poucas áreas de mata: quanto menos áreas de mata,
animais, dificultando o acesso a matas mais distantes.
conservação
Com essas atitudes você estará contribuindo com a
maior o número de cachorros dentro das matas.
Cachorros podem andar bastante, mas preferem se
conservação da natureza e com o bem-estar dos
cachorros e das pessoas!
da natureza
movimentar por áreas abertas, como pastagens ou
estradas. Assim, onde há poucas matas, eles andam
mais e tem facilidade para encontrar e entrar nas Quem somos e quem nos ajuda
poucas matas existentes.
Incentivo do dono: muitos cachorros entram nas matas
acompanhando seus donos. Esses cachorros também
têm a maior chance de entrar nas matas por conta
própria. Apenas nessa área vermelha onde você mora,
segundo as informações passadas pelas pessoas que
criam os cachorros, 44 cachorros acompanham seus
donos nas florestas e 11 cachorros entram em florestas
sozinhos.
Por que cachorros?
Cachorros são criados por vários motivos, entre eles
para nos fazer companhia, para proteger nossas
casas ou nossas criações. Apesar de todos os
benefícios que os cachorros nos trazem, quando
entram nas matas, podem causar sérios problemas,
tanto para animais silvestres quanto para os próprios
seres humanos.
Nas matas, os cachorros encontram animais silvestres
e podem prejudicá-los bastante. Mesmo que não
matem esses animais, podem persegui-los ou
simplesmente latir para eles. Ao fugir ou se esconder
dos cachorros, os animais silvestres não conseguem
manter suas atividades normais, como se alimentar
ou cuidar de seus filhotes. Se esses encontros
acontecem com frequência, é fácil imaginar que os
cachorros afetam de maneira negativa a
sobrevivência dos animais silvestres.
Além disso, uma das consequências mais perigosas
da entrada de cachorros nas matas é a transmissão
de doenças típicas de cachorros, como a cinomose e
parvovirose, para animais silvestres. Os cachorros
também podem contrair doenças nas matas, como
leishmaniose (através de picadas de mosquito) e a
febre maculosa (através de carrapatos) e assim
contribuir para transmissão dessas doenças para as
pessoas.
Pensando nesses problemas, nós, pesquisadores da
Universidade de São Paulo, realizamos uma pesquisa
com a intenção de descobrir quais são os principais
fatores que fazem com que os cachorros criados em
áreas rurais se acostumem a entrar nas matas.
Por que a pesquisa nessa região?
Nosso estudo foi realizado numa região conhecida
como corredor Cantareira-Mantiqueira, essencial
para a conservação da natureza porque liga dois
importantes remanescentes da Mata Atlântica, a
Serra da Cantareira e a Serra da Mantiqueira. No
entanto, existem poucas unidades de conservação
(como parques estaduais) nesta região, e a maior
parte das matas fica em propriedades particulares,
onde é muito comum a criação de cachorros. O mapa
a seguir mostra as 12 áreas de estudo na região
Cantareira-Mantiqueira, com a área onde você mora
destacada em vermelho.
Nestas 12 áreas, nós realizamos um censo do número
de cachorros criados pelas pessoas, entrevistamos
moradores para aprender como criam seus
cachorros, e monitoramos a entrada de cachorros em
algumas matas através de máquinas fotográficas com
sensores de movimento.
Quais foram os resultados?
Descobrimos que, no total das 12 áreas estudadas,
4082 cachorros são criados pelos moradores locais.
Isto quer dizer que existem 2 cachorros para cada 3
pessoas nessa região. Muitos deles entram nas
matas, e registramos pelo menos 317 cachorros
diferentes nas matas da região. Dessa forma, em
várias das matas os cachorros (foto 1) são mais
comuns do que animais silvestres, como o cachorro
do mato (foto 2), irara (foto 3) e quati (foto 4).
Também descobrimos que boa parte dos cachorros
criados na região como um todo estão sujeitos a
pegarem ou transmitirem doenças, já que apenas
30% recebem vacina polivalente, 57% vermífugos e
31% são tratados contra carrapatos. Além disso,
apenas 24% dos cachorros são castrados, o que pode
fazer com que a população de cachorros cresça além
do que somos capazes de cuidar.
Muitos cachorros acompanham seus donos quando
estes saem de casa (5 a cada 10) e quando vão nas
matas (4 a cada 10). Vários deles (2 a cada 10),
segundo os seus donos, já perseguiram ou mataram
animais silvestres, e 328 já foram atacados por estes
animais.