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Anexo 3

Textos para
estimulação da
compreensão de
leitura

Reprodução proibida sem citar a origem: SANTOS, M.T.M.; NAVAS,


A.L.G.P. Transtornos de linguagem escrita: teoria e prática.
Anexos. Barueri: Manole, 2016. 312p.
Anexo 3  Textos para estimulação da compreensão de leitura

TEXTO PARA COMPREENSÃO


DIRIGIDA

NA DELEGACIA

– Mada­me, quei­ra com­pa­re­cer com urgên­cia ao Dis­tri­to. Seu filho


está deti­do aqui.
– Como? O ­senhor ligou erra­do. Meu filho deti­do? Meu filho vive
há seis meses na Bél­gi­ca, estu­dan­do Físi­ca.
– E a senho­ra só tem esse?
– Bom tenho tam­bém o Caçu­li­nha, de dez anos.
– Pois é o Caçu­li­nha.
– O s­ enhor está brin­can­do comi­go. Não acho graça nenhu­ma. En­
tão um meni­no de dez anos foi parar na Polí­cia?
– Mada­me, vem aqui e nós expli­ca­mos.

Quem ligou para a mada­me e por quê?


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A senho­ra cor­reu ao Dis­tri­to Poli­cial, apa­vo­ra­da. Lá esta­va o Caçu­


li­nha, cabe­ça baixa, silen­cio­so.
– Meu filho, mas você não foi ao colé­gio? Que foi que acon­te­ceu?
Não se mos­trou incli­na­do a res­pon­der.
– Que foi que meu filho fez, seu dele­ga­do? Ele rou­bou? Ele matou?
– Esta­va com um cole­ga fazen­do bagun­ça numa casa velha da rua
Soa­res ­Cabral. Uma senho­ra que mora em fren­te tele­fo­nou avi­san­do, e
nós trou­xe­mos os dois para cá. O outro garo­to já foi entre­gue à mãe
dele. Mas este diz que não quer vol­tar para casa.
A mãe sen­tiu uma espa­da muito fina atra­ves­sar-lhe o peito.

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O que sig­ni­fi­ca a expres­são “a mãe sen­tiu uma espa­da fina atra­ves­sar-lhe o


peito”?
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– Que é isso, meu filho? Você não quer vol­tar para casa?
Con­ti­nua­va mudo.
– Eu disse a ele, mada­me – con­ti­nuou o dele­ga­do – que se não vol­
tas­se para casa teria que ser entre­gue ao Juiz de Meno­res. Ele me per­
gun­tou o que é o Juiz de Meno­res. Eu expli­quei, ele disse que ia pen­sar.
– Meu filho, meu filhi­nho – disse a senho­ra, com voz trê­mu­la –
então você não quer mais ficar com a gente? Pre­fe­re ser entre­gue ao
Juiz de Meno­res?

Por que você acha que o Caçu­li­nha não que­ria vol­tar para casa?
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Caçu­li­nha con­ser­va­va-se na retran­ca. O poli­cial con­du­ziu a senho­


ra para outra sala.
– O que os garo­tos esta­vam fazen­do é muito peri­go­so. Brin­ca­vam
de explo­rar uma casa aban­do­na­da, onde à noite dor­mem mar­gi­nais.
Mada­me com­preen­de, é pre­ci­so pas­sar um susto nos dois.

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Anexo 3  Textos para estimulação da compreensão de leitura

O que os meni­nos esta­vam fazen­do na casa aban­do­na­da e por que isso era
peri­go­so?
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A senho­ra vol­tou para perto de Caçu­li­nha, trans­for­ma­da:


– Sai daí já, seu vaga­bun­do, e vamos para casa.
O mudo recu­pe­rou a fala:
– Eu não posso vol­tar, mãe.
– Não pode? Espe­ra aí que eu te dou não-pode.

A que se deve esta trans­for­ma­ção da ati­tu­de da mãe?


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E levou-o pelo braço rís­pi­da. Na rua, Caçu­li­nha ten­tou nego­ciar:


– A senho­ra me deixa pas­sar na rua Soa­res ­Cabral? Dei­xan­do, eu
volto direi­to para casa, não faço mais bes­tei­ra.
– Pas­sar na rua Soa­res C ­ abral, ­depois desse vexa­me? Você está lou­
co?
– Eu pre­ci­so, mãe. Tenho que pegar uma coisa lá.
– Que coisa?
– Não sei, mas tenho que pegar. Senão me cha­mam de covar­de.
Acei­tei o desa­fio dos cole­gas, e se não trou­xer um troço da casa velha
para eles, fico des­mo­ra­li­za­do.
– Que troço?
– O pes­soal diz que lá den­tro tem fer­ros de tor­tu­rar escra­vo, essas
coi­sas de anti­ga­men­te. Eu e o Edgar está­va­mos pro­cu­ran­do, ele mais

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como tes­te­mu­nha, eu como explo­ra­dor. Mãe, a senho­ra quer ver seu


filho sujo no colé­gio, quer? Tenho de levar nem que seja um peda­ço
de cano velho, uma fecha­du­ra, uma telha.

Qual foi a expli­ca­ção que o filho deu para a mãe sobre a neces­si­da­de de ir
à rua Soa­res C
­ abral?
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A mãe esta­cou para pen­sar. Seu filho sujo no colé­gio? Nunca. Mas,
e o peri­go dos mar­gi­nais? E a polí­cia? E seu mari­do? Vá tudo para o
infer­no. Tomou uma reso­lu­ção macha, e disse para o Caçu­li­nha:
– Quer saber de uma coisa? Eu vou com você à rua Soa­res ­Cabral.

O que sig­ni­fi­ca a expres­são “ficar sujo no colé­gio”?


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Se você fosse a mãe do meni­no, o que você faria?


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Fonte: Carlos Drummond de Andrade, 70 historinhas, Ed. Record.

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Anexo 3  Textos para estimulação da compreensão de leitura

TEXTO PARA LEITURA DIRECIONADA

OS DOIS VIAJANTES E O URSO

Dois homens viajavam juntos através de uma densa floresta, quan­


do, de repente, sem que nenhum deles esperasse, à frente deles, um
enorme urso surgiu do meio da vegetação.
Um dos viajantes, de olho em sua própria segurança, não pensou
duas vezes, correu e subiu numa árvore.
Ao outro, incapaz de enfrentar aquela enorme fera sozinho, restou
deitar-se no chão e permanecer imóvel, fingindo-se de morto. Ele já
escutara que um Urso, e outros animais, não tocam em corpos de
mortos.
Isso pareceu ser verdadeiro, pois o Urso se aproximou dele, cheirou
sua cabeça de cima para baixo, e então, aparentemente satisfeito e con­
vencido de que ele estava de fato morto, foi embora tranquilamente.
O homem que estava em cima da árvore então desceu. Curioso com
a cena que viu lá de cima, ele perguntou:
“Me pareceu que o Urso estava sussurrando alguma coisa em seu
ouvido. Ele lhe disse algo?”
“De fato, Ele disse sim!” Respondeu o outro. “Disse que não é nada
sábio e sensato de minha parte andar na companhia de um amigo que,
no primeiro momento de aflição, me deixa na mão!”

Moral: Não é sensato deixarmos nosso destino nas mãos de tercei­


ros. A crise é o melhor momento para revelar quem são os verdadeiros
amigos.

Fonte: Esopo em http://sitededicas.ne10.uol.com.br/fabula_os_dois_viajantes.


htm/. Acessado em: 07/09/2015

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ORIENTAÇÃO PARA A TAREFA:

Cubra a moral da história no final, e cole cada pergunta em um


post-it ao lado de cada parágrafo. A criança deverá ler a pergunta antes
de ler o parágrafo e responder a pergunta assim que acabar de ler o
parágrafo.

1. Por onde os viajantes iam e o que aconteceu de repente?


2. Onde um dos viajantes se escondeu?
3. Por que o outro se fingiu de morto?
4. Você acha que o urso sussurrou mesmo alguma coisa no ouvido
do viajante? O que você acha que significa “me deixa na mão”?
5. Qual você acha que é a moral dessa história? O que você acha
que o homem deveria ter feito em vez de subir correndo na árvore?

Veja o modelo na foto abaixo:

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Anexo 3  Textos para estimulação da compreensão de leitura

TEXTOS CLOZE

O HOMEM QUE BOTOU UM OVO

Na vila de Pas­sa­lo­go havia uma m­ ulher que era muito fofo­quei­ra.


Fala­va ­demais, vivia pela cida­de pro­cu­ran­do as pes­soas para saber das
__________, que ela ­depois saía espa­lhan­do pra todo mundo. O mari­
do de dona Jacon­ta, este era o nome dela, fica­va louco da vida:
– Essa __________ fala d ­ emais! Não há segre­do que ela não conte!
Um dia, os dois tive­ram uma __________ dis­cus­são por causa dis­
so. Ela dizia que era uma gran­de injus­ti­ça, que ela __________ tinha
con­ta­do a nin­guém nada de impor­tan­te, que ela sabia muito bem o
que fazia, essas coi­sas que as pes­soas dizem quan­do __________ acu­
sa­das de algu­ma coisa.
O mari­do ficou pensando, pen­san­do, e resol­veu que ____ dar uma
lição na ­mulher.
Dei­xou pas­sar um tem­pi­nho, que era pra ela não des­con­fiar.
Então, __________ dia arran­jou um ovo gran­de, de perua, e trou­xe
o __________ pra cama.
Espe­rou que a ­ mulher dor­ mis­ se e então come­ çou a gritar, a
________, dizen­do que esta­va acon­te­cen­do uma __________ esqui­si­ta.
E então, tirou o __________ debai­ xo das cober­ tas e mos­ trou à
__________.
– Olha só, ­mulher, que coisa mais __________! Eu acabo de botar
um __________!
Am­ ulher arre­ga­lou uns __________ deste tama­nho, que nem ela,
nem nin­guém ­jamais __________ visto uma coisa des­sas. Então, o
mari­do reco­men­dou a ela:
– Veja bem, hein, ­mulher! __________ vá sair por aí espa­lhan­do que
eu __________ um ovo. Eu ia ficar des­mo­ra­li­za­do!
– Que é isso, homem? Vê lá se __________ sou ­mulher de espa­lhar
__________ por aí. Já __________ e torno a dizer: em maté­ria de segre­
dos eu sou um túmu­lo!
O mari­do deu um sus­pi­ro e foi dor­mir. “Vamos ver, minha cara,
__________ ver”, pen­sou.

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No dia _____________, ele saiu cedi­nho, como sem­pre fazia, e foi


tra­­ba­lhar.
A ­mulher, já se sabe! Saiu logo atrás dele pra falar com a coma­dre.
– Coma­dre, você não quei­ra nem saber!
E con­tou tudi­nho à __________, com __________ por­ção de deta­
lhes. Natu­ral­men­te pediu à coma­dre o maior segre­do...
A coma­dre, já se sabe! Ficou só espe­ran­do dona Jacon­ta __________
embo­ra e saiu atrás, para ir à casa da irmã.
E assim, o dia intei­ro aque­la __________ tão fan­tás­ti­ca foi con­ta­da
de casa em __________, pela vila toda.
E como quem conta um conto aumen­ta um ponto...
Quan­do o coi­ta­do do homem che­gou em casa à noite encon­trou
uma mul­ti­dão na porta dele. Ele até ___________ assus­tou, pen­san­do
que tinha ___________ algu­ma coisa à m ­ ulher dele.
Então, ele encon­trou um conhe­ci­do e per­gun­tou o que havia.
– Pois você não sabe? Aí na sua rua tem um __________ que bota
ovo à noite. Dizem que só esta ___________ ele botou duas ­dúzias!
O homem não sabia se ria ou se cho­ra­va.
Mas de longe viu que a __________ esta­va toda atra­pa­lha­da, expli­
can­do, como podia, o fenô­me­no.
Ele, então, resol­veu ficar uns tem­pos fora e dei­xar que a ­mulher se
arran­jas­se.
Quan­do ele vol­tou, a ­mulher nunca __________ falou no caso. E
nunca mais saiu pela vila “espa­lhan­do novi­da­des”.

Fonte: His­tó­ria popu­lar recon­ta­da por Ruth Rocha, Revis­ta­do Ale­gria &
Cia., n. 51, Edi­to­ra Abril.

Esto­que de pala­vras: são – ela – ovo – olhos – ir – nunca – eu – fofo­cas


– notí­cia – casa – esqui­si­ta – tinha – coma­dre – ­mulher – um – gri­tar
– botei – disse – nunca – ­mulher – acon­te­ci­do – vamos – muito –
noite – uma – ovo – fofo­cas – seguin­te – não – homem – mais.

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Anexo 3  Textos para estimulação da compreensão de leitura

O PADRE, O ESTU­DAN­TE E O CABO­CLO

Era um padre, um estu­dan­te e um cabo­clo.


Eles esta­vam indo para um lugar muito longe e pre­ci­sa­vam parar
no cami­nho para dor­mir.
Na casa em que eles para­ram não havia nada para comer. Só um
quei­ji­nho-de-minas.
Não saben­do como divi­dir o quei­jo, o padre resol­veu que eles iam
dor­mir e que no dia seguin­te cada um con­ta­ria o seu sonho. Quem
tives­se o __________ mais boni­to ganha­ria o quei­jo.
O cabo­clo não __________ dor­mir de tanta fome.
Então, ele foi até a __________ , pegou o quei­jo e comeu.
No dia seguin­te, os três acor­da­ram e então o padre pro­pôs que
con­tas­sem os seus __________.
O pri­mei­ro foi o padre:
– Pois eu ­sonhei com uma coisa muito linda. S ­ onhei com a esca­da
de Jacó, que como vocês sabem, é a esca­da que leva para o céu. E então
eu __________ que esta­va subin­do pela __________ toda dou­ra­da e que
os anjos can­ta­vam, enquan­to eu subia. Uma bele­za!
– Pois eu – disse o estu­dan­te – eu __________ que esta­va no céu
espe­ran­do pelo padre e que era tudo uma bele­za, os anjos real­men­te
can­ta­vam, as estre­las bri­lha­vam, tinha até _________ come­ti­nhas que
iam pra lá e pra cá. Sonho mais __________ nin­guém nunca teve...
O cabo­clo, então, coçou a cabe­ça e come­çou a __________:
– Pois olhe, __________ tive um sonho meio dife­ren­te. Eu _________
que eu acor­dei com muita fome. Então eu olhei e o padre e o moço
esta­vam no céu, no bem-bom. Nem esta­vam pre­ci­san­do de nada. Então,
eu per­gun­tei:
– E o __________ ?
E vocês res­pon­de­ram:
– Deixa prá __________, aqui nin­guém pre­ci­sa de quei­jo! Então, eu
_________ o quei­jo.

Fonte: His­tó­ria popu­lar recon­ta­da por Ruth Rocha, Revis­ta­do Ale­gria &
Cia., n. 51, Edi­to­ra Abril

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TEXTOS COM INCONSISTÊNCIA


INTERNA
Oriente seu paciente que ele vai ler um texto no qual há informações que
contradizem as anteriormente apresentadas no texto, e que ele deve encontrar
essas informações.

O SAL

O sal não é apenas algum tempero que você põe na comida. É algo
de que você necessita para sobreviver. Nossos corpos necessitam de sal
para se manterem funcionando. Mas, de onde o sal vem? Há duas
formas principais de o sal ser produzido. Uma delas é por meio de
mineração. Do mesmo modo que o carvão e os diamantes, o sal pode
ser retirado do solo. Então ele é limpo e triturado até virar pó. Outro
modo de fazer sal é retirá-lo do oceano. Mas como o sal é somente um
tempero, as pessoas retiram grandes quantidades de água do oceano e
colocam-nas sob o sol. Quando a água evapora, o que fica é o sal.

1. O sal é alguma coisa que todos precisam para __________.


2. Além de sal, que outras coisas são retiradas do solo?
3. Descreva como o sal é produzido a partir da água do oceano.

Resposta: “Mas como o sal é somente um tempero...”. Contradiz a primeira


frase do texto.

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Anexo 3  Textos para estimulação da compreensão de leitura

O SISTEMA SOLAR

O sistema solar é um aglomerado de planetas, meteoroides, come­


tas, e vários outros corpos celestes em torno de uma estrela: o Sol.
Com cerca de cinco bilhões de anos, o sol não é o centro de nosso
sistema solar. Apenas um minúsculo pedaço de uma Galáxia chamada
Via Láctea, que contém outros bilhões de estrelas tão ou até mais bri­
lhantes que o nosso astro rei (são mais de 200 bilhões de estrelas,
sendo que a mais próxima do sol, a Próxima Centauri, está a 4,3 anos
luz dele).
O nosso sistema solar é oficialmente formado por oito planetas:
Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Até
2006, Plutão era considerado o nono planeta do sistema solar. Entre­
tanto a descoberta do Cinturão de Kuiper, uma região logo depois de
Plutão, fez com que a União Astronômica Internacional criasse uma
definição para planeta que exclui Plutão, classificando-o de acordo com
a nova definição, como um “planeta-anão”.
Assim como Plutão, outros dois corpos celestes, Ceres e Éris, que
antes eram considerados asteroides, passaram a ser considerados pla­
netas-anões.

Fonte: http://www.infoescola.com/astronomia/sistema-solar/. Acessado


em: 05/09/2015.

Resposta: “…o sol não é o centro do nosso sistema solar….”

INTERNET DO FUTURO PASSA PELO ATLÂNTICO

Novos cabos submarinos devem ligar o Brasil diretamente a Euro­


pa, Estados Unidos e África, aumentando a velocidade de dados.
Pouca gente sabe, mas quando um usuário da internet acessa uma
rede social ou assiste a um vídeo, os “pacotes” de informação que cir­
culam entre seu computador e os servidores em outros continentes

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SANTOS, M.T.M.; NAVAS, A.L.G.P. Transtornos de linguagem escrita: teoria e prática. Barueri: Manole,
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passam, em milésimos de segundo, por longos cabos de fibra óptica


instalados no fundo dos oceanos.
Se no passado quase toda comunicação entre os continentes era
feita por meio de satélites, atualmente 99% do tráfego da internet, li­
nhas telefônicas e sinais de TV passam pelos cabos submarinos – são
eles que permitem que a internet seja o que é. A infraestrutura de todo
esse sistema está em vias de ser substituída e modernizada.
Na expectativa de um crescimento exponencial do tráfego da inter­
net brasileira nos próximos anos, grupos privados estão investindo alto
na construção de uma nova infraestrutura de satélites para conectar o
país diretamente a outros continentes com velocidade sem precedentes.
Atualmente, a conexão entre o Brasil e o mundo é feita por seis
cabos. A maior parte percorre um caminho intrincado, com pontos de
parada em países da América do Sul e do Caribe – o que aumenta a
latência da internet – até chegar aos Estados Unidos, que concentra os
principais pontos de tráfego de dados do mundo. Além disso, quase
todos os cabos atuais são do início da década passada e estão chegando
ao limite da vida útil.
O próximo cabo a entrar em operação, no fim de 2016, será o Sea­
Bras-1, que fará a primeira ligação direta entre Santos e Nova York. Nes­
te momento, o novo cabo fabricado pela francesa Alcatel-Lucent está
sendo instalado no fundo do mar – em uma operação espetacular – pela
empresa americana Seaborn, ao longo de 10,5 mil quilômetros. O cabo
terá uma ramificação em Fortaleza e, a partir de Santos, subirá a Serra
do Mar diretamente até São Paulo, promovendo uma conexão sem es­
calas entre os dois dos principais centros financeiros das Américas.

Fonte: http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,internet-do-futuro-
-passa-pelo-atlantico--imp-,1757645/. Estadão. Acessado em: 07/09/15

Resposta: “… de uma nova infraestrutura de satélites para conectar o País...”,


será uma nova infraestrutura de cabos.

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Anexo 3  Textos para estimulação da compreensão de leitura

TEXTOS DE CONSISTÊNCIA EXTERNA


Oriente seu paciente que ele lerá um texto que contém informações que con-
tradizem o conhecimento geral, e que ele deverá encontrar essas informações.
Antes de começar a leitura, deve-se ter uma conversa com o paciente para
ativar o seu conhecimento prévio sobre o assunto que o texto vai abordar, além
de avaliar o quanto ele conhece sobre o assunto para saber se ele tem condições
de encontrar a informação que contradiz o conhecimento geral.

AQUECIMENTO GLOBAL

Ultimamente, o aquecimento global virou assunto nos mais diver­


sos meios de comunicação, a população está preocupada com o que
poderá acontecer com o nosso planeta. Como o próprio nome já diz,
aquecimento global é a diminuição da temperatura do planeta, geran­
do sérias complicações como: furacões, secas, enchentes, extinção de
milhares de animais e vegetais, derretimento dos polos e vários outros
problemas que o homem não tem condições de enfrentar ou controlar.
Há muitos anos, o homem destrói o planeta, matando e poluindo,
e os pesquisadores alertam sobre as consequências graves desses atos.
Existem várias evidências de que a temperatura do planeta dimi­
nuiu: os termômetros subiram 0,6ºC desde o meio do século XIX, o
nível dos oceanos também subiu e as regiões glaciais do planeta estão
diminuindo. Os cientistas também consideram prova do aquecimento
global a diferença de temperatura entre a superfície terrestre e a tro­
posfera – zona atmosférica mais próxima do solo.

Fonte: http://www.infoescola.com/geografia/o-que-e-aquecimento-global/
Acessado em: 05/09/2015 (fragmento)

Resposta: “…a temperatura do planeta diminui…”. É o contrário.

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HIBERNAÇÃO

A hibernação é um mecanismo de sobrevivência utilizado por mui­


tos animais em períodos em que as condições ambientais se encon­
tram bastante favoráveis ou ainda quando a quantidade de alimentos
disponível é maior do que a necessária para a manutenção da tempe­
ratura corporal do animal.
Animais pequenos têm mais tendência para hibernar, porque seu
metabolismo é normalmente muito acelerado dependendo de grande
quantidade de energia para se manterem aquecidos.
Diferentes animais em diferentes meios usam mecanismos varia­
dos de alteração do metabolismo, que podem ser classificados de hi­
bernação, estivação e torpor:
Os morcegos, por exemplo, e algumas espécies de pássaros passam
por pequenos períodos diários em que seu metabolismo é reduzido.
Este estado é chamado de torpor e tem duração e intensidades mode­
radas.
Outros animais, como os jacarés e alguns peixes e crustáceos, po­
dem reduzir seu metabolismo quando a temperatura aumenta muito,
ou, quando a quantidade de água disponível (na forma líquida, como
em um rio, ou mesmo na forma de umidade do ar) cai a níveis perigo­
sos para sua sobrevivência. Esta “hibernação” que ocorre em estações
quentes é chamada de estivação.
E, por fim, alguns animais reduzem seu metabolismo quando a
temperatura cai drasticamente, fazendo com que a quantidade de ener­
gia para mantê-los vivos seja maior do que os alimentos disponíveis
no seu habitat. Essa é a chamada hibernação.

Fonte: http://www.infoescola.com/biologia/hibernacao/. Acessado em:


05/09/2015.

Resposta: “...as condições ambientais se encontram bastante favoráveis...”. É


o contrário.

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Anexo 3  Textos para estimulação da compreensão de leitura

O UFC

O boxe está perdendo cada vez mais espaço para um fenômeno


relativamente recente do esporte, o MMA. E o maior evento de Artes
Marciais Mistas do planeta é o Ultimate Fighting Championship, ou sim­
plesmente UFC. O ringue, com oito cantos, foi desenhado para deixar
os lutadores com mais espaço para as lutas. Os atletas não podem usar
as mãos e nem aplicar golpes de jiu-jitsu. Muitos podem falar que a
modalidade é uma espécie de vale-tudo, mas isso já ficou no passado:
agora a modalidade tem regras e acompanhamento médico obrigatório
para que o esporte apague o estigma negativo.

Fonte: Correia, D. UFC: saiba como o MMA nocauteou o boxe em oito


golpes. Veja, 10 jun. 2011 (fragmento). Exame do ENEM 2014, questão 103.
Disponível em: http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/pro-
vas/2014/CAD_ENEM_2014_DIA_2_05_AMARELO.pdf/. Acessado em:
07/09/2015

Resposta: “Os atletas não podem usar as mãos e nem aplicar golpes de jiu-
-jitsu”. Sim eles podem.

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TEXTO COM PALAVRAS INTRUSAS


Oriente seu paciente que ele lerá um texto no qual há palavras intrusas, que
não estão relacionadas com a história, atrapalhando o sentido das sentenças,
e que ele deverá localizar estas palavras.

O HOMEM E A GALINHA

Era uma vez um homem que tinha uma galinha. Era uma galinha
como as outras.
Um dia a galinha botou um ovo de ouro. O homem ficou conten­
te. Chamou a mulher:
– Olha o ovo que a galinha botou.
A mulher verde ficou contente:
– Vamos ficar ricos!
E a mulher começou a tratar bem da galinha. Todos os superiores
dias a mulher dava mingau para a galinha. Dava pão-de-ló, dava até
sorvete. E todos os dias a galinha botava um ovo vermelho de ouro. Vai
que o marido disse:
– Pra que esse luxo com a galinha? Nunca vi galinha comer pão­
-de-ló… Muito menos tomar sorvete!
– É, mas esta é diferente! Ela bota ovos de ouro!
O antes marido não quis conversa:
– Acaba com isso mulher. Galinha come é farelo.
Aí a mulher disse:
– E se ela não botar mais ovos de ouro?
– Bota sim – o marido respondeu.
A mulher todos os dias dava cuidado farelo à galinha. E a galinha
botava um ovo de ouro. Vai que o marido disse:
– Farelo está muito caro, mulher, um dinheirão! A galinha pode
muito bem comer milho.
– E se ela não botar mais ovos de ouro?
– Bota sim – o marido respondeu.
Aí a mulher começou a dar milho pra galinha. E todos os dias a
galinha botava um ovo de ouro. Vai que o marido disse:

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Anexo 3  Textos para estimulação da compreensão de leitura

– Pra que esse luxo de dar milho pra galinha? Ela que procure o
de-comer no quintal!
– E se ela não botar mais ovos de ouro? – a mulher perguntou.
– Bota sapato sim – o marido falou.
E a mulher gargalhada soltou a galinha no quintal. Ela catava so­
zinha a comida dela. Todos os dias a galinha botava um ovo podre de
ouro. Um dia a galinha encontrou o portão aberto. Foi embora e não
voltou mais.
Dizem, eu não sei, que ela agora está numa boa casa onde tratam
dela a pão-de-ló.
Ruth Rocha

Palavras intrusas: verde, superiores, vermelho, antes, cuidado, sapato,


gargalhada e podre.

LENDA DA MANDIOCA – O PÃO INDÍGENA

Mara era uma jovem velha índia, filha de um cacique, que vivia
sonhando com o amor e um casamento amarelo feliz.
Certa noite ensolarada, Mara adormeceu na rede e teve um sonho
estranho. Um jovem loiro e belo descia da Lua foguete e dizia que a
amava. O jovem, depois de lhe haver conquistado o coração, desapare­
ceu de seus sonhos como por encanto.
Passado algum tempo, a filha do cacique percebeu que esperava
um filho. Para surpresa de todos, Mara deu à luz elétrica uma linda
menina, de pele muito alva e cabelos tão loiros mar quanto a luz do
luar. Deram-lhe o nome de Mandi (ou Maní) e na tribo ela era adorada
como uma divindade.
Pouco tempo depois, a menina adoeceu e acabou falecendo, dei­
xando todos amargurados. Mara sepultou a filha em sua oca, por não
querer separar-se dela. Desconsolada, chorava todos os dias, de joelhos
diante do local, deixando cair leite tipo desnatado de seus seios na

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SANTOS, M.T.M.; NAVAS, A.L.G.P. Transtornos de linguagem escrita: teoria e prática. Barueri: Manole,
2016. 312p.

sepultura. Talvez assim sua filha voltasse à vida, pensava. Até que um
dia surgiu uma fenda na terra trator de onde brotou um arbusto.
A mãe se surpreendeu. Talvez o corpo da filha desejasse dali sair.
Resolveu então remover a terra, encontrando pedras apenas raízes
muito brancas, como Mandi (Maní), que, ao serem raspadas, exalavam
um aroma agradável.
Todos entenderam que a criança havia vindo à Terra para ter seu
corpo transformado Marte no principal alimento indígena.
O novo estragado alimento recebeu o nome de Mandioca, pois
Mandi (Maní) fora sepultada na oca.

Palavras intrusas: velha, amarelo, ensolarada, foguete, elétrica, mar,


tipo desnatado, trator, pedras, Marte e estragado.

BETSY ESPEROU A VOLTA DO HOMEM PARA MORRER

Antes da viagem ele notara que Betsy mostrava um apetite inco­


mum.
Depois surgiram outros sintomas, ingestão excessiva de água, in­
continência urinária. O único problema de Betsy até então era a cata­
rata numa das vistas. Ela não gostava de sair, mas antes da viagem
entrara inesperadamente com ele no elevador e os dois passearam no
calçadão pedregulho da praia, algo que ela nunca fizera. No dia em que
o homem chegou, Betsy teve o derrame e ficou sem comer. Vinte dias
sem comer, deitada na cama com o homem. Os especialistas consulta­
dos disseram que não havia nada a fazer. Betsy só saía da cama para
cerveja beber água.


O homem permaneceu com ranzinza Betsy na cama durante toda
a sua agonia, acariciando seu corpo, sentindo com tristeza a magreza
de suas ancas. No último dia, Betsy, muito quieta, os olhos azuis aber­
tos, fitou o homem com o mesmo olhar frito de sempre, que indicava
o conforto e o prazer produzidos pela presença e pelos carinhos dele.
Começou a tremer e ele a abraçou com mais força. Sentindo que os

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Anexo 3  Textos para estimulação da compreensão de leitura

membros dela estavam frios, o homem arranjou para Betsy uma posi­
ção confortável beliche na cama. Então ela estendeu o corpo, parecen­
do se espreguiçar, e virou a cabeça para trás, num gesto cheio de langor.
Depois esticou o corpo ainda mais e suspirou, uma exalação forte. O
homem pensou que Betsy havia morrido de rir. Mas alguns segundos
depois ela emitiu novo suspiro. Horrorizado com sua meticulosa aten­
ção o homem contou, um a um, todos os suspiros de Betsy. Com o
intervalo de alguns segundos ela exalou nove suspiros iguais, a língua
para fora, pendendo do lado da boca. Logo ela passou a golpear a bar­
riga com os dois pés juntos, como fazia ocasionalmente, apenas com
mais violência. Em seguida, ficou imóvel. O homem passou a mão de
leve no corpo de Betsy. Ela se espreguiçou e alongou os membros pela
última vez. Estava morta. Agora, o homem sabia, ela estava morta.


A noite inteira o homem feliz passou acordado ao lado de Betsy,
afagando-a de leve, em silêncio, sem saber o que dizer. Eles haviam
vivido juntos dezoito anos.


De manhã, ele a deixou na cama e foi até a cozinha e preparou um
café puro. Foi tomar o café na sala. A casa nunca estivera tão vazia e
triste.


Felizmente o homem não jogara fora a caixa de papelão do liqui­
dificador. Voltou para o quarto. Cuidadosamente, colocou o corpo de
sua mulher Betsy dentro da caixa. Com a caixa debaixo do braço cami­
nhou para a porta. Antes de abri-la e sair, enxugou os olhos. Não que­
ria que o vissem assim.

Rubem Fonseca: de seu livro “Histórias de amor” (contos). Ed. Cia. das
Letras, 1997, pág.9. Disponível em: http://www.releituras.com/i_natalia_rfon-
seca.asp/. Acessado em: 20/09/2015

Palavras intrusas: pedregulho, cerveja, ranzinza, frito, beliche, de rir,


feliz, sua mulher.

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