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Ser Professor Com Tecnologias Sentidos e Significados
Ser Professor Com Tecnologias Sentidos e Significados
S481
Ser professor com tecnologias [recurso eletrônico] : sentidos e significados /
Rosa Monteiro Paulo, Ingrid Cordeiro Firme, Carolina Cordeiro Batista (Orgs.).
– São Paulo : Cultura Acadêmica, 2018.
150 p. : ePUB.
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-7983-956-6 (Ebook)
1. Educação. 2. Tecnologias. 3. Ensino de Matemática. 4. Fenomenologia. I.
Paulo, Rosa Monteiro. II. Firme, Ingrid Cordeiro. III. Batista, Carolina Cordeiro.
IV. Título.
2018-685
CDD 372.7
CDU 371.214
Apresentar… isso é o que deve fazer uma apresentação. Parece óbvio. Mas
o que significa apresentar? Segundo o dicionário da língua portuguesa,1
apresentar significa exibir, colocar à disposição, divulgar, fazer conhecer,
expor. No entanto, se consideramos o dicionário de sinônimos, apresentar
pode ser usado em uma frase (ou texto) com distintos significados. Se for
usado com o significado de mostrar, visa expor ou exibir. Mas, se usado com
o significado de manifestar, diz de um modo de pronunciar-se que por sua
vez refere-se à emissão de uma opinião sobre um assunto com a intenção de
cuidar.
Esse significado nos chama a atenção e nos abre possibilidade de
atualização do que intencionamos dizer nesta apresentação. Ou seja, ter o
cuidado para poder dizer do que, neste livro, se objetiva e se expõe. Dizer de
modo sensato, procurando expressar o entendimento de o que é dito, de como
é dito e de por que é dito. Cuidado que, como Heidegger o entende, significa
preocupação e dedicação, solicitude e ocupação. Um modo de o homem
existir no mundo, atento ao que está por vir.
Nesta apresentação há o cuidado para com o outro que nos abre ao seu
modo de compreender, expresso no texto. Cuidado que se mostra como uma
atitude de atenção ao outro. Mas, esse cuidado para com o outro expressa o
meu próprio modo de ser, já que a condição de ser pessoa é ser-com os outros,
agindo, “cuidando do outro em uma relação de reciprocidade [na qual] os
outros são, para mim, outros; mas eu sou, igualmente, um outro para eles”
(Carrilho2, 2010, p.112). O cuidado, desse modo, é o que, em toda a escrita
deste livro, se mostra desde a sua organização estruturada em duas seções.
A primeira seção visa expor, em 4 capítulos, a compreensão da produção do
conhecimento matemático com tecnologias, do sentido que para nós faz a
formação de professores, das possibilidades que se abrem para ensinar e
aprender matemática com tecnologias e da constituição dos espaços de
formação docente nos quais o professor é produtor e aprendiz.
O cuidado com o “o que” é dito acerca da produção do conhecimento
matemático ao se trabalhar em sala de aula com as tecnologias digitais, é
expresso no primeiro capítulo por Rosa e Bicudo, a partir da perspectiva
fenomenológica. Esses autores expõem modos de compreensão do ser-
vivente, do mundo vida e do ser-com. Trazem clareza sobre a constituição do
conhecimento que tem como primado a percepção, distinguindo-a do sentido
de produção. Discutem a complexidade da constituição do conhecimento
produzido pelo ser humano que ilumina a presença do outro, cossujeito com
quem se convive procurando saber e fazer. Permitem-nos compreender que
essa complexidade da produção de conhecimento, na perspectiva didático-
pedagógica e no contexto da sala de aula, exige uma articulação do
significado da matemática produzida num modo de fazer específico, por
exemplo, com tecnologias. Expõe, mediante situações de pesquisas realizadas
por eles e por integrantes de seu grupo, a compreensão do produzido e abrem
possibilidades. Assim, o “o que” é dito traz enlaçado o “como”, o modo pelo
qual compreendem as tecnologias para a produção do conhecimento
matemático.
No capítulo segundo, Mocrosky, Mondini e Orlovski explicitam o cuidado
com o próprio sentido de formação, quando se dispõem a discutir o sentido da
formação de professores para ensinar com tecnologias. As autoras convidam-
nos a pensar no sentido da formação, tomando-a como um movimento que é
vivenciado pelo professor, atravessando-o. Logo, um movimento que lança,
que pro-jeta, abrindo possibilidades para a constituição do seu modo de ser
professor que não se submete a um modelo, pois é fluido e se modela; se
organiza; se estrutura e, ao se estruturar, vai adquirindo forma,
transformando-se. Com isso, faz sentido o que neste livro se apresenta e é
explícito no capítulo 4, que inicia com a ideia da constituição de um grupo
que deveria ter uma formação, mas que, no horizonte de abertura para o estar
com tecnologias, passa a ser em forma-ação; professores que criam espaços
para que a tecnologia se abra à compreensão.
O terceiro capítulo da primeira seção, de autoria de Pinheiro e Detoni, vai
especificando o sentido de ser com tecnologias revelando o cuidado para com
o “por que”. Ou seja, os autores abrem o significado das ações didáticas e
epistemológicas das tecnologias para ensinar e aprender matemática expondo
possibilidades de reflexão. Nesse capítulo pode-se compreender por que ser-
com tecnologias e não apenas usar tecnologias. Focando o movimento
possibilitado pelo software de Geometria Dinâmica, como o GeoGebra
utilizado pelos professores em forma-ação e trazidos na segunda seção deste
livro, os autores discutem o sentido de pensar com tecnologias. Um pensar
que, por exemplo, ao focar o movimento, já o revela em execução. Ou, como
eles dizem, pensar o movimento já é estar realizando-o. Isso porque a
possibilidade de movimento não é do software, mas do sujeito que percebe,
compreende, imagina, arrasta e move, movendo-se de modo intencional.
Sempre com o outro que compartilha, dialoga e provoca. Que se mostra
interlocutor, instigador do meu dizer que expõe os modos pelos quais se
articulam as compreensões e que, nesse articular, abre à constituição de
conhecimento. O convite que fica nesse capítulo é para habitar esse espaço
aberto pelas tecnologias. Um habitar que, tal qual é discutido no segundo
capítulo, abre possibilidades para a produção de conhecimento.
O capítulo 4 encerra essa seção e apresenta o Núcleo Pedagógico da
Diretoria de Ensino, como órgão institucional com funções delimitadas por
leis e portarias e como campo de atuação, em que desponta a formação do
professor. Formação que possibilitou o espaço de ações para formar
professores. Fechamos, desse modo, o “o que”, o “como” e o “por que”,
abrindo a segunda seção com novos olhares para o “o que”, “como” e “por
que”, agora visto da perspectiva do professor.
A segunda seção está organizada em oito capítulos e, como na seção
anterior, é permeada pelo mesmo fio condutor do cuidado. Ou seja, os
professores, integrados aos espaços formativos, produzem e mostram “como”
entendem os modos pelos quais é possível investigar conteúdos de
matemática com tecnologias. Tomam como ponto de partida sua experiência
vivida em sala de aula, seu cuidado com a aprendizagem do aluno e
apresentam situações que consideram relevantes para o contexto do ensino
com tecnologias. O “por que” ser com tecnologias vai permeando as ações
propostas e as discussões que são sugeridas. O “o que” é definido pela própria
experiência vivida, uma vez que são professores com um currículo. Isso os
faz eleger conteúdos que permeiam as ações do seu dia a dia e que se
mostram a eles com possibilidades investigativas. Desse modo, vê-se, nessa
seção, formas de se trabalhar com Produtos Notáveis, Homotetia, Semelhança
de triângulos, Relações métricas no triângulo retângulo, Prismas e Pirâmides.
Encerramos esta apresentação voltando ao significado tomado inicialmente,
ou seja, o apresentar como uma possibilidade de manifestar, não apenas o
que nos diferentes capítulos se irá encontrar, mas o que a constitui como obra:
o cuidado para compreender o sentido de ser professor com tecnologias.
Rosa Monteiro Paulo
1 O dicionário aqui utilizado é o Dicio: dicionário online de Português. Disponível em:
<https://www.dicio.com.br>. Acesso em: 12 set. 2017.
2 Carrilho, M. R. O cuidado como ser e o cuidado como agir. Ex aequo, n.21, 2010, p.107-114.
Disponível em: <http://www.scielo.mec.pt/pdf/aeq/n21/n21a08.pdf>. Acesso em: 23 set. 2017.
SEÇÃO I
Compreensões do ser-com-tecnologias
Capítulo 1
Focando a constituição do conhecimento matemático que se dá
no trabalho pedagógico que desenvolve atividades com
tecnologias digitais
Maurício Rosa3
Maria Aparecida Viggiani Bicudo4
Introduzindo a temática
As TD, como “meios”, não são entendidas como algo entre os extremos,
mas algo que possibilita alcançar um fim, no caso, a produção do
conhecimento matemático, ou mesmo como um ambiente propício a esse
mesmo fim. Mais que isso, como para McLuhan (1996, p.7, tradução nossa),
[…] a mídia é a mensagem. Isso é meramente dizer que as consequências pessoais e sociais de
qualquer mídia – ou seja, de qualquer extensão de nós mesmos – resulta da nova escala que é
introduzida dentro de nossas relações por cada extensão de nós mesmos, ou por qualquer nova
tecnologia.13
Desse modo, Papert (1994) afirma que a meta construcionista é fazer com
que o processo de construção de conhecimento aconteça de forma que a
aprendizagem se dê com o mínimo de instrução e indica que é uma grande
mudança em relação ao ensino tradicional, pois se assemelha ao provérbio
africano: “[…] se um homem tem fome, você pode dar-lhe um peixe, mas é
melhor dar-lhe uma vara e ensiná-lo a pescar” (Papert, 1994, p.125). Assim,
ele conceitua como sendo boas varas de pescar, neste tempo, os
computadores, por exemplo, que viabilizam a criação de situações propícias à
construção do conhecimento. No entanto, a partir das leituras realizadas sobre
o Construcionismo, muitas vezes, houve grande confusão quanto à ideia de
ser uma teoria na qual se defende que o homem pense sobre o objeto em vez
de com o objeto. No caso, com o mundo. Embora tenha ocorrido certa dúvida,
entendemos o “com-o-mundo” como algo forte e preponderante. Assim, o que
é importante a se destacar no Construcionismo é a ação do estudante que é
efetuada intencionalmente. Dessa forma, o que se mostra é o desenvolvimento
de um mundo criado para determinados propósitos educacionais e que
permitem o estudante atuar em com-junto com esse e, consequentemente,
vivenciá-lo. Maltempi (2004, p.265) garante que
A ideia é criar um ambiente no qual o aluno esteja […] engajado em construir um artefato público e
de interesse pessoal (head-in). Portanto, ao conceito de que se aprende melhor fazendo, o
Construcionismo acrescenta: e melhor ainda quando se gosta, pensa e conversa sobre o que se faz.
O gostar, pensar e conversar são processos que podem ser destacados e que
condicionam o que Papert (1994, p.127) chamou de construção “no mundo”.
Essa construção possui sintonia com a criação de um produto que possa “[…]
ser mostrado, discutido, examinado, sondado e admirado […], tornando-se,
desse modo, menos uma doutrina puramente mentalista”. Mas que é
percebida, dialogada, refletida, com processos que são expressos e
socialmente compartilhados. Contudo,
Ao se relacionar com o meio, [cada um] depara com situações em relação às quais age. O
indivíduo interpreta para si próprio as atividades que desempenha e as experiências que vivencia. São
estas interpretações que constituirão parte de sua estrutura, e não a experiência em si. (Bicudo, 1978,
p.53)
Neste item, trazemos uma síntese aberta, pois sempre com possibilidade de
ser modificada em virtude de outras compreensões que possam nos levar a ver
um horizonte mais aberto em que a complexidade do tema aqui tratado se
enreda. É uma síntese, pois reúne, ao modo de um resumo articulado,
compreensões expostas na discussão que trouxemos neste texto.
Entendemos que as tecnologias digitais estão presentes em nosso cotidiano
– de pessoas que vivem em ambientes urbanos, seja em cidades ou não
mundo vida, revelando-se em diferentes dimensões como: no trabalho, na
produção de conhecimento científico, nas atividades de ensino e de
aprendizagem, nos jogos, nas brincadeiras de crianças, de adultos e de
pessoas já com idade mais avançada, nos afazeres cotidianos como atividades
bancárias, de comércio etc.
Na compreensão do senso comum e mesmo de estudiosos, as TD são vistas
como recursos para fazer algo ou como ferramentas para serem usadas. Essa
concepção também está presente em situações de ensino e aprendizagem
quando as tratamos como utensílios que podem amenizar momentos
enfadonhos em que a disciplina há que ser observada, prendendo a atenção e a
disponibilidade para que o estudante faça o solicitado. São, nesse caso, vistas
como separadas do modo de pensar do sujeito que aprende.
Nós, diferentemente, compreendemos que somos sempre com o mundo e
com os outros que neles estão, sujeitos encarnados, ou seja, sujeitos viventes,
natureza, animais e produções humanas historicamente presentes na cultura.
As TD são uma produção humana, histórica e culturalmente presente no
mundo vida. Sendo assim, somos com elas, também. Isso significa que elas se
constituem materialidades e formas com as quais realizamos afazeres,
respondendo a solicitações para as quais nos voltamos intencionalmente,
disparando ações. Ou seja, para as quais dirigimo-nos de modo atento e
preocupados com sua realização. Nesse movimento, a percepção das TD e dos
modos pelos quais podem ser operacionalizadas é trazida para os atos de
consciência que, pela busca incessante de sentido que o mundo faz e dos
significados que podem ser expressos, vai articulando o sentido e
compreendendo-as. Nessa articulação a própria linguagem lógica das TD se
faz presente na organização da inteligibilidade e na expressão disso que está
se revelando inteligível para o sujeito encarnado. Ao expressar o
compreendido, expõe aos seus cossujeitos que também buscam pelo sentido
do mundo. A compreensão entre os cossujeitos, a concordância quanto ao
modo de expressá-la e a repetição disso que foi assim compreendido e
expresso constitui a objetualidade ou objetividade do mundo vida. Mostra-se,
desse modo, a produção do conhecimento.
Esse movimento também ocorre quando as atividades de ensino e de
aprendizagem tratam da Matemática e da matemática. As TD trazem modos
de dizer dessa ciência, bem como viabilizam uma gama diferenciada de
atividades expostas em formas e cores diferentes. A atitude assumida por
aqueles profissionais que estão envolvidos com a proposta pedagógica de
ensinar matemática com as TD os levam a propor questões que possam fazer
convergir intencionalidades dos sujeitos presentes, promovendo exposições
de raciocínios, modos de realizar atividades, modos de expressá-las, bem
como promovendo o exercício de ouvir o outro e de compreendê-lo, para
poder retomar o dito e avançar com a compreensão. Esse é o próprio processo
de produção de conhecimento matemático com as TD.
Referências bibliográficas
O objetivo então não é definir como as coisas são, mas o que se tornam,
para nós, possíveis de ser, no mundo vida. Assim que propomos olhar para as
duas perspectivas: tecnologia e formação de professores de matemática,
pensando em sua correlação, buscando por aberturas para além da utilidade,
enfatizando aspectos do tempo vivido, cada pessoa ao seu modo, com tudo o
que nos cerca e nos toca.
Para Heidegger (2012) e estudiosos de sua obra, esse movimento solicita
outro entendimento de tempo que não é o tempo marcado cronologicamente,
nem escolarmente, mas um tempo vivido (Bicudo, 2003b), uma
temporalidade. Segundo Bicudo (2003b), a questão do tempo sempre esteve
implícita no modo de ser do homem: “é uma característica ontológica do
modo humano de existir”. Assim, o tempo, enquanto temporalidade (modos
de estar no tempo), indica a consubstancialidade do tempo e do espaço, ou
seja, que nossos modos de habitar20 o mundo, nossa espacialização, podem
ser compreendidos como um “tempo vivido”. Pensando em como
compreender o habitar nesse mundo adjetivado de tecnológico, trazemos o
habitar na obra heideggeriana, que também diz do tempo vivido, mas com
significados específicos.
Segundo Saramago (2011), a afirmação heideggeriana “o não sentir-se em
casa deve ser compreendido, existencial e ontologicamente, como o fenômeno
mais originário” aponta para três aspectos: a questão do habitar que assume
um caráter essencial ao longo do pensamento do filósofo; a característica de
tratar-se de um fenômeno originário e a tensão entre o habitar mergulhado na
estranheza e o “sentir-se em casa” como modos de encobrimento dessa
condição humana, finita. Heidegger pensava no habitar pelo seu oposto, o
“não se sentir em casa”.
A este respeito, Julian Young afirma que o habitar significa em Heidegger “segurança ontológica”
(“ontological security”), dimensão esta que é nitidamente excluída de Ser e Tempo, onde: “ser, pois,
autêntico, não é, entretanto, um voltar para casa. Não é uma ‘solução’ para, ou um superar a ausência
de morada. É, antes, um viver com ausência de morada”, diz Young. (Saramago, 2011, p.75)
Pelo que temos discutido ao longo deste texto, o que herdamos vem
revelando a formação pela imagem ideal a ser perseguida. A estética do
formar coloca na forma a força da ação. Assim sendo, tira da ação o impulso
para dar a forma e nos permite, assim, reforçar a pergunta: quão bem formado
está o professor? O convite de Fogel é para entender o legado, considerando o
herdado como destino, servidão e liberdade. Destino porque não fugimos ou
ignoramos o vivido e, assim, o presente vem na esteira do passado. Servidão,
ao assumirmos as experiências do passado como postas e impostas, de modo a
destacar o viés prático de colocar o legado em posição de uso, sem um solo de
sustentação. Liberdade ao assumirmos nossa condição de herdeiros, cuidando
de nossa herança pela busca do entendimento do que é isso que nos foi
enviado, atentos aos modos como nos compreendemos no mundo e, assim,
vamos nos constituindo professores de matemática com tudo que povoa o
mundo vivido.
Referências bibliográficas
16 Interesse compreendido como algo que nos situa e faz com que busquemos o sentido das coisas.
17 Doutora em Educação Matemática. Professora na Universidade Tecnológica Federal do Paraná e no
Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciência e em Matemática da Universidade Federal do
Paraná.
18 Doutora em Educação Matemática. Professora do Departamento de Matemática da Unesp.
Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá.
19 Mestre em Educação em Ciências e em Matemática pela Universidade Federal do Paraná.
Professora da Prefeitura Municipal de Curitiba. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em
Educação Matemática da Unesp/IGCE, Rio Claro.
20 “Uma ponte, um hangar, um estágio, uma usina elétrica são construções e não habitações: a estação
ferroviária, a autoestrada, a represa, o mercado são construções e não habitações. Na autoestrada, o
motorista de caminhão está em casa, embora ali não seja a sua residência; na tecelagem, a tecelã está
em casa, mesmo não sendo ali a sua habitação. Nelas, o homem de certo modo habita e não habita,
se por habitar entende-se simplesmente possuir uma residência” (Heidegger, 2002, p.125).
21 É importante destacar que para Heidegger o homem é um ser para a morte, ou seja, o homem se
demora na Terra enquanto a habita e sabe que enquanto habita encaminha-se para a morte.
CAPÍTULO 3
Possibilidades do trabalho investigativo
com A Geometria Dinâmica
Introdução
Apresentando compreensões
Referências Bibliográficas
Introdução
Referências bibliográficas
Introdução
As atividades e o software
Objetivos
A atividade Área de quadriláteros tem por objetivo resgatar o significado da
área de figuras planas, especificamente do quadrado e retângulo, favorecido
pela representação geométrica da multiplicação.
Na segunda atividade, Estoque de segmentos, procura-se explorar o
significado da expressão “trinômio quadrado perfeito” por meio do estudo do
Produto Notável “quadrado da soma de dois termos”.
Duração da Atividade
A sequência de atividades foi elaborada para que cada uma das tarefas seja
desenvolvida em duas aulas de 50 minutos cada.
As Atividades
g) Usando a soma das áreas das figuras que compõem o quadrado de lado a
+ b, escreva a sentença que dá a área total.
h) A expressão algébrica resultante da soma das áreas é o produto (a + b)2.
Esse produto é denominado trinômio quadrado perfeito. Como você
explica essa denominação?
Considerações finais
Introdução
Duração da Atividade
A Atividade
A Figura 1 a seguir permite ter uma ideia da tarefa proposta. Nela, o ponto
denominado F é comum às duas figuras. É o centro de homotetia. A figura
inicial é ABCDE e A’B’C’D’E’ é sua homotética (ampliada segundo um fator
k, nomeado r na figura abaixo). O software utilizado – o GeoGebra – permite
que, através de um controle deslizante “r”, se construam figuras ampliadas ou
reduzidas (figuras homotéticas) relativamente à figura original.
Figura 1: Ampliação por homotetia
Referências bibliográficas
Introdução
Objetivos
A proposta aqui sugerida é composta por quatro atividades. Cada uma delas
foi desenvolvida pensando-se num tempo de execução de duas horas-aula, o
que, obviamente, poderá ser alterado considerando-se as condições e
características de cada turma.
As Atividades
Referências bibliográficas
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Caderno do Aluno.
Matemática: ensino fundamental. 9º ano. Volume 2. São Paulo: SEE, 2014-
2017.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Caderno do Professor.
Matemática: ensino fundamental. 9º ano. Volume 2. São Paulo: SEE, 2014-
2017.
Introdução
Objetivos
Duração da Atividade
A Atividade
Considerações finais
A opção pelo desenvolvimento da atividade com o software GeoGebra
possibilita explorar ideias relativas à visualização das relações métricas no
triângulo retângulo. Dependendo do modo pelo qual a atividade seja
conduzida, é possível explorar diversos conteúdos da geometria plana, como
semelhança de triângulos, medida de ângulos, Teorema de Pitágoras. Vale
ressaltar que o principal objetivo do trabalho com o software é favorecer a
investigação. Para isso é preciso conduzir a atividade fazendo perguntas aos
alunos e incentivando-os a manipular o software e registrar suas conclusões.
Autores como Dreyfus (1991) destacam a relevância do trabalho com a
visualização para apoiar a intuição e contribuir para a formação de conceitos
matemáticos. O autor ressalta que muitos estudantes têm dificuldade em ler
um diagrama e reconhecer as transformações que podem ser feitas neles. A
dinamicidade do GeoGebra favorece, por exemplo, a mudança de posição nas
figuras, a sobreposição, a alteração de medidas facilitando a identificação dos
elementos que compõem o diagrama em análise. No caso das relações
métricas, na maioria das vezes, os alunos têm dificuldade em identificar os
triângulos retângulos que são obtidos pelo traçado da altura.
A movimentação dos vértices dos triângulos, de modo que seja possível
observar a alteração (ou não) das medidas dos lados e dos ângulos, possibilita
explorações que não poderiam ser feitas com lápis e papel. A visualização de
relações, como no caso da relação métrica h2=m*n, ou mesmo de explorações
acerca da relação entre as medidas dos catetos e da hipotenusa (Teorema de
Pitágoras) contribuem para o desenvolvimento da habilidade de
generalização. Porém, vale destacar que a linguagem deve ser construída com
a intervenção do professor.
Para finalizar voltamos novamente a Dreyfus (1991) destacando, com o
autor, a relevância da habilidade visual para a abstração. Segundo ele, a
exploração das estruturas presentes nos diagramas favorece a imaginação que
é essencial ao processo ao raciocínio matemático. Diz ainda que a
visualização hoje, na era das tecnologias digitais, é uma ação matemática
tanto quanto o cálculo ou a simbolização e, portanto, deve ser considerado
como um modo de revolucionar o ensino de matemática, valorizando a
exploração.
Referências bibliográficas
Introdução
Definição de prisma
Objetivos
A Atividade
Sugestão de Questões
Considerações finais
Referências bibliográficas
Introdução
Objetivos
Duração da Atividade
A Atividade
Passo a Passo
Área do prisma
Atividade proposta
Considerações finais
Referências bibliográficas
53 Doutor em Educação Matemática pela Universidade Anhanguera de São Paulo (UNIAN). Docente
na Faculdade de Informática e Administração Paulista (FIAP).
54 Professor de matemática da EE. Conselheiro Rodrigues Alves, Diretoria de Ensino de
Guaratinguetá. Secretaria de Estado da Educação/São Paulo.
55 Professor de matemática da EE. Professor José Félix, Diretoria de Ensino de Guaratinguetá.
Secretaria de Estado da Educação/São Paulo.
PRISMAS: CONSTRUINDO E EXPLORANDO FORMAS NO ESPAÇO
CADERNO DO PROFESSOR DO 2º ANO VOL. 2
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 5
Prismas e seus elementos: da investigação à generalização
Elisangela Pavanelo56
Valery Cristiane Martins da Silva Siqueira Mascarini57
Figura 3: Sólido geométrico que não pertence a nenhuma das categorias anteriores
Passo 4 – Para criar o prisma, clique na janela de visualização 3D. Note que
ao executar essa ação os botões de comandos se alteram para os da janela 3D.
Clique em “Extrusão para Prisma ou Cilindro” e em seguida clique no
polígono da janela 3D. Aparecerá uma caixa de diálogo na qual será solicitada
a altura do prisma; digite “altura”. Com isso, o software relaciona a altura do
prisma com o controle deslizante criado inicialmente.
Figura 10: Dados relacionados às figuras que podem ser explorados no GeoGebra
Vale ressaltar que, para o caso do prisma regular triangular, o lápis terá o
tamanho da diagonal da face lateral. É interessante observar que esse prisma
não tem diagonal, em virtude de sua base ser um triângulo (polígono que não
possui diagonais).
É possível, também neste caso, explorar a medida da área das faces do
prisma, área total e volume do prisma.
O Caderno do Professor traz uma discussão interessante em relação à ideia
de diagonal para o prisma de base hexagonal que pode ser explorada no
software. A partir da construção, os alunos poderão observar que o prisma
possui duas diagonais de medidas diferentes, cada uma relativa às medidas
das diagonais da base, que é um hexágono. Desse modo, o maior lápis que
poderá ser colocado na caixa é aquele cujo comprimento é igual ao da maior
diagonal do prisma.
Figura 16: Prisma regular hexagonal
Cabe aqui uma discussão mais cuidadosa sobre esse assunto, uma vez que
uma pergunta poderá surgir naturalmente entre os alunos: por que o prisma
hexagonal possui diagonais com medidas diferentes?
Para explorar essa pergunta, vamos partir do plano, isto é, da diagonal da
base do prisma. Por definição, a diagonal de um polígono é um segmento de
reta que une dois vértices não consecutivos desse polígono. Se pensarmos em
um prisma com base triangular, o polígono da base, como já sabemos, é um
triângulo. Vamos então utilizar a definição de diagonal para o triângulo ABC
ilustrado na imagem a seguir.
Conclusão
Introdução
Para cada uma das pirâmides pode-se destacar seus elementos: uma base,
determinada por um polígono regular ou irregular, faces laterais triangulares
em número igual ao número de lados do polígono da base, arestas que são os
segmentos de reta (lados do polígono da base ou dos triângulos das faces
laterais). As arestas podem ainda ser separadas em “arestas da base” e
“arestas laterais”. Uma pirâmide será considerada “regular” quando o
polígono da base for regular, isto é, tiver todos os lados de mesma medida e
suas arestas laterais forem congruentes entre si. Caso contrário, a pirâmide
será irregular.
Nesta proposta, iremos nos ater ao estudo das pirâmides regulares, mais
especificamente à sua construção no GeoGebra. Pela construção é possível
explorar o número de lados do polígono da base, alterar o comprimento das
arestas e da altura, fazer a sua planificação, calcular sua área, seu volume e
visualizar os apótemas da base e da pirâmide.
Duração da Atividade
Esta atividade tem previsão de 4 aulas de 50 minutos cada: duas aulas para
construção da pirâmide regular no software e duas aulas para exploração dos
elementos da pirâmide e cálculo da área e do volume.
A Atividade
Considerações finais
Referências bibliográficas
58 Mestre em Educação Matemática pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”,
câmpus de Rio Claro. Professor de matemática da Prefeitura Municipal de Guaratinguetá.
59 Professora de matemática da EE Oswaldo Cruz, Diretoria de Ensino de Guaratinguetá. Secretaria de
Estado da Educação/São Paulo.
60 Professor de matemática da EE Oswaldo Cruz, Diretoria de Ensino de Guaratinguetá. Secretaria de
Estado da Educação/São Paulo.
61 Na videoaula e no passo a passo para a construção da atividade não foi inserido o incremento na
janela de diálogo do controle deslizante. Assim, o GeoGebra automaticamente reconhece que o
incremento é de “0.1”. Porém, é possível alterá-lo de acordo com a necessidade do professor.
SOBRE O LIVRO
1ª edição Editora Unesp Digital: 2018
Diagramação e capa: Vicente Pimenta