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48º Curso de Formação de Sargentos

Análise Musical

Análise do 7º andamento da Gran Partita em Sib K. 361 de W. A. Mozart

Docente: Sargento Ajudante Luís Balão


Instruendo Aluno: Hugo Miguel da Silva Mendes
Resumo

O presente trabalho aborda alguns aspetos da vida e obra de Mozart, compositor de


extrema importância do Classicismo e da história da música, mas é essencialmente sobre a
Gran Partira em Si bemol Maior, K. 361, mais concretamente sobre o Rondó final desta grande
obra de Mozart. O período clássico foi denominado como o “século das luzes” desenvolvendo-
se a partir de 1750 até 1827. Tal como outras grandes obras, esta foi escrita na Forma Sonata.

Palavras Chave: Classicismo, Mozart, Gran Partita, Forma Sonata.

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Índice

Resumo………………………………………………………………………………………………...2
Índice……………………………………………………………………………………………………3
Índice de imagens …………………………………………………………………………………….4
Introdução……………………………………………………………………………………………...5
Contextualização histórica …………………………………………………………………………...6
1. Forma Sonata …...…………………………………………………………………………... 6
Compositor……………………………………………………………………………………………..7
Desenvolvimento……………………………………………………………………………………...9
1. Analise do 7º andamento ……………………………………………………………………9
2. Quadro Resumo ………………….………………………………………………………... 14
Conclusão…………………………………………………………………………………………….15
Bibliografia……………………………………………………………………………………………16
Anexos

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Índice de imagens

Figura 1 – Tema principal (A) ………………………………………………………………………...9

Figura 2 – Tema B (episódio 1) ……………………………………………………………………..9


Figura 3 – Tema C (episódio 2) ……………………………………………………………………..9
Figura 4 – Tema D (episódio 3) ……………………………………………………………………10
Figura 5 – Tema E (episódio 4) ……………………………………………………………………10
Figura 6 – Tema F (episódio 5) ……………………………………………………………………11
Figura 7 – Tema G (episódio 6) …………………...………………………………………………11
Figura 8 – Tema H (episódio 7) ……………………………………………………………………12
Figura 9 – Reexposição (Tema A’) ..………………………………………………………………12
Figura 10 – Início do Desenvolvimento …………………………………….…………………….12
Figura 11 – Ponte …………………..……………………………………………………………….13
Figura 12 – Coda Final ………….………………………………………………………………….13

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Introdução

No âmbito da disciplina de análise musical do 48º Curso de Formação de Sargentos do


Quadro Permanente realizo este trabalho sobre a Gran Partita em Sib K. 361 de Mozart.
Assenta principalmente na análise do seu sétimo andamento, em que é analisado o percurso
tonal, os principais motivos do andamento, as partes em que se divide (exposição,
desenvolvimento e reexposição), os diferentes episódios e a identificação das cadências.
O trabalho está dividido em 3 partes, a contextualização histórica da obra, onde é abordada
a sua data de composição, as teorias que surgem acerca da sua estreia e toda a parte
histórica em que a obra se insere. A biografia do compositor, Mozart, já bem conhecido por
todo o mundo pela sua obra e pela relevância que teve no período clássico, pois deu um
grande contributo para que a música se desenvolvesse na sua época.
O período clássico começa a desenvolver se especialmente em Itália, França, Alemanha
e Inglaterra. Toda a música do período clássico foi influenciada pela forma sonata. Esta forma
é uma composição em três ou quatro partes de atmosferas e tempos diferentes. A estrutura
da forma-sonata inicia se por uma introdução ou exposição do tema, seguindo do
desenvolvimento do mesmo, e terminando com uma reexposição, denominada “coda”.

Mozart é um compositor incontornável quando falamos do Classicismo, com mais de 600


obras escritas contribuiu para a evolução da música ocidental neste período.

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Contextualização histórica

A Gran Partira de Mozart foi composta entre 1781 e 1782 para 12 instrumentos de sopro
e 1 contrabaixo. Explorou as grandes possibilidades solísticas dos instrumentos de sopro
como, o oboé, o clarinete e o fagote. Nesta época as obras eram escritas consoantes a
capacidade dos instrumentistas, destaco Anton Stadler (1753-1812), um clarinetista austríaco
muito apreciado por Mozart. Esta grande obra é composta por 7 andamentos e assenta no
estilo musical do período clássico, a Forma Sonata.

1. Forma Sonata

Nos finais do séc. XVIII e princípios do séc. XIX, a sonata era considerada como uma forma
natural de expressão, entendida e apreciada por todos pela lógica da sua estrutura e pelas
suas características melódicas e temáticas. A grande contribuição da sonata para a Música
foi a sua estrutura conhecida por 1º andamento de sonata ou forma sonata.

O termo “forma sonata” é uma estrutura harmónica e melódica que caracteriza um


andamento da obra. É dividido em três secções:
• exposição, onde o tema é apresentado de forma introdutória;
• desenvolvimento, é onde o tema é desenvolvido em diferentes formas rítmicas e
harmónicas, para concluir volta à tonalidade original;
• reexposição, o tema da exposição inicial é novamente apresentado, sendo este numa
tonalidade próxima (ex. a dominante) sem concluir. Pode terminar com uma Coda final.

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Compositor

Wolfgang Amadeus Mozart, (1756-1791) foi um compositor austríaco, considerado um dos


maiores nomes da música clássica e um dos compositores de maior relevância da história da
música no Período Clássico. Nasceu em Salzburg, na Áustria, no dia 27 de janeiro de 1756,
é filho de Leopold Mozart, músico da corte, e de Anna Maria Pertl, filha do administrador do
castelo de Saint Gilgen.
Desde pequeno já demonstrava genialidade para a música, com apenas quatro anos já
assimilava as lições de cravo que a sua irmã Marianne tinha. Diante disso, o seu pai começou
a ensinar-lhe música e Mozart aprendia com uma enorme facilidade. Com cinco anos,
escreveu um concerto para cravo, “Minueto e Trio em Sol Maior”, hoje catalogado no Índice
Koechel como o nº 1.
As primeiras excursões foram organizadas por Leopold (pai de Mozart). Em 1762, com
apenas seis anos, acompanhado pela irmã de 10 anos, também ela talentosa, Mozart é levado
para Munique, onde realizou um recital. Ainda em 1762, seguem para Viena, onde recebem
elogio da sociedade vienense e são convidados para tocar para a imperatriz Maria Tereza.
De seguida Mozart apresenta-se em algumas cidades da Alemanha, sempre com as salas
esgotadas. Depois de tocarem para a corte em Bruxelas, seguem para Orleans e depois Paris.
Começam o ano de 1764 em Versalhes e as quatro sonatas para violino e cravo, que compôs
no ano anterior começam a ser publicadas em Paris. Em Londres, a família Mozart foi recebida
pelo rei Jorge III. Com oito anos de idade, Mozart executou com perfeição as partituras que
lhes foram apresentadas. Mozart conhece Johann Chistian Bach em Inglaterra e segue para
Viena voltando para Salzburgo, quando é contratado para servir na capela episcopal.
Entre 1770 e 1773, Mozart viajou por toda a Itália. Em Roma, depois de ouvir o coro da
“Capela Sistina” cantar o Miserere, de Gregorio Allegri, reescreveu de ouvido tudo para o
papel assim que chegou à hospedaria. A audácia de Mozart foi perdoada pelo papa e
condecorou-o com a “Cruz do Esporim de Ouro”.
Mozart passou três meses em Bolonha, onde aprendeu contraponto com o padre Martin e,
embora tivesse uma idade inferior, sete anos menos do que os vinte exigidos pelo
regulamento, conquistou uma vaga na “Academia Filarmónica Bolonhesa”. Após concluir a
prova, foi aplaudido por todos os membros da instituição e tornou-se o aluno mais jovem da
escola.
De volta a Salzburgo, Mozart é promovido a Mestre de Capela. Nessa época, já com uma
obra bastante extensa, sofre deceções e amarguras. É humilhado pelo arcebispo e obrigado
a tomar as suas refeições com os criados. A imperatriz não permitia que o filho Ferdinando
ficasse ao lado de um músico que viajava pelo mundo como se fosse um pedinte.
Em 1777, acompanhado pela sua mãe, Mozart partiu para Munique. Em Mannheim,
experimentou o piano de Stein, ficando deslumbrado com os recursos e sonoridade do
instrumento escrevendo assim a “Sonata Para Piano em Dó Maior”. Aos poucos foi
abandonando o cravo, e focou-se no piano.
Em 1778, a sua mãe falece em Paris. Mais uma vez, Mozart volta para Salzburgo, e
conquista o seu emprego de volta. Em 1781, após a encomenda da ópera “Idomeneo”, uma
das mais notáveis de sua carreira, vai para Munique. Depois de se desentender
definitivamente com o arcebispo, vai viver para Viena.

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De 1781 a 1786 foi o período com mais produtividade para Mozart, compôs várias óperas,
entre elas, “O Rapto de Serralho” (1782), “As Bodas de Fígaro” (1786), Sonatas para piano,
os seis quartetos de cordas dedicados a Haydn e também concertos para piano. Em 1782,
casa-se com Constanze Weber, tendo assim dois filhos.
A partir de 1786, Mozart começa a enfrentar problemas financeiros e de saúde, piorando
a partir de 1787, quando o imperador José II lhe concedeu uma pensão anual. Neste mesmo
ano, estreia a ópera “Don Giovanni”. No ano de 1791 compôs suas últimas obras, entre elas,
as óperas “A Flauta Mágica” e “A Clemência de Tito”, e a missa fúnebre "Réquiem".
Wolfgang Amadeu Mozart faleceu em Viena, na Áustria, no dia 5 de dezembro de 1791.

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Desenvolvimento

1. Análise do 7º andamento

Este andamento está dividido em Tema principal e vários episódios. O tema principal tem
uma quadratura de 16 compassos e todos os episódios contêm 8 compassos. Na última
reexposição a quadratura é de 59 compassos e é onde estão presentes o desenvolvimento e
a Coda final. A partitura segue em Anexo com estas indicações.
O andamento começa na tonalidade de Si bemol Maior com um tutti, o motivo que está
retratado na Figura 1 tem um carácter vivo, iniciado em anacruse pelos oboés e clarinetes
enquanto que as restantes vozes acompanham com colcheias. Designo este tema como o
tema A, tem uma quadratura de 16 compassos, neste caso são os compassos iniciais.

Figura 1 - Tema principal (A)

No compasso 17 começa o tema B, mantendo um caráter vivo como denotamos na Figura


2. Este primeiro episódio está em Fá Maior, que é a dominante da tonalidade inicial do
andamento.

Figura 2 - Tema B (episódio 1)

O segundo episódio tem início no compasso 25, está na tonalidade inicial, si bemol Maior.
Neste tema Mozart escreve um caráter mais melódico, mantendo sempre o apoio rítmico em
anacruse nos clarinetes, como vemos na Figura 3.

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Figura 3 - Tema C (episódio 2)

No compasso 33 inicia o tema D, o terceiro episódio. Está na tonalidade de Sol menor, a


relativa menor da tonalidade inicial. A melodia principal está presente no primeiro clarinete e
no primeiro cor de basset. Na Figura 4 podemos ver a melodia na voz do primeiro clarinete e
o acompanhamento em concheias no fagote.

Figura 4 - Tema D (episódio 3)

O quarto episódio, Tema E, começa no compasso 57 e é iniciado pelo cor de basset, o


naipe predominante é o de clarinetes. Está na tonalidade de Mi bemol Maior, o quarto grau da
tonalidade inicial. A melodia está no primeiro clarinete e no primeiro cor de basset, enquanto
que as segundas vozes destes instrumentos têm um acompanhamento de semicolcheias. Os
fagotes também têm um baixo em semínimas.

Figura 5 - Tema E (episódio 4)


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O episódio 5 está na relativa menor da tonalidade do episódio anterior, Dó menor. Com
inicio no compasso 65 tem como instrumentos principais os oboés e os clarinetes. Na figura
6 está representado um excerto deste episódio.

Figura 6 – Tema F (episódio 5)

O tema G, episódio 6, está em Sol menor, dominante de Dó. O tema é apresentado pelos
oboés e pelos clarinetes. As restantes vozes acompanham com concheias. Este episódio
começa no compasso 73.

Figura 7 - Tema G (episódio 6)

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O episódio 7, que é o tema H, tem a particularidade de ter o Fagote em destaque pela
primeira vez com a melodia em resposta aos restantes instrumentos que têm tido destaque
até aqui. Este último episódio está em Ré menor, dominante da tonalidade anterior. Na Figura
8 verificamos a voz do fagote onde aparece o tema deste episódio.

Figura 8 - Tema H (episódio 7)

Na reexposição do compasso 89, em Si bemol Maior, o tema principal é tocado unicamente


pelo oboé, como denotamos na Figura 9, só no compasso 97 é que entra o tutti já conhecido
da primeira apresentação no início do andamento. Neste Tema A’ é mostrado um novo motivo,
um desenvolvimento do tema, representado na Figura 10.

Figura 9 – Reexposição (Tema A’)

Figura 10 - Início do Desenvolvimento

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No final do andamento o compositor escreve uma “Ponte” em semicolcheias tocado por
todos os instrumentos menos pelas trompas (Figura 11) e também uma Coda Final (Figura
12).

Figura 11 - Ponte

Figura 12 - Coda Final

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2. Tabela Resumo

Temas Tonalidades Compassos Quadratura


A Si b 1-16 16 compassos
B (Ep.1) Fá 17-24 8 compassos
C (Ep.2) Si b 25-32 8 compassos
D (Ep.3) Sol m 33-40 8 compassos
A Si b 41-56 16 compassos
E (Ep.4) Mi b 57-64 8 compassos
F (Ep.5) Dó m 65-72 8 compassos
G (Ep.6) Sol m 73-80 8 compassos
H (Ep.7) Ré m 81-88 8 compassos
A’ Si b 89-148 59 compassos

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Conclusão

A análise desta grande obra de Mozart levou-me a pesquisar sobre toda a história do
Período Clássico, desta forma fiquei a conhecer muito mais do que já sabia acerca desta
época importante da História da Música.
Esta obra foi um dos expoentes da música de câmara para instrumentos de sopros, na
altura estes grupos tocavam na rua como forma de entretenimento. Tem como solistas o oboé,
o clarinete e o fagote, isto devido aos músicos extremamente capacitados da altura, como é
o caso do clarinetista austríaco Anton Stadler. Embora tudo isto o sétimo e último andamento,
Rondó, contém muitas passagens Tutti nas quais os oboés e clarinetes tocam em uníssono,
particularmente no tema principal, nos episódios existem mais momentos solísticos dos
instrumentos.
Após a realização deste trabalho aprofundei mais os meus conhecimentos acerca da
história da música e da produção e estilo musical do Período Clássico, a Forma Sonata é o
principal estilo desta época.

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Bibliografia

GROUT, Donald J. / PALISCA, Claude V. – História da Música Ocidental, GRADIVA,


Gulherme Valente; 4ª edição: Janeiro de 2007

http://pt.wikipedia.org/wiki/Wolfgang_Amadeus_Mozart

https://en.wikipedia.org/wiki/Serenade_No._10_(Mozart)

https://www.gramophone.co.uk/features/article/inside-mozart-s-serenade-in-b-flat-gran-
partita

https://www.allmusic.com/composition/serenade-no-10-for-winds-in-b-flat-major-gran-partita-
k-361-k-370a-mc0002659587

https://muswrite.blogspot.com/2011/12/mozart-serenade-no-10-in-b-flat-major.html

16
Serenade in Bb for 13 Winds, K.361

Anexos

Tema principal (Si bemol Maior)


/repetição

49
Serenade in Bb for 13 Winds, K.361

Episódio 1 (Fá Maior)

Episódio 2 (Si bemol Maior)

50
Serenade in Bb for 13 Winds, K.361

Episódio 3 (Sol menor)


Reexposição (Si bemol Maio

51
Serenade in Bb for 13 Winds, K.361

Episódio 4 (Mi bemol Maior)

Episódio 5 (Dó menor)

52
Serenade in Bb for 13 Winds, K.361

Episódio 6 (Sol menor)

Episódio 7 (Ré menor)

53
Serenade in Bb for 13 Winds, K.361

Reexposição tocada pelo oboé (Si bemol Maior)

Desenvolvimento

54
Serenade in Bb for 13 Winds, K.361

Ponte

55
Serenade in Bb for 13 Winds, K.361

CODA Final

56

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