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Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício


ISSN 1981-9900 versão eletrônica
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RESPOSTAS HORMONAIS DA TESTOSTERONA E CORTISOL DEPOIS


DE DETERMINADO PROTOCOLO DE HIPERTROFIA MUSCULAR

HORMONES ANSWERS OF THE TESTOSTERONE AND CORTISOL AFTER


DETERMINED PROTOCOL OF MUSCULAR HYPERTROPHY.
1
Hilton Coltinho ,
1
Raphael Arnaut Brinco ,
1
Sandro Henrique Diniz .

RESUMO ABSTRACT

O propósito do presente estudo foi mensurar e The intention of the present study was to
avaliar as variações das concentrações measure and to evaluate the variations of the
hormonais de testosterona e cortisol durante hormones concentrations of testosterone and
treino de força com duas séries de dez cortisol during power trainings with two series
repetições. Participaram do estudo quatro of ten repetitions. Four individuals of the
indivíduos do sexo masculino, com idades masculine sex had participated of the study,
entre 21 e 24 anos. Os dados foram coletados with ages between 21 and 24 years. The data
em um único dia. Para obtenção dos dados had been collected in one single day. For
referentes às características físicas dos attainment of the referring data to the physical
sujeitos (peso e estatura) utilizou-se a balança characteristics of the individuals (weight and
Welmy modelo 110 (0,1Kg) e um Estadiômetro stature) it was used a Welmy scale model 110
de parede WCS com 220cm e para as (0.1kg) and a height measurer WCS with 220
análises hormonais utilizou-se o método de cm and for the hormones analyses was used
Eletroquimioluminescência. O treino foi the method of electrochemioluminescence.
realizado das 7h às 8h30, no qual realizaram The trainings were carried through of 7h to
um conjunto de exercícios dinâmicos com 10 8h30, in which had carried through a set of
repetições a 70% de 1 RM com dois minutos dynamic exercises with 10 repetitions 70% of 1
de intervalo. As concentrações hormonais RM with two minutes of interval. The hormones
foram mensuradas antes e imediatamente concentrations had been measured
após a sessão de treino. Para tratamento dos immediately before and after the session of
dados utilizou-se a média e o desvio padrão trainings. To analyse the data it was used
das taxas hormonais. Pelas evidências average and the shunting line standard of the
encontradas neste estudo, pode-se concluir hormones taxes. From the evidences found in
que é necessário aumentar o número de this study, it can be concluded that it is
indivíduos na amostra a fim de melhorar a necessary to increase the number of
estatística, pois na análise da testosterona individuals in the samples in order to improve
existe um valor discrepante; e a variação da the statistics, because in the analysis of the
concentração de cortisol sangüínea foi muito testosterone exist a discrepant value; and the
pequena, indicando que a carga de sessão de variation of the sanguine concentration of
treinamento (2x10 – 70% de 1 RM) foi cortisol was very small, indicating that the
insuficiente para provocar uma resposta de intensity of training session (2x10 70% of RM)
estresse were insufficient to provoke a reply of stress.

Palavras-Chave: testosterona; cortisol; Key Words: testosterone; cortisol; muscular


hipertrofia muscular; homens. hypertrophy; men.

1- Programa de Pós-Graduação em Fisiologia Endereço para correspondência:


do Exercício – Prescrição do Exercício da
Universidade Gama Filho - UGF

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.1, n.3, p.72-77, Mai./Jun. 2007. ISSN 1981-9900.
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INTRODUÇÃO principal hormônio andrógeno (Bullock e


colaboradores, 1998).
As adaptações ao treinamento de Nos homens, é possível que vários
força são influenciadas pelas alterações das fatores influenciem as concentrações agudas
concentrações hormonais decorrentes dos de testosterona total e podem determinar
diversos tipos de estímulos aplicados no aumentos significativos nessas concentrações
treinamento com pesos. Portanto, para o durante ou após o exercício. No homem, 95%
entendimento das questões anabólicas e da produção da testosterona ocorre nas
catabólicas decorrentes da atividade de força, células de Leydig dos testículos e os outros
é fundamental a compreensão de alguns 5% é produzido no córtex supra-renal e no
hormônios primordiais. No caso, este trabalho cérebro. Tendo uma vida média muito
enfocará a testosterona e o cortisol. pequena de 12 minutos, portanto para se
O estímulo no exercício de força é manter constante é necessário que vá
realizado com base em uma combinação de sintetizando continuamente. A mulher produz
variáveis, que irão influenciar de formas de 10 a 20 vezes menos testosterona que o
diferentes os mecanismos de reparo do tecido homem, sendo produzida no córtex supra-
após cada sessão de exercício. Isto é, a renal, no cérebro e nos ovários (Badillo e
escolha do exercício, da ordem, da carga, do Ayestarán, 2001). Segundo Costill (2001), os
descanso e do volume total (séries versus homens apresentam um aumento
repetições versus carga) irão causar diferentes significativamente maior no tamanho muscular
respostas durante e após o exercício. O uso do que as mulheres com o mesmo programa
de diferentes protocolos de exercício resulta de treinamento de força e com o mesmo
em diferentes respostas hormonais e tais aumento relativo de força.
diferenças provavelmente influenciam os A testosterona é sintetizada a partir do
mecanismos de adaptação durante um colesterol, sendo produzido aproximadamente
programa de treinamento de força. Os vários 5 a 10 mg/dia e é degradada no fígado. Na
mecanismos hormonais provavelmente circulação, 97% da testosterona encontra-se
respondem diferentemente em indivíduos ligada a proteínas albumina e SHBG e os 3%
treinados e não-treinados, promovendo um restante encontra-se no plasma em forma
aumento ou decréscimo nas concentrações livre, que é a forma biologicamente ativa. A
hormonais decorrentes da fadiga causada pelo concentração sanguínea de testosterona não
exercício (Simão, 2003; Fleck e Kraemer, permanece constante no homem durante o
1999). dia, possui uma forma pulsátil. O valor mais
A função da testosterona é a elevado geralmente é em volta das seis da
promoção do crescimento muscular, o que é manhã enquanto o valor mais baixo é
particularmente significativo para nossa encontrado ao anoitecer (Badillo e Ayestarán,
compreensão do treinamento de força e das 2001).
diferenças sexuais do crescimento muscular. Ainda segundo Badillo (2001), a
Enquanto que o cortisol é um hormônio que produção de testosterona pelos tecidos é
favorece o catabolismo (degradação) das estimulada fundamentalmente por três
proteínas do músculo (Badillo e Ayestarán, hormônios encontrados na hipófise: o
2001). hormônio luteinizante (LH), o hormônio
A diminuição da testosterona, junto estimulante do folículo (FSH) e a prolactina.
com o aumento do cortisol, poderia aumentar Dente eles o mais importante é o LH.
mais o catabolismo do que o anabolismo Enquanto os principais fatores inibidores da
protéico nas células (Costill e Wilmore, 2001). testosterona são: o cortisol, a dopamina e os
A testosterona tem sido usada como peptídeos opióides.
um marcador fisiológico ou contribuinte para A testosterona é um androgênio, uma
várias taxas hormonais na avaliação do estado substância que produz características
anabólico do corpo. As influências da masculinas. Seus efeitos anabólicos são
testosterona nas mudanças da estrutura e da responsáveis em parte pela retenção de
função musculares podem ser em grande proteínas pelos músculos e pela hipertrofia
parte devidas a sua interação com muitos muscular observada durante o treinamento de
tecidos, isto é, tecidos nervosos e outros força (Costill e Wilmore, 2001).
hormônios no corpo. A testosterona é o

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A testosterona encontrada no sangue a lipase deve continuar a ser ativada por


entra nas células do músculo em sua forma outros hormônios (Costill e Wilmore, 2001).
livre, por difusão. No citoplasma da célula Se um aumento da degradação de
muscular a testosterona une-se a proteínas proteínas do músculo pode deteriorar suas
receptoras de andrógenos e forma um proteínas contráteis, isso indica que a
complexo testosterona-receptor, no qual tem a produção elevada de cortisol seria
capacidade para dirigir-se ao núcleo da célula acompanhada de um aumento da atrofia
muscular onde vai interagir com o DNA e muscular e de uma diminuição da força, com o
produzir um RNAm específico para ter uma conseqüente efeito negativo no rendimento
ação sobre a maquinaria genética provocando esportivo (Kinkerdal e Garrett, 2003).
um aumento da síntese de proteínas. Estes A relação testosterona-cortisol tem
mecanismos podem ser os principais sido usada na tentativa de marcar o estado
responsáveis pelo aumento do tamanho da anabólico-catabólico do corpo. O uso do
célula muscular (Maughan e colaboradores, cortisol como um sinal de catabolismo
2000). permanece de algum modo ilusório e
O cortisol é sintetizado no córtex necessita de mais estudo sobre sua aplicação
supra-renal em uma quantidade aproximada (Simão, 2003). Diferentes pesquisadores
de 10-20 mg diários. Após a síntese o cortisol utilizaram a medida das concentrações
passa para a corrente sanguínea onde a maior sangüíneas basais de cortisol para avaliar o
parte (mais de 60%) encontra-se ligada a “estado catabólico” produzido por diferentes
proteínas (SHBG e albumina) e o restante tipos de treinamento de força.
encontra-se livre no plasma, que é a forma A fadiga aguda do exercício de força,
ativa. A concentração sanguínea de cortisol que produz aumentos nos hormônios
não permanece constante durante o dia, ela é anabólicos, estimula concomitantemente
pulsátil e sua vida média é de 80 a 100 aumentos no cortisol (Fox e Bowers, 1991).
minutos por isto é preciso ser sintetizada Essa resposta aguda do cortisol pode refletir
continuamente para manter suas uma combinação de fatores que incluem a
concentrações no sangue (Badillo e intensidade metabólica da fadiga do exercício
Ayestarán, 2001). e a necessidade de manter a disponibilidade
Os glicocorticóides e mais de glicose. Contudo, seu papel no excesso ou
especificamente o cortisol tem sido visto como na falta de exercício pode ser crítico quando
hormônios catabólicos no músculo comparados aos objetivos dos indivíduos.
esquelético. Os maiores efeitos catabólicos do Segundo Badillo (2001), durante o
cortisol no músculo são: conversão de exercício físico agudo, a concentração de
aminoácidos em carboidratos, aumento nas cortisol aumenta com a intensidade do
enzimas proteolíticas, inibição da síntese da exercício e quando a concentração de cortisol
proteína, aumento da degradação da proteína esta elevada, inibi a produção de testosterona.
(Simão, 2003). Dessa forma, quanto maior a intensidade do
O cortisol aumenta o catabolismo exercício, maior o risco de aumento da
protéico, liberando aminoácidos para serem degradação de proteínas.
utilizados pelo fígado no processo de Portanto o objetivo do nosso trabalho
gliconeogênese, portanto esse hormônio pode foi verificar as respostas hormonais da
aumentar a quantidade de glicose plasmática testosterona e cortisol depois de determinado
(Robergs e Roberts, 2002). protocolo de hipertrofia muscular
O cortisol também acelera a lipólise,
liberando ácidos graxos livre no sangue para
ser captados pelas células e utilizados na PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
produção de energia. No entanto, durante o
exercício prolongado, o cortisol atinge uma
concentração máxima após 30 a 45 minutos, Material e Métodos
em seguida diminui até concentrações
próximas do normal. Porém, a concentração
• Antropometria
plasmática de ácido graxo livre continua a
Balança Welmy modelo 110 (0,1 Kg)
aumentar durante a atividade, significando que
Estadiômetro de parede WCS com 220cm

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No estudo foram realizadas duas


• Análise Bioquímica séries de dez repetições a 70% de 1 RM com
Método Eletroquimioluminescência para intervalo entre as séries de dois minutos,
testosterona e cortisol, basal e pós-treino. seguindo a ordem do protocolo de treino
Sangue/ soro determinado.
Centrifuga e aparelho Elecsys 2010 da
Roche Protocolo dos procedimentos
Tubos sem anticoagulante, agulhas,
luvas cirúrgicas, garrote e pipetas. Os participantes chegaram ao local do
experimento às 7h e terminaram às 8h30.
• Equipamentos para o treino Todos estavam em jejum de 12 horas, sem
Máquinas de musculação Cybex e Pesos consumir cafeína e álcool por 24 horas e sem
livres realizar exercícios físicos por 48 horas antes
da sessão do treino (Smilos e Pilianidis, 2003).
Sujeitos Para evitar os efeitos do ritmo
circadiano das concentrações hormonais todos
De uma grande academia da região participantes realizaram os exercícios na
metropolitana do Recife, com 120 homens mesma hora. Chegando ao local (7h) os
matriculados, quatro voluntários participaram sujeitos ficaram em repouso durante 10
deste estudo, nos quais antes do início do minutos para ser coletada a amostra basal na
estudo todos estavam cientes e de acordo em veia cubital para determinação da
participar da pesquisa, permitindo que os concentração da testosterona e do cortisol de
dados obtidos sejam utilizados para fins de repouso. Imediatamente depois do protocolo
pesquisa. Cientes de que os resultados de treino foi realizada a segunda coleta para
encontrados serão publicados para a difusão determinar as concentrações da testosterona e
do conhecimento científico e que suas do cortisol pós-treino.
identidades serão preservada.
Todos os participantes têm no mínimo
dois anos de experiência em musculação e Análise Sanguínea
suas características físicas são citadas na
tabela abaixo: Todas as coletas foram realizadas por
um biomédico que, logo após a sessão do
Tabela 1 – Características da amostra
treino, encaminhou as amostras de sangue
estudada.
para serem analisadas em um laboratório
Variáveis Mínimo Máximo Média especializado. Sendo esta análise bioquímica
Idade (anos) 21,0 24,0 22,0 feita através do método Eletroquimio-
Massa (kg) 68,0 81,0 75,0 luminescência para testosterona e cortisol
Estatura (cm) 176,0 192,0 180,8 basal e pós-treino.
IMC (kg /m²) 21,5 24,5 23,0 O material biológico usado nas
dosagens de hormônios foi o soro que é obtido
através de coleta sangüínea por punção
Protocolo do treino venosa. O soro é separado do sangue total por
centrifugação após retração espontânea do
O protocolo do treino consiste em coagulo. A coleta foi realizada no sistema a
quatro exercícios que ativam grandes grupos vácuo com tubos sem anticoagulantes (seco)
musculares (Bosco e Viru, 1998), realizados com gel separador e acelerador de coagulação
com pesos livres e máquinas de musculação com quantidade predeterminada de 10ml;
(Cybex), na seguinte ordem: supino reto, foram usadas agulhas para coleta a vácuo
agachamento, puxada frente e extensão da com adaptador especial para este tipo de
perna. coleta e luvas de procedimento. Todo o
Antes do experimento os participantes material é descartável exceto os adaptadores.
foram submetidos ao teste de 1 RM para A punção foi realizada na veia cubital após
determinação de suas cargas máxima no garroteamento rápido, cada tubo foi
percentual escolhido. Assim foi estipulado o devidamente identificado em etiqueta própria
70% de 1 RM dos indivíduos para todos os do tubo com o nome dos participantes
exercícios da sessão do experimento.

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previamente, para que não houvesse troca de esclarecer a relação dos hormônios
material. Após a coleta realizada o material foi testosterona e cortisol com o anabolismo.
levado ao laboratório imediatamente para Tabela 2 – Resultado de sessão de treino
realização dos testes. O material foi para hipertrofia muscular.
cadastrado nos registros da instituição para
posterior arquivamento dos resultados ficando Testosterona Cortisol
a disposição para verificação posterior. Após o (ng/ml) (ug/dl)
registro, o material foi centrifugado a 3000 rpm
por dez minutos para que houvesse a Indivíduos Pós Pós
separação entre a parte sólida e a parte Basal Basal
treino treino
líquida do sangue. Centrifugado o material, a
1 15,4 11,15 5,9 5,9
parte usada foi o soro (líquida) na quantidade
de 250µl aliquotada com pipetas de precisão. 2 15,8 11,0 5,3 5,6
O teste foi realizado em aparelho Elecsys 3 19,6 13,8 6,7 7,3
2010 da Roche através do método de 4 15,5 13,8 3,9 4,3
eletroquimioluminescência, o qual foi
antecipadamente calibrado e passado o Média 15,57 12,53 5,45 5,78
controle de qualidade como é de rotina. A Desvio 0,21 1,49 1,18 1.23
metodologia seguida foi descrita no manual de Padrão
instruções do equipamento, não constando
qualquer referência bibliográfica. t tabelado 2,447 2,447

Tratamento Estatístico t 2,947 0,316


calculado p<0,05 p<0,05
Foram calculados, as médias e
desvios padrão das taxas de testosterona e
cortisol basal e pós-treino. Realizamos a
comparação entre as duas amostras
independentes através do Teste “t” O presente estudo justifica-se em
considerando os 6 (n1+n2-2) graus de diminuir as dúvidas existentes na relação
liberdade e uma probabilidade de erro de 5%. testosterona e cortisol existentes no trabalho
de treinamento com peso em relação à
hipertrofia. Como enfoque principal deste
estudo, foi mesurar e comparar as variações
RESULTADOS E DISCUSSÃO da testosterona e do cortisol basal e pós-treino
no determinado protocolo da sessão de
Diferentes pesquisadores utilizaram a hipertrofia muscular, realizamos apenas uma
medida das concentrações sangüíneas basais sessão de treino com duas séries de dez
e pós-treino de testosterona e cortisol para repetições. Foram observados no presente
avaliar o equilíbrio anabólico/catabólico estudo os seguintes valores médios.
produzido por diferentes tipos de treino de De acordo com os resultados obtidos
força (Wayne, 1996). Os métodos de no presente estudo foi observada uma
treinamento de força são utilizados no mundo divergência de valores em alguns participantes
todo como instrumento base na melhoria das devido a variáveis não controladas como, por
qualidades físicas tanto de atletas como de exemplo: o nível de estresse. Segundo Badillo
não atletas. (2001), a produção de cortisol durante o
Segundo Badillo e Ayestarán (2001), exercício físico seria muito maior em pessoas
as bases teóricas atuais dos sistemas de estressadas ou muito ansiosas, portanto esses
treinamento de força ainda não foram indivíduos teriam mais problema para se
comprovadas cientificamente, embora sejam recuperarem entre esforços devido à
utilizadas na prática mais como hipóteses do diminuição da produção de testosterona
que teorias. Devido à escassez de trabalhos Badillo (2001) ainda afirma que quando a
científicos nos métodos de treinamento de concentração do cortisol no sangue é elevada,
força realizamos este trabalho a fim de a produção de testosterona é inibida. Portanto
existe um risco de aumento da degradação de

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proteínas, o que não seria o ideal para finalizar 6. Maughan, Ron.; Gleeson, Michael e
um treino de musculação que vise à hipertrofia Greenhaff, Paul L.; Bioquímica do Exercício e
muscular. do Treinamento – São Paulo – SP : Editora
Manole, 2000

CONCLUSÃO 7. Simão, Roberto. Fundamentos


Fisiológicos para o Treinamento de Força e
Potência; São Paulo: Editora Phorte, 2003.
A partir da análise dos resultados
obtidos neste estudo, e levando em 8. Fox, Edward L.; Bowers, Richard W.
consideração às limitações do mesmo, podem- Bases fisiológicas da educação física e dos
se evidenciar algumas conclusões: apesar da desportos – Rio de Janeiro: Editora
literatura dar ênfase ao aumento da Guanabara Koogan ,1991.
testosterona e do cortisol após treino de força,
neste estudo é necessário aumentar o número
de indivíduos na amostra a fim de melhorar a
estatística, pois na análise da testosterona
existe um valor discrepante; e a variação da
concentração de cortisol sangüínea foi muito
pequena, indicando que a carga de sessão de
treinamento (2x10 – 70% de 1 RM) foi
insuficiente para provocar uma resposta de
estresse. Estudos posteriores sobre o assunto
parecem necessários, assim como suas
aplicações em termos de futuro e otimização
do processo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Badillo, Juan José Gonzáles.;


Ayestarán, Esteban Gorostiaga; Fundamentos
do Treinamento de Forca: Aplicação ao Alto
Rendimento Desportivo-2 ed.- Porto Alegre :
Artmed Editora ,2001

2. Bosco, Carmelo.; Viru, Atko.


Monitoring Strength Training: Neuromuscular
and Hormonal Prolife. Medicine Science in
Sports and Exercises March 1998.

3. Bullock, Jonh.; Boyle, Joseph.; Wang,


Michael B. Fisiologia 3 ed. Rio de Janeiro :
Editora Guanabara Koogan ,1998

4. Costill, David L.; Wilmore, Jack H.;


Fisiologia do esporte e do exercício- 2º ed.-
São Paulo:Editora Manole, 2001

5. Fleck J. Steven.; Kraemer J. William;


Fundamentos do Treinamento de Força
Muscular-2º ed. - Porto Alegre: Editora Artes
Médicas, 1999.

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