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A visão estratégica é o ponto de partida para mudança das organizações. A visão é fruto da
criatividade dos administradores ao perceberem e analisarem o ambiente externo. O ambiente
externo hoje apresenta-se instável, volátil e inseguro, tipicamente num momento de ajuste e
transformação. apresentando uma série de ameaças e oportunidades para os empreendedores. A
evolução dos meios de comunicação, os avanços na logística de distribuição, a tendência à
expansão dos produtos genéricos com agregação de serviços, a customização do marketing, a
rediscussão dos limites entre o Estado e o Mercado, a visão da tecnologia como commodity , e a
própria crise da empregabilidade, são fatores condicionantes nesse cenário.
Por outro lado, o ambiente interno das empresas está se transformando. Em busca da
maximização das vantagens competitivas, as empresas lutam para alavancar sua vocação, a partir
da consciência de seus pontos fortes e pontos fracos. É uma busca permanente por maior atenção
ao Cliente, mais agilidade e flexibilidade, um nível superior de qualidade, e uma constante
capacitação e motivação dos recursos humanos. Nesse sentido, a Tecnologia da Informação
aparece como um recurso estratégico para a vantagem competitiva. Fatores tecnológicos para a
interconectividade e a agregação de valor aos produtos, serviços e processos estão levando a um
reposicionamento da indústria, inclusive com a aglutinação de fornecedores .
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Assim sendo, mais do que pelo seu produto - sempre incerto e instável - o Planejamento
Estratégico vale pelo seu processo. É pelo exercício de perceber e avaliar o meio ambiente que se
pode focar a visão estratégica.
Análise Estrutural
Para enxergar melhor o meio ambiente, o empreendedor conta com alguns métodos de análise
úteis e abrangentes. A Análise Estrutural da Indústria é um método para percepção e avaliação do
ambiente competitivo da empresa. A partir da investigação e análise de informações sobre seis
principais fatores condicionantes da competitividade, pode-se obter uma radiografia do setor útil
para a visão estratégica. Esses seis fatores são :
• Competidores Tradicionais
São as organizações já instaladas no mercado que, atuando através de produtos e serviços ,
disputam o market share. A análise aqui recai sobre as vantagens competitivas relativas entre
os competidores.
• Novos Entrantes
São os competidores em potencial, contra os quais os competidores tradicionais buscam
erguer barreiras . A avaliação neste ponto é feita sobre as barreiras de entrada e de saída
do mercado naquele setor..
• Fornecedores
São as organizações que fornecem insumos para aquele setor. Neste item, a análise
focaliza a força de barganha com os fornecedores, e novas alternativas de fornecimento
para o setor.
• Consumidores
São os clientes e consumidores dos produtos e serviços das empresas competidoras do
setor. A avaliação aqui recai sobre o poder de compra e as características dos
consumidores, e sua influência sobre o comportamento da indústria naquele setor.
• Substitutivos
São os produtos / serviços substitutos potenciais dos produtos / serviços ofertados pela
indústria naquele setor. Nesse caso, a análise focaliza as novas tecnologias e ofertas
emergentes daquele mercado.
• Agentes Reguladores
São as organizações normativas , governamentais ou não, que regulam as atividades do
setor. O ponto aqui é avaliar as medidas de regulamentação atuais e potenciais, e seu
impacto naquele mercado .
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Esse tipo de análise alimenta o Planejamento Estratégico com informações úteis para balizar a
visão de negócio, principalmente quanto às ameaças e oportunidades existentes.
Cadeia de Valor
Todo processo produtivo pode ser modelado como uma cadeia de valor agregado. Uma análise
dos elos dessa cadeia pode ajudar a identificar pontos em que a estratégia genérica da empresa
possa ser aplicada, seja ela de liderança em custos, diferenciação ou foco em nicho de mercado.
Mapear essa cadeia de valor é uma tarefa importante , a partir do processo de Planejamento
Estratégico. Uma matriz de processos empresariais, que cruze as atividades finalísticas com as
atividades de sustentação, pode ser útil nesse momento. As atividades finalísticas seriam :
• Logística de Entrada
São as atividades relacionadas com a recepção e tratamento de insumos , a partir do inter-
relacionamento com os fornecedores.
• Operações
São as atividades relacionadas com a produção dos bens e serviços a que a empresa se
propõe.
• Logística de Saída
É o conjunto de atividades relacionadas com embalamento, tratamento e distribuição dos
produtos e serviços gerados.
• Marketing / Comercialização
São as atividades relativas a venda dos serviços e produtos gerados.
• Serviços
se agregam mais features ao produto final, tornando-o mais atrativo. Por outro lado, a
competitividade de uma empresa também está relacionada com a eficiência de seu processo
produtivo interno. As tecnologias emergentes estão sendo usadas, cada vez mais, como
alavancadoras da vantagem competitiva nesses dois polos.
Numa organização , de forma genérica mas não simplificadora, pode-se perceber que existem dois
tipos de ocupações básicas : de decisão e de ação. O ciclo produtivo pode ser modelado como
uma sequência de decisões, ações e feedback, para novas decisões, e assim por diante. A razão
de ser do sub-sistema de controle é monitorar as ações, interferindo para correção de rumos, com
vista aos objetivos empresariais. Por sua natureza, o sub-sistema de controle se baseia em
informações. Os sistemas de informações usados na empresa são vitais para o controle das
operações.
Fatores Críticos
A partir da análise da cadeia de valor agregado, e na perspectiva da visão estratégica, tendo em
vista as oportunidades e ameaças do ambiente externo, e pontos fortes e pontos fracos do
ambiente interno, pode-se identificar fatores críticos de sucesso para a empresa.
Fatores críticos são condições cruciais para o atigimento dos objetivos organizacionais, e para a
implementação e consolidação da visão estratégica. São fatores que precisam ser administrados
no nível estratégico da organização. Garantir que os fatores críticos identificados sejam
controlados é fundamental para o sucesso da implementação do Planejamento Estratégico.
Fatores críticos de sucesso variam de visão para visão, e de empresa para a empresa, não
havendo uma regra fixa válida para todas as situações. Fatores críticos típicos , por exemplo, são :
! Prazos de desenvolvimento de novos produtos
! Custo final para o consumidor
! Volume de capital imobilizado em estoque
! Qualidade do produto final
! Rotatividade de recursos humanos
! Fluxo de caixa
Os fatores críticos de sucesso podem mudar, numa mesma organização ao longo do tempo : num
momento pode ser que haja uma grande necessidade de caixa, noutro instante pode ser a
qualidade do produto final percebida pelo consumidor, ou até mesmo, num momento posterior, o
turn-over dos técnicos especializados. O importante é que os fatores críticos sejam identificados,
no bojo do processo de Planejamento Estratégico, e sejam comunicados a todos na organização.
Os fatores críticos de sucesso devem ser monitorados permanentemente pelos executivos da
empresa.
Os fatores críticos estão relacionados, em geral, com as ameaças externas e os pontos fracos
internos. Monitorar os fatores críticos, e agir sobre eles, é uma ação de defesa da organização.
Nem por isso deve ser passiva. Pelo contrário, o ideal é que , a partir da análise estrutural do
mercado, da avaliação da cadeia de valor agregado e da identificação dos fatores críticos de
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sucesso, a empresa empreenda ações pró-ativas. Esses elementos - internos e externos - são os
balizadores para as ações de implementação do Planejamento Estratégico.
Vetores Estratégicos
Para o estabelecimento de um Plano de Ação , no nível gerencial, em função do Planejamento
Estratégico , é fundamental a divulgação da visão, dos objetivos, da análise de cenário , das metas
e fatores críticos de sucesso, para todos na organização.
Em função das metas, é necessário - e até mesmo desejável - o debate e a negociação das
condições e recursos com todos os níveis da empresa. As metas podem ser questionadas, e até
mesmo podem ser repensadas, em função desse processo. No entanto, muitas vezes existem
pontos cruciais que o nível estratégico precisa impor à organização . Aqui aparece o conceito de
vetor estratégico .
Um vetor estratégico é um objetivo definido para um ponto focal da empresa, num dado horizonte
de tempo, e expresso de forma objetiva e quantificável. Pode ser um aumento de 5 % no market
share em um ano, uma redução de 40 % no turn-over nas equipes de pesquisa e desenvolvimento
em seis meses, ou um aumento de 100 milhões de reais no faturamento em três anos. Seja qual
for a meta a ser atingida, ela precisa fazer foco num ponto específico do desempenho
organizacional, estipular um prazo para o seu atingimento, e embutir um indicador que permita
medir sua realização.
A característica principal dos vetores estratégicos é que eles não são negociáveis. A partir de um
vetor estratégico estabelecido, os setores envolvidos identificam os recursos e condições para
atende-lo, os quais devem ser supridos pela organização. Por exemplo, a área de Marketing pode
identificar que, para o vetor estratégico de aumento de 5 % de market share, será necessária uma
reformulação nas embalagens dos produtos, a renovação de 50 % da força de vendas e um
investimento adicional de 10 milhões de reais em publicidade. Mas em nenhum momento é
negociada a meta de aumento de 5 % de market share em um ano.
Outro ponto importante em relação aos vetores estratégicos é que eles não representam a
totalidade dos esforços da organização. Uma empresa precisa perseguir todos os itens de seu
Planejamento Estratégico, em busca da consolidação do salto transformacional, e não só aqueles
definidos nos vetores. Fazer foco em uma prioridade não significa abandonar todo o resto.
Por outro lado, os vetores estratégicos não podem ser muitos, sob risco de exaurir a organização,
tornar o processo de planejamento um exercício totalitário e não-participativo, e perder efetividade
nas ações. Quando tudo é prioritário, em geral resulta que nada é prioritário.
Planejamento Tecnológico
O Planejamento Estratégico possibilita a definição e a comunicação da visão estratégica para a
empresa, que irá viabilizar o salto transformacional em direção a um novo ciclo de vida no futuro.
Esse salto transformacional, como vimos, dependerá do posicionamento da empresa em seu
mercado. Para isso, do ponto de vista externo, é utilizada uma análise estrutural daquele setor da
indústria. Já do ponto de vista interno, é util analisar a cadeia de valor agregado dos processos da
organização, em busca de pontos focais para redução de custos e diferenciação. Nesse processo,
é importante identificar fatores críticos de sucesso da empresa, que deverão ser permanentemente
monitorados.
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Para dar consequência ao Planejamento Estratégico, é preciso que sejam definidas metas para os
Planos de Ação setoriais, as quais devem ser comunicadas e negociadas com toda a organização,
em seus diversos níveis. Para a sobrevivência da empresa, muitas vezes, é preciso definir vetores
estratégicos , que energizem pontos focais específicos. Nesse quadro, a aplicação de novas
tecnologias aparece como um recursos estratégico da organização para a realização de seus
objetivos.
Por ser cada vez mais um recurso estratégico, a aplicação de novas tecnologias precisa ser
cuidadosamente planejada, organizada e controlada pelas empresas . O Planejamento
Tecnológico talvez seja hoje uma das atividades mais importantes para a criação, sustentação e
maximização da vantagem competitiva.
Para a compreensão do processo de Planejamento Tecnológico, é fundamental que sejam
percebidos duas características básicas da Tecnologia hoje : sua volatilidade e seu impacto
organizacional.
Em primeiro lugar, uma tecnologia sustenta o adjetivo de "nova" , hoje em dia, por poucos anos ou,
as vezes, meses. A Tecnologia da Informação evolui muito rápidamente, em todas as áreas :
hardware, software, comunicação, peopleware, administração, etc.. Novas tecnologias surgem , em
todos os setores, cada vez com um ciclo de desenvolvimento menor, e a custos decrescentes. É
muito rápida a obsolescência de produtos e serviços nesse setor.
Por outro lado, justamente por se aplicar aos produtos e processos organizacionais, a adoção de
uma nova tecnologia impacta sempre o processo de trabalho. Saltos significativos na vantagem
competitiva, em função de novas tecnologias , em geral implicam em grandes mudanças
organizacionais. Novas tecnologias tornam obsoletos, rapidamente, produtos , processos e, até
mesmo, profissionais especializados. O esforço contínuo de adaptação gera um stress
organizacional que precisa ser administrado.
Estar up-to-date com a tecnologia, e controlar o impacto organizacional de sua aplicação, são os
pincipais desafios que as empresas enfrentam atualmente na áea de tecnologia.
O objetivo do processo de Planejamento Tecnológico é identificar oportunidades de aplicação de
novas tecnologias , e definir linhas de ação para sua internalização na empresa.
O Planejamento Tecnológico é um processo estruturado em diversas atividades, cuja aplicação
varia em função do setor da indústria, do ambiente organizacional, dos objetivos e vetores
estratégicos e do tipo de tecnologia em questão. Todas as ações tem como referência a visão
estratégica, e o objetivo de criar, sustentar ou aumentar a vantagem competitiva da empresa.A
abordagem se baseia num método geral que pode ser adaptado a cada situação.
Por exemplo, suponhamos que uma empresa necessita racionalizar custos e reduzir os prazos de
entrega de seus produtos. Através da atividade de prospecção tecnológica, empresa identifica uma
oportunidade para aplicação de tecnologia de Geoprocessamento. A empresa busca contato ,
então com os principais fornecedores desse tipo de tecnologia, tentando se familiarizar com os
recursos e custos envolvidos. Procura também trocar informações com os principais usuários, no
momento, desse tipo de tecnologia , buscando conhecer os problemas , dificuldades e benefícios
de sua aplicação aos negócios. A empresa procede, então, a uma avaliação criteriosa dos
produtos ofertados nessa área no mercado, na perspectiva de sua aplicabilidade ao negócio, tendo
em vista fatores de custo X benefício. Nesse processo de avaliação e negociação, a empresa
realiza uma seleção de prestadores de serviço , com os quais estabeleça parceria para o processo
de internalização da nova tecnologia. Será necessário um investimento na preparação gerencial,
para mudar os métodos de trabalho nas áreas envolvidas com a nova tecnologia. Será também
necessário investir , possivelmente, em reciclagem inicial dos técnicos que irão lidar diretamente
com as ferramentas de Geoprocessamento . Muitas vezes , pode ser útil realizar um projeto piloto
de um sistema de informações baseado em Geoprocessamento, visando prototipar as novas
situações e incrementar a mudança cultural dos técnicos, gerentes, fornecedores e clientes.
Consolidado esse processo, a empresa parte para a negociação técnica e comercial para a
aquisição dos produtos e serviços do(s) parceiro(s) escolhido(s) . Para a implantação dos produtos,
haverá em geral necessidade de treinamento específico em técnicas e ferramentas. Em função da
nova tecnologia, alguns processos - como , por exemplo, digitalização de imagens - poderão ser
terceirizados, ou repassados a parceiros. O processo de implantação precisa ser administrado, e
seus resultados avaliados ao final, em função de indicadores de desempenho.
O processo de adoção de novas tecnologias pode passar , também, por aplicações da técnica de
benchmarking, tanto no nível de processo produtivo setorial, quanto o global de toda a empresa.
Por exemplo, o uso da tecnologia de Geoprocessamento, na operação de distribuição de produtos
de uma grande cervejaria , pode ter início a partir de um benchmarking realizado com a operação
de distribuição de uma indústria de cigarros. As vezes, o fato de um concorrente adotar uma nova
tecnologia empurra o processo em todos os demais. Quando, por exemplo, a Cingapura Air Lines
implantou seu quiosque automatizado de venda de passagens, baseado na tecnologia de
multimidia, no aeroporto de Tóquio, indiretamente ela forçou todos os concorrentes a avaliarem o
uso daquela tecnologia.
Vamos analisar, resumidamente, cada etapa e atividade do processo de Planejamento
Tecnológico.
Pesquisa de Fornecedores
Outra atividade no Planejamento Tecnológico é a identificação, contato e avaliação de
fornecedores de tecnologia. Uma vez identificada uma oportunidade de aplicação de uma nova
tecnologia, a empresa deve pesquisar os principais fornecedores daquela tecnologia no mercado.
Além da publicidade tradicional, os fornecedores se apresentam técnica e comercialmente em
diversas oportunidades. Grupos de estudo, workshops, seminários e congressos de usuários, são
alguns exemplos de oportunidades para contato com novos fornecedores. A grande maioria tem
por prática comercial visitar as empresas, oferecendo seus serviços. Após um contato inicial, e
havendo maior interesse, é comum convidar o fornecedor para fazer uma apresentação - sem
compromisso - de seus produtos e serviços, na empresa, para um público de técnicos e gerentes.
Nessas oportunidades, pode-se avaliar o domínio do fornecedor sobre a tecnologia, a variedade
dos produtos, a flexibilidade dos serviços, o market share, os investimentos em novos
desenvolvimentos, e até mesmo o posicionamento mercadológico perante os concorrentes.
Avaliação de Produtos
Através de demonstrações, visitas a instalações usuárias, pesquisa em literatura especializada, e
mesmo experimentação de produtos em período de demonstração, é possível fazer uma avaliação
preliminar dos produtos existentes baseados na tecnologia em questão.
O objetivo é analisar, em condições o mais próximas possível do real, a adequação e o
desempenho dos produtos ofertados, avaliando sua abrangência, funcionalidade e performance.
Seleção de Parceiros
Ao longo do processo, com o contato mais aprofundado com os diversos fornecedores daquela
tecnologia, a empresa pode ir selecionando aqueles com os quais seja interessante estabelecer
uma parceria estratégica, visando a internalização da nova tecnologia.
Mais do que uma avaliação técnica de produto, ou comercial de preços, o que importa neste ponto
é conseguir estabelecer objetivos comuns, processos compartilhados, trocas de informações e
apoio mútuo, em busca de maximizar os benefícios e reduzir custos e riscos . Mais do que uma
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aquisição de um novo produto, o que se busca é estabelecer parcerias estratégicas de mais longo
prazo.
Preparação Gerencial
Como a adoção de uma nova tecnologia implica, em geral, em mudança nos processos produtivos
, os métodos adotados precisam ser revistos. Neste ponto, é fundamental prepara as equipes para
a nova forma de trabalho. Para isso, os gerentes são fundamentais, em todos os níveis, desde os
líderes de projeto , passando pelos coordenadores de área, até o nível estratégico da empresa.
Nenhuma transformação ocorre sem sofrer resistências. As pessoas tem uma tendência natural a
reagir à mudança. Aqui surge o conceito de liderança motivacional : cabe ao líder/gerente
estimular, incentivar, orientar e facilitar o trabalho da equipe na adoção da nova tecnologia. Se não
houver preparação da gerência, a empresa pode correr o risco de investir um grande volume de
recursos sem obter os resultados esperados. É aqui que se age sobre o impacto cultural na
organização.
Reciclagem Técnica
Como a tecnologia é muito volátil atualmente, os técnicos especializados correm um permanente
risco de obsolescência. É preciso investir permanentemente em reciclagem técnica, inclusive - em
diferentes níveis - para o corpo gerencial da empresa.
Isso pode ser feito com programas de leitura orientada, assinatura de publicações técnicas,
palestras in-house, seminários externos, cursos de reciclagem, etc.. Quanto mais defasadas as
pessoas estiverem em relação as tecnologias emergentes, mais difícil será o processo de
internalização dessas tecnologias.
Projeto Piloto
Uma experiência útil pode ser obtida através da realização de protótipos e projetos pilotos, usando
a nova tecnologia. Muitos fornecedores estimulam esse tipo de iniciativa, num esforço de pré-
venda, como uma forma de ter algum controle sobre as condições de avaliação de seus produtos.
Para a empresa , representa uma oportunidade, a baixo custo, em condições de risco controlado,
de testar a aplicação da nova tecnologia antes de adota-la em larga escala. Para os técnicos
envolvidos, pode ser uma oportunidade estimulante de reciclagem e treinamento on the job.
Muitas empresas utilizam projetos pilotos padronizados como forma de benchmarking entre
produtos. A complexidade e extensão do projeto dependem dos riscos envolvidos na aplicação da
nova tecnologia, da disponibilidade de tempo e da capacidade de investimento da empresa.
Processo de Aquisição
Com a orientação de estabelecer uma parceria estratégica com os fornecedores selecionados, a
empresa busca neste ponto realizar contratos comerciais em que seus interesses sejam
garantidos. É um processo de negociação abrangente, que não se restringe a aquisição pura e
simples de um produto. Outros interesses estão envolvidos, em geral, tais como : atendimento,
logística de implantação, suporte pós-venda, migração do ambiente atual, treinamento de técnicos
e usuários, garantias, evolução do produto em novas versões, adequação e customização ao
ambiente da empresa, etc..
No setor público, este processo é condicionado pela legislação existente, que restringe a liberdade
de ação das organizações públicas, e determina processos mais rígidos de licitação e
concorrência. Procedimentos específicos para esse tipo de organização são necessários, tais
como : justificativa técnica para aquisição, pareceres jurídicos internos e externos à empresa,
auditoria externa, homolagação junto a agentes reguladores, normas mais inflexíveis de previsão
orçamentária e empenho de valores para a aquisição, negociação de formas e prazos rígidos de
pagamento e entrega, entre outros.
Treinamento Específico
A adoção de uma nova tecnologia gera a necessidade de utilização de novas ferramentas, técnicas
e métodos de trabalho. Assim sendo, o processo de internalização de uma nova tecnologia
abrange treinamento - no nível conceitual e no nível prático - em novos tipos de habilidades e
conhecimentos.
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O processo de treinamento tem duas finalidades básicas : criar um clima organizacional favorável a
mudança ( conceitual / motivacional ) , e capacitar as pessoas no uso da nova tecnologia ( prático /
instrumental ). No exemplo de Geoprocessamento, seria interessante proporcionar um treinamento
básico na tecnologia, abordando conceitos genéricos, benefícios e tendências, para em seguida
treinar as pessoas no uso dos produtos específicos, enfocando técnicas e ferramentas. No
treinamento básico, todos poderiam participar, até mesmo o nível gerencial das áreas afetadas, e
eventualmente alguns clientes convidados. No treinamento específico, participariam os técnicos
envolvidos diretamente nos projetos que fossem usar aquela tecnologia.
Terceirização / Parceirização
Ao longo do processo de internalização de uma nova tecnologia, como vimos, pode ocorrer uma
revisão nos processos de trabalho. Isso pode gerar uma mudança de perfil profissional, para a qual
as pessoas precisam ser preparadas. Por outro lado, podem surgir necessidades de relocação de
pessoas, redistribuição de tarefas e, até mesmo, oportunidades de redução de custos e melhoria
dos processos através de terceirização.
Assim como os idealizadores da Reengenharia não objetivavam necessariamente a redução de
custos de mão-de-obra, assim também a adoção de uma nova tecnologia não precisa implicar,
necessariamente, em terceirização de atividades. Mas isto pode ocorrer, e efetivamente tem
acontecido em muitas empresas, fazendo parte inclusive da análise de custo x benefíco do
processo de internalização.
Implantação
A adoção da nova tecnologia no produto e/ou processo produtivo não é um evento, mas um
processo de implantação. Exige cuidados de logística, planos de contingência, investimentos de
infra-estrutura e a administração de um cronograma detalhado de transformação.
Durante algum tempo, é possível que seja necessário manter dois ambiente em paralelo: um
baseado na tecnologia antiga , e outro já usando a nova tecnologia. Isso pode gerar despesas
adicionais, esforço de coordenação e pode, inclusive, criar situações de conflito.
Como todo processo de transformação, a implantação de uma nova tecnologia deve ser
cuidadosamente planejada, e executada rapidamente. Os conflitos serão mais agudos, quanto
maior for o prazo de transição.
Etapa de Avaliação
A partir da implantação da nova tecnologia, passamos à etapa de Avaliação, que se compõe de
uma análise externa e uma interna, dando feedback para o processo de Planejamento
Tecnológico.
Essa avaliação se baseia nas diretrizes oriundas do Planejamento Estratégico , tendo em vista a
expectativa de aumento da vantagem competitiva. Deve ser fundamentada em indicadores de
desempenho previamente definidos, mensuráveis, objetivos e que possam ser auferidos ao longo
de períodos planejados de uso da tecnologia. Esses indicadores devem ser oriundos , no ambiente
externo, do cenário decorrente da análise estrutural da indústria e, no ambiente interno, na análise
da cadeia de valor agregado.
No exemplo do uso de Geoprocessamento, em que a empresa buscava racionalização de custos e
redução do tempo de entrega, a avaliação do uso da nova tecnologia deveria se basear,
justamente, em fatores que mensurassem o atingimento desses objetivos. Por exemplo, poderia se
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Aspectos Gerenciais
O Planejamento Tecnológico, como vimos, é básicamente um processo de transformação
organizacional. A tese defendida aqui é a de que ele deve ser baseado num processo de
Planejamento Estratégico, pois só assim será possivel garantir que o investimento em novas
tecnologias reverta em vantagem competitiva para a organização. Só assim será possível basear o
salto transformacional da empresa num processo de internalização de novas tecnologias. Só assim
o uso da Tecnologia da Informação estará em sintonia com a visão estratégica do negócio.
Apresentamos aqui, em linhas gerais, um método para realização de Planejamento Tecnológico e
implantação de novas tecnologias numa organização. Como sistema vivo que é, a empresa
aprende, se adapta, reage a mudanças no meio ambiente. A internalização de novas tecnologias é
um processo de mudança , e como tal precisa ser gerenciado. A tecnologia , por mais sofisticada
que seja, é apenas um meio para a empresa realizar sua visão estratégica.