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Miranda e Faustino advogadas associadas

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA 5º


VARA CÍVEL DA COMARCA DE CATANDUVA/SP.

Processo nº 9999/2017.

JOÃO DOS ANZÓIS, já qualificado nos autos em


epígrafe, por suas advogadas, Danubia Cinthia Miranda e Fernanda Faustino Guiaro,
procuração anexa (fls 02), com escritório estabelecido na Rua dos Juristas, nº 7, Bairro dos
Causídicos, Catanduva/SP (local onde receberá as intimações), vêm, respeitosamente, perante
Vossa Excelência, apresentar

CONTESTAÇÃO

ao pedido inicial ajuizado por RENT ALL CAR, também já qualificado nos autos, nos
seguintes termos:

I- DAS ALEGAÇÕES DO AUTOR

JOÃO DOS ANZÓIS compareceu hoje em nosso escritório, alegando que na data de
ontem (19/06/2017) fora citado dos termos de ação de indenização proposta por RENT ALL
CAR, na qual esta pleiteia a cobrança de prejuízo supostamente causado por João, em razão
dos gastos que teve para liberação de veículo locado pela autora e apreendido pela Polícia

DANUBIA CINTHIA MIRANDA OAB/SP 000.000


FERNANDA FAUSTINO GUIARO OAB/SP 000.000
Rua dos Juristas nº 7, Bairro dos Causídicos CEP: 15.804-370
Catanduva – SP – Emails: danubiacinthia@bol.com.br/fer.faustino@gmail.com
Federal na posse do réu, que transportava produtos ilícitos. O veículo apreendido na verdade
está registrado no nome do proprietário da locadora, DONATELO CIFRÃO. Na inicial a
autora pede indenização no montante de R$ 50.000,00, sendo assim especificados: R$
10.000,00 referente às custas e despesas processuais despendidos na ação liberatória que
tramitou na Comarca de Foz do Iguaçu-PR; R$ 10.000,00 referente aos lucros cessantes pelos
30 dias em que o veículo ficou apreendido; R$ 5.000,00 referente ao estacionamento do
veículo no pátio da polícia; R$ 25.000,00 referente aos honorários do advogado que atuou
naqueles autos. O pedido da autora foi assim redigido: “III- DO PEDIDO - Ante o exposto
requer-se a Vossa Excelência a citação do réu para apresentar resposta no prazo de 15 dias,
sob pena de revelia, sendo ao final julgado procedente a presente ação, condenado-se o
requerido nas verbas de sucumbência. Protestando-se pela produção de todos os meios de
provas admitidos em direito, dá a causa o valor de R$ 10.000,00. P. Deferimento”. A autora
pediu justiça gratuita o que foi deferido. Além disso, juntou-se aos autos da indenização o
recibo emitido pelo advogado que atuou na ação em Foz do Iguaçu-PR, que é o mesmo
profissional que subscreveu a petição inicial da ação sub júdice.

II – PRELIMINARMENTE DA INÉPCIA DA INICIAL

Nos termos do artigo 434 do Código de Processo Civil, in verbis que diz que a petição
inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação.

É de se ver que a exordial, não foi instruída com os documentos essências que
comprovem o que é alegado pelo requerente.

A doutrina e jurisprudência são unânimes no que concerne a esta questão, senão


vejamos:

No que se refere ao disposto no artigo 434 do Código de Processo Civil, importa


esclarecer que há sensível diferença entre os conceitos de “documentos indispensáveis à
propositura da ação” e de documentos essenciais à prova do direito alegado. Assim, a
ausência de documento indispensável à propositura da ação enseja o indeferimento da petição
inicial e, consequentemente, a extinção do processo sem resolução do mérito, nos termos dos

DANUBIA CINTHIA MIRANDA OAB/SP 000.000


FERNANDA FAUSTINO GUIARO OAB/SP 000.000
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Catanduva - SP – Emails: danubiacinthia@bol.com.br/fer.faustino@gmail.com
artigos 485, I, do Código de Processo Civil. A falta de documentos essenciais à prova do
direito alegado conduz à questão de mérito resvalando na improcedência do pedido.

“documentos indispensáveis à propositura da ação compreendem não somente os substâncias


à propositura da ação, isto é, aqueles que a lei expressamente exige para que a ação possa ser
proposta, mas também os fundamentais, vale dizer, os indispensáveis, na espécie, não porque
a lei os exija e sim porque o autor a eles se refira na ação como fundamento de seu pedido e
pretensão.”(Primeiras Linhas de Direito Processual Civil – V. 2 – Moacir Amaral dos Santos
– pág.140)

Neste caso o mérito está prejudicado, haja vista, o requerente não conseguir provar o
que alega, ônus da prova cabe a quem alega e na aplicação in casu não houve prova alguma
do alegado.

III – DO MÉRITO

Em homenagem ao princípio da eventualidade (NCPC, art. 335, caput), o réu passa à


impugnação do mérito da demanda e à exposição das razões de fato e de direito com que
impugna os pedidos pretendidos pelo autor.

IV. I – DA IMPUGNAÇÃO AO PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS


E MATERIAIS POR LUCROS CESSANTES

Como relatado, argumentou o requerente que, teve o seu veículo apreendido pela
Polícia Federal na posse de produtos ilícitos, requereu, em virtude do lucro cessante R$
10.000,00 pelos 30 dias em que o veículo ficou apreendido; R$ 5.000,00 referente ao
estacionamento do veículo no pátio da polícia; R$ 25.000,00 referente aos honorários do
advogado que atuou naqueles autos.

Contudo, cumpre-nos anotar que não incumbe ao réu ressarcir o autor pelo prejuízo
sofrido, pois no momento em que o réu entregou o veículo à locadora o mesmo foi vistoriado
por Donatelo Cifrão na presença de João dos Anzóis e mais 2 funcionários da locadora, eles
vistoriaram desde o conteúdo do veículo até os riscos presentes na sua lataria.

DANUBIA CINTHIA MIRANDA OAB/SP 000.000


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TJ-SP - Apelação APL 00959888320098260050
SP 0095988-83.2009.8.26.0050 (TJ-SP)

Data de publicação: 02/03/2013

Ementa: RECEPTAÇÃO CONDENAÇÃO


IMPOSSIBILIDADE AUSÊNCIA DE
PROVAS DA ORIGEM ILÍCITA DO
VEÍCULO RECURSO MINISTERIAL NÃO
PROVIDO. Conjunto probatório que é
insuficiente a ensejar a condenação por
receptação, sendo de rigor a aplicação do
princípio do in dubio pro reo. CRIME CONTRA
A FÉ PÚBLICA - USO DE DOCUMENTO
FALSO DELITO CARACTERIZADO. Provadas
a autoria e materialidade do delito de uso de
documento falso, de rigor a manutenção do édito
condenatório.

IV. II – DA IMPUGNAÇÃO AOS VALORES DE DANO MATERIAL

Ademais, sem prejuízo do acolhimento da impugnação acima, o réu também impugna


todos os valores pretendidos pelo autor a título de danos materiais. É que, em que pese as
alegações do autor, não restou comprovado que este sofreu prejuízo causado pelo réu.

Assim, inexistindo nos autos prova do lucro cessante oriundo do dano sofrido,
demonstra-se inviável a concessão do exorbitante montante de R$50.000,00 (cinquenta mil
reais), originalmente pretendido pelo autor a título de reparação material, sob pena de
enriquecimento ilícito, porquanto, como demonstrado por documento anexo (dados oficiais do
SINE – Site Nacional de Empregos), a remuneração mensal do profissional locador de
veículos varia de R$________________, média salarial muito aquém daquela alegada pelo
autor.

IV. III – DA IMPUGAÇÃO AO DANO MORAL

Por fim, também sem prejuízo da impugnação ao pedido de dano material, bem como
da impugnação ao valor deste, convém, na ocasião, impugnar, igualmente, o dano moral
supostamente sofrido pelo autor.

DANUBIA CINTHIA MIRANDA OAB/SP 000.000


FERNANDA FAUSTINO GUIARO OAB/SP 000.000
Rua dos Juristas nº 7, Bairro dos Causídicos CEP: 15.804-370
Catanduva - SP – Emails: danubiacinthia@bol.com.br/fer.faustino@gmail.com
É que, como assevera Carlos Roberto Gonçalves:

“(...) Dano moral é o que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu patrimônio. É lesão
de bem que integra os direitos da personalidade, como a honra, a dignidade, a intimidade, a
imagem (...) e que acarreta ao lesado (...) tristeza, vexame e humilhação (...) (GONÇALVES,
Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 4: responsabilidade civil – 7. Ed. – São Paulo:
Saraiva, 2012, versão digital, p. 353) ”.

Nesse prisma, percebe-se que, para a configuração do dano moral, há a necessidade de


lesão à um dos direitos da personalidade, tais como a honra, a dignidade, a intimidade ou a
imagem, o que, data venia, não há no presente caso, notadamente porque o autor, como dito,
sequer provou o dano material que sofrera por lucro cessante de sua atividade laboral, não
havendo falar, pois, em implicação de dano moral.

IV. IV – DA IMPUGAÇÃO AO VALOR DO DANO MATERIAL

Ainda em homenagem ao princípio da eventualidade, caso o douto juízo acolha a


pretensão de dano moral do autor, impõe-se a minoração do valor do referido dano para 20%
(diminuição de cinquenta para dez salários mínimos), porque pleiteado originalmente em
quantum excessivamente oneroso, distante da realidade, o que produziria enriquecimento
ilícito, vedado no direito brasileiro.

Nessa ótica é o magistério de Fábio Ulhoa Coelho:

“(...) Enriquecimento sem causa é a vantagem patrimonial auferida por um sujeito de direito
sem fundamento jurídico (...) A coibição do enriquecimento sem causa não é uma questão
moral. Ao contrário, ela deve ser feita com vistas à adequada distribuição de riquezas e
recursos em sociedade (...) (COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil, volume 2:
obrigações: responsabilidade civil – 5. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2012, versão digital, pp.
497/498) ”.

V – DOS PEDIDOS

1-) Preliminarmente, o reconhecimento da inépcia da inicial por falta de provas alegadas;

DANUBIA CINTHIA MIRANDA OAB/SP 000.000


FERNANDA FAUSTINO GUIARO OAB/SP 000.000
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2-) No mérito, o julgamento improcedente do pedido, quanto ao pagamento de dano material
e dano moral, porquanto não comprovados, condenando o autor ao pagamento das custas
processuais e honorários advocatícios sucumbenciais, ou, sucessivamente;

3-) Caso não seja indeferido o dano material, requer seja apurado apenas com base no lucro
cessante por 30 (trinta) dias e inatividade do autor, requerendo, também, a minoração do dano
material ao quantum de R$____________________, correspondente à média ponderada entre
o valor mínimo e máximo da remuneração mensal cotada para a profissão de empresário
(locador de veículos), persistindo no indeferimento do dano moral;

4-) Caso o douto juízo, deferindo o dano material no quantum acima, opte por bem também
deferir o dano moral, requer seja este arbitrado no importe máximo de 10 (dez) salários
mínimos.

5-) Seja juntado o documento anexo.

Protesta por todos os meios de direito admitidos para comprovar os fatos alegados,
especialmente prova documental, testemunhal e depoimento pessoal das partes.

Pretende o autor participar de eventual audiência de conciliação/mediação porventura


designada por V. Exa.

Nestes termos, pede deferimento.

Catanduva, 20 de junho de 2017.

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DANUBIA CINTHIA MIRANDA
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FERNANDA FAUSTINO GUIARO
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