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“O Pistoleiro”
Lorraine Heath
Copyright © 2014 by Jan Nowasky
Tradução: D. Silva
Revisão: C. Belo
Distribuição: MR & LRTH
Criação do epub: D. Silva
Tradução de THE GUNSLINGER
MR 2020
Capa: MR
Originalmente publicado como "Long Stretch of Lonesome" em To Tame
a Texan. Copyright © 1999, 2014 por Jan Nowasky.
Todos os direitos reservados.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e incidentes são
produtos da imaginação da autora ou são usados de forma fictícia e não
devem ser interpretados como reais. Qualquer semelhança com eventos,
locais, organizações ou pessoas reais, vivos ou mortos, é inteiramente
coincidência.
Sumário
Página do Título
Direitos Autorais
Dedicatória
SINOPSE
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
EPÍLOGO
SOBRE A AUTORA
Em memória de Pete Denby.
SINOPSE
Lonesome, Texas
1884
CHANCE WILDER ESTAVA de costas contra a parede.
Encontrando conforto na madeira áspera do saloon pressionada contra
seus ombros esbeltos, sua cadeira inclinada para trás, ele estudou as idas e
vindas, constantemente alerta para o potencial de problemas. Ele não temia a
bala que poderia atingi-lo. Era aquele que se escondia por trás que pesava
muito em sua mente.
Ele examinou o jovem camarada - com o cotovelo apoiado no balcão -
que não tirava os olhos de Chance desde que Chance passou pelas portas do
saloon. Viu o homem beber meia garrafa de uísque, os dedos acariciando o
cabo da arma no coldre, como se não conseguisse encontrar coragem nem no
licor nem na arma. Ele imaginou que o inquieto senhor encontraria seu
Criador antes que Chance saísse da cidade.
Com uma ligeira mudança nos quadris, Chance se adiantou e as pernas da
frente da cadeira atingiram o chão de madeira com um baque retumbante. O
saloon ficou subitamente mais silencioso do que uma reunião de oração,
enquanto olhos cautelosos o encaravam. Ele podia sentir a antecipação no ar,
o zumbido de excitação que fazia de cada um deles abutres hipócritas.
Seu olhar percorria cautelosamente a sala, ele lentamente inclinou a
garrafa de uísque até encher novamente o copo sem nem um pouco de
respingo, a mão firme como uma rocha. Em sua linha de trabalho, ele tinha
que contar com uma mão firme. Ele largou a garrafa, pegou o copo e
recostou-se na parede, equilibrando a cadeira com a facilidade confiante que
ele usava ao colocar a arma na palma da mão esquerda.
Ele tomou um gole do líquido âmbar como um homem sem pressa - o que
ele era. Ele não tinha ninguém esperando por ele, não havia ninguém
esperando por ele desde que matara seu primeiro homem aos catorze anos.
Ele ouviu um cowboy pigarrear e o sussurro duro de outro. Ele não
precisava ouvir as palavras para saber o que estavam discutindo.
Todas as pessoas no saloon - todos os cidadãos da cidade - queriam saber
quem Chance Wilder tinha vindo matar em Lonesome, Texas.
TOBY MADISON ENTROU VIOLENTAMENTE através das portas
giratórias do saloon. A fumaça do cigarro ardia e queimava seus olhos,
enquanto o cheiro de uísque azedo e corpos suados o faziam querer vomitar.
Ou talvez tenha sido o sangue espesso escorrendo pelo fundo da garganta que
causou um aperto no estômago. Ele pensou que o valentão poderia ter
quebrado seu nariz.
— Ei, garoto, saia daqui—, ordenou um cowboy gigante, apertando a
mão grande no ombro de Toby.
Toby se libertou, seu olhar frenético disparando sobre os rostos suados.
Ele não esperava que metade dos homens da cidade estivesse no saloon a essa
hora do dia. Ele nunca encontraria quem procurava desesperadamente.
Então ele percebeu que todos estavam amontoados à direita do bar,
deixando um espaço aberto que ele podia ver pelo canto do olho. Ele se
virou. Seu intestino ficou mais apertado que o laço de um carrasco quando
viu o estranho com um sobretudo preto sentado no canto oposto, sozinho,
com a cadeira inclinada para trás e os olhos prateados se estreitando tão
finamente quanto a lâmina afiada de uma faca Bowie.
Toby engoliu em seco e mancou apressadamente pela sala. —Você é a
arma de aluguel que todo mundo está falando? Você é Chance Wilder?
Os olhos do homem se estreitaram ainda mais, e Toby imaginou que ele
poderia cortar um sujeito só de olhar para ele. —Se você é, eu quero contratá-
lo.
—Já fui contratado—, respondeu Wilder com uma voz rouca e calma que
ainda assim conseguia ecoar no saloon e causar um arrepio na espinha de
Toby.
Ele ouviu suspiros e sussurros febris. Mesmo com o sangue escorrendo
pela garganta, sua boca ficou seca. —Mas esses valentões estão espancando
minha irmã. Quero que você a salve.
—Você parece velho o suficiente para fazer o trabalho.
—Eu tentei impedi-los de machucar Lil, mas há cinco deles.
O barman o agarrou, seus dedos carnudos apertando o braço magro de
Toby. Toby resistiu com todas as suas forças, mas não conseguiu se libertar
do aperto implacável. O pânico tomou conta dele. Ele tinha que salvar Lil.
— Este não é um lugar para você, garoto—, seu captor rosnou enquanto
puxava Toby do outro lado da sala como o saco de farinha que ele deixou cair
quando os valentões agarraram sua irmã e a arrastaram para trás da loja geral.
O desespero afiou as palavras de Toby enquanto ele lutava freneticamente
para manter os olhos em Wilder. — Pagarei tudo, tudo o que tenho!
Wilder bateu as pernas da frente da cadeira contra o chão. O barman
congelou. Toby se afastou e ficou além do alcance. O pistoleiro desdobrou
seu corpo alto e magro e puxou a borda de seu Stetson preto.
— Que diabos—, ele murmurou. —Eu nunca recebi tudo antes.
— Você não vai querer se meter nesse assunto—, disse o barman com
uma voz que Toby não achava que parecia muito seguro do que estava
dizendo.
Wilder puxou um lado do sobretudo preto para trás para revelar uma arma
de cabo de pérola alojada em um coldre pendurado no quadril. — Tudo é
bem-vindo, senhor. Você vai melhorar a oferta do garoto?
—Não... não senhor — gaguejou o barman.
—Então não me diga o que é da minha conta, porque você não pagou
pelo privilégio.
—Temos que nos apressar—, Toby anunciou enquanto saía correndo do
saloon. Ele ouviu os dentes retos de Wilder tremerem enquanto o seguia. Ele
imaginava que Lil teria uma vaca quando ela descobrisse que ele havia
contratado um pistoleiro para salvá-la. Mas ele não teve escolha.
CHANCE ANDAVA ATRÁS do garoto de cabelos loiros, aumentando
seu passo enquanto eles se distanciavam do saloon. Magro como um galho de
salgueiro, o garoto não podia ter mais de sete ou oito anos. Mas ele tinha
coragem. Chance teve que admitir. E se ele não estava enganado, o garoto
estava com o nariz quebrado. Ele não percebeu isso até o barman agarrar o
garoto para levá-lo para fora. Provavelmente estava doendo como o inferno,
mas a única preocupação do garoto parecia ser sua irmã. Chance riu baixo.
Ele estava ansioso para receber tudo - e quantos problemas teria para afastar
alguns valentões de uma garotinha?
Com os pés batendo no calçadão, o garoto passou correndo pelo armazém
geral, voou em uma esquina e desapareceu entre dois prédios. Passando por
cima do saco de farinha que espanava as ripas de madeira, Chance deu uma
olhada passageira na frente da loja. Então ele ouviu o grito indignado do
garoto, acelerou o passo, avançou para o beco e parou cambaleando quando
cinco homens lhe deram um olhar insolente, antes de voltar ao que estavam
fazendo.
Um cowboy de chapéu marrom surrado tinha um braço em volta do
garoto e pressionava a ponta de uma pistola na têmpora. O garoto ficou
parado como uma estátua de pedra, os olhos fixos na irmã - presa na parede
por um homem grande o suficiente para esmagá-la. A saia e as anáguas
subiam até as coxas... até suas coxas esbeltas e femininas, revelando
tornozelos esguios e longas pernas que podem se esticar até a garganta. Seu
cabelo liso em desordem selvagem estendia-se por seus ombros. Com cada
respiração difícil que ela respirava, seu corpete rasgado revelava a curva
cremosa de um pequeno peito. Arranhões marcavam a pele de alabastro que
provavelmente nunca tinha visto o sol antes daquele momento. O sangue
escorria de um lábio inferior rachado e um hematoma se formava alto em sua
bochecha.
Seu sequestrador se mexeu, pressionou um antebraço carnudo contra sua
garganta delicada e começou a desabotoar suas calças com a outra mão. —
Achei que você pararia de lutar com o incentivo certo—, ele falou.
O desafio disparou em seus surpreendentes olhos azuis celestes e
rapidamente desapareceu na aceitação de seu destino. Ela deve ter lutado
como um gato selvagem para manter os homens brutais afastados enquanto
ela podia.
— Não acredite que a dama tenha muito interesse em seu estilo—, disse
Chance com calma fingida, se perguntando por que ninguém havia se
defendido até agora.
O aparente líder virou a cabeça e rosnou: — Isso não é da sua conta.
Chance tirou um palito do bolso da camisa e o enfiou entre os dentes. Na
juventude, ele descobriu que tinha o hábito embaraçoso de estender a língua
quando tirava a arma do coldre. Como se parecer um cachorro ofegante no
meio de um tiroteio não fosse ruim o suficiente, ele quase mordeu a língua
uma ou duas vezes. Roer o palito mantinha a língua atrás dos dentes, onde ela
pertencia. E tinha a vantagem adicional de fazê-lo parecer um pouco mais
perigoso. — O garoto me pagou para fazer disso minha preocupação.
— Toby—, a mulher arfou baixo, balançando a cabeça para o irmão.
Chance estava com o estômago apertado. Sua voz rouca soou como se ela
tivesse acabado de sair da cama depois de uma longa noite de sono ou uma
noite ainda mais longa de fazer amor.
— Ele vai te salvar!— O menino assegurou-lhe, orgulhosamente
estufando o peito, embora ele ainda tivesse o cano de uma arma beijando sua
têmpora. Chance tentou se lembrar do que o garoto chamara a irmã - Lydia?
Lilly? Lil? Foi isso. Lil.
O líder soltou uma risada aguda. — Saia, senhor.
— De onde eu venho, os homens não apalpam mulheres que não querem
ser apalpadas—, disse Chance.
— Bem, ela não é uma dama. Ela é uma prostituta. A prostituta de Jack
Ward.
Ela soltou uma corrente de saliva que atingiu seu captor nos olhos. Ele
balançou o braço para trás.
— Nem pense—, Chance ordenou em um tom repleto de autoridade. —
Não posso tolerar um homem que bate em uma mulher.
O bruto levantou um canto da boca em um tom de escárnio. — Então é
isso?
— Sim, é isso. — Ele passou os dedos pela borda do sobretudo e o
afastou, prendendo-o atrás da arma.
Um dos outros homens começou a se contorcer, seus pequenos olhos
redondos crescendo em volta. —Ei, Wade, estou pensando que esse cara
pode ser...
— Cale a boca—, Wade rosnou, derrubando a mulher no chão antes de
separar os pés, encarando Chance diretamente e lançando seu desafio. —
Pare-me de bater nela.
Chance encontrou e segurou o olhar de cada homem brevemente antes de
deixar seu olhar gelado se fixar no que desejava uma briga. — Não quero
nenhum mal-entendido aqui. Preciso que seus meninos saibam que matarei
todo homem que sacar uma arma.
— Santo inferno—, disse o homem nervoso, erguendo os braços. — Ele é
o famoso pistoleiro, Wade. Eu não vou morrer por nenhuma mulher.
O sorriso hediondo de Wade vacilou. — Então é isso? Você é o
pistoleiro?
— Ele com certeza é! — Toby gritou. — E ele é rápido também. Mais
rápido que qualquer um!
— Dizem que você é mais imprudente e selvagem do que a maioria—,
disse Wade, a dúvida entrelaçada em sua voz. — Dizem que você matou
vinte e quatro homens.
Chance deu um breve aceno de cabeça. — Isso é o que dizem. — Ele
desviou o olhar para o homem que ainda segurava o garoto. — A primeira
bala ficará entre seus olhos se a sua arma não estiver no coldre quando eu
sacar a minha.
Com a mão trêmula, o homem enfiou a arma no coldre e soltou o garoto.
— Esta não é minha luta.
Chance balançou a cabeça para o lado. — Saia daqui, garoto.
O jovem correu para onde sua irmã estava agachada contra a parede. Ele
se enrolou no colo dela e ela abraçou-o com força. Não era exatamente isso
que Chance tinha em mente para o garoto. Ele não gostava que as crianças
vissem a morte. Na melhor das hipóteses, era uma visão feia. Na pior das
hipóteses, garantia pesadelos.
Ele concentrou seu foco diretamente em Wade. — Se você e seus amigos
quiserem sair daqui.
Wade pegou sua arma. Todo o resto pareceu se desenrolar dentro do
mesmo momento terrivelmente lento. Chance tirou a arma do coldre, ouviu
uma explosão e sentiu uma bala acertar seu ombro quando ele atingiu a terra,
rolou, apontou e disparou. Surpresa passou pelo rosto de Wade - pouco antes
de ele cair em um monte sem vida.
Chance levantou-se com dificuldade. A mulher olhou para ele
horrorizada, como se tivesse esquecido que o homem que ele acabara de
matar tinha planejado abusá-la brutalmente. Há muito tempo ele havia
aceitado que a realidade da morte geralmente fazia as pessoas esquecerem
que apenas momentos antes rezavam desesperadamente para que o falecido
morresse. — Essa é sua carroça em frente à loja geral?— ele perguntou.
Ela deu um aceno brusco. Chance encarou três dos homens com um olhar
de aço. — Acho que ela apreciaria se vocês terminassem de carregá-la para
ela. — Eles balançaram a cabeça como maçãs jogadas em um barril de água.
— Veja se conseguem um novo saco de farinha para ela enquanto estiverem
fazendo isso.
Eles se apressaram para cumprir sua ordem. Ele olhou para o homem que
segurara o garoto antes. Por mais que ele quisesse dar um tiro no pé dele por
aterrorizar uma criança, ele apenas disse: — Chame o xerife.
O homem recusou. — Wade já chamou.
Chance assentiu lentamente. —Sim. Certifique-se de dizer a ele que não
posso tolerar mentirosos e você acabou de ver o que acontece com pessoas
que fazem coisas que não consigo tolerar.
O homem ainda estava assentindo quando desapareceu na esquina.
O garoto saiu do colo da irmã e parou diante de Chance, a cabeça
inclinada para trás enquanto olhava para ele com algo parecido com o culto
aos heróis refletido em seus olhos. — Você salvou Lil. — O garoto enfiou a
mão no bolso da calça. — Pagarei tudo como prometi.
Chance estendeu a mão e o garoto jogou "tudo" na palma da mão em
concha: um pedaço de corda desfiada, uma gaita enferrujada e um centavo
dobrado.
CAPÍTULO 2