Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
net/publication/317597861
CITATIONS READS
0 561
2 authors:
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
All content following this page was uploaded by Filipa Morais on 15 June 2017.
Índice
CONSELHO DE REDAÇÃO | 4
EDITORIAL | 6
Ficha Técnica
Apoio:
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Conselho de Redação
5
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Editorial
Albino Viveiros
6
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Resumo
Com o evento Semana de Animação, cuja descrição é o objectivo deste texto,
pretendeu-se dar aos estudantes a oportunidade de, simultaneamente, aplicar as bases
teóricas da Animação Comunitária, aprender fazendo e tomar contacto com algumas
dificuldades e, portanto, desafios que são colocados ao animador no terreno, quando
tenta transformar um projeto que idealizou numa intervenção concreta. Acreditou-se
que esta estratégia de ensino, no contexto do curso de Animação Socioeducativa,
poderia estimular nos estudantes qualidades como criatividade, espírito de iniciativa,
capacidade de trabalho em equipa, autonomia, resiliência e responsabilidade.
“Give the pupils something to do, not something to learn; and the doing is of such a
nature as to demand thinking; learning naturally results.”
J. DEWEY (1916) Democracy and Education: An Introduction to the Philosophy of
Education
“If there is any characteristic that is distinctively human it is the capability for reflective
self-consciousness.(…) Among the types of thoughts that affect action, none is more
central or pervasive than people's judgments of their capabilities to deal effectively with
different realities”).
A. BANDURA (1986) Social Foundations of Thought and Action: A Social-Cognitive Theory
“É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal maneira
que num dado momento a tua fala seja a tua prática.”
Paulo Freire
Introdução
Animação que se anima a si mesma.
Quem passou, em Abril de 2015, pela Escola Superior de Educação de Coimbra deparou-se com
jovens estudantes, professores e estudantes da Escola de Educação Sénior sentados em baixos
sofás coloridos, conversando animadamente. Eram pequenos sofás individuais feitos de pneus
e de trapos de vários padrões que, numa iniciativa de reciclagem, davam cor e assento ao
espaço exterior da escola, criando novos lugares de convívio em constante mutação. Estas
peças de mobiliário urbano exterior permaneceram ali depois da Semana de Animação 2015, e
assim se criou um lugar novo e uma diferente forma de estar na escola.
Em Abril de 2016 já não havia sofás reciclados; a chuva e o sol tiveram também a sua acção
interventiva. Contudo, viram-se mesas dispostas no claustro e tendas erguidas no pátio, nas
quais se apresentaram associações e projectos sociais, onde se experimentaram curiosidades
de outras culturas e provaram delícias de outros lugares do mundo, e onde representantes de
vários partidos e movimentos políticos discutiram a participação cidadã como factor essencial à
consolidação da democracia, não tivesse a animação socioeducativa em vista a
consciencialização para a participação das pessoas na vida política da sociedade.
Na fase de implementação contou-se, em 2015, com uma parceria com a Casa da Esquina,
associação sociocultural com acção em Coimbra, que nos propôs iniciar na ESEC um périplo do
seu projecto Encontrar a Cidade que tinha como objectivo criar espaços vivos e informais de
convívio e de aprendizagem. A configuração desses espaços era conseguida por um conjunto
de sofás individuais feitos de pneus reaproveitados forrados de tecidos e trapos velhos.
Contou-se também, a partir de 2015, com a colaboração da Escola de Educação Sénior-Instituto
IHumanus a que se juntaram, em 2016, alunos e docentes de outras UCs do curso de ASE, dos
cursos de Desporto e Lazer e de Turismo, assim como outras organizações de âmbito local e
regional.
9
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Figura 1
Convívio nos
Sofás da Casa
da Esquina
Dinamização e
aproveitament
o do espaço
exterior da
escola
Figura 2
Talent Show
Participação de
alunos da
Escola de
Educação
Sénior e
Erasmus no
espetáculo de
mostra de
talentos dos
alunos
Da apreciação geral dada pelos vários implicados, concluímos que a Semana de Animação se
10
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
I – PROPOSTA
A Animação na teoria e na prática
Figura 3
Educação de
Adultos
Preparação de
Workshop na área
da literacia
científica realizado
por docentes do
Curso de ASE
convidadas a
participar no
evento
O envolvimento dos alunos foi imediato após a proposta do tema: desde a recolha de
informação para a realização de diagnósticos e fundamentação teórica das suas intervenções, à
definição de objetivos, elaboração de programas, cronogramas e orçamentos, até à
implementação propriamente dita dos seus projetos de intervenção, todos se envolveram num
11
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
trabalho que se prolongou por vários meses. A responsabilidade por estas fases do trabalho foi
repartida por todos os alunos e alunas envolvidos, tendo os docentes procurado que os alunos
do 2º ano do curso ficassem com as questões de fundo e decisões mais estratégicas tais como:
As turmas do 1º ano foram desafiadas a conjugar o seu trabalho com o dos colegas do 2º ano,
numa lógica de equipa operacional, ficando responsáveis por questões mais práticas, mas
igualmente relevantes, tais como:
12
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Figura 4
Teatro do Oprimido
Momento de
discussão e avaliação
da Actividade com os
alunos do Curso de
Teatro e Educação
II – PROCESSO
Dos problemas às actividades.
Figura 5
Street Art
Preparação do
espaço da
Atividade
(Grafitti e Hip
hop)
Na fase de Execução, foi solicitada aos alunos a realização de atividades culturais/de difusão,
artísticas, de formação, lúdicas e de carácter social, tendo a classificação proposta por Ander-
Egg servido como ponto de partida e base de constituição das equipas de trabalho, uma vez
que posteriormente lhes foi dada a liberdade pela escolha das atividades concretas a
desenvolver.
14
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Figura 6
Tabuleiro
Humano
Jogo de
perguntas e
respostas em
que os alunos
são os peões
num tabuleiro
gigante
Figura 7
Voluntariozani
a
Mostra de
Instituições
que
desenvolvem
no terreno
trabalho de
voluntariado
A UC de Atelier de Projetos de Intervenção (API), sendo uma UC prática, serviu de base para a
execução, monitorização e avaliação das actividades. Neste contexto foram definidos os
instrumentos para monitorização do processo e de registo das actividades, tais como: quadros
de tarefas e de responsabilidades; fichas de evolução; fichas de registo; etc.
15
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Figura 8
Survival
Actividade no
exterior com o
Curso de
Desporto e
Lazer
● Planeamento;
● Avaliação.
16
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Coordenação da -----
execução e da
avaliação da
actividade
actividade com o 2º
equipa
17
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Figura 9
Conta-me
como foi
Testemunhos
dos alunos da
Escola de
Educação
Sénior sobre o
25 de Abril
1. Diagnóstico e Investigação.
Figura 10
Quizz sobre
participação
política e
cidadania
Figura 11
Comida e Cultura
do Mundo
Aluna Erasmus
representando a
República Checa
no evento
Figura 12
Comida e Cultura
do Mundo
Gastronomia dos
países lusófonos
apresentada pelos
alunos de Turismo no
evento de streetfood
19
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
2015 2016
TEMA Integração de novos estudantes na ESEC Participação cidadã/ participação dos jovens na tomada de decisão política e na
promoção da cidadania
1. Falta de espaços promotores de interação entre os membros da comunidade da ESEC. 1. Muitos jovens não estão motivados para participar, nomeadamente, para
2. Dificuldades sentidas a nível de informação, pelos alunos das 1ª e 2ª fase, quando desenvolver acções de voluntariado.
chegam à ESEC. 2. A participação está condicionada às condições sociais, em particular, de inclusão
3. Falta de informação sobre os espaços da ESEC. e de exclusão social;
PROBLEMA 4. Dificuldade de integração social e académica dos estudantes de 2ª e 3ª fases e dos 3. A participação cidadã está condicionada às diferenças culturais.
trabalhadores estudantes . 4. O nível de literacia tem influência na capacidade e na motivação para a
5. Pouca integração dos alunos Erasmus. participação.
6. A praxe feita aos novos alunos é desadequada à integração, afastando os alunos da 5. A pouca participação dos alunos e alunas na ESEC prende-se com a falta de
escola. conhecimento dos ógãos de gestão da ESEC.
7. Os alunos e alunas do Pós-Laboral não têm acesso à maioria das iniciativas de 6. Desinteresse dos alunos da ESEC pela tomadas de decisão em assuntos
integração, acolhimento e socialização, devido ao horário das aulas. referentes à escola.
8. Degradação e abandono dos espaços potencializadores de socialização e de 7. Falta de conhecimento dos alunos sobre os seus direitos e deveres e dos
actividades socioculturais. regulamentos dos cursos.
9. Inexistência de ocasiões e iniciativas de convívio entre alunos, docentes e funcionários. 8. Falta de conhecimento do papel de órgãos como a Assembleia de
Representantes, o Concelho Pedagógico e a Associação de Estudantes, e da forma
como os alunos podem ser representados e/ou eleitos para estes órgãos.
9. Apesar de ser fácil promover o debate e reunir consenso entre os alunos
relativamente a problemas que os afectam, posteriormente estes não sabem como
e a quem comunicar essa informação.
1. Modificar os claustros de forma a criar espaços de convívio. 1. Fazer com que os alunos intervenham nas atividades propostas pela ESEC;
2. Dinamizar a cantina, bar e sala de estar anexa. 2. Consciencializar os alunos acerca da importância da participação cidadã;
3. Desenvolver uma melhor interação entre alunos, docentes e funcionários. 3. Combater o facto de os alunos não participarem nas tomadas de decisão
4. Informar os alunos sobre os espaços e serviços da ESEC. referentes à escola;
Necessidades 5. Inclusão e integração dos estudantes do 1º ano. 4. Os jovens explicarem o porquê de não se sentirem importantes nas tomadas de
6. Integrar os alunos Erasmus em espaços de convívio comuns. decisão;
5. Actividades específicas para a promoção de contacto entre alunos do regime
diurno e pós-laboral.
20
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
2. Planeamento
Embora cada equipa tenha trabalhado na concepção do seu projecto, o projecto global foi
criado a partir dos aspectos diferenciadores de cada projecto de cada equipa. Assim, cada
equipa ficou associada à definição e à formulação de um objectivo específico e de um conjunto
de duas actividades a realizar no segundo semestre. Destas duas actividades uma foi realizada
sob a total responsabilidade de cada equipa do 2º ano, outra por uma equipa mista formada
por estudantes do 1º e do 2º ano e ainda outra atividade proposta e realizada pelos alunos do
1º ano. A primeira actividade dos alunos do 2º ano foi realizada em qualquer contexto
socioterritorial e a segunda actividade (equipa mista) integrou-se na iniciativa Semana de
Animação da ESEC. Os alunos do 1º ano realizaram as actividades na ESEC que foi definida
como a comunidade-alvo da intervenção. Neste texto focar-nos-emos somente nas actividades
realizadas neste último contexto.
21
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
2015 2016
TEMA Integração de novos estudantes na ESEC Participação cidadã/ participação dos jovens na tomada de decisão política e na
promoção da cidadania
Objectivo Contribuir para a integração de novos e novas estudantes Contribuir para a participação cidadã dos jovens através da consciencialização para
Principal da ESEC, promovendo momentos de convívio entre os as questões de cidaddania e de tomada de decisão nas esferas que lhes são mais
estudantes, docentes e funcionários durante o 2º semestre próximas, por meio de atividades socioeducativas realizadas no 2º semestre do
do ano letivo 2014/2015. ano letivo 2015/16.
Objectivos 1. Animar os espaços de interação social da ESEC 1. Dar a conhecer os órgãos de gestão e de representação existentes na ESEC e os
Específicos (claustros, bar e cantina) com 10 atividades lúdico- órgãos de soberania nacional através de atividades que envolvam 100 alunos da
pedagógicas que envolvam 50 alunos do primeiro ano da ESEC e de outros estabelecimentos de ensino, no 2º semestre de 2015/16.
ESEC, ao longo do 2ºsemestre de 2014/15.
2. Colocar em contacto os alunos do curso de ASE com outras realidades culturais
2. Realizar 2 actividades que dêem informação clara sobre existentes em Coimbra que se encontram condicionadas à participação política, em
os espaços da ESEC, envolvendo 50 alunos, 5 docentes e 4 Abril 2016.
funcionários da ESEC, até ao final de Maio de 2015.
3. Envolver 100 alunos da ESEC em atividades que os coloquem em contacto direto
3. Melhorar o atendimento a nível dos Serviços com 5 organizações sociais e 3 organizações políticas com acção directa na
Académicos, através da criação de um grupo de alunos do sociedade, durante o 2º semestre de 2015/16.
1º e 2ºano de ASE que apoie a integração e o processo
administrativo dos novos estudantes no próximo ano
lectivo.
22
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
3. Divulgação e Mobilização
A título de exemplo, a actividade ASE Óscar Awards foi um evento mais dirigido ao curso de
AnimaçãoSocioeducativa com vista a reunir alunos e professores do regime diurno e pós-
laboral (embora fossem também premiados funcionários da escola); semanas antes da
actividade foram colocados teasers (cartazes) que iam chamando atenção para o evento mas
sem divulgar o que se iria passar, onde ou quando. Só num momento próximo à realização da
actividade é que foram conhecidos os seus pormenores, de forma a que o evento
surpreendesse toda a escola, e, de facto, esta gala veio a ser comentada um pouco por toda a
escola nas semanas seguintes.
Figura 13
ASE Oscars
Awards
Alguns dos
premiados
Uma tarefa conjunta do ano de 2015 foi a definição de um título para a Semana de Animação,
tendo em conta a temática principal da “Integração Social” e do tema específico
“integração dos novos estudantes na ESEC”. O título seleccionado pelas turmas foi
ESECONNECTINGPEOPLE, numa alusão à expectativa de que o projecto promovesse coesão
social no seio da comunidade da ESEC. Na sequência desta tarefa foi realizado outro concurso
de ideias entre primeiro ano (diurno e pós-laboral) e o segundo ano, de onde surgiu a proposta
23
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
24
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Figura 17
Torneio
Intercursos
Alunas/os de
diferentes cursos
nas bancadas
25
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Outras sinergias foram desenvolvidas com decorrer do processo foram criadas com as
UC de Atividades Lúdicas, do curso de Desporto e Lazer, de Organização de Eventos e
Marketing, do curso de Turismo. Igualmente foram potencializadas relações com grupos de
estudantes, docentes, serviços da ESEC e com pessoas externas à escola, tais como artistas,
desportistas, oradores, membros de partidos e de movimentos políticos locais. Foram também
criadas parcerias com organizações como a Associação de Estudantes, associação Casa da
Esquina e Escola de Educação Sénior do Instituto IHumanus, entre outras organizações locais.
Em cada ano tomaram parte na organização da SEMANA DE ANIMAÇÃO cerca de 70 estudantes
de Animação Socioeducativa e form envolvidos mais de uma centena de participantes (em cada
ano).
As imagens que se seguem são o registo da participação de alunos e docentes de outros cursos
bem como de pessoas e instituições exteriores à escola no evento Semana de Animação.
Figura 18
Suporte Básico
de Vida
Formação dada
pelos Bombeiros
Figura 19
Danças
de Salão
Demonstração
no Baile para a
Escola Sénior
26
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Figura 20
Workshop
Alimentação
Saudável
Figura 21
Zumba
Atividade
Física e
Dinamização
do Campo de
Jogos
Figura 22
Cultura
Oriental
Workshop de
caligrafia
japonesa e
chinesa
As actividades propostas nos projectos de CPIC, pelos alunos do 2º ano, foram apresentadas e
discutidas por cada equipa, ao mesmo tempo que se aferiram as condições para a realização
das mesmas ou definiram as reformulações necessárias para a realização de cada actividade.
Aos grupos de estudantes do 1º ano (cada um responsável por um dia da semana) coube ainda
o desafio de proporem e de realizarem por si mesmos uma actividade que respondesse ao
27
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
28
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
29
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
30
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Do currículo à realidade.
Perante o impacto que esta iniciativa teve na ESEC, sucedendo o sucesso que a Semana Cultural
já tinha obtido nos quatro anos anteriores, a Semana de Animação mostrou ter condições para
se afirmar como uma referência de aprendizagem prática do curso de animação
socioeducativa. Os efeitos da iniciativa alargaram-se a alunos e docentes de outros cursos,
assim como a funcionários e a organizações que aderiram, tornando-a numa ocasião de
animação da Escola Superior de Educação de Coimbra.
Uma vez que não há animação sem haver gente que a anime, salientamos o empenho das
alunas e dos alunos de ASE que acolheram a proposta de braços abertos, encararam as
dificuldades como desafios e viveram o processo como uma mais-valia para a sua formação em
animação socioeducativa.
31
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Cathia Alves1
Hélder Ferreira Isayama2
Resumo
As ações do Programa Escola da Família têm como objetivo ocupar o espaço escolar
aos fins de semana com atividades/oficinas educativas, culturais e esportivas a partir
de quatro eixos: saúde, trabalho, cultura e esporte. O estudo em questão combinou a
pesquisa bibliográfica, de campo e documental para identificar as práticas educativas
de lazer em um conjunto de escolas de uma Diretoria de Ensino Regional no interior do
Estado de São Paulo. O Programa ocorre em vinte oito escolas, selecionamos três
unidades para caracterização desse estudo. Os dados apontam que eixo da cultura
promove a maioria das vivências e expressões, oferecendo oportunidades de vínculos
sociais, culturais e afetivos e junto com o eixo dos esportes contemplam participantes
de diferentes idades, predominando o público de crianças e adolescentes. De maneira
geral, as práticas incluem processos educativos divertidos, expressivos e envolvem
contextos de representações sociais com significados variados, desde jogos esportivos,
músicas, danças, atividades de conhecimento e promoção de campanhas sociais e
culturais. Nas unidades observadas predominam a prática esportiva de futsal e tênis de
mesa, encontros entre os participantes com objetivo de assistir as práticas esportivas,
ouvir música e de se reunir para bater papo.
Abstract
The actions of the Family School Program aim to occupy the school space on weekends
with activities / educational workshops, cultural and sports from four areas: health,
work, culture and sports. The study in question combined bibliographical research,
field and documentation to identify the educational leisure practices in a number of
schools in a Board of Regional Education in the State of São Paulo. The program takes
place in twenty eight schools, we selected three units to characterize this study. The
1
Professora do Instituto Federal de São Paulo – campus Salto, IFSP – SP. Doutoranda em Estudos do
lazer pela UFMG. Integrante do Oricolé – Laboratório de Pesquisa sobre Formação e Atuação
Profissional no Lazer da UFMG. Integrante do grupo de pesquisa LIMC - Grupo Multidisciplinar de
Estudos de Linguagens e Manifestações Culturais do IFSP – campus Salto. alves.cathia10@gmail.com
2
Realizou Estágio Pós-Doutoral em Educação pela UFRJ. Docente do Programa Interdisciplinar de Pós-
Graduação em Estudos do Lazer da UFMG. Líder do Oricolé – Laboratório de Pesquisa sobre Formação e
Atuação Profissional no Lazer da UFMG. Bolsista do Programa de Pesquisador Mineiro da Fapemig
(2014-2016). Editor da Revista Licere. helderisayama@yahoo.com.br
32
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
data indicate that culture promotes axis most perceptions and experiences, providing
opportunities for social, cultural and emotional bonds and together with the axis of the
sports include participants of different ages, predominantly the audience of children
and adolescents. In general, the practices include fun, expressive educational
processes and involve social representations contexts with different meanings, from
sports games, songs, dances, knowledge activities and promotion of social and cultural
campaigns. The observed units predominate sports practice futsal and table tennis,
meetings between the participants in order to watch sports practices, listen to music
and meet to chat.
Introdução
conta com dez programas e projetos em âmbito nacional que envolve práticas
educativas de esporte e lazer, incluindo processos de formação profissional e
realização de pesquisas e publicações. Entre esses programas destacamos o Programa
Segundo Tempo, Esporte da Escola, Esporte e Lazer da Cidade (PELC) e Vida Saudável
(VS) que se vinculam efetivamente as expressões de lazer, esporte, cultura e educação.
O Ministério da Educação (órgão da administração federal direta, tem como
área de competência a política nacional de educação), no ano de 2016, opera com os
programas “Atleta na escola” e “Mais Educação” que também envolvem valores,
princípios, características, práticas e vivências do esporte, da cultura e do lazer. Outro
Programa público que atua com esporte, lazer, cultura e educação, surge no ano de
2004, e é denominado Programa Escola Aberta. Fruto da parceria com a Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e com o governo
federal por meio do Ministério da Educação, se efetiva em alguns estados brasileiros,
procurando ofertar opções de lazer em unidades escolares aos fins de semana,
direcionado para comunidades carentes, pautados no combate à violência e promoção
da cultura de paz.
O ministério da Cultura (órgão da administração pública federal que tem como
áreas de competência a política nacional de cultura e a proteção do patrimônio
histórico e cultural) promove o Programa CEUs, Centros de Artes e Esportes Unificados
que procuram integrar num mesmo espaço projetos e ações culturais, de esporte e
lazer, práticas de formação e qualificação para o mercado de trabalho, serviços
socioassistenciais, políticas de prevenção à violência e de inclusão digital. Tem como
objetivo a promoção da cidadania em territórios de alta vulnerabilidade social das
cidades brasileiras. O Programa tem como proposta desde 2010, construir 357
unidades por meio da parceria entre Governo Federal e municípios, aproximadamente
23 unidades foram inauguradas entre as cinco regiões do país.
Nessa conjuntura e contexto político de associar o lazer, o esporte e a cultura
como ferramentas educativas e de combate às violências a UNESCO firma mais
parcerias no Brasil, entre elas, configura-se a formação no plano estadual do governo
de São Paulo do Programa Escola da Família (PEF), iniciado no ano de 2003 a partir de
parcerias com a UNESCO e com entidades privadas.
34
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Esse estudo utilizou três estratégias básicas para coletar os dados: a pesquisa
bibliográfica em torno das publicações sobre o Programa Escola da Família, disponível
no sistema on-line; a pesquisa documental em cinco documentos norteadores do
programa, bem como, no site do Programa e em registros feitos pelas unidades
escolares sobre as atividades; e a pesquisa de campo, por meio da observação direta
com diário de campo, em visitas as escolas e em participação em reuniões e encontros
de uma Diretoria Regional de Ensino de uma cidade do interior do Estado de São
Paulo, escolhida por acessibilidade e intencionalidade.
Quanto aos documentos, identificamos o Decreto nº 48.781, de 07 de julho de
2004 – Institui o Programa Escola da Família; a Resolução SE nº 24, de 05 de abril de
2005 – Dispõe sobre o Escola em Parceria; outra Resolução SE nº 18, de 05 de
fevereiro de 2010 - Dispõe sobre a consolidação das diretrizes e procedimentos do
Programa Escola da Família e dá providências correlatas. Analisamos o Manual
36
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
A observação foi provocada pelo diário de campo. O diário foi composto por
um quadro, no qual estabelecemos o seguinte roteiro: local, data, clima, espaço,
atividades, materiais, intervenções, relações entre gestor e educador, relação entre
gestor e comunidade, relação entre educador e comunidade, relação entre
comunidade e comunidade. Discursos, falas, expressões, comportamentos sobre as
práticas, oficinas e observações gerais. O diário de campo contribuiu para seguirmos as
diversas fases da observação, colaborou para refletirmos antes, durante e após as
visitas.
39
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
40
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
É uma metodologia que não é citada no âmbito do Programa, mas que poderia
possibilitar uma preparação dos educadores do PEF para implementação de mudanças
na sociedade, contribuindo para reflexão, ação e compromisso político e ético.
Nesse sentido, um educador do Programa Escola da Família, como animador
sociocultural seria sensível e responsável pela diversão, aprendizagem, contato das
pessoas com o lazer; promotor de vivacidade, incentivo, diálogo, transmitiria alegria,
trocaria aprendizagens e ensinamentos.
Consideramos que a animação como ferramenta metodológica reaviva o
compromisso com a sociedade através de ações pedagógica, de construções e trocas
de saberes ao redor do lazer. Propõe mudanças e interfere na vida dos sujeitos no
sentido de contribuir com a suas consciências sociais, morais e culturais em busca de
uma sociedade mais justa e humanizada (ALVES, 2007).
Desse modo, as práticas do PEF são ações formatadas que geram saber a partir
de relações de poder estabelecidas entre Gestor, Educadores, comunidade e da
própria identidade do Programa.
Segundo Foucault (2014) o poder e o saber estão envolvidos, se comprometem
entre seus campos, construindo relações. Essas relações formam um conjunto de
sujeitos com modalidades de conhecimentos, construídas por processos e lutas
associados à história, ambientes, atividades e também ao conhecimento. O poder
produz saber e o saber se forma com as relações de poder, e ainda, os sujeitos são
frutos dessa relação poder-saber adquirindo condutas e modos de ser. Essas formas de
conduta interferem em como os sujeitos se apropriam e vivem as diversas
experiências, não existe um grau de importância entre saber e poder, é um movimento
circular, linear e espontâneo.
Para Foucault (2005) o indivíduo e o poder circulam, pode ser submetido e
fazer submeter. “O individuo é um efeito do poder e é, ao mesmo tempo, na mesma
medida em que é um efeito seu, seu intermediário: o poder transita pelo individuo que
ele construiu” (p.35).
Assim é preciso fazer uma análise ascendente do poder, partir da própria
história, do trajeto, técnica e taticamente. Subsequente, olhar como os mecanismos
agem, como foram utilizados, transformados, deslocados. Espiar os níveis mais baixos,
como os mecanismos são anexados por fenômenos globais. Significa, portanto, não
41
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
olhar para o que está claro, mas olhar do menor para o maior, do micro poder, para o
macro para entender os mecanismos e as tramas vinculadas (FOUCAULT, 2015).
E ainda, onde há poder, há resistência. Desse modo, não existe especificamente
um lugar de resistência, existem pontos móveis e transitórios que se distribuem por
toda estrutura social, causando e levando a movimentos e circulação desse poder.
No âmbito de Programas como o PEF, esse jogo “saber-poder” ocorre o tempo
todo em diferentes esferas, por exemplo, na determinação de temas para eventos que
vem direcionado da gestão do Programa, na oferta de um café da manhã para
comunidade, na lógica das práticas de futebol, dança e convívio social que a
comunidade impõe ao uso do local, na relação hierarquizada entre comunidade,
educador e gestor, nas intenções de promover paz e reduzir a violência ofertando
políticas assistencialistas, na difusão de valores de cidadania, autonomia, participação
e inclusão..., entre outras coisas, a serem ainda descobertas e desvencilhadas em
ações de políticas educacionais.
A comunidade do PEF demonstra essa mobilidade quando adere mais a
algumas propostas do Programa do que a outras. Defendemos que o Programa é um
Programa de lazer educativo, não é uma extensão das ações curriculares da semana,
mas cria seu próprio currículo, produz dispositivos pedagógicos de ensinamento
próprios. Reforçam condutas esportivas, culturais e sociais, os saberes desse modo vão
sendo produzidos e os poderes vão sendo alterados, modificados, e assim o “jogo” vai
fluindo.
O PEF conta com uma programação anual ordenada pela Coordenação Geral do
Programa. A Coordenação Geral do Programa é compartilhada entre a Coordenadoria
de Gestão da Educação Básica (CGEB), Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
(SEE) e a Diretoria de Projetos Especiais (DPE) da Fundação para o Desenvolvimento da
Educação (FDE), órgão executor do Programa Escola da Família.
A Coordenação Geral define os principais eventos e atividades a serem
realizados durante o ano em todas as escolas do Estado (atualmente o programa opera
42
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
45
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Conclusão
Concluímos que o PEF é uma ação de política de governo que pode ter seu
prazo de duração determinado, o que leva ao descrédito das políticas públicas,
predominando a descontinuidade, o descaso e a falta de apropriação do direito.
Apontamos, portanto, ser necessária a incorporação no conjunto das políticas, os
fatores culturais, no sentido das representações, aceitações, rejeições e conquistas
coletivas, remetendo-se, ainda, as formas de organização dos indivíduos e o reflexo de
poder de pressão e articulação dos diferentes grupos.
O Programa oferece a abertura da estrutura das escolas que possuem um
padrão físico, disponibilizando quadras cobertas, pátio abertos e jardins, com poucos
recursos financeiros e materiais insuficientes para execução e criação de experiências
culturais, esportivas, lúdicas, e de lazer. Os bolsistas de diversos cursos do Ensino
Superior geralmente atuam com oficinas já delineadas ou pela gestão geral, regional
ou local do Programa, em alguns casos são implantadas novas ações como aula de
lutas e aulas de violão a partir de uma habilidade ou competência própria do bolsista.
Acreditamos que as metodologias do processo de animação sociocultural
poderiam contribuir para ações fundamentadas politicamente e culturalmente,
intervindo e alterando o dia a dia da comunidade.
46
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Referências
47
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
48
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
SILVA, Tomaz T. Currículo e identidade social: territórios contestados. In: SILVA, Tomaz
T. (org). Alienígenas na sala de aula Uma introdução aos estudos culturais em
educação. 11 ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2013.
SOUZA, Celina. Políticas públicas uma revisão da literatura. Sociologias. Porto Alegre,
ano 8, nº 16, jul/dez, 2006.
49
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Introducción.
Hace dos años en estas mismas fechas nos encontramos mujeres y varones de
diversos países preocupados y ocupados con la realidad de la animación sociocultural.
En esa instancia proponíamos hacer un recorrido conceptual y experiencial sobre las
múltiples y posibles intervenciones/ acciones desde la animación sociocultural en
nuestras diferentes sociedades, ámbitos y territorios. Entre muchas de las cosas que
compartimos y reflexionamos se desprende el papel de la animación sociocultural
como disciplina y ámbito articulador, integrador y posibilitante de múltiples instancias,
así como generador de condiciones para la transformación de la sociedad y de los
propios sujetos.
Creo firmemente que aún no le hemos dado la real significación que tuvo ese primer
congreso aunque es claro uno de sus resultados: la creación de la RIA- Red
Iberoamericana de Animación Sociocultural, que sin lugar a dudas nace como producto
de haberse congregado gente entorno a una actitud y a una convicción de unirse y
trabajar por un bien que los trascienda a ellos mismos y tenga un impacto movilizador
y generador de nuevas subjetividades en los más diversos lugares de nuestra
Iberoamérica y por que no más allá.
Como mencionaba antes la dimensión que tuvo este primer congreso no ha sido
valorada en su justo término por todos los actores y ámbitos de actúa n y
desenvuelven en el campo e la Animación Sociocultural. En tanto se dio un espacio
histórico y político de integración y articulación entre personas y organizaciones que
no se da entre gobiernos y estados hoy en día. Es claro que las características, las
incumbencias y las decisiones que se toman en estos ámbitos tienen que ver con otras
50
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Aspiro en este nuevo congreso poder multiplicar los realizado y lo vivido en el anterior,
así como ser todos y todas unas cajas de resonancia de lo que consigamos en términos
de lo aprendido y lo vivido en el mismo, en nuestros lugares de residencia y trabajo.
Colectivicemos lo vivido y lo aprendido esto hace de la animación una herramienta
eficaz, pertinente y superadora.
Desarrollo.
52
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Un ejemplo claro que creo ilustra lo que intento decir en cuanto a la participación y
producción ciudadana son los barrios ciudadanos de mi país (Uruguay), los cuales han
constituido durante muchas décadas verdaderas escuelas ciudadanas donde se creo y
se transmitió de generación en generación una cultura ciudadana constituida por
diferentes subculturas que de diversas formas se organizaban y que así funcionaban de
tal forma que aportaban a la construcción y deconstrucción de la sociedad toda. Estos
barrios se configuraban en comunidades donde se generaban pautas y códigos que les
son propios y que son los que le dan identidad a los individuos y colectivos que en ellos
viven
53
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
En nuestra Latinoamérica a mediados del siglo veinte se comienza a dar una situación
socioeconómica donde el estado de bien estar social y benefactor comienza a caer.
Esto trae como consecuencia el decaimiento de muchas formas y lógicas de
participación de los ciudadanos ya que los espacios que generaban y sostenía el estado
comienzan a tener problemas para seguir funcionando. Es así que el estado deja de
brindar apoyo económico y estructural a muchas de las propuestas y políticas de
promoción y prevención social. Este es un hecho que suma al cambio de subjetividad
en cuanto al estado de conciencia comunitario. Es así que con el correr de los años y
las diferentes coyunturas sociales, políticas y económicas aparecen organizaciones con
características y aspectos regulados por el estado y sus leyes en cuanto a su formato y
que por tanto les significa un grado de organización mínimo en la propuesta a
desarrollar, en lo administrativo y en lo económico. En esta categoría podemos
encontrar tanto a comisiones de barrio, asociaciones deportivas, asociaciones
culturales y a las asociaciones civiles más comúnmente llamadas organizaciones no
gubernamentales.
54
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
55
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Sociocultural con algún que otro matriz pero que en general podemos acordar y que
encontramos en algunos de los países que están presentes aquí:
56
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
58
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
59
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Al Animador lo concebimos ante todo como un educador, por ello deberá comprender
que su tarea es amplia y comprometida. Sus valores estarán en juego articulándose
con el de los demás constantemente.
Por esto todo animador deberá estar permanentemente atento al porqué de su labor,
así como al como desarrollarlo y al para qué.
Cabe destacar que todo animador es “un trabajador del conflicto”. Diariamente la
tarea consiste en generar las condiciones para el aprendizaje y la participación esto
implica que en los diversos ámbitos grupales y los diversos colectivos se generan
contradicciones, divergencias sobre los distintos intereses y conflictos. Es aquí que el
animador debe actuar y desarrollar su rol.
La labor del animador implica ética y estética y por ello la necesidad de concebir su rol
políticamente. El vínculo con los demás debe estar enmarcado en una estética
determinada que al decir de Schiller ubica al fenómeno de lo estético y plantea que en
él lo bello es forma viva y la belleza se convierte en libertad”. Nos parece importante
60
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
enmarcar nuestra acción cotidiana desde esta premisa asumiendo que la libertad se
consigue a partir de varios aspectos de lo humanos y uno de ellos es lo estético y el
mismo nos conduce por caminos de la belleza y nuevamente retomando a Schiller 1
cuando plantea que “solo el ejercicio estético lleva a lo ilimitado”.
Por último deseamos que nuestra labor educativa construida y basada desde lo
político, lo ético y lo estético se desarrolle en la dialéctica del juego estético, este es
una unidad de seriedad y juego donde la seriedad está basada en el contenido y el
juego lo está en la forma.
Bibliografía.
Mirta Cucco García, PROCC: Una propuesta de intervención sobre los malestares de la
vida cotidiana. Argentina ATUEL 2006
Ezequiel Ander- Egg, La Animación Sociocultural en los comienzos del siglo XXI
Argentina LUMEN 2008
1
Filosofo Alemán
61
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Introdução
Esse cenário de pobreza e ausência de serviços públicos pode ser observado nas
“beiras da cidade” como no caso do extremo da Zona Sul da Cidade2, região
administrativa constituída pelas subprefeituras da Capela do Socorro, de Campo Limpo,
de Cidade Ademar, de Parelheiros, e do M'Boi Mirim. De acordo com o censo de 2010,
essa região tem uma população aproximada de 2.300.638 habitantes e ocupa um
território de 607 km². Para melhor compreensão seguem mapas3 de localização do
país, estado e cidade de São Paulo e da Zona Sul da cidade desta cidade (RODRIGUES E
SOUZA, 2015, p. 4-5).
2
hhtp://ww2.prefeitura.sp.gov.br//arquivos/secretarias/planejamento/plano_diretor/Plano_Municipal_
Habitacao
3 http://ww2.prefeitura.sp.gov.br//arquivos/guia/mapas/0001/mapa_subprefeituras.jpeg small>
64
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
nessa região que a Vocação desenvolve, há quase 50 anos, os seus programas sociais
através de ações realizadas em parceria com mais de 20 unidades de Organizações
Sociais de base comunitária todas localizadas nos subdistritos de M’Boi Mirim, Capela
do Socorro, Grajaú, Cidade Ademar, Campo Limpo e adjacências que atuam de acordo
com a realidade de cada bairro e, também em parceria com a Prefeitura da cidade de
São Paulo.
MUDANÇA DE PARADIGMA
De: Para:
Foco nos problemas e dificuldades Foco nas habilidades e potencialidades
Prevalece a opinião técnica do Prevalece o saber da comunidade
perito
Poder sobre a comunidade Poder compartilhado com a comunidade
Processo decisório centralizado Processo decisório compartilhado
Recursos ofertados vêm de fora Recursos estão na comunidade
Dependência e Clientelismo Corresponsabilidade e Cidadania
65
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
66
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Figura 01: Ações intergeracionais em eventos comunitários – CCSJ São Joaquim e Auriverde
67
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Fonte: A Banca
Assim, quadras, salas de aula, galpões, pátios e até refeitórios têm sido
otimizados para o uso da comunidade durante as atividades de lazer com as famílias,
assim como, as barreiras de incertezas e insegurança começaram a ser quebradas pela
cumplicidade que começou a se desenvolver entre as organizações sociais e a
comunidade (KALOUSTIAN, 2000).
68
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
70
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Possibilidades de difusão das experiências da Zona Sul da cidade de São Paulo para
outros bairros da cidade e para bairros de países iberoamericanos.
71
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
1
Baixe o livro em http://www.vocacao.org.br/downloads/Construindo-vinculos-comunitarios.pdf. A
publicação contou com rrecursos financeiros do Fundo Municipal e do Adolescente (FUMCAD) da Cidade
de São Paulo.
73
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Considerações finais
74
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
REFERÊNCIAS
75
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
76
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
RESUMEN
PALABRAS CLAVE
RESUMO
1
Profesor Asociado de la Universidad de Valencia e editor da revista Quaderns d’
Animació i Educació Social (quadernsanimacio.net) | mviche@marioviche.es
77
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
PALAVRAS-CHAVE
Durante todo el siglo XX y parte del XIX la Educación ha estado liderando dinámicas
sociales de emancipación y libertad individual y comunitaria generando prácticas y
modelos de educación para la democracía y la ciudadanía, el análisis crítico, la toma de
conciencia, la coeducación, la tolerancia, el diálogo, la no violencia, las identidades
compartidas y la multiculturalidad.
A través de prácticas como la Escuela Nueva (A. Férriere), la Escuela del Pueblo
(Celestín Freinet), las Escuelas Libres, la Educación Liberadora (Paulo Freire), el
laicismo escolar (Jules Ferry) o las aportaciones de John Dewey en la construcción de
una escuela democrática, la educación ha ido sentando las bases de una sociedad
tolerante e inclusiva fundamentada en la Paz y la solidaridad internacional.
78
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
En los barrios periféricos de las ciudades del sur de Europa o en las comunidades
campesinas de América Latina tanto la Educación Popular como la Animación
Sociocultural han demostrado con creces la viabilidad de unos proyectos y unas
propuestas educativas para la convivencialidad, la autonomía y la libertad individual y
colectiva. Del mismo modo, a través de los Movimientos de Renovación Pedagógica y
las prácticas de la Pedagogía Social, se ha contribuido a la puesta en práctica de nuevos
modelos escolares participativos, colaborativos y en sintonía con el entorno
sociocultural.
3. Nuevos entornos y nuevas narrativas para una acción sociocultural en el siglo XXI
Aunque, como hemos ido aportando, la Educación Sociocultural cuenta con una
historia y una solvencia como práctica social que le proporciona visibilidad y
credibilidad, la educación, como toda práctica socio comunitaria se adapta de forma
dinámica a los cambios estructurales y de representación de los contextos históricos
en los que se inserta.
En este sentido, en las primeras décadas del Siglo XXI, la Educación Sociocultural, en
cuanto praxis solidaria de lectura crítica de la realidad y transformación social, adapta
sus prácticas y estrategias a las dinámicas del cambio social y a los retos de la Sociedad
Digital en cuanto que esta se nos presenta como el nuevo contexto social y cultural de
referencia más inmediata.
82
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
a) Las nuevas narrativas digitales transmedia que rompen con la cultura de leer la
realidad a través de unas narrativas lineales de recreación e interpretación de la
cotidianidad y la transcendencia dando paso a unas narrativas transmedia
multiformes, múltiples, multiculturales y dinámicas que se estructuran de forma
hipertextual fruto de la autoría colectiva de múltiples actores que interactuan en el
mundo digital y que dan lugar a una multiplicidad de representaciones de la realidad y
a la confluencia de interpretaciones diversas sobre una misma realidad social.
Frente a unas narrativas históricas, contextualizadas y multigeneracionales surgen
nuevas narrativas que se construyen sobre nuevos contextos y lenguajes que
combinan las narrativas clásicas de interpretación del mundo con nuevas narrativas
mediáticas, digitales y transmedia que nos obligan a realizar una esfuerzo de alteridad
para establecer lazos de comunicación entre generaciones.
Frente a las narrativas estereotipadas creadas por los medios de comunicación desde
posicionamientos de poder surgen las narrativas transmedia como nuevas formas de
leer el mundo a partir de la autoría de múltiples actores que interactuan desde su
propia experiencia y que no solo generan múltiples universos discursivos sobre un
mismo contexto vivencial sino que se estructuran como contrapoderes alternativos en
ocasiones convergentes generando el fenómeno de empoderamiento que Cremades
denomina “Micropoderes” (Cremades 2007). En este sentido Lessig (2005: 62) afirma
“Cuando cada vez más ciudadanos expresen lo que piensan y lo defiendan por escrito,
esto afectará a la forma en que la gente entiende las cuestiones públicas”. Es, a través
de las narrativas transmedia, que individuos y comunidades se expresan y se hacen
83
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
e) La contradicción entre un una cultura del consumo cultural regido por las estrategias
del mercado globalizado basadas en el marketing de los estereotipos y orientada a un
consumo masivo de productos culturales mediáticos, lúdicos, de ocio y turismo y una
cultura transmedia que se construye sobre los principios del intercambio, la
cooperación, la cultura libre, la gratuidad, la confluencia y la autoría individual y
colectiva nos obliga a un posicionamiento de las estrategias de la animación y la
gestión cultural que opte por la creatividad, la autoría, la libe expresión y la
interactividad en las redes como fórmulas de libertad, autonomía y desarrollo cultural
individual y comunitario. La cultura transmedia rompe definitivamente el paradigma
elitista, transmisor y consumista de la cultura para dar paso a una cultura viva,
85
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
86
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
BIBLIOGRAFÍA
88
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Licenciatura em Sociologia, pós-graduação e mestrado em Sociologia, área de especialização em
Conhecimento, Educação e Sociedade, doutorando em Sociologia, área de especialização em Cultura,
Conhecimento e Educação.
1
“A animação sociocultural nasce como uma forma de promoção de actividades destinadas a encher
criativamente o tempo livre, corrigir o desenraizamento que produzem os grandes centros urbanos,
evitar que se aprofunde ainda mais a fenda ou fossa cultural existente entre diferentes sectores sociais,
(…) criação de âmbitos de encontro que facilitem as relações interpessoais, alentar as formas de
educação permanente e criar as condições para a expressão, iniciativa e criatividade dos indivíduos.”
(Ander-Egg, 1999: 9).
89
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
dos indivíduos na vida social. Por último, assinala-se o incremento da educação social
como preocupação em promover a participação dos indivíduos e em desenvolver o seu
espírito crítico, procurando que estes se transformem em agentes activos da sua
formação.
Por último, a incorporação das preocupações sociais e culturais nas políticas públicas
por parte dos Estados Nacionais contribuiu, através dos órgãos centrais e locais, para a
contratação de técnicos animadores para realizarem funções associadas ao combate à
pobreza e à exclusão social, à educação permanente e à difusão cultural. O turismo, a
cultura, a educação, a acção social, o associativismo, a problemática juvenil, a terceira
idade, a protecção de crianças e jovens, a promoção de novas tecnologias, a formação
de adultos, o desporto, constituem, entre outras, áreas de trabalho que exigem
equipas técnicas especializadas nas quais participam, muitas vezes, os Animadores
Socioculturais.
2
Surgido em 1962, o Conselho de Cooperação Cultural subdividiu-se, em 2001, em quatro comités
directores: o Comité Director da Educação, o Comité Director do Ensino Superior e da Investigação o
Comité Director da Cultura e o Comité Director do Património Cultural.
90
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
O mesmo é reconhecido por Quintas e Castaño (1998: 17) quando afirmam que “o
conceito de animação é bastante impreciso. Não existe unanimidade entre os autores”.
Há, com efeito, segundo João Teixeira Lopes (1993: 79), uma “conflitualidade teórica à
volta do conceito”, conferindo aos autores perspectivas de abordagem diferentes: para
uns, inspirados em correntes anglo-saxónicas de raiz funcionalista, a animação
contribui para a regulação do sistema social, mediante a acção de mecanismos
estruturais conducentes a uma “situação social harmoniosa”; para outros,
influenciados pela filosofia das luzes (seja a corrente personalista de inspiração cristã,
seja a corrente laica com raízes no socialismo utópico e marcada pela “educação
popular”), a animação transcende as meras relações interpessoais para se estender às
relações colectivas; para os autores de inspiração marxista, a animação só tem sentido
se ligada a uma acção política com vista à transformação radical das estruturas
económicas e sociais. Para o mesmo autor, em abordagens mais recentes, a tendência
parece caracterizar-se por um certo consenso em relação ao conceito, realçando-se a
importância da comunicação interpessoal, das metodologias activas, dos processos de
3
“O Animador tem um leque vasto de escolhas para poder trabalhar; poderá empregar-se em
instituições, privadas ou comunitárias: fundações, autarquias, museus, bibliotecas, jardins-de-infância,
escolas, estabelecimentos prisionais, hospitais, centros de terceira idade, colónias de férias, associações
(culturais, recreativas, infantis, juvenis, grupos étnicos, emigrantes, toxicodependentes, homofobia…),
empresas, centros comerciais”, excerto da comunicação “Intervenção e Empregabilidade dos
Animadores Socioculturais”, efectuada por Catarina Maria Santos Garrelhas no I Congresso Nacional de
Animação Sociocultural, realizado no Centro de Congressos de Aveiro nos dias 18, 19 e 20 de Novembro
de 2010 e subordinado ao tema Profissão e Profissionalização dos Animadores.
91
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Henri Théry (citado por Ander-Egg, 1999: 72) define a Animação Sociocultural como
um
“processo que compreende a acção em movimento, uma vitalização, uma dinamização das
energias que existem no seio do grupo, pessoas ou comunidades e, paralelamente, uma
restituição desta energia à comunidade de que emana para contribuir para um
„desenvolvimento comunitário‟ (…) com a condição de se „libertar da alienação‟ implícita de
uma certa forma de cultura”.
4
João Teixeira Lopes, a propósito das abordagens mais recentes que tendem a assentar na “noção de
que o homem se deve tornar um actor no pleno sentido do termo, ou seja, um criador dos sistemas de
organização social”, faz menção à definição de Animação Sociocultural dada pela UNESCO, parecendo
esta constituir uma fonte inspiradora dessas mesmas abordagens: "A Animação Sociocultural é um
conjunto de práticas sociais que têm como finalidade estimular a iniciativa, bem como a participação das
comunidades no processo do seu próprio desenvolvimento e na dinâmica global da vida sociopolítica em
que estão integrados."
92
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
“um conjunto de técnicas sociais que, baseadas numa pedagogia participativa, tem como
finalidade promover práticas e actividades voluntárias que, com a participação activa das
pessoas, se desenvolvem num seio de um grupo ou comunidade determinada, e se manifesta
nos diferentes âmbitos das actividades socioculturais que procuram a melhoria da qualidade de
vida” (id.: 125).
Como que a comprovar a falta de clareza, Ander-Egg (1999: 69-77) dá conta de trinta e
duas definições de vários autores, referindo que a maior parte delas “expressam um
projecto pedagógico de consciencialização, de participação e de criatividade social [e]
cada um, conforme as suas próprias perspectivas ideológicas/políticas/científicas e a
sua própria prática, poderá escolher ou rejeitar”.
93
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
94
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Por sua vez, Badesa (2008: 180-199) enumera os recursos que constituem as várias
dimensões do perfil do Animador Sociocultural5, bem como os valores que devem presidir
à actividade da Animação Sociocultural6, sendo enaltecidas, como provas de grandeza, a
vertentes cívica e inspirada da acção (Boltanski & Thévenot, 1991), em que o bem
colectivo, a promoção da participação, a igualdade, a criatividade, a inovação e a
autenticidade são, entre outras, formas de expressão privilegiadas.
“Os factores que justificam a relevância da Animação Sociocultural nas últimas décadas têm a
sua origem no desenvolvimento da consciência cívica, da responsabilidade e da necessidade de
um mundo melhor e mais justo. Na época do estado de direito e bem-estar, a procura e a oferta
de tarefas sociais e educacionais aumentou, abrindo novos espaços relacionados com a
animação sociocultural. Neste sentido, estamos em condições de afirmar que a educação não é
da competência exclusiva da escola. Também se pode conceber como um auxílio, para cumprir
valores fundamentais, relacionados com a igualdade de todos para todos, e para o
desenvolvimento da consciência da cidadania.” (Badesa & Moriche, 2015: 199).
5
“Dimensión cognitiva: se refiere a la capacidade global para actuar com un propósito, pensar
racionalmente y enfrentarse de forma eficaz com el médio. (…) Dimensión afectiva: afecto e sensibilidade
ante las personas y disposición a prestar servicio. (…) Dimensión social y de relación: se refiere a las
relaciones interpersonales que ponen en comunicación y ayudan a cada uno de los membros del grupo.
(…) Dimensión moral: conjunto de facultades del espíritu que conciernen al respeto humano. (…)
Dimensión física: hace referencia a la constitución o naturaleza corpórea.”
6
“Valores que debe potenciar la Animación Sociocultural: participación, libertad, relaciones humanas,
igualdad, comunicación, solidaridad, autonomia personal, democracia cultural, integración,
concientización, pluralismo, desarrolo crítico, identidade personal y comunitária, cooperación, actividade
creadora, dinamismo social, valoración del grupo, mentalidad nueva ante câmbios, objetividad,
associacionismo, tolerância, justicia, humanización, confianza, respeto hacia sí miesmo, felicidad,
consideración social, sabiduría, autoestima, compañerismo, honestidade.”
95
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Sociocultural”. Trata-se de uma expressão que não teve – nem tem – um equivalente
em todos os países. Na verdade, “em documentos internacionais do Conselho da
Europa, durante muitos anos, a expressão traduzia-se em inglês como equivalente a
„desenvolvimento comunitário‟ e, em alemão, como „pedagogia social‟. No caso da
América Latina, em muitos países, empregou-se mais a expressão „promoção
sociocultural‟ em vez de animação sociocultural”.
Ao mesmo tempo, essas diferenças fazem-se notar, de acordo com a mesma autora,
em relação aos campos profissionais em que a actividade se insere:
96
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
“(…) torna-se difícil precisar os seus limites e delimitar os seus contornos. Na maior parte dos
casos, procede-se de uma das três formas: por exemplificação/inventariação, definindo o
conceito pelas actividades que engloba; pela negativa, eliminando as actividades que não se
enquadram no seu âmbito; ou, ainda, pelo considerar do seu carácter residual: na Animação
cabe, então, um imenso „território – resto‟ de práticas de difícil classificação.”
Opinião semelhante é expressa por Sousa (2015: 46), ao afirmar que a falta de clareza
da Animação Sociocultural reside no facto da práxis ter precedido a reflexão
académica. Nessa medida, a Animação, enquanto intervenção social, educativa e
cultural, é uma realidade que apenas se percebe na observação das práticas que
encerra e das várias interpretações e valorizações que se atribuem aos seus contextos
de actuação. É esta multiplicidade de facetas que enquadra o trabalho do Animador e
que, mesmo assim, no entender deste autor, constitui uma mais-valia:
7
A Animação Sociocultural vai buscar a sua fundamentação a várias científicas, nomeadamente à
Psicologia, à Sociologia, à Antropologia Cultural, à Pedagogia, entre outras.
97
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
É justamente esse contributo que Caride (2004: 54-61) procura dar na construção do
campo teórico da Animação Sociocultural. Considerando que o campo da teoria não se
encontra imune à influência das diversas concepções ideológicas e, sendo assim, não
podendo senão encerrar uma pluralidade de explicações sobre a realidade –
explicações sujeitas a refutações periódicas ou à revogação por outras –, Caride
distingue três perspectivas orientadoras da actividade teórica da Animação
Sociocultural: a tecnológica, a interpretativa e a dialéctica.
98
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
99
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
“(…) a maneira de usar as ditas práticas, de tal forma que provoquem a autonomia pessoal e a
autoorganização colectiva do grupo ou comunidade com quem trabalha. Para isso, faz falta
desenvolver competências de participação no público destinatário. Esta forma de trabalhar e a
intencionalidade com que se trabalha (emancipatória ou autoorganizativa), acreditamos que é
específica e exclusiva da ASC. E mais, acreditamos que é a mais apropriada e fundamental da
ASC. Agora, isto não basta dizê-lo, há que prová-lo. Como? Pois, com o projecto, a
implementação e validação de modelos de intervenção aplicados aos diferentes momentos,
através dos quais passa todo o processo de animação (diagnóstico, análise, planificação,
execução e avaliação). Estes modelos têm de ser suficientemente testados e validados com a
sua aplicação a diferentes contextos e modalidades de animação, até verificarmos se eles são
igualmente eficazes, transferíveis e generalizáveis.” (Ventosa, 2015: 252).
8
“(…) as actividades de animação e tempo livre adquirem potencialidade educadora quando são
orientadas e organizadas com a intenção de educar e não apenas para entreter e divertir. Esta é uma
das maiores e mais importantes diferenças com outros perfis profissionais vizinhos, normalmente
focados exclusivamente no sector do ócio e da diversão. (…) o caminho e horizonte da Animação
Sociocultural é a participação, e isto não é um dom inato com que nasce o ser humano, mas uma
habilidade que é adquirida progressivamente após um processo necessário de aprendizagem activa.”
(Ventosa, 2015: 252-253).
9
“A base da Animação Sociocultural reside no trabalho grupal e na função dinamizadora participativa
que carregam os seus modelos, estratégias e técnicas. Para ser levada a cabo, esta dupla abordagem
requer uma metodologia activa, participativa, lúdica e grupal, isto é a metodologia específica da
Animação Sociocultural.” (Ventosa, 2015: 253).
10
“(…) o animador, na medida em que é educador e trabalha para a melhoria das pessoas, deve ser um
profissional devidamente formado e qualificado para desenvolver o seu trabalho, independentemente do
estatuto, profissional ou voluntário, que fundamenta o desempenho das suas tarefas.” (Ventosa, 2015:
253).
100
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Para Quintana o “animador nasce”, o que deixa supor que a sua grandeza radica num
mundo inspirado (Boltanski & Thévenot, 1991), o que leva a que a actividade seja
encarada como uma missão: “(…) quem pensa ser animador, tem que ver primeiro se
tem as competências para o ser (…). A animação é uma actividade vocacional e
vocação consiste numa inclinação profunda de dedicação a uma actividade para a qual
se está dotado”.
Já Quintas e Sanchez assumem uma posição contrária: “o animador não nasce, mas
faz-se”, posição cujo sentido é interpretado por Fonte ao considerar que o Animador,
não deixando de estar agraciado por um mundo inspirado, se revela sobretudo pelos
seus atributos profissionais e a sua eficácia (Boltanski & Thévenot, 1991), atributos que
constituem prova da sua grandeza e que só pela via da formação e do trabalho são
alcançáveis: “somos animadores, sustentados na essência e consciência do ser.
Contudo, para chegar a ser, temos que nos fazer animadores. Não se é animador por
graça ou habilidade. É-se pelo trabalho, com o fazer antes do ser, pela dedicação e
devoção, com sacrifício e abnegação. Apesar de se nascer com determinadas
características de animador, é possível, e necessário, construir-se um animador através
de uma formação adequada.”
11
Quintana, J. M. (1993). Los ámbitos profesionales de la animación. Madrid: Narcea, S.A. Ediciones.
12
Quintas, S. F & Sánchez, M. G. (1999). Para compreender la animacion sociocultural. Navarra: Editorial
Verbo Divino
101
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
13
Acresce, ainda, que o posicionamento atribuído ao Animador pela Classificação Portuguesa das
Profissões de 2010, em comparação com o posicionamento que lhe estava atribuído pela Classificação
Nacional das Profissões de 1994, pode também ser interpretado como o reconhecimento da sua função
social. De facto, em 2010 o Animador passou a integrar o Grande Grupo 3-Técnicos e Profissões de Nível
Intermédio13, enquanto em 1994 integrava o Grande Grupo 5-Trabalhadores dos Serviços Pessoais, de
Protecção e Segurança e Vendedores.
102
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
diagnóstico e o tratamento não é clara. Significa, então, que quanto mais elevado for o
grau de predominância de inferência na ligação do diagnóstico ao tratamento, menor
será a vulnerabilidade jurisdicional. Esta ligação é afectada, em certas circunstâncias,
pela emergência de grandes clientes, pela transferência de trabalho profissional para
grandes organizações (factores que poderão condicionar o julgamento independente
por parte do profissional) e, especialmente, pelo desenvolvimento do conhecimento
abstracto, requisito indispensável para prevenir a rotinização da prática profissional e,
nessa medida, proporcionar a produção de novos diagnósticos, novos tratamentos e
novos métodos de inferência.
103
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Em resultado das transformações ocorridas num mundo cada vez mais globalizado, é
posta à prova a capacidade da Animação Sociocultural para enfrentar os novos e
complexos desafios. E muito embora, no dizer de Ander-Egg (2008: 20-21), a
insuficiente valorização atribuída à Animação Sociocultural em termos de políticas
públicas14, não deixou de se alargar a intervenção dos Animadores Socioculturais e de
se ampliarem os seus perfis profissionais15, passando estes a actuar em campos que
tradicionalmente não eram os seus (Ferreira, 2008: 200)16.
14
“Importa analisar a relação, o papel que joga a animação no âmbito das políticas públicas no âmbito
da sociedade civil. Vejamos o que acontece nas políticas públicas, para ser mais preciso na política
cultural da maioria dos países, definida pela UNESCO como o „conjunto de operações, princípios,
práticas e procedimentos de gestão administrativa ou de propostas que servem de base à acção cultural
do Estado‟. Ora bem, em quantos países a formulação da política cultural inclui a animação
sociocultural como uma forma de acção cultural do Estado, atribuindo-lhe um papel significativo? Em
poucos. E, isto, o que significa? (…) Depois de haver tido a oportunidade de analisar os conteúdos dos
documentos que expressam a política cultural dos respectivos países (América Latina, Europa e África),
considero que existe uma certa exclusão, marginalização ou, pelo menos, insuficiente valorização da
animação como uma das expressões da animação sociocultural. Mas o que acontece no âmbito da
sociedade civil? Ainda desde a última década do século XX, acentuado no século XXI, a importância da
animação tem outro significado. O surgimento e reforço das organizações não governamentais, os
movimentos e a emergência de novos actores sociais, têm mudado o panorama.” (Ander-Egg, 2008: 20-
21).
15
Animação Ambiental, Animação Hospitalar, Animação na Terceira Idade, Animação Terapêutica,
Animação Infantil, Animação Juvenil, Animação de Adultos, Animação Sociolaboral, Animação
Comercial, Animação com grupos com Necessidades Educativas Especiais, Animação de Museus,
Animação do Património, Animação da Leitura, Ciberanimação, Animação de Prisões, entre outros.
16
“Perante as transformações que ocorreram nas últimas décadas, a ASC evoluiu para novos campos.
(…) Os campos tradicionais da Animação Sociocultural foram, e são em grande parte ainda hoje, o ócio e
o tempo livre, assim como a promoção cultural. A animação sociolaboral alarga o campo da ASC à esfera
social, face aos problemas e necessidades emergentes nas sociedades contemporâneas, designadamente
o desemprego, a exclusão e outras formas de vulnerabilidade social. (…) O animador sociocultural
passou a fazer parte dos profissionais do trabalho social, realizando projectos e programas que visam
melhorar a posição dos indivíduos e dos grupos perante o mercado de trabalho, criando ambientes
solidários e cooperativos, com ênfase, não na competitividade e na produtividade como metas finais,
mas nas pessoas e na qualidade de vida.”
17
“Estamos sempre a falar de lugares…, do ponto de vista da colocação no mercado de trabalho, de
lugares que não são de desafogo, ou seja, não são de permanência (…): Professora – Entrevista – Julho
de 2010; (…) Há emprego em animação só que o emprego existente é irregular (…): Professor –
104
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
mesmo tempo, parece corresponder à indicação dada por Lopes (2008a) quando, em
matéria de empregabilidade, refere que
“entre os anos 60 e 90 existiu emprego em Animação. No século XXI vai existir muito trabalho
em Animação, mas não o modelo de emprego do século XX, isto requer preparar os Animadores
para um novo conceito de empregabilidade assente no trabalho em rede e não no trabalho por
conta de outrem, na criação de empresas que respondam ao pulsar do novo tempo e que os
contratos programa com lares, hospitais, jardins-de-infância, autarquias, organizações
governamentais, dêem respostas aos diferentes âmbitos de Animação existentes e ainda os que
hão-de vir, porque o movimento da vida vai sempre gerar novas necessidades e
consequentemente novos âmbitos.”
cruciales pouvant affecter notre survie elle-même, sans aucun fondement adéquat em termes de
Connaissance. (...) La liberté de décider dont jouit le sujet de „société‟ n‟est pas la liberté de pouvoir
décider librement de sa destinée, mais la liberté source d‟angoisse de celui qui est constamment
contraint de prendre des décisions sans avoir conscience de leurs conséquences.”
105
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Carapinheiro, 2002: 14), não deixa, paradoxalmente, de ser verdade que essas mesmas
decisões constituem, por vezes, um “abrir de portas” a novas oportunidades.
Longe de serem lineares (Pais, 2005), os percursos profissionais são cada vez mais
“marcados pela instabilidade e pelo risco, ainda que em alguns casos com tónica nas
oportunidades e na realização” (Guerreiro & Abrantes, 2004: 28). A integração na vida
activa é, normalmente, caracterizada por um processo contínuo de transições de
situações de ocupação, desemprego e formação. Como tal, as trajectórias dos que
tentam ingressar no mundo do trabalho, em particular os jovens, constituem um
processo complexo que engloba relações mais prolongadas entre o itinerário
formativo e o itinerário laboral21.
20
Em que “graças a trajectórias profissionais claramente definidas, a tarefas extenuantes, mas de uma
regularidade tranquilizadora, à estabilidade considerável das equipas de trabalho, à grande utilidade
dos conhecimentos e, portanto, ao elevado valor concedido à acumulação de experiência profissional,
osriscos do mercado laboral podiam ser mantidos sob controlo, a incerteza via-se mitigada ou
desaparecia por completo, e os medos eram desterrados para o terreno marginal dos „azares da sorte‟
ou dos „acidentes fatais‟, evitando-se assim que saturassem o decorrer da vida quotidiana.” (Bauman,
2006a: 15).
21
Ganham expressão, no actual mundo do trabalho, as transições incertas/não lineares para a
empregabilidade. Transições que tendem a ser cada vez maia alongadas e que afectam tanto os
trabalhadores indiferenciados, como os trabalhadores altamente qualificados. Transições que o
Decreto-Lei n.º 220/2006, de 3 de Novembro, no seu art.º 14.º, vem legitimar, ao introduzir a
obrigatoriedade da formação como condição do recebimento do subsídio de desemprego, o que
significa a perda de importância das certificações em favor de uma permanente
reconversão/requalificação profissional dos indivíduos. Esta necessidade permanente de
reconversão/requalificação caracteriza o “novo espírito do capitalismo” (Boltanski & Chiapello, 1999), ”,
estando-se perante o “indivíduo insuficiente” que tem o dever de se reconverter/requalificar para
ganhar capacidade competitiva, capacidade empreendedora, capacidade de iniciativa e de ser
polivalente, flexível, imaginativo, inovador, colaborador e, desta maneira, poder movimentar-se na rede
e integrar projectos muito diferenciados em matéria de exigências.
106
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Embora pareça ser crescente a impotência das comunidades locais em atenuar o risco
que os percursos profissionais comportam (Hespanha et al., 2002: 29), não deixa
porém de ser interessante, do ponto de vista analítico, perceber a maneira como os
indivíduos orientam e ajustam a sua acção, ou seja, que tomadas de posição vão
assumindo em face das situações concretas com que se vão deparando. Sendo assim,
ao invés de se estar perante um indivíduo conformado, sem verdadeira consciência
dos determinismos a que está sujeito, como diriam Bourdieu e Passeron (1964 e 1978),
está-se perante alguém que, por via de uma atitude reflexiva constante22, confere
sentido às suas acções e, nessa medida, desenvolve pontos de vista críticos
relativamente às várias situações em que vai estando envolvido.
22
Segundo Giddens (2005: 7-31), o ordenamento e reordenamento reflexivos das relações sociais é feito
à luz de contínuos inputs de informações e conhecimentos que afectam as acções dos indivíduos e dos
grupos, promovendo um fenómeno que não encontra paralelo na história: a deslocação da vida social
para fora do alcance das práticas pré-estabelecidas.
107
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
23
“Potencialidades da metodologia de trabalho de projecto na formação de Animadores Socioculturais”,
comunicação efectuada no I Congresso Nacional de Animação Sociocultural, realizado no Centro de
Congressos de Aveiro nos dias 18, 19 e 20 de Novembro de 2010, por Carla Cibele e Sandra Cordeiro da
Escola Superior de Educação de Setúbal e Câmara Municipal de Palmela, in Santos Costa, 2010: 37-55.
24
O Censo Nacional de Animadores com formação superior, promovido pela Associação para o
Desenvolvimento da Animação Sociocultural (APDASC), indica que, dos 313 Animadores recenseados,
70% trabalham na área da Animação Sociocultural.
25
“Torna-se pertinente criar um trabalho em rede que permita a criação de espaços entendidos como
laboratórios de trabalho que ajudem a fundamentar a Animação Sociocultural e que fomentem,
segundo Ventosa (2012:352), „novos perfis profissionais e novas espacialidades (…) consolidando o seu
desenvolvimento profissional, científico e formativo.‟” (Filipe & Ribeiro, 2014: 123).
26
Tendência que parece acentuar-se, nomeadamente em França, a avaliar pelo estudo de Lebon e
Lescure (2007: 57-82), estudo que dá conta da situação profissional dos Animadores Socioculturais
como estando ”entre a precariedade e a flexibilidade”.
27
O Censo Nacional de Animadores com formação superior, promovido pela Associação para o
Desenvolvimento da Animação Sociocultural (APDASC), indica que, dos 313 Animadores recenseados,
38,3% possuem um estatuto profissional instável.
28
O Censo Nacional de Animadores com formação superior, promovido pela Associação para o
Desenvolvimento da Animação Sociocultural (APDASC), indica que, dos 313 Animadores Recenseados,
22,7% trabalham em autarquias, 18,5% em Instituições Particulares de Solidariedade Social, 10,2% em
associações de natureza variada, 9,6% em empresas de vários sectores de actividade, 8,1% em
Misericórdias, 17,9% em organizações de natureza desconhecida, não havendo dados sobre os restantes
22%.
29
Em sessões promovidas pela coordenação do curso de Animação e Intervenção Sociocultural da Escola
Superior de Educação de Setúbal, dirigidas a Animadores Socioculturais e organizadas em torno das
temáticas “formação dos animadores e entrada na vida activa” e “profissionalidade e o exercício da
profissão hoje”, percebe-se, a partir dos testemunhos recolhidos, que a situação de transitoriedade e de
precariedade é o que caracteriza a maior parte das experiências de trabalho posteriores à conclusão do
curso (Figueiredo & Cordeiro, 2015: 185).
108
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
30
A regulamentação da contratação de trabalho a prazo é estabelecida através do Decreto-Lei n.º
781/76, de 28 de Outubro.
31
Veja-se M.ª João Rodrigues (1988), O Sistema de Emprego em Portugal: Crise e Mutações.
109
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
A subversão de alguns destes princípios, mais do que uma medida conjuntural, tornou-
se num meio de transformação do sistema estrutural de emprego. A política de
flexibilização da mão-de-obra desenvolveu, assim, novos tipos de emprego que
contornaram alguns dos princípios precedentes.
32
A contratação a termo, tendo sido concebida para regular o recrutamento de mão-de-obra
para a execução de tarefas de natureza eventual, extraordinária e/ou sazonal, tornou-se num
modo de empregar expressivo no contexto do trabalho português. A contratação a termo não
se destina, em muitos casos, à “satisfação de necessidade temporária da empresa e pelo
110
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
que legalmente constitui uma excepção, passou, na prática, a regra (Oliveira, 2015:
46). E, sendo assim, a ideia de fazer coexistir na empresa um grupo estável e um grupo
flexível de trabalhadores foi colocada de parte. A excepção parece ter ganho o
estatuto de regra com a alteração significativa do peso relativo daquilo a que, em
matéria de dimensões típicas do emprego tradicional, Dubar (1997: 164) chama o
“sector central” e o “sector periférico” do mercado de trabalho: o primeiro, incluindo
os trabalhadores que à organização interessaria conservar como forma de assegurar a
sua produção normal; osegundo, incluindo os trabalhadores que reforçariam o
primeiro grupo e recrutados de acordo com as oscilações do volume de trabalho.
Com efeito, aqueles que entram na vida activa fazem-no, geralmente, através de uma
destas formas precárias de emprego. Nestas circunstâncias, o risco dos indivíduos não
terem acesso, ao longo de toda uma vida activa, àquilo a que comummente se designa
por um estatuto profissional estável, assente em vínculos de trabalho de duração
indeterminada, parece ser crescente nas sociedades modernas.
período estritamente necessário à satisfação dessa necessidade” (Código do Trabalho: art.º 140.º, n.º 1,
da Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro, artigo que não sofreu alterações nas três revisões efectuadas ao
Código do Trabalho através das Leis n. os 105/2009, de 14 de Setembro, 53/2011, de 14 de Outubro e
23/2012, de 25 de Junho), mas sim a assegurar um trabalho regular e continuado e, nestes termos,
tendo por fim iludir as disposições que regulam o contrato sem termo.
33
Considera-se contrato de trabalho temporário o contrato de trabalho a termo celebrado entre uma
empresa de trabalho temporário e um trabalhador, pelo qual este se obriga, mediante retribuição
daquela, a prestar a sua actividade a utilizadores, mantendo-se vinculado à empresa de trabalho
temporário – Código do Trabalho: art.º 172.º, alínea a), da Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro, artigo que
não sofreu alterações nas três revisões efectuadas ao Código do Trabalho através das Leis n.os 105/2009,
de 14 de Setembro, 53/2011, de 14 de Outubro e 23/2012, de 25 de Junho e 47/2012, de 29 de Agosto.
34
A relação designada por “prestação de serviços” não tem, numa boa parte dos casos, outro propósito
senão o de iludir as disposições que regulam uma relação de trabalho dependente e que implica a
celebração de um contrato “pelo qual uma pessoa singular se obriga, mediante retribuição, a prestar a
sua actividade a outra ou outras pessoas, no âmbito de organização e sob a autoridade e direcção
destas” – Código do Trabalho: art.º 11.º, alínea a), da Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro.
111
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
É neste contexto de incerteza e risco que se exige aos indivíduos que arrisquem, que
assumam riscos, que sejam empreendedores. Efectivamente, nas sociedades
modernas, cuja construção se tem vindo a alicerçar na insegurança (Castel, 2003),
proliferam os discursos que apelam a um certo perfil de trabalhador em que o
“espírito empreendedor” – associado à responsabilidade individual, à competição, à
criatividade, à adaptabilidade e à flexibilidade – se destaca enquanto requisito
fundamental para enfrentar os problemas actuais, especialmente os problemas de
emprego.
112
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Desconfiança justificada, uma vez que os resultados apresentados dão conta de que os
programas de apoio e promoção do empreendedorismo em Portugal têm tido uma
tradução pouco significativa em matéria de emprego:
“Por um lado seguir um caminho em consonância com as ideologias actuais, arriscando fundir-
se entre outras actividades e profissões socioculturais e educativas, ou até empresariais; por
outro lado, seguir um caminho em sintonia com a identidade militante da animação
113
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
“ (…) transformando subtilmente organizações sem fins lucrativos de acção social em empresas
de serviços sociais e educativos; animadores socioculturais em técnicos de gerontologia, em
técnicos de turismo ou de outros quaisquer ramos associados a instituições dispostas a pagar
valores que não dignificam a profissão. Perante o fantasma do desemprego as animadoras e os
animadores vão-se submetendo a um trabalho meramente técnico, menos crítico, cada vez com
menor capacidade de mobilização e, por isso, com muito pouco impacto político ou gerador de
mudança social. Por fim, face à necessidade de sustentabilidade (tida aqui somente como
aspecto financeiro) vão sendo criados negócios nos quais surge o nome “animação
sociocultural‟ sem que tenham realmente o ADN desta metodologia social na sua constituição.”
(Montez, 2015: 5-6).
35
“As plataformas de participação cidadã, os mercados locais de troca de produtos, as redes solidárias,
as redes de produção colaborativa, as actividades de transformação do espaço público, as mobilizações
e acções de protestos em defesa de direitos sociais, culturais e educativos, são iniciativas que assentam
na capacitação para a transformação social. Mesmo não sendo animadas por animadores e animadoras
profissionais, estas iniciativas são de animação sociocultural, no sentido militante e político da
animação.(…) Os campos da animação sociocultural na conjuntura actual, na sua vertente militante, são
diversos e abrangem quadros teóricos distintos, embora integrem um referencial comum, associado a
um conceito de Desenvolvimento que visa um equilíbrio entre os aspectos sociais, económicos e
ambientais. Neles se encontram formas alternativas de vida em sociedade, a implementação de redes
solidárias de colaboração ou de produção, a soberania alimentar e o activismo político tout-court, quer a
partir de uma mobilização de rua, quer a partir de uma mobilização por meios digitais num contexto
virtual.” (Montez, 2015: 6 e 10).
114
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Especificando o que entende por “novos espaços de animação”, Montez (2015: 10-28)
apresenta “sete paisagens possíveis para uma acção militante e consciente da
animação sociocultural no contexto contemporâneo”: criar comunidades sustentáveis
ou ecoaldeias; promover redes de apoio social; estabelecer redes de partilha de
conteúdos, tirando proveito da sociedade virtual; animar a economia local, protegendo
o artesanato e a gastronomia; promover acções colectivas com ampla participação
cidadã; conceber projectos de acesso ao micro-crédito e de criação do próprio
emprego; actuar nas organizações, humanizando o trabalho, dignificando o trabalho e
respeitando os direitos de quem trabalha.
115
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
tecnológicos, sendo capaz de perceber onde, quando e como fazer uso desses mesmos
recursos.
Reconhecendo as mudanças operadas a partir dos anos 90, Lopes (2015: 72) faz notar
que a Animação, para além de ter evoluído de uma formação iminentemente prática
nos anos 70 e 80 para um modelo teórico-prático de nível secundário (Animador
técnico-profissional) e de nível superior (Animador técnico-superior) a partir dos anos
90 e, ainda, de ter conhecido uma alteração em termos de género (de uma actividade
predominantemente masculina para uma actividade em que se assiste a um domínio
conheceu, ao mesmo tempo, uma mudança no campo da sua intervenção: “de um
Animador militante e polivalente evoluiu-se para um perfil técnico de Animador
centrado num âmbito específico”.
Apontando numa mesma linha, Gillet (2015: 366-368) reforça a ideia de compromisso
como imperativo na intervenção da Animação Sociocultural. Ao fazer menção ao seu
espírito militante, estabelece a relação entre esse espírito militante e o
comprometimento democrático, referindo que o Animador é alguém necessariamente
comprometido com a democracia, compromisso traduzido numa forma de trabalhar
em que devem ser sempre os outros a tomar as decisões que lhes dizem respeito.
Por seu turno, Escola (2015: 143-146), ao identificar alguns dos problemas a que as
sociedades actuais têm de responder – envelhecimento, pobreza, dificuldades de
acesso aos bens culturais, iliteracia digital, obstáculos à participação activa nas
questões da cidade, constrangimentos à construção de um espaço público
democrático –, destaca, como provas de grandeza cívica dos Animadores
Socioculturais, o bem colectivo, a participação na vida da cidade e a igualdade e, desta
117
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
maneira, como grandes exigências que lhes são colocadas nos vários contextos em que
são convidados a exercer a sua actividade profissional: a) colaborar na construção da
identidade pessoal e social dos cidadãos, no sentido de uma acção profissional assente
nos valores da liberdade, da autonomia, do diálogo, da crítica e da emancipação; b)
colaborar na construção do humano no homem, actuando com e sobre as pessoas e,
dessa forma, opondo-se a práticas desumanizadoras geradas pelo medo e a
incapacidade de lidar com a diferença; c) colaborar na construção de uma identidade
plural, contrariando a tendência da uniformização que conduz ao desaparecimento das
marcas da tradição, dos elementos identitários, dos traços culturais característicos das
populações de determinadas regiões; d) colaborar na construção de uma cidadania
planetária, ajudando a que cada um tome consciência do seu papel enquanto cidadão
do mundo.
Defendendo uma linha “transformadora”, Vieira e Vieira (2015: 150-151) referem que
a Animação Sociocultural assenta numa visão sistémica e numa prática de trabalho
social relacional em que o Animador terá de considerar o conjunto de componentes da
realidade das pessoas (família, escola, trabalho, projecto de vida, vizinhança). Daí que
estes autores, recorrendo a Paulo Freire36, considerem a “sua acção não poder incidir
sobre as partes isoladas, pensando que assim transforma a realidade, mas sobre a
totalidade. É transformando a totalidade que se transformam as partes e não o
contrário”, ou seja, uma Animação Sociocultural assente “(…) numa Pedagogia Social
que propicia a participação, a autonomia, a consciencialização e a interacção que,
embora partindo do outro, origina transformação de todos e com todos os implicados.”
Nota Final
Bibliografia
● Ander-Egg,
E. (1999). O Léxico do Animador. Amarante: ANASC - Associação Nacional
dos Animadores Socioculturais.
● Bourdieu, P. & Passeron, J.-C. (1964). Les héritiers: les étudiants et la culture. Paris :
Éditions de Minuit.
● Bourdieu, P. & Passeron, J.-C. (1978). La Reproduction: éléments pour une théorie du
système d‟enseignement. Paris: Éditions de Minuit (traduzido para português pela
Editorial Vega).
120
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
● Duarte, A. Mª. (2013). “De precário e de empreendedor todos temos (que ter) um
pouco? Reflectindo sobre as narrativas de construção da identidade do trabalhador
contemporâneo”. Trabalho, Organizações e Profissões: recomposições conceptuais e
desafios empíricos. Associação Portuguesa de Sociologia, Secção Temática Trabalho,
Organizações e Profissões.
121
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
● Gillett, J.-C. (2015), “Qual o papel mais pertinente para a Animadora ou o Animador:
o do militantismo ou o do compromisso ? ”, In J. D. L. Pereira, M. S. Lopes & M. A.
Maciel, (coords.). O Animador Sociocultural no Século XXI – perfil, funções, âmbitos,
metodologias, modelos de formação e projectos de intervenção (pp. 361-369). Chaves:
Intervenção – Associação para a Promoção e Divulgação Cultural.
122
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
123
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
124
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
125
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
126
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
● Žižek, Slavoj (2007). Le Sujet qui Fâche – Le Centre Absent de l‟Ontologie Politique.
Paris: Flammarion.
127
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Resumo
1
Licenciado em Animação Educativa e Socio-cultual, mestre em Relações Interculturais  e
doutorado em Ciências Sociais (especialização em Política Social).
128
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Introdução
follow-up (n=137). A partir dos referidos contactos foi selecionada a amostra (n=50)
que entrevistámos presencialmente de forma aprofundada tendo a informação sido
tratada qualitativamente.
1. Da precariedade à institucionalização e à integração
130
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
2
O facto de não ter sido possível contactar muitos destes indivíduos deve-se, essencialmente à
dificuldade de localização uma vez que, em muitos casos, já haviam decorrido, em média, 3 a 8 anos
desde que tiveram baixa definitiva/processo de saída.
132
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
famílias não haviam mudado ou haviam mudado pouco durante esse mesmo período.
Em muitos casos passaram a viver com a família quando deixaram o acolhimento mas,
algum tempo depois, fizeram outra opção habitacional.
O posicionamento dos indivíduos face à escolaridade e à formação
profissional contraria as tendências veiculadas pela literatura internacional, na medida
em que bastantes indivíduos continuaram a estudar após deixarem o acolhimento e
outros ainda pretendem voltar a fazê-lo, o que é um indicador de integração social,
pois quanto menos habilitações escolares tiverem, maiores dificuldades terão em se
integrarem, nomeadamente a nível socioprofissional. A formação profissional revela-se
importante na integração socioprofissional dos indivíduos porque lhes permite aceder
com maior facilidade ao mercado de trabalho.
Sobre a situação ocupacional e tempos de lazer, parece-nos, de forma
conclusiva, que não é possível fundar uma relação condicionadora entre as primeiras
experiências profissionais e a integração social. Constatámos que bastantes indivíduos
não têm atividades de lazer às quais sejam fiéis, mas que a existência destas, quando
são uma realidade, estão em ligação, tendencial, com os casos de integração social e,
eventualmente, de empreendedorismo, embora alguns indivíduos, estejam em
situação de desintegração social.
Alguns indivíduos, para além de se encontrarem socialmente integrados,
distinguiam-se no grande grupo da amostra (n=50), por serem particularmente
empreendedores, na medida em que têm vindo a demonstrar um percurso
escolar/profissional ascendente, muitas vezes a dispêndio de cumulação ocupacional.
Encontramo-nos em presença de integração social de indivíduos, com uma
trajetória de vida que passou pelo sistema de acolhimento de c/j, sempre que estes,
desde cedo, foram investidos e investiram, nomeadamente no campo escolar
(relevante enquanto fator de proteção), mas também ao nível da saúde, da
comunidade, e da família, pelos cuidadores e, também, quando os indivíduos
demonstram disponibilidade interior para serem cuidados e ajudados, sendo isso que
os faz objetivar a vida e não se tornarem apáticos perante as suas circunstâncias
reconhecidamente árduas.
138
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Notas finais
141
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
142
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
deixaram a instituição. Neste aspeto temos como indicador a perceção dos indivíduos
relativamente às regras institucionais a que foram sujeitos em acolhimento e a ações
específicas concretizadas pelos cuidadores e que tiveram um significado importante
para os indivíduos na preparação do seu futuro. Em ambos os casos, um número
esmagador de indivíduos veiculou que as regras foram importantes na sua formação e
na construção da sua personalidade e deram exemplos de ações desenvolvidas por
parte dos técnicos/pessoal afeto à instituição que consideraram ter sido importantes
para a preparação do seu futuro.
Muitos consideraram que o modo de organização do LIJ se assemelhava a
uma família padrão embora com nuances diferentes, tal como o elevado número de
indivíduos em coabitação. Estas constatações permitem-nos afirmar que os indivíduos
se sentiam estáveis e seguros no ambiente do LIJ.
Relativamente à terceira hipótese: as ligações significantes (re)criadas com os
prestadores de cuidados (mentoring), em contexto de acolhimento, influem
ulteriormente na integração social. Tal como afirmámos relativamente à segunda
hipótese, concluímos, através da análise da quarta hipótese, que a generalidade dos
entrevistados obteve integração social pelo investimento global que foi concretizado
em período de acolhimento, mais do que por razões privilegiadas que tivessem
(re)criado com um cuidador específico e que se tenham afigurado como “ganchos
afetivos” promotores de resiliência. Isto porque os entrevistados atribuíram maior
relevância ao tempo que permaneceram com determinados cuidadores, sendo, em
muitos casos, duas ou três pessoas, e não apenas uma a funcionar como referência,
pelo que não se centram apenas numa figura.
Nesta perspetiva integram-se como referências os cuidadores que receberam
as c/j no LIJ e permaneceram estáveis nas respostas sociais, o que contribuiu para a
apropriação de sentimentos de segurança e de bem-estar por parte dos indivíduos
enquanto permaneceram em acolhimento, facilitando, naturalmente a transição para
fora dos cuidados institucionais e para a vida adulta.
Talvez mais do que a influência dos cuidadores em si, foi a assimilação das
regras de organização pessoal e de convivialidade que permitiram aos indivíduos vir a
integrar-se posteriormente. Sem prejuízo de alguns (poucos) indivíduos terem referido
que possuíam uma relação particularmente boa com um cuidador em especial,
144
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Referências bibliográficas
147
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Spencer, R. et al. (2010). Mentoring for Young People Leaving Foster Care: Promise and
Potential Pitfalls. Oxford University Press, pp. 225–34. New York-EUA.
Torres, A. & Marques Lito, A. (Org.). (2008). Consumos De Drogas. Dor, Prazer E
Dependências. (Vols. 1–1). Lisboa: Fim de Século.
Williams, C. A. (2011). Mentoring and Social Skills Training: Ensuring Better Outcomes
for Youth in Foster Care. Child Welfare League of America, Inc., pp. 59–74.
Washington – EUA.
150
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
El Partido de los Trabajadores (PT) llegó al poder electoral en 2003 con Lula Da Silva
y se mantuvo hasta la destitución por el Congreso de la Presidenta Dilma Rousseff1 en
agosto 2016, con el denominado golpe “suave o blando” 2. Por ser vital para el futuro
de América Latina “Entender qué ha pasado en Brasil” (Gentili, 2016: 14),
inmediatamente resumimos la respuesta de autores participantes en el libro Golpe en
Brasil: Genealogía de una farsa, elaborado en pleno desarrollo del proceso de
destitución y editado por el Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales (CLACSO):
Perry Anderson (21-04-2016): Dilma ganó la presidencia en 2010 con una mayoría
aplastante y durante la primera mitad disfrutó de una aprobación de 75%. En 2014 fue
reelecta con ventaja de 3%. En enero 2015 comenzó su segunda presidencia y
“En 3 meses, grandes manifestaciones llenaron las calles de las principales ciudades…, con cerca de por
lo menos dos millones de personas que exigían su salida. En el Congreso, el PSDB…y sus aliados...se
movieron para conseguir su impeachment. El 1º de Mayo no consiguió ni siquiera dar su
discurso…transmitido por la televisión…cuando su discurso, en el Día Internacional de la Mujer, fue
transmitido, la gente comenzó a batir sus cacerolas y a tocar los cláxones” (Gentili, 2006: 36).
Universidad del Zulia. Maracaibo-Venezuela
1
En 2016 los diputados la acusan de corrupción y promueven su juicio político suspendiéndola por 180
días, luego el Senado la destituyó por “supuestos crímenes de responsabilidad” y eventos que tuvieron
lugar en gobiernos anteriores. Previamente, el exagente de la CIA Edward Snowden, denunció que la
Agencia de Seguridad Nacional de EEUU espiaba las comunicaciones de Dilma (Últimas Noticias, 18-09-
16: 13).
2
El antecedente es Paraguay 2012, donde el Senado realizó un juicio político “express” al Presidente
Fernando Lugo, destituyéndolo al responsabilizarlo de los enfrentamientos entre campesinos y policías
ocurridos en Curuguaty con saldo de 17 muertos. En 2009, EEUU estuvo detrás del golpe “semisuave” en
Honduras, a su base militar (lo confesó después) de Palmarola los militares trasladaron al Presidente
Manuel Zelaya que habían depuesto, secuestrado y lo expulsan del país; posteriormente, el Congreso lo
acusó de “violar la Constitución” y levanta un juicio que concluye en su destitución (Últimas Noticias, 18-
09-16: 13).
151
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
¿Cómo pudo pasar esto? Aunque ocultas, las raíces de esa debacle están en la base del
propio modelo de crecimiento del Partido de los Trabajadores (PT), cuyo éxito
dependía de
“aumento en los precios de las materias primas y un boom del consumo doméstico. Entre 2005 y 2011,
las ganancias comerciales…aumentaron más de un tercio, pues la demanda de…China y de otras partes
del mundo aumentó el valor de las principales exportaciones, así como el volumen de retorno fiscal para
gastos sociales. A finales del segundo mandato de Lula,…la exportación de bienes primarios subió de
28% a 41%, mientras que la de bienes manufacturados cayó de 55% a 44%; a finales del primer mandato
de Dilma, las materias primas eran responsables de más de la mitad del valor de las exportaciones. Pero
de 2011 en adelante, los precios de las principales mercancías comercializadas entraron en colapso: la
mena de hierro cayó de 180 a 55 US$ la tonelada, la soja…de 40 a 18 US$, el petróleo crudo cayó de 140
a 50 US$ el barril.
Y…el consumo doméstico también entró en declive... La principal estrategia del PT fue expandir la
demanda interna al aumentar el poder de compra de las clases populares. Y eso fue posible no sólo con
el aumento del salario mínimo y con transferencias de renta para los pobres -o Bolsa Familia- sino
también con una masiva inyección de crédito a los consumidores. Durante la década de 2005 a 2015, el
total de débitos controlados por el sector privado aumentó de 43% al 93% del PIB, con préstamos a los
consumidores…Cuando Dilma fue reelegida en 2014, los pagos de intereses en el crédito mobiliario
estaban absorbiendo más de 1/5 de la renta media disponible de los brasileños. Junto con el
agotamiento del boom de las materias primas, la época del consumismo tampoco era viable” (Gentili,
2006: 38).
Dilma aguanta el temporal que se le viene encima desde 2012 cuando la economía
se
“desaceleró, pasando de un crecimiento…de 2,72% en 2011 a…1% en 2012. Además, con una inflación
que ya rebasaba el 6%, en abril 2013, el Banco Central aumentó los intereses de forma abrupta...Dos
meses después, el país afrontó una ola de protestas…cuyo origen estaba en los precios de los billetes de
los autobuses en São Paulo y Río,… rápidamente aumentaron su dimensión haciéndose expresiones
generalizadas de descontento con los servicios públicos y, estimulados por los medios de comunicación,
también de hostilidad contra un Estado incompetente…la aprobación del gobierno cayó a la mitad. En
respuesta, éste…inició…reducciones preventivas en los gastos públicos y permitiendo que los intereses
aumentaran nuevamente. El crecimiento cayó aún más -sería prácticamente cero en 2014- pero el
desempleo y los salarios permanecieron estables” (Gentili, 2006: 36-37).
152
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Contra ese frente, ¿qué tipo de apoyo podría esperar el Partido de los Trabajadores
(PT)?
“Los sindicatos…eran una sombra de su pasado. Los pobres siguieron siendo beneficiarios pasivos del
gobierno que nunca se dispuso a formarlos u organizarlos, cuanto más movilizarlos en torno a una
fuerza colectiva. Los movimientos sociales - Sin tierra y Sin techo- fueron mantenidos apartados del
gobierno. Los intelectuales acabaron siendo marginados…Tampoco existió una verdadera política de
redistribución de la riqueza o de la renta: se mantuvo la…estructura tributaria regresiva legada de
Cardoso para Lula...Con la Bolsa Familia tomando forma de propina para madres de hijos en edad
escolar…Los aumentos en el salario mínimo significaron también un aumento en el número de
trabajadores con cartera firmada, lo que les garantizaría acceso a los derechos formales del empleo;
pero esto no incrementó…la sindicalización. Por encima de todo, con la llegada del crédito consignado -
los préstamos bancarios con intereses altos deducidos directamente de los salarios- el consumo privado
creció sin limitaciones y a costa de los gastos en los servicios públicos, cuyas mejorías habrían sido una
forma más cara de estimular la economía. Se estimuló la compraventa de aparatos electrónicos, bienes
de consumo y vehículos (recibió incentivos fiscales), mientras se desatendieron los cortes de agua,
pavimentación, autobuses eficientes, saneamiento básico aceptable, escuelas decentes y hospitales
públicos. Los bienes colectivos no tenían prioridad ni ideológica ni práctica. Por tanto, junto con la tan
necesaria mejoría en las condiciones de vida doméstica, el consumismo, en su peor forma, se esparció
en las capas populares a través de una jerarquía social en que la clase media se deslumbraba, siguiendo
patrones internacionales… Cuán perjudicial fue eso para el PT puede observarse a través de la cuestión
de la vivienda…En ella, la burbuja del consumo se transformó cada vez más en una dramática burbuja
inmobiliaria, en la que contratistas y empresas de construcción hicieron grandes fortunas, mientras el
153
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
precio de los inmuebles se disparó para la mayoría de las personas que vivían en las grandes ciudades y
cerca de la décima parte de la población no tenía acceso a viviendas en condiciones. De 2005 a 2014, el
crédito para la especulación inmobiliaria y construcción civil aumentó 20 veces; en São Paulo y en Río de
Janeiro los precios por metro cuadrado se cuadriplicaron. Solamente en el 2010, los alquileres en São
Paulo aumentaron 146%. Y en ese mismo periodo, había cerca de 6 millones de pisos desocupados, con
7 millones de familias sin techo. Y en vez de aumentar la oferta de casas populares, el gobierno financió
a las de la construcción privada -con un espléndido beneficio- de urbanizaciones en áreas periféricas,
cobrando alquileres más caros de lo que los más pobres pueden pagar, a la vez que apoyaba a las
autoridades locales en los desalojos de ocupaciones. Ante eso, los movimientos sociales ganaron
aliento…ahora son una de las principales fuerzas de Brasil: esos movimientos no están dentro sino
contra el PT” (Gentili, 2006: 40-41).
En conclusión, sin contar con una suficiente fuerza popular capaz de lidiar con la
“presión de las élites…Dilma cambió el rumbo seguramente para -después de su apretada reelección, al
batirse en retirada económicamente, con una política inicial de apretar los cinturones semejante a la
que Lula hizo en sus primeros años…- poder entonces, reproducir el mismo tipo de viraje. Pero las
condiciones externas impidieron cualquier comparación posible. El baile de las materias primas se acabó
y una recuperación, sea cuando sea, parece no tener sustentación” (Gentili, 2006: 41).
Leonardo Boff (23 y 25-05- 2016): El reciente logro de la clase adinerada fue inclinar
la
“orientación de la política de los gobiernos de Lula-Dilma hacia sus intereses…Con el pretexto de
asegurar la gobernabilidad y de evitar el caos sistémico…consiguió…mantener inalterable la lógica
acumuladora del capital…Los proyectos sociales…no la obligaban a renunciar a nada,…eran adecuados
para sus propósitos...Los más críticos se dieron cuenta de que este camino era demasiado irracional e
inhumano para prolongarlo. Fue aquí donde se instaló una falla entre los movimientos sociales y el
gobierno Lula-Dilma”. Se esperó el momento adecuado para promover abiertamente la anti-revolución
articulándose una derecha “aliada de los bancos y el sistema financiero, inversores nacionales e
internacionales, prensa empresarial hostil, partidos conservadores, sectores del poder judicial, el FP y
154
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
MP sin excluir la influencia de la política exterior norteamericana…, FIESP, MP, Policía Federal y la
justicia.” (Gentili, 2006: 119-121/124-125)
Pablo Gentili (20-06-2016): Dilma Rousseff consolidó y amplió las reformas sociales de
“los dos primeros gobiernos del PT…Después del estrecho resultado electoral que le dio la victoria en
octubre de 2014, el gobierno se transformó en el abanderado de una mayor disciplina fiscal, abandonó
los mecanismos participativos y consultivos de la política pública creados durante la gestión de Lula…Y
quizás el principal error que hayamos cometido en la izquierda brasileña y latinoamericana… ha sido no
ponernos al frente…del combate a la corrupción” (Gentili, 2016: 85/81-82).
En el libro revisado, el Mundial de Fútbol 2014 y los Juegos Olímpicos (JO) 2016
apenas son mencionados una vez, por Dilma Rouseff en entrevista del 19-05-2016:
“Glenn Greenwald: hay mucha gente ahora que sale a las calles para protestar en su
defensa, en defensa de la democracia y están muy preocupados porque pueden ser
encuadrados dentro de la Ley Antiterrorismo, que, hace dos meses, usted aprobó.
Cuando entrevisté al ex presidente Lula el mes pasado, él dijo que está en contra de
esta ley porque da poderes innecesarios y peligrosos a los gobiernos, pudiendo
generar abusos. Ahora estos poderes están en manos de otro presidente. ¿Usted
piensa que fue un error aprobar esta ley? Dilma Rouseff: No, no creo, ¿sabes por qué?
Porque todos los elementos que permitirían este uso, yo los veté. Esta ley, que fue
aprobada en el Congreso, se refiere a los Juegos Olímpicos (JO)” (Gentili, 2016: 183).
Esta omisión del papel desempeñado por el Mundial 2014 y los JO 2016, es extensiva
a la gran mayoría de los diversos análisis sobre la crisis política brasileña, a pesar de
que:
155
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Quitian es una excepción, ubica el contexto en el que Brasil es sede del Mundial y
JO:
“Lula da Silva…desempeñó un papel de liderazgo ampliado a esferas extracontinentales. Supo mixturar
la fortaleza macroeconómica con la mejora del bienestar social…En esos tiempos de bonanza política y
fortaleza del Real,…Brasil concursó y ganó los dos mayores eventos de la contemporaneidad…se atrevía
…a realizar…los dos… en un lapso de dos años y con agregados notorios: en 2014 se ampliaron de 10 a
12 las ciudades sede de la Copa…Tenía también un mensaje interno: la izquierda en general y el PT en
particular demostraban…: …ser reconocidos por todos los organismos multilaterales -especialmente los
económicos- como actores destacados y en algunos casos como pares en la élite del gobierno mundial”
(Quitian, 2016).
Para precisar que los 2 eventos jugaron un papel destacado en la crisis política:
“La primera alerta fue antes del Mundial: millones de personas manifestándose. Es interesante apreciar
las diferencias entre esas multitudinarias marchas y las recientes que buscaban la salida de Dilma o su
permanencia: las primeras, en el marco de la Copa de las Confederaciones, no reconocían ningún
liderazgo, tenían un amplísimo pliego reivindicatorio (inclusión para minorías, más y mejor salud y
educación, etc.) y contaban con la presencia afrobrasilera; mientras que las protestas del último tiempo,
especialmente las pro-salida de Dilma, tuvieron un marcado acento de coalición partidista de derecha y
no tenían negros.
Otro elemento no menor es el pretexto de esas manifestaciones: el fútbol…fue un operador del
descontento. Los excesos de la FIFA desataron la indignación popular…
Una conclusión que merece mayores desarrollos es que el éxito relativo de los gobiernos de Lula y Dilma
produjeron la posibilidad de esas manifestaciones: basta ver cómo el grueso de quienes protestaban
eran de clase media (la misma que engrosó Lula sacando gente de la pobreza), con presencia masiva de
población afro (grupo particularmente beneficiado por las políticas del gobierno del PT) y activismo
movilizador del estamento académico que…nunca antes tuvieron un momento tan feliz en…financiación
e infraestructura como en los tiempos de Lula. Exacerbada expresión popular que puso de acuerdo a la
élite política que, pese a sus diferencias, legisló en tiempo récord ajustes a la tarifa de transporte (el
detonante) y destinación exclusiva de beneficios petroleros a la salud y educación...: en las protestas de
2013 hubo dos conquistas nacionales… Para nadie es un secreto que la Copa fue politizada, al punto
que varias sedes (como Sao Paulo, bastión del partido líder del impeachment, el PSDB) retrasaron las
obras para enturbiar esa imagen positiva ganada... la Copa salió tan bien en lo organizativo y económico
que dejó sin argumentos a la oposición
y el oprobioso desempeño deportivo eliminó cualquier propaganda oficial.
…llegan los JO que replicaron las protestas del Mundial, aunque en menor escala y con un
espectro…circunscrito a Rio de Janeiro. Protestas que comprobaron sus demandas con la declaración
oficial de quiebra del estado carioca expresado en atrasos en los salarios de empleados públicos y
mesadas a los pensionados y cierre de hospitales, escuelas y universidades. Todo -o casi todo- por culpa
de los Juegos, que son calificados por sectores sociales como Juegos de la exclusión…Juegos que…se
volvieron contra sus proponentes …en parte por los vaivenes de la economía internacional,… por yerros
en su administración, por la corrupción…y por el descrédito público de la gestión -magnificada como
crisis por el aparato mediático hegemónico afín a la coalición progolpe- que minó la gobernabilidad.
También, digámoslo claro, por los faraónicos gastos desde tiempos de la Copa” (Quitian, 2016).
156
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
3
Altuve, 2016: 9-13/17-23.
157
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
4
El senador de EEUU Richard Blumenthal, de la Comisión encargada de investigar la corrupción en la
FIFA 2015, declaró “que al mando de este deporte existe una organización criminal al estilo de la Mafia”
(Velázquez-Gaztelu: 22-04-16). Precisamos nosotros, es mucho más extensa, amplia y compleja, se trata
de la mafia deportiva “globalizada o postmoderna” que surge de la conversión del deporte en EDTEE;
además de la FIFA, han incurrido en acciones delictivas sistemáticas y reiteradas: los Clubes
Profesionales evadiendo impuestos, firmando ilegalmente menores de edad…etc.; el Grupo Fórmula
Uno realiza la gestión empresarial de la F1 en paraísos fiscales; deportistas-competidores famosos son
evasores fiscales; Amaury Sport Organization organiza el rally de Dakar que devasta el medio ambiente,
etc… (Altuve, 2016: 14-17).
5
“FIFA: Su deteriorada imagen pública, pretende mejorarla invirtiendo 100 millones US$ de las
ganancias del Mundial 2014 en desarrollo de infraestructura futbolística, programas sociales y sanitarios
para comunidades desfavorecidas y asignó 900 millones US$ del presupuesto 2015-2018 para obras
sociales; la FIFA le donó más de 20 millones US$ a Interpol. Amaury Sport Organisation: Preserva y
amplía su mercado (fanáticos) del Tours de Francia y de -manera indirecta- del resto de sus eventos que
organiza (en 2010 fueron 21), con el patrocinio -en 2014- de 8 programas sociales. Real Madrid: Su
Fundación con programas sociales en 67 países y ser Embajador UNICEF en 2008-2009, es parte del
modelo de gestión para convertir a sus fanáticos en clientes. Michael Schumacher, Piloto de la F1: Sus
donaciones (más de 10 millones US$ en la India a la causa del tsunami y entre 5-10 millones US$, en
2008, a la fundación de Bill Clinton) le permitieron reducir sus impuestos”. Llama la atención la unión del
deporte con la iglesia católica: destaca su cercanía con el OPUS DEI, Juan Antonio Samaranch, Presidente
del COI en 1980-2001 era miembro del OPUS; la CONMEBOL (FIFA de América del Sur) donará 10 mil
US$ por cada gol convertido o penal atajado durante las Copas América 2015, 2016, 2019, 2023 y 2027,
a la institución Schollas Ocurrentes promovida por el Papa Francisco (Altuve, 2016: 17; Garrido: 22-04-
16).
158
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
159
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
por Amaury Sport Organisation o ASO (Grupo Philippe Amaury Publicaciones), que en
2010 organizó 21 eventos de 6 disciplinas deportivas. En 2009 su presupuesto fue 139
millones US$, financiado en 10% por las ciudades-etapa, 50% por derechos
audiovisuales pagados por Eurovisión, France 2, France 3 y Francia 4 y 40% por
patrocinio de 32 empresas y la Asamblea de Departamentos y el Ministerio del
Interior de Francia; se transmitió a 186 países, con 118 canales de TV, 4.300 personas
trabajando en 650 medios de comunicación, 6.000.000 visitas en la web. 4) Empresas
transnacionales independientes de la ODM: Avalado por la Federación Internacional
de Automovilismo y con la participación de equipos de transnacionales, el principal
evento -anual- es la Fórmula Uno (F1) organizado por el Grupo Fórmula Uno de Alpha
Prema (propiedad de CVC Capital Partners) desde 2005 hasta septiembre 2016 cuando
fue vendido a Liberty Media6. En 1979-2004 la F1 arrojó beneficios valuados en 3.600
millones US$, estimándose que en cada año (hasta 2004 y 2005) movilizó más de
2.000 millones US$. En 2004, por derechos de TV obtuvo 800 millones US$, y se
estimó que en 2006 facturaría 980 con una altísima rentabilidad y alcanzaría
beneficios antes de impuestos de 501 millones US$. A partir de 2006 abandonó la
publicidad de cigarrillos, nuevos patrocinadores se incorporaron y en 2007 movilizó
13,6 mil millones US$, tuvo 597 millones de teleespectadores, con 11.183 horas de
retransmisión en 188 países de las cuales 5.169 horas (47%) fueron en vivo y directo.
En 2010, los derechos de TV fueron vendidos a 67 países y los patrocinadores oficiales
fueron el banco UBS, G.H. Mumm, DHL, LG Electronics, Inc y la aseguradora Allianz.
6
El 07-09-16 Liberty Media -empresa estadounidense de medios de comunicación: televisión por cable
(Charter, etc.), teléfono (Liberty Global, etc.), radio satelital Sirius XM, etc.-, cuyo accionista mayoritario
es John Malone, propietario del equipo de béisbol profesional Bravos de Atlanta de EEUU, adquirió la F1
por 4.400 millones US$: posee todas las acciones con derecho a voto al comprar 18,7% por 746 millones
US$, completándose la compra en marzo 2017. CVC Capital Partners y otros vendedores mantendrán un
65%. El acuerdo incluyó calcular el valor de la F1 en unos 8.000 millones US$, incluyendo la deuda
(Harris /AP:08-09-16)
160
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
2.4.- Deportista-competidor
2.5.- Público-fanático-consumidor
161
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
3.1.- Medallas-campeones
En los Juegos Olímpicos (JO) 1996-2012: el 7,31% (15) de países (Grupo de los
Nueve, Ucrania, Holanda, España, Australia, Corea del Sur y Cuba) obtuvieron 66,35%
(3.053) medallas, mientras el 44,87% (92) no ganaron ninguna. Entre 1896-2000, de
9.452 medallas el Grupo de los Nueve obtuvo 70,2% (6.643) y los 17 países más
ganadores fueron de Europa, EE.UU, Australia, Japón y China; América Latina y el
Caribe obtuvo 7,23% (333), de las cuales Brasil ganó 1,49% (69). En los JO 2016: el
9,8% (20) de países obtuvieron 68,99% (672) de medallas, el 57,35% (117) no ganaron
nada y el 32,84% (67) obtienen el 31% (302); el Grupo de los Nueve obtuvo 50,2%
(489) de medallas; América Latina y el Caribe obtuvo 6,87% (67) de medallas, de las
cuales Brasil ganó 1,95% (19).
La división internacional de medallas-campeones no se invalida por la actuación de
Argentina y Brasil en los Mundiales de Fútbol, quienes en los 12 realizados entre 1970-
2014 han ocupado 11 (22,9%) de las 48 (100%) posiciones semifinalistas y campeones
en 5 (41,6%) ediciones. Se explica porque ambos países son de los mayores
exportadores de materia prima de calidad o jugadores (según la FIFA 20% del total en
2011. AFP, 2012) para los anuales campeonatos de fútbol de los Clubes de Europa,
quienes a su vez son los principales proveedores de jugadores para las selecciones
nacionales en los Mundiales de Fútbol: en el Brasil 2014, los clubes europeos
aportaron 563 (76,4%) del total de jugadores, los de América 102 (13,8%) y los del
resto de los continentes 71 (9,5%) (Cálculos propios basados en ECA: 07-08-2014). El
Mundial es sustentado por los Clubes de Europa que le aportan jugadores para las
selecciones nacionales y a la vez es el principal escenario donde se exhiben los
jugadores que serán comprados por los clubes.
7
Otras funciones del Estado son: 1) Adecuar la participación del país a la naturaleza organizativa del
espectáculo: Cuando el organizador del espectáculo es la ODM, el Estado dispone, prepara y garantiza la
163
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
164
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
triunfos -al ganar competencias y/u organizar eventos- que se identifican con la
gestión estatal.
165
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
II.- PAPEL DEL MUNDIAL DE FÚTBOL 2014 Y LOS JUEGOS OLÍMPICOS (JO) 2016 EN EL
GOLPE DE ESTADO “BLANDO O SUAVE” EN BRASIL8
En el marco de una bonanza económica y favorables condiciones políticas
nacionales e internacionales, el Estado brasileño con poco poder en la empresa
deportiva transnacional de espectáculo y entretenimiento (EDTEE), incorporó a su
política pública deportiva la realización del Mundial de Fútbol 2014 y los JO 2016,
controlados y manejados -respectivamente- por la FIFA y el Comité Olímpico
Internacional (COI), quienes se apropiaron del mayor volumen de beneficios
económicos -que produjeron directa e indirectamente- junto a las empresas
transnacionales de bienes y servicios patrocinantes o “sponsors”, de medios de
comunicación y de artículos e implementos deportivos.
Cuando la FIFA y el Comité Olímpico Internacional (COI) le asignaron las sedes, el
gobierno tuvo el apoyo de la población porque el Estado difundió intensiva y
extensivamente la ideología deportiva de la globalización: ser sede de los dos eventos
que simbolizan la máxima convivencia, fraternidad, igualdad y democracia, apeló al
orgullo nacional, mostró los eventos como progreso y ratificación de la creciente
condición de potencia de la nación y destacó los amplios e innumerables beneficios
que se producirían. Estos pilares ideológicos fueron desmoronándose al ser cotejados
con la realidad:
1.- De la asignación de las sedes del Mundial y los Juegos Olímpicos (JO) en la cúspide
de popularidad de Lula da Silva, al fuerte debilitamiento de Dilma Rouseff
finalizando su primer gobierno en 2014, año en el que se realiza el Mundial y con una
desafiante campaña es reelecta con una estrecha ventaja del 3%
1.1.- Con la Ley N.12.663 de octubre 2011 denominada Ley General de la Copa, el
Estado otorgó privilegios9 fiscales, comerciales y amplias y diversas competencias a
8
Altuve, 2016: 20-23.
166
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
1) Brasil dejó de percibir 680 millones US$ por exonerarlos del pago de impuestos
sobre sus beneficios y durante 4 años. 2) Concedió a los patrocinadores la exclusividad
de presencias en estadios y sus alrededores, estableciéndose una zona de exclusión de
2 km. donde la FIFA se hizo cargo de la seguridad, vigilando la venta de productos, el
uso de sus marcas y derechos de sus patrocinadores. 3) Derogó la prohibición de
alcohol en los estadios -establecida en 2007- y permitió la comercialización exclusiva
de la cerveza Budweiser, patrocinante FIFA. 4) Contempló la creación de los
“tribunales de excepción" por la FIFA, para juzgar las sanciones económicas o penales
por casos de piratería u otros usos ilícitos de marcas y productos vinculados con la
FIFA y el Mundial. Las imposiciones de la FIFA comprendieron, además, la compra de
30 robots por casi 3,5 millones US$, a utilizarse en vigilancia, detección y
desactivación de explosivos y remodelar el estadio Maracaná expandiendo su zona VIP
y albergar 74.000 personas.
9
Estos privilegios para la FIFA le permiten -según sus Informes de Finanzas FIFA 2011 y 2014- que su
ingreso: en 2007-2010 por derechos de TV y mercadotécnicos fue de 4.987 millones US$, de los cuales
3.520 (70,58%) provino del Mundial Sudáfrica 2010; en 2011-2014 fue de 5.718 millones US$, de los
cuales 4.308 (75,34%) provino del Mundial Brasil 2014. Sus patrocinantes en el Mundial 2010 fueron
Coca-Cola, Adidas, Sony, Visa, MC Surcoreana de Automóviles, Fly Emirates, Mc Donald’s, Ab-Inbev,
Continental AG, Lubricantes Castrol, MTN, Satyam y Yingu Solar.
167
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Se puede ilustrar con los estadios, el costo del de Brasilia casi se triplicó y el Mané
Garrincha tuvo -al menos- 275 millones US$ en exceso. Se construyeron 5 y se
168
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
169
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Teniendo como referencias obligadas: destacar que Brasil es un país que no cuenta
con
“policías antidisturbios, por lo tanto, son militares (con una estructura desde el golpe de Estado de
1964 y formados bajo la doctrina estadounidense y francesa) los que están en las calles conteniendo el
descontento, y el acuerdo de cooperación militar Brasil-EEUU firmado en 2010 durante el segundo
mandato de Lula, a partir del cual la empresa estadounidense Academi (antes Blackwater) ha entrenado
a la policía militar para contener acciones terroristas durante la Copa Mundial 2014 y JO 2016” (Bessi y
Navarro: 29-08-16).
Debe puntualizarse que desde 2011 el Estado comenzó a utilizar la violencia física
directa: “limpiando” 40 favelas cercanas a los estadios con tanques, helicópteros y
tropas de élite del ejército y las Unidades de Policía Pacificadora; creó la Secretaría
Especial para la Seguridad de Eventos Grandes o SESGE; adquirió millares de
armamentos no letales y el sistema de artillería antiaérea para proteger el espacio
aéreo de los eventos deportivos en 8 kilómetros e interceptar misiles de crucero y
aviones no tripulados; fabricó el vehículo blindado nacional, inspirado en modelos
israelíes y sudafricanos, para sustituir al “caveirao” utilizado en las favelas; renovó la
dotación del Batallón de Operaciones Especiales (BOPE); entrenó 50.000 policías y
25.000 vigilantes de seguridad privada, con asesoramiento de unidades de élite
antiterroristas estadounidenses.
Con el orgullo y soberanía nacional vapuleados por la FIFA y sus Socios, con el
progreso económico prometido convertido en espejismo debelado por el alto costo del
Mundial 2014 financiado con fondos públicos, inutilidad social de algunas obras y
corrupción combinada con impunidad en buena parte de todas, y con una violenta
política estatal de desalojos y reconversiones urbanísticas que profundizó el problema
de la vivienda, se fue desmoronando la ideología deportiva “mundialista” en medio
de una situación económica cada vez más difícil que agravaba los problemas de la vida
cotidiana de la población.
La crisis económica favoreció el desmoronamiento de la ideología deportiva
“mundialista” porque puso en evidencia las relaciones de poder intrínsecas al Mundial
2014 y los principales beneficiarios de su realización. La mayor parte de la población
desmejorada económicamente pudo percibir, aprehender, entender y sentir que el
Mundial no le ayudaba en nada en la difícil situación que estaba viviendo, que otros
170
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
eran quienes se beneficiaban, sintiéndose estafada y engañada por las promesas que
le hicieron. Resultaba incomprensible y molestaba ostensiblemente que ante el
aumento e intensificación de problemas cotidianos por limitados recursos estatales, el
gobierno tuviera que dedicar ingresos cada vez más escasos (por la caída de los precios
de los productos de exportación) a garantizar el Mundial beneficiando principalmente
a la FIFA y sus socios transnacionales y nacionales, empresarios constructores
corruptos asociados con políticos sobornados, etc.
La dinámica crisis económica-desmoronamiento de la ideología deportiva
“mundialista”, explica en buena medida las inéditas, insólitas y masivas protestas en
2013 unidas por las quejas contra la FIFA, los elevados costos que tenía para las arcas
públicas el Mundial, las ventajas fiscales concedidas a los organizadores del evento y
contenía demandas de reivindicaciones muy específicas para mejorar la calidad de vida
de la población (transporte, servicios públicos); articularon exigencias de solución de
necesidades básicas y severos cuestionamientos a la realización del Mundial, a su
simbología y a la FIFA. La aprobación del gobierno cayó a la mitad.
La intensificación de la violencia para enfrentar las protestas 2013 y continuar con la
política de desalojos generó más rechazo entre la población. Alcanzando su clímax en
el Mundial con un inédito despliegue de seguridad policiaco-militar: más de 60.000
policías y 18.000 militares apoyados en las protestas por una fuerza policial
antimotines; 10.000 policías recibieron entrenamiento en control de multitudes; las 12
ciudades anfitrionas contaron con 180.000 agentes; se utilizaron los ‘black blocks’,
grupo de personas enmascarados que junto a la policía se encargaban violentamente
de acabar cualquier tipo de protesta realizada; en el partido de clausura, 2.300 policías
se desplegaron en los alrededores del estadio Maracaná y, en el interior, la vigilancia
fue realizada por la empresa privada de seguridad contratada por la FIFA. Sin duda,
esto explica los más de 950 millones US$ invertidos en seguridad para el Mundial
2014, uno de los rubros con más inversión.
La intensificación de la violencia se sustentó en nuevas leyes aprobadas como la
12.850 y las 3.461 y 499 aprobadas en 2013, conformando un ordenamiento jurídico
que estableció la utilización de las fuerzas armadas para mantener el orden interno,
espionaje electrónico, límites al acceso a la web y al ejercicio de las libertades de
prensa, expresión y comunicación, evidenciado en la censura de las protestas
171
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
populares por la mayoría de los medios de comunicación aliados con la FIFA y sus
Socios externos y nacionales. Por eso en las protestas que continuaron hasta el mismo
Mundial, se expresaron consignas como “la FIFA es la que es terrorista” pocas horas
antes de la inauguración del Mundial en Sao Paulo, extendiéndose las
manifestaciones incluso a las gradas del estadio Arena Corinthians donde se oyeron
insultos contra la presidenta Dilma Rousseff y el presidente de la FIFA, Joseph Blatter,
cuando ambos entraron al palco de autoridades minutos antes del inicio del partido;
simultáneamente con manifestaciones en Río de Janeiro y en capitales regionales
como Porto Alegre (Río Grande do Sul), Belo Horizonte (Minas Gerais), Fortaleza
(Ceará) y Natal (Río Grande do Norte).
2.- Dilma Rouseff muy debilitada políticamente comienza su nuevo período, sigue
con los preparativos de los Juegos Olímpicos (JO) hasta el 12-05-16 cuando es
suspendida y sustituida por un presidente provisional que los inaugura el 05-08-16 y
es destituida el 31-08-16 después de concluir los juegos el 21-08-16, finalizando así el
gobierno del Partido de los Trabajadores (PT) iniciado en 2003
172
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
2.2.- Las ideas de progreso y ventajas a obtener por el enorme impacto positivo
para el desarrollo económico que tendrían los Juegos Olímpicos (JO), difundidas por
el gobierno y el Comité Olímpico Internacional (COI) fueron negados por la realidad
Según el Estado, el presupuesto de inversiones para los juegos hasta agosto 2015 fue:
“Costos operativos de los eventos y de las competiciones…(comida de los atletas,
uniformes, alojamiento, transporte de los equipos y material deportivo…): 2.060
millones US$ provenientes de patrocinadores y otras fuentes privadas…Matriz de
Responsabilidades, que abarca proyectos como instalaciones deportivas:…hoy
10
Estos privilegios y prebendas es lo que permite al Comité Olímpico Internacional (COI) -según el
Informe de su Presidente en la Asamblea General 2012- asegurar: 3.600 millones US$ en derechos de
TV para los JO Invierno 2014 y JO 2016 y la meta es superar los 4.000, más de los 3.900 obtenidos en
los JO Invierno 2010 y JO 2012; para los JO Invierno 2018 y JO 2020 aseguró 2.600 millones US$ de los
medios de comunicación, su principal socio de TV es NBC que compró los derechos para EUU de cuatro
JO hasta 2020 por 4.380 millones US$; y dispone de 588 millones US$ en reservas financieras.
11
Los demás Socios-patrocinantes de los Juegos Olímpicos (JO) Río 2016 fueron: Oficiales: Bradesco.
Bradesco Seguros. Correios. N=T. Claro. Embratel. Nissan. Colaboradores Oficiales: Aliansce Shopping
Centers. Apex Brasil. Cisco. Estàcio. EY. Globo. Sadia. Qualy. SKQL. Latam Airlines. Latam Travel. 361º.
Proveedores: A) Airbnb. C&A. CEG. Dica do chef. Editora Globo. EF Education First. Eventim. GREE. ISDS.
Karcher. Komeco.Localiza. Manpowergroup. Microsoft. Mondo. Nielsen. NIKE. OFF!. RGS Events. Sapore.
SEG Gymnastics. Symantec. Technogym. 3 Corações. Riogaleão. B) Bauerfeind. Casa da Moeda do Brasil.
EMC. Hospital dos Olhos Paulista. Posterscope Brasil.
12
Los JO Londres 2012 tuvieron 54 patrocinadores y los principales fueron Visa, Samsung, Panasonic,
Procter Gamble, McDonalds, Dow, General Electric, Omega, Atos Origin, Cocacola y ACER. Las
autoridades londinenses “también les ofrecieron a los patrocinadores una exención impositiva, por 7
meses. La ley 1270 de Brasil fue todavía más allá: cuatro años” (Lanaciôn.com: 24-08-16).
173
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Las ventajas se resumen en las promesas que hicieron las autoridades de impacto
positivo de los juegos sobre la economía y de los proyectos de transformación -
iniciados con el Mundial- que incluyen “obras de reforma de las instalaciones
174
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
13
Ejemplo son los JO Atenas 2004 que “costaron US$11.000 millones. Un año más tarde se había
disparado el déficit fiscal griego y los problemas se fueron agravando hasta llegar a la actual crisis
económica, que se ha convertido en un fenómeno casi crónico de los graves problemas de la eurozona”
(Lanaciôn.com: 24-08-16).
175
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Para Larissa Lacerda, la herencia que van a dejar los JO en Río de Janeiro es una
ciudad aún más segregada y excluyente: “La Ciudad Olímpica fue construida a través
de la profundización de las desigualdades socio-espaciales, sobre la base de una
política de ‘limpieza’ de la ciudad” (Bessi y Navarro: 29-08-16).
Río de Janeiro se queda con la incertidumbre sobre qué sucederá con el plan de
convertir el Parque Olímpico en un vibrante distrito con departamentos de lujo y
oficinas:
“En medio de una persistente recesión…, el consorcio que gestó el proyecto, al 26-08-16 sólo ha
vendido el 7% de los 3.604 departamentos de la Villa Olímpica…. Con los instituciones financieras
cobrando tasas prohibitivas para préstamos, las agencias de bienes raíces han tenido que ofrecer
incentivos…Los organizadores de Río 2016 y funcionarios de la ciudad no han dicho nada sobre si este
débil mercado podría afectar el desarrollo futuro del Parque Olímpico, de 1,18 millones de metros
cuadrados. Carlos Carvalho, el multimillonario que concibió el proyecto del Parque Olímpico… dijo que la
villa de atletas es para la élite de la ciudad. Su nombre es ‘Ilha Pura’— Isla Pura — y el precio de los
apartamentos promedia los 435.000 dólares, con piscina, spa y peluquería. Los penthouses pueden
costar hasta 700.000 dólares. Otro acaudalado empresario construye torres con apartamentos de lujo
alrededor del campo en el que se disputó el torneo de golf de los Juegos. El costo más barato de un piso
anda en los 2 millones de dólares” (AP: 26-08-16).
“concentrándose en mejorar el transporte en las zonas ricas…Al mismo tiempo, han cortado las líneas
de conexión entre las zonas ricas y pobres... Denuncia las medidas represivas del gobierno contra los
vendedores ambulantes, derivadas…por la imposición de las zonas comerciales exclusivas en las
cercanías de instalaciones deportivas donde se ubican los patrocinadores…Según denuncia del
Ministerio Público del Trabajo de Río de Janeiro,… una de las constructoras…de la Villa
Olímpica…mantenía a 11 trabajadores en una situación semejante a la esclavitud… Se ha edificado la
construcción de una plaza, llamada Vía Transolímpica, que implicó la destrucción de 200 mil metros
cuadrados de Bosque Atlántico… En noviembre de 2015 fue inaugurado un campo de golf olímpico en
Barra de Tijuca, pese a las denuncias de activistas ambientales que alertaban que el predio se estaba
construyendo en una reserva ecológica. También advertían que la empresa que llevó adelante el
proyecto, Fiori Emprendimientos, recibió, además del pago por la obra (60 millones de reales) la
adjudicación de terrenos linderos donde construyó edificios de viviendas con una altura superior a la
autorizada”. (Bessi y Navarro: 29-08-16; Ensinck: 24-08-16)
176
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, OAS, Galvão Engenharia, UTC, Mendes Junior y
Engevix, encabezadas por Andrade Gutierrez y Odebrecht, son el grupo de empresas -
todas bajo investigación judicial y con algunos presidentes detenidos en junio 2015-
que
“manejan casi toda la obra pública de los gobiernos nacional, provinciales y municipales, controlaron las
obras para los JO -como antes lo hicieron con las obras para el Mundial- y financian las campañas
de casi todos los partidos políticos, entre ellos el oficialista PT y el opositor PSDB…Odebrecht está
presente en las UTE que se adjudicaron 8 de las 10 mayores obras para el Mundial y JO…y está
involucrado en más de la mitad de los proyectos olímpicos…Andrade Gutiérrez, segunda en el ramo
consiguió entrar en 6 de las 10 mayores obras del Mundial y JO…Hasta noviembre 2015 por su relación
con el desarrollo de 11 proyectos olímpicos, participan en 92% de los desarrollos con contratos valuados
en 10,000 millones de dólares” (Bimbi: 14-09-16; Meza: 16-09-16; Reuters: 14-09-16).
177
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
“en zonas donde el sector inmobiliario ha especulado para obtener altos rendimientos y ganancias. En
los últimos tres años, el precio del metro cuadrado de los bienes vendidos en Río de Janeiro ha
aumentado, en promedio, 29.4%, pero en algunas zonas, como en la favela Vidigal, la valorización ha
llegado a 481%. Las reubicaciones vinculadas a los Juegos Olímpicos han afectado a miles de familias por
medio de la coacción y de la violencia institucional, violando gravemente los derechos humanos” (Bessi
y Navarro: 29-08-16).
178
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Entre 2014-2016 los motivos para el descontento siguen siendo los mismos: “el
dinero público se escapa entre grandes eventos y mayúsculos escándalos de
corrupción mientras la desigualdad continua siendo el cáncer que corroe por dentro a
la sociedad brasileña” (Sotos: 29-08-16). Colapsada la ideología deportiva, intensificada
la crisis económica y a flor de piel el descontento y enojo de sectores importantes de la
población, la gran burguesía brasileña asociada y con el apoyo del gran capital
transnacional inicia su demoledora ofensiva final -teniendo como quinta columna a sus
medios de comunicación-desde mediados del 2015 y obtiene un éxito rotundo al
destituir a Dilma y asumir el gobierno en agosto 2016.
1.- Señales
14
Propiedad de T. Sabine comenzó en 1979 y es organizado por Amaury Sports Organization.
Oficialmente hasta 2014 sus competidores han asesinado a 28 africanos y 4 sudamericanos, muriendo
26 pilotos y personal de apoyo. En 2 ediciones no ha causado muertes. Por oposición del Frente Polisario
a que atravesara el Sáhara occidental (1992-1994), pasó a el Oriente, Malí y el lago Chad. En 2008 se
suspendió (Pérez: 26-06-16).
179
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
15
En 2015 participó en la Asamblea de la ONU y visitó Cuba
180
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
3.- Con dimensión mundial y ocurrido en América Latina, cierra el ciclo de hechos
extraordinarios en el deporte las inéditas, insólitas y multitudinarias manifestaciones
en Brasil contra el Mundial de Fútbol 2014, iniciadas en 2013 hasta la inauguración y
primeros días de su realización. Por primera vez en la historia unas movilizaciones de
tal magnitud y duración las realiza la población del país sede de uno de los dos más
importantes espectáculos deportivos económica y mediáticamente, e incluyen como
foco de su protesta al ente responsable-dirigente máximo del evento, la FIFA
huelga!"? ¿Cómo se explica que las protestas por más de un año recorrieron el país
con lemas como "No va a haber Mundial ", "Mundial para quién " y preguntas-
reflexiones cuestionadoras: “¿El fútbol va a salvarnos la vida?” “¿Un nuevo estadio va
a arreglar mi situación?” “¿Qué sentido tienen las 12 sedes del Mundial?” "¿Qué vale
más: un partido de fútbol mundial o la vida de los niños y de las personas que estamos
sufriendo en Río de Janeiro. Tres hospitales por un estadio demolido?"
A quién en su sano juicio se le ocurriría que iba a presenciar serios
cuestionamientos y fuertes arremetidas contra los símbolos del Mundial y de la FIFA,
con consignas en las protestas como "es la Copa de la élite, de los ricos de la FIFA",
"Hey FIFA, ¡vuelve a Suiza!", "FIFA, vete al infierno"; en Belém, (capital del Estado de
Pará) los manifestantes opuestos al evento y al aumento de la tarifa del transporte
público, ocuparon el edificio donde estaba expuesto el trofeo del Mundial, lo que
obligó a los organizadores a cancelar esta exposición, que ya se había realizado antes
en veinte poblaciones brasileñas; y en la ciudad de Teresópolis (Estado de Río de
Janeiro) durante las manifestaciones se destruyeron balones de fútbol hinchables,
álbumes de cromos y mascotas del torneo y atacaron e incendiaron una réplica gigante
-de 6 metros de altura- de la Copa, ubicada en una de las principales avenidas y a
escasos kilómetros del lugar que sería el hogar de la selección de fútbol brasileña
durante el Mundial. Todas las protestas estaban unidas por las quejas contra la FIFA,
los elevados costos que ha tenido para las arcas públicas el Mundial, las ventajas
fiscales concedidas a los organizadores del evento y contenía demandas de
reivindicaciones muy específicas para mejorar la calidad de vida de la población.
Y resultaba todavía más inimaginable que las protestas continuaran pocas horas
antes de la inauguración del Mundial en Sao Paulo, simultáneamente con
manifestaciones en Río de Janeiro y en, al menos cuatro capitales regionales ¿Cómo
pudo pasar esto en Brasil, la meca del fútbol y en el continente del Papa del fútbol?
Sufriendo en carne propia el soborno, corrupción y arbitrariedad e imposiciones de
la FIFA y sus Socios empresariales transnacionales y nacionales y del gobierno, mejor
que nadie la población brasileña intuyó, vislumbró, comprendió y puso en el tapete la
verdadera, cruda, dura y dolorosa realidad del deporte mundial, enfrentándola con sus
protestas masivas y colocó en la palestra académica, política y mediática este debate.
Muy en contraposición a lo que ha ocurrido con los escándalos de “lobby”, soborno y
182
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
16
Una muestra representativa de la concepción positivista legal y legítimamente establecida, la expresa
la máxima dirigencia de la Organización Deportiva Mundial (ODM) o gobierno del deporte: 1) La FIFA a
través del libro “FIFA 1904-2004. Un siglo de fútbol (2004)”, elaborado por el Centro Internacional de
Estudios del Deporte de la Universidad de Neuchâtel-Suiza: “Describe el desarrollo y la ascensión de
una organización que ha superado con éxito dos guerras mundiales e innumerables conflictos
regionales gracias a su convencimiento -lejos de la política- de que el fútbol puede ser un instrumento
aglutinador y de entendimiento entre los pueblos…Relata la historia de la FIFA, cuyo crecimiento le fue
confiriendo los rasgos de una verdadera empresa internacional por su envergadura administrativa,
financiera y económica, narrando al mismo tiempo la historia de un siglo de fútbol…”. La FIFA:
“…trabaja en pro de intereses que no se contraponen con el principio de soberanía de los Estados
nacionales”. Estableció un diálogo político con la ONU sobre la base de acuerdos de “licencias,
patrocinio y organización de iniciativas, actividades y proyectos conjuntos contra el racismo, trabajo
infantil en la producción de pelotas de fútbol, etc”(Eisenberg, Lanfranchi, Mason y Wahl, 2004: 5/7/
9/233). 2) El Comité Olímpico Internacional (COI) con el libro “Juan Antonio Samaranch: Memorias
183
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
casi único plano el análisis de la dimensión técnica (física, fisiológica, biológica, médica)
y estadística, el debate suele limitarse -en buena medida- a cuestiones operativas-
instrumentales, no estructurales, de forma antes que de fondo.
La concepción positivista burguesa del deporte se sustenta en tres grandes mitos-
bases:
“1) El deporte es un fenómeno natural y eterno, ha existido y existirá siempre en la
humanidad; es intrínseco a la naturaleza humana; es positivo, inofensivo, neutral,
apolítico, transparente, igualitario, democrático, fraterno. 2) En tanto fenómeno
positivo, el deporte no puede ni debe ser sometido a ningún tipo de cuestionamiento
de fondo teórico-conceptual; sus problemas o dificultades son concebidos como
distorsiones por ser corregidas y superadas por su propia dinámica: puede discutirse la
forma, más no el fondo. 3) Lo necesario e importante por estudiar del deporte son sus
aspectos técnicos, estadísticos y físicos, con el objetivo de mantener y reforzar su
carácter positivo, corrigiendo, superando las posibles distorsiones que puedan
presentarse. La asimilación de estos mitos se ha traducido en desconocimiento
generalizado del fenómeno deportivo, en general, y, particularmente, en la academia
universitaria, donde es marcada la subestimación del estudio del deporte como
fenómeno socio-histórico. Además, son el fundamento de las políticas deportivas
aplicadas en Venezuela y en América Latina y contribuyen con la desmovilización de la
población, al crear la ilusión de la existencia de un escenario social donde no existe el
conflicto, no existen intereses diferentes y lucha de poder.
…En el discurso positivista, toda actividad que involucre el esfuerzo físico, realizada
con fines diversos (salud, educativos, recreativos, placer, rendimiento-récord-
campeón...) y donde se establecen o no comparaciones de cualquier naturaleza entre
los participantes, es deporte. El núcleo central de este concepto de deporte son las
actividades cuyo fin es la comparación de rendimientos corporales para registrar
Olímpicas (2002)”, elaborado por Juan Antonio Samaranch, Presidente del COI en 1980-2001: “Prefacio
del Rey de España: Nos deja un ejemplo…de identificación con los valores esenciales y más humanos
que definen a la gran familia olímpica, y estimulan la paz y el entendimiento…Introducción de Jacques
Rogge, Presidente del COI: Voluntad de universalidad; el hombre de la unidad, ayuda y solidario; ha
luchado…a favor de las mujeres…Entendió…que los JO tenían que respetar el medio ambiente.” …Para el
COI: “la política ha estado siempre…presente en…el campo del deporte…Desde 1896 todos los JO han
sido organizados con el acuerdo y la participación…de los gobiernos…hemos establecido y reforzado la
cooperación con las Naciones Unidas, con organizaciones políticas regionales, organismos
intergubernamentales y…no gubernamentales” (Samaranch, 2002: 5-6/9; 11-18/72-73/75/77-78).
184
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
ganar lo que interesa es con cuánto se gana. También es muy diferente la significación
social y la institucionalidad deportiva; basta con mencionar que en el esclavismo el
llamado deporte antiguo se circunscribía a los JO Antiguos, mientras que en el
capitalismo, en el deporte moderno, los JO son sólo un componente muy importante
de una cadena de competencias que comprende los juegos olímpicos, campeonatos
mundiales (de fútbol, atletismo, béisbol, béisbol…), fórmula 1, abiertos de tenis, tours
de ciclismo, campeonatos mundiales inter-clubes de fútbol, etc. Como todo
fenómeno social, el deporte nace, crece, desaparece, resurge con otros contenidos. La
sociedad funcionó sin deporte hasta la irrupción del deporte antiguo, que tuvo una
duración máxima de 1.277 años; luego, la sociedad funcionó perfectamente 1.503
años sin deporte, y hoy tenemos 112 años de deporte moderno (Altuve, 2009,: 21-22).
Para nuestra perspectiva crítico-analítica-totalizadora17, el deporte es un fenómeno
social
17
Existen otras posiciones que tienen en común concebir las dificultades existentes en el deporte como
desviaciones que pueden ser corregidas y superadas incorporando nuevas dinámicas y lógicas de
funcionamiento: 1) El problema central es la existencia de dirigentes deshonestos y corruptos y se
resuelve con una dirigencia honesta y comprometida con los ideales olímpicos. 2) Reconoce que el
problema es más complejo y es esbozada -al ser elegido Presidente de la FIFA en 2016- por Gianni
Infantino “Vamos a restaurar la imagen de la FIFA...Se necesita implementar las reformas…El fútbol
siempre existirá, pero la manera en la que hemos vivido y percibido a la FIFA como organización en los
últimos meses no puede continuar", y al analizar el escándalo del fútbol 2015 por: a) BBCMUNDO: “no
se trata de un mero problema de corrupción, individual o de camarillas, sino de la anomia moral e
institucional que ha caracterizado la operación global de la organización”. b) Thomas Bach, Presidente
del Comité Olímpico Internacional (COI), “Este es un problema estructural y no se resolverá
simplemente con la elección de un nuevo presidente” (BBCMundo: 07-11-15 y 22-04-16). 3) Precisa
que el problema es “estar absolutamente monopolizado, secuestrado, por el capitalismo y su lógica
mercantil…sirve para demostrar la superioridad científico-tecnológica de los países donde se concentra
el capital, de la mano de sus aliados, las transnacionales, constituyendo el espacio social de legitimación
de una ideología olímpica que afirma y legitima la política siempre rapaz de las superpotencias” (ANEPP,
09-09-15; Flores y Avendaño, 2014: 42/45), y presenta alternativas de reflexiones-propuestas: a) La
Asociación Nacional de Empleados Públicos y Privados de Costa Rica propone: “ convertir el deporte en
derecho del pueblo y que deje de ser el monopolio de unos pocos” (ANEPP, 09-09-15). b) Pedro García
Avendaño y Zhandra Flores Esteves (Universidad Central de Venezuela): “el desafío consiste
en…resignificar su carácter lúdico y sus beneficios, …Creemos…en la posibilidad de construir una
sociedad distinta, más humana y más justa representando el deporte un espacio más desde donde se
puede hacer frente al poder instituido e instituyente… Nuestra obligación es diagnosticar y develar lo
oculto y democratizar el acceso a esos hallazgos para propiciar un debate riguroso al respecto, dentro y
fuera del ámbito universitario, a lo que debe seguir la articulación con otros entes y personas para
iniciar acciones que realmente permitan transformar la institución deportiva” (Flores y García, 2014: 47).
Para una óptica con gran fortaleza y desarrollo en América Latina, el deporte “puede ser visto como un
foco, un punto donde el analista se interroga por la dimensión de lo simbólico y su articulación
problemática con lo político. Pero también: el deporte es un espacio donde se despliegan algunas de las
operaciones narrativas más pregnantes y eficaces para construir identidades. Entonces, en esa periferia
de lo legítimo (porque el lugar central seguirá siendo la cátedra o la política o los medios, según su
capacidad históricamente variable de instituir y administrar legitimidades del discurso) podemos leer
186
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
“gestado, creado y conformado en un momento del desarrollo de la sociedad, que está en permanente
interacción con los demás fenómenos sociales, transformándose al mismo ritmo que lo hace la sociedad
a través de la historia, formando parte e incidiendo en ese proceso general de transformación,
alimentando y alimentándose en ese proceso de cambio. Es un fenómeno social que responde a
intereses sociales, de clase, muy específicos, cumpliendo determinadas funciones en los distintos
momentos históricos y, por lo tanto, ha tenido y tiene relaciones e implicaciones políticas, económicas,
sociales, culturales…. El deporte es una esfera de poder y como tal debe asumirse (Altuve, 2009, espacio
abierto: 21-22)
“en abril 2016 la visita del recién electo nuevo Presidente de la FIFA, Gianni Infantino, con honores de
Jefe de Estado y le concedió ‘un retrato del héroe indígena Túpac Katari tallado en madera, los
textos De Orinoca a Palacio Quemado y Las tres posesiones originarias, el Libro del Mar y La
Condecoración Nacional de la Orden del Cóndor de los Andes, la más alta distinción que
otorga…Bolivia a ciudadanos e instituciones…por eminentes servicios, civiles o militares,
prestados a la nación y a la humanidad`’; Morales puntualizó que ‘es una enorme alegría
recibir una alta autoridad que representa al fútbol mundial y es un orgullo’", destacando que la
visita es importante porque forma parte de una nueva generación de dirigentes con
responsabilidad de dignificar al fútbol manchado por la corrupción, y pidió a la FIFA trabajar
para que el balompié boliviano se renueve y obtenga una nueva imagen frente al retraso con
relación a Suramérica; Infantino expresó su gratitud y reiteró el apoyo de la FIFA al fútbol en
Bolivia(ABI: 22-04-16). Casi paralelamente a la visita se tendió la primera duda sobre la
187
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
honestidad del Presidente de la FIFA, al sospecharse que participó en una trampa legal, en
2006, cuando era Director de Servicios Legales de la UEFA (FIFA de Europa): firmó un contrato
de venta de los derechos de TV de la UEFA Champions League en 2006/7 y 2008/9, con Cross
Trading (compañía offshore registrada en la pequeña isla de Niue, Océano Pacífico Sur,
propiedad del padre e hijo Hugo y Mariano Jinkis, acusados de soborno y corrupción por EEUU
en el escándalo FIFA 2015), empresa que los compró por 111.000 US$ e inmediatamente
vendió por -casi el triple- 311.170 US$ a la televisora ecuatoriana Teleamazonas; Cross Trading
también pagó 28.000 US$ por los derechos de la Supercopa de Europa y los vendió a
Teleamazonas por 126.200 US$, y tiene vínculos con Juan Pedro Damiani, miembro del Comité
de Ética de la FIFA que está bajo investigación interna. Inicialmente la UEFA negó la
negociación, , pero, en abril 2016 le dijo a la BBC que los derechos de TV se venden al mejor
postor en una licitación abierta y y competitiva. Una fuente de alto nivel de la FIFA informó a la
BBC que el acuerdo de 2006 firmado por el actual presidente Infantino, deberá ser examinado
por el Comité de Ética (BBCMUNDO: 22-06-16; Altuve, 2016: 14).
“Nueva Ética Socialista: La plena realización del socialismo del Siglo XXI supone un proyecto ético y
moral socialista bolivariano, centrado en la configuración de una conciencia revolucionaria…, que busca
afianzar valores inalienables que deben estar presentes en nuestra vida cotidiana: amor, amar al
prójimo…; corresponsabilidad moral…; ser social colectivo, …la conciencia de que el ser humano solo
puede realizarse en los otros seres humanos, de aquí nace el sentimiento de solidaridad, de
desprendimiento personal…; supremo valor de la vida…; valor del trabajo creador y productivo… La ética
en el fondo trata de la vida humana y busca esa fuerza creadora que nos haga sentir personas con
dignidad…. El Proyecto Ético Socialista Bolivariano debe llevarnos a la construcción del hombre nuevo
del Siglo XXI…. Suprema Felicidad Social: El socialismo significa la construcción de una estructura social
incluyente, un nuevo modelo social, productivo, humanista y endógeno. Su fin último es la suprema
felicidad para cada ciudadano. La base de este objetivo fundamental descansará en los caminos de la
justicia social, la equidad y la solidaridad entre los seres humanos y las instituciones de la República
(Altuve 2012: 17-18).
Concibiendo el
18
Basado en Altuve: 2011, 2012 y 2016.
188
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Y teniendo en cuenta que la inversión del Estado durante 1999-2013, realizada por
sus dos organismos principales nacionales (Ministerio del Poder Popular para el
Deporte o MPPD e Instituto Nacional de Deportes o IND), fue de al menos
3.602.026.152 US$, debemos destacar que el Programa Deporte de Rendimiento es el
centro o fundamento de la política pública deportiva porque:
1) Entre 1999-2006 concentró el 45,32% del presupuesto. Su importancia aumenta al
considerar el resto de la distribución: 37,82% en la administración y 7,32% se
distribuyó entre los Programas Deporte para Todos y Educación Física y Deporte
Escolar; y casi todo el 9,51% asignado al Programa de Instalaciones Deportivas fue
para infraestructura de Alto Rendimiento (Juegos Deportivos Juveniles 2005 y en 2006
para estadios y demás obras de la Copa América 2007). 2) Promediando el
presupuesto del MPPD e IND en 2010, 2011 y 2013, la asignación al Deporte de
Rendimiento fue de 66,58%, 6,87% se asignó a los Programas Administrativo y de
Gestión, quedando el 26,55% para los demás Programas.
La política pública deportiva venezolana tiene una fundamentación teórico-
conceptual coherente con la orientación presupuestaria y con la auto-evaluación
estatal: el presupuesto está concentrado en el deporte de rendimiento, dirigido a
producir campeones y organizar-participar en eventos. Y la masificación-
democratización deportiva está concebida, principalmente, para alimentar al deporte
de rendimiento. Y según el Estado, ha sido muy exitosa porque se han obtenido -
históricamente- los mejores resultados en importantes competencias, se ha
participado en eventos de dimensión continental y mundial, se han organizado
exitosamente eventos nacionales e internacionales y se ha profundizado la
masificación-democratización deportiva.
Llama poderosamente la atención que en la política pública deportiva venezolana, la
única referencia -al menos en términos explícitos- del Estado sobre el deporte
mundial hoy, es que se realizará “una gestión de calidad, a tono con las tendencias
189
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
mundiales del sector”, planteamiento reiterado en la Visión del Ministerio del Poder
Popular para el Deporte (MPPD).
La ausencia de tratamiento estatal a la temática del deporte en la globalización
adquiere importancia cardinal porque uno los principios fundamentales de la política
pública deportiva es convertirse en una fuerza para avanzar al socialismo sustentada
en valores y conductas como justicia social, equidad, solidaridad, amor,
corresponsabilidad moral, ser social colectivo, supremo valor de la vida, trabajo
creador y productivo ¿Cómo puede alcanzarse y cultivarse este principio si la política
pública deportiva se inscribe, está en función y gira en torno al deporte mundial
globalizado que funciona-acciona y cultiva valores y conductas totalmente contrarios?
Imposible alcanzarlo y cultivarlo.
1) Plan Brasil Medallas 2016: Iniciado el 13-09-2012 por la presidenta Dilma Rousseff,
“Es un plan de inversión adicional de R$ 1.000 millones entre 2013-2016 en deporte de
alto rendimiento para lograr que Brasil -por primera vez en la historia-clasifique entre
los 10 primeros lugares de los JO y entre los 5 mejores de los Juegos Paralímpicos. De
ese financiamiento R$ 328 millones se destina a apoyar las selecciones de atletas por
diversas vías, entre ellas la Bolsa Pòdio (creada por la Ley 12.395/2011), contratación
de técnicos y equipos multidisciplinarios, compra de equipos y materiales y viajes para
entrenamiento y competiciones, y R$452, 2 millones están siendo utilizados en
construcción, reforma y equipamiento de centros de entrenamiento de varias
modalidades y complejos multideportivos. Las empresas estatales Banco do Brasil,
Caixa Económica Federal, Petrobras, Correos, BNDES y Banco do Nordeste, forman
parte e invertirán en el Plan Brasil Medallas” (MD: 17-09-16).
190
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
deportes orientados al deporte de alto rendimiento, estimulando la formación de atletas entre niños y
adolescentes”. El…financiamiento previsto es de más de R$ 839,3 millones” (MD: 17-09-16).
“Pretende articular las instalaciones. Su objetivo es crear un camino para el atleta desde su entrada
hasta el alto rendimiento. Por eso, las instalaciones tienen papeles distintos en la Red, desde aquellas
para descubrir talento, las que garantizan la formación de base, hasta las especializadas para atletas de
las selecciones nacionales. La inversión sobrepasa los R$ 3.000 millones” (MD: 17-09-16).
“eran 975 bolsas en 2005 y 6.093 en 2.015. Son 43 mil bolsas en 10 años. Con mucho ánimo
pretendemos avanzar para asegurar que el mayor legado de las Olimpíadas y Paralimpíadas, es la
formación de atletas de alto rendimiento y de masificación de todos los deportes” (MD: 17-09-16).
191
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
“práctica de actividades físicas, culturales y de ocio para todos los grupos etarios y personas portadoras
de deficiencias, estimula la convivencia social, la formación de gestores y líderes comunitarios, favorece
la investigación y socialización del conocimiento, contribuyendo para que el deporte y ocio
sean…políticas al servicio de todos…Actualmente tiene dos Núcleos: Urbanos y para Pueblos y
Comunidades Tradicionales (…pueblos indígenas, quilombolas, populares, ribereñas, entre otras)…En
2012 el Núcleo de Vida Saludable del PELC fue reconocido como un importante Programa Social” (MD:
17-09-16).
“Asegurar prácticas deportivas y de ocio con acciones diferenciadas para públicos específicos…Ampliar
el acceso al deporte y ocio, a través de programas de inclusión social…Expandir y modernizar los
espacios públicos deportivos…Estructurar un sistema de competiciones estudiantiles…Promover
competiciones y eventos deportivos que motiven a la práctica deportiva regular…Contribuir a mejorar la
calidad de vida, promoviendo ejercicio de ciudadanía y desenvolvimiento social” (MD: 17-09-16).
5) Juegos de Pueblos Indígenas: Se realizaron en 2013 (la primera edición fue en 1996)
y su objetivo es la integración de las diferentes tribus, así como el rescate de las
celebraciones de las culturas tradicionales (MD: 17-09-16)
“al Programa Brasil Potencia Deportiva Estudios e investigaciones científicas y tecnológicas para el
desenvolvimento del deporte. El Ministerio de Deporte en 2013 firmó un convenio con el Consejo
Nacional de Investigación Científica y Tecnológica (CNPq)… En 2014 se invitó a investigadores para
financiarles proyectos y el resultado de esta iniciativa sería la realización de 3 periódicos, 4 libros y 9
eventos científicos” (MD: 17-09-16).
192
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
1) Legislación
2) Fútbol Femenino: Con el apoyo del Ministerio del Deporte empezó a desarrollarse
“en diciembre 2011…y febrero 2012…El Ministerio ha facilitado la realización de tres
Copas Libertadores: 2012 Pernambuco, 2013 Foz do Iguaçu (PR) y 2014 Sao José dos
Campos (SP)…El Campeonato Brasileño en 2013…fue patrocinado con R$ 10 millones
de la Caja Económica Federal y el apoyo del Ministerio… En 2014, 2015 y 2016 se
repitió el incentivo, con la misma cantidad anual…El Ministerio…también…invierte
en…campeonatos escolares de menores de 17 años y de la Universidad de Brasil Copa
CBUFF: la primera CBUFF 2014 tuvo una inversión del Gobierno Federal de más de R $
2 millones y en 2015 R $ 2.475 millones. El Ministerio beneficia a 137 atletas a través
del programa Bolsa Atleta, con una inversión anual de R$ 2.52 millones y 22 de la
selección se benefician de los premios del Plan Brasil...El Ministerio aprobó -a través de
la Ley de Incentivo al Deporte- el proyecto para la construcción del Centro de
Excelencia de Fútbol en Foz do Iguaçu (PR)…sede de los equipos de formación y
selecciones” (MD: 17-09-16).
3) Torcida Legal: Pretende mejorar las condiciones de seguridad y confort del público
en los estadios de fútbol y prevenir la violencia en los espectáculos deportivos (MD:17-
09-16).
193
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
jurídicas tributadas con base en el lucro real son empresas…multinacionales y conglomerados de los
sectores bancario, industrial, de transporte aéreo y de telecomunicaciones, entre otros.” (MD: 17-09-
16).
194
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
primeros en los JO, por ejemplo) y realizar de manera seguida, inmediata, los dos
espectáculos mundiales más costosos, complejos e importantes económica y
mediáticamente, obtener estos éxitos ratificaba la condición de gran potencia de
Brasil, su entrada completa y definitiva al club de las superpotencias, haría
indestructible la unidad nacional y llevaría a la cúspide política a sus impulsores. Y
colocaron como punto de honor y a cualquier precio -independientemente de la difícil
situación económica que empezó a vivirse en plenos preparativos -garantizar la
realización del Mundial y los JO tal y como lo establecieron la FIFA y el COI,
concediendo privilegios, prebendas y competencias a la FIFA y al COI que afectaban
negativamente al país, a la población e incluso atentaban contra la soberanía nacional
y derechos humanos; ante las insólitas, inéditas y multitudinarias protestas populares
con demandas de mejoras sociales y contra el Mundial, respondieron, respondieron
con una buena dosis de violencia física directa.
El PT, Lula y Dilma -porque son positivistas en el deporte y no vieron ni trataron las
relaciones de clase y de poder- no contaron con que las presiones y exigencias de
privilegios de todo tipo por parte de la FIFA y sus Socios (y del COI y sus Socios)
externos e internos, serían mantenidas sin ninguna contemplación ni consideración
con la situación económica difícil que atravesaba el país. Cumplir a toda costa con esas
exigencias contribuyó sustancialmente a colocar paulatinamente al gobierno a
espaldas de sectores importantes del pueblo, que no podían aceptar ni entender el
cumplimiento total con la FIFA-COI y sus Socios cuando escaseaban los ingresos
fiscales, y sumidos en una gran corrupción de empresarios y políticos en la refacción y
construcción de las obras para el Mundial y los JO. Todo ello fue aprovechado y
canalizado por la alta burguesía brasileña que con el apoyo del capital transnacional y
con sus medios de comunicación a la cabeza, adelantaron el proceso que llevó a la
destitución de Dilma.
CONCLUSIÒN FINAL
196
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
197
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
aquella que parte de concebirlo desde el carácter de clase que tiene y considera que la
concepción positivista responde a los intereses de la burguesìa.
Siendo cierto que “el fútbol…fue un operador del descontento”, el asunto es mucho
más profundo y complejo. Los problemas económicos permitieron facilitar a la
población la comprensión o debelar la realidad de los dos eventos deportivos que la
afectaba negativamente, al mismo tiempo dichos eventos actuaron como referencias o
catalizadores para hacer exigencias económicas-sociales y fueron fuente de
descontento y enojo que se tradujo en debilitamiento político gubernamental. Dicho
de otra manera, la situación económica creó condiciones favorables para el
cuestionamiento del Mundial y los JO, que al hacerse justificó la exigencia de
reivindicaciones económico-sociales y aumentó la presión política sobre el gobierno.
Esto no podían leerlo el PT, Lula y Dilma desde su concepción positivista y por eso
nunca cambiaron su posición sobre los eventos.
Finalmente, consideramos muy pertinentes, vigentes, las reflexiones de Boaventura
De Sousa Santos del 01-01-2016:
“prestar especial atención a algunas señales del presente para ver en ellas tendencias,
embriones de lo que puede ser decisivo en el futuro…Si algo se puede afirmar con
alguna certeza acerca de las dificultades que están pasando las fuerzas progresistas en
América Latina, es que tales dificultades se asientan en el hecho de que sus gobiernos
no enfrentaron ni la cuestión de la Constitución ni la de la hegemonía…Por eso es
necesario que las izquierdas sepan tener miedo sin tener miedo del miedo. Sepan
sustraer semillas de esperanza a la trituradora neoliberal y plantarlas en terrenos
fértiles donde cada vez más ciudadanos sientan que pueden vivir bien, protegidos,
tanto del infierno del caos inminente, como del paraíso de las sirenas del consumo
obsesivo. Para que esto ocurra, la condición mínima es que las izquierdas permanezcan
firmes en dos luchas fundamentales: la Constitución y la hegemonía (De Sousa Santos,
2016: 205/209/211-212).
Reiteramos, una lucha fundamental de las izquierdas en la que deben permanecer
firmes es en la hegemonía. Y el deporte es un territorio para disputa de la hegemonía.
Puede avanzarse en esta dirección con el debate sobre ¿Otro deporte es posible?, que
es motivo de otro trabajo.
198
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
BIBLIOGRAFÌA
ALABARCES, Pablo. (2011). Tres décadas de investigación sobre deporte: las nuevas
direcciones en América Latina. Conferencia en el Congreso Internacional de la Red de
investigadores sobre Deporte, Cultura Física, Ocio y Recreación. Hermosillo-México:
Universidad de Sonora.
ALTUVE, Eloy (2002). Deporte: modelo perfecto de globalización. Maracaibo-
Venezuela: CEELA de La Universidad del Zulia (LUZ). Imprenta Internacional.
ALTUVE MEJÍA, Eloy. (2009). Deporte: ¿Fenómeno natural y eterno o creación socio-
histórica?. Maracaibo-Venezuela: Espacio Abierto, Cuaderno Venezolano de
Sociología. Volumen 18. N.1. Universidad del Zulia. Ediciones Astro Data S.A.
ALTUVE MEJÍA, Eloy. (2011). Metodología y análisis de la política pública. Caso
deporte: Venezuela 1999-2010. Maracaibo: Vice-Rectorado Académico de LUZ.
ALTUVE MEJÌA, Eloy (2011). Deporte, sociedad e investigación: Metodología y
análisis de la política pública. Caso Venezuela 1999-2011. Revista de ALESDE Volumen
2. N.1.: Curitiba-Brasil.
ALTUVE MEJÍA, Eloy (2012). Deporte y Revolución Bolivariana en Venezuela: 1999-
2011. Metodología, análisis y evaluación de la política deportiva del gobierno del
presidente Hugo Chávez. Propuestas. Saarbrücken: Editorial Académica Española.
ALTUVE MEJÍA, Eloy (2016). Política Pública en Educación Física, Juego y Deporte. En
Educação Física, Corpo e Tradição. Curitiba-Brasil: Editora e Livraria Appris Ltda.
199
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
GENTILI, Pablo. (Editor y Co-autor). Golpe en Brasil: Genealogía de una farsa. Buenos
Aires. Octubre Editorial. CLACSO. 20 de junio de 2016.
JENNINGS, Andrew (1996). Los nuevos señores de los anillos. Barcelona-España:
Ediciones de la Tempestad.
PRIETO OBERTO, César. (2007). Análisis del presupuesto del Instituto Nacional de
Deporte de Venezuela. En: Deporte y revolución en América Latina. Maracaibo-
Venezuela. Ediciones del Vice-Rectorado Académico de la Universidad del Zulia (LUZ).
WEB
ABI. (2016). Evo Morales condecora al Presidente de la FIFA con el Cóndor de los
Andes. Tierra Bolivia Plus. (22-04-16). En
http://tierraplus.com.bo/Bolivia/Politica1/Evo-Morales-condecora-al-Presidente-de-la-
FIFA-con-el-Cndor-de-los-Andes. Consultada el .22-04-16.
ALABARCES, Pablo y GARRIGA ZUCAL, José. (2014). Pionerismos, continuidades,
deudas. Córdoba-Argentina: Revista del Museo de Antropología 7 (2). Facultad de
Filosofía y Humanidades-Universidad Nacional de Córdoba. En
http://revistas.unc.edu.ar/index.php/antropologia/index. Consultada el 29-06-16.
200
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
ASOCIACIÓN DE CLUBES EUROPEOS (ECA). (2014). Más del 75% de los jugadores de la
Copa Mundial 2014 se ha registrado en clubes europeos. Análisis de estreno
ECAjugador. En: http://www.ecaeurope.com/news/eca-player-release-analysis-fifa-
world-cup-2014 y
http://www.ecaeurope.com/PageFiles/7597/ECA%20Player%20Release%20Analysis_FI
NAL.pdf. Consultadas el 07-08-14.
BESSI, Renata y NAVARRO, Santiago. Asesinatos y desalojos son los costos de las
Olimpiadas en Brasil. (16-07-16). En http://avispa.org/2016/07/16/asesinatos-
desalojos-los-costos-las-olimpiadas-brasil/.Consultada el 29-08-16.
201
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
202
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
http://www.esporte.gov.br/index.php/institucional/esporte-educacao-lazer-e-
inclusao-social/esporte-e-lazer-da-cidade:17-09-16;
http://www.esporte.gov.br/index.php/institucional/esporte-educacao-lazer-e-
inclusao-social/competicoes-e-eventos-de-esporte-e-lazer;
http://www.esporte.gov.br/index.php/institucional/esporte-educacao-lazer-e-
inclusao-social/jogos-indigenas;
http://www.esporte.gov.br/index.php/institucional/esporte-educacao-lazer-e-
inclusao-social/rede-cedes;
http://www.esporte.gov.br/index.php/institucional/futebol-e-direitos-do-
torcedor/futebol-feminino;
http://www.esporte.gov.br/index.php/institucional/futebol-e-direitos-do-
torcedor/torcida-legal; http://www.esporte.gov.br/estadiomais/;
http://www.brasil2016.gov.br/es/incentivos/lei-de-incentivo-ao-esporte). Consultadas
el 17-09-16.
PÉREZ, Antonio. El Rally Dakar. Invasión motorizada y neocolonialismo deportivo.
(Enero 2014). PUKARA, Cultura, sociedad y política de los pueblos originarios. Periódico
mensual, Qollasuyu La Paz-Bolivia.. Año 8, Número 89. Edición electrónica. En
http://www.periodicopukara.com/archivos/pukara-89.pdf. Consultada el 26-06-16.
REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. (2014). “Trampa”. RAE. En
http://lema.rae.es/drae/srv/search?id=6mYjFjUmqDXX2VDWosNB: 09-12-15.
QUITIÀN, David. Sin el oro y sin la plata: Copa y Juegos en clave política. (15-08-16).
Cuaderno de las Olimpíadas 1. CLACSO. En
http://www.clacso.org.ar/cuadernosdelasolimpiadas/co1_David_Quitian.php.
Consultada el 04-09-16.
204
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
205
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
Animador Socio-cultural | http://josefj.blogspot.com
206
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
los valores propios, salvaguardando así su cultura, sus rasgos entrañables de su hacer y
sentir. En suma, sus valores, su libertad e integridad.
Constituyendose el cimarronaje, sobre todo en el siglo XVI, en un vehículo que
sirvió de encuentro de tres culturas diferentes: la india, la africana y la española. Esas
tres culturas se conjugaron para formar una nueva e idéntica: la cultura cimarrona.
Entonces el cimarronaje no fue solo una vía de escape, sino una forma de
rebelión, y por consecuencia de subsistencia, de libertad y conservación de los rasgos
distintivos culturales propios.
La intensa relación o contacto de los españoles y negros esclavos con nuestros
primeros pobladores los indios tainos no duro en nuestra isla mas de 50 años. Lo que
significó que su impacto fuera limitado en la cultura indígena.
Dentro de una dimensión justa y apropiada, lo indígena no debe de exagerarse en
nuestra cultura, pues factores de orden genéticos explican el mayor peso de la cultura
europea y africana en el surgimiento de la nuestra.
Lo que si es justo señalar es lo sorprendente de la persistencia de ciertas
herencias culturales indígenas, a pesar del corto tiempo de contacto. Empero es en el
campo económico donde puede advertirse un continuo impacto de la cultura aborigen
a través del tiempo, impacto que ha ido perdiendo importancia.
Así vemos como la cultura aborigen nos legó como herencia la producción
artesanal de confección manual y de escaso desarrollo tecnológico, también el conuco,
que se caracteriza por el cultivo simultaneo de varios productos en una misma zona, el
uso del casabe, alimento duradero que significó la salvación de los españoles en su
regreso a su viejo continente, pues estos carecían de alimentos duraderos, así como el
uso de nuevo sistema de pesca con nasa y corrales etc. Es indiscutible que la yuca y su
industrialización vía el casabe representan el aporte más importante de la agricultura
taina a la dieta dominicana hasta nuestros dias.
Sin dudas, los mecanismos de subsistencia traídos por el español fracasaron
parcialmente y fueron los métodos indígenas los que permitieron que los primeros
hispanos adoptaran formas desconocidas en España, como las antes mencionadas.
Esto demostró que a diferencia de lo que creían los españoles, los indios tenían su
cultura que se expresaba en la preparación de sus alimentos, en su religión, en sus
artes y en todo un mundo que era producto de su trabajo frente a la naturaleza.
207
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
208
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
los españoles, llegaron al país romances y cantares del folclore español junto con otras
manifestaciones de la cultura hispana”.
Así mismo el reencuentro con altos valores de la hispanidad, habremos también
de experimentarlo los dominicanos, al entrar en contacto con los grupos españoles
que emigraron a raíz del triunfo del Franquismo en España y le facilitaron una nueva
dimensión a nuestra sociedad tradicional. Esa emigración resulto ser altamente
provechosa, pues los resultados podemos buscarlo en la formación educativa de la
generación nacida durante la guerra civil española 1939.
La presencia Africana en la cultura dominicana se ha dicho que es periférica y
aunque sin dudas existieron y existen elementos culturales de influencia africana
muchos autores hispanófilos se niegan ha admitir.
El negro africano llego a América en calidad y/o condición de esclavo y fue
precisamente él, quien les brindo al español conquistador, con su trabajo gratuito, las
riquezas del continente descubierto. Este fue traído y trasplantado a un hábitat,
integrado a una sociedad distinta a la suya y en la que se encontraba en un estado de
absoluta subordinación y opresión económica y social, viendo así el negro africano
destruida su organización tribal y política, y sus patrones culturales originales.
Ahora bien, este lejos de aceptar pasivamente que se le despojara de su
cultura, luchó con enconado esfuerzo y por diversos medios, para preservar inmovibles
sus patrones culturales, asumiendo una conducta de resistencia activa mediante la
rebelión y la practica del cimarronaje.
Conviene puntualizar que el dueño de esclavos ni las autoridades hicieron gran
esfuerzos por demoler hasta su total extinción los valores culturales del negro, solo lo
consideraban como factor de producción.
Pienso que la mayor influencia africana en nuestra cultura la podemos
encontrar en la música y el baile. La música y danza dominicanas han visto en ellas
supervivencias africanas muy arraigadas, aunque los ingredientes europeos que las
acompañan permiten que las clasifiquen como neo-africanas.
También, las creencias mágico- religiosas prevalecientes en las capas campesinas y
populares dominicana.
Así como un legado culinario propiamente africano a base de método de
cocción, hervido, asado a fuego directo o cocinado al vapor etc.
209
“Práticas de Animação” ano 10 | número 9 | outubro 2016
210
View publication stats