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Mestrado em Pedagogia e Didáctica do Ensino Superior

Faustino Ricardo Guinge

Impacto da Interdisciplinaridade nas aprendizagens dos alunos:

O estudo de caso sobre o programa interdisciplinar entre a


Universidade Metodista Unida de Moçambique e a Escola Superior de
Negócios e Empreendedorismo de Chibuto.

Universidade Metodista Unida

Campus Académico de Cambine


Morrumbene — Moçambique

Abril de 2021
Faustino Ricardo Guinge

Impacto da Interdisciplinaridade nas aprendizagens dos alunos:

O estudo de caso sobre o programa interdisciplinar entre a


Universidade Metodista Unida de Moçambique e a Escola Superior de
Negócios e Empreendedorismo de Chibuto.

Universidade Metodista Unida

Campus Académico de Cambine


Morrumbene — Moçambique

Abril de 2021
Parecer

No âmbito da orientação da Dissertação de natureza científica no Mestrado em


Pedagogia e Didática apresentada pelo licenciado Faustino Ricardo Guinge com o título:

Impacto da Interdisciplinaridade nas aprendizagens dos alunos:

O estudo de caso sobre o programa interdisciplinar entre a


Universidade Metodista Unida de Moçambique e a Escola Superior de
Negócios e Empreendedorismo de Chibuto.

declaro:
que o trabalho realizado cumpre os requisitos científicos, metodológicos e formais que
são pertinentes para a apresentação e defesa perante o Júri designado para a
avaliação do mesmo.

Em consequência, considera-se que seja autorizada a data para a avaliação que


resultará na concessão do título de MESTRE.

Cambine, 05 de Abril de 2021.

Professora Doutora Sónia Sousa


Faustino Ricardo Guinge, autor da dissertação
intitulada “Impacto da
Interdisciplinaridade nas
aprendizagens dos alunos: O estudo de
caso sobre o programa interdisciplinar
entre a Universidade Metodista Unida
de Moçambique e a Escola Superior de
Negócios e Empreendedorismo de
Chibuto.”, declaro que, salvo fontes
devidamente citadas e referidas, o presente
documento é fruto do meu trabalho pessoal,
individual e original

Cambine, Abril de 2021

(Faustino Ricardo Guinge)

Dissertação apresentada à UMUM campus


de Cambine, Morrumbene, como parte
dos requisitos para a obtenção do grau de
Mestre em Educação.
Sumário

Segundo Oliveira(2010) interdisciplinaridade é uma forma de desenvolver um trabalho


de integração dos conteúdos de uma disciplina com outras áreas de conhecimento,
possibilitando um saber crítico-reflexivo, que deve ser valorizado no processo de ensino-
aprendizagem. O projecto interdisciplinar desenvolvido no ano de 2019 pela
Universidade Metodista Unida de Moçambique e a Escola Superior de Negócios e
Empreendedorismo de Chibuto, tinha como principal objectivo juntar estudantes com
diferentes áreas de saber, ou seja empreendedores e tecnólogos para de forma
colaborativa desenvolver projectos que solucionam problemas reais das comunidades.
Este projecto interdisciplinar desafia os estudantes a por em prática aquilo que
aprendem ao longo do curso e pretende ainda incentivar o trabalho cooperativo entre
grupos de diferentes áreas de saber (empreendedorismo e Tecnologia de Informação)
com o objectivo encontrar soluções tecnológicas e de negocio que beneficiem a
comunidade local. Com esta pesquisa, pretendemos perceber, primeiro, de que forma
o projecto Interdisciplinar proposto por um programa Erasmus incentivou a
aprendizagem baseada em problemas. Em segundo, de que forma a aprendizagem
baseado em problema, adotada por este projecto contribuiu para ensinar os alunos a
resolver problemas em contextos interdisciplinares e a trabalhar colaborativamente.
Por fim, perceber o contributo deste projecto no perfil de aprendizagem dos alunos.
Foram no total 14 inqueridos (10 alunos e 4 professores) das duas instituições de ensino.
Os resultados dos dados recolhidos (através de inquérito e métodos de observação) e
analisados mostram que a interdisciplinaridade é um método eficiente para o processo
de ensino-aprendizagem.

Palavras Chaves: interdisciplinaridade, aprendizagens colaborativas, projecto


interdisciplinar, empreendedorismo, Tecnologias de informação.

i
Summary

According to Oliveira (2010) interdisciplinarity is a way of developing a work to integrate


the contents of a discipline with other areas of knowledge, enabling critical-reflective
knowledge, which should be valued in the teaching-learning process. The
interdisciplinary project developed in 2019 by the United Methodist University of
Mozambique and the Higher School of Business and Entrepreneurship, had as main
objective to bring together students with different backgrounds, Entrepreneurs and
technologists to collaboratively develop projects that solve real problems of
communities. This research aims to transform the Interdisciplinary project into a final
course project where students from different backgrounds * entrepreneurship and
Information Technology * where they have to work together in order to find ICT solutions
for the community. This research aims to understand, first, how the Interdisciplinary
project proposed by an Erasmus program encouraged problem-based learning. Second,
how problem-based learning, adopted by this project, contributed to teaching students
how to solve problems in interdisciplinary contexts and how to work collaboratively.
Finally, understand the contribution of this project to the students' learning profile.
There were a total of 14 respondents (10 students and 4 teachers) from the two
educational institutions. The results of the data collected (through survey and
observation methods) and analyzed show that interdisciplinarity is an efficient method
for the teaching-learning process.

Keywords: interdisciplinarity, collaborative learning, interdisciplinary project,


entrepreneurship, information technologies.

ii
Agradecimentos

É com maior apreço e satisfação que expressamos agradecimento a todos aqueles que
directa ou indirectamente tornaram possível a realização desta pesquisa.

À Professora Sónia pelo acompanhamento e apoio moral durante a realização da


pesquisa e por ter aceite orientar-nos na elaboração desta dissertação.

À professora Estela Lamas pela paciência, assistência e persistência dada durante em


todas fases.

À todos professores que de forma paciente, orientam nos diferentes módulos.

À minha família, especialmente à minha esposa Suleja Carlos Muvunja, ao meu filho
Layerson Faustino Guinge, à minha mãe Maria Guirrugo e pelo apoio incondicional data
em todo processo da formação.

Á Deus o dador da vida.

O Meu Muito Obrigado A Todos

NZI BONGUILE

iii
Dedicatória

Dedico este trabalho aos meus pais, Ricardo Mafabe e Maria Guirrugo pelos esforços que
tiveram para garantir a minha formação.

iv
Índice

Introdução....................................................................................................................................... 1

Problematização ..................................................................................................................................... 3

Objetivos e Questões de Investigação ................................................................................................ 3

Questões de investigação ..................................................................................................................... 4

Considerações Finais.............................................................................................................................. 4

1. Referencial Teórico ............................................................................................................... 5

1.1 Interdisciplinaridade................................................................................................................. 5

1.2 Aprendizagens baseados em problemas ................................................................................ 6

1.3 O papel das tecnologias de informação e comunicação no desenvolvimento


comunitário ............................................................................................................................................. 8

1.4 Empreenddorismo ................................................................................................................... 10

1.5 Considerações finais ............................................................................................................... 10

2. Metodologia de Investigação ............................................................................................. 12

2.1 Natureza da pesquisa ............................................................................................................. 12

2.2 Métodos de pesquisa ............................................................................................................... 12

2.2.1 Investigação-acção ......................................................................................................... 12

2.2.2 Estudo de caso ................................................................................................................ 13

2.3 Delimitação de universo/amostra ........................................................................................ 13

2.4 Técnicas e Critérios da Recolha de Dados .......................................................................... 14

2.4.1 Observação ...................................................................................................................... 14

2.4.2 Analise documental ........................................................................................................ 14

2.4.3 Inquérito .......................................................................................................................... 15

v
2.5 Considerações Finais............................................................................................................... 15

3. COMPONENTE EMPÍRICA...................................................................................................... 17

3.1 O contexto do accordo de cooperação Erasmus + ............................................................. 17

3.2 Universidade de Tallinn ......................................................................................................... 17

3.3 Escola Superior de Negócios e Empreendedorismo de Chibuto (ESNEC) ....................... 19

3.4 Universidade Metodista Unida de Moçambique ................................................................. 20

3.5 A concepção da LIFE (Learning in interdisciplinary Focused Environment) ................ 22

Objectivos da LIFE ........................................................................................................................... 23

Os princípios de condução do curso LIFE ..................................................................................... 25

Submissão de ideias de projectos ................................................................................................. 26

3.6 Programa intedisciplinar entre a UMUM e ESNEC .............................................................. 31

recolha de Ideias para projectos................................................................................................... 31

Seleção de participantes ................................................................................................................ 32

Organização ...................................................................................................................................... 32

Organizacão do trabalho................................................................................................................. 32

Supervisão ......................................................................................................................................... 35

4. Resultados ............................................................................................................................. 37

4.1 Pergunta de investigação 1 .................................................................................................. 38

4.2 Pergunta de investigação 2 .................................................................................................. 40

4.3 Pergunta de investigação 3 e 4 ........................................................................................... 40

4.4 Pergunta de investigação 5 .................................................................................................. 42

4.5 Análise SWOT ........................................................................................................................... 45

4.6 Considerações finais ............................................................................................................... 47

vi
Conclusão e recomendações...................................................................................................... 49

Recomendações .................................................................................................................................... 49

Bibliografia ................................................................................................................................... 51

ANEXOS .......................................................................................................................................... 56

vii
Lista de figuras

Figura 1-Mapa da província de Gaza .......................................................... 19

Figura 2-Mapa de Inhambane ................................................................... 21

Figura 3-Distribuição institucional dos alunos ............................................... 37

Figura 4-Distribuição institucional dos professores ......................................... 38

Figura 5-Ferramentas usadas no trabalho distante ......................................... 43

Figura 6-Acompanhamento por parte dos professores ...................................... 44

Figura 7-Resposta dos inqueridos relativos a aprendizagens basedas em projectos vs


tradicionais ....................................................................................... 41

Figura 8-Resposta dos inqueridos relativos a aprendizagens basedas em problemas vs


tradicionais ....................................................................................... 41

viii
Lista de tabelas

Tabela 1--Quadro resumo de submissão de ideias de projectos de life .................. 26

Tabela 2-Cronograma do projecto inter-disciplinar UMUM-ESNEC 2019 ................. 34

Tabela 3-Análise SWOT do projecto interdisciplinar ........................................ 46

ix
Lista de Siglas

Aprendizagens baseados em problemas ABP

ESNEC - Escola Superior de Negócios e Empreendedorismo de Chibuto.

IDP - interdisciplinary project

ITC4D - Information and communications technology for development

LIFE - Learning in Interdisciplinary Focused Environment

TIC -Tenologia de Informação e Comunicação

TLU - Tallinn University

UMUM - A Universidade Metodista Unida de Moçambique e a Universidade

x
INTRODUÇÃO

Assumindo que os saberes nunca são autónomos, e que sempre há uma


complementaridade entre eles. Isso é visível em qualquer domínio de conhecimento.
Consideramos que uma das competências vitais na aprendizagem atual é a
capacidade de desenvolver projectos interdisciplinares, ou seja de comunicar e
colaborar com equipas de diferentes áreas de saber. Mas que, quando se trata de
juntar alunos de diferentes contextos e saberes para colaborarem, trabalharem em
conjunto, é necessário que as ideias deles estejam alinhadas e que tenham
objectivos claros, e que estes consigam partilhar, comunicar e aprender entre eles.

Este processo, de cruzamento de diferentes áreas de conhecimento, é definido por


Japiassu et al. (1976 citado por Laurindo & dos Santos ,2019) como interdisciplinaridade:

“…é a busca pelo desdobramento dos saberes mais simples da comunicação


de ideias até os conceitos mais complexos, que se dá pela interação entre
duas ou mais disciplinas contidas na diversidade cultural e nos variados
conceitos, seja na didática ou na prática de ensino possibilitando ao aluno a
capacidade de ordenar o saber/saber, o saber fazer e o saber ser na
aplicabilidade para executar as tarefas em prol do pensamento crítico e
reflexivo dentro ou fora da sala de aula”(p.266).

Outro autor que enfatiza a importância do conceito de interdisciplinaridade é Santos


(2015), segundo ele, o ensino interdisciplinar surge como uma nova resposta, uma
nova pedagogia que privilegia o diálogo e a estimulação de práticas cooperativas.
Isto pressupõe a supressão de barreiras entre as disciplinas e entre as pessoas que
tenham o mesmo projecto educativo.

Uma prática que não é comum em Moçambique, mas que tem se provado a sua
eficiência nas aprendizagens, pois permite que os alunos desenvolvam capacidades
colaborativas, incentivam o pensamento critico, autoaprendizagem e trabalho em
equipe.

O projecto interdisciplinar aqui estudado é um projecto que tem por objectivo juntar
alunos de diferentes áreas de conhecimento (tecnólogos e empreendedores) para
1
que juntos identifiquem problemas e resolver por meio de tecnologia á nível das
comunidades Moçambicanas.

A sua primeira edição envolveu alunos de duas instituições de ensino superior em


Moçambique, A Universidade Metodista Unida de Moçambique (UMUM) e a
Universidade Eduardo Mondlane (UEM), concretamente a Escola Superior de Negócios
e Empreendedorismo (ESNEC), durante o ano de 2019. Este é um projecto pioneiro
em Moçambique e foi organizado com suporte da União Europeia em Moçambique
envolvendo três Universidades, Universidade de Tallinn (TLU), UEM e UMUM.

Este programa tem como objectivo incentivar o pensamento critico, o trabalho


colaborativo e a resolução de problemas. Este programa é anual, e desafia
estudantes de duas escolas a propor e desenvolver um projecto interdisciplinar para
benefício das comunidades. Durante este processo de ensino e aprendizagem, os
estudantes são acompanhados e supervisionados por professores de três instituições
de ensino, as duas de Moçambique e a Universidade de Tallinn (Tallinn University,
TLU) da Estónia.

Este projecto é uma replica de um projecto similar que a Universidade de Tallinn


tem desenvolvido chamado LIFE (Learning in Interdisciplinary Focused Environment)
que tem o mesmo objectivo:

“The main objective of LIFE is to support the development of general


competences and teamwork skills, which would foster the development of
the competence of resolving interdisciplinary problems” (The Concept of LIFE
(Learning in Interdisciplinary Focused Environment), 2018).

O presente trabalho, tem como principal objectivo principal perceber de que forma
o projecto Interdisciplinar que juntou estudantes de diferentes diferentes áreas de
saber (empreendedores e tecnólogos) no ano académico de 2019 contribuiu nas
aprendizagens dos alunos.

Este trabalho está dividido em quatro (4) capítulos, o primeiro capítulo é referente
ao referencial teórico (aborda os principais conceitos que dão suporte a pesquisa),

2
o segundo capítulo dá referência às metodologias usadas para a pesquisa, o terceiro
é a componente empírica e o quarto relata a análise e interpretação dos dados.

PROBLEMATIZAÇÃO

O programa interdisciplinar tem como intuito facilitar a aquisição de competências


tais como: capacidade de desenvolver projectos interdisciplinares, assim como
aprender a comunicar e colaborar com equipas de diferentes diferente áreas de
saber. Estes projectos foram desenvolvidos durante o ano acadêmico de 2019 e
tiveram algumas implicações por decorrer em simultâneo com as aulas, e por maior
parte do trabalho ser feito á distância com recurso ás Tecnologias de Informação e
Comunicação.

Pretende-se com este trabalho de pesquisa, perceber, como o programa


interdisciplinar contribuiu para facilitar a aquisição de competências para
desenvolver projectos em contextos interdisciplinares.

OBJETIVOS E QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO

Objectivo Geral: Perceber de que forma o projecto Interdisciplinar que juntou


alunos de diferentes áreas de saber no ano de 2019 contribui para facilitar a
aquisição de competências para desenvolver projectos em contextos
interdisciplinares.

Objectivos Específicos:

• Perceber de que forma o projecto Interdisciplinar proposto por um programa


Erasmus+ contribuiu para metodologias de aprendizagem baseados em
problemas;

• Perceber de que forma a aprendizagem baseado em problema, adoptada por


este projecto contribui para ensinar os alunos a resolver problemas em
contextos interdisciplinares e a trabalhar colaborativamenete;

• Medir o contributo deste projecto no perfil de aprendizagem do aluno;

3
• Perceber o impacto nas actividades lectivas da participação dos professores
e alunos neste programa.

QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO

Para reflexão, levantamos as seguintes questões de investigação:

1. De que forma o projecto Interdisciplinar proposto por um programa Erasmus


+ incentivou a aprendizagem baseada em problemas?

2. De que forma a aprendizagem baseada em problema, adoptada por este


projecto contribuiu para ensinar os alunos a resolver problemas em
contextos interdisciplinares e a trabalhar colaborativamenete?

3. Qual o contributo deste projecto no perfil de aprendizagem dos alunos?

4. De que forma a participação dos professores e alunos neste programa,


influenciou nas actividades lectivas anuais?

5. Quais os aspectos que podem ser melhorados para as próximas edições deste
programa?

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como forma de dar um subsídio teórico da pesquisa, abordaremos questões teóricas


ligadas a interdisciplinaridade, aprendizagens colaborativas, aprendizagens baseadas
em problemas, aprendizagens baseadas em projectos, tecnologias de informação e
comunicação e empreendedorismo.

Esperamos que esta pesquisa, desperte a relevância e eficácia que a


interdisciplinaridade possui no processo de ensino e aprendizagem. Uma pedagogia
que veio questionar a fragmentação dos saberes.

4
1. REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capitulo são apresentados diferentes conceitos para melhor se perceber a


natureza da pesquisa.

1.1 INTERDISCIPLINARIDADE

O surgimento da ciência e das disciplinas científicas funda se quando o homem passa


a desconfiar do conhecimento que era baseado em observação das suas experiências
baseadas nos órgãos de sentido e em especulação. Essa desconfiança trouxe a
primeira cisão de áreas de conhecimento, com o estabelecimento de uma sólida
fronteira entre a Filosofia e a Ciência e a crença da supremacia desta última , bem
como a exigência de que os princípios da objectividade, da neutralidade, da
quantificação, da universalidade, especialmente da fragmentação, entre outros,
fossem rigorosamente observados para que um conhecimento produzido pudesse ser
considerado científico.

Durante o século XIX, todas as áreas de conhecimento, procuravam uma dissociação


para melhor compreende-las, isto é, uma especialização. Este movimento trouxe
uma separação e “independência” entre diferentes áreas de conhecimento.

Este movimento mostrou se frágil, na medida que se percebeu que os saberes não
são autónomos, elas devem se cruzar com outros para melhor compreensão da
realidade. Foi desta forma que surge o conceito de interdisciplinaridade.

Segundo Augusto, Caldeira, Caluzi & Nardi (2004) interdisciplinaridade é uma


discussão emergente no meio educacional, uma forma de se pensar, no interior da
Educação, a superação da abordagem disciplinar tradicionalmente fragmentária.

Do Lago, de Araújo & Silva (2015, p.54) entendem interdisciplinaridade como sendo
a necessidade de dar sentido à prática educacional no sentido de integrar, articular
as várias disciplinas trabalhadas separadamente em nossas escolas.

5
Kunzler & Novello (2017) defendem que interdisciplinaridade enfatisa uma
integração das disciplinas, que não devem ser trabalhadas de forma isolada, e sim
articular o conhecimento que cada uma traz para a formação dos sujeitos.

Para todos os autores, é comum a integração, a não fragmentação, partilha entre


diferentes saberes para melhor percepção do sujeito em causa.

A interdisciplinaridade é considerada uma nova atitude diante da questão do


conhecimento, de abertura à compreensão de aspectos ocultos do ato de aprender
e dos paralelamente expressos, ou seja, uma nova maneira de olhar as questões de
ordem epistemológica, metodológica e axiológica vivenciada pelos professores no
seu cotidiano nas escolas, pois a interdisciplinaridade é essencialmente um processo
que precisa ser vivido e exercido na sala de aula. O conceito de interdisciplinaridade
subjectiva a não separacão do conhecimento, mas sim procurar criar uma forma de
comunicacão entre diferentes saberes.

O conceito de interdisciplinade é pouco conhecido em Moçambique e pouco


praticado, surge como uma nova pedagogia que privilegia o diálogo e a estimulação
de práticas cooperativas. Isto pressupõe a supressão de barreiras entre as disciplinas
e entre as pessoas que tenham o mesmo projecto educativo (Capece, 2005).

Desta forma, professores e alunos de diferentes saberes, se cruzam com a mesma


realidade, cooperam e procuram desvelar o saber duma forma crítica, procurando
sempre, um equilíbrio entre seus saberes.

1.2 APRENDIZAGENS BASEADOS EM PROBLEMAS

O papel da escola tradicional era fazer com que o aluno cresça pelo próprio mérito
a partir do professor que repassava a eles todo o conhecimento obtido pela
humanidade, de uma forma extremamente mecânica, fria e crua, e de uma forma
generalizadora na qual as particularidades são eram respeitadas, alunos sempre
seriam alunos independente das especificidades, e o professor seria o dono do saber
e do conhecimento, deixando assim vigente a posição do professor como sujeito
ativo, e o aluno como sujeito passivo (Pinto, 2015).

6
Nesta abordagem, o professor era visto como o dono do saber, e o aluno como apenas
o receptor passivo, sem direito a reflexões críticas em torno do processo de ensino-
aprendizagem.

Esta pedagogia, resume se nas seguintes características, segundo Saviani (2005):

1. O papel da escola é o de promover uma formação puramente moral e


intelectual, lapidando o aluno para a convivência social, tendo como
pressuposto a conservação da sociedade em seu estado atual (status quo). A
escola terá como foco apenas a cultura, sendo os problemas sociais
resguardados apenas à própria sociedade.
2. Os conteúdos de ensino são aqueles que foram ao longo do tempo acumulados
e, nesse momento, são passados como verdades absolutas, sem chance de
questionamentos ou levantamentos de dúvidas em relação a sua veracidade.
Nessa concepção não está presente a consideração sobre os conhecimentos
prévios do aluno, apenas o que está no currículo é transmitido, sem
interferências ou ‘perdas de tempo’.
3. A Metodologia de ensino é a exposição verbal por parte do professor e a
preparação do aluno. O foco principal é na resolução de exercícios e na
memorização de fórmulas e conceitos. Desta forma, o professor inicialmente
realiza a preparação do aluno, em seguida formula a apresentação do
conteúdo, correlacionando-o com outros assuntos e, por último, faz-se a
generalização e aplicação de exercícios.
4. A relação professor-aluno é marcada pelo autoritarismo do primeiro em
relação ao segundo. Somente o professor possui conhecimento para ensinar,
o papel do aluno é o de receber o conhecimento transmitido pelo professor.
O silêncio em sala de aula é imposto pela autoridade docente.
5. Os Pressupostos da aprendizagem são fundamentados na receptividade dos
conteúdos e na mecanização de sua recepção. A aprendizagem se dá por meio
da resolução de exercícios e da repetição de conceitos e recapitulação do
saber adquirido sempre que necessário for reavivá-lo na mente. A avaliação

7
também é mecânica e ocorre por meio de resolução de tarefas enviadas para
casa, provas arguitivas e escritas.

Como forma de dar resposta a esta pedagogia, tradicional, surge uma outra
abordagem, a Aprendizagem Baseada em Problemas, mais reflexiva e elevando o
aluno para principal actor do processo, e não um mero receptor do conhecimento
como tradicionalmente era visto.

Segundo Gazale (2018) A Aprendizagem Baseado em Problemas, também conhecida


pela sigla em PBL (do inglês Problem-Based Learning) é uma proposta pedagógica
que defende a ideia de que a aprendizagem significativa deve ser baseada na solução
de problemas.

ABP representa um método de aprendizagem que tem por base a utilização de


problemas como ponto de partida para a aquisição e integração de novos
conhecimentos.

Segundo dos Reis & Calefi (2016) Aprendizagem baseado em problemas caracteriza-
se, essencialmente, por um método que se utiliza problemas da vida real para
estimular o desenvolvimento do pensamento crítico e habilidades de solução de
problemas, promovendo a aprendizagem de conceitos relacionados às áreas de
conhecimento estudadas.

Figueiredo, & de Araújo (s/d) definem aprendizagem baseado em problemas como


sendo uma metodologia centrada no aluno, admitindo-se que o aprendizado de um
determinado conteúdo acontece durante o processo de resolução de problemas.

O aluno deixa de ser um elemento passivo, exposto à informação por meio de aulas
e passa a buscar o conhecimento para resolução de problemas reais da sociedade.

1.3 O PAPEL DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO


COMUNITÁRIO

Segundo Beira & Nakamoto (2016) Tecnologia da informação e comunicação (TIC)


pode ser definida como um conjunto de recursos tecnológicos, utilizados de forma
integrada, com um objetivo comum.
8
A utilização da tecnologia não é um fenómeno de hoje, Desde a pré-história que o
Homem tem inventado instrumentos e técnicas com vista à sobrevivência ou à
melhoria da sua qualidade de vida. É notório pelo uso dos mais variados materiais
para ajudar em tarefas do dia a dia do homem como sinal do seu aproveitamento
como extensão das possibilidades próprias. Essa evolução tecnológica provocou
diversas mudanças, não só no modus operandi, mas também na forma de
relacionamento consigo próprio e com os outros.

A evolução tecnológica é dos marcos mais importantes na vida do homem, pois a


tecnologia ajuda-o a poupar esforços, tempo e recursos (financeiros, materiais,
etc.). A experiência mais conhecida do uso das TICs para auxílio das atividades do
Homem deu-se em França, com o seu Minitel1, 1 que proporcionava facilidades de
correio eletrónico e acesso a um conjunto de informações, desde o estado do tempo,
a horários de comboios. Estávamos no limiar daquilo que depois se veio a chamar de
World Wide Web.

Umas das áreas de pesquisa que surgiu é a ITC4D2. Segundo Magalhães (2014) ICT4D
(Tecnologias de Informação e Comunicação para o Desenvolvimento) é uma iniciativa
que visa reduzir a divisão digital (a disparidade entre tecnológicas "têm" e "não"
localizações geográficas ou grupos demográficos) e auxilia o desenvolvimento
econômico, garantindo o acesso equitativo das tecnologias de comunicação.

Segundo Pereira, Macadar, & Testa (2014) Tecnologia da informação e comunicação


para o desenvolvimento, ou ICT4D, é a prática de usar a tecnologia para ajudar as
pessoas pobres e marginalizadas em comunidades em desenvolvimento.

Um dos principais objectivos de ITC4D, é garantir que haja uma equidade do uso das
tecnologias, que não dependa do poder financeiro, localização geográfica,
demográfica, ou outro indicador que possa levar a exclusão de um certo grupo.

1 O Minitel foi um serviço de videotexto on-line, lançado em França em 1982. Quando foi criado, os assinantes podiam fazer
compras on-line, reservas para o comboio, e ainda podiam fazer comunicações síncronas com outros assinantes, tal como
se faz atualmente através da Internet.

2 ITC4D (Information and communications technology for development)- Tecnologias de Informação e Comunicação para o
Desenvolvimento

9
1.4 EMPREENDDORISMO

O termo empreendedorismo foi criado em 1945 pelo economista Joseph Schumpeter.


Segundo ele, o empreendedorismo é algo desenvolvido por pessoas versáteis, com
habilidades técnicas para produzir e organizar recursos financeiros e operações
internas, além de lidar muito bem com vendas (Perez, 2014, p.292). Flores & dos
Santos (2014) definem empreendedorismo como um “processo de criar algo
diferente e com valor, dedicando tempo e o esforço necessários, assumindo os riscos
financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes
recompensas da satisfação econômicas.

Segundo Venkataraman et al. (1997, como citado em Zampier, 2010)


empreendedorismo é "o campo de estudo que procura compreender como as
oportunidades que geram novos produtos e serviços são descobertas, criadas e
exploradas, por quem e com que consequências" (p.19). Para Fiorin, de Mello &
Machado (2010)., empreendedorismo é qualquer tentativa, por parte de um
indivíduo, de grupos de indivíduos ou de empresas já estabelecidas, de criação de
um novo negócio ou novo empreendimento.

Para todos os autores, para a definição de empreendedorismo, convergem fazer algo


novo e diferente dentro de um mercado, de uma empresa ou para a sociedade
assumindo os riscos de sucesso ou fracasso.

1.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A evolução da educação mostra nos que não podemos continuar na crença de que a
separação entre disciplinas, a criação de fronteiras rígidas entre diferentes áreas de
conhecimento, trás uma vantagem na percepção do objecto estudado. Existe uma
complementaridade entre saberes. Deve se perspetivar a interdisciplinaridade, como
uma nova abordagem do processo de ensino-aprendizagem.

As aprendizagens baseadas em projectos e baseadas em problemas, são exemplos de


interdisciplinaridade, pois, a medida que os sujeitos aprendentes procuram resolver
os problemas ou desenvolvem diferentes projectos educativos, fazem um

10
cruzamento natural entre diferentes áreas de conhecimento em um processo
contínuo de aprendizagem.

11
2. METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

2.1 NATUREZA DA PESQUISA

A pesquisa é um processo permanente inacabado que processa-se através de


aproximações sucessivas da realidade, fornecendo-nos subsídios para uma
intervenção no real. Uma pesquisa, quanto a sua natureza, pode ser qualitativa e
quantitativa.

A pesquisa qualitativa, segundo da Fonseca (2002, p.20) se preocupa com aspectos


da realidade que não podem ser mensuráveis, centrando-se na compreensão e
explicação da dinâmica das relações sociais. O mesmo autor, define pesquisa
quantitativa aquela em que os resultados podem ser quantificados, e como as
amostras são geralmente grandes e considerados representativas da população, os
resultados são tomados como se constituíssem um retrato real de toda população.

A pesquisa considera-se mista (qualitativa e quantitativa) pois avalia tanto os dados


estatísticos quanto os significados das relações humanas. Isto é justificado pela
existência de perguntas abertas e fechadas na recolha de dados.

2.2 MÉTODOS DE PESQUISA

Para o alcance dos objectivos optou se pelos seguintes métodos: Investigação acção
e estudo de caso.

2.2.1 INVESTIGAÇÃO-ACÇÃO

A investigação-acção é relativamente recente e o seu desenvolvimento tem sido


muito conturbado devido à ideia tradicional de que a investigação deve ser conduzida
por profissionais independentes do objecto a ser investigado.

Para Barros (2011), a investigação-acção estuda uma situação social com o propósito
de “melhorar a qualidade da acção que nela decorre”. Assim, o objectivo é o de
melhorar a qualidade de uma determinada acção.

12
Segundo de Oliveira Cardoso(2014) a investigação-acção pode ser descrita como uma
família de metodologias de investigação que incluem simultaneamente acção (ou
mudança) e investigação (ou compreensão), com base em um processo cíclico ou em
espiral, que alterna entre acção e reflexão crítica, e em que nos ciclos posteriores
são aperfeiçoados os métodos, os dados e a interpretação feita à luz da experiência
(conhecimento) obtida no ciclo anterior.

Nos duas concepções sobre a investigação-acção, é comum estudar uma situação


actual com intuito de melhora-lo para as interações seguintes.

2.2.2 ESTUDO DE CASO

Estudo de caso é um método de pesquisa ampla sobre um assunto específico,


permitindo aprofundar o conhecimento sobre ele e, assim, oferecer subsídios para
novas investigações sobre a mesma temática. Para da Fonseca (2002, p.33) Estudo de
cado pode ser entendida como estudo de uma entidade bem conhecida, como um
programa, uma instituição, um sistema educativo, uma pessoa, ou uma unidade
social.

Segundo I. Senger & C. Senger (2004) estudo de caso é uma estratégia de pesquisa
científica que analisa um fenômeno real considerando o contexto em que está
inserido e as variáveis que o influenciam. Segundo os autores Da Silva & Gomes
(2014), o estudo de caso, é uma pesquisa aprofundada sobre um ou poucos objectos
de investigação, de modo a produzir conhecimento amplo e detalhado sobre o tema.

2.3 DELIMITAÇÃO DE UNIVERSO/AMOSTRA

Em todo trabalho de investigação científica é importante mostrar a relação existente


entre a amostra e a população do estudo.

Em estatística, usualmente a palavra população indica um conjunto de elementos


com características comuns (De Carvalho, Sawyer & do Nascimento Rodrigues, 2015,
P.6).

13
Amostra - uma parte ou subconjunto da população usada para obter informação
acerca do todo (Fernandes, (1999, p.2).

Para o estudo, população são todos professores e alunos que participarem no


programa em 2019, seis (6) professores e 16 alunos . Desta população extraiu se uma
amostra por conveniência3 de 11 alunos e 4 professores.

2.4 TÉCNICAS E CRITÉRIOS DA RECOLHA DE DADOS

Segundo Cavaco-Cruz (2012) técnica significa um “conjunto de processos baseados


em conhecimentos científicos, e não empíricos, utilizados para obter certo
resultado.

Para a pesquisa, as técnicas usadas para a recolha de dados são: Observação, Analise
documental e inquérito.

2.4.1 OBSERVAÇÃO

A observação consiste na visualização e registo sistemático de padrões de


comportamento das pessoas ou outros objecto de forma obter informações sobre o
objecto da Pesquisa (Cavaco-Cruz, 2012). O observador não questiona pessoas nem
comunica com as pessoas que estão a ser observadas, apenas regista, geralmente,
segundo uma grelha de observação, os comportamentos efectuados.

Para a pesquisa, usou a observação como técnica de recolha de dados, a medida que
o autor foi observando o decurso de todo processo em todas fases.

2.4.2 ANALISE DOCUMENTAL

Estudos baseados em documentos como material primordial, sejam revisões


bibliográficas, sejam pesquisas historiográficas, extraem deles toda a análise,

3 Amostragem por conveniência é uma técnica de amostragem não probabilística e não aleatória usada para criar amostras de
acordo com a facilidade de acesso, tendo em conta a disponibilidade de pessoas para fazer parte da amostra em um
determinado intervalo de tempo.

14
organizando-os e interpretando-os segundo os objetivos da investigação proposta
(Pimentel, 2001, p.180). A pesquisa baseou se em análise de vários documentos
descritivos de projectos.

2.4.3 INQUÉRITO

O inquérito é uma técnica de investigação que permite a recolha de informação


directamente de um interveniente na investigação através de um conjunto de
questões organizadas segundo uma determinada ordem, de forma escrita ou oral
(Ferreira, 2016).

O inquérito é uma das técnicas mais utilizadas, pois permite obter informação, sobre
determinado fenómeno, através da formulação de questões que reflectem atitudes,
opiniões, percepções, interesses e comportamentos de um conjunto de indivíduos. O
questionário e entrevistas são os principais instrumentos para recolha de dados para
esta técnica.

Para a pesquisa foram feitas entrevistas (Guião em anexo) e questionário (em anexo)
com o objectivo de perceber melhor o objecto de estudo.

2.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vários foram os constrangimentos enfrentados no processo de recolha dos dados,


desde a limitação de internet tida pelos nossos inqueridos (para responder a um
questionário feito através de Google form4), disponibilidade dos nossos inqueridos e
não acesso a dispositivos eletrónicos com acesso a internet.

Os resultados dos dados colhidos, quer através de observação, análise documental e


por inquérito serão interpretados a analisados no capítulo a seguir.

Acreditamos que a amostra para esta pesquisa, é probabilística, uma vez que
representa 68.18% do total da população.

4 Google form é uma feramenta da Google responável pela recolha de dados pelos formulário preenchidos de forma online.

15
16
3. COMPONENTE EMPÍRICA

3.1 O CONTEXTO DO ACCORDO DE COOPERAÇÃO ERASMUS +

O projecto interdisciplinar entre a UMUM e ESNEC decorreu no âmbito do memorando


assinado entre estas duas instituições e a Universidade de Tallinn. As Partes
concordam em desenvolver cooperação em intercâmbio de estudos e pesquisas,
trocar informações sobre conferências, seminários e outros eventos científicos de
interesse mútuo.

A implementação de cada intercâmbio é determinada no programa de ação anual


renovável, que é integrante no acordo de cooperação. Os programas incluem as
seguintes informações:
• Natureza e descrição das atividades;
• Pessoal envolvido;
• Duração do programa específico; e
• Arranjos financeiros para a implementação.

3.2 UNIVERSIDADE DE TALLINN

A Universidade de Tallinn está localizada na cidade de Tallinn, na Estónia.

Ela resultou de uma decisão parlamentar da República da Estônia de consolidar várias


universidades e institutos de Tallinn em uma única instituição pública em 18 de
março de 2005.

A estrutura da Tallinn University (TLU) é composta por unidades acadêmicas com


subunidades constituintes, unidades de apoio e uma instituição. As unidades
acadêmicas são escolas e uma faculdade. A participação no meio acadêmico
internacional é imprescindível no desenvolvimento da universidade de Tallinn -
garante a qualidade e garante a sustentabilidade da pesquisa e do ensino superior.

17
A internacionalização não é um objetivo em si, mas sim uma medida para garantir a
qualidade acadêmica em todas as áreas de atuação da universidade.

A Universidade de Tallinn participa activamente e com sucesso na cooperação


internacional, que pode ser resumida da seguinte forma:

• Membro de 6 grandes redes internacionais;

• 42 acordos bilaterais com universidades parceiras de todo o mundo;

• Conferências internacionais anuais abertas de pesquisadores e profissionais


aclamados internacionalmente;

• Aumentando na contribuição para a colaboração em pesquisa internacional;

• Mais de 300 novos alunos de graduação internacional anualmente;

• Pesquisadores e professores estrangeiros;

• Escolas internacionais de verão e inverno recebem 300-400 participantes de


mais de 50 países anualmente.

A Universidade de Tallinn está representada em dois dos rankings mais conhecidos


do mundo - o QS World University Rankings (QS WUR)5 e o Times Higher Education
World University Rankings (THE WUR)6. A Universidade de Tallinn está classificada
entre 801-1000 em ambas as classificações, o que significa que a Universidade está
entre as 5% melhores universidades do mundo.

5QS World University Rankings (QS WUR) é uma publicação anual de classificações universitárias da Quacquarelli
Symonds (QS).

6 Times Higher Education World University Rankings é uma publicação anual de classificações universitárias da revista
Times Higher Education (THE).

18
Figure 1-Tallinn University no Mapa

3.3 ESCOLA SUPERIOR DE NEGÓCIOS E EMPREENDEDORISMO DE CHIBUTO (ESNEC)

A Escola Superior de Negócios e Empreendedorismo de Chibuto (ESNEC), localizada


no distrito de chibuto, província de Gaza, foi criada em 25 de Novembro de 2008
por deliberação do Conselho Universitário da Universidade Eduardo Mondlane,
tendo entrado em funcionamento em Janeiro de 2009.

Figura 1-Mapa da província de Gaza

19
A ESNEC leciona os seguintes cursos de licenciatura:

• Agro-Negócios;

• Agricultura Comercial;

• Gestão de Comercial;

• Gestão de Empresas e;

• Finanças.

Missão - A missão desta Unidade Académica da UEM, é a de aproximar os centros


de ensino e investigação aos Distritos de modo a agregar cada vez mais maior
número de quadros de nível superior que possam se envolver na solução dos
problemas das comunidades locais, bem como dotar os distritos de Recursos
Humanos e infraestruturas que possam responder as expectativas de
desenvolvimento do Distrito.

Visão

A ESNEC pretende ser uma unidade de excelência académica na formação de


empreendedores qualificados e profissionais em identificar e explorar
oportunidades em diversas áreas.

3.4 UNIVERSIDADE METODISTA UNIDA DE MOÇAMBIQUE

A Universidade Metodista Unida de Moçambique (UMUM) é uma instituição de


ensino superior pertencente a Igreja Metodista Unida de Moçambique.

Foi em 2014, pelo decreto nº 44/2014 de 29 de Agosto, do Conselho de Ministros,


que “foi autorizada a Igreja Metodista Unidade Moçambique, pessoa colectiva de
natureza religiosa e de utilidade pública, dotada de autonomia administrativa,
patrimonial e financeira, com sede na Cidade de Maputo, a criar uma instituição de
ensino superior designada por Universidade Metodista Unida de Moçambique,
abreviadamente designada por UMUM“, na localidade de Cambine, Província de
Inhambane.

20
Figura 2- Mapa da localização geográfica da UMUM

A UMUM, ministra desde 2017 licenciatura em Ciências de Educação, Ciências de


Administração e Gestão, Teologia e Engenharia Informática e Tecnologia. Em 2018,
arancou o curso de Mestrado em Pedagogia e Didática.

Visão

1) Oferecer oportunidades de educação e formação aos cidadãos nacionais, como


complemento às existentes no ensino público e privado;

2) Lutar pela excelência, através de um sistema de controle de qualidade;

3) Capitalizar as valências da Igreja Metodista em Moçambique;

4) Contribuir para o combate à pobreza promovendo uma política de equidade social


no acesso ao ensino e formação.

Missão

A UMUM tem por missão, formar o Homem moçambicano, dotando-o de


conhecimentos, valores ético-morais e de cidadania que o habilite a participar de
forma activa e criadora nos desafios da transformação social, cultural e económica
do país.

21
3.5 A CONCEPÇÃO DA LIFE7 (LEARNING IN INTERDISCIPLINARY FOCUSED
ENVIRONMENT)

Um dos campos de foco no Plano de Desenvolvimento da Universidade de Tallinn


2015-2020 é o desenvolvimento de inovação educacional baseada em pesquisa
interdisciplinar. Isso significa que o ensino e a aprendizagem devem se ajustar às
circunstâncias do século XXI, incluindo as mudanças no mercado de trabalho, o
ambiente de informação e a sociedade em rápida renovação (Tallinn University
Development Plan 2015).

Estratégia de Aprendizagem da Estônia 2020 define a mudança na abordagem de


aprendizagem, ou seja, a implementação de uma abordagem de aprendizagem que
apoie o desenvolvimento individual e social de cada aluno, a aquisição de habilidades
de aprendizagem, criatividade e empreendedorismo, como um dos objetivos da
educação.

Em 2015, o Programa de Estudos do Estatuto da Universidade de Tallinn foi alterado


com a introdução de um novo curso para toda a universidade - LIFE (Learning in
Interdisciplinary Focused Environment, anteriormente conhecido como IDP, projeto
interdisciplinar) - para os programas de estudo dos alunos que foram admitidos na
universidade a partir do ano letivo 2016/2017.

LIFE (Learning in Interdisciplinary Focused Environment) é um curso de estudos que


tem como foco a aprendizagem baseado em problemas e aprendizagem baseado em
projectos, onde alunos de diferentes áreas de estudo colaboram com acadêmicos e
parceiros de fora da universidade para conduzir projectos que lidam com problemas
transdisciplinares.

O curso é obrigatório para todos os alunos dos níveis de bacharelado e mestrado (com
exceção dos alunos dos seguintes programas de estudo: Cinema, Arte, Professor de
Música, Cinematografia, Biblioteca Digital, Professor de Matemática , Professor

7 Life- Learning in interdisciplinary Focused Environment, é o nome dado ao projecto interdiscuplinar


na Universidade de Tallinn.

22
Profissional, Professora de Diversas Disciplinas, Educação de Adultos para Mudança
Social).

Todas as seis unidades acadêmicas da Universidade de Tallinn são responsáveis pela


supervisão do LIFE (BFM, Escola de Tecnologias Digitais, Escola de Ciências da
Educação, Escola de Ciências Humanas, Escola de Ciências Naturais e Saúde, Escola
de Governança, Direito e Sociedade) e Haapsalu College, com o objetivo de garantir
que todos os alunos possam participar e que esteja incluído nos programas de
estudos.

No Ano Académico 2016/2017, foi criado o conselho LIFE com o objetivo de apoiar o
curso, garantindo a sua qualidade e integração na vida universitária. No mesmo ano,
tiveram início também reuniões regulares de supervisores do LIFE (doravante
LIFEworkshop).

O objectivo do LIFEworkshop é garantir uma rede de apoio aos estudos onde os


participantes possam trocar experiências e informações sobre a gestão do curso.
Durante o ano lectivo de 2018/2019, o LIFEworkshop evoluiu para workshops
DiscussLIFE, nos quais uma vez por mês palestrantes convidados geralmente fazem
apresentações sobre tópicos relacionados à aprendizagem baseada em projetos e
problemas. Os orientadores do LIFE têm a possibilidade de participar em formações,
seminários e mobilidade de pessoal onde podem aprender e praticar técnicas
pedagógicas inovadoras.

OBJECTIVOS DA LIFE

O principal objectivo da LIFE é apoiar o desenvolvimento de competências gerais e


de capacidade de trabalho em equipa, o que favorece o desenvolvimento da
competência para a resolução de problemas interdisciplinares.

As actividades do ensino no curso LIFE englobam a capacidade de envolver grupos de


alunos para participarem activamente no processo de aprendizagem. Se o supervisor
for um professor, uma de suas principais tarefas é promover o desenvolvimento do
pensamento e das habilidades argumentativas dos alunos que contribuiriam para a

23
resolução de problemas, habilidades metacognitivas e pensamento crítico que
ajudariam o aluno a se desenvolver como independente e autônomo - orientando o
aluno.

A eficácia dos supervisores também determina o quão bem os resultados de


aprendizagem são adquiridos. Tomando como base o propósito mais profundo do
ensino e aprendizagem baseados em problemas, o curso LIFE ensina os alunos a
autogestão, aplicação de conhecimentos e habilidades de aprendizagem ao longo da
vida.

Os sub-objectivos da LIFE são:

• Introdução da abordagem interdisciplinar e sua aplicação - definir o problema


na perspetiva de diferentes disciplinas, encontrar um terreno comum,
encontrar novas oportunidades decorrentes de diferenças teóricas /
metodológicas;

• Aprimoramento das habilidades colaborativas - habilidades de negociação,


relações interculturais, competências sociais, definindo e completando seu
papel na equipe;

• Aplicação de conhecimentos específicos da área - utilizando os conhecimentos


adquiridos numa nova situação, apoiando a adaptabilidade e o
desenvolvimento de competências gerais;

• Valorização das competências de empreendedorismo - integração dos


conhecimentos adquiridos na vida real do trabalho, cooperação com todas as
partes num ambiente de trabalho interdisciplinar;

• Aprimoramento das habilidades analíticas - reconhecer ligações, fazer


generalizações e ser capaz de distinguir entre o que é importante e o que não
é;

• Aquisição de conhecimentos básicos do trabalho do projeto - uma visão geral


do trabalho do projeto e uma compreensão de como cada pessoa contribui
para o projeto.

24
OS PRINCÍPIOS DE CONDUÇÃO DO CURSO LIFE

Na base das atividades de aprendizagem do LIFE está a cooperação entre alunos e


orientadores de diferentes áreas de estudo com foco na resolução de um problema
interdisciplinar. O trabalho é realizado em equipes de 6 a 8 alunos, incluindo alunos
de pelo menos três áreas de estudo diferentes.

Até três equipes de 6 a 8 alunos podem participar de um tópico do projeto (24 alunos
no total). Os projetos LIFE diferem dos cursos regulares porque o docente não tem o
papel de doador de conhecimentos e de provedor de tarefas, mas a aprendizagem
baseia-se na cooperação.

Os alunos são envolvidos na definição do conteúdo exacto do projecto, bem como no


estabelecimento de metas. O tema inicial oferecido no site do LIFE é restringido
conforme direcionado pelos interesses / áreas dos alunos que aderiram ao projecto.

São também os alunos que estabelecem metas mais concretas para o projecto, criam
o plano de ação (incluindo as tarefas de aprendizagem e tarefas a serem avaliadas,
cronograma), determinam as funções e os critérios de avaliação, com base nos quais
o programa do curso para este projecto específico é criado.

A participação activa dos alunos é essencial no projecto LIFE, significa encontros


presenciais, mais comunicação, colaboração e gestão do tempo hábil. O papel do
supervisor é mais o de um guia nos processos de planeamento e de orientação de
conhecimento (fontes de leitura, especialização, métodos de pesquisa).

O projecto LIFE visa estabelecer um objectivo concreto, resolver um problema


interdisciplinar e realizar um projecto, que passa pelo seguinte:

• Definição de conceitos comumente usados;

• Mapear as necessidades do grupo alvo;

• Abordar o tema em profundidade e com base em pesquisas (estudo e


implementação de dados, fatos e métodos);

• Criar novos conhecimentos e / ou ganhar experiência prática;

25
• Encontrar soluções para problemas emergentes e aprender com eles;

Para que o projecto LIFE alcance o resultado pretendido, é necessário utilizar os


conhecimentos adquiridos na procura de uma solução para um problema
transdisciplinar, desenvolvendo assim competências de cooperação e autogestão.

SUBMISSÃO DE IDEIAS DE PROJECTOS

A preparação de um projecto LIFE começa com a apresentação de uma ideia de


projecto no LIFEwebsite. As ideias podem ser propostas por alunos, membros do
corpo docente ou parceiros de fora da universidade.

Para iniciar uma ideia para um projecto LIFE é importante determinar primeiro por
si mesmo ou em cooperação com o co-supervisor / mentor-professor o quadro inicial
do tópico - definição do problema, resultados de aprendizagem, novos
conhecimentos que os participantes são esperados para adquirir ou discutir. Uma
ideia para o LIFE deve ter as seguintes características:

• Objectivo inicial claramente definido;

• Tema interdisciplinar, ou seja, requer conhecimentos de diferentes disciplinas


e integração desses conhecimentos;

• A definição do problema possibilita diferentes soluções e restrições;

• O tema é autêntico e exige a criação de conhecimentos novos para o aluno;

• O resultado inicial é motivador e ativa a aprendizagem por autogestão;

• Permite alcançar resultados de aprendizagem de LIFE.

Tabela 1--Quadro resumo de submissão de ideias de projectos de life

LIFE 1.0: supervisor é LIFE 1.0: supervisor é LIFE 3.0: autor da ideia
conferencista um aluno de fora a Universidade...

26
a ideia do projecto é a ideia do projecto é a ideia do projecto é
iniciada por um ou mais iniciada por um aluno; iniciada por um parceiro
palestrantes; de fora da universidade -
formulário;

os palestrantes irão o aluno irá preparar a Coordenadores do LIFE


preparar a ideia do ideia preliminar do entram em contato e
projecto preliminar com projecto com a qual no procuram um co-
a qual no máximo três máximo 1 grupo de orientador da
grupos podem começar a projecto pode começar universidade;
trabalhar; a trabalhar;

quando houver apenas a fim de garantir a O projeto LIFE é o


um supervisor, é prontidão dos alunos resultado da cooperação
aconselhável procurar para gerenciar o projeto entre o parceiro, os
um co-orientador; e o grupo LIFE, é preciso alunos e o docente
universitário.
encontrar para o
mentor-supervisor do
projecto;

para garantir um Para garantir que o


ambiente de ensino aluno está preparado
favorável aos para supervisionar o
professores, eles têm a projecto ou trabalho em
possibilidade de equipa do LIFE, o aluno,
participar de à semelhança dos
treinamentos, docentes, tem a
seminários, mobilidade possibilidade de
de pessoal e ter reuniões participar em estágios e
regulares (por exemplo, palestras.
LIFEworkshop).

27
As ideias de projectos LIFE passam por uma leitura preliminar e o conselho LIFE
verifica a correspondência do tema com os objectivos do curso. Ideias para
projectos LIFE podem ser adicionadas até a semana preliminar do semestre
inicial. Todos os projectos são abertos para inscrição ao mesmo tempo e no acto
da inscrição para os cursos do Sistema de Informação de Estudos.

As inscrições para o curso LIFE só podem ser feitas no site do LIFE, os alunos
submetem seu plano de estudos no Sistema de Informação de Estudos sem o curso
LIFE. O Gabinete de Assuntos Académicos acrescenta o curso LIFE ao plano de
estudos o mais tardar duas semanas após o termo do prazo de inscrição oficial
para os cursos.

Se o projecto tiver a duração de dois semestres, o curso é adicionado ao Sistema


de Informação de Estudo durante o segundo semestre e os alunos recebem os
pontos de crédito após a conclusão do projecto (ou seja, no final do segundo
semestre).

Organização do curso LIFE

O curso LIFE é baseado na cooperação e na aprendizagem e ensino baseados em


problemas.

O foco das atividades de aprendizagem é um projecto, escolhido pelos alunos,


tendo em vista a sua área de estudos / interesses e a aprendizagem resulta de
atividades colaborativas entre orientador (es) e alunos.

O tópico geral oferecido pelo (s) orientador (es) exige que os alunos encontrem
um problema mais concreto a ser resolvido e que os alunos formem equipes
menores de 6-8 membros que se dedicam a encontrar uma solução para o
problema. Os alunos que aderiram a um projecto LIFE precisam de combinar os
conhecimentos de diferentes áreas, o que requer uma comunicação cara a cara
activa. O papel do (s) supervisor (es) é iniciar o trabalho em equipe, dirigir os
processos de planeamento e desenvolver as habilidades de trabalho conjunto.

A supervisão de um projecto LIFE depende de:


28
• Abertura do tema do projecto: Em alguns casos, o tema de um projecto
LIFE pode ter um problema e uma finalidade muito concretos e a
informação quanto aos conhecimentos, materiais e atividades necessários
para a solução do problema é maioritariamente obtida do supervisor. Em
outros casos, a resolução do problema é inteiramente deixada aos alunos,
o que significa que, para resolver o tema do projecto, eles precisam
mapear os conhecimentos preliminares, encontrar métodos e caminhos,
estudar as necessidades do grupo-alvo e definir o concreto problema,
propósito e plano de ação.

• Papel do supervisor: em alguns projectos LIFE, o docente assume o papel


de líder do projecto e é responsável por verificar o volume e o movimento
de toda a informação. No caso de problemas em aberto, o líder da equipe
é um dos membros da equipe e os alunos são livres para escolher como
resolver o problema. O orientador orienta apenas sobre materiais
complementares e atende aos alunos para se atualizarem sobre os
conhecimentos adquiridos durante as atividades e como os aplicaram.

O papel do supervisor não inclui apenas o de entregar o conteúdo, mas também


liderar discussões e apoiar a reflexão. Os alunos precisam de estrutura, supervisão e
apoio ao definir objetivos adequados. Incluir os alunos no processo de
estabelecimento de objectivos é o pré-requisito para a aprendizagem motivada e
autodirigida.

Estágios da LIFE

➢ Iniciar os processos de equipe do LIFE e formar equipes - os alunos são


divididos em equipes de 6 a 8 alunos com o objectivo de encontrar soluções
para um problema (uma equipe inclui alunos de pelo menos três áreas de
estudo diferentes);

➢ (1) Criar um programa de curso inclusivo - fazer acordos, ou seja, como


resultado da cooperação, um objectivo concreto é definido para o projecto,

29
o plano de ação é acordado e as tarefas a serem avaliadas, os prazos e os
critérios de avaliação são definidos;

➢ Abordagem interdisciplinar do tema / problema (mais informações no ponto


5) - definição do problema interdisciplinar, considerando e integrando outras
disciplinas;

➢ Divisão de funções - os alunos escolhem uma função adequada, sendo assim


responsáveis pela realização das atividades do projecto;

➢ Mapeamento das necessidades do grupo-alvo - dependendo do tema /


problema os alunos determinam o grupo-alvo, um grupo de interesse com o
qual desenvolver cooperação ou que pode ser influenciado pelo resultado do
projecto;

➢ (2) Conclusão e apresentação do relatório de médio prazo - uma semana antes


da sessão de feedback da semana intermediária, cada equipe do projecto deve
preencher o formulário de uma página;

➢ (3) Participação na sessão de feedback da semana intermediária - as sessões


de feedback acontecem durante a semana intermediária do semestre e duram
cerca de duas horas. Um docente da universidade que dá feedback participa
nas sessões de feedback e dará um feedback construtivo aos alunos sobre o
seu projecto cumprindo os objectivos do curso LIFE;

➢ Enquadramento teórico, escolha e aplicação de métodos - o projecto assenta


em fontes científicas, o que significa que devem ser procurados métodos e
formas adequadas de resolução do tema / problema;

➢ Criação de novos conhecimentos - integração de conhecimentos novos e


existentes com o objectivo de avaliar diferentes soluções para o problema /
tópico;

➢ Análise dos resultados e relatá-los - fazendo resumos dos resultados do


projecto da forma mais adequada (relatório, página web, blog, livreto etc.);

30
➢ (4) Elaboração de portefólio de projectos - os resultados do projecto são
apresentados sob a forma de portefólio e os alunos participam no dia de
apresentação do LIFE. Portfólio de projectos que consiste no relatório do
projecto, plano de ação, cobertura da mídia e avaliação do projecto;

➢ (5) Apresentação dos resultados dos projectos LIFE - A apresentação dos


projectos LIFE é realizado em sessão. Uma sessão dura duas horas e cinco
equipes apresentam os resultados de seus projectos;

➢ (6) Relatório de auto-reflexão - reflexão do aluno para avaliar a própria


contribuição e a dos membros da equipe;

➢ Discussões e feedback sobre auto-reflexões - o supervisor fornece feedback


sobre auto-reflexões e, durante uma rodada de discussão comum, são feitas
conclusões sobre o processo e os resultados do projecto.

3.6 PROGRAMA INTEDISCIPLINAR ENTRE A UMUM E ESNEC

O programa foi concebido com base nos mesmos princípios do programa LIFE, este
tem como objectivo principal promover a aprendizagem baseada em problemas e a
multidisciplinariedade.

Para isso, junta empreendedores e tecnólogos para que de forma colaborativa


desenvolver soluções sustentáveis para problemas que afectam as comunidades.

Este programa teve o seu arranque em 2019, envolvendo um total de 16 alunos das
duas instituições de ensino superior sedeadas em Moçambique e um total de 6
supervisores das três instituições do ensino superior (TLU, ESNEC e UMUM).

RECOLHA DE IDEIAS PARA PROJECTOS

As ideias de projectos podem ser propostas por qualquer pessoa que queria resolver
um problema comunitário, ou seja no encontro onde se recolheu as ideias e propostas
de problemas juntaram-se alunos, professores, pessoas da comunidade local. Estes
foram incentivados a pensar antecipadamente em ideias de projectos, assim como

31
explica o problema e apresentar uma possível solução. O problema deve estar
enquadrado com uma necessidade da comunidade local e a solução deve estar
relacionada com as tecnologias de informação e comunicação.

SELEÇÃO DE PARTICIPANTES

A seleção dos participantes no programa foi obtida pela manifestação de interesse


por parte dos participantes através de uma carta motivacional em cada instituição –
UMUM e ESNEC. Com esta carta os professores selecionaram oito (8) estudantes de
cada universidade, totalizando 16 (dezasseis) o número de estudantes do programa.

ORGANIZAÇÃO

O arranque do programa, é feito um contacto presencial entre os alunos, professores


e os representantes das ideias para os projectos. O programa começou com
apresentação dos problemas/desafios e com os alunos a selecionarem o tema dos
seus projectos. Cada projecto deve ser constituído por dois (2) alunos da UMUM que
têm conhecimento das TIC e dois (2) de ESNEC que têm conhecimento de negócios e
empreendedorismo. Foi dada a liberdade a cada aluno e grupo de trabalho de
escolher o tema e o desafio que melhor se identificar com ele. Em muitos casos, se
o proprietário da ideia for um estudante, aconselha se que este faça parte do grupo,
mas não era obrigatório.

ORGANIZACÃO DO TRABALHO

Existem basicamente três momentos de contacto presencial entre os grupos


(Concepção, validação e mostra pública).

• O primeiro contacto (concepção) tem por objectivo fazer o enquadramento


aos alunos sobre a natureza do programa, os objectivos e suas perspectivas
bem como a apresentação dos alunos e dos professores envolvidos no projecto.
32
É neste primeiro encontro que os professores e/ou palestrantes apresentam
alguns temas e/ou aulas que possam enquadrar os alunos sobre a natureza do
programa, surgem as ideias de projectos, formam se os grupos e trabalham
intensivamente durante uma semana (laboral) para os conceitos iniciais dos
projectos. No final da primeira semana, os grupos apresentam as abordagens
inicias dos projectos, que tenham:

1. Uma descrição cuidadosa sobre a natureza do problema identificado;

2. Uma descrição da solução tecnológica para o problema;

3. Características gerais dos principais beneficiários da solução (personas8);

4. Uma demostração da sustentabilidade do projecto através de


representação preliminar de um plano de negócio (Modelo de canvas9);

5. Uma representação prematura do layout10 do sistema (protótipo de baixa


fidelidade11);

6. Um plano de trabalho que deve ser realizado com os grupos separados até
ao encontro de validação.

A seguir o calendário das actividades da primeira semana de 2019.

8 Persona é a representação fictícia do cliente ideal de um negócio, ela é baseada em dados reais sobre comportamento e características
demográficas dos clientes, assim como suas histórias pessoais, motivações, objetivos, desafios e preocupações (Siqueira et al.,
2019 citado em Magalhães 2020 p.27).

9 Modelo de canvas é uma ferramenta que permite a visualização de todas as estratégias do negócio em apenas um quadro
(Jacoski, Scapin, Hoffmeister, & Costella, 2015).

10 O layout é a técnica de administração de operações cujo objetivo é criar a interface homem-máquina para aumentar a
eficiência do sistema (Dos Santos &Soares, 2019).

11 Protótipos de baixa-fidelidade são representações gráficas rudimentares da interface, em desenvolvimento, construídos


com baixo investimento de tempo e recursos e sem requerer grande habilidade técnica (de Oliveira, et al., 2007, p.18).

33
Tabela 2-Cronograma do projecto inter-disciplinar UMUM-ESNEC 2019

Domingo Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira

08:0 [8:30] Boas Apresentação dos Apresentação Apresentação Apresentaçã


0 vindas pelo desafios dos desafiosdas soluções oe
Magnífico potenciais selecionados propostas apreciação
Reitor da UMUM pública dos
desafios
09:0 O projecto Introdução ao O ciclo devida Planeamento selecionados
0 interdisciplinar empreendedorism do de projectos , das
de Tecnologias o desenvolviment soluções
de Informação o de sistemas propostas e
e Comunicação informáticos dos planos
para o de trabalho
Desenvolviment
o

10:0 Apresentação Palestra- Elaboração


0 dos Métodos e de relatórios
instrumentos técnicas para o e
adoptados para desenho de apresentaçõe
facilitar o serviços digitais s
desenvolviment
o do projecto
interdisciplinar

11:0 Preparação do Preparação do Preparação do Preparação


0 trabalho em trabalho em trabalho em do trabalho
equipa equipa equipa em equipa

12:0 Pausa Pausa Pausa Pausa Pausa


0

13:0 Acolhiment Apresentação e Selecção dos Contemplação Elaboração Despedida


0 o dos discussão dos desafios. de soluções dos planos de dos colegas
colegas da potenciais Constituição das trabalho da UEM
14:0 UEM desafios equipas.
0 Mapeamento dos
desafios
15:0
0

• O segundo contacto, (Validação), é feito no período intermediário do ano


acadêmico, preferencialmente um período morto (sem aulas para as duas
instituições). Este encontro tem como objectivo de juntar os grupos para
compilar o trabalho feito virtualmente pelos membros, e definir um plano de
trabalho que deve ser feito antes da mostra pública. No encontro de
validação, os grupos devem:
34
1. Juntar os trabalhos feitos separadamente (plano de negócio e protótipo de
alta fidelidade12);

2. Trabalhar em conjunto, com vista a harmonizar o trabalho.

3. Receber feedback dos professores e/ou supervisores do programa;

4. Pré-aprestação do trabalho em público reduzido (contextualização,


problema, plano de negócio e protótipo de alta fidelidade);

5. Plano de trabalho para o período antes da mostra pública que inclui o


desenvolvimento das aplicações;

O encontro de validação leva em média uma semana (cinco dias úteis).

• O terceiro encontro, (Mostra pública), tem como principal objectivo mostrar


os resultados finais do programa ao público. Este encontro, geralmente
começa três dias antes da data para as apresentações finais dos projectos.
Esta prematuridade do encontro tem como principal objectivo juntar os
grupos antes para compilarem os trabalhos feitos separadamente, ter
feedback dos professores e prepararem a apresentações finais dos projectos.

SUPERVISÃO

O acompanhamento dos trabalhos dos alunos é contínuo ao longo das três fases do
programa. É feito através de um professor da UEM-ESNEC, três professores da UMUM
e dois professores da TLU. Não existe uma distribuição específica para supervisão,
os grupos são acompanhados e supervisionados por todos os professores.

3.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O programa interdisciplinar que decorre nas instituições UMUM e ESNEC como


resultado da parceria entre estas duas instituições e a Universidade de Tallinn é uma

12 Protótipos de alta fidelidade definem os aspectos estéticos (padrão, fonte, cor, tamanhos de botões, etc.) e os componentes
de navegação de um producto digital (de Oliveira, et al., 2007, p.18).

35
replica de um programa conduzido em tallinn pela Universidade de Tallinn.
Consideramos uma cópia a “preto e branco”, uma vez que alguns aspectos, como os
critérios para a supervisão, o acompanhamento dos projectos enquanto distantes, o
envolvimentos da comunidade nos projectos, a inserção de mais domínios de
conhecimentos, etc., precisam de ser melhorados.

36
4. RESULTADOS

Os dados foram colhidos de diferentes fontes (inquérito, observação e análise


documental).

Fez se questionário a um total de 11 alunos, sendo que 63.6% dos alunos inqueridos
alunos da UMUM, e 36.4% da UEM-ESNEC.

Figura 3 - Distribuição institucional dos alunos (Fonte: própria)

Em termos de professores inqueridos, em um número total de quatro (4), três (3)


corresponde a 75% dos professores inqueridos leccionam na UMUM e um (1),
correspondente a 25% leccionam na UEM-ESNEC.

37
Figura 4 - Distribuição institucional dos professores (Fonte: própria)

Para melhor perceber e reflectir sobre a nossa pergunta de investigação 1 (De que
forma o projecto Interdisciplinar proposto por um programa Erasmus + incentivou a
aprendizagem baseada em problemas?) fizemos uma análise das forças do projecto
ou seja dos pontos positivos.

Para melhor perceber e reflectir sobre a nossa pergunta de investigação 2 (De que
forma a aprendizagem baseada em problema, adoptada por este projecto contribuiu
para ensinar os alunos a resolver problemas em contextos interdisciplinares e a
trabalhar colaborativamenete?) fizemos uma análise comparativa entre o perfil e
competências antes do inicio do projecto e depois do teu termino.

Para responder ás perguntas de investigação 3 e 4, foram colhidos opiniões aos


inqueridos sobre o contributo do programa no perfil do aluno e sobre o impacto da
participação dos professores e alunos no programa e no decurso das aulas em
simultâneo

Por fim, para responder a pergunta de investigação 5, foi colhida e compilada


diferentes opiniões dos inqueridos sobre o design do projecto, acompanhamento e
feedback dos professores e trabalhos á distância.

4.1 PERGUNTA DE INVESTIGAÇÃO 1

38
No que diz respeito aos pontos positivos segundo os nossos inqueridos (durante as
entrevistas) destacam,

1. A interação com estudantes de outros cursos e universidades (ou seja a


Interdisciplinariedade), que ajudou na troca de experiências, e a responder
aos desafios colocados que faziam com que o trabalho, incentivando a
aprendizagem baseada em problemas.

2. As apresentações públicas também foram mencionados como um aspecto


positivo que ajudavam bastante no processo de melhoria dos projectos
através da recolha de opiniões da platea, intercambio, a convivência, a
partilha de informações, colaboração, experiência de trabalhar em equipe
e à distância.

3. O desenvolvimento de competências de outras areas de formação


(empreendedorismo vs Tecnologia de informação e comunição) tambem foi
um aspecto mensionado pelos inquiridos. Este porporcionou, aprendizagens
mais comunicativas, identificação de problemas reais que afectam a
comunidade e consequentemente apresentação de soluções baseadas nestes
problemas, apresentação dos projectos em diferentes eventos a nível das
províncias de Gaza e Inhambane e a fortificação dos laços entre as
instituições de ensino envolvidas no programa.

Quanto aos aspectos negativos, de forma geral, segundo os inqueridos, esta


relacionada com a falta de recursos financeiros para implementação das soluções
desenvolvidas neste programa, o que limitou a realização das actividades devido
a questões orçamentais,

• A falta de colaboração nos trabalhos feitos á distância.

• Outro aspecto negativo que foi reassaltado pelos nossos inqueridos está
ligado à questões administrativos e logísticos (recepção, hospedagem e
alimentação).

39
4.2 PERGUNTA DE INVESTIGAÇÃO 2

No que diz respeito as aprendizagens colaborativas, antes do inicio do projecto,


os alunos pensavam somente em volta da sua àrea de formação. Ao longo da
interação com outros alunos, o discurso e o raciocíneo tornava se cada vez mais
abrangente, na media em que os tenólogos começaram a pensar em
empreendedorismo e os empreendedores em tecnologia.

Os nossos inqueridos foram unanimes ao afirmar que a colaboração enriquece o


conhecimento para ambas partes:

“…A interacao e comunicacao, as descussoes promoveram mais eriquecimentos


de conhecimentos em ambos lados (UMUM e ESNEC)…”.

“…Interação entre áreas diferentes, que cria conhecimento mútuo”.

“…A criatividade das partes em unir esforços para um bem comum”.

“…Embora o intercambio fosse entre areas distintas, houve uma colaboracao


muito produtiva em relacao a concepcao dos projectos, isto é, mesmo com
linguagens diferentes os grupos convergiram nas em um unico projecto”.

4.3 PERGUNTA DE INVESTIGAÇÃO 3 E 4

Em conclusão, as aprendizagens com base em projectos, mostram se ser efecientes


relativamente ao método tradicional (exposição na sala de aulas). Todos os nossos
inqueridos foram unanimes ao concordarem que apreende-se melhor com
projectos (figura a seguir).

40
Figura 5- Resposta dos inqueridos relativos a aprendizagens basedas em projectos
vs tradicionais (Fonte: autor)

De igual forma, cerca de 90% dos nossos inqueridos concordaram que aprendizagens
que olha como base a resolução de problemas (ABP) tem melhores resutados na
formação relativamente ao método tradicional.

Figura 6-Resposta dos inqueridos relativos a aprendizagens basedas em problemas


vs tradicionais

41
4.4 PERGUNTA DE INVESTIGAÇÃO 5

No que tange ao design do programa, quase todos os participantes concordaram em


manter o design (concepção, validação e mostra pública). E apenas um inquerido
(correspondente a 7.14%) incrimentou duas fazes posteriores a mostra pública,
como forma de garantir a materialização de alguns projectos:

1. Concepção

2. Validação

3. Mostra Pública

4. Mobilização de Financiamento

5. Monitoramento dos Projectos Financiados

O trabalho foi contínuo para todas equipes, mesmo distantes, apesar de fraca
interação entre os membros enquanto distantes. Em relação às ferramentas
usadas, destacam se o whatsapp para troca de mensagens instantâneas, o zoom

42
para reuniões, GoogleDrive para partilha do trabalho.

Figura 7 - Ferramentas usadas no trabalho á distancia (Fonte: própria)

Será relevante de mencionar que vários obstáculos foram mencionados no trabalho


á distância segundo os nossos inquiridos. Entre eles inclui a internet, a
indisponibilidade de alguns membros das equipes para momentos síncronos e a
falta de seriedade para actividades feitos de forma remota. Como formas de
utrapassar os impasses ou barreiras para o trabalho á distância, os inqueridos
recomendam:

“ …deve se marcar reuniões usando plataformas online (Zoom, skype) onde os


docentes devem estar presentes com vista a avaliar o desempenho e as
dificuldades enfrentadas”;

Deve ter monitoramento do decurso do projecto por parte das instituições;

43
As equipes devem marcar reunões regulares para partilhar o trabalho feito á
distância;

O feedback por parte dos professores, segundo os nossos inqueridos, era fraco,
sendo que algums professores afirmaram não ter acompanhado nenhum trabalho
enquanto distantes e sugerem a crição de calendários de secções para feedback
semanais. O gráfico a seguir é o resultado da questão (feita aos alunos) relativa ao
acompanhamento por parte dos professores aos trabalhos das diferentes equipes.

Figura 8-Acompanhamento por parte dos professores (Fonte: própria)

Sessenta por cento (60%) dos alunos inqueridos convergem com a resposta positiva
relativa ao acompanhamento dos professores. O cruzamento entre diferentes àreas
de conhecimento, incrimentou para ambas equipes novas competências na sua
formação. Para os alunos de ESNEC (com um perfil empreendedora e de negócios
na sua formação), teve a componente tecnólogica como um adicional, componente
que é, segundo nossos inqueridos, indispensável para o sucesso e visibilidade do
negócio e/ou da empresa. Para os alunos da UMUM, aprenderam que as diferentes
soluções tecnológicas criadas podem ser um meio para o empreendedorismo e
consequente auto-emprego.

O projecto decorreu em simultaneo com as aulas, o que segundo os inqueridos


implicou algumas interações negativas no desempenho dos alunos, pois em certos

44
casos, ao alunos e professores tinham que escolher entre trabalhar no programa ou
participar nas aulas. Mais, pela organização e natureza do projecto (poucos
encontros presenciais) por vezes o facto de ter que estar em um local por 5 dias
afectava as sua presença nas aulas, pois tinham que faltar. Esta falta de colaboração
e entendimento por parte dos professores, dificultava a assimilação de diferentes
temáticas e resultando no baixo rendimento. Para os professores, os encontros
presenciais, sacrificavam a leccionação.

No que diz respeito ao trabalho feito neste programa, 60% dos nossos inqueridos
afirmaram que o trabalho feito neste programa, teve equivalência no plano
curricular do curso ou unidade curricular/disciplina, o que de certa forma equilibrava
a quantidade de trabalho no seu todo. E no seu todo, 50% dos estudantes, usaram os
resultados deste programa como formas para trabalhos de pesquisa para a conclusão
dos seus cursos de licenciatura.

Depois de entrevistas com os professores, segue uma proposta de unidades


curriculares/disciplinas nas quais os alunos podem usar os resultados deste
programa:

Figura 9-Disciplinas equivalentes ao projecto interdisciplinar

4.5 ANÁLISE SWOT

45
Como forma de resumir os resultados da pesquisa, faremos a análise SWOT13 (FOFA)
do programa que resume se no quadro a seguir:

Tabela 3-Análise SWOT do projecto interdisciplinar

Strengths (Forças) Weaknesses (Fraquezas)

• Interação com estudantes de • Falta de recursos financeiros


outros cursos; para implementação das

• Troca de experiências; soluções desenvolvidas neste


programa;
• Apresentações públicas;
• Fimitações na realização das
• Intercambio;
actividades devido a questões
• Colaboração;
orçamentais;
• Interdisciplinaridade;
• A falta de colaboração nos
• Identificação e resolução de trabalhos feitos á distância;
problemas das comunidades;
• Questões logísticos (recepção,
hospedagem e alimentação);

• Internet;

• Indisponibilidade de alguns
membros das equipes para
momentos síncronos;

• Falta de seriedade para


actividades feitos de forma
remota.

13 Segundo Lamenha& Patrício (2014) definem análise SWOT como a avaliação global das forças, fraquezas, oportunidades
e ameaças (dos termos em inglês strengths, weaknesses, opportunities, threats).

46
Opportunities (Oportunidades) Threats (Ameaças)

• O financiamento e • As limitações impostas pela


acompanhamento dos projectos, covid-19 podem prejudicar o
pode ter um benefício nas programa;
comunidades; • Problemas económicas mundiais
• Inserção de mais áreas de (causadas pela pandemia) podem
conhecimento pode consolidar os prejudicar o programa;
projectos; • A falta de financiamento para a
• A criação de um fundo para a implementação dos projectos,
logística pode alavancar as pode contribuir para o não
actividades deste programa; alcance dos objectivos
previamente traçados.

4.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O decurso do programa interdisciplinar entre a Universidade Metodista Unida de


Moçambique e a Escola Superior de Negócios e Empreendedorismo de Chibuto, uma
réplica de um programa que decore na Universidade de Tallinn, Estónia, teve os
pontos positivos e negativos. No que concerne aos positivos, destaca-se
1. a interdisciplinaridade e a colaboração, o desenvolvimento de competências
de trabalho em equipe,
2. o desenvolvimento de competência para criação de soluções sustentáveis para
o benefício das comunidades,
3. o desenvolvimento de competências de trabalho em equipe.

Quanto aos pontos negativos, destaca-se


1. a fraca colaboração dos trabalhos feitos à distância,
2. o franco acompanhamento por parte dos professores nos trabalhos feitos
principalmente à distância, e

47
3. a falta de financiamento para dar suporte a implementação dos projectos
desenvolvidos.

48
CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

Nesta parte conclusiva, reiterámos a importância que a interdisciplinaridade tem no


processo de ensino-aprendizagem, por estimular uma aprendizagem autónoma,
reflexiva e colaborativa. O projecto interdisciplinar entre a UMUM e ESNEC é um
exemplo de aprendizagens interdisciplinares, colaborativas e aprendizagens
baseados em problemas (ABP).

O programa interdisciplinar estimulou aos alunos as aprendizagens colaborativas com


base em resolução de problemas das comunidades. Foram desenvolvendo diferentes
projectos dos alunos. É indiscritível o contributo deste programa no perfil dos alunos
envolvidos. Uma vez que, para além dos conteúdos programados nos planos dos seus
cursos de graduação, apreenderam conteúdos extracurriculares (empreendedorismo
e tecnologias de informação).

O decurso das aulas e a participação em simultâneo dos alunos e professores neste


projecto, teve algumas implicações negativas em ambas as actividades. Em algum
momento os alunos sacrificaram um parte para poder estar presente na outra.

RECOMENDAÇÕES

Como forma de melhorar o programa, recomenda-se:

• O periodo do contacto presencial entre os estudantes deve se estender;


• Garantir que hajam mais apresentações públicas pois ajudam bastante a
melhorar os projetos;
• Deve se procurar parcerias para financiamento das ideias mais criativas do
programa;
• Questões de acomodação e alimentação devem ser acautelados;
• Para as próximas edições do programa, deve se marcar reuniões regulares
através das plataformas como, Zoom, skype, Google Meeting, etc., onde os
docentes possam acompanhar o decurso dos projectos;
• Os encontros presenciais devem ser marcados em periodos que não
comprometa as aulas dos estudantes e leccionação dos professores;

49
• Deve se orçamentar as actividades com vista a garantir um suporte
financeiro do programa;
• Envolver mais áreas de estudos;
• Maior inclusão das fases de 4) Mobilização de Financiamento 5)
Monitoramento dos Projectos Financiados como forma de garantir a
materialização dos projectos;
• Emissão de relatórios semanais do andamento das actividades planificadas
pelos participantes logo após a primeira interação presencial;
• Definir metas e prazos de modo que haja uma harminia entre os diferentes
grupos;

Não pode ter a fragmentação do trabalho, isto é, professores e alunos da UMUM


trabalham só com sistemas e os de ESNEC (professores e alunos) trabalharem com o
modelo de Negócio.

50
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(ou+mudan%C3%A7a)+e+investiga%C3%A7%C3%A3o+(ou+compreens%C3%A3o),+com+
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b/Desenvolvimento-de-competencias-empreendedoras-e-processos-de-
apredizagem-empreendedora.pdf

55
ANEXOS

Pela extensão dos anexos, optamos, por criar uma pasta de ficheiros no GoogleDrive
ao qual constam todos os anexos em suporte digital. Esta pasta faz parte integrante
deste trabalho de investigação.

Anexo 1-Questionário dirigido aos alunos que participaram no programa


interdisciplinar.

Anexo 2-Questionário dirigido aos professores que participaram no programa


interdisciplinar.

Anexo 3-Guião de entrevista para professores que participaram no programa


interdisciplinar.

56

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