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Mestrado em Pedagogia e Didáctica do Ensino Superior

Faustino Ricardo Guinge

Impacto da Interdisciplinaridade nas aprendizagens dos alunos:

O estudo de caso sobre o programa interdisciplinar entre a Universidade


Metodista Unida de Moçambique e a Escola Superior de Negócios e
Empreendedorismo de Chibuto.

Universidade Metodista Unida

Campus Académico de Cambine Morrumbene


— Moçambique

Abril de 2021
Faustino Ricardo Guinge

Impacto da Interdisciplinaridade nas aprendizagens dos alunos:

O estudo de caso sobre o programa interdisciplinar entre a Universidade


Metodista Unida de Moçambique e a Escola Superior de Negócios e
Empreendedorismo de Chibuto.

Universidade Metodista Unida

Campus Académico de Cambine Morrumbene


— Moçambique

Abril de 2021
Parecer

No âmbito da orientação da Dissertação de natureza científica no Mestrado em Pedagogia e


Didática apresentada pelo licenciado Faustino Ricardo Guinge com o título:

Impacto da Interdisciplinaridade nas aprendizagens dos alunos:

O estudo de caso sobre o programa interdisciplinar entre a Universidade


Metodista Unida de Moçambique e a Escola Superior de Negócios e
Empreendedorismo de Chibuto.

declaro:
que o trabalho realizado cumpre os requisitos científicos, metodológicos e formais que são
pertinentes para a apresentação e defesa perante o Júri designado para a
avaliação do mesmo.

Em consequência, considera-se que seja autorizada a data para a avaliação que resultará na
concessão do título de MESTRE.

Cambine, 05 de Abril de 2021.

Professora Doutora Sónia Sousa


Faustino Ricardo Guinge, autor da dissertação
intitulada “Impacto da Interdisciplinaridade

nas aprendizagens dos alunos: O estudo


de caso sobre o programa interdisciplinar
entre a Universidade Metodista Unida de
Moçambique e a Escola Superior de
Negócios e Empreendedorismo de
Chibuto.”, declaro que, salvo fontes devidamente
citadas e referidas, o presente documento é fruto do
meu trabalho pessoal, individual e original

Cambine, Abril de 2021

(Faustino Ricardo Guinge)

Dissertação apresentada à UMUM campus de


Cambine, Morrumbene, como parte dos
requisitos para a obtenção do grau de Mestre
em Educação.
Sumário
Segundo Oliveira(2010) interdisciplinaridade é uma forma de desenvolver um trabalho de
integração dos conteúdos de uma disciplina com outras áreas de conhecimento, possibilitando um
saber crítico-reflexivo, que deve ser valorizado no processo de ensino-aprendizagem. O projecto
interdisciplinar desenvolvido no ano de 2019 pela Universidade Metodista Unida de Moçambique
e a Escola Superior de Negócios e Empreendedorismo de Chibuto, tinha como principal objectivo
juntar estudantes com diferentes áreas de saber, ou seja empreendedores e tecnólogos para de forma
colaborativa desenvolver projectos que solucionam problemas reais das comunidades. Este
projecto interdisciplinar desafia os estudantes a por em prática aquilo que aprendem ao longo do
curso e pretende ainda incentivar o trabalho cooperativo entre grupos de diferentes áreas de saber
(empreendedorismo e Tecnologia de Informação) com o objectivo encontrar soluções tecnológicas
e de negocio que beneficiem a comunidade local. Com esta pesquisa, pretendemos perceber,
primeiro, de que forma o projecto Interdisciplinar proposto por um programa Erasmus incentivou
a aprendizagem baseada em problemas. Em segundo, de que forma a aprendizagem baseado em
problema, adotada por este projecto contribuiu para ensinar os alunos a resolver problemas em
contextos interdisciplinares e a trabalhar colaborativamente. Por fim, perceber o contributo deste
projecto no perfil de aprendizagem dos alunos. Foram no total 14 inqueridos (10 alunos e 4
professores) das duas instituições de ensino. Os resultados dos dados recolhidos (através de
inquérito e métodos de observação) e analisados mostram que a interdisciplinaridade é um método
eficiente para o processo de ensino-aprendizagem.

Palavras Chaves: interdisciplinaridade, aprendizagens colaborativas, projecto interdisciplinar,


empreendedorismo, Tecnologias de informação.

i
Summary
According to Oliveira (2010) interdisciplinarity is a way of developing a work to integrate the
contents of a discipline with other areas of knowledge, enabling critical-reflective knowledge,
which should be valued in the teaching-learning process. The interdisciplinary project developed
in 2019 by the United Methodist University of Mozambique and the Higher School of Business
and Entrepreneurship, had as main objective to bring together students with different backgrounds,
Entrepreneurs and technologists to collaboratively develop projects that solve real problems of
communities. This research aims to transform the Interdisciplinary project into a final course
project where students from different backgrounds * entrepreneurship and Information Technology
* where they have to work together in order to find ICT solutions for the community. This research
aims to understand, first, how the Interdisciplinary project proposed by an Erasmus program
encouraged problem-based learning. Second, how problem-based learning, adopted by this project,
contributed to teaching students how to solve problems in interdisciplinary contexts and how to
work collaboratively. Finally, understand the contribution of this project to the students' learning
profile. There were a total of 14 respondents (10 students and 4 teachers) from the two educational
institutions. The results of the data collected (through survey and observation methods) and
analyzed show that interdisciplinarity is an efficient method for the teaching-learning process.

Keywords: interdisciplinarity, collaborative learning, interdisciplinary project, entrepreneurship,


information technologies.

ii
Agradecimentos
É com maior apreço e satisfação que expressamos agradecimento a todos aqueles que directa ou
indirectamente tornaram possível a realização desta pesquisa.

À Professora Sónia pelo acompanhamento e apoio moral durante a realização da pesquisa e por ter
aceite orientar-nos na elaboração desta dissertação.

À professora Estela Lamas pela paciência, assistência e persistência dada durante em todas fases.

À todos professores que de forma paciente, orientam nos diferentes módulos.

À minha família, especialmente à minha esposa Suleja Carlos Muvunja, ao meu filho Layerson
Faustino Guinge, à minha mãe Maria Guirrugo e pelo apoio incondicional data em todo processo
da formação.

Á Deus o dador da vida.

O Meu Muito Obrigado A Todos

NZI BONGUILE

iii
Dedicatória
Dedico este trabalho aos meus pais, Ricardo Mafabe e Maria Guirrugo pelos esforços que tiveram
para garantir a minha formação.

iv
Índice
1. Introdução ................................................................................................................................ 1

Problematização ....................................................................................................................................... 2

Objetivos e Questões de Investigação.................................................................................................. 3

Questões de investigação ..................................................................................................................... 3

Considerações Finais ................................................................................................................................. 4

2. Metodologia de Investigação ................................................................................................... 5

2.1 Natureza da pesquisa................................................................................................................... 5

2.2 Métodos de pesquisa ................................................................................................................... 5

2.2.1 Investigação-acção .................................................................................................................. 5

2.2.2 Estudo de caso ......................................................................................................................... 6

2.3 Delimitação de universo/amostra .......................................................................................... 6

2.4 Técnicas e Critérios da Recolha de Dados ............................................................................ 7

2.4.1 Observação .............................................................................................................................. 7

2.4.2 Analise documental ................................................................................................................. 7

2.4.3 Inquérito .................................................................................................................................. 8

2.5 Considerações Finais .................................................................................................................... 8

3 Referencial Teórico................................................................................................................... 9

3.1 Interdisciplinaridade .................................................................................................................... 9

3.2 Aprendizagens baseados em problemas ................................................................................... 10

3.3 O papel das tecnologias de informação e comunicação no desenvolvimento comunitário ..... 12

3.4 Empreenddorismo ..................................................................................................................... 13

3.5 Considerações finais .................................................................................................................. 14


v
4 COMPONENTE EMPÍRICA ....................................................................................................... 15

4.1 O contexto do accordo de cooperação Erasmus + .................................................................... 15

4.2 Universidade de Tallinn ............................................................................................................. 15

4.3 Escola Superior de Negócios e Empreendedorismo de Chibuto (ESNEC) .................................. 17

4.4 Universidade Metodista Unida de Mocambique ....................................................................... 18

4.5 A concepção da LIFE (Learning in interdisciplinary Focused Environment) ..................... 20

Objectivos da LIFE ............................................................................................................................... 21

Os princípios de condução do curso LIFE ........................................................................................... 22

Submissão de ideias de projectos....................................................................................................... 23

4.6 Programa intedisciplinar entre a UMUM e ESNEC .................................................................... 28

recolha de Ideias para projectos ........................................................................................................ 29

Seleção de participantes..................................................................................................................... 29

Organização ........................................................................................................................................ 29

Organizacão do trabalho .................................................................................................................... 29

Supervisão .......................................................................................................................................... 32

5 Resultados .............................................................................................................................. 33

5.1 Pergunta de investigação 1 ....................................................................................................... 34

5.2 Pergunta de investigação 2 ....................................................................................................... 35

5.3 Pergunta de investigação 3 e 4 ................................................................................................. 36

5.4 Pergunta de investigação 5 ....................................................................................................... 37

5.5 Análise SWOT ............................................................................................................................. 40

5.6 Considerações finais .................................................................................................................. 42

6. Conclusão e recomendações.................................................................................................. 44

vi
Recomendações ...................................................................................................................................... 44

Bibliografia ..................................................................................................................................... 46

7. ANEXOS .................................................................................................................................. 51

vii
Lista de figuras
Figura 1-Mapa da província de Gaza ............................................................................................. 17

Figura 2-Mapa de Inhambane ........................................................................................................ 19

Figura 3-Distribuição institucional dos alunos............................................................................... 33

Figura 4-Distribuição institucional dos professores ....................................................................... 33

Figura 5-Ferramentas usadas no trabalho distante ......................................................................... 38

Figura 6-Acompanhamento por parte dos professores ................................................................... 39

Figura 7-Resposta dos inqueridos relativos a aprendizagens basedas em projectos vs tradicionais


........................................................................................................................................................ 36

Figura 8-Resposta dos inqueridos relativos a aprendizagens basedas em problemas vs tradicionais


........................................................................................................................................................ 37

viii
Lista de tabelas
Tabela 1--Quadro resumo de submissão de ideias de projectos de life ......................................... 24

Tabela 2-Cronograma do projecto inter-disciplinar UMUM-ESNEC 2019 .................................. 31

Tabela 3-Análise SWOT do projecto interdisciplinar .................................................................... 41

ix
Lista de Siglas
Aprendizagens baseados em problemas ABP

ESNEC - Escola Superior de Negócios e Empreendedorismo de Chibuto.

IDP - interdisciplinary project

ITC4D - Information and communications technology for development

LIFE - Learning in Interdisciplinary Focused Environment

TIC -Tenologia de Informação e Comunicação

TLU - Tallinn University

UMUM - A Universidade Metodista Unida de Moçambique e a Universidade

x
1. INTRODUÇÃO

Assumindo que os saberes nunca são autónomos, e que sempre há uma complementaridade
entre eles. Isso é visível em qualquer domínio de conhecimento. Consideramos que uma das
competências vitais na aprendizagem atual é a capacidade de desenvolver projectos
interdisciplinares, ou seja de comunicar e colaborar com equipas de diferentes áreas de saber.
Mas que, quando se trata de juntar alunos de diferentes contextos e saberes para colaborarem,
trabalharem em conjunto, é necessário que as ideias deles estejam alinhadas e que tenham
objectivos claros, e que estes consigam partilhar, comunicar e aprender entre eles.

Este processo, de cruzamento de diferentes áreas de conhecimento, é definido por Japiassu et


al. (1976 citado por Laurindo & dos Santos ,2019) como interdisciplinaridade:

“…é a busca pelo desdobramento dos saberes mais simples da comunicação de ideias
até os conceitos mais complexos, que se dá pela interação entre duas ou mais disciplinas
contidas na diversidade cultural e nos variados conceitos, seja na didática ou na prática
de ensino possibilitando ao aluno a capacidade de ordenar o saber/saber, o saber fazer e
o saber ser na aplicabilidade para executar as tarefas em prol do pensamento crítico e
reflexivo dentro ou fora da sala de aula”(p.266).

Outro autor que enfatiza a importância do conceito de interdisciplinaridade é Santos (2015),


segundo ele, o ensino interdisciplinar surge como uma nova resposta, uma nova pedagogia que
privilegia o diálogo e a estimulação de práticas cooperativas. Isto pressupõe a supressão de
barreiras entre as disciplinas e entre as pessoas que tenham o mesmo projecto educativo.

Uma prática que não é comum em Moçambique, mas que tem se provado a sua eficiência nas
aprendizagens, pois permite que os alunos desenvolvam capacidades colaborativas, incentivam
o pensamento critico, autoaprendizagem e trabalho em equipe.

O projecto interdisciplinar aqui estudado é um projecto que tem por objectivo juntar alunos de
diferentes áreas de conhecimento (tecnólogos e empreendedores) para que juntos identifiquem
problemas e resolver por meio de tecnologia á nível das comunidades Moçambicanas.

A sua primeira edição envolveu alunos de duas instituições de ensino superior em Moçambique,
A Universidade Metodista Unida de Moçambique (UMUM) e a Universidade Eduardo
Mondlane (UEM), concretamente a Escola Superior de Negócios e Empreendedorismo
1
(ESNEC), durante o ano de 2019. Este é um projecto pioneiro em Moçambique e foi organizado
com suporte da União Europeia em Moçambique envolvendo três Universidades, Universidade
de Tallinn (TLU), UEM e UMUM.

Este programa tem como objectivo incentivar o pensamento critico, o trabalho colaborativo e a
resolução de problemas. Este programa é anual, e desafia estudantes de duas escolas a propor e
desenvolver um projecto interdisciplinar para benefício das comunidades. Durante este
processo de ensino e aprendizagem, os estudantes são acompanhados e supervisionados por
professores de três instituições de ensino, as duas de Moçambique e a Universidade de Tallinn
(Tallinn University, TLU) da Estónia.

Este projecto é uma replica de um projecto similar que a Universidade de Tallinn tem
desenvolvido chamado LIFE (Learning in Interdisciplinary Focused Environment) que tem o
mesmo objectivo:

“The main objective of LIFE is to support the development of general competences and
teamwork skills, which would foster the development of the competence of resolving
interdisciplinary problems” (The Concept of LIFE (Learning in Interdisciplinary
Focused Environment), 2018).

O presente trabalho, tem como principal objectivo principal perceber de que forma o projecto
Interdisciplinar que juntou estudantes de diferentes diferentes áreas de saber (empreendedores
e tecnólogos) no ano académico de 2019 contribuiu nas aprendizagens dos alunos.

Este trabalho está dividido em seis capítulos, o primeiro capítulo é referente a introdução, o
segundo aborda o referencial teórico (aborda os principais conceitos que dão suporte a
pesquisa), O terceiro capítulo dá referência às metodologias usadas para a pesquisa, o quarto é
sobre a componente empírica, o quinto relata os resultados desta pesquisa e o sétimo apresenta
as conclusões e recomendações.

PROBLEMATIZAÇÃO

O programa interdisciplinar tem como intuito facilitar a aquisição de competências tais como:
capacidade de desenvolver projectos interdisciplinares, assim como aprender a comunicar e
colaborar com equipas de diferentes diferente áreas de saber. Estes projectos foram

2
desenvolvidos durante o ano acadêmico de 2019 e tiveram algumas implicações por decorrer
em simultâneo com as aulas, e por maior parte do trabalho ser feito á distância com recurso ás
Tecnologias de Informação e Comunicação.

Pretende-se com este trabalho de pesquisa, perceber, como o programa interdisciplinar


contribuiu para facilitar a aquisição de competências para desenvolver projectos em contextos
interdisciplinares.

OBJETIVOS E QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO

Objectivo Geral: Perceber de que forma o projecto Interdisciplinar que juntou alunos de
diferentes áreas de saber no ano de 2019 contribui para facilitar a aquisição de competências
para desenvolver projectos em contextos interdisciplinares.

Objectivos Específicos:

• Perceber de que forma o projecto Interdisciplinar proposto por um programa Erasmus+


contribuiu para metodologias de aprendizagem baseados em problemas;

• Perceber de que forma a aprendizagem baseado em problema, adoptada por este


projecto contribui para ensinar os alunos a resolver problemas em contextos
interdisciplinares e a trabalhar colaborativamenete;

• Medir o contributo deste projecto no perfil de aprendizagem do aluno;

• Perceber o impacto nas actividades lectivas da participação dos professores e alunos


neste programa.

QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO

Para reflexão, levantamos as seguintes questões de investigação:

1. De que forma o projecto Interdisciplinar proposto por um programa Erasmus +


incentivou a aprendizagem baseada em problemas?

3
2. De que forma a aprendizagem baseada em problema, adoptada por este projecto
contribuiu para ensinar os alunos a resolver problemas em contextos interdisciplinares
e a trabalhar colaborativamenete?

3. Qual o contributo deste projecto no perfil de aprendizagem dos alunos?

4. De que forma a participação dos professores e alunos neste programa, influenciou nas
actividades lectivas anuais?

5. Quais os aspectos que podem ser melhorados para as próximas edições deste programa?

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como forma de dar um subsídio teórico da pesquisa, abordaremos questões teóricas ligadas a
interdisciplinaridade, aprendizagens colaborativas, aprendizagens baseadas em problemas,
aprendizagens baseadas em projectos, tecnologias de informação e comunicação e
empreendedorismo.

Esperamos que esta pesquisa, desperte a relevância e eficácia que a interdisciplinaridade possui
no processo de ensino e aprendizagem. Uma pedagogia que veio questionar a fragmentação dos
saberes.

4
2. METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

2.1 NATUREZA DA PESQUISA

A pesquisa é um processo permanente inacabado que processa-se através de aproximações


sucessivas da realidade, fornecendo-nos subsídios para uma intervenção no real. Uma pesquisa,
quanto a sua natureza, pode ser qualitativa e quantitativa.

A pesquisa qualitativa, segundo da Fonseca (2002, p.20) se preocupa com aspectos da realidade
que não podem ser mensuráveis, centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das
relações sociais. O mesmo autor, define pesquisa quantitativa aquela em que os resultados
podem ser quantificados, e como as amostras são geralmente grandes e considerados
representativas da população, os resultados são tomados como se constituíssem um retrato real
de toda população.

A pesquisa considera-se mista (qualitativa e quantitativa) pois avalia tanto os dados estatísticos
quanto os significados das relações humanas. Isto é justificado pela existência de perguntas
abertas e fechadas na recolha de dados.

2.2 MÉTODOS DE PESQUISA

Para o alcance dos objectivos optou se pelos seguintes métodos: Investigação acção e estudo de
caso.

2.2.1 INVESTIGAÇÃO-ACÇÃO

A investigação-acção é relativamente recente e o seu desenvolvimento tem sido muito


conturbado devido à ideia tradicional de que a investigação deve ser conduzida por profissionais
independentes do objecto a ser investigado.

Para Barros (2011), a investigação-acção estuda uma situação social com o propósito de
“melhorar a qualidade da acção que nela decorre”. Assim, o objectivo é o de melhorar a
qualidade de uma determinada acção.

5
Segundo de Oliveira Cardoso(2014) a investigação-acção pode ser descrita como uma família
de metodologias de investigação que incluem simultaneamente acção (ou mudança) e
investigação (ou compreensão), com base em um processo cíclico ou em espiral, que alterna
entre acção e reflexão crítica, e em que nos ciclos posteriores são aperfeiçoados os métodos, os
dados e a interpretação feita à luz da experiência (conhecimento) obtida no ciclo anterior.

Nos duas concepções sobre a investigação-acção, é comum estudar uma situação actual com
intuito de melhora-lo para as interações seguintes.

2.2.2 ESTUDO DE CASO

Estudo de caso é um método de pesquisa ampla sobre um assunto específico, permitindo


aprofundar o conhecimento sobre ele e, assim, oferecer subsídios para novas investigações
sobre a mesma temática. Para da Fonseca (2002, p.33) Estudo de cado pode ser entendida como
estudo de uma entidade bem conhecida, como um programa, uma instituição, um sistema
educativo, uma pessoa, ou uma unidade social.

Segundo I. Senger & C. Senger (2004) estudo de caso é uma estratégia de pesquisa
científica que analisa um fenômeno real considerando o contexto em que está inserido e as
variáveis que o influenciam. Segundo os autores Da Silva & Gomes (2014), o estudo de caso,
é uma pesquisa aprofundada sobre um ou poucos objectos de investigação, de modo a produzir
conhecimento amplo e detalhado sobre o tema.

2.3 DELIMITAÇÃO DE UNIVERSO/AMOSTRA

Em todo trabalho de investigação científica é importante mostrar a relação existente entre a


amostra e a população do estudo.

Em estatística, usualmente a palavra população indica um conjunto de elementos com


características comuns (De Carvalho, Sawyer & do Nascimento Rodrigues, 2015, P.6).

Amostra - uma parte ou subconjunto da população usada para obter informação


acerca do todo (Fernandes, (1999, p.2).

6
Para o estudo, população são todos professores e alunos que participarem no programa em
2019, seis (6) professores e 16 alunos . Desta população extraiu se uma amostra por
conveniência1 de 11 alunos e 4 professores.

2.4 TÉCNICAS E CRITÉRIOS DA RECOLHA DE DADOS

Segundo Cavaco-Cruz (2012) técnica significa um “conjunto de processos baseados em


conhecimentos científicos, e não empíricos, utilizados para obter certo resultado.

Para a pesquisa, as técnicas usadas para a recolha de dados são: Observação, Analise
documental e inquérito.

2.4.1 OBSERVAÇÃO

A observação consiste na visualização e registo sistemático de padrões de comportamento das


pessoas ou outros objecto de forma obter informações sobre o objecto da Pesquisa (Cavaco-
Cruz, 2012). O observador não questiona pessoas nem comunica com as pessoas que estão a
ser observadas, apenas regista, geralmente, segundo uma grelha de observação, os
comportamentos efectuados.

Para a pesquisa, usou a observação como técnica de recolha de dados, a medida que o autor foi
observando o decurso de todo processo em todas fases.

2.4.2 ANALISE DOCUMENTAL

Estudos baseados em documentos como material primordial, sejam revisões bibliográficas,


sejam pesquisas historiográficas, extraem deles toda a análise,

organizando-os e interpretando-os segundo os objetivos da investigação proposta (Pimentel,


2001, p.180). A pesquisa baseou se em análise de vários documentos descritivos de projectos.

1 Amostragem por conveniência é uma técnica de amostragem não probabilística e não aleatória usada para criar amostras de
acordo com a facilidade de acesso, tendo em conta a disponibilidade de pessoas para fazer parte da amostra em um
determinado intervalo de tempo.

7
2.4.3 INQUÉRITO

O inquérito é uma técnica de investigação que permite a recolha de informação directamente


de um interveniente na investigação através de um conjunto de questões organizadas segundo
uma determinada ordem, de forma escrita ou oral (Ferreira, 2016).

O inquérito é uma das técnicas mais utilizadas, pois permite obter informação, sobre
determinado fenómeno, através da formulação de questões que reflectem atitudes, opiniões,
percepções, interesses e comportamentos de um conjunto de indivíduos. O questionário e
entrevistas são os principais instrumentos para recolha de dados para esta técnica.

Para a pesquisa foram feitas entrevistas (Guião em anexo) e questionário (em anexo) com o
objectivo de perceber melhor o objecto de estudo.

2.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vários foram os constrangimentos enfrentados no processo de recolha dos dados, desde a


limitação de internet tida pelos nossos inqueridos (para responder a um questionário feito
através de Google form2), disponibilidade dos nossos inqueridos e não acesso a dispositivos
eletrónicos com acesso a internet.

Os resultados dos dados colhidos, quer através de observação, análise documental e por
inquérito serão interpretados a analisados no capítulo a seguir.

Acreditamos que a amostra para esta pesquisa, é probabilística, uma vez que representa 68.18%
do total da população.

2 Google form é uma feramenta da Google responável pela recolha de dados pelos formulário preenchidos de forma online.

8
3 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capitulo são apresentados diferentes conceitos para melhor se perceber a natureza da
pesquisa.

3.1 INTERDISCIPLINARIDADE

O surgimento da ciência e das disciplinas científicas funda se quando o homem passa a


desconfiar do conhecimento que era baseado em observação das suas experiências baseadas nos
órgãos de sentido e em especulação. Essa desconfiança trouxe a primeira cisão de áreas de
conhecimento, com o estabelecimento de uma sólida fronteira entre a Filosofia e a Ciência e a
crença da supremacia desta última , bem como a exigência de que os princípios da
objectividade, da neutralidade, da quantificação, da universalidade, especialmente da
fragmentação, entre outros, fossem rigorosamente observados para que um conhecimento
produzido pudesse ser considerado científico.

Durante o século XIX, todas as áreas de conhecimento, procuravam uma dissociação para
melhor compreende-las, isto é, uma especialização. Este movimento trouxe uma separação e
“independência” entre diferentes áreas de conhecimento.

Este movimento mostrou se frágil, na medida que se percebeu que os saberes não são
autónomos, elas devem se cruzar com outros para melhor compreensão da realidade. Foi desta
forma que surge o conceito de interdisciplinaridade.

Segundo Augusto, Caldeira, Caluzi & Nardi (2004) interdisciplinaridade é uma discussão
emergente no meio educacional, uma forma de se pensar, no interior da Educação, a superação
da abordagem disciplinar tradicionalmente fragmentária.

Do Lago, de Araújo & Silva (2015, p.54) entendem interdisciplinaridade como sendo a
necessidade de dar sentido à prática educacional no sentido de integrar, articular as várias
disciplinas trabalhadas separadamente em nossas escolas.

Kunzler & Novello (2017) defendem que interdisciplinaridade enfatisa uma integração das
disciplinas, que não devem ser trabalhadas de forma isolada, e sim articular o conhecimento
que cada uma traz para a formação dos sujeitos.

9
Para todos os autores, é comum a integração, a não fragmentação, partilha entre diferentes
saberes para melhor percepção do sujeito em causa.

A interdisciplinaridade é considerada uma nova atitude diante da questão do conhecimento, de


abertura à compreensão de aspectos ocultos do ato de aprender e dos paralelamente expressos,
ou seja, uma nova maneira de olhar as questões de ordem epistemológica, metodológica e
axiológica vivenciada pelos professores no seu cotidiano nas escolas, pois a
interdisciplinaridade é essencialmente um processo que precisa ser vivido e exercido na sala de
aula. O conceito de interdisciplinaridade subjectiva a não separacão do conhecimento, mas sim
procurar criar uma forma de comunicacão entre diferentes saberes.

O conceito de interdisciplinade é pouco conhecido em Moçambique e pouco praticado, surge


como uma nova pedagogia que privilegia o diálogo e a estimulação de práticas cooperativas.
Isto pressupõe a supressão de barreiras entre as disciplinas e entre as pessoas que tenham o
mesmo projecto educativo (Capece, 2005).

Desta forma, professores e alunos de diferentes saberes, se cruzam com a mesma realidade,
cooperam e procuram desvelar o saber duma forma crítica, procurando sempre, um equilíbrio
entre seus saberes.

3.2 APRENDIZAGENS BASEADOS EM PROBLEMAS

O papel da escola tradicional era fazer com que o aluno cresça pelo próprio mérito a partir do
professor que repassava a eles todo o conhecimento obtido pela humanidade, de uma forma
extremamente mecânica, fria e crua, e de uma forma generalizadora na qual as particularidades
são eram respeitadas, alunos sempre seriam alunos independente das especificidades, e o
professor seria o dono do saber e do conhecimento, deixando assim vigente a posição do
professor como sujeito ativo, e o aluno como sujeito passivo (Pinto, 2015).

Nesta abordagem, o professor era visto como o dono do saber, e o aluno como apenas o receptor
passivo, sem direito a reflexões críticas em torno do processo de ensino-aprendizagem.

Esta pedagogia, resume se nas seguintes características, segundo Saviani (2005):


1. O papel da escola é o de promover uma formação puramente moral e intelectual,
lapidando o aluno para a convivência social, tendo como pressuposto a conservação da

10
sociedade em seu estado atual (status quo). A escola terá como foco apenas a cultura,
sendo os problemas sociais resguardados apenas à própria sociedade.
2. Os conteúdos de ensino são aqueles que foram ao longo do tempo acumulados e, nesse
momento, são passados como verdades absolutas, sem chance de questionamentos ou
levantamentos de dúvidas em relação a sua veracidade. Nessa concepção não está
presente a consideração sobre os conhecimentos prévios do aluno, apenas o que está no
currículo é transmitido, sem interferências ou ‘perdas de tempo’.
3. A Metodologia de ensino é a exposição verbal por parte do professor e a preparação do
aluno. O foco principal é na resolução de exercícios e na memorização de fórmulas e
conceitos. Desta forma, o professor inicialmente realiza a preparação do aluno, em
seguida formula a apresentação do conteúdo, correlacionando-o com outros assuntos e,
por último, faz-se a generalização e aplicação de exercícios.
4. A relação professor-aluno é marcada pelo autoritarismo do primeiro em relação ao
segundo. Somente o professor possui conhecimento para ensinar, o papel do aluno é o
de receber o conhecimento transmitido pelo professor. O silêncio em sala de aula é
imposto pela autoridade docente.
5. Os Pressupostos da aprendizagem são fundamentados na receptividade dos conteúdos e
na mecanização de sua recepção. A aprendizagem se dá por meio da resolução de
exercícios e da repetição de conceitos e recapitulação do saber adquirido sempre que
necessário for reavivá-lo na mente. A avaliação também é mecânica e ocorre por meio
de resolução de tarefas enviadas para casa, provas arguitivas e escritas.

Como forma de dar resposta a esta pedagogia, tradicional, surge uma outra abordagem, a
Aprendizagem Baseada em Problemas, mais reflexiva e elevando o aluno para principal actor
do processo, e não um mero receptor do conhecimento como tradicionalmente era visto.

Segundo Gazale (2018) A Aprendizagem Baseado em Problemas, também conhecida pela sigla
em PBL (do inglês Problem-Based Learning) é uma proposta pedagógica que defende a ideia
de que a aprendizagem significativa deve ser baseada na solução de problemas.

ABP representa um método de aprendizagem que tem por base a utilização de problemas como
ponto de partida para a aquisição e integração de novos conhecimentos.

11
Segundo dos Reis & Calefi (2016) Aprendizagem baseado em problemas caracteriza-se,
essencialmente, por um método que se utiliza problemas da vida real para estimular o
desenvolvimento do pensamento crítico e habilidades de solução de problemas, promovendo a
aprendizagem de conceitos relacionados às áreas de conhecimento estudadas.

Figueiredo, & de Araújo (s/d) definem aprendizagem baseado em problemas como sendo uma
metodologia centrada no aluno, admitindo-se que o aprendizado de um determinado conteúdo
acontece durante o processo de resolução de problemas.

O aluno deixa de ser um elemento passivo, exposto à informação por meio de aulas e passa a
buscar o conhecimento para resolução de problemas reais da sociedade.

3.3 O PAPEL DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO


DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO

Segundo Beira & Nakamoto (2016) Tecnologia da informação e comunicação (TIC) pode ser
definida como um conjunto de recursos tecnológicos, utilizados de forma integrada, com um
objetivo comum.

A utilização da tecnologia não é um fenómeno de hoje, Desde a pré-história que o Homem tem
inventado instrumentos e técnicas com vista à sobrevivência ou à melhoria da sua qualidade de
vida. É notório pelo uso dos mais variados materiais para ajudar em tarefas do dia a dia do
homem como sinal do seu aproveitamento como extensão das possibilidades próprias. Essa
evolução tecnológica provocou diversas mudanças, não só no modus operandi, mas também na
forma de relacionamento consigo próprio e com os outros.

A evolução tecnológica é dos marcos mais importantes na vida do homem, pois a tecnologia
ajuda-o a poupar esforços, tempo e recursos (financeiros, materiais, etc.). A experiência mais
conhecida do uso das TICs para auxílio das atividades do Homem deu-se em França, com o seu
Minitel3, 1 que proporcionava facilidades de correio eletrónico e acesso a um conjunto de

3 O Minitel foi um serviço de videotexto on-line, lançado em França em 1982. Quando foi criado, os assinantes podiam fazer
compras on-line, reservas para o comboio, e ainda podiam fazer comunicações síncronas com outros assinantes, tal como
se faz atualmente através da Internet.

12
informações, desde o estado do tempo, a horários de comboios. Estávamos no limiar daquilo
que depois se veio a chamar de World Wide Web.

Umas das áreas de pesquisa que surgiu é a ITC4D4. Segundo Magalhães (2014) ICT4D
(Tecnologias de Informação e Comunicação para o Desenvolvimento) é uma iniciativa que visa
reduzir a divisão digital (a disparidade entre tecnológicas "têm" e "não" localizações
geográficas ou grupos demográficos) e auxilia o desenvolvimento econômico, garantindo o
acesso equitativo das tecnologias de comunicação.

Segundo Pereira, Macadar, & Testa (2014) Tecnologia da informação e comunicação para o
desenvolvimento, ou ICT4D, é a prática de usar a tecnologia para ajudar as pessoas pobres e
marginalizadas em comunidades em desenvolvimento.

Um dos principais objectivos de ITC4D, é garantir que haja uma equidade do uso das
tecnologias, que não dependa do poder financeiro, localização geográfica, demográfica, ou
outro indicador que possa levar a exclusão de um certo grupo.

3.4 EMPREENDDORISMO

O termo empreendedorismo foi criado em 1945 pelo economista Joseph Schumpeter. Segundo
ele, o empreendedorismo é algo desenvolvido por pessoas versáteis, com habilidades técnicas
para produzir e organizar recursos financeiros e operações internas, além de lidar muito bem
com vendas (Perez, 2014, p.292). Flores & dos Santos (2014) definem empreendedorismo
como um “processo de criar algo diferente e com valor, dedicando tempo e o esforço
necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e
recebendo as consequentes recompensas da satisfação econômicas.

Segundo Venkataraman et al. (1997, como citado em Zampier, 2010) empreendedorismo é "o
campo de estudo que procura compreender como as oportunidades que geram novos produtos
e serviços são descobertas, criadas e exploradas, por quem e com que consequências" (p.19).
Para Fiorin, de Mello & Machado (2010)., empreendedorismo é qualquer tentativa, por parte

4 ITC4D (Information and communications technology for development)- Tecnologias de Informação e Comunicação para o
Desenvolvimento

13
de um indivíduo, de grupos de indivíduos ou de empresas já estabelecidas, de criação de um
novo negócio ou novo empreendimento.

Para todos os autores, para a definição de empreendedorismo, convergem fazer algo novo e
diferente dentro de um mercado, de uma empresa ou para a sociedade assumindo os riscos de
sucesso ou fracasso.

3.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A evolução da educação mostra nos que não podemos continuar na crença de que a separação
entre disciplinas, a criação de fronteiras rígidas entre diferentes áreas de conhecimento, trás
uma vantagem na percepção do objecto estudado. Existe uma complementaridade entre saberes.
Deve se perspetivar a interdisciplinaridade, como uma nova abordagem do processo de ensino-
aprendizagem.

As aprendizagens baseadas em projectos e baseadas em problemas, são exemplos de


interdisciplinaridade, pois, a medida que os sujeitos aprendentes procuram resolver os
problemas ou desenvolvem diferentes projectos educativos, fazem um cruzamento natural entre
diferentes áreas de conhecimento em um processo contínuo de aprendizagem.

14
4 COMPONENTE EMPÍRICA

4.1 O CONTEXTO DO ACCORDO DE COOPERAÇÃO ERASMUS +

O projecto interdisciplinar entre a UMUM e ESNEC decorreu no âmbito do memorando


assinado entre estas duas instituições e a Universidade de Tallinn. As Partes concordam em
desenvolver cooperação em intercâmbio de estudos e pesquisas, trocar informações sobre
conferências, seminários e outros eventos científicos de interesse mútuo.

A implementação de cada intercâmbio é determinada no programa de ação anual renovável,


que é integrante no acordo de cooperação. Os programas incluem as seguintes informações:
• Natureza e descrição das atividades;
• Pessoal envolvido;
• Duração do programa específico; e
• Arranjos financeiros para a implementação.

4.2 UNIVERSIDADE DE TALLINN

A Universidade de Tallinn está localizada na cidade de Tallinn, na Estónia.

Ela resultou de uma decisão parlamentar da República da Estônia de consolidar várias


universidades e institutos de Tallinn em uma única instituição pública em 18 de março de 2005.

A estrutura da Tallinn University (TLU) é composta por unidades acadêmicas com subunidades
constituintes, unidades de apoio e uma instituição. As unidades acadêmicas são escolas e uma
faculdade. A participação no meio acadêmico internacional é imprescindível no
desenvolvimento da universidade de Tallinn - garante a qualidade e garante a sustentabilidade
da pesquisa e do ensino superior. A internacionalização não é um objetivo em si, mas sim uma
medida para garantir a qualidade acadêmica em todas as áreas de atuação da universidade.

A Universidade de Tallinn participa activamente e com sucesso na cooperação internacional,


que pode ser resumida da seguinte forma:

• Membro de 6 grandes redes internacionais;


15
• 42 acordos bilaterais com universidades parceiras de todo o mundo;

• Conferências internacionais anuais abertas de pesquisadores e profissionais aclamados


internacionalmente;

• Aumentando na contribuição para a colaboração em pesquisa internacional;

• Mais de 300 novos alunos de graduação internacional anualmente;

• Pesquisadores e professores estrangeiros;

• Escolas internacionais de verão e inverno recebem 300-400 participantes de mais de 50


países anualmente.

A Universidade de Tallinn está representada em dois dos rankings mais conhecidos do mundo
- o QS World University Rankings (QS WUR)5 e o Times Higher Education World University
Rankings (THE WUR)6. A Universidade de Tallinn está classificada entre 801-1000 em ambas
as classificações, o que significa que a Universidade está entre as 5% melhores universidades
do mundo.

Figure 1-Tallinn University no Mapa

5QS World University Rankings (QS WUR) é uma publicação anual de classificações universitárias da Quacquarelli
Symonds (QS).

6 Times Higher Education World University Rankings é uma publicação anual de classificações universitárias da revista
Times Higher Education (THE).

16
4.3 ESCOLA SUPERIOR DE NEGÓCIOS E EMPREENDEDORISMO DE CHIBUTO
(ESNEC)

A Escola Superior de Negócios e Empreendedorismo de Chibuto (ESNEC), localizada no


distrito de chibuto, província de Gaza, foi criada em 25 de Novembro de 2008 por deliberação
do Conselho Universitário da Universidade Eduardo Mondlane, tendo entrado em
funcionamento em Janeiro de 2009.

Figura 1-Mapa da província de Gaza

A ESNEC leciona os seguintes cursos de licenciatura:

• Agro-Negócios;

• Agricultura Comercial;

• Gestão de Comercial;

• Gestão de Empresas e;

• Finanças.
17
Missão - A missão desta Unidade Académica da UEM, é a de aproximar os centros de ensino
e investigação aos Distritos de modo a agregar cada vez mais maior número de quadros de
nível superior que possam se envolver na solução dos problemas das comunidades locais, bem
como dotar os distritos de Recursos Humanos e infraestruturas que possam responder as
expectativas de desenvolvimento do Distrito.

Visão

A ESNEC pretende ser uma unidade de excelência académica na formação de


empreendedores qualificados e profissionais em identificar e explorar oportunidades em
diversas áreas.

4.4 UNIVERSIDADE METODISTA UNIDA DE MOCAMBIQUE

A Universidade Metodista Unida de Moçambique (UMUM) é uma instituição de ensino


superior pertencente a Igreja Metodista Unida de Moçambique.

Foi em 2014, pelo decreto nº 44/2014 de 29 de Agosto, do Conselho de Ministros, que “foi
autorizada a Igreja Metodista Unidade Moçambique, pessoa colectiva de natureza religiosa e
de utilidade pública, dotada de autonomia administrativa, patrimonial e financeira, com sede
na Cidade de Maputo, a criar uma instituição de ensino superior designada por Universidade
Metodista Unida de Moçambique, abreviadamente designada por UMUM“, na localidade de
Cambine, Província de Inhambane.

18
Figura 2- Mapa da localização geográfica da UMUM

A UMUM, ministra desde 2017 licenciatura em Ciências de Educação, Ciências de


Administração e Gestão, Teologia e Engenharia Informática e Tecnologia. Em 2018,
arancou o curso de Mestrado em Pedagogia e Didática.

Visão

1) Oferecer oportunidades de educação e formação aos cidadãos nacionais, como


complemento às existentes no ensino público e privado;

2) Lutar pela excelência, através de um sistema de controle de qualidade;

3) Capitalizar as valências da Igreja Metodista em Moçambique;

4) Contribuir para o combate à pobreza promovendo uma política de equidade social


no acesso ao ensino e formação.

Missão

19
A UMUM tem por missão, formar o Homem moçambicano, dotando-o de
conhecimentos, valores ético-morais e de cidadania que o habilite a participar de
forma activa e criadora nos desafios da transformação social, cultural e económica
do país.

4.5 A CONCEPÇÃO DA LIFE7 (LEARNING IN INTERDISCIPLINARY FOCUSED ENVIRONMENT)

Um dos campos de foco no Plano de Desenvolvimento da Universidade de Tallinn 2015-2020


é o desenvolvimento de inovação educacional baseada em pesquisa interdisciplinar. Isso
significa que o ensino e a aprendizagem devem se ajustar às circunstâncias do século XXI,
incluindo as mudanças no mercado de trabalho, o ambiente de informação e a sociedade em
rápida renovação (Tallinn University Development Plan 2015).

Estratégia de Aprendizagem da Estônia 2020 define a mudança na abordagem de aprendizagem,


ou seja, a implementação de uma abordagem de aprendizagem que apoie o desenvolvimento
individual e social de cada aluno, a aquisição de habilidades de aprendizagem, criatividade e
empreendedorismo, como um dos objetivos da educação.

Em 2015, o Programa de Estudos do Estatuto da Universidade de Tallinn foi alterado com a


introdução de um novo curso para toda a universidade - LIFE (Learning in Interdisciplinary
Focused Environment, anteriormente conhecido como IDP, projeto interdisciplinar) - para os
programas de estudo dos alunos que foram admitidos na universidade a partir do ano letivo
2016/2017.

LIFE (Learning in Interdisciplinary Focused Environment) é um curso de estudos que tem como
foco a aprendizagem baseado em problemas e aprendizagem baseado em projectos, onde alunos
de diferentes áreas de estudo colaboram com acadêmicos e parceiros de fora da universidade
para conduzir projectos que lidam com problemas transdisciplinares.

O curso é obrigatório para todos os alunos dos níveis de bacharelado e mestrado (com exceção
dos alunos dos seguintes programas de estudo: Cinema, Arte, Professor de Música,

7 Life- Learning in interdisciplinary Focused Environment, é o nome dado ao projecto interdiscuplinar


na Universidade de Tallinn.

20
Cinematografia, Biblioteca Digital, Professor de Matemática , Professor Profissional,
Professora de Diversas Disciplinas, Educação de Adultos para Mudança Social).

Todas as seis unidades acadêmicas da Universidade de Tallinn são responsáveis pela supervisão
do LIFE (BFM, Escola de Tecnologias Digitais, Escola de Ciências da Educação, Escola de
Ciências Humanas, Escola de Ciências Naturais e Saúde, Escola de Governança, Direito e
Sociedade) e Haapsalu College, com o objetivo de garantir que todos os alunos possam
participar e que esteja incluído nos programas de estudos.

No Ano Académico 2016/2017, foi criado o conselho LIFE com o objetivo de apoiar o curso,
garantindo a sua qualidade e integração na vida universitária. No mesmo ano, tiveram início
também reuniões regulares de supervisores do LIFE (doravante LIFEworkshop).

O objectivo do LIFEworkshop é garantir uma rede de apoio aos estudos onde os participantes
possam trocar experiências e informações sobre a gestão do curso. Durante o ano lectivo de
2018/2019, o LIFEworkshop evoluiu para workshops DiscussLIFE, nos quais uma vez por mês
palestrantes convidados geralmente fazem apresentações sobre tópicos relacionados à
aprendizagem baseada em projetos e problemas. Os orientadores do LIFE têm a possibilidade
de participar em formações, seminários e mobilidade de pessoal onde podem aprender e praticar
técnicas pedagógicas inovadoras.

OBJECTIVOS DA LIFE

O principal objectivo da LIFE é apoiar o desenvolvimento de competências gerais e de


capacidade de trabalho em equipa, o que favorece o desenvolvimento da competência para a
resolução de problemas interdisciplinares.

As actividades do ensino no curso LIFE englobam a capacidade de envolver grupos de alunos


para participarem activamente no processo de aprendizagem. Se o supervisor for um professor,
uma de suas principais tarefas é promover o desenvolvimento do pensamento e das habilidades
argumentativas dos alunos que contribuiriam para a resolução de problemas, habilidades
metacognitivas e pensamento crítico que ajudariam o aluno a se desenvolver como
independente e autônomo - orientando o aluno.

21
A eficácia dos supervisores também determina o quão bem os resultados de aprendizagem são
adquiridos. Tomando como base o propósito mais profundo do ensino e aprendizagem baseados
em problemas, o curso LIFE ensina os alunos a autogestão, aplicação de conhecimentos e
habilidades de aprendizagem ao longo da vida.

Os sub-objectivos da LIFE são:

• Introdução da abordagem interdisciplinar e sua aplicação - definir o problema na


perspetiva de diferentes disciplinas, encontrar um terreno comum, encontrar novas
oportunidades decorrentes de diferenças teóricas / metodológicas;

• Aprimoramento das habilidades colaborativas - habilidades de negociação, relações


interculturais, competências sociais, definindo e completando seu papel na equipe;

• Aplicação de conhecimentos específicos da área - utilizando os conhecimentos


adquiridos numa nova situação, apoiando a adaptabilidade e o desenvolvimento de
competências gerais;

• Valorização das competências de empreendedorismo - integração dos conhecimentos


adquiridos na vida real do trabalho, cooperação com todas as partes num ambiente de
trabalho interdisciplinar;

• Aprimoramento das habilidades analíticas - reconhecer ligações, fazer generalizações e


ser capaz de distinguir entre o que é importante e o que não é;

• Aquisição de conhecimentos básicos do trabalho do projeto - uma visão geral do


trabalho do projeto e uma compreensão de como cada pessoa contribui para o projeto.

OS PRINCÍPIOS DE CONDUÇÃO DO CURSO LIFE

Na base das atividades de aprendizagem do LIFE está a cooperação entre alunos e orientadores
de diferentes áreas de estudo com foco na resolução de um problema interdisciplinar. O trabalho
é realizado em equipes de 6 a 8 alunos, incluindo alunos de pelo menos três áreas de estudo
diferentes.

22
Até três equipes de 6 a 8 alunos podem participar de um tópico do projeto (24 alunos no total).
Os projetos LIFE diferem dos cursos regulares porque o docente não tem o papel de doador de
conhecimentos e de provedor de tarefas, mas a aprendizagem baseia-se na cooperação.

Os alunos são envolvidos na definição do conteúdo exacto do projecto, bem como no


estabelecimento de metas. O tema inicial oferecido no site do LIFE é restringido conforme
direcionado pelos interesses / áreas dos alunos que aderiram ao projecto.

São também os alunos que estabelecem metas mais concretas para o projecto, criam o plano de
ação (incluindo as tarefas de aprendizagem e tarefas a serem avaliadas, cronograma),
determinam as funções e os critérios de avaliação, com base nos quais o programa do curso
para este projecto específico é criado.

A participação activa dos alunos é essencial no projecto LIFE, significa encontros presenciais,
mais comunicação, colaboração e gestão do tempo hábil. O papel do supervisor é mais o de um
guia nos processos de planeamento e de orientação de conhecimento (fontes de leitura,
especialização, métodos de pesquisa).

O projecto LIFE visa estabelecer um objectivo concreto, resolver um problema interdisciplinar


e realizar um projecto, que passa pelo seguinte:

• Definição de conceitos comumente usados;

• Mapear as necessidades do grupo alvo;

• Abordar o tema em profundidade e com base em pesquisas (estudo e implementação de


dados, fatos e métodos);

• Criar novos conhecimentos e / ou ganhar experiência prática;

• Encontrar soluções para problemas emergentes e aprender com eles;

Para que o projecto LIFE alcance o resultado pretendido, é necessário utilizar os conhecimentos
adquiridos na procura de uma solução para um problema transdisciplinar, desenvolvendo assim
competências de cooperação e autogestão.

SUBMISSÃO DE IDEIAS DE PROJECTOS

23
A preparação de um projecto LIFE começa com a apresentação de uma ideia de projecto no
LIFEwebsite. As ideias podem ser propostas por alunos, membros do corpo docente ou
parceiros de fora da universidade.

Para iniciar uma ideia para um projecto LIFE é importante determinar primeiro por si mesmo
ou em cooperação com o co-supervisor / mentor-professor o quadro inicial do tópico - definição
do problema, resultados de aprendizagem, novos conhecimentos que os participantes são
esperados para adquirir ou discutir. Uma ideia para o LIFE deve ter as seguintes características:

• Objectivo inicial claramente definido;

• Tema interdisciplinar, ou seja, requer conhecimentos de diferentes disciplinas e


integração desses conhecimentos;

• A definição do problema possibilita diferentes soluções e restrições;

• O tema é autêntico e exige a criação de conhecimentos novos para o aluno;

• O resultado inicial é motivador e ativa a aprendizagem por autogestão;

• Permite alcançar resultados de aprendizagem de LIFE.

Tabela 1--Quadro resumo de submissão de ideias de projectos de life

LIFE 1.0: supervisor é LIFE 1.0: supervisor é um LIFE 3.0: autor da ideia de
conferencista aluno fora a Universidade...

a ideia do projecto é a ideia do projecto é a ideia do projecto é iniciada


iniciada por um ou mais iniciada por um aluno; por um parceiro de fora da
palestrantes; universidade - formulário;

os palestrantes irão preparar o aluno irá preparar a ideia Coordenadores do LIFE


a ideia do projecto preliminar do projecto com entram em contato e
preliminar com a qual no a qual no máximo 1 grupo procuram um co-orientador
máximo três grupos podem de projecto pode começar a da universidade;
começar a trabalhar; trabalhar;

24
quando houver apenas um a fim de garantir a O projeto LIFE é o resultado
supervisor, é aconselhável prontidão dos alunos para da cooperação entre o
procurar um co-orientador; gerenciar o projeto parceiro, os alunos e o

e o grupo LIFE, é preciso docente universitário.


encontrar para o mentor-
supervisor do projecto;

para garantir um ambiente Para garantir que o aluno


de ensino favorável aos está preparado para
professores, eles têm a supervisionar o projecto ou
possibilidade de participar trabalho em equipa do
de treinamentos, LIFE, o aluno, à
seminários, mobilidade de semelhança dos docentes,
pessoal e ter reuniões tem a possibilidade de
regulares (por exemplo, participar em estágios e
LIFEworkshop). palestras.

As ideias de projectos LIFE passam por uma leitura preliminar e o conselho LIFE verifica
a correspondência do tema com os objectivos do curso. Ideias para projectos LIFE podem
ser adicionadas até a semana preliminar do semestre inicial. Todos os projectos são abertos
para inscrição ao mesmo tempo e no acto da inscrição para os cursos do Sistema de
Informação de Estudos.

As inscrições para o curso LIFE só podem ser feitas no site do LIFE, os alunos submetem
seu plano de estudos no Sistema de Informação de Estudos sem o curso LIFE. O Gabinete
de Assuntos Académicos acrescenta o curso LIFE ao plano de estudos o mais tardar duas
semanas após o termo do prazo de inscrição oficial para os cursos.

Se o projecto tiver a duração de dois semestres, o curso é adicionado ao Sistema de


Informação de Estudo durante o segundo semestre e os alunos recebem os pontos de crédito
após a conclusão do projecto (ou seja, no final do segundo semestre).

25
Organização do curso LIFE

O curso LIFE é baseado na cooperação e na aprendizagem e ensino baseados em problemas.

O foco das atividades de aprendizagem é um projecto, escolhido pelos alunos, tendo em


vista a sua área de estudos / interesses e a aprendizagem resulta de atividades colaborativas
entre orientador (es) e alunos.

O tópico geral oferecido pelo (s) orientador (es) exige que os alunos encontrem um
problema mais concreto a ser resolvido e que os alunos formem equipes menores de 6-8
membros que se dedicam a encontrar uma solução para o problema. Os alunos que aderiram
a um projecto LIFE precisam de combinar os conhecimentos de diferentes áreas, o que
requer uma comunicação cara a cara activa. O papel do (s) supervisor (es) é iniciar o
trabalho em equipe, dirigir os processos de planeamento e desenvolver as habilidades de
trabalho conjunto.

A supervisão de um projecto LIFE depende de:

• Abertura do tema do projecto: Em alguns casos, o tema de um projecto LIFE pode


ter um problema e uma finalidade muito concretos e a informação quanto aos
conhecimentos, materiais e atividades necessários para a solução do problema é
maioritariamente obtida do supervisor. Em outros casos, a resolução do problema é
inteiramente deixada aos alunos, o que significa que, para resolver o tema do
projecto, eles precisam mapear os conhecimentos preliminares, encontrar métodos
e caminhos, estudar as necessidades do grupo-alvo e definir o concreto problema,
propósito e plano de ação.

• Papel do supervisor: em alguns projectos LIFE, o docente assume o papel de líder


do projecto e é responsável por verificar o volume e o movimento de toda a
informação. No caso de problemas em aberto, o líder da equipe é um dos membros
da equipe e os alunos são livres para escolher como resolver o problema. O
orientador orienta apenas sobre materiais complementares e atende aos alunos para
se atualizarem sobre os conhecimentos adquiridos durante as atividades e como os
aplicaram.

26
O papel do supervisor não inclui apenas o de entregar o conteúdo, mas também liderar
discussões e apoiar a reflexão. Os alunos precisam de estrutura, supervisão e apoio ao definir
objetivos adequados. Incluir os alunos no processo de estabelecimento de objectivos é o pré-
requisito para a aprendizagem motivada e autodirigida.

Estágios da LIFE

➢ Iniciar os processos de equipe do LIFE e formar equipes - os alunos são divididos em


equipes de 6 a 8 alunos com o objectivo de encontrar soluções para um problema (uma
equipe inclui alunos de pelo menos três áreas de estudo diferentes);

➢ (1) Criar um programa de curso inclusivo - fazer acordos, ou seja, como resultado da
cooperação, um objectivo concreto é definido para o projecto, o plano de ação é
acordado e as tarefas a serem avaliadas, os prazos e os critérios de avaliação são
definidos;

➢ Abordagem interdisciplinar do tema / problema (mais informações no ponto 5) -


definição do problema interdisciplinar, considerando e integrando outras disciplinas;

➢ Divisão de funções - os alunos escolhem uma função adequada, sendo assim


responsáveis pela realização das atividades do projecto;

➢ Mapeamento das necessidades do grupo-alvo - dependendo do tema / problema os


alunos determinam o grupo-alvo, um grupo de interesse com o qual desenvolver
cooperação ou que pode ser influenciado pelo resultado do projecto;

➢ (2) Conclusão e apresentação do relatório de médio prazo - uma semana antes da sessão
de feedback da semana intermediária, cada equipe do projecto deve preencher o
formulário de uma página;

➢ (3) Participação na sessão de feedback da semana intermediária - as sessões de feedback


acontecem durante a semana intermediária do semestre e duram cerca de duas horas.
Um docente da universidade que dá feedback participa nas sessões de feedback e dará
um feedback construtivo aos alunos sobre o seu projecto cumprindo os objectivos do
curso LIFE;

27
➢ Enquadramento teórico, escolha e aplicação de métodos - o projecto assenta em fontes
científicas, o que significa que devem ser procurados métodos e formas adequadas de
resolução do tema / problema;

➢ Criação de novos conhecimentos - integração de conhecimentos novos e existentes com


o objectivo de avaliar diferentes soluções para o problema / tópico;

➢ Análise dos resultados e relatá-los - fazendo resumos dos resultados do projecto da


forma mais adequada (relatório, página web, blog, livreto etc.);

➢ (4) Elaboração de portefólio de projectos - os resultados do projecto são apresentados


sob a forma de portefólio e os alunos participam no dia de apresentação do LIFE.
Portfólio de projectos que consiste no relatório do projecto, plano de ação, cobertura da
mídia e avaliação do projecto;

➢ (5) Apresentação dos resultados dos projectos LIFE - A apresentação dos projectos
LIFE é realizado em sessão. Uma sessão dura duas horas e cinco equipes apresentam os
resultados de seus projectos;

➢ (6) Relatório de auto-reflexão - reflexão do aluno para avaliar a própria contribuição e


a dos membros da equipe;

➢ Discussões e feedback sobre auto-reflexões - o supervisor fornece feedback sobre auto-


reflexões e, durante uma rodada de discussão comum, são feitas conclusões sobre o
processo e os resultados do projecto.

4.6 PROGRAMA INTEDISCIPLINAR ENTRE A UMUM E ESNEC

O programa foi concebido com base nos mesmos princípios do programa LIFE, este tem como
objectivo principal promover a aprendizagem baseada em problemas e a multidisciplinariedade.

Para isso, junta empreendedores e tecnólogos para que de forma colaborativa desenvolver
soluções sustentáveis para problemas que afectam as comunidades.

Este programa teve o seu arranque em 2019, envolvendo um total de 16 alunos das duas
instituições de ensino superior sedeadas em Moçambique e um total de 6 supervisores das três
instituições do ensino superior (TLU, ESNEC e UMUM).

28
RECOLHA DE IDEIAS PARA PROJECTOS

As ideias de projectos podem ser propostas por qualquer pessoa que queria resolver um
problema comunitário, ou seja no encontro onde se recolheu as ideias e propostas de problemas
juntaram-se alunos, professores, pessoas da comunidade local. Estes foram incentivados a
pensar antecipadamente em ideias de projectos, assim como explica o problema e apresentar
uma possível solução. O problema deve estar enquadrado com uma necessidade da comunidade
local e a solução deve estar relacionada com as tecnologias de informação e comunicação.

SELEÇÃO DE PARTICIPANTES

A seleção dos participantes no programa foi obtida pela manifestação de interesse por parte dos
participantes através de uma carta motivacional em cada instituição – UMUM e ESNEC. Com
esta carta os professores selecionaram oito (8) estudantes de cada universidade, totalizando 16
(dezasseis) o número de estudantes do programa.

ORGANIZAÇÃO

O arranque do programa, é feito um contacto presencial entre os alunos, professores e os


representantes das ideias para os projectos. O programa começou com apresentação dos
problemas/desafios e com os alunos a selecionarem o tema dos seus projectos. Cada projecto
deve ser constituído por dois (2) alunos da UMUM que têm conhecimento das TIC e dois (2)
de ESNEC que têm conhecimento de negócios e empreendedorismo. Foi dada a liberdade a
cada aluno e grupo de trabalho de escolher o tema e o desafio que melhor se identificar com
ele. Em muitos casos, se o proprietário da ideia for um estudante, aconselha se que este faça
parte do grupo, mas não era obrigatório.

ORGANIZACÃO DO TRABALHO

Existem basicamente três momentos de contacto presencial entre os grupos (Concepção,


validação e mostra pública).

29
• O primeiro contacto (concepção) tem por objectivo fazer o enquadramento aos alunos
sobre a natureza do programa, os objectivos e suas perspectivas bem como a
apresentação dos alunos e dos professores envolvidos no projecto. É neste primeiro
encontro que os professores e/ou palestrantes apresentam alguns temas e/ou aulas que
possam enquadrar os alunos sobre a natureza do programa, surgem as ideias de
projectos, formam se os grupos e trabalham intensivamente durante uma semana
(laboral) para os conceitos iniciais dos projectos. No final da primeira semana, os grupos
apresentam as abordagens inicias dos projectos, que tenham:

1. Uma descrição cuidadosa sobre a natureza do problema identificado;

2. Uma descrição da solução tecnológica para o problema;

3. Características gerais dos principais beneficiários da solução (personas8);

4. Uma demostração da sustentabilidade do projecto através de representação


preliminar de um plano de negócio (Modelo de canvas9);

5. Uma representação prematura do layout10 do sistema (protótipo de baixa


fidelidade11);

6. Um plano de trabalho que deve ser realizado com os grupos separados até ao
encontro de validação.

A seguir o calendário das actividades da primeira semana de 2019.

8 Persona é a representação fictícia do cliente ideal de um negócio, ela é baseada em dados reais sobre comportamento e características
demográficas dos clientes, assim como suas histórias pessoais, motivações, objetivos, desafios e preocupações (Siqueira et al.,
2019 citado em Magalhães 2020 p.27).

9 Modelo de canvas é uma ferramenta que permite a visualização de todas as estratégias do negócio em apenas um quadro
(Jacoski, Scapin, Hoffmeister, & Costella, 2015).

10 O layout é a técnica de administração de operações cujo objetivo é criar a interface homem-máquina para aumentar a
eficiência do sistema (Dos Santos &Soares, 2019).

11 Protótipos de baixa-fidelidade são representações gráficas rudimentares da interface, em desenvolvimento, construídos


com baixo investimento de tempo e recursos e sem requerer grande habilidade técnica (de Oliveira, et al., 2007, p.18).

30
Tabela 2-Cronograma do projecto inter-disciplinar UMUM-ESNEC 2019

Domingo Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira

08:0 [8:30] Boas Apresentação dos Apresentação Apresentação Apresentaçã


0 vindas pelo desafios dos desafios das soluções oe
Magnífico potenciais selecionados propostas apreciação
Reitor da pública dos
UMUM desafios
selecionados
09:0 O projecto Introdução ao O ciclo devida Planeamento , das
0 interdisciplinar empreendedorism do de projectos soluções
de Tecnologias o desenvolviment propostas e
de Informação e o de sistemas dos planos
Comunicação informáticos de trabalho
para o
Desenvolviment
o

10:0 Apresentação Palestra- Elaboração


0 dos Métodos e de relatórios
instrumentos técnicas para o e
adoptados para desenho de apresentaçõe
facilitar o serviços digitais s
desenvolviment
o do projecto
interdisciplinar

11:0 Preparação do Preparação do Preparação do Preparação


0 trabalho em trabalho em trabalho em do trabalho
equipa equipa equipa em equipa

12:0 Pausa Pausa Pausa Pausa Pausa


0

13:0 Acolhiment Apresentação e Selecção dos Contemplação Elaboração Despedida


0 o dos discussão dos desafios. de soluções dos planos dos colegas
colegas da potenciais Constituição das de trabalho da UEM
14:0 UEM desafios equipas.
0 Mapeamento dos
desafios
15:0
0

• O segundo contacto, (Validação), é feito no período intermediário do ano acadêmico,


preferencialmente um período morto (sem aulas para as duas instituições). Este
encontro tem como objectivo de juntar os grupos para compilar o trabalho feito
virtualmente pelos membros, e definir um plano de trabalho que deve ser feito antes da
mostra pública. No encontro de validação, os grupos devem:

31
1. Juntar os trabalhos feitos separadamente (plano de negócio e protótipo de alta
fidelidade12);

2. Trabalhar em conjunto, com vista a harmonizar o trabalho.

3. Receber feedback dos professores e/ou supervisores do programa;

4. Pré-aprestação do trabalho em público reduzido (contextualização, problema, plano


de negócio e protótipo de alta fidelidade);

5. Plano de trabalho para o período antes da mostra pública que inclui o


desenvolvimento das aplicações;

O encontro de validação leva em média uma semana (cinco dias úteis).

• O terceiro encontro, (Mostra pública), tem como principal objectivo mostrar os


resultados finais do programa ao público. Este encontro, geralmente começa três dias
antes da data para as apresentações finais dos projectos. Esta prematuridade do encontro
tem como principal objectivo juntar os grupos antes para compilarem os trabalhos feitos
separadamente, ter feedback dos professores e prepararem a apresentações finais dos
projectos.

SUPERVISÃO

O acompanhamento dos trabalhos dos alunos é contínuo ao longo das três fases do programa.
É feito através de um professor da UEM-ESNEC, três professores da UMUM e dois professores
da TLU. Não existe uma distribuição específica para supervisão, os grupos são acompanhados
e supervisionados por todos os professores.

12 Protótipos de alta fidelidade definem os aspectos estéticos (padrão, fonte, cor, tamanhos de botões, etc.) e os componentes
de navegação de um producto digital (de Oliveira, et al., 2007, p.18).

32
5 RESULTADOS

Os dados foram colhidos de diferentes fontes (inquérito, observação e análise documental).

Fez se questionário a um total de 11 alunos, sendo que 63.6% dos alunos inqueridos alunos da
UMUM, e 36.4% da UEM-ESNEC.

Figura 3 - Distribuição institucional dos alunos (Fonte: própria)

Em termos de professores inqueridos, em um número total de quatro (4), três (3) corresponde a
75% dos professores inqueridos leccionam na UMUM e um (1), correspondente a 25%
leccionam na UEM-ESNEC.

Figura 4 - Distribuição institucional dos professores (Fonte: própria)

33
Para melhor perceber e reflectir sobre a nossa pergunta de investigação 1 (De que forma o
projecto Interdisciplinar proposto por um programa Erasmus + incentivou a aprendizagem
baseada em problemas?) fizemos uma análise das forças do projecto ou seja dos pontos
positivos.

Para melhor perceber e reflectir sobre a nossa pergunta de investigação 2 (De que forma a
aprendizagem baseada em problema, adoptada por este projecto contribuiu para ensinar os
alunos a resolver problemas em contextos interdisciplinares e a trabalhar colaborativamenete?)
fizemos uma análise comparativa entre o perfil e competências antes do inicio do projecto e
depois do teu termino.

Para responder ás perguntas de investigação 3 e 4, foram colhidos opiniões aos inqueridos sobre
o contributo do programa no perfil do aluno e sobre o impacto da participação dos professores
e alunos no programa e no decurso das aulas em simultâneo

Por fim, para responder a pergunta de investigação 5, foi colhida e compilada diferentes
opiniões dos inqueridos sobre o design do projecto, acompanhamento e feedback dos
professores e trabalhos á distância.

5.1PERGUNTA DE INVESTIGAÇÃO 1

No que diz respeito aos pontos positivos segundo os nossos inqueridos (durante as entrevistas)
destacam,

1. A interação com estudantes de outros cursos e universidades (ou seja a


Interdisciplinariedade), que ajudou na troca de experiências, e a responder aos
desafios colocados que faziam com que o trabalho, incentivando a aprendizagem
baseada em problemas.

2. As apresentações públicas também foram mencionados como um aspecto positivo


que ajudavam bastante no processo de melhoria dos projectos através da recolha de
opiniões da platea, intercambio, a convivência, a partilha de informações,
colaboração, experiência de trabalhar em equipe e à distância.

34
3. O desenvolvimento de competências de outras areas de formação (empreendedorismo
vs Tecnologia de informação e comunição) tambem foi um aspecto mensionado pelos
inquiridos. Este porporcionou, aprendizagens mais comunicativas, identificação de
problemas reais que afectam a comunidade e consequentemente apresentação de
soluções baseadas nestes problemas, apresentação dos projectos em diferentes
eventos a nível das províncias de Gaza e Inhambane e a fortificação dos laços entre
as instituições de ensino envolvidas no programa.

Quanto aos aspectos negativos, de forma geral, segundo os inqueridos, esta relacionada com
a falta de recursos financeiros para implementação das soluções desenvolvidas neste
programa, o que limitou a realização das actividades devido a questões orçamentais,

• A falta de colaboração nos trabalhos feitos á distância.

• Outro aspecto negativo que foi reassaltado pelos nossos inqueridos está ligado à
questões administrativos e logísticos (recepção, hospedagem e alimentação).

5.2PERGUNTA DE INVESTIGAÇÃO 2

No que diz respeito as aprendizagens colaborativas, antes do inicio do projecto, os alunos


pensavam somente em volta da sua àrea de formação. Ao longo da interação com outros
alunos, o discurso e o raciocíneo tornava se cada vez mais abrangente, na media em que os
tenólogos começaram a pensar em empreendedorismo e os empreendedores em tecnologia.

Os nossos inqueridos foram unanimes ao afirmar que a colaboração enriquece o


conhecimento para ambas partes:

“…A interacao e comunicacao, as descussoes promoveram mais eriquecimentos de


conhecimentos em ambos lados (UMUM e ESNEC)…”.

“…Interação entre áreas diferentes, que cria conhecimento mútuo”.

“…A criatividade das partes em unir esforços para um bem comum”.

35
“…Embora o intercambio fosse entre areas distintas, houve uma colaboracao muito
produtiva em relacao a concepcao dos projectos, isto é, mesmo com linguagens diferentes
os grupos convergiram nas em um unico projecto”.

5.3PERGUNTA DE INVESTIGAÇÃO 3 E 4

Em conclusão, as aprendizagens com base em projectos, mostram se ser efecientes


relativamente ao método tradicional (exposição na sala de aulas). Todos os nossos inqueridos
foram unanimes ao concordarem que apreende-se melhor com projectos (figura a seguir).

Figura 5- Resposta dos inqueridos relativos a aprendizagens basedas em projectos vs


tradicionais (Fonte: autor)

De igual forma, cerca de 90% dos nossos inqueridos concordaram que aprendizagens que olha
como base a resolução de problemas (ABP) tem melhores resutados na formação relativamente
ao método tradicional.

36
Figura 6-Resposta dos inqueridos relativos a aprendizagens basedas em problemas vs
tradicionais

5.4PERGUNTA DE INVESTIGAÇÃO 5

No que tange ao design do programa, quase todos os participantes concordaram em manter o


design (concepção, validação e mostra pública). E apenas um inquerido (correspondente a
7.14%) incrimentou duas fazes posteriores a mostra pública, como forma de garantir a
materialização de alguns projectos:

1. Concepção

2. Validação

3. Mostra Pública

4. Mobilização de Financiamento

5. Monitoramento dos Projectos Financiados

O trabalho foi contínuo para todas equipes, mesmo distantes, apesar de fraca interação entre
os membros enquanto distantes. Em relação às ferramentas usadas, destacam se o whatsapp
para troca de mensagens instantâneas, o zoom para reuniões, GoogleDrive para partilha do

37
trabalho.

Figura 7 - Ferramentas usadas no trabalho á distancia (Fonte: própria)

Será relevante de mencionar que vários obstáculos foram mencionados no trabalho á


distância segundo os nossos inquiridos. Entre eles inclui a internet, a indisponibilidade de
alguns membros das equipes para momentos síncronos e a falta de seriedade para actividades
feitos de forma remota. Como formas de utrapassar os impasses ou barreiras para o trabalho
á distância, os inqueridos recomendam:

“ …deve se marcar reuniões usando plataformas online (Zoom, skype) onde os docentes
devem estar presentes com vista a avaliar o desempenho e as dificuldades enfrentadas”;

Deve ter monitoramento do decurso do projecto por parte das instituições;

As equipes devem marcar reunões regulares para partilhar o trabalho feito á distância;

38
O feedback por parte dos professores, segundo os nossos inqueridos, era fraco, sendo que
algums professores afirmaram não ter acompanhado nenhum trabalho enquanto distantes e
sugerem a crição de calendários de secções para feedback semanais. O gráfico a seguir é o
resultado da questão (feita aos alunos) relativa ao acompanhamento por parte dos professores
aos trabalhos das diferentes equipes.

Figura 8-Acompanhamento por parte dos professores (Fonte: própria)

Sessenta por cento (60%) dos alunos inqueridos convergem com a resposta positiva relativa ao
acompanhamento dos professores. O cruzamento entre diferentes àreas de conhecimento,
incrimentou para ambas equipes novas competências na sua formação. Para os alunos de
ESNEC (com um perfil empreendedora e de negócios na sua formação), teve a componente
tecnólogica como um adicional, componente que é, segundo nossos inqueridos,
indispensável para o sucesso e visibilidade do negócio e/ou da empresa. Para os alunos da
UMUM, aprenderam que as diferentes soluções tecnológicas criadas podem ser um meio
para o empreendedorismo e consequente auto-emprego.

O projecto decorreu em simultaneo com as aulas, o que segundo os inqueridos implicou


algumas interações negativas no desempenho dos alunos, pois em certos casos, ao alunos e
professores tinham que escolher entre trabalhar no programa ou participar nas aulas. Mais, pela
organização e natureza do projecto (poucos encontros presenciais) por vezes o facto de ter que
estar em um local por 5 dias afectava as sua presença nas aulas, pois tinham que faltar. Esta
falta de colaboração e entendimento por parte dos professores, dificultava a assimilação de
39
diferentes temáticas e resultando no baixo rendimento. Para os professores, os encontros
presenciais, sacrificavam a leccionação.

No que diz respeito ao trabalho feito neste programa, 60% dos nossos inqueridos afirmaram
que o trabalho feito neste programa, teve equivalência no plano curricular do curso ou unidade
curricular/disciplina, o que de certa forma equilibrava a quantidade de trabalho no seu todo. E
no seu todo, 50% dos estudantes, usaram os resultados deste programa como formas para
trabalhos de pesquisa para a conclusão dos seus cursos de licenciatura.

Depois de entrevistas com os professores, segue uma proposta de unidades


curriculares/disciplinas nas quais os alunos podem usar os resultados deste programa:

Figura 9-Disciplinas equivalentes ao projecto interdisciplinar

5.5ANÁLISE SWOT

Como forma de resumir os resultados da pesquisa, faremos a análise SWOT13 (FOFA) do


programa que resume se no quadro a seguir:

13 Segundo Lamenha& Patrício (2014) definem análise SWOT como a avaliação global das forças, fraquezas, oportunidades
e ameaças (dos termos em inglês strengths, weaknesses, opportunities, threats).

40
Tabela 3-Análise SWOT do projecto interdisciplinar

Strengths (Forças) Weaknesses (Fraquezas)

• Interação com estudantes de • Falta de recursos financeiros


outros cursos; para implementação das

• Troca de experiências; soluções desenvolvidas neste


programa;
• Apresentações públicas;
• Fimitações na realização das
• Intercambio;
actividades devido a questões
• Colaboração;
orçamentais;
• Interdisciplinaridade;
• A falta de colaboração nos
• Identificação e resolução de trabalhos feitos á distância;
problemas das comunidades;
• Questões logísticos (recepção,
hospedagem e alimentação);

• Internet;

• Indisponibilidade de alguns
membros das equipes para
momentos síncronos;

• Falta de seriedade para


actividades feitos de forma
remota.

41
Opportunities (Oportunidades) Threats (Ameaças)

• O financiamento e • As limitações impostas pela


acompanhamento dos projectos, covid-19 podem prejudicar o
pode ter um benefício nas programa;
comunidades; • Problemas económicas mundiais
• Inserção de mais áreas de (causadas pela pandemia) podem
conhecimento pode consolidar os prejudicar o programa;
projectos; • A falta de financiamento para a
• A criação de um fundo para a implementação dos projectos,
logística pode alavancar as pode contribuir para o não
actividades deste programa; alcance dos objectivos
previamente traçados.

5.6CONSIDERAÇÕES FINAIS

O decurso do programa interdisciplinar entre a Universidade Metodista Unida de Moçambique


e a Escola Superior de Negócios e Empreendedorismo de Chibuto, uma réplica de um programa
que decore na Universidade de Tallinn, Estónia, teve os pontos positivos e negativos. No que
concerne aos positivos, destaca-se
1. a interdisciplinaridade e a colaboração, o desenvolvimento de competências de trabalho
em equipe,
2. o desenvolvimento de competência para criação de soluções sustentáveis para o
benefício das comunidades,
3. o desenvolvimento de competências de trabalho em equipe.

Quanto aos pontos negativos, destaca-se


3. a fraca colaboração dos trabalhos feitos à distância,
4. o franco acompanhamento por parte dos professores nos trabalhos feitos principalmente
à distância, e

42
5. a falta de financiamento para dar suporte a implementação dos projectos desenvolvidos.

43
6. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

Nesta parte conclusiva, reiterámos a importância que a interdisciplinaridade tem no processo


de ensino-aprendizagem, por estimular uma aprendizagem autónoma, reflexiva e colaborativa.
O projecto interdisciplinar entre a UMUM e ESNEC é um exemplo de aprendizagens
interdisciplinares, colaborativas e aprendizagens baseados em problemas (ABP).

O programa interdisciplinar estimulou aos alunos as aprendizagens colaborativas com base em


resolução de problemas das comunidades. Foram desenvolvendo diferentes projectos dos
alunos. É indiscritível o contributo deste programa no perfil dos alunos envolvidos. Uma vez
que, para além dos conteúdos programados nos planos dos seus cursos de graduação,
apreenderam conteúdos extracurriculares (empreendedorismo e tecnologias de informação).

O decurso das aulas e a participação em simultâneo dos alunos e professores neste projecto,
teve algumas implicações negativas em ambas as actividades. Em algum momento os alunos
sacrificaram um parte para poder estar presente na outra.

RECOMENDAÇÕES

Como forma de melhorar o programa, recomenda-se:

• O periodo do contacto presencial entre os estudantes deve se estender;


• Garantir que hajam mais apresentações públicas pois ajudam bastante a melhorar os
projetos;
• Deve se procurar parcerias para financiamento das ideias mais criativas do programa;
• Questões de acomodação e alimentação devem ser acautelados;
• Para as próximas edições do programa, deve se marcar reuniões regulares através das
plataformas como, Zoom, skype, Google Meeting, etc., onde os docentes possam
acompanhar o decurso dos projectos;
• Os encontros presenciais devem ser marcados em periodos que não comprometa as
aulas dos estudantes e leccionação dos professores;
• Deve se orçamentar as actividades com vista a garantir um suporte financeiro do
programa;
• Envolver mais áreas de estudos;

44
• Maior inclusão das fases de 4) Mobilização de Financiamento 5) Monitoramento dos
Projectos Financiados como forma de garantir a materialização dos projectos;
• Emissão de relatórios semanais do andamento das actividades planificadas pelos
participantes logo após a primeira interação presencial;
• Definir metas e prazos de modo que haja uma harminia entre os diferentes grupos;

Não pode ter a fragmentação do trabalho, isto é, professores e alunos da UMUM trabalham só
com sistemas e os de ESNEC (professores e alunos) trabalharem com o modelo de Negócio.

45
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de-competencias-empreendedoras-e-processos-de-apredizagem-empreendedora.pdf

50
7. ANEXOS

Pela extensão dos anexos, optamos, por criar uma pasta de ficheiros no GoogleDrive
ao qual constam todos os anexos em suporte digital. Esta pasta faz parte integrante
deste trabalho de investigação.

Anexo 1-Questionário dirigido aos alunos que participaram no programa


interdisciplinar.

Anexo 2-Questionário dirigido aos professores que participaram no programa


interdisciplinar.

Anexo 3-Guião de entrevista para professores que participaram no programa


interdisciplinar.

51

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