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Licenciatura: História Moderna e Contemporânea

Ano Lectivo 2013/2014

UC: História da Construção Europeia


Plano Marshall
Indíce:

1. Introdução página 3

2. Antecedentes do Plano Marshall página 4

3. Resposta e elaboração do Programa de Recuperação Europeia página 6

4. Impacto do Plano Marshall página 11

4.1. Impacto nos EUA página 11

4.2. Impacto na Europa página 13

4.3. Impacto em Portugal página 14

5. Conclusão página 16

6. Bibliografia página 17

7. Webgrafia página 17

8. Anexos página 18

2
1. Introdução
O tema que vamos abordar ao longo deste trabalho é o Plano Marshall e este
divide-se em várias partes, das quais, os antecedentes ao plano (os motivos que levaram
à sua elaboração), o que foi o plano, o impacto na economia e na política dos EUA e da
própria Europa, onde foi aplicado, falaremos ainda sobre o impacto que teve em alguns
países, em específico.
Este trabalho foi proposto na unidade curricular de História da Construção
Europeia, e este tema foi escolhido devido ao interesse que despertou ao nosso grupo,
pois queríamos perceber mais sobre este plano, qual o seu papel, logo após à IIª Guerra
Mundial, na própria integração europeia.
Ao elaborar este trabalho iremos tentar dar a conhecer um pouco da história
deste plano como o seu impacto.
Para a elaboração deste trabalho recorremos a alguns livros e a algumas
informações recolhidas da Internet.
Este trabalho trouxe-nos um grande benefício, mas há que destacar o mais
relevante, que foi a informação que pudemos obter sobre este tema.

3
2. Antecedentes do Plano Marshall
A Europa, no ano de 1945, estava completamente destruída, devido à IIª Guerra
Mundial. Uma guerra que provocou mais de 55 milhões de mortos e um custo superior
a 1.154.000.000.000 dólares. 1
A nível económico, as infraestruturas estavam destruídas, assim como várias
vias de comunicação, unidades de produção e, como consequência, a capacidade
financeira dos Estados estava fortemente abalada. A níve social, houve milhões de
deslocações de pessoas, em que não havia grandes condições de vida, e ainda havia
cidades, no centro da Europa, que ficaram destruídas. A nível político as estruturas
nacionais estavam muito fragilizadas, em consequência da ocupação nazi e da derrota
da Alemanha, na IIª Guerra Mundial, em que a Alemanha foi “desmantelada” em duas
“Alemanhas”.
Com isto, a Europa viu a sua supremacia, até ai conquistada e inquestionável, a
chegar ao fim, e viu e duas novas superpotências, os EUA e a União Soviética, a
ultrapassar a sua hegenonia, com um poder económico, político e militar muito superior
ao do heterogéneo conjunto de estados europeus.
No entanto, após a IIª guerra Mundial, e devido a estes dois blocos (EUA e
União Soviética), deu-se início à Guerra Fria (1945-1989, com a queda do Muro de
Berlim), que foi um conflito entre estas duas superpotências, pelo poderio mundial. Em
que um (EUA) era um bloco capitalista, e o outro bloco (União Soviética), comunista.
Houve tensões entre os aliados em que foram feitas várias conferências aliadas:
reunião de Franklin Roosevelt (EUA), Winston Churchill (GB) e Estaline (URSS) para
definirem o período do pós – guerra. (Teerão, Yalta e Potsdam).
A conferência de Teerão (Novembro de 1943), foi uma conferência em que a
URSS, exige que haja alguma paz forte, para impedir o ressurgimento alemão, após a
sua derrota na IIª Guerra Mundial, queriam ainda que houvesse um reconhecimento da
Europa de Leste como uma zona e influência, no final, os aliados acabaram por aceitar
as exigências feitas pela URSS.
Mais tarde, na conferência de Yalta (Fevereiro de 1945), em que foi o ponto
mais alto da cooperação entre os vários estadistas. Nesta conferência houve uma
aceitação, por parte dos ocidentais, de uma parte subtâncial da Polónia à URSS. Foi
nesta conferência que a Alemanha foi dividida em quatro zonas de influência pelas
potências aliadas, EUA, Grã-Bretanha, URSS e, mais tarde, França. No entanto,
1
http://www.slideshare.net/jmmpereira2010/construcao-da-uniaoeuropeia-6589671

4
Roosevelt e Estaline, compartilhavam a mesma ideia, de fazer a Alemanha pagar a
guerra de alguma forma, e ficou declarado a desmilitarização e desnazificação da
Alemanha.
No mesmo ano, em Julho, houve a conferência de Potsdam (última conferência
que reuniu os três grandes estadistas. Nesta conferência, Roosevelt foi substituído por
Harry Truman. Aqui foi discutido o futuro da Alemanha, como ponto central da
conferência, e ainda foi discutido o tema da bomba atómica, exclusivo dos EUA, como
dissuasor de uma eventual ofensiva soviética.
A partir daqui, deu-se início à Guerra Fria, no ano de 1946, em que George
Kennan (um embaixador norte – americano em Moscovo), avisa Washington do risco
de uma expansão da influência soviética, em que era preciso contê-la (contention) e não
acomoda-la. Houve a partir daqui um receio ocidental de um perigo soviético que se
tornara generalizado não do ponto de vista militar ou económico, mas ideológico em
que tornava o comunismo mais atrativo e transmitia ideia que a URSS poderia alargar a
sua influência a todo o mundo sem qualquer intervenção militar.
No ano de 1947, ficou marcado pelo ponto de partida para a guerra fria entre o
bloco cominista e capitalista.
Era preciso restaurar as infraestrutura e a economia abaladas pela guerra. Os
Estados Unidos ao analisarem a crise europeia, concluíram que ela punha em risco o
capitalismo, e ao mesmo tempo abria espaço à expansão do comunismo. Tinha que ser
feito algo, que fizesse com que os europeus voltassem ao seu tempo de glória. O
presidente Harry Truman, comprometeu-se assim, a combater o comunismo à escala
global, lançando assim as bases da Doutrina Truman.
Com isto os Norte-Americanos optaram por ajudar na recuperação dos países
europeus. Com esse objectivo, criaram o Plano Marshall.

3. Resposta e elaboração do Programa de Recuperação Europeia

5
A crise económica europeia levou a que os Estados Unidos da América fossem
encontrar uma solução para a Europa, com ou sem cooperação soviética. Para os
americanos e sobretudo George Kennan, a Europa em 1947, estava à beira do abismo 2 e
as desilusões dos europeus foram levadas pelos enganos de uma rápida aceleração
económica levava a que a tendência comunista viesse a ser fortalecida.
Janet Flanner a Março de 1947, reporta que na Europa se verifica um
crescimento de mal-estar, como se os europeus esperassem algo ou que nada
acontecesse. Kennan, num documento interno sobre Planeamento de Politicas afirma
que o problema não era de origem comunista, poderia ser de forma indireta,
relativamente à Europa entrar num período de Idade do Gelo. A verdadeira causa da
Europa estar nesta situação era devido aos efeitos de guerra a que Kennan chamou de
“profunda esgotamento da capacidade produtiva e do vigor espiritual”. O problema foi
que a esperança de reconstrução do pós-guerra estava a perder a sua força e em vez de
haver uma união para ultrapassar os obstáculos, estes aumentavam e pareciam estar fora
do controlo. Charles de Gaulle a Outubro de 1947 comunica ao povo francês que eram
necessários 25 anos de “trabalho árduo” para que a França ressuscitasse.3
A Europa era vista pelos americanos como algo com escassez, desde os
transportes ferroviários, públicos, pessoais, à alimentação, a farinha era um dos bens
que mais fazia falta para fazer pão com ou sem adulterantes. O papel faz parte do leque
de bens escassos onde entra também as sementes bem como as lãs, gás, algodão, açúcar,
leite e sabão que faziam parte do dia-a-dia da população.
Devido ao abatimento que existia em Paris, Roma, Berlim e pela Europa, George
C.Marshall, secretário de Estado Norte-americano, acreditava que a iniciativa de ajuda
deveria de partir dos EUA, este pensamento desenvolveu-se com a desilusão do
encontro em Moscovo com os Ministros onde foi notória a indisponibilidade soviética
para colaborar numa solução de ajuda à Alemanha, o estado psicológico da Europa
também não ajudou. O Programa Marshall serviria para ajudar a Recuperação Europeia,
este plano foi discutido a 5 de junho na Universidade de Harvard.
Entre o fim da guerra e o anúncio deste plano, os EUA já tinham disponibilizado
muitos bilhões de dólares em auxílio e empréstimos à Europa. Quem mais tinha sido
beneficiado fora o Reino Unido e a França (4.4 bilhões e 1.9 bilhão de dólares 4), embora

2
Judt, Tony, Pós-Guerra - História da Europa desde 1945 Pág. 127 (88 original) cap. 3
3
Judt, Tony, Pós-Guerra - História da Europa desde 1945 Pág. 129 (89 original)
4
Judt, Tony, Pós-Guerra - História da Europa desde 1945 Pág 130 (90)

6
nenhum outro país ter sido excluído. Estes empréstimos foram usados para emergências,
e não usado para reconstrução ou investimentos a longo prazo.
Devido à rendição japonesa, Truman cancela os Contratos de Empréstimo e
Arrendamento ao Reino Unido mas Maynard Keynes (economista britânico) conseguiu
negociar um empréstimo americano para que a Grã-Bretanha conseguisse comprar bens
que já só estavam disponíveis com os Contratos. Este empréstimo, tinha exigências – os
britânicos teriam que desistir das possessões ultramarinas, abandonar o controlo das
operações de câmbio e tornar a libra conversível – exigências essas que fizeram com
que as reservas de dólares na Grã-Bretanha desaparecessem e a crise se aprofundasse
mais no ano seguinte. França teve restrições mais baixas, onde se comprometia a
abandonar a adoção de cotas de importação protecionista, o que daria liberdade à
entrada de produtos norte-americanos. Estes acto começaram a dar mais prejuízo do que
lucro para ambos os lados, e o ressentimento cresceu.
O Plano Marshall viria a romper os atos passados e iria efetuar alterações como:
 Os Europeus iriam decidir se aceitavam ou não a ajuda americana e como é que
o iriam aplicar essa ajuda, mesmo que os americanos ficassem como
conselheiros e gestores dos recursos.
 Este auxílio iria perdurar vários anos, logo era um plano estratégico de
recuperação e crescimento, não como mais um plano de emergência.
 Os montantes eram elevados.

A seguir ao discurso de George Marshall, os Ministros dos Negócios


Estrangeiros da Grã-Bretanha, França e União soviética reúnem-se em Paris para dar
uma resposta a este plano. A 2 de Julho, Viacheslav Molotov, MNE soviético retira-se
da reunião. Grã-Bretanha e França convidam formalmente 22 países europeus,
excluindo Espanha e a União Soviética, para discutir a proposta. A 12 de Julho, 16
estados europeus participaram nas discussões, os beneficiados – Grã-Bretanha, França,
Itália, Bélgica, Luxemburgo, Holanda, Dinamarca, Noruega, Suécia, Suíça, Grécia,
Turquia, Irlanda, Islândia, Áustria e Portugal. Outros países que participaram na
primeira reunião – polonia, Checoslováquia, Hungria, Bulgária e Albânia- não
aceitaram o plano, o que estes países têm em comum? Serem comunistas, nenhum país
comunista participou no plano de ajuda Marshall.

7
Uma vez que o dinheiro iria para a europa ocidental iria facilitar o trabalho de
Truman quando apresentasse este plano ao congresso para ser aprovado. Para o
Congresso, este plano foi aprovado como barreira económica à expansão soviética.
A junho de 1947, foi feita uma oferta de auxílio do plano Marshall a todos os
países sem restrição e Stalin e Motolov suspeitavam destas motivações. Numa reunião
marcada a 4 de Julho em Paris, Klement Gottwald, líder do Partido Comunista Tcheco e
primeiro-ministro, foi instruído por Moscovo a comparecer a esta reunião com ordens
claras e explícitas, a sua presença iria demonstrar que o plano era inaceitável, Gottwald,
acaba por receber instruções para não ir à reunião. Stalin, acaba por “ameaçar” os
tchecos afirmando que iria ser posta em causa a sua amizade e que se fossem iriam ser
alvos de ações isolacionistas. A cedência da Checoslováquia e não participar no
programa foi catastrófico para o país.
O plano estava abrangente ao Oeste Europeu o que criou a divisão entre as duas
metades do continente.
O que George Marshall queria com o seu plano era “romper o círculo vicioso e
resgatar a confiança do povo europeu no futuro económico dos seus respetivos países e
da Europa como um todo”5. Ou seja, em vez de ser um plano de ajuda
económico/financeiro propunha o suplemento de bens a serem entregues com base mas
requisições anuais formuladas num plano quadrienal pelos Estados recetores. Este plano
fez com que os Estados estivessem obrigados a arquitetar investimentos seguros de
forma segura, fez com que houvesse diálogo entre todos eles e não só como os EUA,
além de uma ajuda financeira, Marshall fez com os sindicatos, as empresas e os
governos criassem planos que os levasse ao crescimento das suas produções e não ao
protectocionismo mutuamente destrutivo e ao colapso comercial.6 O que levou que
durante 1948 a 1952, a Europa estivesse a ser erguida ao estilo empresarial norte-
americano.7
Em 1949, foi feita a Proposta a União Europeia de Pagamentos (European
Payments Union) (UEP) e posta em marcha em 1950. Este mecanismo abriu portas
a um comércio multilateral com a Organização Europeia de Cooperação
Económica (OECE)8. O que fazia? Obrigava os países que detinham dívidas a
pagar a organizações de credores, isto iria incentivar o comercio intraeuropeu,

5
Judt, Tony, Pós-Guerra - História da Europa desde 1945 Pág. 134 (93 original)
6
Judt, Tony, Pós-Guerra - História da Europa desde 1945 Pág. 134 (93 original)
7
Idem.
8
http://www.infopedia.pt/$economia-internacional-pos-ii-guerra a 17.04.2014 às18h.

8
requerendo do Banco de Compensações Internacionais, tudo para que houvesse
uma cooperação mútua de todos os estados. Esta foi uma das melhores propostas
do Plano Marshall9.
Mas qual o beneficio dos EUA em ajudar a Europa desta maneira? Segundo
Allen Dulles, diretor da CIA, era necessário erguer a Europa para que esta
conseguisse competir com os EUA nos mercados mundiais e que adquirissem
produtos americanos em grande escala mas para que esta não ficasse dependente
dos norte-americanos. A Europa decidira se acolhia o Plano ou não, mas havia
sempre o problema da ameaça vermelha vinda da zona oriental da europa, se o
Plano falhasse, o poder comunista iria ameaçar a segurança dos EUA.
No seu primeiro ano o Plano, Itália importou carvão e grãos e em especial
atenção a sectores em dificuldade como a indústria têxtil. Após este ano, a ajuda
iria para investimentos como a construção civil, energia, agricultura e rede de
transportes. No campo politico, gestores americanos queriam que as políticas
sociais e económicas se dirigissem mais para o centro, afastando-se das políticas
tradicionais, queriam que fosse introduzido um imposto mais progressista e que as
medidas de austeridade não fossem muito acentuadas para que não houvesse uma
recessão. Em frança, o Plano enfrentou críticas devido ao Plano Monet, 64% da
população em 1950 achava-o “ruim” para o país.10 Na Áustria, os alimentos eram o
mais importante, na Grécia foi a diferença entre a sobrevivência e a pobreza. O
dinheiro veio dar apoio aos refugiados, alimentação e cuidados de saúde.
A Europa, graças ao Plano Marshall recuperou. Em 1949, a França excedia
os níveis de produção industrial e agrícola de 1938. Aconteceu o mesmo a este
sector na Holanda a 1948, na Áustria e Itália a 1949, Grécia e Alemanha ocidental
a 1950. Só a Bélgica, Dinamarca e noruega recuperam cedo, 1947, o que levou a
que o PIB do Oeste Europeu chegasse aos 30%11
O plano Marshall alem de ter sido uma ajuda financeira, foi uma ajuda para
melhorar a imagem dos europeus, dando-lhes bases de cooperação entre Estados, a
coordenação politica estabilizasse. O Plano resolveu o problema europeu que o
Programa de Recuperação Europeia não consegui resolver nem evitar, fala-se da
Questão Alemã, ou seja sem a recuperação alemã, o planeamento francês não valeria de

9
Judt, Tony, Pós-Guerra - História da Europa desde 1945 Pág. 135 (94 original)
10
Judt, Tony, Pós-Guerra - História da Europa desde 1945 Pág. 138 (97 original)
11
Idem.

9
nada, precisariam do carvão alemão para a construção de eletricidade de aço e o plano
veio exigir a cessação das limitações colocadas à produção na parte ocidental Alemã.
Em 1952, a ajuda Marshall chega ao fim, aqui já os EUA gastaram cerca de 13
bilhões de dólares.

4. Impacto do Plano Marshall

10
4.1. Impacto nos EUA
Na história dos Estados Unidos, a Segunda Guerra Mundial marca o início de
um apogeu tanto político como económico. A vitória sobre o nazismo convenceu-os da
importância do seu papel em “libertar” a humanidade e a expansão do seu sistema
económico e social podia dar razão ao juízo de todos aqueles que defendiam a
democracia liberal.
Nos meses que se seguiram à conferência de Postdam, a recordação da Grande Aliança
desvanece-se face à manifestação evidente do descontentamento crescente. Doravante, é
esta luta de influências que iria dominar o impacto que teve a Doutrina Truman bem
como o Plano Marshall. No que se refere a influências, predomina ao longo deste
período de Guerra Fria, duas vertentes: o “liberalismo anticomunista “ de Truman ou do
“conservadorismo progressista “ defendido pelo George Marshall; nisto tudo é de
realçar o critério comum destas duas vertentes políticas: oferecer a imagem de
abundância e de alternativas colectivas ao mundo.
Deste modo, o Plano Marshall, o seu carácter conservadora progressista teve um grande
impacto na vida económica dos EUA, os meses que se seguiram a Potsdam, não
agoiravam a esperança dos EUA tinham depositado nos pós- guerra. No contexto geral
de degradação das relações internacionais, no período entre 1947 e 1448 era pouco
contestável, tinham subestimado o impacto da confusão moral e do desmembramento
dos circuitos de trocas sobre as economias europeias.
No fundo, EUA devido às suas crenças políticas fomentou no inicio de 1947, com a
United Nations Reliefs and Rehabilition Agency (UNRRA) tinha sido concebida para
ajudar a recuperar o mais rapidamente possível um certo determinado países;
igualmente os EUA tinham compreendido a necessidade de auxiliar por meio de
empréstimos, a reconstrução da França e Inglaterra. No entanto, dado à sua dimensão
quantitativa, estas medidas revelaram-se impotentes face à grandiosidade da
necessidade da Europa em bens como máquinas, matérias-primas e os alimentos que
apenas os EUA estavam em posição em fornecer. Subentende-se que foi a partir daqui
que se deu um processo de reconversão da economia mundial todavia, dado à cena
política e divisão partidária entre o capitalismo e comunismo, notou-se uma grnade
fragilidade política em submeter políticas de reconstrução.
Um ano depois, o Secretário George Marshall pôs em prática o “programa de
reconstrução europeia”, dado à ameaça do velho continente tanto pelo marasmo
económico como de sistema político. Assim coloca-se a velha questão: Que impacto é

11
que teve o Plano Marshall a nível de relações internacionais, política e de economia
dos EUA?12
Responder a esta questão revela-se pela capacidade de adopção de determinados
conhecimentos, assim é evidente o Plano Marshall teve um papel determinante no
período de Guerra Fria bem como na economia dos países europeus, que já falaremos
mais adiante, o EUA, neste período devido à sua capacidade militar e geográfica era
considerada como uma potência hegemónica, sendo assim, tendo tais capacidades
forneceu um grande empréstimo a diversos países europeus, sendo que muitos deles
recuperaram a nível económico num contexto de extrema tensão de “guerra fria”.
Por um lado, pode subentender que o Plano Marshall foi um gesto de boa fé para
com os países mais prejudicados pela 2º Guerra Mundial, por outro lado pode mexer
com os interesses americanos, talvez pretendessem através de empréstimo de bens
materiais e alimentares, controlar e interpor uma dependência entre a Europa e os EUA,
propondo o seu sistema político, o capitalismo, de forma a conter a ameaça comunista,
isto é, de uma forma genérica, EUA serviu do Plano Marshall para contrariar as medidas
comunistas, propuseram o plano de recuperação económica europeia, para ajudar os
países a nível monetário mas também para pôr em dívida os países que receberam essa
mesma ajuda, criando assim um laço de fidelidade política e de dependência da Europa
em relação aos EUA. Retrataremos adiante o impacto do Plano Marshall na cena
europeia.

4.2. Impacto na Europa


O Plano Marshall é visto
como uma medida que contribuiu
para a construção europeia pois
12
Pierre Melandri, A Guerra Fria e o American Way of Life: 1945-1957 in História dos Estados Unidos
desde 1865, Edições 70, Fevereiro 2006, Lisboa

12
anulou barreiras comerciais e criou instituições para coordenar a economia em nível
continental.
De acordo com a figura no lado esquerdo, (Fig1) há uma confluência nos dados
relativos de ajuda Marshall entre a França e a Grã- Bretanha, sendo que estes de todos
os países europeus, foi os que mais marcaram na recuperação económica devido à sua
prática eficaz no sistema político e económico.
Logo depois, foram adquirindo matérias-primas, produtos, combustíveis,
veículos e máquinas. É de realçar as grandes diferenças de aplicação do dinheiro
emprestado pela potência hegemónica capitalista, em que a Grã- Bretanha utilizou a
rograma de
ajuda monetária para comprar bens alimentares enquanto que a França utilizou para fins
de compra de bens materiais ao mesmo tempo que implementava o Plano Monnet.
Assim, no que refere ao
empréstimo americano, como se constata
no gráfico no lado direito(Fig.2), há uma
grande discrepância entre a Inglaterra,
França, Itália, Alemanha e Holanda bem
como nos outros países que não foram
mencionados devido talvez à dimensão
mínima do impacto na economia
americana.
Fig.2

Assim é de referir que a distribuição de donativos na Inglaterra é igual ao valor


referente aos “Outros países”, estes últimos mantêm valores de créditos superiores à
economia inglesa, o que significa que houve uma aplicação ineficaz e pouco benéfica da
ajuda americana.
Além disso, é de notar a diferença abismal entre os valores atribuídos de
donativos americanos face ao crédito na economia da França, Itália, Alemanha e
Holanda.
A discrepância da França deve-se além da distribuição monetária pelos bens
essenciais, deve-se como já foi dito, ao fomento do Plano Monnet; na Itália vê-se no
gráfico que há uma pequena dimensão de donativos contudo há uma minimização da

13
utilização de crédito em milhares de dólares, devendo em grande parte à utilização
contida do empréstimo americano bem como na economia holandesa.
Em suma, o Plano Marshall teve um grande impacto a nível europeu visto que
propiciou a recuperação e reorganização da economia dos países capitalistas,
aumentando o vínculo aos Estados Unidos, através das relações comerciais (jogos de
importações e exportações). Daqui falaremos adiante da influência económica e política
do Plano Marshall e do seu impacto na sociedade portuguesa.

1.
2.
3.
4.
4.1.
4.2.
4.3. Impacto em Portugal
“O comportamento do governo português em relação à fase de concepção e
lançamento do Plano Marshall, desde a data do seu lançamento até ao momento da
constituição da OECE, faz parte de um mesmo processo, cujo ponto alto resulta da
combinação da definição da posição das autoridades governamentais portuguesas em
rejeitar a assistência financeira americana e em aderir ao novo movimento de
cooperação económica europeia.” 13

Assim tendo em conta, a afirmação de Fernanda Rollo podemos constatar o


seguinte: que inicialmente o pedido de ajuda foi rejeitado visto que Portugal não
correspondia aos seguintes critérios:
- Os países não poderiam ter meios de recursos de reconstrução;
- Necessidade de auxílio externo permanente;
- Formalidade do auxílio: conformidade, colaboração e união dos países
europeus.
Assim, Oliveira Salazar, contrapondo estes critérios anunciou que o recurso ao
continente africano e a prudência americana no seu interesse alargamento hegemónico e
da impossibilidade de êxito internacional.

13
Maria Fernanda Rollo, Portugal e o Plano Marshall: história de uma adesão a contragosto (1947-1952),
ICS, 1994

14
Pouco tempo depois, em meados de 1948, dá-se a deterioração da situação
económica portuguesa devida essencialmente ao aumento de importações, tensões
inflacionistas, diminuição das exportações e aumento das importações dos produtores
agrícolas (crise de 1947/1948). Como resultado, deu-se uma diminuição das reservas de
ouro e divisas, afectando-se assim a credibilidade política económica do regime. As
circunstâncias da adesão de Portugal ao ERP vieram abalar algumas certezas de Salazar
em matéria de política económica. Sendo neste contexto de extrema dificuldade
financeira e económica e financeira que Salazar põe a hipótese de recorrer à ajuda
Marshall.
Assim, no que se refere ao Plano Marshall, contrariamente ao que inicialmente
pensamos naquilo que recebemos de empréstimo americano, de uma quantia mínima
irrelevante e não era discrepante em relação aos outros países europeus. Assim,
constatamos que a política externas decorrentes no período, 1948 e 1951, Portugal
beneficiou das regalias do programa americano de apoio à reconstrução europeia,
precedente à 2º Guerra Mundial.
Em suma, num contexto político, antecedendo à rejeição da ajuda americana e a
consequente participação na OECE, é que se deu à efectiva participação de Portugal no
Plano Marshall propiciou assistência financeira de 90 milhões de dólares, podemos
reconhecer que houve um grande impacto na economia portuguesa por parte do
programa americano, dá-se a reconhecer a forte influência que os Estados Unidos da
América sobrepõem sobre os outros países europeus, neste caso, sobre Portugal, que
influenciou em grande medida a economia portuguesa.

5. Conclusão

Gostámos bastante de fazer este trabalho, visto se tratar da aplicação dos


assuntos teóricos aprendidos em aula, na prática.

15
A escolha do tema que abordámos foi feita com alguma dificuldade, devido a
haver mais grupos com o mesmo assunto, portanto decidimos investigar o Plano
Marshall e descrevê-lo de forma mais específica, explorando os antecendentes, o
impacto que este causou e retratando a forma como foi instaurado nos vários países que
dele fizeram parte.
Decidimos falar sobre o nosso país, Portugal, pois não é um assunto muito
discutido, quer em livros quer em aula, e isso trouxe alguma curiosidade ao grupo, daí a
se fazer um sub-tema que abordasse um pouco esse assunto.

6. Bibliografia:

Gaddis, John Lewis, A Guerra Fria, Lisboa, Edições 70, pág. 41 – 43

16
Gilbert, Martin, História do Século XX (2009), Lisboa, Edições D. Quixote, cap. 8, pág,
71 – 80
Judt, Tony, Pós-Guerra - História da Europa desde 1945 (2014) Lisboa, Edições 70,
cap. III, pag. 118 – 129
Melandri, Pierre, História dos Estados Unidos desde 1865 (2000), Lisboa, Edições 70,
pág. 164 – 167
Rollo, Maria Fernanda, Portugal e o Plano Marshall: história de uma adesão a
contragosto (1947-1952), ICS, 1994

7. Webgrafia:

 http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1223377809U6sZF1oa6Pr69UQ4.pdf
 http://pt.wikipedia.org/wiki/Plano_Marshall
 http://www.gracacarvalho.eu/xms/files/IMPRENSA/
ARTIGOS_DE_OPINIAO/O_Algarve/12-08-
2011_Um_plano_Marshall_europeu.pdf
 http://www.suapesquisa.com/guerrafria/plano_marshall.htm
 http://comum.rcaap.pt/bitstream/123456789/705/1/
NeD115_PedroCantinhoPereira.pdf
 http://www.dialetico.com/historia_temas/historia_tema_128.pdf

 http://www.slideshare.net/jmmpereira2010/construcao-da-uniaoeuropeia-
6589671
 http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/plano_marshall.htm
 http://www.infopedia.pt/$economia-internacional-pos-ii-guerra
 www.trumanlibrary.org

8. Anexo

17
18
In Speech by George C. Marshall, "European Initiative Essential to Economic
Recovery", June 5, 1947, The Department of State Bulletin, Volume XVI, Number 415,
pages 1159-1160.

19

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