Logo na primeira cena, o filme apresenta diversos elementos que serão
importantes ao seu decorrer, e sintetiza sua temática e discussão, que também serão posteriormente exploradas mais à fundo. A excelente fotografia, extremamente detalhista e fechada, faz uso de closes na personagem de Joaquin Phoenix, buscando captar bem suas expressões e emoções. O olhar abatido, feições tristes e a lágrima que escorre do rosto do protagonista, em contraste com sua maquiagem colorida e com o sorriso que o mesmo tenta esboçar, de maneira forçada, traduzem bem os sentimentos e conflitos que se passam na mente de Arthur Fleck. Tudo isso, somado ao som do rádio ao fundo, que noticia a sujeira e decadência da cidade de Gothan, que contribuem para que Arthur se afunde cada vez mais, vítima de uma sociedade que o “trata como lixo”. As cenas seguintes, ainda na introdução do filme, confirmam o que foi dito no noticiário do rádio e mostram uma Gothan apática, suja, cheia de lixo espalhado e sem nenhuma ordem. As cores tristes e o excesso de pessoas e informação na fotografia denotam o sentimento geral da cidade, e das pessoas que vivem nela. Mais uma vez, existe contraste entre o ambiente e protagonista, que se veste de forma colorida e dança ao som de uma música alegre, contraste esse que faz com que o personagem se destaque, fora da normalidade da cidade, e por isso acaba sendo alvo de arruaceiros, que o roubam e atacam. Essa cena casa com a temática exposta na primeira cena, em que por mais que Arthur tente sair de sua inércia social, a sociedade, exatamente por vê-lo como diferente, o subjuga e o arrasta para baixo. Por fim, são apresentadas mais características importantes do personagem, de forma natural e bem-feita, como seu transtorno de risada e sua relação com a psicóloga, concluindo um bom início de filme.