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Crítica: Coringa (primeiros 10 minutos)

Logo na primeira cena, o filme apresenta diversos elementos que serão


importantes ao seu decorrer, e sintetiza sua temática e discussão, que também
serão posteriormente exploradas mais à fundo. A excelente fotografia,
extremamente detalhista e fechada, faz uso de closes na personagem de
Joaquin Phoenix, buscando captar bem suas expressões e emoções. O olhar
abatido, feições tristes e a lágrima que escorre do rosto do protagonista, em
contraste com sua maquiagem colorida e com o sorriso que o mesmo tenta
esboçar, de maneira forçada, traduzem bem os sentimentos e conflitos que se
passam na mente de Arthur Fleck. Tudo isso, somado ao som do rádio ao
fundo, que noticia a sujeira e decadência da cidade de Gothan, que contribuem
para que Arthur se afunde cada vez mais, vítima de uma sociedade que o “trata
como lixo”.
As cenas seguintes, ainda na introdução do filme, confirmam o que foi
dito no noticiário do rádio e mostram uma Gothan apática, suja, cheia de lixo
espalhado e sem nenhuma ordem. As cores tristes e o excesso de pessoas e
informação na fotografia denotam o sentimento geral da cidade, e das pessoas
que vivem nela. Mais uma vez, existe contraste entre o ambiente e
protagonista, que se veste de forma colorida e dança ao som de uma música
alegre, contraste esse que faz com que o personagem se destaque, fora da
normalidade da cidade, e por isso acaba sendo alvo de arruaceiros, que o
roubam e atacam. Essa cena casa com a temática exposta na primeira cena,
em que por mais que Arthur tente sair de sua inércia social, a sociedade,
exatamente por vê-lo como diferente, o subjuga e o arrasta para baixo.
Por fim, são apresentadas mais características importantes do
personagem, de forma natural e bem-feita, como seu transtorno de risada e
sua relação com a psicóloga, concluindo um bom início de filme.

Vítor Batista de Morais

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